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Sociedade Mineira, Lda

PROSPECÇÃO GEOLÓGICA DE DIAMANTES EM DEPÓSITOS SECUNDÁRIOS DA CONCESSÁO LUMINAS Lum inas


E m p r e s a do G r u p o E n d i a m a

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

No âmbito do estágio curricular de fim de curso de Licenciatura em Geologia Económica,


realizado na empresa de Luminas, surge o presente trabalho de investigação com o tema
“Prospecção geológica de diamantes em depósitos secundários da concessão Luminas”

A prospecção é um processo sistemático que consiste em investigar um jazigo mineral


delimitando as zonas prometedoras. Assim sendo, estabelecer planos de prospecção é, para
as empresas mineiras, de importância primordial não só para fixar as bases de gestão e
controlo da sua actividade, mas também para impulsionar o seu desenvolvimento. Por tanto
o lucro é máximo quando as prospecções continuam no decurso das explorações, para que
se prolonga a vida dum centro mineiro.

Para o caso particular dos diamantes a prospecção tem que ser simultaneamente
imaginativa na operacionalidade e evolutiva na adaptabilidade a novas técnicas que
permitam determinar, nos diversos tipos de jazigos, os seus parámetros económicos, dentro
dum contexto geológico bem definido.
É fundamental, para concretização destes desideratos, que haja uma metodologia capaz de
sistematizar todo o processo de investigação que é, na verdade, longo e complexo. Por isso,
realiza-se em fases sucessivas, sendo prudente caminhar, duma para outra, com passos
seguros.

1.1 Antecedentes

Entre os diversos trabalhos realizados na área de estudo, destacam-se os da Diamang sobre


a prospecção de alguns depósitos secundários tais como terraços, lezírias e vales de alguns
afluentes do rio Cuango. Alguns trabalhos de prospecção foram efectuados entre os anos
1969 até 1974, durante o qual se efectuou a delimitação dos vários blocos, que foram
explorados pela mesma empresa, Matthew.G.P, (2003). Por sua vez Estanislav Nosyko,
(2004), no Relatório sobre ``Avaliação prévia dos riscos da criação da nova Empresa
diamantífera Luminas", referia que o forte garimpo na área, sobretudo em zonas de
prospecção antiga de potencialidade nula em termos de teor económico, levava a supor que
os resultados da Diamang não eram fidedignos e seria arriscado instalar uma nova Empresa
na área, sem ter conta este aspecto.

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I.C.L. Chamberlain, (2004) no trabalho ´´An assessment of the Luremo Mining


Concession´´ propôs a realização de trabalhos de prospecção para reavaliação da área
remanescente na zona do Luremo, antes de instalar um Projecto mineiro, depois de seis
anos de exploração mineira e mais de vinte anos de garimpo na área. Por outro lado,
Conceição, Simão M.J. (2006) no trabalho "Avaliação dos Depósitos Secundários de
Diamantes da Concessão da Luminas (Projecto Luremo) " propôs o aumento do
Investimento para prospecção e produção do Projecto Luminas, tendo em conta que os
índices demonstrados no referido relatório, indiciam uma área potencialmente rica, com
reservas não provadas nos terraços superiores e na Formação Cuango que entretanto,
poderiam representar as maiores reservas do Projecto.

Neste cotexto, e no âmbito da cooperação entre o Departamento de Geologia da


Universidade Agostinho Neto e a empresa Luminas, na necessidade de se reavaliar as
reservas e de se fazer a prospecção dos novos depósitos dentro da zona da concessão
Luminas, surge o presente trabalho de investigação, com a seguinte metodologia de
investigação

Problema
Necessidade de se definir novas reservas que permitam o aumento da produção económica
e extensão da vida útil da empresa Luminas.

Objecto
Depósitos secundários da região do Luremo

Objectivo geral
Localizar e determinar novos depositos diamantiferos para o aumento da produção e
extensão da mina de Luminas.

Objectivos específicos
- Caracterizar os principais parâmetros e elementos que definem a dinâmica do processo de
prospecção diamantífera
- Delimitar as áreas potenciais em diamantes;
- Realizar o cálculo de reserva e avaliar o teor dos depósitos.

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Hipóteses
A aplicação de uma metodologia adequada no contexto geológico no decurso da
exploração na área da concessão Luminas, permitirá a descoberta e determinação de novos
depósitos diamantíferos e consequentemente proporcionará o desenvolvimento de mina da
Luminas.

Resultados Esperados
Localização de novos depósitos diamantíferos e o conhecimento do seu potencial.

1.2 Metodologia de trabalho


Foi a plicada uma metodologia dividida em cinco etapas:

i. Consultas bibliográficas

Livros, relatórios ou revistas científicas;


Sites (internet);
Carta geológica à escala 1:1 000 000;
Cartas topográficas à escala 1: 100 000;
Mapa de relevo e mapa da tectónica.

ii. Trabalhos de campo

Reconhecimento local através de visitas de campo;


Participação nos trabalhos de prospecção e exploração, tal como abertura da linha
base, de abertura de poços, escavação de trincheiras, amostragem, etc.

iii. Trabalhos de laboratório

Tratamento das amostras (cascalho);


Escolha manual dos diamantes (picagem);
Acidificação dos diamantes;
Classificação dos diamantes.

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iv. Trabalho de Gabinete

Foi realizado o processamento e a análise dos dados obtidos nas etapas anteriores,
utilizando softwares como:
Excel;
Arc View 3.2;
ArcGIS 9.2;
CorelDraw X3;
Grapher 7.

O que permitiu o Cálculo das reservas e a consequente definição de novos blocos.

v. Redacção da Monografia

A elaboração do relatório foi a última fase da metodologia usada neste trabalho, o mesmo
representa a compilação de todos os resultados da pesquisa bibiografica assim como da
análise, interpretação e discussão dos resultados dos dados de todos os trabalhos realizados
durate a investigação a onde se expressou com rigor todo o trabalho realizado.

1.3 Materiais e Equipamentos utilizado

Para a execução deste trabalho foram utilizados os seguintes materiais:

Equipamentos e Materiais de Campo

Bússula, GPS, Martelo de geólogo, Fita métrica, Caderneta de campo, porta mina, lápis,
borrachas, Máquinas fotográficas, etc.

Equipamentos de prospecção
Sonda mecânica “SAMIL-50“, camiões articulados 725 e 730, Bulldozer D8R pesado,
Bulldozer D6, escavadora hidráulica giratória 374DL de braço longo, escavadora hidráulica
giratório 366DL de braço curto

Materiais de Gabinete
Carta geológica de Angola, Mapas topográficos, Mapas e relatórios de prospecção,
exploração e tratamento, computador, resmas de papel, scanner, impressora, etc.

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CAPÍTULO II: ENQUADRAMENTO GEOGRÁFICA DA REGIÃO

2.1 Localização da Área de Estudo

A Lunda Norte, Província onde se localiza a zona de estudo, situa-se no extremo nordeste
de Angola entre os meridianos 18º e 22º Este e os paralelos 6º e 10º Sul, e ocupa uma
superfície de 103.760 Km2. Faz fronteira a Norte e a Leste com a República Democrática
do Congo (RDC), a Oeste com a província de Malange e a Sul com a da Lunda Sul. Está
constituída pelos municípios de Cambulo, Capenda-Camulemba, Caungula, Chitato,
Cuango, Cuílo, Dundo (Capital da província), Lubalo, Lucapa e Xá-Muteba (www.info-
angola.com/governo). A concessão do projecto Luminas encontra-se localizada na Comuna
do Luremo. Segundo a mesma fonte, a Comuna do Luremo está situada no Município do
Cuango e faz fronteira a Sul, com a Comuna de Cafunfo do mesmo Município, a Norte
com a República Democrática do Congo, a Este com o Município de Caungula e a Oeste
com o Município de Xá-Muteba.

Figura II. 1: Croquis de Localização do Projecto Luminas, Lunda-Norte, adaptado pelo autor.

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A concessão está limitada a uma área de aproximadamente 1164 Km2. As coordenadas


geográficas desta são apresentadas na tabela 1.

TABELA 1: Coordenadas Geográficas da Área da concessão do Projecto Luminas, Lunda-


Norte.
Coordenadas Geográficas
Vértices Longitude (X) Latitude (Y)
A 17º 29ˈ 00ʺ E - 08º 30ˈ 00”S
B 17º 25ˈ 27ʺ E - 08º 20ˈ 30 ”S
C 17º 33ˈ 15ʺ E - 08º 20ˈ 30 ”S
D 17º 59ˈ 00ʺ E - 08º 30ˈ 00 ”S
E 17º 59ˈ 12ʺ E - 08º 32ˈ 30 ”S
F 17º 59ˈ12ʺ E - 08º 35ˈ 34 ”S
G 17° 30ˈ 00ʺ E - 08° 35ˈ 34 ʺS
H 17° 30ˈ 00ʺ E - 08° 32ˈ 30 ʺS

Figura II.2 – Delimitação da concessão do Projecto Luminas, segundo as


coordenadas da tabela 1(imagem cedida pela Luminas), adaptado pelo autor

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2.1.2 Vias de Acesso e Demografia

O acesso à área da concessão é feito primeiro de Luanda à Cafunfo, quer por via aérea,
através de uma pista de terra batida, quer por via terrestre numa estrada precária.
Posteriormente, de Cafunfo a Luremo, por uma estrada asfaltada até um desvio de terra
batida que atravessa os rios Lué, Lumonhe e outros pequenos riachos, onde foi feito um
desvio, devido à destruição das principais pontes que atravessam os rios Lué e Lumonhe.
Os habitantes desta região são de origem Lunda Tchokué, de etnia Bangala. As línguas
faladas, são Tchokué, Kakari e Kimbundu. E possui um número aproximadamente de
15000 habitantes, dos quais 500 estrangeiros.

