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Universidade Agostinho Neto

Faculdade de Ciências
Departamento de Geologia

TRABALHO DE FIM DE CURSO


PARA OBTENÇÃO DO GRAU DA LICENCIATURA EM GEOLOGIA

TEMA: ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DOS MINERAIS


INDICADORES COMO BASE NA PROSPECÇÃO DE DEPÓSITOS
PRIMÁRIOS DIAMANTÍFEROS NA ZONA DE TCHIAFUA, LUNDA SUL

Elaborado Por:

José Manuel Quinanga António – Nº 83553 (Número de Inscrição na UAN)

Luanda, Abril de 2015


Universidade Agostinho Neto
Faculdade de Ciências
Departamento de Geologia

TRABALHO DE FIM DE CURSO


PARA OBTENÇÃO DO GRAU DA LICENCIATURA EM GEOLOGIA

TEMA: ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DOS MINERAIS


INDICADORES COMO BASE NA PROSPECÇÃO DE DEPÓSITOS
PRIMÁRIOS DIAMANTÍFEROS NA ZONA DE TCHIAFUA, LUNDA SUL

Elaborado Por:

José Manuel Quinanga António – Nº 83553

Orientadores:

Professor Doutor Silva Pereira Ginga (Docente da UAN)

Engenheiro Andrei Mazur (Sociedade Mineira de CATOCA)

Engenheiro Klashinikov Nicolai (Sociedade Mineira de CATOCA)

Luanda, Abril de 2015


RESUMO

A Concessão de Tchiafua, localizada na província da Lunda Sul, faz parte dos novos projectos
de Prospecção e Pesquisa de depósitos diamantíferos primários e secundários da Sociedade
Mineira de CATOCA. Os trabalhos na Concessão encontram-se na fase de Prospecção geral,
onde estão em aplicação os métodos de prospecção a fim de localizar zonas promissoras de se
encontrar depósitos diamantíferos.

O presente trabalho consistiu na aplicação do método mineralométrico de prospecção, através


da análise da distribuição espacial dos minerais indicadores, para identificar e delimitar áreas
promissoras para a prospecção avançada, a fim de localizar depósitos primários de diamantes
na Concessão de Tchiafua.

No estudo realizado, as amostras foram colectadas maioritariamente nas drenagens de 1ª e 2ª


ordem dos afluentes da região, que posteriormente foram preparadas e enviadas ao
laboratório para análises mineralógicas, com o auxílio da lupa binocular electrónica, com o
objectivo de identificar os minerais indicadores de depósitos diamantíferos, bem como
descrever a morfologia, a granulometria e estimar em percentagem os variados minerais
pesados que constituem as amostras. Os principais minerais indicadores identificados na área
de estudo são as ilmenitas, granadas e cromitas, aparecem distribuídas de forma irregular nas
microbacias estudadas

Em função da distribuição dos minerais indicadores nas bacias hidrográficas e a complexidade


das informações geológicas e geofísicas da região, delimitou-se uma área perspectiva,
localizada na zona Sudoeste da região, para a prospecção mais avançada a fim da localização
de depósitos primários de diamantes.

ABSTRACT
The Tchiafua Concession located in Lunda Sul, part of the new projects of prospecting and
research of primary and secondary diamond deposits of Sociedade Mineira de CATOCA. Work
on the concession are in general prospecting phase, where they are under prospecting
methods to locate promising areas of finding diamond deposits.

This work consisted in the application of mineralométrico prospecting method, by analyzing


the spatial distribution of mineral indicators, to identify and define promising areas for
advanced prospecting in order to locate primary diamond deposits in Concession Tchiafua.

In the study, samples were mostly collected in the drainage of 1st and 2nd order of the
tributaries of the region, which were then prepared and sent to the laboratory for
mineralogical analysis, with the assistance of electronic binocular magnifying glass, in order to
identify the mineral indicators diamond deposits, as well as to describe the morphology, the
particle size and to estimate the percentage of heavy mineral constituting various samples.
The main minerals indicators identified in the study area are the Ilmenites, grenades and
chromite, appear irregularly distributed in the studied watersheds

Depending of the indicators mineral distribution in the river basins and the complexity of the
geological and geophysical information of the area, was delimited a prospect area, located on
the southwest part of the region, to the most advanced prospecting to the location of primary
diamond deposits.
INDICE

RESUMO

ABSTRAT

INTRODUÇÃO…….…………………………………………………………………. 9

CAPITULO I ENQUADRAMENTO GEOGRAFICO DA ÁREA DE ESTUDO…...14

I.1. Localização da área de estúdo………………………………………...….... 14

I.2. Vias de acesso e Demografia………….……………………..…………….. 15

I.3. Clima……………………………………………………………………….. 17

I.4. Solos………………………………………….…………………………….. 17

I.5. Fauna e Flora…………………………………...…………………………... 18

I.6. Hidrografia…………………………………………...……………………... 18

CAPITULO II. ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO DA REGIÃO…..……………. 19

II.1. Geologia regional…………………………………...……………………... 19

II.1.1. Soco cristalino………………………………….………………………... 20

II.1.2. Rochas de cobertura do soco cristalino………………………...……...… 22

II.2. Tectónica regional…………………………………………………………. 27

II.3. Geologia local…………………………………………..………………….. 30

II.4. Tectónica local………………………………………...………………...…. 34

CAPITULO III. GENERALIDADES SOBRE DIAMANTES E PROSPECÇÃO


GEOLÓGICA……………………………………………..………………………...… 38

III.1. Génese dos diamantes e características……………………..……….……. 38

III.2. Generalidades sobre Kimberlitos…………………………………………. 40


III.3. Modelo do halo de dispersão mineralógica………………………...……... 42

III.4. Tipos de depósitos diamantíferos…………………………...…………….. 44

III.5. Métodos de prospecção de depósitos primários de


diamantes………………………………………………………..………………. 49

CAPITULO IV. ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DOS MINERAIS


INDICADORES DE DEPÓSITOS PRIMÁRIOS DE DIAMANTES NA REGIÃO DE
TCHIAFUA…………………………………………………………………………… 53

Introdução………………………………………………………………………. 58

IV.1. Principais Fases do Levantamento Mineralógico aplicados na Concessão de


Tchiafua ………..………………………………....…………………….………. 55

IV.1.1. Fase da Concepção do Levantamento Mineralométrico........................... 55

IV.1.2. Planificação e amostragem …………...…….………………………….. 55

IV.1.3. Análise das amostras…………………………………………………..... 58

IV.2. Interpretação e Discussões………………………………………...……… 61

IV.2.1. Análise geoestatísticas dos minerais


indicadores………………………………………………..………….……….… 61
IV.2.2. Definição da área promissora para a localização de kimberlitos….….… 64
CONCLUSÕES………………………………………………………………….....…. 67
RECOMENDNÇÕES……………………………………………….…………….…... 68
BIBLIOGRÁFIA…………………………………………………………….………... 69

ANEXOS………………………………………………………………….………..…. 73

LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Localização geográfica da área de estudo (imagem adaptado pelo autor).

Figura 2: Croquis de localização da concessão Tchiafua (imagem cedida pela empresa de


CATOCA).

Figura 3: Picada de acesso até a concessão Tchiafua da concessão (imagem do autor).


Figura 4: Solos laterites da concessão de Tchiafua (imagem do autor).
Figura 5: Crocodilos e hipopótamos presentes no rio Tchiumbe (imagem do autor).

Figura 6: Depósitos do Grupo Kalahari superior (imagem do autor).

Figura 7: Esboço tectónico da carta geológica de Angola (Serviço geológico de Angola, 1992).

Figura 8: Material de grés polimorfo do kalahari inferior (imagem do autor).


Figura 9: Caracteres cartográficos (litológicos) da área de estudo (imagem cedida pela empresa
CATOCA).
Figura 10: Rochas fracturadas que evidenciam as orogenias ocorridas no arcaico (imagem do
autor).
Figura 11: Resultados de medições geofísicas magnetometria da região, com os alinhamentos
que mostram as evidências de falhas (imagem cedida pela empresa do CATOCA).
Figura 12: Resultados de medições geofísicas da região, com os alinhamentos que mostram as
evidências de falhas (imagem cedida pela empresa do CATOCA).
Figura13: Modelo crustal para o ambiente de formação do diamante, mostrando a linha de
estabilidade entre o diamante. Onde: LAB - limite litosfera/astenosfera, K – kimberlito, O –
orangeíto, L – Lamproitos, M – melilito, N – nefelinitos e carbonatitos (modificado por
Mitchell, 1995).

Figura 14: Modelo idealizado do sistema magmático de um corpo kimberlítico, mostrando a


relação entre as rochas do fácies cratera, diatrema e raíz, Michell (1986).

Figura 15: Províncias e campos kimberliticos das Lundas (Sêco, 2009).

Figura 16: Levantamentos aerogeofísicos. A – Momento do levantamento com o uso


helicóptero; B – Mapa com a agrupação das anomalias magnéticas em duas zonas (imagem
cedida pela empresa do CATOCA).

Figura 17: Mapa com a distribuição dos diferentes tipos de anomalias magnéticas identificados
na região de Tchiafua, agrupados maioritariamente nas zonas 1 e 2. (imagem cedida pela
empresa do CATOCA).
Figura 18: Mapa ilustrando os pontos definidos para a recolha das amostras, com Tch – rio
Tchiumbe, Lua –rio Luana e 1º à 5º - os números de microbacias (imagem do autor).

Figura 19: Processo de obtenção da amostra, no qual A - recolha da amostra, B - peneiramento


da amostra e C - concentrado de minerais pesados obtido por bateamento. (imagens do autor).

Figura 20: Análise das amostras com auxílio das lupas binoculares electronicas (Fotografias
tiradas pelo autor).

Figura 21: Distribuição espacial dos minerais indicadores de diamantes nas microbacias
hidrográfica estudada, da concessão de Tchiafua. Nesta figura a simbologia A – representa a
possível anomalia mineralógica. (imagem criada pelo autor, através do programa surfer).

Figura 22: Mapa com o limite perspectivo para a prospecção mais detalhada.

LISTA DE TABELAS

Tabela nº 1: Coluna cronoestratigráfica da bacia do Cassai (Tese de Garcia Nunes).

Tabela nº 2: Características do diamante.

Tabela 3: Distribuição dos kimberlitos em campos e províncias

Tabela nº 4: Diferentes Fases e Métodos de Prospecção e pesquisa de depósitos minerais


(Moisés A. A. 2003).

Tabela nº5: Caracterização geológica das zonas amostradas.

Tabela nº 6: Percentagem dos minerais pesados nas amostras recolhidas, calculado a partir da
predominância dos grãos no campo de observação da lupa binocular.

LISTA DE ESQUEMAS

Esquema 1: Metodologia de trabalho

LISTA DE HISTOGRAMAS

Histograma 1: Percentagens dos minerais indicadores de kimberlitos nas amostras.

Histograma 2: Relação de percentagens dos minerais indicadores de diamantes na área de


estudo.
AGRADECIMENTOS

A Deus todo-poderoso pelo seu amor imenso, protecção incondicional, e permitir que
este passo fosse realidade em minha vida.

A Faculdade de Ciências, em particular o Departamento de Geologia, na pessoa do


Professor Doutor António Gonçalves por ter autorizado a realização do Projecto. Ao
Director pedagógico Professor Doutor Pedro Nsungani pela sua dedicação concernente
aos assuntos académicos dos estudantes. E aos demais professores pela partilha dos seus
conhecimentos e as criticas fornecidas durante a minha formação.

Muito agradeço ao Professor Doutor Silva Ginga pela boa dedicação e o empenhamento
na orientação da presente monografia, bem como as críticas, apoio moral e profissional
fornecido, que ajudaram-me a desenvolver como geólogo e ser na sociedade.

A Sociedade Mineira do CATOCA, na pessoa do Dr. José Augusto Ganga Júnior,


Director Geral, por ter autorizado a realização do estágio curricular, para assim poder
aprender e desenvolver as minhas capacidades técnicas como geólogo e realizar o
presente trabalho de fim de curso.

Ao Departamento de Geologia da Sociedade Mineira de CATOCA, na pessoa do Engº


João Félix (Chefe de departamento). E aos Engenheiros Andrei Mazur, Klashinikov
Nicolai e Raul Amaro, pelas orientações fornecidas durante a realização do estágio.

Aos meus pais Sebastião António e Teresa Quinanga pelas suas dedicações na minha
formação, souberam apoiar-me apesar das dificuldades. Aos meus irmãos António
Coxe, Elisa António, Sebastião Lucau, Cristina Kengue, André António e Isabel
António, por todo apoio fornecido durante a minha formação. A minha avó Maziambo
Onde pelos bons conselhos. E a minha prima Formosa Vida.

A minha companheira Carmen Tuti pelos variados apoios, sobretudo moral e afectivo
para que tudo acontecesse da melhor maneira possível.

Aos meus amigos, em especial o Lubanzadio de Oliveira, pelos entusiasmos partilhados


e ser um camarada de longa data.
Aos meus tios Doutor Tana Canda, Engenheiro Lufialisso António e Albertina Mbeza
pelos variados apoios e desejarem se informar acerca do desenrolamento do presente
trabalho de monografia.

Aos colegas do curso de Geologia da Universidade Agostinho Neto, em particular o 5º


ano de 2014, pela partilha dos conhecimentos, bons momentos de estudantes e pelas
amizades fornecidas.

A todos que direita e indirectamente contribuíram para que este projecto fosse uma
realidade.
Dedicatória

A Deus pelo imenso amor e tornar possível a


realização deste trabalho, aos meus familiares (os
meus pais e irmãos) que muito almejaram por este
grande feito e a comunidade Científica,
especialmente da área de Geologia
NTRODUÇÃO

A mineração sempre serviu de base para o desenvolvimento económico das


sociedades desde o primórdio da humanidade. Em Angola, a exploração dos recursos
naturais, em especial os depósitos de diamantes, constituem uma das grandes fontes de
receitas para a economia nacional. Apesar desta importância, de salientar que o valor
das receitas actuais proveniente da exploração diamantífera ainda é pouco significante,
em parte devido a pouca disponibilidade de reservas para a exploração.

A Sociedade Mineira de CATOCA, sendo uma das empresas com realce no sector
mineiro em Angola, e para responder a esta demanda social decidiu desenvolver
projectos de Prospecção e Pesquisa em novas áreas (Luaxe, Tchiafua, Volege, Luangue,
Luembe, Gango e Quitubia), com objectivo de descobrir áreas promissoras para
exploração de depósitos diamantíferos.

Neste contexto e no âmbito do memorando de entendimento entre a Sociedade


Mineira de CATOCA e a Faculdade de Ciências da Universidade Agostinho Neto, para
estágio curricular de fim do Curso de Geologia, surgiu o presente trabalho de diploma
com o tema “Análise da distribuição espacial dos minerais indicadores como base
na prospecção de depósitos primários diamantíferos na zona de Tchiafua, Lunda
sul”.

Metodologia de investigação

Problema: Necessidade de se conhecer a regularidade da distribuição espacial dos


minerais indicadores, para servir de base para prospecção de depósitos primários de
diamantes, na região de Tchiafua.

