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Universidade de Lisboa

Faculdade de Ciências
Departamento de Geologia
Unidade curricular de Projecto

Análise de Proveniência de Sedimentos Siliciclásticos da bacia de


Moatize-Minjova, Karoo, Moçambique

André Cravinho Santos


Filipe Luís Miranda Ribeiro
João Pambu Reis
Paulo Otavio Abrantes Almeida

Orientação: Prof. Dr. Raul Carlos Godinho dos Santos Jorge


e
Dr. Paulo Manuel Carvalho Fernandes

2015
Análise de Proveniência de Sedimentos Siliciclásticos da
bacia de Moatize-Minjova (Karoo), Moçambique
André Santosa1, Filipe Ribeiroa2, João Pambu Reisa3, Paulo Almeidaa4.

Conteúdo
1. Resumo/Abstract ........................................................................................................................ 3
2. Introdução ................................................................................................................................... 3
2.1. Enquadramento Geológico e Estratigráfico........................................................................... 7
3. Amostragem e Métodos Analíticos ............................................................................................ 10
4. Geoquímica de Rocha Total...................................................................................................... 11
4.1. Elementos Maiores ............................................................................................................. 11
4.2. Elementos Traço e Terras Raras ........................................................................................ 15
4.2.1 Determinação de fontes sedimentares .......................................................................... 15
4.2.2 Determinação de contextos tectónicos .......................................................................... 17
5. Discussão ................................................................................................................................. 17
5.1. Paleometeorização ............................................................................................................. 17
5.2. Composição da área fonte.................................................................................................. 19
5.3. Enquadramento tectónico ................................................................................................... 23
6. Conclusões ............................................................................................................................... 25
7. Agradecimentos ........................................................................................................................ 26
8. Referências Bibliográfica .......................................................................................................... 27

a1- acravinhosantos@gmail.com. Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Departamento de Geologia, Edifício


C6, Piso 4, Campo Grande, 1749-016 Lisboa, Portugal.

a2
- filipe23ribeiro@gmail.com. Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Departamento de Geologia, Edifício
C6, Piso 4, Campo Grande, 1749-016 Lisboa, Portugal.

a3
- joao-preis@hotmail.com. Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Departamento de Geologia, Edifício
C6, Piso 4, Campo Grande, 1749-016 Lisboa, Portugal.

a3
- paulotavioabrantesalmeida@hotmail.com. Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Departamento de
Geologia, Edifício C6, Piso 4, Campo Grande, 1749-016 Lisboa, Portugal.

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1. Resumo/Abstract
Resumo: Este trabalho baseou-se no estudo sistemático de dados de geoquímica multi--elementar
de 52 amostras provenientes da (sub)bacia de Moatize-Minjova, da formação do Vúzi e da formação
de Moatize. Com recurso a elementos maiores, traço e terras raras, conclui-se que, com base na
intensa meteorização química observada nas duas formações, evidenciado por valores muito
elevados de CIA, PIA e CIW, o clima seria quente e húmido. A área fonte dos quais os sedimentos
derivam é heterogénea e composta, essencialmente, por rochas ígneas félsicas, com uma parte de
rochas sedimentares (reciclagem sedimentar) e, em menor proporção, rochas máficas. Por fim, o
estudo do contexto (geo)tectónico não foi muito conclusivo, indicando, com um maior grau de
certeza, um contexto continental/intracratónico. Além disto, considerando a grande semelhança
geoquímica entre as duas formações e os recentes estudos palinológicos que datam as duas
formações da mesma idade, é possivel inferir que a correlação da bacia de Moatize-Minjova com a
bacia do Karoo da África do Sul não é directa, ou seja, a formação do Vúzi não é correlacionável
com a formação Dwyka.
Palavras-Chave: Karoo, Moatize-Minjova, Moçambique, Moatize, Vúzi, proveniência, análise
geoquímica multi-elementar.

Abstract: This work was based on the sistematic study of geochemical multi-elemental data from
52 samples of the Vúzi and Moatize formation, from the Moatize-Minjova (sub)basin. Using major
and trace elements, as well as rare earth elements, we concluded that, taking into account the high
CIA, PIA and CIW values, the source area was exposed to a humid and warm climate, causing na
intense chemical weathering. The source area was heterogeneous, composed mainly of felsic
igneous rocks, with a considerable amount of sedimentar rocks (sediment recycling) and, in a smaller
proportion, mafic rocks. The (geo)tectonic setting is not very well constrained, but it was likely na
continental/intracratonic setting. Besides that, considering the geochemical resemblance between
the two formations, and also considering the recent age data obtained with palynological studies,
dating the two formations with the same age, it’s possible to infer that the correlation between the
Moatize-Minjova (sub)basin and the main Karoo basin, in South Africa, is not a direct one, that is,
the Vúzi formation it’s not equivalent to the Dwyka formation.
Key-words: Mozambique, Karoo, Maotize-Minjova, Moatize, Vúzi, provenance, multi-elemental
geochemical analysis.

2. Introdução
O preenchimento sedimentar de uma bacia é o resultado de um conjunto complexo de
factores que incluem, nomeadamente, os processos de meteorização física e/ou química
da área fonte, de sorting, durante o transporte, e reacções químicas pós-
deposicionais/diagenéticas. Tanto esses processos- a sua magnitude e a escala de tempo
a que actuaram- como a composição química das rochas que constituem a área fonte dos
sedimentos condicionam a composição química das rochas sedimentares que que
preenchem a bacia. Assim, a análise de proveniência de sedimentos representa uma
ferramenta útil na compreensão da (geo)dinâmica e evolução de bacias sedimentares
assim como da composição e dinâmica crustal. O estudo da composição geoquímica das
rochas sedimentares permite então, definir possíveis áreas fontes, a sua composição geral,
assim como indicadores das condições paleoclimáticas, de meteorização e, em alguns
casos, indicadores tectónicos.

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É necessário então, compreender a influência dos processos de meteorização, transporte
e dos processos diagenéticos- processos secundários- na fraccionação dos elementos,
tanto dos elementos maiores como dos traço.

De modo geral, é aceite que alguns elementos traço constituem melhores indicadores
geoquímicos de proveniência, com especial destaque para as terras raras (REE), já que
estes são relativamente imóveis, permitindo preservar as assinaturas primárias- das
rochas-fonte- nos sedimentos. Assim podem ser retiradas ilações sobre a composição
química da área fonte, com base no padrão de distribuição das REE das rochas
siliciclásticas (Nesbitt and Young, 1982; Bathia and Crook, 1986; Bauluz et al. 2000;
Armstrong-Altrin et al. 2004; Abanda, Hannigan, 2006; Bau, 1991; Bauluz et al. 2000;
Bhatia, 1985. Jorge et al. 2013, Wang, et al. 2014)

Os estudos de geoquímica multi-elementar são, normalmente, complementados com uma


descrição e análise petrográfica. No presente estudo, tal não foi possível, pelo que a
classificação litológica das amostras é feita com recurso a indicadores geoquímicos.