Figura II. 3: Via de acesso a região de estudo, foto do autor

2.1.3 Climatologia

A temperatura média anual varia entre 22-23 ºC, sendo os meses mais quentes Outubro a
Maio atingindo temperaturas máximas superiores a 30º Centígrados. As temperaturas
mínimas atingem-se nos meses de Junho a Setembro, estas podem chegar até aos 14ºC. A
humidade relativa média anual desta região atinge valores de 70 à 75 %.

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2.1.4 Solos

Segundo Conceição, S. (2006), e tendo em conta as características climáticas, morfológicas


e sobretudo ao controle litológico, na área estudada são observados dois tipos
fundamentais de solos, cuja classificação corresponde em Psamo-ferralíticos e oxipsâmicos
pardacentos de sedimentos não consolidados grosseiros.
Estes solos estão relacionados com depósitos arenosos de cobertura, produto da
desagregação das areias do Kalahari e são de baixa capacidade produtiva. Nas zonas mais
proxima dos rios os solos são mais argilosos com uma coloração que varia da cor cinza a
preta, com maior capacidade produtiva, devido a quantidade de matéria orgânica.

Solos ferralíticos normalmente possuem textura fina ou média, mas às vezes crómicos,
coloração amarelada ao avermelhado, constituído por minerais caulínicos e óxidos de ferro
e alumínio, podendo apresentar concreções lateríticas dispersas ou concentrando-se em
camadas mais ou menos duras (Figura II.4).

Figura II.4: Solos argilosos com concreções lateríticas, Foto do autor

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2.1.5 Flora

A vegetação da área do Luremo é do tipo savana herbácea, caracterizada por árvores de


pequeno porte, arbustos e capim alto ou baixo em função da estação do ano como se vê na
Figura II.5a e, possui ainda uma vegetação de floresta densa, com árvores de grande porte,
que circunda os vales dos rios e ribeiros, como está visível na Figura II.5b.

Figura II.5: Vegetação da zona de estudo, tipo savana herbácia (foto a esquerda) e tipo
floresta densa, (foto a direita), Fotos do autor

2.1.6 Fauna
Quanto à fauna, na região há abundância de diferentes animais, tais como: veados, javalis,
hipopótamos, crocodilos, lagartos e serpentes, afastados dos aglomerados populacionais,
devido às constantes movimentações resultantes da actividade mineira na região.

2.1.7 Hidrografia

A rede de drenagem no território é caracterizada pelos rios principais como Cuango e


outros rios da Lunda (Chicapa, Luachimo, Chiumbe e Cacuilo); drenando as suas águas no
sentido de Sul para Norte, ao passo que os secundários circulam na direcção Este – Oeste.

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Figura II.6: Rio Cuango, principal rio da zona de estudo, Foto do autor

Alguns cursos parecem terem-se instalado em zonas de fraqueza estrutural e devido às


chuvas abundantes, os mesmos têm um grande efeito erosivo e de transporte de materiais.
E podem resultar deste modo, planícies aluviais, em alguns casos, de largura considerável e
de fundo quase plano.
Quando as superfícies de cobertura são erodidas pelos rios, formam vales estreitos e de
forte inclinação, assim como terraços.

2.1.8 Principais Actividades Económicas

Economicamente a região é caracterizada por um considerável sub-desenvolvimento. A


população local de etnia Tchokwe dedica-se principalmente à agricultura primitiva. O tipo
de culturas mais favorável para o tipo de solos e atendendo às condições climatéricas são o
amendoim, batata-doce, mandioca, feijão cutelinho, goiabeiras e mangueiras. Com o
surgimento do Projecto Luremo gerou mais postos de emprego para os habitantes da
região.

O principal recurso mineral extraído na região é o diamante, a recuperação do qual nos


pláceres está sendo praticada a cerca de 70 anos. Além dos depósitos nos quais a produção

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de diamantes é controlada pelas estruturas governamentais, existem numerosas ocorrências


diamantíferas onde laboram garimpeiros.

Figura II.7: Actividades económicas da população, cultivo (foto a esquerda) e garimpo (foto a
direita), fotos do autor

2.1.9 Geomorfologia

Na parte Ocidental das Lundas, observam-se dois tipos de Unidades de Paisagem, segundo
Diniz, A. C., a saber:

Peneplanície do Zaire (Congo), com uma extensa superfície arenosa que se inclina para
norte, com altitudes médias de 1200 m ao longo da sua bordadura, até 500 m no Cuango,
sendo dissecada por vales profundos e sensivelmente paralelos, onde estão incrustados os
grandes rios da região que fazem parte da bacia do Congo, ao convergirem para o seu
grande afluente o Cassai.

Baixa de Cassange, superfície rebaixada em algumas centenas de metros, relativamente


aos níveis planálticos que a rodeiam, sendo o respectivo limite, em grande parte definido
por uma escarpa abrupta, salientando relevos residuais que erguendo-se da aplanação, não
são mais do que formas desgarradas da primitiva planície planáltica. O aparecimento do
Karroo é um exemplo vivo.

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No plateau do Kalahari coberto por areias amarelas e avermelhadas desenvolveram-se duas


importantes superfícies geomorfológicas:

i. Interflúvios maiores

É uma superfície ou grupo de superfícies que formam os interflúvios entre as drenagens


maiores.

ii. Interflúvios menores.

São superfícies que ocorrem entre os interflúvios maiores que dividem e marcam os
terraços mais altos (40 e 60 m), designados

Os interflúvios maiores são do Pliocénico Superior e foram cobertos com areias argilosas
do Pleistocénico. Elas encontram-se entre as cotas 650 – 700 m no geral e são
provavelmente areias do Kalahari retrabalhadas. Enquanto, os interflúvios menores são
provavelmente de idade Plio-pleistocénica e estão cobertos com cascalhos, localmente
bastante espessos e lateritizados, seguido de areias eólicas. O topo das areias encontra-se
entre as cotas 700 e 750 m ou a cerca de 75 m acima da actual rede de drenagem.

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CAPÍTULO III: EQUADRAMENTO GEOLÓGICO

3.1 Geologia Regional

A região das Lundas segundo Monforte A. (1960), enquadra-se no Escudo do Cassai da


Plataforma angolana e apresenta formações que vão desde o Arcaico ao Fanerozoico.
Existe na região dois andares estruturais: O inferior que corresponde ao Soco cristalino
(complexo litológico-estrutural do Arcaico e do Proterozoico Precoce) e o Superior que
constitui a cobertura da plataforma, representado pelos complexos do Proterozoico Tardio,
Paleozoico, Mesozoico e Cenozoico. (Araújo de A.G. et al. 1992). Estratigraficamente é
caracterizada por três grupos, nomeadamente:

Soco cristalino ou Complexo de base;


Rochas de cobertura do soco cristalino;
Depósitos Quaternários.

3.1.1 Soco cristalino

As rochas do soco cristalino são da era Pré-câmbrica e correspondentes a três grandes


unidades: Arcaico inferior ou precoce, Arcaico Superior ou tardio, Proterozoico Inferior e
Superior. (Araújo A.G et al. 1992).

Arcaico
As rochas arcaicas dividem-se em dois (2) grupos de idade: O arcaico inferior e o arcaico
superior, separados pelo limite de idade de 3000±100 m.a.

Arcaico inferior
São consideradas como as rochas mais antigas do território de Angola os complexos de
rochas metamórficas, ultrametamórficas e intrusivas desenvolvidas nas áreas do escudo
designados anteriormente por “ Complexos de Base “. O arcaico inferior foi subdividido
em dois (2) grupos: Inferior e Superior.

Grupo Inferior

O grupo inferior é desenvolvido principalmente nas áreas das Lundas onde os seus
afloramentos são observados nos vales dos rios Chicapa, Luachimo, Chiumbe, Cassai e

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raramente nos vales dos rios Uamba, Cuango e dos seus afluentes da margem direita, Lulo
e Lué.
Este grupo está representado por granulitico com hiperstena xistos cristalinos, gnaisse de
composição básica, eclogitos, anfibolitos e quartzitos. Entre as rochas ultrametamórficas a
eles associadas assinalam-se enderbitos, charnoquitos plagiogranitos e plagiomigmatitos,
migmatitos de composição diorítica e granodiorítica e tonalitos com piroxena.

Grupo Superior
No escudo do Cassai, as rochas do grupo superior do arcaico inferior apresentam-se
bastantes desenvolvidas. Predominam rochas ultrametamórficas representadas por
migmatitos, tonalitos, granodioritos e granitos, aparecendo as rochas metamórficas, regra
geral, sob a forma de xenólitos relactivamente pequenos. Estas rochas, representadas por
variedades leucocratas e, em menor grau, leucomesocratas de plagioclasses biotíticos ou
anfibolíticos.
Os maiores afloramentos podem ser observados nos vales dos rios Luxico, Lóvua,
Luachimo, Chicapa, Chiumbe e Luembe.