Objecto de estudo: Concessão do Tchiafua.

Objectivo geral: Delimitar áreas perspectivas para trabalhos mais detalhados que
permitam localizar depósitos primários na concessão Tchiafua.
Objectivos específicos:

- Estudar as principais características geológicas, geofísicos e hidrográficos na área da


Concessão.

- Definir áreas e pontos favoráveis para a amostragem de concentrado de bateia.

- Analisar o concentrado obtido nas diferentes amostras.

- Definir as áreas promissoras para localizar as fontes primárias de diamantes.

Hipóteses:

A partir do conhecimento geológico disponível, e com base a um estudo


mineralométrico bem como a distribuição espacial dos minerais indicadores na área de
estudo será possíveis definir áreas promissoras para descoberta de depósitos
diamantíferos.

Resultados esperados:

Encontrar áreas promissoras para trabalhos mais detalhados no processo de


prospecção de fontes primárias de diamantes na região.

Limitações:

Embora a grande importância que os objectivos do trabalho representam, os


resultados esperados poderiam ser limitados pelo pouco tempo, recurso financeiro
disponível, assim como a dificuldade no acesso as áreas de amostragem, etc.

Metodologia de trabalho:

Para realização do presente estudo foram seguidas as seguintes fases, conforme


ilustra o esquema 1 e descrito a baixo.

Esquema 1: Metodologia de trabalho.

Consultas bibliográficas,
análise das informações,
planificação dos trabalhos
para as subsequentes
fases.
Trabalho de
Gabinete

Reconhecimento da
Trabalho de área, levantamentos
Campo geológicos e
amostragem de bateia.

Preparação e análise das


amostras Trabalho de
Laboratório

Interpretação dos dados


Interpretação e das fases anteriores
Discussões delimitação das áreas
promissoras

Elaboração
do Relatório
final

a) Trabalho de Gabinete

Durante os trabalhos de gabinete teve-se como base as consultas bibliográficas


associadas ao tema e a área de estudo, tais como em livros, trabalhos de monografias,
relatórios técnicos, etc.

A partir da análise da informação pesquisada e com base aos métodos relacionados


com a prospecção geológica, fez-se a planificação dos trabalhos de campo, laboratório,
assim como as principais técnicas e métodos usados nas diferentes fases de estudos.

b) Trabalho de campo

No campo foram efectuados estudos de reconhecimento da área, levantamentos


geológicos a escala local. Foram realizadas nesta fase as amostragem de concentrado de
bateia que seriam posteriormente submetidas a análises laboratoriais

c) Trabalho de Laboratório
As amostras recolhidas foram preparadas e analisadas através das lupas binoculares
electrónicas, a fim de estimar as percentagens e detalhes petrográficos dos minerais
pesados identificados nas amostras.

d) Interpretações e discussões
A partir dos resultados obtidos nas fases anteriores, fez-se a análise e interpretação
dos mesmos, com a finalidade de definir áreas promissoras para a localização de
depósitos diamantíferos.

e) Elaboração do relatório
Com base as diferentes fases dos trabalhos descritos a cima, realizou-se o relatório
final, seguindo as normas da Universidade Agostinho Neto para a elaboração do
trabalho de monografia de fim de curso.

Antecedentes.

A região de Tchiafua carece de informações bibliográficas apesar de já alguns

estudos terem sido feitos na região, dentre os quais destaca-se os trabalhos

desenvolvidos pela Diamang sobre a prospecção de alguns tipos de depósitos

secundários tais como terraços, lezírias e vales de alguns afluentes do rio Cuango. De

acordo com Mafuani, (2013) alguns trabalhos de prospecção foram efectuados entre os

anos 1969 até 1974, durante o qual se efectuou a delimitação dos vários blocos, que

foram explorados pela mesma empresa.

Consultores do projecto da Savannah Diamonds, Ltd (2009), elaboram um estudo


exaustivo sobre Prospecção, Pesquisa e Reconhecimento de kimberlitos na concessão de
Tchiafua; pelo qual os levantamentos geofísicos (aeromagnéticos) assoalhavam três
alvos de prioridade 1 que poderiam ser ligados a presença de kimberlitos, mas com
resultados negativos na prospecção geológica. Dai a razão de ocorrência de poucos
minerais indicadores de diamantes nas amostras de concentrados de bateia.
Nikolai & Egorouv (2013), referem nos seus relatórios de Tchiafua (na zona mais a
norte, próximo ao Lucapa), a perspectiva de se fazer uma prospecção mais detalhada,
sendo que foram identificados vários pontos no qual aparecem os diamantes, incluindo
concentrações industriais em formações sedimentares de diferentes idades. Os mesmos
autores referem que os resultados de levantamentos com métodos remotos, revelam
anomalias que indicam possíveis existências de corpos kimberliticos na região.

Materiais e equipamentos utilizados:

Para a realização do presente trabalho usou-se os seguintes materiais e equipamentos:

 Materiais usados: Bateia, peneiro com volume de 20 litros, cadernos de


apontamento, mapas topográficos, relatórios, canetas, borrachas, resmas de folha
A4, etc.
 Equipamentos usados: GPS, bússolas, máquinas fotográficas, Lupas
electrónicas, computadores, scanners, impressoras, veículos de transporte, etc.

CAPITULO I. ENQUADRAMENTO GEOGRÁFICO DA REGIÃO


I.1. Localização da área de estudo.

A área de estudo (Figura 1 e 2) localiza-se entre 100-150 Km a nordeste de


Saurimo (capital da Lunda sul, Angola), apresentando fronteiras a norte com o
município de Lucapa (província da Lunda norte), a leste com a República Democrática
do Congo, a oeste e Sul com os municípios de Cacolo e Muconda respectivamente,
ambas também situadas na província da Lunda sul.

A concessão de Tchiafua apresenta-se com uma configuração muito irregular,


inserida nas folhas nº 86, 104, 105, 122 e 123 das cartas topográficas de Angola, e uma
área total de aproximadamente 3.083,247 km2, abarcado na bacia do rio Tchiumbe e
Luana.

Figura 1: Localização geográfica da área de estudo, nas cartas topográficas de Angola


(imagem adaptado pelo autor).
Figura 2: Croquis de localização da concessão Tchiafua (imagem cedida pela empresa de
CATOCA).

I.2. Vias de acesso e Demografia

A área de estudo não apresenta estradas desenvolvidas e pistas para passadoiro


aéreo, contudo o acesso terrestre é feito através de algumas picadas (Figura 3) abertas
pela empresa ENDIAMA.
Existem duas serventias que permitem o acesso a concessão de Tchiafua, a
primeira a partir do centro da cidade de Saurimo (Lunda sul) dirigindo-se a norte
paralelamente ao rio Luachimo, encontra-se a leste o acesso por picadas que levam até a
comuna do Sombo cita na concessão de Tchiafua. Pode chegar-se a mesma comuna
partindo de Lucapa (província da Lunda Norte) dirigindo-se a sul através de picadas
paralelas ao rio Tchiumbe, servindo assim de segunda serventia de acesso.
A concessão de Tchiafua está localizada numa região cuja densidade populacional
é baixa, possuindo uma pequena parte (cerca de 0,8 %) do total da Lunda sul (de
aproximadamente 516.077 pessoas). (www.lundasul.gov.ao/).
Os dados obtidos revelam que os habitantes desta região são de origem Kakari e
Lunda Tchokué, da etnia Bangala. As línguas faladas são Tchokué, Kari, Kissuku,
Kipaka e Wolo. (Tussamba, 2014).

Figura 3: Picada de acesso a concessão de Tchiafua (imagem do autor).

I.3. Clima
O clima da região é tropical húmido, com uma precipitação média anual de 1400
mm, temperaturas que oscilam entre os 32ºC de máxima e 15ºC de mínima. A humidade
relativa média anual desta região atinge valores de 70 à 75 %. (www.lundasul.gov.ao/).

I.4. Solos

A região de estudo, conforme ilustra a figura 4, é fortemente constituído de solos


avermelhados (laterites) enriquecidos em óxidos de ferro, principalmente as limonites,
com vulcanoclastos na base. Estes solos são oriundos das rochas ultrabásicas, sendo que
a zona apresenta um clima de forte precipitações, com altas variações de temperatura e
um relevo peniplano, o que favoreceu os processos de alteração das rochas.

Muitos destes solos sofreram um transporte por solifluxo durante o Quarternário. A


abundancia de matéria orgânica, em alguns pontos, resultou nos hums que se instalaram
na superfície destes solos.

Figura 4: Solos laterites da concessão de Tchiafua (imagem do autor).

I.5. Fauna e Flora


Entre 40-50% da cobertura vegetal da área é representada por formas arbustivas,
com alturas que vão de 5 à 10 metros, desenvolvido em áreas de mananciais e estrias
estreitas ao longo dos leitos dos grandes rios.

A fauna é diversificada em espécies e bastante pobre quantitativamente.


Constituído de mamíferos e herbívoros (Figura 5), como hipopótamos, várias espécies
de antílopes, leopardos, leões, crocodilos, cobras, gatos selvagens e outros.

Figura 5: Crocodilos e hipopótamos presentes no rio Tchiumbe (imagem do autor)

I.6. Hidrografia

A zona de estudo apresenta, no sentído Norte – Sul, os rios principais Tchihumbe e o


Luanna, derivados dos seus afluentes, tais como o Volege, Tchica, Longuege, Capalanga,
Londanos, Mutevo, Munhege, Luambata, Camagia, Camassongo e Ngueja, nos sentidos
NE- SW e E – W. Por estes afluentes se instalarem em zonas de declives pouco
acentuados, apresentam fracas energias de escorências, aumentando de vez em quanto
nos tempos chuvosos, mas formando pequenas planicies aluvionares.

Em alguns rios da região observa-se a formação de barras em certos pontos dos


respectivos leito, fenomeno que evidencia uma barreira e que pode permitir a
concentração de minerais pesados.

CAPITULO II. ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO DA REGIÃO

II.1. Geologia regional


A região das Lundas enquadra-se no Escudo do Cassai da plataforma angolana e
apresenta formações que vão desde o Arcaico ao Fanerozoico (conforme ilustra a
Tabela nº 1, da coluna cronoestratigráfica da bacia do Cassai).

Tabela nº 1: Coluna cronoestratigráfica da bacia do Cassai (Tese de Garcia Nunes).

Existe na região dois andares estruturais: O inferior que corresponde ao Soco


cristalino (complexo litológico-estrutural do Arcaico e do Proterozoico Precoce) e o
Superior que constitui a cobertura da plataforma, representado pelos complexos do
Proterozoico Tardio, Paleozoico, Mesozoico e Cenozoico. Monforte A. (1960).
A região do escudo Cassai é caracterizada estratigraficamente por três grupos,
nomeadamente o Soco cristalino (Complexo de base), rochas de cobertura do soco
cristalino e depósitos do Quartenário.

II.1.1. Soco cristalino

As rochas do soco cristalino são da era Pré-câmbrica e correspondentes a três


grandes unidades: Arcaico inferior ou precoce, Arcaico Superior ou tardio (separados
pelo limite de idade de 3000±100 m.a.) e o Proterozoico. Araújo et al (1992).

Arcaico inferior

Constituem as rochas mais antigas do território de Angola, os complexos de rochas


metamórficas, ultrametamórficas e intrusivas desenvolvidas nas áreas do escudo,
designados anteriormente por “ Complexos de Base “. As rochas do arcaico inferior
estão representados por gnaisses variados (bipiroxénicos, piroxénicos, biotíticos e
outros), xistos, anfibolitos e, raramente, por eclogitos, quartzitos, leptitos e quartzitos
ferruginosos. O arcaico inferior foi subdividido em dois (2) grupos: Inferior e Superior.

a) Grupo Inferior

O grupo inferior é desenvolvido principalmente nas áreas das Lundas onde os seus
afloramentos são observados nos vales dos rios Chicapa, Luachimo, Chiumbe, e Cassai
e raramente nos vales dos rios Uamba, Cuango e dos seus afluentes da margem direita,
Lulo e Lué.

Fazem parte do grupo inferior os granulítos com hiperstena, xistos cristalinos,


gnaisse de composição básica, eclogitos, anfibolitos e quartzitos. Entre as rochas
ultrametamórficas a eles associadas assinalam-se endebergitos, charnoquitos
plagiogranitos e plagiomigmatitos, migmatitos de composição diorítica e granodiorítica
e tonalitos com piroxena.

b) Grupo Superior

As rochas do grupo superior do arcaico inferior que constituem o escudo de cassai,


apresentam-se bastantes desenvolvidas. Predominam rochas ultrametamórficas
representadas por migmatitos, tonalitos, granodioritos e granitos, aparecendo as rochas
metamórficas, regra geral, sob a forma de xenólitos relactivamente pequenos. Estas
rochas, representadas por variedades leucocrata e, em menor grau, leucomesocratas de
plagioclasses biotíticos ou anfibolíticos.

Os maiores afloramentos podem ser observados nos vales dos rios Luxico, Lóvua,
Luachimo, Chicapa, Chiumbe e Luembe.

Arcaico Superior

O Arcaico Superior enquadra-se no cinturão que corresponde a orogenia Limpopo-


Liberiana (2900-2600 m.a.).
No escudo do Cassai, as rochas do Arcaico Superior foram localizadas em áreas
relativamente reduzidas, nos vales dos rios Chicapa, Luachimo, Luembe e a jusante do
Cassai. São constituídas por quartzitos, xistos de composição variada e anfibolitos. Na
base ocorrem quartzitos contendo muitas vezes distena em quantidades consideráveis.
Mais acima, localizam-se camadas de xistos quatzo-moscovíticos, quartzo-clorítico-
moscovíticos, aparecendo também corpos anfibolíticos e outros.

Proterozoico

As rochas proterozóicas distribuídas no território Angolano foram divididas em


dois grupos de idade: o proterozóico inferior e o superior, separados pelo limite de idade
de 1650±50 m.a.

a) Proterozóico inferior

Dentro dos limites do escudo do Cassai são abrangidos depressões em graben. No


entanto as rochas do proterozóico inferior, fracamente metamorfizadas,
maioritariamente terrígenas afloram nos vales do rio Cassai, Luembe, Lauchimo,
Chiumbe e outros. O proterozóico foi dividido em dois grupos metassedimentares:
Grupo inferior Lunda e o Superior Luana.

Os grupos Lunda e Luana assentam em discordância sobre as rochas arcaicas. Na


parte norte da região, nos conglomerados da base da sucessão aparecem xenólitos de
gneisses, xistos anfibólicos e leptitose de outras rochas subjacentes. Mais acima do
corte, os conglomerados intraformacionais, quartzitos e ocasionalmente, calcários
salificados. Na parte superior da sucessão, o grupo Luana é constituída por
conglomerados, xistos filíticos, grauvaques e grés.
Na parte sul da zona, a montante do rio Cassai, os grupos Lunda e Luana são
constituídos por xistos argilosos, arcose, cherts e grés, instruídos por diques e stocks de
gabros e doleritos.

b) Proterozóico Superior

Representados pelos Xisto – Gresosos, de forma geral, distinguem-se dois níveis


(de baixo para cima):

Grés arcósicos avermelhados, muitas vezes com estratificação entrecruzada, com


leitos de argilitos variegados e siltitos com fendas de contração. Espessura até
250 metros
Conglomerados polimícticos cinzentos com calhaus diversos (de quartzitos,
rochas básicas, granitos quartzo e outras rochas), espessura de até 100 metros.