O termo “Karoo” é referente à grande bacia do Karoo (s.s.), localizada na parte central da
África do Sul. Este termo é igualmente utilizado para referenciar bacias sedimentares de
afinidade Gondwanica, cujo preenchimento sedimentar poderá ser equivalente. O conjunto
de bacias do Karoo (Figura 1), constituem um registo geológico muito importante, já que
são contemporâneas do período temporal em que a Pangeia atingiu a sua dimensão
máxima, durante o Paleozóico superior-Mesozóico inferior (Wopfner, 2002; Catuneau,
2005; Isbell 2008; Paulino. 2009, Hancox, Götz, 2014).

Figura 1 - Distribuição espacial das bacias do Karoo na Àfrica sub-sariana. (adaptado de Catuneau, 2005 )

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Estas bacias foram desenvolvidas em
diferentes contextos tectónicos: sistema
retroarc foreland ou em estruturas horsts e
grabens ou em bacias de rift intra-cratónicas
(Catuneau, 2005; Torsvik, Cocks, 2013; Faure,
Armstrong, Harris, Willis, 1996; Isbell, Cole,
Catauneau, 2008; Cairncross, 2001). Os vários
mecanismos de subsidência- flexural na zona
Sul, processos relacionados com a subducção
na margem do paleo-Pacifico e processos
extensionais a Norte, que se propagam para
Sul a partir da margem do paleo-Tétis-
controlam, em parte, a deposição sedimentar
nas diferentes bacias. A interacção desses
processos tectónicos com estruturas herdadas
Pré-Câmbricas leva à formação de depozonas
discretas que seguem padrões tectónicos
regionais (Catuneau, 2005; Torsvik, Cocks,
2013).

As variações climáticas- passagem gradual de


climas frios/glaciares durante o Carbónico
superior-Pérmico inferior a climas mais
quentes, com variação na precipitação-
também impuseram um controlo importante na
Figura 2 - Coluna Estratigráfica geral da bacia do Karoo sedimentação, evidente nas variações do
na Àfrica do Sul. (adaptado de Catauneau,O., 2008)
registo sedimentar das bacias do Karoo (s.l.)
(Catuneau, 2005, Paulino. 2009).

A estratigrafia geral do Karoo (s.s.) (Figura 2) - Supergrupo do Karoo (SGK) - divide-se em


dois grupos: o grupo do Karoo superior e o grupo do Karoo inferior.

O Karoo inferior tem como base a formação Dwyka, que assenta em não conformidade com
o soco Meso e Neo-Proterozóico, por vezes em conformidade com os argilitos de Witteberg.
Esta formação (Dwyka) é composta por diamictitos glaciares, argilitos e arenitos e foi
depositada em depressões (paleo) topográficas pré-Karoo, constituindo uma evidência de
uma glaciação continental, na parte Sul/SE do Gondwana, durante o Carbónico superior-
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Pérmico inferior (Visser, 1998). Esta glaciação deveu-se à posição de, parte do continente
do, Gondwana, durante o Carbónico superior, encontrando-se perto do pólo sul.
Posteriormente à glaciação, um mar pouco profundo cobriu a plataforma, alimentado pela
água de degelo, com deposição das unidades da base do grupo Ecca. Estas seriam lutitos
e argilitos marinhos, depositados em climas frios (Catuneau, 2005; Isbell, J.L., Cole,D.I.,
Catauneau, 2008; Smith, Eriksson, Botha, 1993).

A subducção na margem Paleo-Pacifica resultou numa extensa cadeia montanhosa que


alimentou, em conjunto com as rochas graníticas Proterozoicas, grandes deltas e planícies
deltaicas, em ambientes fluviais, resultando na deposição da porção superior do grupo
Ecca. Estas formações, localmente conglomeráticas, arenosas e argilosas terão sido
depositadas num clima húmido e mais ameno, promovendo a acumulação de matéria
orgânica, originando grandes acumulações de carvão (Catuneau, 2005; Smith, Eriksson,
Botha, 1993).

Ao coalescerem as planícies deltaicas, depositaram-se os sedimentos fluviais e lacustres,


arenosos, do grupo de Beaufort, num clima semi-árido, com pluviosidade intermitente e
sazonal, durante o Pérmico superior até ao Triásico médio (Smith, Eriksson, Botha, 1993).
Este ambiente fluvial- meandriforme- era caracterizado pela presença de vegetação e de
lagos (quasi) permanentes, suportando uma grande variedade de fauna e de uma
diversidade grande de répteis.

Durante o Triásico superior, pulsos de uplift tectónicos, combinados com efeitos paleo-
topográficos resultaram na acumulação de depósitos arenosos, depositados em ambientes
aluviais- leques aluviais-, constituindo a formação de Molteno.

No Karoo superior, a deformação tectónica durante o Triásico e o Jurássico, e o clima árido


levaram à deposição, em quatro fases distintas, de red beds, interpretados como depósitos
aluviais, eólicos e de playa- formação de Eliot e Clarens. Nas áreas interdunares, os
episódios de enxurradas originaram áreas pantanosas, constituindo um habitat para
pequenos mamíferos e dinossauros (Smith, Eriksson, , Botha, 1993).

Durante o Jurássico médio, a actividade vulcânica à escala regional que precede a


fragmentação do Gondwana começa, com a extrusão de uma grande quantidade de
escoadas lávicas basálticas- formação de Drakensberg (Smith, Eriksson, Botha, 1993).

Devido aos diferentes contextos tectónicos e às diferentes condições climáticas


coexistentes no continente Africano durante a fragmentação do Gondwana existem
variações litostratigráficas significativas nas diferentes bacias, correlacionáveis com a
6
estratigrafia definida para a bacia do Karoo sensu strictu (Catuneau, 2005; Smith, Eriksson,
Botha, 1993).

Além da importância estratigráfica e científica, as bacias do Karoo (s.l.), conhecidas pela


sua grande abundância e conteúdo fossilífero, têm também uma grande importância
económica. Isto deriva do facto de, no grupo inferior do Karoo, principalmente no
grupo de Ecca, serem ricos níveis de carvão, intensamente explorados no passado
e no presente (Vasoncelos, 2000; Vasconcelos, 2009; Vasconcelos, 2010).