Arcaico Superior
O Arcaico Superior enquadra-se no cinturão que corresponde a orogenia Limpopo-
Liberiana (2900-2600 m.a.).
No escudo do Cassai, as rochas do Arcaico Superior foram localizadas em áreas
relativamente reduzidas, nos vales dos rios Chicapa, Luachimo, Luembe e a jusante do
Cassai. São constituídas por quartzitos, xistos de composição variada e anfibolitos. Na base
ocorrem quartzitos contendo muitas vezes distena em quantidades consideráveis. Mais
acima localizam-se camadas de xistos quatzo-moscovíticos, quartzo-clorítico-moscovíticos
e outros, aparecendo também corpos anfibolíticos.

Proterozóico
As rochas proterozóicas distribuídas no território Angolano foram divididas em dois
grupos de idade: o proterozóico inferior e o superior, separados pelo limite de idade de
1650±50 m.a.

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Proterozóico inferior
Dentro dos limites do escudo do Cassai são abrangidos depressões em graben. No entanto
as rochas do proterozóico inferior, fracamente metamorfizadas, maioritariamente terrígenas
afloram nos vales do rio Cassai, Luembe, Lauchimo. Chiumbe e outros. O proterozóico foi
dividido em dois grupos metassedimentares: Grupo Lunda e Luana.

Os grupos Lunda e Luana assentam em discordância sobre as rochas arcaicas. Na parte


norte da região, nos conglomerados da base da sucessão aparecem xenólitos de gnesseis,
xistos anfibólicos, leptitose de outras rochas subjacentes. Mais acima do corte, os
conglomerados intraformacionais, quatzitos e ocasionalmente, calcários silificados. Na
parte superior da sucessão, o grupo Luana é constituída por conglomerados, xistosfilíticos,
grauvaques e grés.
Na parte sul da zona, a montante do rio Cassai os grupos Lunda e Luana são constituídos
por xistos argilosos, arcose, cherts e grés, instruídos por diques e stocks de gabros e
doleritos.

Proterozóico Superior
Na área de estudo, podemos enquadrar o Xisto - Gresoso que define a rocha base da região.
De forma geral, para os Xistos gresosos distinguem-se dois níveis (de baixo para cima):

1. Grés arcósicos avermelhados, muitas vezes com estratificação entrecruzada, com


leitos de argilitos variegados e siltitos com fendas de contração. Espessura até 250
metros

2. Conglomerados polimicticos cinzentos com calhaus diversos (de quartzitos, rochas


básicas, granitos quartzo e outras rochas). Espessura até 100 metrso

3.1.2 Rochas de cobertura do soco cristalino


As rochas de cobertura são pós pré-câmbricas e compreendem o supergrupo Karroo de
idade Paleozóico-Mesozóica, formação Continental Intercalar do Jurássico Tardio-
Cretácico Precoce, as formações Calonda e cuango do Mesozoico - Cenozoico, o grupo
Kalahári do Paleogénico-Neogénico e os depósitos de quaternários (Araújo A.G.1992).

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A zona das Lundas a partir do início do paleozoico não sofreu qualquer orogenia, apenas
foi afectada por movimentos epirogénicos, magmatismo básicos e ultrabásicos que resultou
durante o mesozóico a intrusão de rochas kimberliticas e alcalinas.

3.1.2.1 Supergrupo Karro (Carbónico-Jurássico).

Na região em estudo o supergrupo Karroo é subdividido em:


- Karroo Inferior ou Grupo Lutôe.
- Karroo Superior ou Cassange.

Karroo Inferior ou Grupo Lutõe


Aflora ao sul da povoação de Calonda (Lunda Norte). A situação dos afloramentos em
afundamentos limitados, quase sempre ao fundo dos vales e as nascentes dos rios.

A base esta composto por:


- Tilitos vermelhos conglomeraticos, com intercalaçoes de xistos argilosos e grés.
- Tilitos com blocos de rochas do arcaico e proterozoico superior (granitoides e
gnaisses, grés e xisto)
O topo esta constituido por:
Grés ferruginosos avermelhados de gráo grosseiro

Karroo Cassanje ou Grupo Cassange

É concordande sobre os depositos do Lutöe e discordante sobre as rochas do precámbrico


O grupo Cassanje aflora na Baixa do Cassanje, ao longo da bacia superio do rio Cuango

A base esta composto por:


- Grés de diferntes variedades, de gräo fino ricos em fosseis como:
- Fosseis de peixes (camadas com peixes): Elonichtiys, moutae, Texi, Perleidus
luoensis Teix, Angolaichthys lerichei, Creatodus Angolensis, teix, Hybodys sp.,
incluido especie como filópode estheria anchietai Teix.

O topo esta composta por:

- Grés quartzosos, calcários de corde verde-clara com fossesi vegetais (grés


vegetais).

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- Alternancia de grés, argilitos e calcários, nos fosseis observam-se abundante


filópodes, peixes estromatolitos.

3.1.2.2 Formação Calonda (apciano –Turoniano)

Esta formação encontra-se no Norte e Nordeste de Angola, aflora nos vales dos rios
Cuango, Cuilo, Chicapa, Luachimo. A formação foi estudada com maior detalhe nas minas
em exploração a céu aberto na província da Lunda- Norte e a sua espessura vária em 60m.
Na base do corte ocorrem conglomerados polimícticos (1-5 m) sobre os quais assentam-se
grés arcósicos entrecruzados, onde predomina a cor violeta, com leitos lenticulares, e no
topo argilitos vermelho. Notando-se uma variação na espessura de Norte para Sul
verificando-se um aumento gradual na espessura dos conglomerados de 40-50 m.

Nestas áreas aumenta a granulometria do material detrítico constituído maioritariamente


por fragmentos rolados de rochas do complexo de base. O material detrítico dos depósitos
é de origem continental, apresentando indícios de transporte insignificante e de erosão
eólica. A matriz das rochas detríticas é gresosa (arcósica), às vezes carbonatada.

Observa-se a presença de minerais satélites do diamante como: piropo, picroilmenite,


cromo-diopsido. Em Angola a formação Calonda não é fossilífera, sendo correlacionável
com o grupo Bokungo do Zaire de acordo a sua litologia e a sua idade é Apciano-Albiana
definida com base em Ostracodes e Filópodes.

3.1.2.3 Formação Cuango (Cenomaniano – Turoniana)


A formação é constituída por depósitos aluvionares, aluvionar-lacustre e lacustres sem
fósseis. Na sua composição predominam grés arcósicos de granulometria fina a grosseira,
aparecendo em subordinação conglomerados polimícticos siltitos e argilitos. As rochas são
brandas e friável de cor predominante vermelha com intercalações preta e cinzenta. No
fundo dos vales ocorrem sedimentos terrígenos grosseiros, com matacões bem rolados.

Na base dos cortes que afloram nos fundos dos vales a Formação Cuango ocorre da
seguinte forma: conglomerados basais com matacões bem rolados de rochas subjacentes e
de quartzo, assim como grés grosseiros com estratificação entrecruzada, contendo calhaus
dispersos. A Formação Cuango apresenta espessura variável podendo atingir até 50 m.

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Estas duas formações (Calonda e Cuango) tem grande importância do ponto de vista
prático devido a localização dos principais jazigos aluvionares “primários” de diamantes
da região

3.1.2.4 Depósitos de kalahari (Paleogénico – Neogénico).

Os depósitos do grupo Kalahári são pós Calonda e anterior as formações superficiais. Estes
assentam sub -horizontalmente através duma lacuna sobre as sequências subjacentes
fracamente afectadas por perturbações tectónicas.

O grupo Kalahari preenche as depressões do Congo, aflorando nas bacias do dos rios
Cuango, Cuilo, Luachimo, Cassai e outros. O grupo Kalahari está caracterizado por: grés,
depósitos argilo – arenosos, cascalhos (por vezes diamantíferos) e areias ocres.
O grupo é dividido em:

Formação Inferior, de grés polimorfo: constituído por grés e areias litificadas de coloração
branca, amarela, violeta, e mais raramente avermelhada. A Formação apresenta a seguinte
sucessão:

Na base são observadas brechas com calcedónia e fragmentos lateríticos, por vezes
conglomerados basais e cascalhos com espessura até 2 metros. A sua composição é sempre
semelhante á das rochas subjacentes mesozoicas ou mais antigas.
A seguir ocorrem greses feldspáticos – quartzosos, sucedendo-se por grés essencialmente
quartzosos de granulometria variável (de fina a grosseira), com estratificação gradada ou
cruzada.

Formação Superior, de areias ocres ou de argilas ocres arenosas: constituída por finas
areias quartzosas com teores apreciáveis de argilas e hidróxidos de ferros que condicionam
a sua coloração amarelada, alaranjada ou vermelha. Há a salientar a presença de zircão,
rútilo, turmalina, estaurolite e cianite. A sequência em questão é caracterizada pela
ausência de estratificação e tem larga extensão na área. Às vezes as areias ocres assentam
direitamente sobre as rochas do embasamento ou depósitos mesozoicos das depressões do
Congo. A Formação Inferior aflora localmente, só nos fundos dos vales dos rios, enquanto
a Formação Superior está exposta à superfície em extensas áreas dos interflúvios.