II.1.2. Rochas de cobertura do soco cristalino

As rochas de cobertura são pós pré-câmbricas e compreendem o supergrupo Karoo


de idade Paleozóico-Mesozóica, formação Continental Intercalar do Jurássico Tardio-
Cretácico Precoce, as formações Calonda e Cuango do Mesozoico - Cenozoico, o grupo
Kalahari do Paleogénico-Neogénico e os depósitos de quaternários. Araújo et al (1992).
A zona das Lundas a partir do início do Paleozoico não sofreu qualquer orogenia,
apenas foi afetada por movimentos epirogénicos, magmatismo básicos e ultrabásicos
que resultou durante o Mesozóico a intrusão de rochas kimberliticas e alcalinas.

Supergrupo Karro (Carbónico-Jurássico).

Na região em estudo o supergrupo Karoo é subdividido em:


- Karro Inferior ou Grupo Lutôe.
- Karro Superior ou Cassange.

a) Karro Inferior ou Grupo Lutôe


Aflora ao sul da povoação de Calonda (Lunda Norte). A situação dos afloramentos
em afundamentos limitados, quase sempre ao fundo dos vales e as nascentes dos rios.

A base está composta por:


- Tilitos vermelhos conglomeráticos, com intercalações de xistos argilosos e grés.
- Tilitos com blocos de rochas do arcaico (granitoides e gnaisses) e proterozoico
superior (grés e xisto).

O topo esta constituído por:


- Grés ferruginosos avermelhados de grão grosseiro

b) Karro Superior ou Grupo Cassange

É concordante sobre os depósitos do Lutôe e discordante sobre as rochas do pré-


câmbrico. O grupo Cassanje aflora na Baixa do Cassanje, ao longo da bacia superior do
rio Tchiumbe e Cuango.

A base esta composta por:


- Grés de diferentes variedades, de grão fino ricos em fosseis como:
- Fosseis de peixes (camadas com peixes): Elonichtiys, moutae, Texi, Perleidus
luoensis Teix, Angolaichthys lerichei, Creatodus Angolenses, Hybodysp,
filópode, estheria, anchietai e Teix.

O topo está composto em:


- Grés quartzosos, calcários de cor verde-clara com fosseis vegetais (grés
vegetais).
- Alternância de grés, argilitos e calcários. Nos fosseis observam-se abundantes
filópodes e peixes estromatólitos.

Formação Calonda (Apciano –Turoniano)

Esta formação encontra-se no Norte e Nordeste de Angola, aflora nos vales dos
rios Cuango, Cuilo, Chicapa e Luachimo. A formação foi estudada com maior detalhe
nas minas em exploração a céu aberto na província da Lunda- Norte e a sua espessura
varia, chegando a atingir até aos 60 metros. Na base do corte ocorrem conglomerados
polimícticos (1-5 m), sobre os quais assentam-se grés arcósicos entrecruzados (onde
predomina a cor violeta, com leitos lenticulares), e no topo argilitos vermelhos.
Notando-se um aumento gradual na espessura dos conglomerados, de Norte para Sul na
ordem de 40-50 metros.

Observa-se na formação Calonda a presença de minerais de diamantes


aluvionares, bem como grandes quantidades dos seus satélites como: piropo,
picroilmenite, cromo-diopsido, etc. Com esta formação estão relacionados os mais ricos
jazigos de diamantes aluvionares que se devem ter formado em consequência da
desagregação dos kimberlitos diamantíferos, que surgiram principalmente do evento
tectónico que se deu no Cretácico inferior, o qual originou as duas falhas profundas do
corredor do Lucapa.

Formação Cuango (Cenomaniano – Turoniana)

A formação é constituída por depósitos aluvionares, aluvionar-lacustre e lacustres


sem fósseis. Na sua composição predominam grés arcósicos de granulometria fina a
grosseira, aparecendo em subordinação conglomerados polimícticos siltitos e argilitos.
As rochas são brandas e friáveis de cor predominantemente vermelha com intercalações
preta e cinzenta. No fundo dos vales ocorrem sedimentos terrígenos grosseiros, com
matacões bem rolados.

Na base dos cortes que afloram nos fundos dos vales a Formação Cuango ocorre da
seguinte forma: conglomerados basais com matacões bem rolados de rochas subjacentes
e de quartzo, assim como grés grosseiros com estratificação entrecruzada, contendo
calhaus dispersos. A Formação Cuango apresenta espessura variável podendo atingir até
50 metros.

As duas formações anteriores (Calonda e Cuango) têm grande importância do


ponto de vista económico, devido a localização dos principais jazigos aluvionares de
diamantes da região das Lundas. No caso da formação Cuango a ocorrência destes
depósitos é reduzido, sendo que ela deve ter surgido do retrabalhamento dos sedimentos
da formação Calonda.

Depósitos do Grupo Kalahari (Paleogénico – Neogénico).


Os depósitos do grupo Kalahári são pós Calonda e anterior as formações
superficiais. Estes assentam sub-horizontalmente através duma lacuna sobre as
sequências subjacentes fracamente afectadas por perturbações tectónicas.
O grupo Kalahari preenche as depressões do Congo, aflorando nas bacias dos rios
Cuango, Cuilo, Luachimo, Cassai e outros. Está caracterizado por grés, depósitos argilo
– arenosos, cascalhos (por vezes diamantíferos) e areias ocres. O grupo é dividido em:

a) Grupo Inferior, de grés polimorfo: constituído por grés e areias litificadas de


coloração branca, amarela, violeta, e raramente avermelhada. A Formação apresenta a
seguinte sucessão:

- Na base são observadas brechas com calcedónia e fragmentos lateríticos, por


vezes conglomerados basais e cascalhos com espessura até 2 metros. A sua composição
é sempre semelhante á das rochas subjacentes mesozoicas ou mais antigas.

- A seguir ocorre grés feldspático – quartzosos, sucedendo-se por grés


essencialmente quartzosos de granulometria variável (de fina a grosseira), com
estratificação gradada ou cruzada.

b) Grupo Superior (Figura 6), de areias ocres ou argilas ocres arenosas:


constituída por finas areias quartzosas com teores apreciáveis de argilas e hidróxidos de
ferros que condicionam a sua coloração amarelada, alaranjada ou vermelha. Há a
salientar a presença de zircão, rútilo, turmalina, estaurolite e cianite. A sequência em
questão é caracterizada pela ausência de estratificação e tem larga extensão na área. Às
vezes as areias ocres assentam direitamente sobre as rochas do embasamento ou
depósitos mesozoicos das depressões do Congo.

A Formação Inferior do Kalahari aflora localmente, nos fundos dos vales dos rios,
enquanto a Formação Superior está exposta à superfície em extensas áreas dos
interflúvios.
NW SE

Figura 6: Depósitos do Grupo Kalahari superior (imagem do autor).

A espessura dos depósitos de Kalahari varia de 50 a 250 metros. A passagem dos


“grés polimorfos” subjacentes as “areia ocres” é bem nítida, sucedendo-se as rochas
litificadas e friáveis. Esta superfície nas depressões do Congo é marcada por índices de
laterização.

O Kalahari indiferenciado encontra-se localmente desenvolvido nas depressões do


Congo, bem como nas áreas de bordaduras dos escudos do Cassai, onde a Formação
Inferior não aflora à superfície devido a cobertura dos depósitos mais recentes.

Depósitos de Quaternários (Formações Superficiais).

As formações superficiais são depósitos compostos por aluviões de várias origens,


o que quer dizer mudanças climáticas que se registaram durante a sua deposição. Sendo
assim, deduz-se que o ciclo de erosão que originou o desmoronamento do planalto
constituído pela formação de grés polimorfo e pela formação de areias ocres provocou
uma deformação na região, dando-lhe uma inclinação de sul para norte cujo exemplo se
manifesta na mesma orientação dos troços de rios principais da região.

As formações aluviais, aluvio-pluviais e delúvio-eluviais dos fundos de correntes


fluviais, várzeas, terraços supram -várzeas e paredes dos vales dos rios, estão
representadas por cascalhos, areias argilosas e sedimentos areno-argilosas. Os depósitos
proluviais-aluvionar são compostos por areias e argilas. As areias são bem lavadas ou
argilosas. As espessuras dos depósitos são de poucas dezenas de metros, aparecendo
com 4,10 e 20 metros nos terraços dos vales dos rios Luembe e Tchiumbe, constituídos
por depósitos arenosos e areno-argiloso com calhaus de quartzo, quartzitos, grés
polimorfos e raramente calcedónia de granulometria dos calhaus que vária de 2-50 cm,
o grau de rolamento é variável.

Quanto aos depósitos delúvio -eluviais encontram-se nas superfícies dos


interflúvios e encostas das elevações com declive suave. As áreas aplanadas
apresentam-se muitas vezes cimentadas por hidróxido de ferro, sendo conhecidas como
couraças lateríticas e couraças conglomeráticas. A espessura dos depósitos é de metros,
chegando a atingir entre 10-15 m.

II.2. Tectónica regional

O tectonismo da região nordeste de Angola (Figura 7) está marcado por eventos


que vão desde orogenias (formação de cadeias por diastrofismo) inseridos no escudo do
Congo-kassai até aos grabens da fase Meso-Cenozóica, que atravessam por mesmo
escudo. Araújo et.al. (1992).

Marcou-se uma orogenia do tipo Limpopo-liberiano, num período compreendido


entre o arcaico e proterozóico, fenómeno que resultou nas estruturas dobradas de rochas
metamórficas, protometamorfismo (com fácies granulíticas e anfibolíticas),
ultrametamórficas, Vulcano sedimentares e vulcânicas do embasamento. As evidências
e informações sobre estas eras e períodos nesta região são escassas, mas nota-se
evidentemente uma pequena fracção marcadas no proterozóico.
Estão representados estruturas essencialmente do proterozóico superior, que
marcou-se pelas fases orogénicas kimbarianas e katarianos que formaram duas fazes de
dobramentos, sendo a primeira provocada pela activação tectono-magmática da
plataforma do rifeano e a segunda condicionado pela activação tectónica.

No paleozóico, observam-se as estruturas de depressão que formou os grabens de


Cassange, uma fase de dobramento seguida de diversas fases fracturantes (falhas
longitudinais e transversais) em que determinados compartimentos poderão ter sofrido
basculamento ou afundamento.

A posterior fase, provavelmente no Carbónico, pode ter ocorrido uma Glaciação


(Monforte, 1987), o que justifica o aparecimento de Tilitos na base da formação Lutôe e
deste modo, após a deposição das camadas superiores dessa série, fortes movimentos de
orientação NNW – SSE originaram dobras e falhas, que consequentemente formaram
bacias tectónicas nas quais se desenvolveram faunas de peixes, crustáceos e insectos
que caracterizam o Andar Inferior da série de Cassange e para as quais prosseguiu a
sedimentação continental, auxiliada por fenómenos de subsidência.

A região das lundas estão inseridas em uma zona de importante estrutura, que
marca o evento tectónico ocorrido no período Meso-Cenozóico, evidenciado por
passagem de duas falhas profundas, originário de uma reactivação tectónica, conhecido
como corredor ou graben de Lucapa, onde encontram-se instalados muitos dos corpos
kimberlitos e alguns carbonatitcos, assim ilustra a figura 9 da carta geológica de Angola
(1992). Segundo os consultores do projecto de prospecção de diamantes da operadora e
investidora Savannah Diamonds (2009), presumem que a extensão nordeste-sudoeste
destas falhas profundas não têm menos de 1500 km de comprimentos, uma largura de
100 km, cruzando o país inteiro da costa atlântica até a fronteira do nordeste na área da
Lunda Norte e estendendo-se para nordeste na área de M´Bugi-Mayi (República
Democrática do Congo).
Figura 7: Esboço tectónico da carta geológica de Angola (Serviço geológico de Angola, 1992).
II.3. Geologia local

A área que abarca a concessão de Tchiafua, geologicamente se caracteriza em


apresentar uma estratigrafia, da base ao topo, por unidades de soco cristalino, formação
kalahari e depósitos do quaternário.
Soco (embasamento) cristalino
Na área de estudo estão desenvolvidas rochas metamórficas e ígneas do Arqueano
(Arcaico) e Proterozóico que formam a rocha de base, elas afloram em geral, nos vales
dos rios Tchiumbe, Luana, Luachimo, Lucau e Sombo.

As rochas do soco cristalino correspondem a fácies granulítico e anfibolito de


metamorfismo regional e ígneas.

As primeiras (rochas do metamorfismo regional) são divididas em dois estratos:


Inferior (série inferior do Arcaico inferior), de rochas granulitos, gnaisses, xistos e
quartzitos, elas aparecem nos vales dos rios Tchiumbe e Luana; Superior (Série

superior do Arcaico inferior), representado pelos xistos e quartzitos, são marcados no


noroeste da região, na margem esquerda do rio Tchiumbe e nas encostas ocidentais do
vale do rio Sombo.

As segundas (rochas ígneas) estão representadas pelas rochas granodioritos e


alguns granitos biotíticos (do Arcaico Superior), encontram-se representadas nos vales
dos rios Luachimo e Luana. Araújo et al (2009).

A sobrepor o Arqueano, estão as rochas de metassedimentos dos grupos precoce do


Proterozóico Lunda e Luana, apresentam-se constituídos de meta conglomerados,
arenito, quartzito, gnaisse e xistos. Raça Proterozóico Inferior difundido no rio
Tchiumbe, margem esquerda no território da concessão.

Formação Kalahari

Na região de estudo foi possível identificar as duas sequências que formam os


depósitos do grupo kalahari, nomeadamente o grupo inferior e superior:

a) Grupo Inferior: conforme ilustra a figura 8, é constituído por grés polimorfo e


areias litificadas de coloração essencialmente branca. A base desta formação, de
cascalhos lateríticos e sílices, foi identificada nos poços abertos próximo dos grandes
vales, no qual encontram-se entre os 7-15 metros de profundidade. Em alguns pontos
aparecem aflorando, devido a grande eventos de erosões da parte superior desta
formação, que se deu na região.
Figura 8: Material de grés polimorfo do kalahari inferior (imagem do autor).

b) Grupo Superior: Identificados na maior parte da região, exposto a superfície, e


nas paredes dos vales de alguns rios. Apresenta-se com espessuras maiores, chegando a
atingir os 50 metros, constituído de areias e argilas ocres, areias quartzosas com teores
apreciáveis de argilas e hidróxidos de ferros que condicionam a sua coloração
avermelhada. Há a salientar a presença de zircão, rútilo, turmalina, estaurolite, limonite
e outros minerais, isto devido ao seu surgimento que deve ser pela meteorização em
sítio de rochas ultrabásicas. A sequência em questão é caracterizada pela ausência de
estratificação e tem larga extensão na área. Às vezes as areias ocres assentam
directamente sobre as rochas do embasamento ou depósitos mesozóicos das depressões
do Congo.