Neste trabalho é apresentado um estudo relativo à geoquímica de rochas sedimentares


siliciclásticas, obtidas através de sondagens, provenientes da sub-bacia de Moatize-
Minjova, na província administrativa de Tete, Moçambique, com ênfase nos elementos
maiores, traço e terras raras. Este estudo tem como objectivo caracterizar a geoquímica
das rochas em estudo e obter informação sobre a área fonte, indicadores de meteorização,
paleoclimáticos e, tanto quanto possíveis, tectónicas, de modo a detalhar o conhecimento
sobre a evolução da bacia, durante o intervalo temporal amostrado.

2.1. Enquadramento Geológico e Estratigráfico


Em Moçambique, as rochas Fanerozóicas compreendem o período temporal após a
orogenia Pan-Africana e são, geralmente, rochas sedimentares sub-horizontais com
sequências (sub)vulcânicas associadas, divididas- do mais antigo para o mais recente- em
rochas do SGK e sequências do Rift Leste Africano (Figura 3). Enquanto o SGK está
associado ao começo da fragmentação do Gondwana, dividindo-se em (1) Karoo inferior e
(2) Karoo superior, as sequências associadas ao sistema de rift Leste Africano dividem-se
em (3) rochas sedimentares e (sub)vulcânicas associadas aos episódios de rift, (4)
formações Cretácias (5) formação Terciárias e (6) formações Quaternárias.

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Figura 3 - Enquadramento geológico da sub-bacia de Moatize-Minjova (adaptado de Vasconcelos, L., Achimo, M., 2010,
de Lakshminarayana, G., 2015 e Fernandes, P., 2014.)

Na província administrativa de Tete, o Karoo (s.l.) está representado por bacias


sedimentares alinhadas NW-SE ao longo do vale do Zambeze, em não conformidade com
o soco Proterozóico (s.l.) composto por complexos ígneos e metamórficos- migmatitos,
granulitos de alto grau e paragnaisses- ao longo do bordo dos cratões do Congo/Zâmbia e
Zimbabwe- Greenstone belts (Vasconcelos, 2000).

A sub-bacia de Moatize-Minjova (Figura 3) pertencente ao grupo central de bacias do Karoo


no graben do Zambeze, formada por processos de rifting intracratónicos (Vasconcelos,
2000, Fernandes, et al. 2014). Esta é limitada a NE por uma falha e a SW limitada pela
falha M’Pandi pondo em contacto as rochas sedimentares com rochas ígneas Neo-
Proterozóicas.

Esta sub-bacia é preenchida por, essencialmente, quatro formações, a formação do Vúzi,


de Moatize, Matinde, pertencentes ao SGK inferior e a formação Cádzi, pertencente à
transição do SGK inferior para o superior (Fig. 4).

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A formação do Vúzi é descrita, na literatura, como
uma sequência de conglomerados, arenitos,
siltitos e argilitos ricos em matéria orgânica, com
algumas intercalações de níveis de carvão, com
mais de 100 m. de espessura, de origem fluvio-
glaciar e fluvial, assente em não conformidade
com o soco Proterozóico (Lakshminarayana,
2015, Fernandes, et al. 2014).

Apesar de ser referida, frequentemente, a


existência de tilitos, consequentemente
considerando esta formação como uma evidência
de um clima glaciar, há poucas ou nenhumas
descrições de estrias sendo apenas encontradas
algumas faces polidas, havendo ainda um debate
sobre a existência de depósitos glaciogénicos na
bacia de Moatize (Vasconcelos, 2000).

Geralmente, esta unidade é atribuída ao


Carbónico Superior, contemporânea e
equivalente da formação de Dwyka na bacia do
Karoo (s.s) (GTK-C, 2006b). Apesar disso,
estudos de palinologia recentes datam esta
formação do Pérmico inferior-médio
Figura 4 - Coluna estratigráfica da sub-bacia (Kunguriano/Roadiano) (Pereira, Z. et al. 2014,
Moatize-Minjova e correlação com a bacia do Karoo
principal. Adaptado de Paulino, 2010. Lopes, G. et al. 2014).

Por sua vez, a formação de Moatize encontra-se melhor representada na sub-bacia de


Moatize com uma espessura média de 340 m. É composta por arenitos, níveis de argilitos
negros, com alguns níveis de óxidos/sulfuretos de ferro e 6 níveis de carvão com
espessuras importantes. Por este motivo esta formação é frequentemente chamada de
série produtiva (GTK-C, 2006a e b; Vasconcelos, L., 2000, Vasconcelos, L., 2009).

Esta formação é, geralmente, datada do Pérmico médio, correspondendo a um equivalente


da formação de Ecca, depositada num ambiente fluvial, na fase de transição de um clima
árido e frio- glaciar- para um clima quente e húmido (Fernandes, P. et al. 2014; GTK-C,
2006b; Vasconcelos, L., 2009). Mais recentemente, estudos palinológicos datam esta

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formação do Pérmico inferior-médio (Kunguriano/Roadiano), apesar da associação
palinológica diferente da encontrada nas amostras estudadas da formação do Vúzi (Pereira,
Z. et al. 2014; Lopes, G., et al. 2014).

A formação Matinde, datada do Pérmico inferior/médio, consiste numa sequência de


arenitos, por vezes arcoses e conglomerados, com estratificação cruzada. Por vezes, esta
formação pode apresentar alguns níveis de carvão, mas de importância diminuta. É comum
considerar esta formação um equivalente lateral à porção intermédia/superior do grupo
Ecca (Vasconcelos, L., 2009; Fernandes, P. et al. 2014; GTK-C, 2006b).

Finalmente, a formação de Cádzi corresponde a um conjunto de arenitos avermelhados,


por vezes arcósicos, com estratificação cruzada, calcários/margas, e arenitos carbonatados
(?). É datada do Pérmico superior ao Triásico inferior, correspondendo a um equivalente da
transição do grupo Ecca/grupo Beaufort (Vasconcelos, L., 2009; Fernandes, P. et al. 2014;
GTK-C, 2006b).

3. Amostragem e Métodos Analíticos


Foram realizadas 7 sondagens na sub-bacia de Moatize-Minjova, na província
administrativa de Tete, Moçambique, onde se recolheram 18 amostras representativas da
formação do Vúzi e 34 da formação de Moatize, perfazendo um total de 52 amostras de
rochas siliciclásticas. Estas sondagens correspondem a sondagens de exploração de
Carvão, realizadas pela companhia ETA STAR Moçambique S.A., a ETA 15, ETA 65, ETA
71, ETA 72 e ETA 75, que interceptaram a formação do Vúzi e de Moatize a diferentes
profundidades.

Foram seguidos uma série de procedimentos desde remoção das capas de alteração
e posterior moagem, utilizando moinho de ágata, nos laboratórios da Faculdade de Ciências
da Universidade de Lisboa e enviadas para o Activation Laboratories Ltd. (ACTLABS,
Ontario, Canada), onde foram realizadas análises geoquímicas de rocha total, segundo os
procedimentos comercias deste laboratório para cada método utilizado.