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A espessura dos depósitos de Kalahari varia de 50 a 250 metros. A passagem dos “grés
polimorfos” subjacentes as “areia ocres” é bem nítida sucedendo-se as rochas litificadas,
rochas friáveis. Sendo esta superfície nas depressões do Congo marcada por índices de
laterização. O Kalahari indiferenciado encontra-se localmente desenvolvido nas depressões
do Congo, bem como nas áreas de bordaduras dos escudos do Cassai, onde a Formação
Inferior não aflora à superfície devido a cobertura dos depósitos mais recentes.

3.1.3 Depósitos de Quaternários (formações superficiais).

As formações superficiais são depósitos compostos por aluviões de várias origens, o que
quer dizer mudanças climáticas que se registaram durante a sua deposição. Assim, deduz-
se que o ciclo de erosão que originou o desmoronamento do planalto constituído pela
formação de grés polimorfo e pela formação de areias ocres provocou uma deformação na
região, dando-lhe uma inclinação de sul para norte cujo exemplo se manifesta na
orientação S-N dos troços de rios principais da região.

As formações aluviais, aluvio-pluviais e dilúvio-eluviais dos fundos de correntes fluviais,


da várzea, terraços supra-várzeas e paredes dos vales dos rios, representadas por cascalhos,
areias argilosas e sedimentos areno-argilosas.

Os depósitos proluviais-aluvionar são compostos por areias e argilas. As areias são bem
lavadas ou argilosas. As espessuras dos depósitos são de poucas dezenas de metros. Nos
vales dos rios Luembe, Chiumbe, aparecem, localmente terraços com 4,10 e 20m de
altitude, constituídos por depósitos arenosos e areno-argiloso com calhaus de quartzo,
quartzitos, grés polimorfos e raramente calcedónia tamanho ou a granulometria dos calhaus
vária de 2-50cm, sendo regra geral, 10cm, o grau de rolamento é variável. A sua espessura
é de 0,2-1,5m.

Quanto aos depósitos delúvio-eluviais encontram-se nas superfícies dos interfluvios e


encostas das elevações com declive suave. A sua constituição depende das características
geomorfológicas e da natureza das rochas subjacentes. As áreas aplanadas apresentam-se
muitas vezes cimentadas por hidróxido de ferro, sendo conhecidas como couraças
lateríticas e couraças conglomeráticas. A espessura dos depósitos é de metros, chegando a
atingir de 10-15m.

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LEGENDA

Limites da concessão do Projecto Luminas.

Grupo kalahari indiferenciado. Areias, cascalhos Conglomerados, lenhintes.

Formação cuango. Grés arcósitos, conglomerados Silititos, argilitos.

Formação calonda.Grés arcositos, conglomerados Argilitos.

Supergrupo karroo – Grupo cassagem. Grés, calcarios Argilitos.

Supergrupo karroo – Grupo Lutõe. Tilitos, conglomerdos Grés argilitos,


xistos argilosos

Figura III.8: Localização da área da concessão em relação com o Mapa Geológico de Angola, escala:1 000000, adaptado pelo autor.

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3.2 Geologia local


Azona de estudo é parte constituente do escudo do cassai e nela afloram as seguintes
unidades geológicas da base ao topo:
Xisto gresoso
Formação Cuango;
Areias de Kalahari;
Depósitos recentes (quaternário)

Xisto gresoso (Grupo Proterozóico Superior)

Na área de estudo, podemos enquadrar o Xisto – Gresoso (Figura III.9) que define a rocha
base da região. De forma geral, para os Xistos gresosos distinguem-se dois níveis (de baixo
para cima):

i. Grés arcósicos avermelhados, muitas vezes com estratificação entrecruzada, com


leitos de argilitos variegados e siltitos com fendas de contração. Espessura até 250
metros
ii. Conglomerados polimícticos cinzentos com calhaus diversos (de quartzitos, rochas
básicas, granitos, quartzo e outras rochas). Espessura até 100 metros.

Figura III.9: Xisto gresoso, rocha base da região, ao longo do rio Cuango, foto do autor.

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Formação Cuango:

Constituída por depósitos aluvionares, aluvionares - lacustres e lacustres sem fósseis. Na


sua composição predominam grés arcósicos de granularidade fina a grosseira, aparecendo
em subordinação conglomerados polimícticos, siltitos e argilitos. As rochas são brandas e
friáveis, de coloração predominantemente avermelhada (de rosa a pardacenta), com
intercalações de tonalidade preta e cinzenta.

Na base dos cortes que afloram nos fundos dos vales a Formação Cuango ocorre da
seguinte forma: conglomerados basais com matacões bem rolados de rochas subjacentes e
de quartzo, assim como grés grosseiros com estratificação entrecruzada, contendo calhaus
dispersos. A Formação Cuango apresenta espessura variável podendo atingir até 50 m.

Areias de Kalahari

Na área de Luremo o grupo Kalahari aflora suhorizontalmente sobre a formação cuango e


esta constituidos por depósitos argilo-arenosos, cascalhos (e noutros ocasiões
diamantiferos) e areas ocres. O grupo Kalahari aflora nas bacias do dos rios Cuango, Cuilo,
Luachimo, Cassai e outros.

O grupo é dividido em:

Grupo Kalahari inferior (Grés polimorfos):

Esta composto por grés areias litificadas de core branca, amarela violeta, e raramente
vermelha.

A base da formaçäo observa-se brechas com calcedonia, fragmentos lateriticos e as vezes


encontra-se conglomerados basais com uma espessura de 2 metros.

O topo está constituido grés feldespático – quartozosos, sucedendo-se por grés


essencialmente quartzosos de granulometria variável (de fina a grosseira), com
estratificação gradada ou cruzada. Na parte superior situam-se grés argiloso, fracamente
litificados, friáveis.

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A espessura do grés polimorfo é da ordem de dezenas de metros atingindo até 56 metros. A


sua idade de formação é discutível, alguns autores consideram de Eocénico ou Oligocénico
- Miocénico.

N S

Figura III.10: Contactos entre o Kalahari superior, Kalahari inferior, Formação Cuango e os
xistos gresosos, Foto do Autor

Grupo Kalahari Superior (areias ocres ou argilas ocres arenosas):

Esta constituidas por areias finas quartzosas, com inclusões de argilas, hidroxido de ferro
que lhe proprociona a core amarela, alarajanda ou vermelha e a presença de níveis
lateríticos bem diferenciados (Figura III.11).Também observam-se gräos de zircäo, rutilo,
turmalina, cianite. A transinção do grés polimorfos para areias ocres é nítido, ja desde
rochas litificicadas a friaveis.

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NW SE

Figura III.11: Kalahari. Formação superior com os níveis lateríticos, Foto do Autor

Depósitos recentes (quaternário)

Os depósitos mais recentes são observados em pequenos afloramentos no vale do rio


cuango, lué e alguns pequenos afluentes como Luremo. Caracterizado por depósitos
aluvionares, constituídos por sedimentos areno - argilosos.

3.2.1 Enquadramento da concessão de Luminas no Claim do cuango

Os “claims” demarcados pela Diamang em 1970 são, em primeira mão, áreas por natureza
diamantíferas pois neles se localizavam todas as explorações – minas – da empresa, bem
como todas as suas reservas certas ou medidas e ainda as suas reservas potenciais. No
entanto, algumas parcelas desses “claims” seriam apenas áreas potencialmente
diamantíferas sendo que na maior parte nunca foram alvo de trabalhos de prospeção
detalhada. Na figura III.12, apresenta-se o mapa dos “Claims” demarcados pela Diamang.

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Figura III.12: “Claims” demarcados pela Diamang, (Imagem cedida pela empresa
Luminas), adaptado pelo autor.

Segundo Eusébio A G. (1972), as principais minas, depósitos diamantíferos e afloramentos


da rocha de base, bem como os teores característicos dos rios pertencentes ao “Claim” I do
Cuango com uma extensão de 2457.6 Km2, são apresentados na figuraIII.13.

O Claim I do Cuango é dos mais ricos que existe em Angola, tendo sempre recuperado
excelentes teores durante a prospecção e confirmadas nos Projectos de exploração que
foram instalados na área, ao longo da história de exploração diamantífera em Angola.

A par dos altos teores, esta região é ainda beneficiada com boa qualidade de pedra, tendo
em conta os parâmetros cor/forma, sem descurar o aparecimento de pedras de grande
tamanho. As fontes de mineralização deste Claim, são as mesmas que serão enunciadas
como fonte de mineralização da região do Luremo, na presente explanação.

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Figura III.13: “Claim” I do Cuango, e as principais minas, depósitos diamantíferos e afloramentos, e teores característicos, (imagem
cedida pela empresa Luminas), adaptado pelo autor

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A área de concessão, a bacia hidrográfica do rio Cuango, faz parte da peneplanície do


Zaire, enquanto a área do rio Lue, faz parte da peneplanície do Zaire e da Baixa de
Cassange.
Nesta área pode ser individualizada uma parcela que faz parte do Claim I do Cuango, onde
o Rio principal é o Cuango, com grande potencial económico, conforme atestam os teores
encontrados na exploração e prospecção antigas. Outra parte da Concessão pertence a
Baixa de Cassange, onde o Rio Lué não foi suficientemente estudado, desconhecendo-se o
seu potencial. Por este motivo, se pretende centrar a investigação na parte mais próxima do
Rio Cuango, tal como aparece exposto na figura III.14.