Depósitos do quarternário

Os depósitos do quaternário são de tipo aluvionares de diferentes materiais como


quartzitos, sílix, grés e quatzo polimorfos, fragmentos de rochas do embasamento, etc.,
que compõem terraços, camadas e zonas sujeitas a inundações dos rios principais da
área. Estes estão espalhados no seu máximo na região do Vulege ao longo do rio
Tchiumbe que tem maior evidência de erosão extensiva através das areias até expor
embasamento arcaico no vale.

A figura 9 ilustra a cartografia, distribuição geológica dos principais caracteres


litologicos, presentes na região de Tchiafua.

Carta geológica da concessão Tchiafua (Escala 1:500 000)

Figura 9: Caracteres cartográficos (litológicos) da área de estudo (imagem cedida pela


empresa de CATOCA).
Legenda

II.4. Tectónica local

A região de estudo apresenta rochas protometamórficas do arcaico do tipo


granulítico-gneisse (pouco alterada pelo metamorfismo) e muito fracturadas na sua
maioria (Figura 10), com alinhamentos em sentidos NE-SW que deve ser pelas forças
que originaram as estruturas de dobramentos desta época.
Figura 10: Rochas fracturadas que evidenciam as orogenias ocorridas no arcaico (imagem do
autor).

Segundo os resultados geofísicos (Figuras 11 e 12), a região apresenta alguns


alinhamentos que interceptam a maioria dos depósitos ou formações geológicas da
região. Conclui-se assim que devem ser as evidências dos processos tectónico,
principalmente ocorrido no período cretácico, como explica a notícia explicativa da
carta geológica de Angola. São representados por falhas profundas e as derivadas
secundárias, no qual se instalaram muito dos rios (redes fluviais) da região.
Figura 11: Resultados de medições geofísicas magnetometria da região, com os alinhamentos
que mostram as evidências de falhas (imagem cedida pela empresa do CATOCA).

A partir da intensidade de resposta ao levantamento aeromagnético (Figura 12), foi


possível classificar as estruturas tectónicas (as diferentes falhas ou alinhamentos) em
dois tipos, nomeadamente os de maior e menor carácter tectónico. O primeiro
corresponde a aqueles de maior intensidade de campo magnético e o segundo aos de
menor intensidade.

Figura 12: Resultados de medições geofísicas da região, com os alinhamentos que mostram as
evidências de falhas (imagem cedida pela empresa do CATOCA).

CAPITULO III. GENERALIDADES SOBRE DIAMANTES E


PROSPECÇÃO GEOLÓGICA
III.1. Génese dos diamantes e características

Conhece-se o diamante desde a antiguidade, supostamente descoberto na Índia,


conforme explicam os registos de textos sânscritos “Arthasastra e Ratnaparíska”,
citados por Legrand (1984) e Janse (1996). O diamante é definido como um mineral
isométrico, apresentando uma composição química bem definida de Carbono puro,
possui alta dureza e não é atacado pelo ácido e alcalis. Possui um alto valor comercial,
devido a sua raridade e propriedades características. O diamante é utilizado na joalharia
como jóia e na indústria para corte de materiais duros como abrasivo. Tavares (2011).
Os diamantes cristalizam-se no sistema cubico, têm a sua origem no interior da
terra, numa área delimitada entre o manto e a litosfera, com condições de pressão,
temperatura e profundidades específicas, que se chamam de “Janelas do diamante”.
O modelo da figura 13 ilustra a curva de estabilidade do diamante, segundo
Haggerty (1991) e Mitchell (1995), situada aproximadamente a uma profundidade que
varia de 150-200 km (manto superior), com uma temperatura de 1200ºC – 900 ºC
(limite inferior e superior) e a pressão entre 45 Kbar à 60 kbar. Nestas condições, se a
temperatura e a pressão forem estáveis dar-se-á formação do diamante, caso contrário,
forma-se a grafite.
No início dos anos sessenta, alguns pesquisadores passaram a investigar as
inclusões cristalinas do diamante, a fim de conhecer melhor a sua génese. Sendo o
diamante um mineral mantélico conforme visto a cima, os estudos consistiam nas
analises das inclusões singeneticas, que constituem fragmentos de rochas do manto e,
podem revelar informações sobre a sua génese. Com base nisto, nos finais dos anos
sessenta foi estabelecido que, o diamante independentemente da sua procedência
geográfica, possui dois grupos distintos de inclusões singeneticas, que compreendem a
duas associações petrogenéticas características do manto superior, nomeadamente os
grupos peridotítico e eclogítico, uma vez que até aqui nunca foram identificadas
inclusões nos diamantes com estes dois grupos de rochas em simultâneo (Bulanova,
1995).
Grupos de inclusão Peridotitica, os mais frequentes são constituídos pela
olivina, enstatita, diópsido, zircão, sulfetos, magnésio cromita, magnésio
ilmenita (picroilmenitas) e com algumas fases aluminosas (Streckeisen, 1976 e
Meyer, 1985). Dependendo da pressão de formação, as fases aluminosas podem
ser plagioclásio, espinélio ou granada piropo.
Grupo de inclusão Eclogítica, de composição basáltica, constituídas por
clinopiroxênio (onfacita), granada (almandina-piropo), ferro cromita, ilmenita,
coesita, rutilo, cianita e coríndon (Streckeisen, 1976).

Figura13: Modelo crustal para o ambiente de formação do diamante, mostrando a linha de


estabilidade entre o diamante. Onde: LAB - limite litosfera/astenosfera, K – kimberlito, O –
orangeíto, L – Lamproitos, M – melilito, N – nefelinitos e carbonatitos (modificado por
Mitchell, 1995).

Características do diamante
Os diamantes apresentam variedades de características que permitem a sua
importância e diferenciação em relação a outros minerais, como propriedades
morfológicas, físicas, químicas, e as inclusões que o podem acompanhar na sua
formação. Estas propriedades encontram-se resumidas na tabela 2. Almeida
(2007).

Tabela nº 2: Características do diamante.


Propriedades físicas e químicas Descrição
Cor Variável, podendo ser incolor, branco, rosa amarelo, marron, cinza,
azul, vermelho, verde, etc.
Brilho Adamantino a ceroso.
Hábito Granular, Octaédrico, Dodecaédrico, Tetraédrico
Clivagem Perfeita
Fractura Conchoidal
Composição Carbono cristalizado
Transparência Transparente a translúcido nos cristais brutos.
Dureza 10 na escala de Mohs.
Densidade 3,5
Traço Branco.
Condutividade Alta condutividade térmica
Sistema de cristalização Cubico (isométrico) da classe octaédrica, com superfícies de forma
conchoidal.
Solubilidade Insolúvel
Inclusões Pode apresentar variedades de inclusões, como o nitrogénio, que
baixam a sua qualidade.

III.2. Generalidades sobre Kimberlitos

As definições de kimberlitos apresentam-se tão complexas quanto as suas


variações composicionais da mineralogia de seus constituintes (Smith, 1983). Embora
não exista uma definição estrita, consensualmente se considera que os kimberlitos são
rochas ígneas ultrabásicas, potássicas, ricas em voláteis e elementos incompatíveis, com
uma textura inequigranular distinta devido a presença de macrocristais disseminados
numa matriz granulométrica fina. Os macrocristais incluem minerais oriundos da
desagregação de xenólitos do manto, além da suite característica de mega cristais dos
kimberlitos (olivinas, Mg – ilmenita ou picroilmenita, granada piropos e enriquecidas
em Ti – Cr, clinopiroxenas, flogopita, enstatite e zircão). Tavares (2011).
Os kimberlitos constituem o tipo de rocha mais importante no transporte de
xenocristais de diamantes até a superfície. Para tal, conforme explica a lei de Clifford
(1966), estas rochas ao ascenderem a superfície a partir do manto, devem passar pelas
janelas de estabilidade do diamante (ilustrado na figura 13), caso contrário não
encontram os diamantes que poderiam se incorporar (xenocristais) na rocha. Dai a razão
da existência de kimberlitos diamantiferos (com diamante) e kimberlitos estéril (sem
diamantes). Os fundamentos de Clifford baseiam-se nas restrições ou melhor,
exigências impostas pelas condições físico – químicas, necessários à estabilidade do
carbono cristalizado como diamante, no manto, somente possíveis nas zonas crustais
espessas de baixo gradiente geotérmico.

O facto geológico estatisticamente comprovado por Clifford, permite entender que


a ocorrência dos kimberlitos diamantíferos é restrita ao ambiente geotectonico bem
definido, especificamente em áreas de escudos pré-cambrianos antigos, tectonicamente
estabilizados a idade geológica inferior a 1,5 mil milhões de anos. Sendo assim, não se
pesquisa kimberlitos nas faixas móveis (mobile bilts) ou zonas que sofreram
remobilizações recentes da crosta.

Figura 14: Modelo idealizado do sistema magmático de um corpo kimberlítico, mostrando a


relação entre as rochas do fácies cratera, diatrema e raíz (Michell, 1986).

Os vários estudos efectuados por Dawson & Hawthorne (1970), contribuíram para
estabelecer o conceito base do reconhecimento do magmatismo dos kimberlitos,
nomeadamente sobre a mobilidade dos magmas kimberlíticos e que esses magmas
poderiam sofrer diferenciação. No topo existe a ocorrência de kimberlitos epiclásticos e
piroclásticos, que ocorrem por cima dos kimberlitos de diatrema, e com o aumento de
profundidade encontram – se os kimberlitos abissais e hipoabissais (de raiz), bem como
a existência de soleiras, que são compostas por um corpo tabular, geralmente horizontal,
que penetrou entre camadas de rochas mais antigas e que não chegou à superfície, mas
que derivou lateralmente de outro corpo. Estas diferenciações kimberliticas encontram-
se representadas na figura 14.

Mitchell (1995) subdividiu os kimberlitos em kimberlitos do Grupo I e do Grupo


II:

Kimberlitos do Grupo I (enriquecidos em olivina-monticellita-serpentina-


calcita), constituem rochas híbridas, complexas e formadas por xenólitos do
manto superior (principalmente peridotitos e eclogitos, alguns contendo
diamantes), megacristais ou nódulos discretos (grãos anédricos e arredondados
de ilmenita magnesiana, piropo titanífera pobre em Cr, olivina, clinopiroxênio
pobre em Cr, flogopita, enstatita e cromita pobre em Ti), com fenocristais
associados a um mix de minerais com textura muito fina que constituem a matriz
(olivina, flogopita, perovskita, espinélio, monticellita, apatita, calcita,
serpentina).
Kimberlitos do Grupo II (kimberlitos micáceos ou orangeítos), são formados
por macrocristais de olivina numa matriz de flogopita e diopsídio com espinélio,
perovskita e calcita. Ainda não foram identificados diamantes exploráveis nestes
tipos de kimberlitos.
A grande diversidade textural e mineralógica dos kimberlitos é função do ambiente
em que cada um se formou, tendo em consideração a explicação de Clifford (1966).

III.3. Modelo do halo de dispersão mineralógica

Segundo as publicações de Pupin (1980), a maioria dos minerais pesados tem um


baixo grau de sobrevivência em superfície devido a instabilidade química e mecânica.
No caso do diamante e alguns outros minerais mantelicos, devidas as suas
características especiais, possuem uma certa estabilidade a superfície.
Conforme referido anteriormente, os diamantes são transportados até a superfície
através das rochas kimberlíticas e lamproiticas, outros minerais mantelicos como
granadas piropo, picroilmenita, cromita e outros, são igualmente incorporados nestas
rochas. Estes minerais possuem uma assembleia de características químicas únicas
(resistatos), sendo assim sobrevivem a superfície da terra (Morris & Kaszycki, 1997).
Os geólogos brasileiros Silveira & Brito (2007) defendem que, os kimberlitos e os
lamproitros são rochas relativamente fáceis de serem alterados e erodidas, as vezes
formando depressões em relação a sua encaixante, em consequência, os seus minerais
resistentes, bem como aqueles incorporados nelas, podem formar um amplo halo de
dispersão mineral.
Os minerais indicadores incluem minerais que cristalizaram (fenocristais)
directamente desde o magma kimberlitico ou lamproiticos, e/ou minerais que foram
incorporados no magma, quando este ascendia a superfície da terra (xenocristais
peridotiticos ou eclogiticos). Entre os minerais indicadores referidos anteriormente se
destacam a clinopiroxenas, flogopita, enstatite, zircão, turmalinas, olivinas, granada
piropo, picro-ilmenita, cromita e o cromo-diopsídio (Fipke et al. 1989), dentre estes
consideram-se os mais importantes indicadores aqueles que se cristalizaram juntamente
com o diamante em mesmas condições no manto e instalando-se como xenocristais,
sobre tudo a granada piropo (granadas peridotiticas), cromita, cromo-diópsido, as picro-
ilmenitas e o próprio diamante.

Os minerais indicadores possuem alto poder de dispersão, e uma vez que se


formam em maiores quantidades que os diamantes, facilitam a prospecção destes
minerais a fim de presumir a existência dos diamantes. No caso do cromo diópsido, ela
apresenta um alto grau de instabilidade a superfície, durante a prospecção, a sua
localização é indicativo da proximidade ao corpo kimberlitico.

Granadas peridotiticas, possuem cor variável, ocorrendo desde laranja claro


até um lilás-púrpura, sendo esta última facilmente distinta nos concentrados
diamantíferos;

Picroilmenitas ou Ilmenitas kimberlíticas, são ricas em Magnésio e Cromo.


Possuem coloração escura e brilho vítreo a submetálico em superfícies frescas. É
extremamente difícil separar visualmente ilmenitas kimberlíticas de ilmenitas não-
kimberlíticas, sendo no entanto possível através das análises químicas;
Cromo-diopsídio, possui cor verde característica e é facilmente identificada nos
concentrados. É um mineral instável em condições superficiais e usualmente não é
encontrado nos “halos” de dispersão sedimentar por distâncias superiores a 15km da
rocha-fonte. Contudo, é um mineral muito comum em outros tipos de rochas que não
sejam kimberlitos e sua presença isolada não é indicativo de kimberlito e rochas
correlatas.

Cromita, é um mineral de cor preta a marrom-escura com brilho vítreo a sub-


metálico, que pode sobreviver por grandes distâncias durante o transporte sedimentar.
Possui forma octaédrica, apresentando-se subarredondada em concentrados aluvionares.
Além do diamante, outros minerais indicadores incluem olivina, granada
eclogítica (série almandina-piropo) e priderita (comum em lamproítos). Rutilo (muito
comum em xenólitos eclogíticos) e sulfetos são encontrados numa grande diversidade
de rochas e quando ocorrem isolados, não constituem indicadores confiáveis.

III.4. Tipos de depósitos diamantíferos

Os depósitos diamantíferos podem ser primários ou secundários.