Os métodos analíticos utilizados foram FUS-ICP para análise de elementos maiores,


INAA, FUS-ICP, ICP-MS para elementos menores e TD-ICP para elementos menores mais
S.

Para os elementos para qual os valores foram obtidos por mais de um método (Sc,
As, Sb, Cr) foram escolhidos os valores correspondentes aos métodos com limite de
detenção menor. Converteu-se o peso dos óxidos para peso elementar calculando-se de

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seguida a matriz correlação de todos os elementos. Posteriormente sucedeu-se a
normalização dos valores tendo em conta os valores da crusta continental superior (UCC;
Taylor e McLeennan, 1985 ) e os valores do condrito (C1; Taylor e McLeenan,1985).

4. Geoquímica de Rocha Total


Os dados de geoquímica são há muito uma das mais poderosas ferramentas de
interpretação geológica. Geralmente dividem-se os elementos da tabela periódica em
quatro grupos geoquímicos definidos no início do séc. XX por Goldschmidt, os elementos
atmófilos, litófilos, calcófilos e siderófilos, no entanto, para o propósito da interpretação de
dados geoquímicos é mais coerente e prático dividir os elementos em maiores, traço,
isótopos estáveis e radiogénicos (Rollinson, 1993). Neste trabalho serão tratados dados de
geoquímica multi-elementar, relativos a 52 amostras, colhidas em sondagens de
exploração, na bacia moçambicana de Moatize-Minjova. Os dados absolutos relativos às
análises geoquímicas multi-elementar assim como alguns parâmetros estatísticos como a
sua amplitude, média e desvio padrão para cada amostra estão representados na Tabela
1.

4.1. Elementos Maiores


Os dez elementos que geralmente se apresentam como constituintes
estequiométricos nos minerais são o Si, Ti, Al, Fe, Mn, Mg, Ca, Na, K e P. Geralmente a
sua utilização em geoquímica prende-se sobretudo com a classificação de rochas ígneas
(IUGS) e sedimentares (Herron, 1988), no entanto, desde a década de 80, com os trabalhos
de Nesbitt & Young (1982), Bhatia (1983) e Taylor & McLennan (1985) que têm sido
utilizados, com sucesso, também para identificar tendências ou percursos de paleo-
meteorização em arenitos e argilitos já que estes processos desempenham um papel
fundamental no controlo da composição química e mineralógica das rochas siliciclásticas.

Estes estudos incluem, normalmente, estudos petrológicos e mineralógicos que


permitem a classificação rigorosa das rochas estudadas. Na ausência desses estudos,
recorreu-se à classificação proposta por Herron (1988), que permite classificar rochas
sedimentares detríticas, com base no seu conteúdo em elementos maiores (Figura 5).
Assim, as nossas amostras correspondem a argilitos (39 amostras), grauvaques (8
amostras) e arenitos (5 amostras).

Alguns autores defendem a possibilidade da utilização de geoquímica de elementos


maiores como meio de acesso ao enquadramento tectónico da bacia de deposição (Nesbitt
& Young, 1982; Taylor & McLennan, 1985; Condie, 1993; Bhatia & Crook, 1986; Cullers,
11
2000, Roser & Korsch, 1986). No entanto esta abordagem não é isenta de críticas
(Armstrong-Altrin & Verma, 2005; Ryan & William, 2007). Apesar disto, a utilização de
alguns elementos maiores justifica-se, como no caso dos diagramas de Roser & e Korsch
(1986) tendo em conta a razão log(K2O/Na2O) vs SiO2. Noutros casos ao conjugar
elementos maiores (Ti) com elementos traço também permite ultrapassar este problema
como nos gráficos Ti/Zr vs La/Sc propostos por Bhatia & Crook (1986).

Figura 5 - Classificação de rochas terrígenas com elementos maiores segundo Herron, 1988.

O padrão de elementos maiores normalizados contra a UCC permite que se


estabeleçam comparaçõesções entre o conjunto de rochas analisadas e um padrão bem
conhecido de forma simples e segura.

Roser & Korsch (1986) propuseram a utilização de funções discriminantes para


determinar a proveniência de rochas siliciclásticas tendo em conta várias variáveis, a partir
do qual delimitaram quatro províncias que poderiam ser obtidos com a realização de um
gráfico obtido pelas funções discriminantes 1. 2

Cox (1995) propôs a utilização da razão K2O/Al2O3 para determinar a composição


mineralógica da rocha fonte, se esta era mais rica em argilas ou feldspatos potássicos .
Valores baixos desta razão, inferiores a 0,3, indicam que as rochas-fonte eram,
predominantemente, argilosas, traduzindo processos de reciclagem sedimentar e/ou
meteorização muito intensa.

2 - F1= 1,773TiO2+0,607Al2O3+0,76Fe2O3(t)-1,5MgO+0,616CaO+0,509Na2O-1,224K2O-9,09
1

F2 = 0,445TiO2+0,07Al2O3-0,25Fe2O3(t)-1,142MgO+0,438CaO+1,475Na2O+1,426K2O-6,861
12
A intensidade da meteorização é resultado das condições climáticas: temperatura e
presença de água (Fedo et al.,1995; Nesbit & Young, 1982). A presença de água, em
quantidades significativas, associado a maiores temperaturas, promove meteorização
intensa, com lixiviação de catiões com pequeno raio iónico (Ca2+ e Na+ sobretudo) enquanto
os catiões de maior raio iónico, como o K+, Cs, Rb+ e Ba2+, tendem a ser adsorvidos nas
superfícies das argilas (Fedo et al., 1995; Bauluz, 2000; Nesbitt et al., 1980; Wronckiewicz
& Condie, 1987).

De modo a quantificar a influência dos processos de metorização, intrinsecamente


complexos, a que a rocha fonte foi sujeita, utilizam-se indicadores químicos de alteração,
que reflectem a lixiviação desses iões móveis durante o processo de meteorização,
transporte e deposição (Cox, 1995; Fedo et al., 1995; Nesbitt & Young, 1982) .

Nesbitt & Young, em 1982, propuseram o índice CIA- Chemical Index of Alteration:
([Al2 O3 /(Al2 O3 + CaO + Na2 O + K 2 O)] × 100)- amplamente utilizado para determinar o grau de
meteorização a que as rochas na área fonte foram sujeitas. Este índice compara a
proporção molecular relativa entre os catiões com maior mobilidade, durante os processos
de meteorização química- Na, K, Ca- com o mais imóvel, o Al. Os elementos utilizados nos
cálculos deste índice reflectem a composição dos minerais mais comuns da crosta
continental superior, os feldspatos e as plagióclases. Para rochas sãs, o valor de CIA é
aproximadamente 50 e aumenta proporcionalmente ao grau de meteorização a que é
sujeita (Nesbitt & Young, 1982).