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Rio Lue
Rio cuango

Bacia do rio Lue

Bacia do rio Cuango

Figura III.14: Localização da área da concessão em relação ao “claim” I do Cuango e as bacias dos rios Cuango e Lui,( Imagem cedida pela
empresa Luminas), adaptado pelo autor

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3.3 Tectónica Regional


A região Nordeste de Angola, faz parte da placa pré-câmbrica do Congo (segundo Araújo
A. G. et.al.1992) e é caracterizada por variados episódios tectónicos que vão desde
movimentos orogénicos no Arcáico á formação de grabens no Pliocénico.

Sendo assim, diversos autores descreveram o tectonismo das Lundas como tendo ocorrido
inicialmente com movimentos orogénicos com profundas refusões e recristalizações de
rochas pré – existentes e que deixaram as orientações NE – SW e NNE – SSW nas
estruturas.

Deu-se então uma fase de dobramento seguida de diversas fases fracturantes (falhas
longitudinais e transversais) em que determinados compartimentos poderão ter sofrido
basculamento ou afundamento. A posterior, provavelmente no Carbónico, pode ter
acorrido uma Glaciação (Monforte A. 1987), o que justifica o aparecimento de Tilitos na
base da formação Lutôe e deste modo, após a deposição das camadas superiores dessa
série, fortes movimentos de orientação NNW – SSE originaram dobras e falhas. Que
consequentemente formaram bacias tectónicas nas quais se desenvolveram faunas de
peixes, crustáceos e insectos que caracterizam o Andar Inferior da série de Cassange e para
as quais prosseguiu a sedimentação continental, auxiliada por fenómenos de subsidência.

Sobreveio provavelmente uma fase orogénica Pós – Triássica que rejuvenesceu e reactivou
as linhas de fractura anteriores, isso no final do Karroo. E em subordinação a este evento
geológico, notaram-se importantes vindas doleríticas, que conforme o autor supracitado,
não foram determinadas com segurança, apesar de serem conhecidos doleritos associados a
rochas quimberlíticas, constituindo mesmo xenólitos de brechas dessa natureza.

O mesmo ainda refere que movimentos tectónicos de direcção ENE – WSW ocorreram no
final do Grupo Continental Intercalar, com reativação de falhas antigas. Podes e dizer
também que os grabens resultantes são considerados zonas de fraqueza estrutural e
atendendo ás possibilidades de reativação dos processos diastróficos no decurso das idades,
também constituem lugares privilegiados para intrusão de rochas quimberlíticas.

É no Cretácico que se deu um ciclo de aplanação com estabelecimento de falhas, no qual


foi arrasado o relevo e preenchidas as depressões. Já no Terciário, ocorreram movimentos

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diferenciais de fracturação e deposição de camadas áridas e quase desérticas do Kalahari


Inferior (Grés polimorfo).

Após essa deposição houve uma fase de sobrelevação e arqueamento de que resultou a
destruição da série inferior a que se segue um episódio árido (Areias ocres) e formação da
Peneplanície miocénica.

No Pliocénico fez-se sentir a fase orogénica mais importante com sobrelevação do


continente em relação ao oceano, formação de horsts, grabens, falhas, etc, e devem datar
desse período as linhas de fractura que condicionaram em grande a instalação da rede
hidrográfica principal. Seguidamente uma nova fase erosiva levou a formação de uma
peneplanície largamente ondulada, a Peneplanície pliocénica.
Assim, as direcções preferenciais das fracturas e falhas agrupam-se do seguinte modo:
ENE – WSW e NNW – SSE, sendo a primeira, a que teria originado o Graben de Lucapa,
o qual atravessa os rios Luhembe, Chiumbe, Luachimo e Chicapa. Constituído por duas
falhas paralelas entre sí e atravessadas por outras mais recentes. Segundo Moisés A. A
(2003), o corredor de Lucapa é o responsável pelo controle estrutural e ascenção de
material kimberlítico que ocorreram na Lunda.

Em suma, de acordo a informação acima descrita, o tectonismo na Lunda pode ser


considerado com a seguinte ordem:

i. Movimentos tectónicos do período de formação das rochas do soco, com intrusões


de granitos e de doleritos.
ii. Movimentos tectónicos do período final da série das rochas metamórficas do NE de
Angola. Intrusões de granitos e rochas básicas.
iii. Ausência de movimentos no intervalo de tempo compreendido entre a
sedimentação das séries metamórficas e a base do Karroo. Intrusões básicas.
iv. Formação de Grabens contemporâneos do andar de Cassange. Intrusões doleríticas
da Lunda.
v. Movimentos terciários e quaternários.

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3.4 Tectónica Local


A tectónica é um dos fenómenos mais importantes, responsáveis pelo aparecimento e
distribuição da mineralização na área de estudo.
Foram feitas várias observações que levaram a supor a existência de movimentos
tectónicos de âmbito local, como:

i. Os alinhamentos dos cursos das águas dos afluentes do rio Cuango. Estes afluentes
têm orientação preferencial de NE a SW e de SW a NE.

ii. Presença de paleocanais, em algumas áreas. Com orientações diferentes a rede


hidrográfica actual, leva a supor que estejam relacionados com movimentos
tectónicos anteriores, de ordem local (Figura III.15), tal é o alinhamento dos
mesmos na zona de estudo.

Figura III.15: Falha que afecta o Xisto gresoso, nos rios da região do Muíge, Foto
do autor.

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vi. Forte diaclasamento da formação Xisto Gresosa, em algumas lezírias do rio


Cuango. O diaclasamento da formação em causa, também foi visto no leito de
alguns afluentes, (Figura III. 16).

Figura III.16: Diaclasamento do Xisto gresoso, com duas direcções


preferenciais, Foto do autor.

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CAPITULO IV: GENERALIDADES SOBRE PROSPECÇÃO GEOLÓGICA DE


DEPÓSITOS DIAMANTÍFEROS

4.1. Introdução
Os diamantes foram descobertos na Índia, no século IV antes de Cristo conforme registros
encontrados nos textos Sânscritos “Arthasastra e Ratnapariska”, citados por Legran, 1984.
Até o século XVII, a Índia era praticamente o único país produtor mundial de diamante,
segundo relato do francês Tavernier, nas suas diversas viagens ao Oriente, sobre as minas
diamantíferas da Região de Kurnool, na Índia (Barbosa, 1991).

Em 1725 os Portugueses descobriram no Brasil ricos depósitos aluvionares de diamantes,


próximo de Tijuca, hoje Diamantina, na província de Minas gerais. Em 1886, foi
encontrado o primeiro diamante no Continente Africano. Foi nas margens do rio Orange,
próximo da actual Kimberley, por uma criança, e pesava 21 1/4 quilates.

Após esta primeira descoberta no Continente Africano varias outras se sucederam no


primeiro quartel do seculo XX.

Em Angola o primeiro diamante foi encontrado em 1912 na Lunda, na bacia do rio


Chiumbe, pelos prospectores Johnston e Mac Vey.

Génese de diamantes

O diamante se forma numa área delimitada pela intersecção entre o Manto Superior e a
região basal da Litosfera, onde esta se torna mais espessa (Janela do Diamante), Meyer, H.
O. A. (1982).
O seu limite superior é a isotermal de 900 ºC e o limite inferior, de 1200 ºC. Abaixo da
curva do Manto Superior está a zona de equilíbrio do diamante e acima, a zona de
equilíbrio da grafita. A génese do diamante exige uma profundidade entre 130 e 200 km
(Figura IV.17).
Em baixo dos oceanos a geoterma não intersecta a línea de formação dos diamantes pelo
que não se podem formar.
Para que um kimberlito possa ser diamantífero, o magma kimberlítico primário deve
desagregar e incorporar certas quantidade de peridotitos e ou eclogitos diamantíferos
durante a sua ascensão a superfície terrestre.

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O tipo e quantidade de rochas peridotíticas e ou eclogíticas diamantíferas incorporadas no


magma kimberlítico durante a ascensão determinará o teor ou grau de diamante de um
kimberlito específico tanto como o tamanho e a qualidade dos seus diamantes.

Figura IV.17: Génese de diamantes (janela de diamantes), Mitchell (1995), adaptado


pelo autor.

4.2 Evolução dos depósitos diamantíferos

Depósitos Minerais são acumulações ou concentrações anômalas locais de rochas


e minerais úteis ao homem.
São conhecidos dois tipos de depósitos diamantíferos:

i. Depósitos Primários;
ii. Depósitos Secundários.

4.2.1 Depósitos Primários de Diamantes


Os priciapais depósitos primários se associam a kimberlitos e lamproítos que são rochas de
origem magmática.
Atualmente, considera-se que essas rochas sejam formadas pela cristalização de magmas
secundários (ou hídricos), que são em parte diferenciados dos magmas primários,
peridotítico ou eclogítico, Mitchell (1995). Os dois tipos de rochas são raros e
correspondem a erupções de material originado no manto terrestre

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4.2.2 Depósitos secundários de diamantes

São todos aqueles depósitos resultantes dos processos de intemperismo ou meteorização


das rochas portadoras de diamantes (Kimberlitos e Lamproítos), em que os seus detritos
foram, transportados e acumulados em determinados lugares de altitudes geralmente mais
baixas.
Kimberlitos e Lamproítos, as únicas fontes primárias economicamnte importantes
conhecidas, possuem composições mineralógicas pouco estáveis sob condições
superficiais. Assim, ocorre alteração intempérica da maioria dos seus minerais, que são
transportados pela água nos sistemas de drenagem. O diamante é um mineral da alta
estabilidade e resistência aos processos químicos e físicos actuantes, e portanto pode ser
transportado sobre longas distâncias desde sua rocha matriz, até que processos de
sedimentação permitam novamente retê-los em armadilhas apropriadas (Chaves &
Chambel, 2003).