Depósitos primários

Diamantes ocorrem na superfície da Terra em diferentes tipos de rochas


"primárias" como: kimberlitos, lamproítos, lamprófiros, orangeíto, melito, nefelinitos e
carbonatitos (Mitchell, 1995).

Contudo, destas ocorrências, somente alguns kimberlitos/lamproítos são viáveis


economicamente para explotação de diamantes.
São conhecidas a escala mundial mais de 5000 corpos kimberlíticos, entre os 10%
de kimberlitos diamantíferos apenas 1% são lavrados (Helmstaedt, 2002).
Em Angola, os depósitos primários de diamantes até aqui identificados para sua
exploração são os kimberlitos.

Kimberlitos em Angola
Segungo Araújo et. Al, (1992), os kimberlitos em Angola são do fim do Jurássico e
princípio do cretácico, não se conhecem até aqui, kimberlitos do paleozoico ou
anteriores, mas a hipóteses de existirem não pode ser posta totalmente de parte. Estes
kimberlitos são de rochas alcalinas e incorporam xenólitos de várias naturezas,
nomeadamente: rochas sedimentares da série xisto-gresosa do sistema intercalar,
gnaisses, granitos, e de rochas kimberlíticas de geração anterior.

Os tipos mais comuns de kimberlitos reconhecidos em Angola são brecha


kimberliticos, kimberlito magmático, tufo Kimberlitico e kimberlitos sedimentar; este
último consiste em material kimberlitico depositado pela água em lago de cratera, parte
superior da chaminé.

Na década de 70 (em 1973), Marsh desenvolveu uma explicação sobre a


distribuição de campo kimberlítico e de rochas alcalinas em Angola. Segundo o autor,
os kimberlitos desta região estão mais concentrados na extremidade NE, com linha
tendencial SW-NE das rochas alcalinas, um alinhamento com mais de 800 km (desde a
costa prolongando até ao corpo kimberlítico de Mbuji-Mayi, na República Democrática
do Congo), considerado em Angola como corredor do Lucapa. Sendo assim, os
kimberlitos em Angola podem aparecer nas províncias das Lundas, Bié, Huambo,
Kwanza sul, Huíla, Cuando Cubango, Cunene e Moxico.

Os depósitos kimberliticos interessantes localizados em Angola, até a década de


90, foram identificados nas províncias das Lundas, nomeadamente os kimberlitos de
Catoca, Camatchia, Camazambo e Camutué.

Marsh (1973) e Reis (1971), agruparam os kimberlitos das Lundas em duas


províncias e diferentes campos, esta classificação encontram-se ilustrados no mapa da
figura 15 e descritos na tabela 3.
Figura 15: Províncias e campos kimberliticos das Lundas (Sêco, 2009).

Tabela 3: Distribuição dos kimberlitos em campos e províncias

Província Campo Bacias ou zonas kimberliticas


1 Bacia hidrográficado Cucumbi (constituído por
Província 1 kimberlitos de Calonguela, Cúna, Naúna e
Sabuenguenhe).
2 Kimberlitos da bacia hidrográfica de Lufulé
Bacia hidrográfica de Lulo e Cacuilo (kimberlitos
3 de Camaconde, Canguige, Caiombo, Xangando e
Chingue).
Kimberlitos de Catoca, Calazanga, Txicoa, Caissar,
1 Caiputa, Camuri, Camassaka, Samucunha, Chiri,
Província 2
Caquele e Camitongo 1 e 2.
2 Kimberlitos de Lunhinga I e II, Camatchia,
Camagico, Samuchito e Cula.
Kimberlitos de Camafuca-Camazambo,
Camuanzanza, Caimbungo, Nachitango, Canzala,
3 Calonda, Camuzenze, Magassa, Camofo, Chihungo,
Cassano, Cachichima, Lomba e Cangoa.
Kimberlitos de Camutué, Sangombe, Caitondo,
4 Caixepa, Sacuango, Sachipita, Capombo,
Cambuage, Uári e Cariué.

Muitos dos corpos kimberliticos das Lundas encontram-se erodidos, pelo que as
partes superiores das chaminés, incluindo os anéis tifáceos (tuff rings), estão ainda
preservadas, (Ganga et al.,2003). Este deve ser o factor que evidencia a dispersão de
muitos minerais indicadores de kimberlitos na região, assim como a formação de
depósitos secundários de diamantes.

Depósitos secundários.

A formação dos depósitos secundários está ligada a fenómenos de concentração


mecânica natural dos resíduos provenientes das fontes primárias com diamante. Este
processo ocorre em dependência das circunstâncias climáticas, a dinâmica das bacias e
os factores geomorfológicos locais que incluem a litologia e a topografia da rocha base.

Os Depósitos Primários (kimberlitos, lamproitos ou fonte secundária) estão


sujeitos a processos intempéricos físicos e químicos, facilitando a erosão mecânica. O
material erodido passa por uma classificação natural quando transportados nos cursos de
água, devido a diferentes densidades, granulometria e dureza dos minerais existentes, e
apenas os minerais mais resistentes têm maior transporte e posterior concentração em
áreas favoráveis. O diamante é um desses minerais, que é acompanhado, geralmente,
por quarzto, óxido de ferro, espinélio, granadas, ilmenitas, zircão, etc., em suas
vizinhanças.

Os depósitos secundários podem ser de natureza bastante diversa, como


aluvionares, costeiros, marinhos ou eólicos. Mas podem ser classificados em
dependência das tendências dos seus posicionamentos em relação à hidrografia (Chaves
& Chambel, 2003), a seguir:
Depósitos de colina: surgem devido ao levantamento de terrenos (terraços
fluviais), geralmente formados por conglomerados antigos;
Depósitos coluvionares: situadas nas proximidades das rochas fontes, tanto
primárias como secundárias;

Depósitos de terraços: relacionam-se com as alternâncias climáticas, que


provocam o abaixamento do leito dos rios, associados também a fenómenos
tectónicos, onde os depósitos se acumulam no leito do rio abandonado
Depósitos de lezírias: são todos depósitos formados por acumulação de produtos
nas vertentes. Os depósitos de lezírias são secos quando os níveis de água de rios
ou vales estiverem baixos. A camada de estéril é geralmente mais reduzida que o
de outros depósitos.
Depósitos de vale dos rios: são produtos sedimentares (aluviões) situados nos
vales e sensível ao nível actual dos rios.
Depósitos off-shore: constituído por cascalhos no fundo do mar,
independentemente do tipo de depósito, o teor mundial tem sempre um nível
muito baixo.

Em Angola, os depósitos secundários de diamantes podem aparecer nas províncias


das Lundas, Malanje, Bié, Huambo, Huíla, Cunene, Kwanza Sul, Kwando Cubango e
Moxico. Os mais importantes depósitos, do ponto de vista económico, estão localizados
nas províncias das Lundas, especificamente nas bacias dos rios Cassai, Luembe, Luana,
Tchiumbe, Kwango, Luaximo, Lôvua, Luxico, Chicapa, Luangue, Luô, entre outros rios
e ribeiros afluentes com grande interesse. Sêco (2009).

Os depósitos secundários das Lundas são de diversos tipos genéticos,


nomeadamente: pláceres nos conglomerados da serie de Calonda, pláceres eluviais nas
chaminés kimberliticas, pláceres aluvionares em rios e na planície de inundação e
pláceres modernos de bancos dos rios (Ganga et al, 2003).

Os Pláceres de conglomerados estão representados por conglomerados


diamantíferos da série de Calonda, são cobertos por depósitos areno – argilosos da série
de Kalahari. Os conglomerados são erodidos somente nos rios relativamente grandes.
Concernentes aos Pláceres eluviais são localizados nas crostas meteorizadas de
laterita que são encontradas a cobrir os kimberlitos. A laterita é separada em uma zona
superior e outra inferior. A zona superior é referida como a terra amarela, representada
por argilas heterogéneas e por solos de caulina, principalmente da cor amarela,
alaranjada e castanha- avermelhada. A zona mais baixa é referida como a terra azul
escura, constituída por argilas de montmorilonite com fragmentos de kimberlitos
altamente alterados.

Os Pláceres aluvionares em rios modernos são encontrados em planície de


inundação, bancos, depósitos de canal e terraços de kalahari. São as fontes principais de
diamantes de primeira qualidade.

Os pláceres comerciais diamantíferos foram descobertos nas bacias do Chicapa, de


Luachimo, de Chiumbe, de Luembe e de outros rios.

III.5. Métodos de prospecção de depósitos primários de diamantes

A metodologia de prospecção e pesquisa de depósitos minerais desenvolvem-se,


regra geral, segundo quatro etapas distintas (resumidas na Tabela 4), que devem ser
executadas sequencialmente, tendo em conta ao princípio das aproximações sucessivas.
Moisés (2003).

Tabela nº 4: Diferentes Fases e Métodos de Prospecção e pesquisa de depósitos minerais (Moisés A. A.


2003).

Fases de Tipos de Técnicas e Ojectivos Área Escala do


estudo malhas métodos de Km2 mapa
estudos
Levantamen- Geologia, Identificar a escala regional as 1/100000 a
Reconheci- to regional geofísica, anomalias ou áreas com 1/50000
Mento geoquímica e potencial minério que 100 a 1000
mineralométrico justifiquem os estudos mais
aprofundados
Prospeção Malha geral Geologia, Identificar um depósito 1/50000 a
Geral geofísica, mineral que será objecto de 1 a 10 1/10000
geoquímica e uma pesquisa mais ampla.
mineralométrico
Malha Sanjas, Estabelecer as principais 1/10000 a
Sistemática Trincheiras, características geológicas de 1/5000
Pesquisa Poços, estudos um jazigo proporcionando 1a5
Geral complementares, uma indicação razoável.
geofísica e
geoquímica
Sanjas, Delimitar o jazigo mineral de 1/2000 a
Malha de trincheiras, poços forma detalhada com a 1/500
Pesquisa desenvolvim de grandes distribuição tridimensional das
Detalhada ento diâmetros e rochas ou minério recolhido 1a2
estudos em toda superfície do jazigo
complementares
da geologia

A fase da prospecção geral de depósitos primários de diamantes compreende a


actividades ou trabalhos de carácter regional, que tem por objectivo aplicar os métodos
de prospecção para identificação de corpos kimberliticos, sejam chaminés, diques ou
soleiras intrusivos.

Os métodos empregados na fase da prospecção geral são geológicos, geofísicos,


geoquímicos e mineralométrico. Alguns autores consideram o mineralométrico como
sendo um tipo dos métodos geoquímicos.
O levantamento geológico consiste na descrição litologica, estratigrafica, tectónica,
petrografica, etc, da região a prospectar.
Segundo Sêco (2009), a aplicação dos métodos geofísicos na prospecção mineral,
regra geral, estará em dependência do contraste de propriedades físicas entre o alvo e os
restantes ambientes geológicos envolventes. Estes métodos podem ser de oito tipos,
nomeadamente a Magnetometria, Electromagnetometria, Gavimetria, Térmometria,
Electrometria, Radiometria, Sismometria e Luminescência. Geralmente para a
prospecção de kimberlitos são usados os três primeiros métodos. O mesmo autor refere
ainda que a importância dos métodos geofísicos consiste na identificação de corpos em
subsuperfície bem como a mudança lateral dos caracteres geológicos da região, nos
trabalhos a nível regional.
A aplicação do método geoquímico na prospecção dos kimberlitos, segundo Neto
& Rocha (2010), consiste na anlise da dispersão quimica de material naturalmente
formado, que podem ser rochas, solos, vegetação e sedimentos; a fim de encontrar
zonas anómalas. O tipo de amostragem usadas para as referidas análises, podem ser o
litogeoquimico, pedogeoquimico, biogeoquimico e sedimentos de corrente.
O método mineralógico é bastante utilizado como técnica de exito na prospecção
de depositos primarios ou secundarios de diamantes (Sêco, 2009). Nos depositos
primarios, a meteorizaçao kimberlitica e consequente erosão, libertam os minerais
pesados indicadores que formam aureolas mineralogicas nas linhas de drenagens ou em
solos superficiais, o qual poderiam ser estudados. Portanto, as amostras destes minerais
representam areas de captação. Os estudos normalmente são complementados pelo
método geoquímico.

Na planificação de amostragem deve se levar em conta os objectivos dos estudos,


tipo de dispersão, caracterização geológica da região e de todos outros factores que
podem estar direita ou indirectamente relacionados aos tipos de trabalhos a efectuar.

O adensamento da amostragem, na utilização da técnica de concentrado de bateia


de aluvião, em casos de levantamentos regionais é bastante subjectivo, em trabalhos
internacionais recentes têm-se adoptado baixas densidades de amostragem,
consequência, por um lado da evolução das técnicas analíticas, alcançando ppt (partes
por trilhão), e por outro da necessidade de racionalização de custos e factor tempo.

O processo de amostragem para cocnentrados de bateia de aluvião deve obedecer


aos seguintes parametros (Lopes, 2007):
- Coleta das amostras nos locais onde haja perda brusca da energia da corrente, e onde
predominem particulas de aproximadamente 0,5 cm de diametro;
- Coleta de amostras do tipo compostas num intervalo de 50 metros a montante da
estação da amostragem;
- Coleta de material com o auxilio de ferramentas como pás ou cavadeiras, a cerca de 30
cm de profundidade e com volume volume constante de 20 litros;
- Peneiramente da amostra na malha determinada, normalmente varia entre 1 a 5 mm,
rejeitando a fracção grossa, após inspeção visual cuidadosa com selecção dos dos graos
minerais de interece, que serao guardaos junto com o concetrado;
- Concetração da amostra após peneiramento em bateia, preferencialmente de aluminio
e sem emendas, para evitar a contaminação com o material retído nas ranhuras das
bateias de madeira. No bateiamento cuidados devem ser tomados para evitar a perda de
fases minerais;
- Descrição das caracteristicas físicas ou composicionais das amostras e das
caracteristicas fisiograficas das áreas no entorno das estações de amostragem;
- Registo dos dados obtidos em fichas de descrição nas cadernetas de campo e/ou
tabelas de atributos (digitais) com auxilio de computador de mão (Palmtop);
- Acondicionamento dos concentrados em sacos de plásticos previamente numerados e
com a maior quantidade de água possível;
- Coletas de amostras sempre à montante de açudes, barreiros, aguadas, pontes, estradas
e travessias;
- Marcação do número ou código identificador das estações de amostragem no campo.
A marcação deve ser feita com tinta spray em locais de fácil visibilidade (afloramentos,
tronco de árvores, etc.) nas proximidades das estapções de amostragem.