Os diagramas A-CN-K tem grande utilidade nos estudos de geoquímica devido à sua
simplicidade, apoiada em bases científicas robustas e com provas dadas. Ao exprimir a
relação entre elementos facilmente lixiviados (Ca, Na e K) e o Al, um elemento
extremamente insolúvel os diagramas são a expressão gráfica do CIA, indicando, assim, o
grau de meteorização a que a área fonte foi sujeita. Para além disto, os diagramas A-CN-K
permite inferir percursos de meteorização e, consequentemente, aceder a um possível
protólito da área fonte (Fedo et al., 1995; Nesbitt, 2003). Acresce que, os percursos de
meteorização inferidos com base no padrão de distribuição das amostras deste diagrama,
pois é sabido que estas se dispõe de forma sub-paralela à aresta A-CN, indicando, como
seria de esperar, que a meteorização se inicia com a lixiviação de Ca e Na e em menor
proporção, de K. Assim, a meteorização dá-se sempre no sentido do vértice A. Por outro
lado, o ponto de cruzamento desta linha de tendência com a linha dos feldspatos,
estabelecido por regressão, representa a composição geral da rocha/área fonte dos
sedimentos.
13
No caso de haver meteorização extrema, ou seja, a lixiviação da quase totalidade de
Ca e Na, iniciar-se-á uma fase de meteorização que é caracterizada pela lixiviação do K,
sendo que a tendência de meteorização das amostras passará a ser paralela à aresta A-K
do diagrama.

Apesar de oferecer uma interpretação muito robusta no que toca à


paleometeorização a que a rocha foi sujeita, esta situação impede a possibilidade de
estabelecer uma composição geral da rocha/área fonte dos sedimentos.

O K+ é solúvel durante os processos de meteorização química, porém, pode ser


incorporado diageneticamente na estrutura de argilas com K ou ser adsorvido em argilas.
Assim, Harnois, em 1988, propôs um novo índice, o CIW- Chemical Index of Weathering:
([Al2 O3 /(Al2 O3 + CaO + Na2 O)] × 100)- que não inclui o potássio, minimizando assim, os
efeitos do metassomatismo potássico. Esta abordagem não tem em conta o alumínio
associado aos feldspatos potássicos, pelo que os valores de CIW podem ser elevados, quer
a fonte tenha sido sujeita a processos de meteorização química forte ou não (Fedo et al.,
1995). Tendo em conta o comportamento antagónico do potássico em perfis de
meteorização, alguns autores preferem utilizar o CIW ao CIA (e.g. Condie, 1993), havendo
ainda uma polémica discussão sobre a utilização do CIW, devido a, por exemplo, granitos
potássicos/ricos em alkalis não alterados, possuírem valores de CIW muito elevados (Fedo
et al., 1995).

Quando se considera como proxy para o grau de meteorização a hidrólise dos


feldspatos- família das Plagioclases-, pode utilizar-se o índice PIA- Plagioclase Index of
Alteration: (100 × (Al2 O3 − K 2 O)/(Al2 O3 + CaO∗ + Na2 O − K 2 O))- proposto por Fedo, Nesbitt &
Young (1995) para quantificar esse processo.

Por fim, Cox (1995) propôs a utilização do ICV- Index of Compositional Variability:
([(Fe2 O3 + K2 O + Na2 O + CaO + MgO + MnO + TiO2 )/Al2 O3 ] × 100)- que mede a abundância
da alumina relativamente a outros catiões estequiométricos. No cálculo deste índice a sílica
não é considerada devido aos problemas associados ao efeito de diluição do quartzo. Este
índice pode ser aplicado a argilitos com o objectivo de determinar a sua maturidade
composicional. Quando se trata de argilitos imaturos, o valor de ICV é elevado, maior que
0,3. Por sua vez, quando são maturos, o índice tem um valor baixo, menor que 0,3.

Com vista a quantificar o grau de meteorização a que as rochas fonte foram sujeitas,
foram calculados os diversos índices acima referidos, para a totalidade das amostras, de

14
modo a reduzir as incertezas associadas à utilização de cada índice específico, e tendo em
conta a ausência de informação petrográficos e mineralógicos.

Os resultados obtidos estão representados na Tabela 1. CIA> 91%, CIW> 98%, PIA> 98%,
ICV< 0,3. Os valores dos índices de meteorização indicam todos que a área fonte foi sujeita
a processos muito intensos de meteorização química, tanto para as rochas representativas
da formação do Vúzi como para as da formação de Moatize.

4.2. Elementos Traço e Terras Raras


Os elementos traço não são constituintes estequiométricos das rochas, no entanto,
alguns destes elementos apresentam comportamentos geoquímicos muito particulares que
os tornam bons indicadores de proveniência e contexto tectónico relativamente às rochas
sedimentares. De entre os elementos traço destacam-se algumas terras raras – La, Ce, Eu
e Nd – e os metais de transição Y, Th, Zr, Hf, Nb, Co e Sc. Todos os elementos deste
conjunto são altamente imóveis durante os processos sedimentares (meteorização,
transporte e diagénese) e têm tempos de residência baixos na água do mar. Para além
disto, as razões entre estes elementos mantêm-se constantes durante a diagénese e
metamorfismo de baixo grau. Assim, os processos sedimentares têm um efeito
negligenciável sobre estes elementos, ao contrário do que acontece para os elementos
maiores, pelo que estes se configuram como óptimos indicadores de proveniência e
enquadramento tectónico da bacia de deposição (Ali, 2014; Wang, 2015; Jorge, 2013;
Bhatia & Crook, 1986).

4.2.1 Determinação de fontes sedimentares


O Th e o Sc são muito úteis na definição da composição química da área fonte. Isto
deve-se ao facto de se concentrarem preferencialmente nas rochas félsicas e nas rochas
máficas, respectivamente, mas também ao facto de não sofrerem fraccionação com os
processos sedimentares (Feng and Kerrich, 1990; McLennan et al., 1990). Acresce que é
possível utilizar a razão Zr/Sc como indicador da magnitude dos processos de reciclagem,
dado a pouca susceptibilidade à meteorização química dos princiupais minerais portadores
de Zr- zircão. Em sedimentos no primeiro ciclo sedimentar, a razão Th/Sc tende a
correlacionar-se com a razão Zr/Sc positivamente, enquanto, em rochas sedimentares
maturas, os valores de Zr/Sc são mais variáveis, contrastando com a menor variação na
razão Th/Sc (McLennan et al., 1993).