Kimberlitos
Depósito Secundario secundario

Figura IV.18: Evolução dos depósitos secundários de diamantíferos, extraído de


Chambel, L. (1985), adaptado pelo autor.

Os depósitos secundários podem ser de natureza bastante diversa, como aluvionares,


costeiros, marinhos ou eólicos. A formação desses depósitos está ligada a fenómenos de
concentração mecânica natural dos resíduos provenientes das fontes diamantíferas.

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Os Depósitos Primários estão sujeitos a processos intempéricos químicos, facilitando a


erosão mecânica. O material erodido passa por uma classificação natural quando
transportados nos cursos de água, devido a diferentes densidades, granulometria e dureza
dos minerais existentes nos kimberlitos e apenas os minerais mais densos ou duros têm
maior transporte e posterior concentração em áreas favoráveis.

Em dependência dos agentes que influenciaram a formação dos depósitos secundários,


estes podem classificar-se em:

Depósitos eluviais: São depósitos que se formam no lugar in situ de destruição da


fonte original.
Depósitos deluviais: São depósitos que se formam como resultado da dispersão do
material meteorizado e desintegrado ao longo da vertente.
Depósitos Proluviais: São depósitos que formam-se como resultado da

acumulação do material desintegrado e meteorizado após um prévio transporte, no

sopé da vertente.

Depósitos de terraços: São depósitos de sedimentos localizados em terraços.

Depósitos aluviais: São depósitos que se formam no interior do vale, como


resultado do acarreto pelo rio de materiais clásticos, granulosos, geralmente
alagados devido à sua aproximação com o rio.

A outra classificação (Estrutural) dos depósitos secundários depende das tendências dos
seus posicionamentos em relação à hidrografia (Chaves e Chambel, 2003):

Depósitos de colina: São depósitos de sedimentos que correspondem a terraços


fluviais, diferentes níveis conforme a sua idade.
Depósitos de terraços: São depósitos constituídos por produtos detríticos que se a
cumulam no leito de um rio abandonado.
Depósitos de vale dos rios: São produtos sedimentares (aluviões) situados nos vales
e sensível ao nível actual dos rios.
Depósitos de lezírias: São todos depósitos formados por acumulação de produtos
nas vertentes.

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Os depósitos de lezírias são secos quando os níveis de água de rios ou vales estiverem
baixos. A camada de estéril é geralmente mais reduzida que o de outros depósitos.

Figura IV.19: Modelo geológico dos depósitos da área do Luremo (Modificada de Monforte A.,
1960), (Imagem cedida pela empresa), adaptado pelo autor

4.3 Conceitos sobre a prospecção de diamantes

A prospecção, qual quer que seja, tem por finalidade procurar e localizar terenos
mineralizados, dando a conhecer o seu valor económico.

Dinâmicas de Prospecção de diamantes

Segundo Monforte A. (1997) existem duas dinâmicas principais, na prospecção


diamantífera, a considerar:

Dinâmica de natureza centrífuga que consiste na procura directa de diamantes,


prosseguindo, através da definição dos diversos tipos de jazigos secundários, até ao
achado dos quimberlitos isto é vai do geral para particular;

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Dinâmica de natureza centrípeta que consiste na procura directa de quimberlitos e,


dos que se mostrarem diamantíferos, avançar até à inventariação dos vários tipos de
jazigos secundários deles derivados isto é vai do particular para geral.

É de salientar que estas dinâmicas não perfilham a mesma filosofia de prospecção, porque
foram concebidas tendo em conta os seguintes factores:

Condições diferentes do terreno (morfológicas e geológicas) que influenciam o


padrão de drenagem, a facilidade ou dificuldade de acessos, a abundância ou
raridade de sítios com água param tratamento dos cascalhos e o trânsito aluvionar
nos rios actuais.
Modelo genético dos jazigos, mediante o qual os diamantes podem provir ou
directamente dos quimberlitos, ou indirectamente de formações detríticas.
Componentes económicos e sociais que apoiam a decisão por um ou outro modo de
actuar, de acordo com os meios financeiros e humanos disponíveis.

O estabelecimento de planos de prospecção é, para as empresas mineiras, de importância


primordial não só para fixar as bases de gestão e controlo da sua actividade, mas também
para impulsionar o seu desenvolvimento, Monforte A. (1997).

No caso especial dos diamantes, no conteúdo dos programas de prospecção inscrevem-se,


como imperativos a cumprir:

Aprofundamento dos conhecimentos geológico-estruturais, para induzir as leis de


formação e repartição dos jazigos de diamante;
Determinação das características técnicas e geológicas dos diferentes tipos de
jazigos (primários e secundários);
Cálculo, com a passível exactidão, do valor económico dos jazigos detectados;
Baixo custo operacional, com emprego de métodos fáceis e simples.

Só com o avanço coordenado em direcção a estes princípios se poderá chegar a uma


solução de compromisso que satisfaça os principais planos de prospecção: selectividade e
rapidez.

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4.3.1 Fases de prospecção

Os trabalhos de prospecção desenvolvem-se regra geral segundo quatro etapas distintas


que devem sempre ser executadas sequencialmente, tendo em conta ao princípio das
aproximações sucessivas e que podem ser descritas na tabela 2:

Tabela 2: Fases de prospeção


Fases de Tipos de Técnicas e métodos Ojectivos Área Escala do
estudo malhas de estudos Km2 mapa

Reconheci Levantament Geologia, geofísica Identificar a escala regional as 100 a 1000 1/100000 a
mento o regional e geoquímica anomalias ou áreas com 1/50000
potencial minério que
justifiquem os estudos mais a
profundados
Prospeção Malha geral Geologia, geofísica Identificar um jazigo que será 1 a 10 1/50000 a
e geoquímica objecto de uma pesquisa mais 1/10000
ampla.
Pesquisa Malha Sanjas, Trincheiras, Estabelecer as principais 1a5 1/10000 a
geral Sistemática Poços, estudos características geológicas de 1/5000
complementares, um jazigo proporcionando
geofísica e uma indicação razoável.
geoquímica
Pesquisa Malha de Sanjas, trincheiras, Delimitar o jazigo mineral de 1a2 1/2000 a
Detalhada desenvolvim poços de grandes forma detalhada com a 1/500
ento diâmetros e estudos distribuição tridimensional das
complementares da rochas ou minério recolhido
geologia em toda superfície do jazigo

Reconhecimento

Permite identificar à escala regional, as zonas mineralizadas que justifiquem um estudo


mais amplo para a identificação de um jazigo, mediante a aplicação dos seguintes métodos
ou técnicas: resultado dos estudos geológicos regionais, mapa geológico regional,
levantamento geológico preliminar sobre as superfícies ou terrenos, métodos directos e
indirectos.

Prospecção geral

Os métodos empregados: São a identificação de afloramentos, a cartografia geológica. E


métodos indirectos tais como os estudos geofísicos e geoquímicos. As trincheiras, as
sondagens e a toma de amostras podem emplearse em certa medida.

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O objectivo é identificar um jazigo que será objecto de umas pesquisas más amplas. As
quantidades presumidas se determinam com base a interpretação dos resultados
geológicos, geofísicos e geoquímicos.

Pesquisa Geral

Nesta fase de prospecção ocorre a delimitação inicial do jazigo mineral. Os métodos a


empregar nesta fase de estudos geológicos são a cartografia da superfície, uma amostra de
malha ampla, realização sanjas, trincheiras, sondagem e os métodos indirectos.

Com o quadro de informações resultantes desta fase de estudo geológico e possível


elaboração do pré-estudo de viabilidade económica que orienta e justifica a necessidade ou
não da aplicação da fase de prospecção detalhada do jazigo.

O objectivo é estabelecer as principais características geológicas de um jazigo


proporcionando uma indicação razoável.

Pesquisa detalhada

Nesta fase de prospecção ocorre a delimitação do jazigo mineral de forma tridimensional,


com base nos resultados das amostras de poço, retiradas de vários pontos da superfície ou
área do jazigo. A malha de amostragem deve ser muito densa para que as dimensões,
forma, estrutura, conteúdo e demais características pertinentes dos jazigos possam
estabelecer-se ou determinar-se com um alto grau de exatidão, pois com os dados desta
etapa de estudo geológico que é elaborado o estudo de viabilidade técnico económico.

4.3.2 Metodologias utilizado na prospecção dos depósitos secundários

Segundo Moises A. A. (2003) a prospecção dos depósitos secundários de diamantes em


Angola realiza-se na base de quatro fases de prospecção (Tabela 4) e três tipos de malhas:
Geral, Sistemática e Desenvolvimento. Estas malhas (Tabela 3) regulam a distância entre
os poços.