CAPITULO IV. ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DOS


MINERAIS INDICADORES DE DEPÓSITOS PRIMÁRIOS DE
DIAMANTES NA REGIÃO DE TCHIAFUA

Introdução
Na Sociedade Mineira de CATOCA, no âmbito das novas Concessões estão em
curso as actividades de prospecção e pesquisa. Nesse contexto a nível da Concessão do
Projecto Tchiafua os trabalhos encontram-se na fase de prospecção geral, e para tal está
sendo implementada uma metodologia subdividida em cinco etapas, a seguir:

1. Consultas bibliográficas e interpretação dos dados: imagens satélites e


fotogeológicas da região, assim como dados de prospecção realizados pela
empresa DIAMANG a fim de serem reavaliados;
2. Levantamentos aerogeofísicos a nível regionais: a traveis de métodos
magnéticos e electromagnéticos;
3. Levantamento geológico do tipo regional;
4. Levantamento mineralógico a nível regional;
5. Interpretação e Discussões

No referente aos trabalhos geofísicos, realizou-se numa primeira fase


levantamentos do tipo aero-magnético (Figura 16 A), deste resultou os mapas a escalas
1:100000 e 1:200000. Tendo em conta a distribuição espacial, as anomalias geofísicas
foram agrupadas em duas principais zonas 1 e 2, localizadas respectivamente nas partes
Noroeste e Sudeste da região (ver figura 16 B).

As zonas 1 e 2 caracterizam-se por apresentar o maior número das principais


anomalias de primeira prioridade de acordo a intensidade, em resposta ao levantamento
aeromagnético, que elas apresentam.

Zona 1

Zona 2

A B
Figura 16: Levantamentos aerogeofísicos. A – Momento do levantamento com o uso
helicóptero; B – Mapa com a agrupação das anomalias magnéticas em duas zonas (imagem
cedida pela empresa do CATOCA).

Em relação a intensidade do campo magnético, as anomalias geofísicas foram


classificadas em quatro tipos nomeadamente: de primeira, segunda, terceira e quarta
prioridade (Figura 17).

Figura 17: Mapa com a distribuição dos diferentes tipos de anomalias magnéticas
identificados na região de Tchiafua, agrupados maioritariamente nas zonas 1 e 2. (imagem
cedida pela empresa do CATOCA).
As anomalias de primeira prioridade, consideradas como as de maior intensidade,
estão agrupadas preferencialmente nas zonas 1 e 2, podendo estas serem associadas a
corpos kimberliticos. (Anexo B).

A fase que compreende os levantamentos geológicos, consistiu nos trabalhos de


cartografia geológica, identificação e descrição de afloramentos, abertura de trincheiras
e poços para leituras.

O levantamento Mineralométrico consistiu na análise das auréolas de dispersão


mecânica para localização das possíveis áreas fontes ligadas a corpos kimberliticos. Esta
fase relaciona-se ao tema do presente trabalho de monografia, tendo como o principal
objectivo aplicar a técnica de bateamento, para obtenção de concentrado de minerais
pesados, que após análise permitirão avaliar a distribuição espacial dos minerais
indicadores de kimberlitos e, consequentemente definir áreas promissoras.

IV.1. Principais Fases do Levantamento Mineralógico aplicados na Concessão de


Tchiafua

A metodologia para a prospecção pelo método mineralométrico utilizado na


Concessão de Tchiafua cumpriu com as fases de Concepção, Amostragem e Análise
das amostras.

IV.1.1. Fase da Concepção do Levantamento Mineralógico

Tendo em conta o objectivo do trabalhlo, os dados geologicos e geofisicos


disponivel, e o modo de dispersao dos minerais indicadores, definiu-se como meio
amostral o concentrado de bateia.

IV.1.2. Planificação e amostragem

Os parâmetros ou metodologia seguida para o processo de amostragem foi de


acordo aos descritos por Lopes (2007), embora com algumas particularidades como:

- A densidade de amostragem foi definida de forma aleatoria;

- A profundidades para a recolha do material foi de 0,3 – 0,5 metro;

- As drenagens para a recolha das amostras foram maioritariamente de 1ª e 2ª ordem


(segundo a classificação de Christofoletti & Strahler, 1980), num conjunto de cinco
microbacias hidrográficas (Figura 18), representando 1/10 da área total da região
(aproximadamente 300 km2), conforme ilustrada na figura 21. (ver anexo A).
Figura 18: Mapa ilustrando os pontos definidos para a recolha das amostras, com Tch – rio
Tchiumbe, Lua –rio Luana e 1º à 5º - os números de microbacias (imagem do autor).

A figura 19 representa as três etapas que foram empregadas no processo de


amostragem.

A primeira etapa (Figura 19A) consistiu em recolher, com a pá inoxidável, 20 litros


de material nas zonas de baixa energia de drenagem (zonas de barreira).
O material recolhido foi posteriormente submetido ao processo de peneiramento
(segunda etapa, figura 19B), para a separação granulométrica através de uma malha de 8
mm.

Na terceira etapa (Figura 19C) efectuava-se o processo de bateamento nos


sedimentos de granulometria inferior a 8 mm, a fim de obter a concentração dos
minerais pesados com um volume de 3 – 5 cm3. O respectivo concentrado, após
processo de secagem e empacotamento é enviado ao laboratório para a identificação e
descrição dos minerais. (ver anexo E).

Figura 19: Processo de obtenção da amostra, no qual A - recolha da amostra, B -


peneiramento da amostra e C - concentrado de minerais pesados obtido por bateamento.
(imagens do autor).

A tabela nº 5 ilustra as principais características do material dos leitos amostrados


durante o levantamento mineralométrico.

Tabela nº5: Caracterização geológica das zonas amostradas.


Código
Item de de Descrição do material do leito amostrado
bacias amostra
O leito apresenta uma pequena escarpa, constituída de grés laterizados (70%) e
A200 quartzíferos (30%), com fragmentos destes materiais no leito activo.
Leito constituída de materiais arenosos e com baixa concentração de elementos
A201 pesados.
Sedimentos de areias com minerais pesados no fundo do leito activo, enquanto nas
cargas superiores aparecem cascalhos angulosos e subangulosos de grés polimorfo
1ª A202 (45%) e quartzo (55%).
Sedimentos de cascalhos angulosos e subangulosos de grés polimorfos (60%),
A203 vulcanoclastos (40%).
Cascalhos subarredondados, arredondados e subangulosos de quartzo (60%), quartzo
polimorfos (20%), grés polimorfos (5%), cascalhos de grés avermelhados (15%).
A204 Provavelmente sedimentos da formação Calonda.
Leito do rio constituído de areias de coloração avermelhada, argilas esverdeadas. Com
A205 baixa concentração de elementos pesados.
Areão de quartzo e grés (35%), cascalhos angulosos de ágata (3%), quartzo (42%),
grés polimorfo (10%), argilas muito esverdeadas e friável (5%) e feldspatos
2ª A206 avermelhados (5%).
A207 Pedregulhos de quartzo angulosos (70%) e gneises alterados (30%).
A208 Base aflorante de gneises e seus fragmentos, com areias no fundo do leito.
A209 Materiais arenosos ao longo do leito e com rocha gneisica fragmentada a aflorar.
Rocha graniticas com algumas fases gneisicas, fragmentos destas rochas, sedimentos
3ª A210 angulosos e subangulosos do tipo delúvio-aluvionares de composição sílica variada.
Leito constituído apenas de materiais arenosos no qual tirou-se o concentrado de
A211 bateia.
Cascalhos arredondados e angulosos de quartzo (50%), quartzo polimorfo (20%),
A212 ágata (15%) e fragmentos de sílex (15%).
Leito constituído apenas de materiais arenosos no qual tirou-se o concentrado de
A213 bateia.
Leito constituído apenas de materiais arenosos no qual tirou-se o concentrado de
4ª A214 bateia.
Leito constituído apenas de materiais arenosos no qual tirou-se o concentrado de
A215 bateia.
Cascalhos de composição variada, apresentando quartzo (60%), fragmentos de rochas
A216 (15%); grês polimorfo (25%).
Cascalhos de quartzo (50%); fragmentos de rochas (15%); grês polimorfo (30%) e
ágatas (5%).
A217

Cascalhos de quartzo (50%); fragmentos de rochas (15%); grês polimorfo (25%) e
ágatas (10%).
A218

IV.1.3. Análise das amostras

A análise e caracterização das amostras são trabalhos de grande relevância que


condicionam a qualidade dos resultados.

Tendo em conta a metodologia de pesquisa empregada na Sociedade Mineira de


CATOCA, a análise das amostras para o presente trabalho consistiu em identificar,
estimar (em percentagens) e interpretar petrograficamente os minerais pesados. Estes
estudos foram feitos com auxílio da lupa binocular electrónica (Figura 20), a partir do
qual foi possível além de identificar os respectivos minerais, determinar a morfologia e
o tamanho, parâmetros essenciais para avaliar a distribuição espacial na área de estudo.
Figura 20: Análise das amostras com o auxílio da lupa binocular electrónica (imagem do
autor).

Na tabela nº 6 estão as percentagens de minerais pesados identificados nas 19


amostras recolhidas, nas quais se destacam minerais como: limonites, estaurolites,
anfíbolas, piroxenas, cromite, magnetite, granadas, ilmenitas, zircão, turmalinas e as
hematites.

Petrograficamente, os minerais identificados se caracterizaram em apresentar


formas sub – angulosos, sub - arredondados, arredondados e muito arredondados. As
duas primeiras formas geralmente identificam-se em minerais como limonites,
estaurolites, anfíbolas, piroxenas, hematites, magenetite, granadas, alguns zircões,
turmalinas e ilmenitas; e as formas arredondadas e muito arredondadas foram
associadas ao resto dos minerais (cromita, alguns zircões, turmalinas e ilmenitas).
Quanto as granulometrias, os minerais como as limonites, granadas, estaurolites,
hematites, anfíbolas, piroxenas, turmalinas e ilmenites foram caracterizadas em
apresentar grãos grossos e médios, enquanto as magnetites, estaurolita e os grãos de
cromita foram definidas como de granulometria fina.
Tabela nº 6: Percentagem dos minerais pesados nas amostras recolhidas, calculado a partir da predominância dos grãos no campo de observação da lupa binocular.

Nº da Amostra Coordenadas Lim Est (%) Anf Pix (%) Crom Magnet Gran Ilm (%) Zirc Turm Hem
bacia (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%)
X Y Z (m)
A200 504036 8993679 996 28,50% 26,00% 0,00% 0,50% 0,00% 12,00% 1,00% 21,00% 5,50% 5,50% 0,00%
A201 504185 8993845 984 35,00% 27,00% 0,00% 1,00% 0,00% 5,50% 2,00% 22,00% 3,00% 5,50% 0,00%
1 A202 503397 8995906 908 22,00% 25,00% 0,00% 0,00% 0,00% 18,00% 0,00% 21,00% 8,00% 6,00% 0,00%
A203 503473 8995815 962 30,00% 30,00% 0,00% 0,00% 2,00% 15,00% 0,00% 15,00% 5,00% 3,00% 0,00%
A204 505709 9004252 920 17,00% 20,00% 1,00% 6,00% 0,00% 19,00% 0,00% 21,00% 17,00% 6,00% 0,00%
A205 507416 9010800 954 22,00% 24,50% 0,00% 2,50% 0,00% 0,00% 18,50% 17,50% 10,00% 5,00% 0,00%
A206 507337 9010798 954 20,00% 29,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 22,00% 12,00% 10,00% 7,00% 0,00%
A207 507339 9010800 971 24,00% 20,00% 0,00% 5,00% 0,00% 0,00% 15,00% 23,00% 10,00% 3,00% 0,00%
2
A208 506556 9011445 938 18,00% 9,00% 19,00% 0,00% 0,00% 25,00% 0,00% 12,00% 12,00% 5,00% 0,00%
A209 506859 9011331 934 18,00% 19,00% 8,50% 0,50% 0,00% 26,00% 4,00% 7,00% 7,00% 6,00% 4,00%
A210 507239 9011474 929 25,00% 12,50% 12,50% 0,00% 7,50% 17,50% 0,00% 12,50% 0,00% 12,50% 0,00%
3
A211 505504 9019870 918 16,00% 21,00% 0,00% 8,00% 0,00% 19,00% 0,00% 19,00% 18,00% 6,00% 0,00%
A212 505777 9020106 926 23,00% 24,00% 0,00% 0,00% 0,00% 18,00% 0,00% 20,00% 9,00% 6,00% 0,00%
A213 505862 9015907 898 20,00% 18,50% 0,00% 0,00% 0,00% 17,50% 0,00% 22,00% 14,00% 8,00% 0,00%
4 A214 505785 9017015 923 20,00% 19,50% 0,00% 0,00% 0,00% 19,00% 0,00% 23,00% 13,00% 6,50% 0,00%
A215 505110 9017340 919 20,00% 19,00% 0,00% 0,00% 0,00% 18,25% 0,00% 22,50% 13,50% 7,25% 0,00%
A216 511973 9021490 858 17,00% 14,25% 3,00% 8,50% 0,00% 25,75% 0,00% 16,75% 12,50% 2,25% 0,00%
A217 503963 9027207 892 15,00% 14,50% 3,00% 0,00% 0,00% 32,00% 0,00% 18,50% 15,00% 2,00% 0,00%
5 A218 503900 9026679 902 19,00% 14,00% 3,00% 17,00% 0,00% 19,50% 0,00% 15,00% 10,00% 2,50% 0,00%

Legenda da tabela:

Lim – Limonite Crom – Cromite Zirc – Zircão


Est – Estaurolite Magnet – Magnetite Turm – Turmalinas
Anf – Anfíbolas Gran – Granadas Picro ilm – Picro ilmenita
Px – Piroxenas Ilm – Ilmenitas Hem - Hematite
Os minerais de cromita, granada e ilmenita (apresentados nas colunas pintadas na
Tabela 6) representam os possíveis minerais indicadores na área de estudo, tendo em
conta os conceitos de Fipke et al (1989).

IV.2. Interpretação e Discussões

Para melhor interpretação e avaliação dos resultados dos dados obtidos nas
diferentes fases e em especial das amostras adquiridos nos laboratórios, foi também
necessário a realização da análise geoestatisticas, para posteriormente definir a área
perspectiva.

IV.2.1. Análise geoestatísticas dos minerais indicadores

No gráfico do histograma 1, observa-se que as ilmenites constituem os minerais


mais abundantes na maioria das amostras, chegando a atingir 23 % do total em cada
amostra, posteriormente as granadas e a cromita com valores de até 22% e 7,5%,
respectivamente (Anexo C).

Histograma 1: Percentagens dos minerais indicadores nas amostras.

25,00%
Percentagens

20,00%

15,00%
Crom (%)
Gran (%)
10,00% Ilm (%)

5,00%

0,00%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 Amostras

No histograma 2 estão representados a relação da ocorrência dos minerais


indicadores nas áreas amostradas, no mesmo é possível identificar que a ilmenita é o
mineral mais abundante, tendo uma representatividade de 83% no total dos minerais
indicadores encontrados na região.

Histograma 2: Relação de percentagens dos minerais indicadores de diamantes na área de


estudo.

2%

15%
Cromite
Granadas
Ilmenite

83%

Com base as percentagens dos minerais identificadas nas amostras e através do


método de Kriging (programa surfer), fez-se os mapas de distribuição espacial e
possíveis anomalias mineralógicas dos minerais indicadores na área de estudo (Figura
21).