É igualmente possível utilizar o diagrama Cr/V vs Y/Ni com o objectivo de inferir a


composição da área fonte (Figura 8) (McLennan et al., 1993; Ali et al.,2014). A abundância

15
de Cr e Ni em sedimentos clásticos pode ser considerado um proxy em estudos de
proveniência. Conteúdos altos em Cr e Ni estão associados a sedimentos provenientes de
rochas ultramáficas, enquanto para concentrações baixas de Cr e Ni indicam proveniência
félsica. A razão Cr/V traduz o enriquecimento de Cr, indicador de fontes (ultra)máficas, em
detrimento de outros elementos traço ferromagnesianos, enquanto que a razão Y/Ni serve
de índice para fontes mais ricas em elementos como o Ni, comparando com um proxy para
as HREE, o Y. Assim, rochas (ultra)máficas tenderão a ter razões Cr/V mais elevadas e
razões Y/Ni mais baixas (Ali et al.,2014).

A anomalia do európio é uma medida da fraccionação entre o Eu 2+ e o Eu3+, que está


dependente da ƒO2 num fluido magmático. Rochas ígneas de origem mantélica não têm
anomalia positiva ou negativa de Eu pelo que esta assinatura se desenvolve na crosta e
depende essencialmente dos feldspatos, que podem incorporar Eu 2+ em plagioclases e
feldspatos alcalinos, contrastando com o comportamento fortemente incompatível das
restantes terras raras. Assim, assume-se que uma rocha com anomalia de Eu negativa
deriva da cristalização fraccionada intracrustal de plagioclase e posterior remoção de um
magma granítico. Magmas basálticos por outro lado não segregam plagioclase pelo que
retêm a assinatura mantélica, sem anomalia ou com uma anomalia negativa ligeira. Para
as rochas sedimentares pós-Arcaico, os valores típicos de Eu∗ são da ordem de 0,65.

O Ce também exibe variações no estado de oxidação que podem induzir a sua


fraccionação. Como todas as terras raras, geralmente o Ce tem valência 3+, no entanto em
condições oxidantes, a sua valência passa a 4+, podendo o Ce 4+ precipitar sobre a forma
de CeO2, o que num padrão de terras raras normalizado para condritos, se apresenta como
uma anomalia negativa pronunciada. A anomalia de Ce é calculada do mesmo modo que
a anomalia de Eu, usando no entanto os elementos de terras raras adjacentes ao Ce na
tabela periódica (La e Pr). Assim, a anomalia de Ce é usado como indicador de condições
paleoredox.

O diagrama Eu/Eu* vs Th/Sc permite avaliar a contribuição de rochas félsicas e/ou


máficas, conjugando a anomalia do európio, para distinguir entre fontes félsicas evoluídas
e não evoluídas e a razão Th/Sc para distinguir entre fontes félsicas e máficas.

O diagrama La/Th vs Hf é mais um diagrama baseado em elementos traço que


permite distinguir fontes sedimentares, tem no entanto a vantagem de, graças ao Hf, medir
também a maturidade dos sedimentos já que o Hf é geralmente encontrado incorporado na
estrutura do zircão e este torna-se tanto mais abundante, quanto maior for a reciclagem

16
sedimentar a que foi sujeito pois é um mineral extremamente estável física e quimicamente
(resistato).

4.2.2 Determinação de contextos tectónicos


O diagrama La-Th-Sc permite aceder, de forma segura, ao enquadramento tectónico
da bacia de deposição (Bhatia & Crook, 1986; Ali, 2014; Jorge et al., 2013; Wang, 2015). É
usual usar independentemente as razões Th/Sc e La/Sc neste tipo de estudos e o diagrama
incorpora essas duas razões permitindo uma interpretação integrada. Uma aproximação ao
vértice Sc traduz a aproximação a um contexto tectónico oceânico, enquanto uma
aproximação ao vértice La significa um contexto cada vez mais continental e estável (arco
ilha continental > margem continental activa/margem passiva). É de notar que com este
diagrama não é possível distinguir entre margem continental activa e margem passiva.

A razão La/Y traduz o grau de fraccionação entre LREE (representados pelo La) e
HREE (representados pelo Y) enquanto a razão Sc/Cr é um fator entre dois elementos
incompatíveis, sendo que o DCr > DSc (Bhatia & Crook, 1986). Um gráfico de La/Y vs Sc/Cr
permite discriminar facilmente vários ambientes tectónicos.

Segundo Bhatia & Crook (1986) Ti/Zr vs La/Sc em argilitos também mostram
excelentes correlações com os vários ambientes tectónicos. Efeitos de sorting sedimentar
podem no entanto criar erros devido à concentração diferencial de zircão.

5. Discussão
5.1. Paleometeorização
Verifica-se que entre os elementos maiores, tanto na formação do Vúzi como na
formação de Moatize há um enriquecimento generalizado em Ti e Al. Todos os restantes
elementos, em ambas as formações, estão, em média empobrecidos, sendo importante
notar que o Fe, Mn e P apresentam comportamentos variáveis, estando pontualmente
enriquecidos nalgumas amostras. O Mn destaca-se claramente nesta situação. Tanto na
formação do Vúzi como na formação de Moatize apresenta valores de desvio padrão
elevados, 1,04 e 0,86 respectivamente. O Mn apresenta ainda concentrações
consideravelmente superiores, na formação do Vúzi, aproximando-se dos valores UCC. De
um ponto de vista geral, as tendências para os elementos maiores são bastante
semelhantes entre ambas as formações (Figura 6).

17
Figura 6 - Gráfico dos elementos maiores vs UCC para cada formação.

A razão K2O/Al2O3 tem x̅ = 0,05 ± 0,01 para a formação do Vúzi e x̅ = 0,08 ± 0,06 para a
formação de Moatize. Tendo em conta os dados da figura 5, os valores baixos obtidos nesta
razão derivam de um enriquecimento em Al2O3 e um empobrecimento em K2O, indicando
que houve lixiviação de K2O.

O diagrama A-CN-K de ambas as formações mostra uma distribuição dos pontos sub-
paralela a A-K, do lado A, com maior dispersão nas amostras da formação de Moatize.
Assim, ambas as formações estiveram sujeitas a processos de meteorização intensa e/ou
prolongada, tendo concentrações muito baixas de Ca, Na e K (Figura 7)

Figura 7 - Diagramas A-CN-K para a formação de Moatize (a azul e à esquerda) e Vúzi. (a vermelho e à direita).

Para a formação do Vúzi, o valor médio de CIA é 94,35±1,45, o valor mínimo 92,48
e o máximo 97,33. Para o CIW, o valor médio é 98,99±0,32 com valor mínimo de 98,12 e
máximo de 99,43. Por sua vez, para o PIA x̅ = 99,04±0,3, com valor mínimo 98,22 e máximo
99,44. Por fim, o ICV tem x̅ = 0,22±0,12, o valor mínimo é 0,09 e o máximo 0,56.