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Tabela 3: Malhas de prospecção

MALHAS TÉCNICAS OBJECTIVOS DISTÂNCIAS


DE POÇOS

PROSPECÇÃO
Geral

Prospecção aluvionar: Descobertas de pontos mineralizados com 200 × 200


400m × 60m – Rios grandes teores significativos
400m × 30m – afluentes

PESQUISA GERAL
Sistemática

Prospecção aluvionar: Controlo de sectores mineralizados com 100 × 100


200m × 60m – Rios grandes determinação e avaliação preliminar da
200m × 30m – afluentes constância, regularidade e extensão dos
depósitos
Desenvolvimento

PESQUISA DETALHADA

Prospecção aluvionar: Delimitação dos jazigos com determinação


50m × 60m – Rios grandes dos teores e avaliação final da constância, 50 × 50
100m × 30m – afluentes regularidade e extensão dos depósitos.

CALCULO DAS RESERVAS

Método dos triângulos Determinação do volume de estéril, cascalho, teor dos


Computarização jazigos (Q/m3) e granulometria (P/Q)

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CAPÍTULO V: CARACTERIZAÇÃO DOS DEPÓSITOS E METODOLOGIA DE


PROSPECÇÃO APLICADA NA ÁREA DE ESTUDO (PROJECTO LUMINAS).

5.1 Caracterização dos depósitos diamantíferos da região do luremo (Luminas).

Segundo Conceição S. (2006), depósitos desta região formaram-se no final do cretácico


superior, fruto da peneplanização verificada e da erosão das anteriores formações num
ambiente mais árido começou a depositar-se a formação kalahari que foi submetida a
intensos fenómenos de laterização. Posteriormente, num clima mais torrencial com grande
aumento da pluviosidade e com grandes ventos formaram-se as colinas e vertentes, fruto da
erosão dos cascalhos das formações Cuango e kalahari nas partes mais altas. Depois
instalou-se a actual rede de drenagem que foi responsável pela deposição dos actuais
terraços, lezírias e mais recentemente das margens, ilhas e actual leito do rio em constante
reconcentração (Figura V.20)

Figura V.20: Esquema representativo dos depósitos secundários (Modificada de Monforte


A., 1960), adaptado pelo autor.

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Os depósitos encontrados na área de estudo (Luminas) estão direitamente ligados as redes


hidrográficas antigas e recentes, Conceição S. (2006).

Depósitos relacionados com a rede hidrográfica antiga:

Formação Cuango;
Formação Kalahari;
Depósitos de colinas.

Depósitos relacionados com a rede hidrográfica actual (actividade mais antiga):


Depósitos de terraço;
Depósitos das lezírias.

Depósitos relacionados com a rede hidrográfica actual (actividade mais recente):


Depósitos das margens;
Depósitos de Ilhas;
Depósito do leito do rio.

5.1.1 Descrição dos depósitos da área de Luminas

Formação Cuango

É o depósito primitivo secundário e reservatório principal dos diamantes, provenientes dos


processos erosivos sobre os kimberlitos. Esta formação é de idade Cretácica média a
Cretácica superior e aflora nos leitos de rios antigos.
A Formação Cuango ocorre da seguinte forma: conglomerados basais com matacões bem
rolados de rochas subjacentes e de quartzo, assim como grés grosseiros com estratificação
entrecruzada, contendo calhaus dispersos. A Formação Cuango apresenta espessura
variável podendo atingir até 50 m, como já foi referenciado no cap.17.
Na área de Luminas, esta formação se caracteriza por apresentar uma espessura variável
apresentando uma espessura média de 3 metros.
A camada mineralizada da formação Cuango é caracterizada por seixos angulosos e sub
angulosos, matriz e cimento argilo – arenoso, coloração rosa pardacenta, acastanhada de
aspecto envelhecido (Figura V.21).

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N S

Figura V.21: Formação Cuango, Foto do autor.

Formação Kalahari

São acumulações de detritos resultantes dos depósitos primários e primitivo secundário, de


idade Eocenica a Pliocénica. Os depósitos da formação Kalahári são pós Calonda e anterior
as formações superficiais, preenche as depressões do Congo, aflorando nas bacias do dos
rios Cuango, Cuilo, Luachimo, Cassai e outros. O grupo Kalahari está caracterizado por:
grés, depósitos argilo – arenosos, cascalhos (por vezes diamantíferos) e areias ocres.
Na área de Luminas esta formação é caracterizada por areias vermelhas, camada laterítica e
conglomerado mineralizado, apresentando uma espessura variável, chegando a atingir 60
metros.

Depósitos de colina

São pequenas elevações de terreno que englobam uma série de depósitos mineralizados a
uma cota superior as do limite morfológico das lezírias.

Normalmente assentam sobre a superfície de aplanação plio-pleistocenica sobre as areias


do kalahari. Apresentam grande interesse económico quando minerizados e assentam
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directamente sobre o complexo de base. O cascalho que os representa é normalmente da


formação calonda.

Na área de estudo estes depósitos englobam uma série de camadas conglomeráticas que
assentam normalmente sobre as formações Kalahari e Cuango ou directamente sobre a
rocha base (Xisto gresoso).

Depósitos de terraço

A sua formação esta relacionada com as alternâncias climáticas que ocorreram durante o
quaternário que originaram a subsistência dos leitos dos rios devido a fase de
rejuvenescimento ou ainda produto do fenómenos de natureza tectónica.

O cascalho que os representa normalmente não denuncia características de transporte


fluvial (estratificação cruzada, graduação vertical e granulometria). Os seixos são
quartziticos, quartzo e calcedonia bem roladas, envolvidos numa matriz argilo-ferruginoso
avermelhado e parcialmente laterizado. Os seixos dentro da matriz aparecem isoladamente
espalhados.

É devido ao cimento vermelho (foculados mistos de alumínio e hidróxido de ferro), que os


solos apresentam uma coloração avermelhada.

Os processos genéticos de deflação (ausência de estruturas sedimentológicas), que


manifestam estes tipos de depósitos podem ser explicados pela relação inversa entre o teor
de diamantes e a espessura das camadas que varia dos 5-500 cm.

Nalguns casos sobre este tipo de depósitos sobrepõem-se algumas camadas de cascalho
pertencentes aos depósitos de vertente (fragmentos de laterites com alguns seixos de
quartzo).

Na área de Luminas, estes depósitos são caracterizados por seixos rolados, matriz arenosa,
estando os clastos mais leves em cima e os mais pesados em baixo (Figura V.22).

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Figura V.22: Depósito de terraço na área de estudo, Fotos do autor.

Depósito de lezíria
Na maioria dos casos datam do quaternário e, apresentam teores económicos bastante
favoráveis a exploração. Normalmente são terrenos alagadas ou inconsistentes com níveis
freáticos próximos da superfície do terreno. Os depósitos de lezíria são secos quando os
níveis de água de rios ou vales estiverem baixos.

O cascalho que os representa é normalmente designado por chanel sand gravel (CSG), ou
cascalho do rio. Os seixos de composição predominante quartzo, quartzitos, ágatas e
fragmentos de granito apresentam-se bem rolados.

Os aluviões normalmente apresentam uma estratificação dos seixos em função as


dimensões das mesmas, cuja serieção de cima para baixo obedece a seguinte distribuição:
sedimentos pelicos, sedimentos arenosos com esparsos seixos de quartzos e quartzitos,
sendo o cascalho mais económicos que assenta na rocha base. Afracção arenosa é branca
amarelada e a argila sobrejacente é de cor de cinza (terra vegetal ou solos com elevado
material orgânica).

Na área de estudo, estes depósitos apresentam camada conglomerática com seixos bem
rolados, matriz arenosa, cimento argiloso e apresentam teores económicos bastantes

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favoráveis a exploração. A camada de estéril é geralmente mais reduzida que o de outros


depósitos (Figura V.23).

Figura V.23: Depósito de Lezíria, foto do autor

Depósitos de leito de rio

Os depósitos de leito resultam de depressões estruturais do leito do rio. A génese desses


depósitos tem muito a ver com as depressões estruturais da região consequentemente do
rio. Estes depósitos podem ser subdividos em:

Meandros com controlo lito – estrutural


Gargantas ou vale estreito e sinuoso.

Nos meandros com controlo lito-estrutural, o percurso dos rios é mais largo e, tende a ser
mais raso, o fluxo da água é mais lento (velocidade aproximada 1000-2000 m3/hora).

Nas gargantas ou vale estreito e sinuoso, o leito rochoso do rio normalmente é regular e
acidentado, provocando o aumento da velocidade do fluxo da água. Essa categoria de
depósito é caracterizada por marmitas profundas ou trapsites no substrato.

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De cheia para cheia (tempo chuvoso), devido a ordem decrescente do peso dos fragmentos
ou detritos erodidos, transportados pelos vários agentes geológicos e depositados no leito
do rio, num trabalho contínuo ocorre a sedimentação dos mesmos de ordem decrescente.
Ajigagem e calibragem das presas capturadas pelas marmitas ou trapsites são feitas em
função a hidrodinâmica do rio (estado de senilidade, maturidade e rejuvenescimento),
variando consequentemente a concentração do cascalho de marmitas para marmita.

O cascalho desses depósitos é essencialmente formado por uma mistura de quartzozas,


com seixos ovóides ou arredondado erupticas e metamórficas, fragmentos de grés
polimorfo do sistema do Kalahari. Anomeclatura do tipo desse cascalho é designado por
cascalho do rio ou CGS (Chanel sand gravel).