Nos mapas apresentados, as isolinhas indicam as proporções da ocorrência dos


minerais indicadores, e nos quais as zonas tracejadas com linhas rectas horizontais, são
classificadas como sendo áreas de pouca probabilidade da ocorrência do mineral,
enquanto as zonas com cores de proporções superiores (em função da legenda) indicam
zonas com concentrações anómalas. Os mapas revelam ainda que as anomalias dos
minerais de ilmenita, granada e cromita situam-se praticamente na mesma região. (ver
anexo D).
ILMENITE GRANADAS CROMITE

Figura 21: Distribuição espacial dos minerais indicadores de diamantes nas microbacias hidrográfica estudada, da concessão de Tchiafua. Nesta figura a
simbologia A – representa a possível anomalia mineralógica. (imagem criada pelo autor, através do programa surfer).
“Análise da distribuição espacial dos minerais indicadores como base na prospecção de depósitos
primários diamantíferos na zona de Tchiafua, Lunda sul”

IV.2.2. Definição da área promissora para a localização de kimberlitos

Após as diferentes análises dos minerais indicadores, nas 19 amostras colectadas


no campo, estabeleceu-se uma relação com dados geofísicos e geológicos, a fim de
identificar áreas perspectivas para trabalhos futuros de prospecção mais detalhada.

Atendendo ao relevo e o modo de dispersão dos minerais indicadores, presumem-


se que as áreas fontes estão localizadas nas zonas Sudoeste e Noroeste da região, e
tendo em conta a direcção das drenagens, os minerais da ilmenita, granadas e cromita,
foram erodidos e transportados preferencialmente nos sentidos Sudeste e Nordeste.
Devido a complexa informação geológica as anomalias geofísicas identificadas na área
de estudo, no caso de serem kimberliticas, não se descarta a possibilidade destes
minerais indicadores serem da referida fonte anómala.

Com base a estas informações e a ocorrência dos minerais indicadores nas


microbacias estudadas, foi possível a delimitação de uma área perspectiva (Figura 22)
para a prospecção mais avançada a fim de localizar os corpos kimberliticos. A área
delimitada situa-se entre as coordenadas 920000 – 9010000 e 505000 – 510000,
abarcando as duas primeiras microbacias hidrográficas estudadas, no qual foram
identificadas a ocorrência dos três tipos de minerais indicadores. A mesma área
caracteriza-se por apresentar as anomalias mineralógicas no mesmo intervalo de
coordenadas (ver figura 21), bem como uma anomalia geofísica (nas cotas altas) de
primeira prioridade.

Tese de licenciatura de José António Página 67


“Análise da distribuição espacial dos minerais indicadores como base na prospecção de depósitos primários diamantíferos na zona de Tchiafua, Lunda sul”

Concessão de
Tchiafua

Legenda

Figura 22: Mapa com o limite perspectivo para a prospecção mais detalhada

Tese de licenciatura de José António Página 68


“Análise da distribuição espacial dos minerais indicadores como base na prospecção de depósitos
primários diamantíferos na zona de Tchiafua, Lunda sul”

Apesar da área perspectiva delimitada na figura 22, para localização de corpos


kimberliticos, de salientar que poderá ser condicionada por algumas razões, como:

- A ocorrência dos minerais da granada e a ilmenita podem ser consequência de outras


rochas crustais e mantelicas como grano-dioritos, granitos e gnaisses, que estão muito
distribuídas na região, conforme referido na geologia local. Sendo assim, este parâmetro
só é possível concluir através da realização das análises químicas nos minerais das
amostras.

- A abundancia dos minerais indicadores nas microbacias estudadas é muito irregular,


este factor pode ser resultado da metodologia utilizada na planificação da amostragem.
Uma vez que foram principalmente amostrados drenagens de 1ª e 2ª ordem (com base a
classificação de Christofoletti & Strahler, 1980) numa malha aleatória.

- Com base aos resultados petrográficos, a presença de minerais angulosos e


arredondados nas mesmas zonas, geologicamente, presumem-se que são várias as áreas
fontes. Pode ainda subentender-se que os grãos angulosos devem ter surgido pela
trituração mecânica entre os materiais arredondados. No entanto, a presença de minerais
arredondados e muito arredondados nas drenagens de 1ª e 2ª ordem, conjectura-se que
deve ter ocorrido um rejuvenescimento das bacias, sendo assim a ocorrência destes
sedimentos podem ser resultado de paleocanais. Com estas hipóteses, a possível área
fonte indicada poderia ampliar-se para limites mais além da exposta na figura 22.

Tese de licenciatura de José António Página 69


“Análise da distribuição espacial dos minerais indicadores como base na prospecção de depósitos
primários diamantíferos na zona de Tchiafua, Lunda sul”

CONCLUSÕES

Nos estudos realizados nas microbacias da Concessão do Tchiafua, os resultados


revelam que a distribuição dos minerais pesados na área é muito irregular.

Os minerais indicadores identificados na área estudada são as ilmenitas, granadas


e cromitas.

As prováveis áreas fontes estão localizadas nas zonas Sudoeste e Noroeste da


região. E, os minerais indicadores foram preferencialmente transportados nos sentidos
Sudeste e Nordeste da área.

Na região de estudo foi delimitada a área, situado no intervalo de coordenadas de


9020000 – 9010000 e 505000 – 510000, abarcando as primeiras duas microbacias
hidrográficas estudadas, como sendo perspectivas para trabalhos de Prospecção mais
detalhada, para localização de depósitos primários de diamantes.

Tese de licenciatura de José António Página 70


“Análise da distribuição espacial dos minerais indicadores como base na prospecção de depósitos
primários diamantíferos na zona de Tchiafua, Lunda sul”

RECOMENDAÇOES

 Que se faça uma reavaliação da planificação dos trabalhos realizados na


Concessão de Tchiafua;
 Nos trabalhos futuros, que se façam amostragem nas drenagens de ordens
maiores para melhor qualificar a dispersão dos minerais indicadores;
 Que se faça a análise química nos minerais identificados nas amostras
recolhidas, a fim de fornecer maiores detalhes nas conclusões;

Tese de licenciatura de José António Página 71


“Análise da distribuição espacial dos minerais indicadores como base na prospecção de depósitos
primários diamantíferos na zona de Tchiafua, Lunda sul”

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Tese de licenciatura de José António Página 74


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ANEXOS

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primários diamantíferos na zona de Tchiafua, Lunda sul”

Anexo A – Mapas e modelos de elevação da área de Tchiafua recolhida as


amostras

Mapa 1 – Modelo 2D da área recolhida as amostras, apresentando-se muito habitada por vegetações

Mapa 1 – Modelo 3D da área recolhida as amostras.

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Anexo B – Mapas e modelos das anomalias geofísicas de primeira


prioridade identificados na Concessão de Tchiafua

Modelo 1 – Alvo 90, 91

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Modelo 2 – Alvo 92

Modelo 3 – Alvo 185

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Modelo 4 – Alvo 187

Modelo 5 – Alvo 179

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Modelo 6 – Alvos 292, 294, 296 e 297

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Modelo 7 – Alvo 413

Modelo 8 – Alvo 455

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Anexo C – Dados estatísticos dos minerais de Ilmenita, Granada e Cromita

Ilmenita

Classes Frequência
HISTOGRAMA DA ILMENITE
7,00 - 9,67 1
8 7
9,67 - 12,34 3 7

Frequências
6
12,34 - 15,01 4 5 4
4 3
15,01 - 17,68 2 3 2 2
2 1
17,68 - 20,35 2 1
0
20,35 - 23,02 7 7,00 - 9,67 9,67 - 12,34 12,34 - 15,01 15,01 - 17,68 17,68 - 20,35 20,35 - 23,02

Classes
Ilmenita Valores
Média 0,171447368
Erro-padrão 0,011011218
Mediana 0,175
Moda 0,12
Desvio-padrão 0,047996787
Variância da amostra 0,002303692
Curtose -0,89825023
Assimetria -0,40397173
Intervalo 0,16
Mínimo 0,07
Máximo 0,23
Soma 3,2575
Contagem 19
Nível de
confiança(95,0%) 0,023133711

Granadas

Classes Frequência
HISTOGRAMA DAS GRANADAS
0 - 3,67 15
20
3,67 - 7,33 1 15
Frequências

15
7,33 - 11,00 0
10
11,00 - 14,67 0
5 1 1 2
14,67 - 18,33 1 0 0
0
18,33 - 22,00 2 0 - 3,67 3,67 - 7,33 7,33 - 11,00 11,00 - 14,67 14,67 - 18,33 18,33 - 22,00

Classes

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Grandas Valores
Média 0,032894737
Erro-padrão 0,015918817
Mediana 0
Moda 0
Desvio-padrão 0,069388515
Variância da amostra 0,004814766
Curtose 3,003551404
Assimetria 2,081327838
Intervalo 0,22
Mínimo 0
Máximo 0,22
Soma 0,625
Contagem 19
Nível de confiança(95,0%) 0,033444194

Cromita

Classes Frequência
0 - 1,25 17
HISTOGRAMA CROMITE
1,25 - 2,50 1
17
18
16
2,50 - 3,75 0
Frequências

14
12
3,75 - 5,00 0
10
5,00 - 6,25 0 8
6
6,25 - 7,50 1 4 1 1
2 0 0 0
0
0 - 1,25 1,25 - 2,50 2,50 - 3,75 3,75 - 5,00 5,00 - 6,25 6,25 - 7,50

Cromita Valores Classes

Média 0,005
Erro-padrão 0,004028408
Mediana 0
Moda 0
Desvio-padrão 0,017559423
Variância da amostra 0,000308333
Curtose 16,07815924
Assimetria 3,947984204
Intervalo 0,075
Mínimo 0
Máximo 0,075
Soma 0,095
Contagem 19
Nível de confiança(95,0%) 0,008463371

Tese de licenciatura de José António Página 84


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Anexo D – Relatórios dos mapas de distribuição de Ilmenita, Granada e


Cromita, criados pelo método do Kriging do Programa Surfer.

Ilmenita
07 de Abril de 2015 19:00:00
Elasped time for gridding: 0.01 seconds

Data Source

Source Data File Name: C:\Users\Quinanga\Documents\Documentos academicos de


José\Trabalhos de fim de curso\Tabela de porcentagem de minerais pesados (preliminar) (Guardado
automaticamente).xlsx (sheet 'Folha2')
X Column: C
Y Column: D
Z Column: M

Data Counts

Active Data: 19
Original Data: 19
Excluded Data: 0
Deleted Duplicates: 0
Retained Duplicates: 0
Artificial Data: 0
Superseded Data: 0

Univariate Statistics
——————————————————————————————————————————
X Y Z
——————————————————————————————————————————
Minimum: 503397 8993679 0.07
25%-tile: 504036 9004252 0.15
Median: 505777 9011445 0.19
75%-tile: 507239 9019870 0.22
Maximum: 511973 9027207 0.23

Midrange: 507685 9010443 0.15


Range: 8576 33528 0.16
Interquartile Range: 3203 15618 0.07
Median Abs. Deviation: 1560 7193 0.03

Mean: 505864.21052632 9011355.7368421 0.17934210526316


Trim Mean (10%): 505650 9011463.1176471 0.18279411764706
Standard Deviation: 1968.2225371331 10200.869084967 0.044572841811431
Variance: 3873899.9556787 104057730.08864
0.0019867382271468
Coef. of Variation: 0.24853528816352
Coef. of Skewness: -0.80336728837695
——————————————————————————————————————————
Inter-Variable Correlation
————————————————————————————
X Y Z
————————————————————————————
X: 1.000 0.337 -0.269

Tese de licenciatura de José António Página 85


“Análise da distribuição espacial dos minerais indicadores como base na prospecção de depósitos
primários diamantíferos na zona de Tchiafua, Lunda sul”

Y: 1.000 -0.110
Z: 1.000
————————————————————————————
Inter-Variable Covariance
————————————————————————————————
X Y Z
————————————————————————————————
X: 3873899.9556787 6772128.3185596 -23.587361495845
Y: 104057730.08864 -50.234909972299
Z: 0.0019867382271468
————————————————————————————————

Planar Regression: Z = AX+BY+C

Fitted Parameters
——————————————————————————————————————————
A B C
——————————————————————————————————————————
Parameter Value: -5.9181461419588E-006 -9.7602349583712E-008 4.0526499238494
Standard Error: 5.7911557637898E-006 1.1173835479207E-006 9.4905591784045
——————————————————————————————————————————
Inter-Parameter Correlations
————————————————————————————
A B C
————————————————————————————
A: 1.000 0.337 0.049
B: 1.000 0.957
C: 1.000
————————————————————————————
ANOVA Table
——————————————————————————————————————————
Source df Sum of Squares Mean Square F
——————————————————————————————————————————
Regression: 2 0.0027454329600028 0.0013727164800014
0.62748
Residual: 16 0.035002593355786 0.0021876620847367
Total: 18 0.037748026315789
——————————————————————————————————————————
Coefficient of Multiple Determination (R^2): 0.072730503497993

Nearest Neighbor Statistics


—————————————————————————————————
Separation |Delta Z|
—————————————————————————————————
Minimum: 2.8284271247462 0.005
25%-tile: 118.56221995223 0.01
Median: 360.86701151532 0.035
75%-tile: 749.16620318858 0.06
Maximum: 6745.40584398 0.11

Midrange: 3374.1171355524 0.0575


Range: 6742.5774168553 0.105
Interquartile Range: 630.60398323636 0.05
Median Abs. Deviation: 242.3047915631 0.025

Mean: 1016.1958157441 0.042236842105263


Trim Mean (10%): 738.79330753131 0.040441176470588
Standard Deviation: 1917.7293071868 0.033016091938172
Variance: 3677685.6956432 0.0010900623268698

Tese de licenciatura de José António Página 86


“Análise da distribuição espacial dos minerais indicadores como base na prospecção de depósitos
primários diamantíferos na zona de Tchiafua, Lunda sul”

Coef. of Variation: 1.8871651284872 0.78168940414363


Coef. of Skewness: 2.4821327631001 0.6948389732726

Root Mean Square: 2170.331686996 0.053609823333926


Mean Square: 4710339.6315789 0.0028740131578947
—————————————————————————————————
Complete Spatial Randomness

Lambda: 6.6078652905836E-008
Clark and Evans: 0.52244188578077
Skellam: 37.157533025386

Exclusion Filtering

Exclusion Filter String: Not In Use

Duplicate Filtering

Duplicate Points to Keep: First


X Duplicate Tolerance: 0.001
Y Duplicate Tolerance: 0.0039

No duplicate data were found.