18
Para a formação de Moatize, o valor médio de CIA é 91,32 ± 5,78, o valor mínimo
66,35 e o máximo 97,51 (Figura 7). Para o CIW, o valor médio é 98,33 ± 2,51 com valor
mínimo de 84,99 e máximo de 99,50. Por sua vez, para o PIA, x̅ = 98,52 ± 1,97, com valor
mínimo 88,28 e máximo 99,51. Por fim, o ICV tem x̅ = 0,29 ± 0,25, o valor mínimo é 0,08 e
o máximo 1,16.

Todos os índices de meteorização química indicam que este tipo de processos foram
preponderantes na geração e/ou evolução das rochas sediemantres da sub-bacia de
Moatize-Minjova (tabela X). A diferença entre CIA e CIW pode resultar da presença de
feldspatos potássicos nas rochas da(s) área(s) fonte. Valores de PIA muito elevados
indicam que as plagióclases foram intensamente meteorizadas, no entanto, também pode
ser resultado da ausência ou presença pouco significativa de plagióclases na(s) rocha(s)
da(s) área(s) fonte. Os valores muito reduzidos de ICV mostram que a maturidade
composicional dos argilitos é elevada, revelando que estes sofreram meteorização muito
intensa e/ou reciclagem sedimentar.

5.2. Composição da área fonte


A composição mineralógica e química da área fonte assume um papel de destaque
do quimismo das rochas siliciclásticas.

Figura 8 - Gráfico Th/Sc vs Zr/Sc com exemplo da tendência de reciclagem sedimentar. Adaptado de

O gráfico Th/Sc vs Zr/Sc mostra que as amostras da formação de Moatize e do Vúzi se


encontram pouco afastadas da linha de mistura basalto-granito o que indica que os
processos de reciclagem sedimentar não têm grande expressão, apesar de presentes de
forma residual (Figura 8).

19
Figura 9 - Gráfico das funções discriminantes segundo Roser & Korsch. Campos: P1: Sobretudo máfico, com influência
de ígneas intermédias; P2: ígneas intermédias; P3: Félsicas vulcânicas e plutónicas; P4: Sedimentos quartzosos
maturos (reciclados).

Nos diagramas de Função Discriminante (Roser & Korsch, 1986) tanto as amostras
da formação do Vúzi com as da formação de Moatize encontram-se no campo P4 que que
as coloca dentro do campo de rochas quartzosas recicladas.

Figura 9 - Padrão de REE da formação de Moatize e do Vúzi.

Os padrões de terras raras, normalizados para o condrito, das amostras são


caracterizados por um grande enriquecimento em terras raras (>10x superior ao condrito
C1), mais pronunciado nas LREE, indicando que a fonte sedimentar é bastante
diferenciada. Não há diferenças consideráveis entre os padrões de ambas as formações
(Figura 9).

A anomalia do európio é negativa, com valor médio de 0,74 para a formação do Vúzi,
valor mínimo de 0,57 e máximo de 0,86, enquanto a formação de Moatize tem um valor
20
médio de Eu/Eu* de 0,66, valor mínimo 0,57 e máximo 0,85 (Tabela 1). Isto traduz uma
fonte sedimentar com claro predomínio de fontes félsicas.

Por usa vez, a anomalia de Ce é praticamente inexistente em ambas as formações.


Para a formação de Moatize, Ce/Ce* = 1,02±0,09 e para a formação de Vúzi, Ce/Ce* =
0,98±0,11. O facto de não haver anomalia significativa de Ce significa que o fluido aquoso
que esteve em equilíbrio com os sedimentos era redutor.

Figura 10 - Gráfico Cr/V vs Y/Ni com linha de mistura entre rochas de composição félsica (granitos) e máfica (basaltos).

As amostras analisadas, tanto para a formação do Vúzi como a de Moatize, são


caracterizadas por razões baixas de Cr/V e razões mais altas e variáveis de Y/Ni, indicando
fontes, predominantemente, félsicas. O parâmetro Cr/V é sempre inferior a 3 (Figura 10),
para qualquer uma das formações, não deixando dúvidas quanto à natureza félsica da área
fonte.

Figura 11 - Gráfico Eu/Eu* vs Th/Sc com as divisões entre rochas félsicas e máficas e entre rochas félsicas com
diferentes graus de evolução.

21
A maior parte das rochas caem no campo das rochas félsicas, enquanto um pequeno
número de amostras se encontra no campo das rochas máficas (Figura 11). Por outro lado,
a formação do Vúzi tem uma influência de rochas félsicas pouco evoluídas, enquanto a
formação de Moatize se concentra principalmente na zona das félsicas mais evoluídas. Isto
é compatível com o enriquecimento significativo em LREE e valores da anomalia do
európio.

Assim, é possível considerar que a área fonte das duas formações estudadas era
predominantemente constituída por rochas ígneas félsicas, por rochas sedimentares
siliciclásticas que sofreram reciclagem havendo, pontualmente e em menor proporção,
input sedimentar de fontes constituídas por rochas máficas.

Figura 12 - Gráfico La/Th vs Hf com campos composicionais. Adaptado de Ali et al (2014).

O gráfico La/Th vs Hf apresenta grande dispersão para as amostra de Vúzi, em que


cerca de metade das amostras estão no campo dos sedimentos originados em arcos
ácidos, e as restantes se distribuem na periferia deste campo, havendo tendência para se
aproximarem de assinaturas de fonte mista (félsico + máfico) ou fonte de margem passiva.
As amostras de Moatize estão mais concentradas no campo do arco ácido, havendo
tendências idênticas para as amostras que não se encontram neste campo (Figura 12).

Assim, integrando os vários dados e gráficos é possível afirmar com alguma certeza
que a(s) fonte(s) sedimentares são predominantemente félsica(s). Isto vem de encontro à
diferença que se verifica entre CIA e CIW que aponta para a presença de feldspatos
potássicos na(s) rocha(s) fonte e torna o índice PIA pouco fiável, já que em rochas félsicas
as plagioclases tendem a ser fases subordinadas aos feldspatos.

22
5.3. Enquadramento tectónico

Figura 13 - Gráfico K2O/Na2O vs SiO2 com as divisões respectivas a contextos tectónicos específicos.

Através dos diagramas de discriminação tectónica (Roser &Korsch, 1988) o contexto


tectónico seria de margem continental passiva/intracratónica para as formações do Vúzi e
de Moatize. É de notar que algumas amostras, em número pouco significativo, indicam um
contexto de margem continental activa (Figura 13).

Figura 14 - Diagrama La-Th-Sc com os respectivos campos tectónicos. Campos: A: arco ilha oceânico; B: arco ilha
continental; C: margem continental activa; D: Margem passiva

Os diagramas triangulares La-Th-Sc (Figura 14) indicam que o contexto tectónico


original destas formações será de margem passiva/margem continental activa e/ou arco
ilha continental. As amostras que não entram nos campos discriminantes da formação do
Vúzi apresentam-se na periferia dos campos referidos, enquanto para as amostras de
Moatize a dispersão é maior, chegando uma ao campo de arco de ilhas oceânicas.

23
Figura 15 - Gráfico La/Y vs Sc/Cr com os respectivos campos tectónicos. Campos: A: arco ilha oceânico; B: arco ilha
continental; C: margem continental activa; D: Margem passiva

Os gráficos La/Y vs Sc/Cr (Figura 15) apresentam imensa dispersão, não sendo
possível retirar informação conclusiva. No entanto, metade das amostras do Vúzi indicam
margem passiva, enquanto nas amostras de Moatize, algumas mostram margem passiva
(maioria) e um número baixo de amostras indica arco ilha continental.

Figura 16 - Diagrama Th-Sc-Zr/10 com os respectivos campos tectónicos. Campos: A: arco ilha oceânico; B: arco ilha
continental; C: margem continental activa; D: Margem passiva.

Diagramas Th-Sc-Zr/10 (Figura 16) mostram pouca dispersão no geral. Para as


amostras de Vúzi, indica claramente um contexto associado a arcos ilha continentais. As
amostras de Moatize encontram se igualmente distribuídas entre o campo de arcos ilha
continentais e margem continental activa. É de notar que uma amostra de Moatize se insere
no campo das margens passiva.

24
Figura 17 - Gráfico Ti/Zr vs La/Sc com os respectivos campos tectónicos. Campos: A: arco ilha oceânico; B: arco ilha
continental; C: margem continental activa; D: Margem passiva

O gráfico Ti/Zr vs La/Sc (Figura 17) mostra demasiada dispersão para a formação
do Vúzi. Pelo contrário, para a formação de Moatize a dispersão, apesar de também ser
elevada, também mostra que muitas amostras se incluem no campo dos arcos ilha
continentais, as restantes estando na sua periferia.

Integrando a informação dos diferentes diagramas discriminantes acima referidos,


não é possível inferir, com clareza, o enquadramento tectónico da bacia de deposição, já
que em vários gráficos observa-se uma dispersão significativa das amostras, o que coloca
em causa a precisão/rigor dos métodos (La/Y vs Sc/Cr, Ti/Zr vs La/Sc) podendo no entanto
ser consequência também de inputs sedimentares de áreas distais caracterizadas por
contextos tectónicos diferentes. No entanto, nenhuma amostra indica a presença de
sedimentos de arcos de ilhas oceânicas pelo que é possível referir com alguma segurança
que o contexto tectónico é continental/cratónico (siálico). Isto corrobora o que é descrito na
literatura (Catuneanu, 2005; Vasconcelos, 2000; Fernandes et al., 2014), que descreve a
bacia de Moatize-Minjova como uma bacia de rifting intracratónico, colmatada pelo
desmantelamento das rochas grano-dioríticas e meta-sedimentares adjacentes.

6. Conclusões
A Tabela 1 apresenta uma síntese dos vários índices de meteorização utilizados e dos
parâmetros relacionados com as terras raras.

A partir do tratamento numérico dos dados geoquímicos das 52 amostras provenientes de


7 sondagens, na bacia de Moatize-Minjova, 18 da formação do Vúzi e 34 da formação de
Moatize, foi possível concluir com alguma segurança que estas rochas ou os sedimentos
que lhe deram origem estiveram sujeitos a condições climáticas que permitiram a sua

25
meteorização extrema, o que não é compatível com um ambiente deposicional glaciar
(árido), como é descrito para a génese da formação do Vúzi. Estes resultados representam
uma perpectiva inovadora, para a interpretação da evolução (paleo)deposicional da bacia
estudada.

Por outro lado, a fonte dos sedimentos, apesar de variada, com inputs diversificados, será
principalmente constituída por rochas félsicas, inseridas num contexto tectónico
continental/intracratónico, de margem activa e/ou passiva. Exclui-se a hipótese de as
amostras estarem associadas a um contexto de arco ilha continental devido à história
tectónica contemporânea das formações.

É possível também concluir que devido ás fortes semelhanças geoquímicas entre


formações, é discutível que essa diferenciação estratigráfica seja uma realidade, o que é
apoiado por dados recentes de palinologia (Pereira et al. 2014; Lopes et al. 2014).

Vúzi Moatize
Média (n= 18) σ Mín. Máx. Média (n= 34) σ Mín. Máx.

CIA 94,35 1,45 92,48 97,33 91,32 5,78 66,35 97,51


CIW 98,99 0,32 98,12 99,43 98,33 2,51 84,99 99,50
PIA 99,04 0,30 98,22 99,44 98,52 1,97 88,28 99,51
ICV 0,22 0,12 0,09 0,56 0,29 0,25 0,08 1,16
K2O/Al2O3 0,08 0,06 0,02 0,33 0,05 0,01 0,02 0,06
ΣREE 329,43 73,11 176,95 430,92 300,11 235,85 74,47 1374,64
ΣLREE 298,84 68,46 152,74 392,40 273,96 229,50 57,46 1335,70
ΣHREE 30,59 5,66 17,49 38,52 26,15 8,88 13,26 52,83
Eu/Eu* 0,74 0,08 0,57 0,86 0,66 0,07 0,57 0,85
Ce/Ce* 1,02 0,09 0,87 1,30 0,98 0,11 0,84 1,36
(La/Sm)n 6,02 1,29 4,56 9,55 6,86 1,79 3,98 11,39
(Gd/Yb)n 2,69 1,06 1,64 6,23 2,08 0,82 0,95 4,17
Tabela 1 – Índices de meteorização e parâmetros relativos às terras raras.

7. Agradecimentos
Gostaríamos de agradecer, em primeiro lugar, ao nosso orientador e professor Dr. Raul
Carlos Godinho dos Santos Jorge, pela disponibilidade demonstrada durante a realização
deste trabalho, assim como pelas discussões produtivas durante a realização do mesmo.
Queremos também agradecer ao Prof. Dr. Paulo Fernandes da Universidade do Algarve,
co-orientador deste trabalho, e ao Prof. Dr. Lopo Vasconcelos, pela disponibilidade e
simpatia, assim como por ter fornecido uma parte da bibliografia, indispensável à realização
deste trabalho.
26
8. Referências Bibliográfica
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