Breakline Filtering

Breakline Filtering: Not In Use

Gridding Rules

Gridding Method: Kriging


Kriging Type: Point

Polynomial Drift Order: 0


Kriging std. deviation grid: no

Semi-Variogram Model
Component Type: Linear
Anisotropy Angle: 0
Anisotropy Ratio: 1
Variogram Slope: 1

Search Parameters
No Search (use all data): true

Output Grid

Grid File Name: C:\Users\Quinanga\Documents\Documentos academicos de


José\Trabalhos de fim de curso\Tabela de porcentagem de minerais pesados (preliminar) (Guardado
automaticamente).grd
Grid Size: 100 rows x 26 columns
Total Nodes: 2600
Filled Nodes: 2600
Blanked Nodes: 0
Blank Value: 1.70141E+038

Grid Geometry

Tese de licenciatura de José António Página 87


“Análise da distribuição espacial dos minerais indicadores como base na prospecção de depósitos
primários diamantíferos na zona de Tchiafua, Lunda sul”

X Minimum: 503397
X Maximum: 511973
X Spacing: 343.04

Y Minimum: 8993679
Y Maximum: 9027207
Y Spacing: 338.66666666667

Grid Statistics

Z Minimum: 0.076431536907551
Z 25%-tile: 0.17282199398964
Z Median: 0.18792105894585
Z 75%-tile: 0.20146571792081
Z Maximum: 0.22965274575893

Z Midrange: 0.15304214133324
Z Range: 0.15322120885138
Z Interquartile Range: 0.028643723931172
Z Median Abs. Deviation: 0.013913741475221

Z Mean: 0.1855574075652
Z Trim Mean (10%): 0.1868844704061
Z Standard Deviation: 0.019779615874398
Z Variance: 0.00039123320413872

Z Coef. of Variation: 0.10659566833756


Z Coef. of Skewness: -1.0195752332716

Z Root Mean Square: 0.18660864049249


Z Mean Square: 0.034822784706456

Granadas

——————————
Gridding Report
——————————

07 de Abril de 2015 19:08:16


Elasped time for gridding: 0.01 seconds

Data Source

Source Data File Name: C:\Users\Quinanga\Documents\Documentos academicos de


José\Trabalhos de fim de curso\Tabela de porcentagem de minerais pesados (preliminar) (Guardado
automaticamente).xlsx (sheet 'Folha2')
X Column: C
Y Column: D
Z Column: L

Data Counts

Active Data: 19

Original Data: 19
Excluded Data: 0
Deleted Duplicates: 0

Tese de licenciatura de José António Página 88


“Análise da distribuição espacial dos minerais indicadores como base na prospecção de depósitos
primários diamantíferos na zona de Tchiafua, Lunda sul”

Retained Duplicates: 0
Artificial Data: 0
Superseded Data: 0

Univariate Statistics
——————————————————————————————————————————
X Y Z
——————————————————————————————————————————
Minimum: 503397 8993679 0
25%-tile: 504036 9004252 0
Median: 505777 9011445 0
75%-tile: 507239 9019870 0.02
Maximum: 511973 9027207 0.22

Midrange: 507685 9010443 0.11


Range: 8576 33528 0.22
Interquartile Range: 3203 15618 0.02
Median Abs. Deviation: 1560 7193 0

Mean: 505864.21052632 9011355.7368421 0.032894736842105


Trim Mean (10%): 505650 9011463.1176471 0.023823529411765
Standard Deviation: 1968.2225371331 10200.869084967 0.067537821557408
Variance: 3873899.9556787 104057730.08864
0.0045613573407202

Coef. of Variation: 2.0531497753452


Coef. of Skewness: 1.9132704387852
——————————————————————————————————————————
Inter-Variable Correlation
————————————————————————————
X Y Z
————————————————————————————
X: 1.000 0.337 0.325
Y: 1.000 -0.064
Z: 1.000
————————————————————————————
Inter-Variable Covariance
————————————————————————————————
X Y Z
————————————————————————————————
X: 3873899.9556787 6772128.3185596 43.170443213296
Y: 104057730.08864 -44.044501385042
Z: 0.0045613573407202
————————————————————————————————
Planar Regression: Z = AX+BY+C
Fitted Parameters
——————————————————————————————————————————
A B C
——————————————————————————————————————————
Parameter Value: 1.3409412895699E-005 -1.295959792679E-006 4.9279073814739
Standard Error: 8.453434318226E-006 1.6310610206127E-006 13.853507301516
——————————————————————————————————————————
Inter-Parameter Correlations
————————————————————————————
A B C
————————————————————————————
A: 1.000 0.337 0.049
B: 1.000 0.957
C: 1.000

Tese de licenciatura de José António Página 89


“Análise da distribuição espacial dos minerais indicadores como base na prospecção de depósitos
primários diamantíferos na zona de Tchiafua, Lunda sul”

————————————————————————————
ANOVA Table
——————————————————————————————————————————
Source df Sum of Squares Mean Square F
——————————————————————————————————————————
Regression: 2 0.012083433978839 0.0060417169894196 1.2961
Residual: 16 0.074582355494845 0.0046613972184278
Total: 18 0.086665789473684
——————————————————————————————————————————
Coefficient of Multiple Determination (R^2): 0.13942564940816

Nearest Neighbor Statistics


—————————————————————————————————
Separation |Delta Z|
—————————————————————————————————
Minimum: 2.8284271247462 0
25%-tile: 118.56221995223 0
Median: 360.86701151532 0
75%-tile: 749.16620318858 0.04
Maximum: 6745.40584398 0.22

Midrange: 3374.1171355524 0.11


Range: 6742.5774168553 0.22
Interquartile Range: 630.60398323636 0.04
Median Abs. Deviation: 242.3047915631 0

Mean: 1016.1958157441 0.028157894736842


Trim Mean (10%): 738.79330753131 0.018529411764706
Standard Deviation: 1917.7293071868 0.050969818889938
Variance: 3677685.6956432 0.0025979224376731
Coef. of Variation: 1.8871651284872 1.8101431007642
Coef. of Skewness: 2.4821327631001 2.773176081149

Root Mean Square: 2170.331686996 0.058230485775788


Mean Square: 4710339.6315789 0.0033907894736842
—————————————————————————————————
Complete Spatial Randomness

Lambda: 6.6078652905836E-008
Clark and Evans: 0.52244188578077
Skellam: 37.157533025386

Exclusion Filtering

Exclusion Filter String: Not In Use

Duplicate Filtering

Duplicate Points to Keep: First


X Duplicate Tolerance: 0.001
Y Duplicate Tolerance: 0.0039

No duplicate data were found.

Breakline Filtering

Breakline Filtering: Not In Use

Gridding Rules

Tese de licenciatura de José António Página 90


“Análise da distribuição espacial dos minerais indicadores como base na prospecção de depósitos
primários diamantíferos na zona de Tchiafua, Lunda sul”

Gridding Method: Kriging


Kriging Type: Point

Polynomial Drift Order: 0


Kriging std. deviation grid: no

Semi-Variogram Model
Component Type: Linear
Anisotropy Angle: 0
Anisotropy Ratio: 1
Variogram Slope: 1

Search Parameters
No Search (use all data): true

Output Grid

Grid File Name: C:\Users\Quinanga\Documents\Documentos academicos de


José\Trabalhos de fim de curso\Tabela de porcentagem de minerais pesados (preliminar) (Guardado
automaticamente).grd
Grid Size: 100 rows x 26 columns
Total Nodes: 2600
Filled Nodes: 2600
Blanked Nodes: 0
Blank Value: 1.70141E+038

Grid Geometry

X Minimum: 503397
X Maximum: 511973
X Spacing: 343.04

Y Minimum: 8993679
Y Maximum: 9027207
Y Spacing: 338.66666666667

Grid Statistics

Z Minimum: -0.022115977817442
Z 25%-tile: -0.00024193019674976
Z Median: 0.012818222932581
Z 75%-tile: 0.043237662427871
Z Maximum: 0.20272253849007

Z Midrange: 0.090303280336316
Z Range: 0.22483851630752
Z Interquartile Range: 0.043479592624621
Z Median Abs. Deviation: 0.014374430137088

Z Mean: 0.029301146404379
Z Trim Mean (10%): 0.025160076330147
Z Standard Deviation: 0.040921624879339
Z Variance: 0.0016745793827653

Z Coef. of Variation: 1.3965878438539


Z Coef. of Skewness: 1.5297912610078

Tese de licenciatura de José António Página 91


“Análise da distribuição espacial dos minerais indicadores como base na prospecção de depósitos
primários diamantíferos na zona de Tchiafua, Lunda sul”

Z Root Mean Square: 0.0503302748192


Z Mean Square: 0.0025331365633762

Cromita
——————————
Gridding Report
——————————

07 de Abril de 2015 19:14:34


Elasped time for gridding: 0.01 seconds

Data Source

Source Data File Name: C:\Users\Quinanga\Documents\Documentos academicos de


José\Trabalhos de fim de curso\Tabela de porcentagem de minerais pesados (preliminar) (Guardado
automaticamente).xlsx (sheet 'Folha2')
X Column: C
Y Column: D
Z Column: J

Data Counts

Active Data: 19

Original Data: 19
Excluded Data: 0
Deleted Duplicates: 0
Retained Duplicates: 0
Artificial Data: 0
Superseded Data: 0

Univariate Statistics

——————————————————————————————————————————
X Y Z
——————————————————————————————————————————
Minimum: 503397 8993679 0
25%-tile: 504036 9004252 0
Median: 505777 9011445 0
75%-tile: 507239 9019870 0
Maximum: 511973 9027207 0.075

Midrange: 507685 9010443 0.0375


Range: 8576 33528 0.075
Interquartile Range: 3203 15618 0
Median Abs. Deviation: 1560 7193 0

Mean: 505864.21052632 9011355.7368421 0.005


Trim Mean (10%): 505650 9011463.1176471
0.0011764705882353
Standard Deviation: 1968.2225371331 10200.869084967 0.017091087243294
Variance: 3873899.9556787 104057730.08864
0.00029210526315789

Coef. of Variation: 3.4182174486588


Coef. of Skewness: 3.6292031129479

Tese de licenciatura de José António Página 92


“Análise da distribuição espacial dos minerais indicadores como base na prospecção de depósitos
primários diamantíferos na zona de Tchiafua, Lunda sul”

——————————————————————————————————————————
Inter-Variable Correlation
————————————————————————————
X Y Z
————————————————————————————
X: 1.000 0.337 0.086
Y: 1.000 -0.091
Z: 1.000
————————————————————————————
Inter-Variable Covariance
————————————————————————————————
X Y Z
————————————————————————————————
X: 3873899.9556787 6772128.3185596 2.9097368421053
Y: 104057730.08864 -15.891842105263
Z: 0.00029210526315789
————————————————————————————————
Planar Regression: Z = AX+BY+C

Fitted Parameters
——————————————————————————————————————————
A B C
——————————————————————————————————————————
Parameter Value: 1.1487862013907E-006 -2.2748451895566E-007 1.4738141001277
Standard Error: 2.2783827354257E-006 4.3960609734409E-007 3.7338187856758
——————————————————————————————————————————
Inter-Parameter Correlations
————————————————————————————
A B C
————————————————————————————
A: 1.000 0.337 0.049
B: 1.000 0.957
C: 1.000
————————————————————————————
ANOVA Table
——————————————————————————————————————————
Source df Sum of Squares Mean Square F
——————————————————————————————————————————
Regression: 2 0.00013219846049215 6.6099230246074E-005
0.19521
Residual: 16 0.0054178015395079 0.00033861259621924
Total: 18 0.00555
——————————————————————————————————————————
Coefficient of Multiple Determination (R^2): 0.023819542431018

Nearest Neighbor Statistics


—————————————————————————————————
Separation |Delta Z|
—————————————————————————————————
Minimum: 2.8284271247462 0
25%-tile: 118.56221995223 0
Median: 360.86701151532 0
75%-tile: 749.16620318858 0
Maximum: 6745.40584398 0.075

Midrange: 3374.1171355524 0.0375


Range: 6742.5774168553 0.075
Interquartile Range: 630.60398323636 0
Median Abs. Deviation: 242.3047915631 0

Tese de licenciatura de José António Página 93


“Análise da distribuição espacial dos minerais indicadores como base na prospecção de depósitos
primários diamantíferos na zona de Tchiafua, Lunda sul”

Mean: 1016.1958157441 0.0060526315789474


Trim Mean (10%): 738.79330753131 0.0023529411764706
Standard Deviation: 1917.7293071868 0.017364433354025
Variance: 3677685.6956432 0.00030152354570637

Coef. of Variation: 1.8871651284872 2.8689063802302


Coef. of Skewness: 2.4821327631001 3.3135974656461

Root Mean Square: 2170.331686996 0.018389069980204


Mean Square: 4710339.6315789 0.00033815789473684
—————————————————————————————————
Complete Spatial Randomness

Lambda: 6.6078652905836E-008
Clark and Evans: 0.52244188578077
Skellam: 37.157533025386

Exclusion Filtering

Exclusion Filter String: Not In Use

Duplicate Filtering

Duplicate Points to Keep: First


X Duplicate Tolerance: 0.001
Y Duplicate Tolerance: 0.0039

No duplicate data were found.

Breakline Filtering

Breakline Filtering: Not In Use

Gridding Rules

Gridding Method: Kriging


Kriging Type: Point

Polynomial Drift Order: 0


Kriging std. deviation grid: no

Semi-Variogram Model
Component Type: Linear
Anisotropy Angle: 0
Anisotropy Ratio: 1
Variogram Slope: 1

Search Parameters
No Search (use all data): true

Output Grid

Grid File Name: C:\Users\Quinanga\Documents\Documentos academicos de


José\Trabalhos de fim de curso\Minerais pesados separados - Cópia\Cromita Grid.grd
Grid Size: 100 rows x 26 columns
Total Nodes: 2600
Filled Nodes: 2600
Blanked Nodes: 0

Tese de licenciatura de José António Página 94


“Análise da distribuição espacial dos minerais indicadores como base na prospecção de depósitos
primários diamantíferos na zona de Tchiafua, Lunda sul”

Blank Value: 1.70141E+038

Grid Geometry

X Minimum: 503397
X Maximum: 511973
X Spacing: 343.04

Y Minimum: 8993679
Y Maximum: 9027207
Y Spacing: 338.66666666667

Grid Statistics

Z Minimum: -0.017869942877631
Z 25%-tile: -0.00032511080607156
Z Median: 0.0042905332461352
Z 75%-tile: 0.010435022044753
Z Maximum: 0.066082846769909

Z Midrange: 0.024106451946139
Z Range: 0.08395278964754
Z Interquartile Range: 0.010760132850825
Z Median Abs. Deviation: 0.0052257606262551

Z Mean: 0.0063658150130554
Z Trim Mean (10%): 0.0056616487348011
Z Standard Deviation: 0.012197015399025
Z Variance: 0.00014876718464405

Z Coef. of Variation: 1.9160178820796


Z Coef. of Skewness: 1.1881569076322

Z Root Mean Square: 0.013758298783807


Z Mean Square: 0.0001892907854245

Tese de licenciatura de José António Página 95


“Análise da distribuição espacial dos minerais indicadores como base na prospecção de depósitos
primários diamantíferos na zona de Tchiafua, Lunda sul”

Anexo E – Fotografias

Fotografia 1, poço de leitura geológica Fotografia 2, processo de bateamento

Fotografia 1, Organização das amostras para a análise na lupa binocular, e posteriormente o envio para
a sede da empresa de CATOCA

Tese de licenciatura de José António Página 96

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