Figura V.24: Depósito de leito de rio (Desvio do Rio Cuango), Foto do autor.

Depósitos do leito do rio de particular interesse económico são as denominadas “marmitas”


que se formam nas zonas de rápidos no curso do rio devido a acção mecânica circular dos
fragmentos de rocha e mesmo dos diamantes sobre a rocha base. Essa acção cria as
marmitas (Figura V.25).

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Figura V.25: Marmitas no leito do rio Cuango, Fotos do autor

Depósitos das ilhas

Estão associados a relevos residuais da rocha base (xisto gresoso) localizados nos rios.
Estes depósitos caracterizam-se pelo contínuo enriquecimento do minério devido ao
constante transporte e deposição do material no rio (Figura V.26).

Devido ao facto destes depósitos encontrarem-se na água e sob a água, as informações


sobre os mesmos só são obtidas depois de se fazer a mudança do curso do rio para outro
canal. Geralmente encontram-se elevados teores em diamantes

Depósitos das margens

Este tipo de depósito forma-se nas margens dos rios (Figura V.26), a causa da presença de
algum tipo de barreira geomorfológica que evita que os sedimentos cheguem ate o rio.

A importância económica deste tipo de depósitos vem dado pela cumulação nos mesmos
de materiais provenientes dos depósitos de cotas mais altas em relação com o rio.

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Figura V.26: Depósitos de ilhas e das margens do rio, Foto do autor

A camada de cascalho destes depósitos desperta grande interesse do ponto de vista


económico por ser o último colector do depósito secundário.

De realçar que devemos considerar corpo mineral ou minério, a camada de cascalho


(fracção conglomerática), dos vários depósitos, na sua integra, devido ao alto poder de
reconcentração e remobilização do rio Cuango.

5.2. Origem dos diamantes do Luremo

De acordo com as principais características dos cristais de diamantes da região do Cuango-


Luremo, pode afirmar-se que, esta população de diamantes teve origem longínqua, tendo
sido retrabalhado e ressedimentado em vários períodos geológicos.

Pressupõe-se, segundo Conceição S. (2006), que os diamantes que alimentam as formações


da bacia do Cuango, em particular da região do Luremo, sejam provenientes dos campos
diamantíferos do Lulo, Cacuilo, Cucumbi, a mais de 150 km de distância pois, não se
conhecem até ao momento fontes primárias próximas a área de estudo, (Figura V.27).

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Figura V.27: Possíveis fontes primárias que alimentam a região do Cuango-Luremo


(Modificada de Moisés, A.A. (2003), adaptado por autor

5.3 Metodologia de prospecção aplicada na área de Luremo (Luminas)

Os trabalhos de prospecção na área de estudo foram realizados fundamentalmente com


base em dois métodos:

Geológicos;
Técnicos.

Métodos Geológicos

Na área ocupada pelo Projecto Luminas já foram efectuados pela Diamang trabalhos de
reconhecimento geológico, prospecção, pesquisa preliminar ou geral e pesquisa detalhada
que culminaram em trabalhos de exploração (até 1984). E constatou-se também que a

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demarcação dos blocos feita pela Diamang se baseou em teores de corte elevados (> 0.3 –
0.4 qts/m3).

Partindo das informações acima apresentada, realizou-se um levantamento geológico nas


principais áreas operadas pela diamang, com objectivo de se obter o conhecimento
detalhado sobre a área em estudo e deste modo definir a área a ser prospectada, tendo
como base:

i. Dados de arquivos: fotografias aéreas, cartas topográficas, relatórios, mapas de


prospecção e exploração da Diamang;
ii. Rastos de explorações mineiras da Diamamg e de escavação de garimpeiros.
iii. Botânico: o alinhamento de árvores de grande porte em determinadas áreas
(lezírias), manifestam a existência de paleocanais;
iv. Hidrogeológicos: a presença da rede hidrográfica, de tipo dendrítico. Esta por ser
um dos maiores agentes exógenos, reflete-se na mineralização dos diferentes
depósitos secundários presentes, tendo em conta que ela atravessa vários campos
mineralizados;
v. Tectónico: alinhamento dos cursos dos rios secundários perpendicular ao rio
Cuango;
vi. Litológico: existências de grandes espessuras de areia branca, em determinados
locais, reflectem a presença de paleocanais;
vii. Geomorfológico: existência de um relevo acidentado, modelado por uma rede
fluvial bem desenvolvida.

Todas informações recolhidas no campo possibilitou seleccionar e definir a área a ser


prospectada. E tomando em consideração que área de Luminas é uma área não virgem, o
presente trabalho de prospecção realizou-se segundo o princípio das aproximações
sucessivas em duas etapas fundamentais:

i. Pesquisa geral;
ii. Pesquisa detalhada.

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Pesquisa geral
O objectivo fundamental desta fase consistiu em estabelecer as principais características
geológicas (dimensões, configurações e estrutura). Com as informações desta fase de
estudo geológico foi possível elaborar o pré-estudo de viabilidade económico.
Partindo das áreas e sectores definidos pelos pontos mineralizados, descobertos e
demarcadas pela Diamang, fez-se a delimitação inicial do jazigo mineral.
Os métodos empregados nesta fase de estudos geológicos são trincheiras e sondagem.
A malha sistemática aplicada nesta fase é quadrada de 200 m × 200 m para linha base e
100 m × 100 m para os poços, com a finalidade de se determinar, aproximativamente, a
constância, regularidade e extensão das zonas mineralizadas, assim como a forma de
distribuição dos teores.
A partir desta malha obtem-se uma serie de poços de teor considerado pagante, torna-se
indispensável a implantação de linhas intermédias a 100 m para verificação, por meio de
abertura de poços da continuidade da mineralização diamantífera.
Nas linhas dos poços de teor economicamente explorável, abriu-se dois poços a 50 metros,
para cada lado daqueles, em quanto que nas linhas intermédias se procurou colocar três
poços a distâncias de 60 m e que ficando a proximamente nas vizinhanças dos três poços
antigos.

Pesquisa detalhada
Os trabalhos de pesquisa geral revelaram com sucesso a continuidade de mineralização
diamantífera, o que motivou prosseguir os trabalhos de pesquisa, de modo aobter-se
elementos que permitiram definir melhor o valor económico da zona, este facto somente
foi possível a partir de redução das áreas de influência dos poços, encurtando as distâncias.

Nesta fase de pesquisa fez-se a delimitação do jazigo mineral de forma tridimensional, com
base nos resultados das amostras de trincheiras, retirados dos vários pontos da área do
jazigo.

Nesta se aplicou uma malha de desenvolvimento de 100 m × 100 m para distâncias entre
linha base e 50 m × 50 m para distância de poços, esta malha foi frequentemente apertada
de forma a permitir um quadro de informações com um grau de confiança maior
permetindo deste modo estudos geológicos que foi elaborado estudo de viabilidade técnico
económico do jazigo.

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Amalha utilizada sensivelmente quadrada, é a que mais vantagens têm mostrado para a
delimitação dos jazigos.

Abertura de trincheiras de amostragem, nesta fase de pesquisa detalhada, foi considerada


suficiente para elucidar sobre a distribuição dos teores e para definir, com bastante clareza,
a extensão dos jazigos Monforte A.(1997).

Métodos técnicos
Os trabalhos de pesquisa realizaram-se com aplicação de varias técnicas dentre elas:
i. Sondagem;
ii. Amostragem.

Sondagem

A Sondagem Geológica tem por objectivo abordar as rochas em profundidades que não
possam ser atingidas por trincheiras, dependendo dos objectivos do estudo de Pesquisa
Mineral e a mesma pode ser sistemática ou assistemática (eventual),
As Sondagens sistemáticas obedecem a uma Malha de Sondagem definida por perfis (ou
secções) geológicos transversais e longitudinais ao “trend” principal objecto da pesquisa
mineral.
A pesquisa por sondagem tem como objecto fundamental determinar a presencia ou
ausência de zonas mineralizadas e obter uma ideia preliminar sobre a lei e extensão da
zonas. Em linhas gerais as perfurações ou sondagens mineiras podem classificar-se em
dois grandes grupos:
Com obtenção de testemunho
Sem obtenção de testemunho
Dos métodos de perfuração convencionais, se destacam três:
Perfuração a rotação com coroas de diamantes;
Perfuração a rotação com triconos;
Perfuração por rota percussão.

A eleição de um ou outro método, vai depender da geometria do corpo mineralizado, da


qualidade das amostras pretendidas, da profundidade e diâmetro de perfuração, do ponto
topográfico para posicionar a máquina, e o tamanho e condicionantes da mesma.

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Na área de estudo utiliza-se o método de perfuração a rotação atrado mecanizado. A


perfuração com trado é um método mecânico para a execução rápida e barata de furos de
grande diâmetro em solos e rochas moles.

O método tem muitas vantagens, entre as quais as mais importantes são:


Alta velocidade de penetração;
Obtenção de grande volume de material em pouco tempo (testemunho com sua
textura própria alterada);
Não é necessário fluxo de limpeza, o que elimina a necessidade de um compressor
ou bomba de lavagem;
Nível de ruído mais baixo.
A sondagem realizou-se sequencialmente obedecendo os passos a seguir:

Linha base

Linha que se implanta numa das margens do curso de água ou paleocanal a prospectar e
geralmente paralela a direcção média do rio, de preferência na parte menos arborizada
adjacente a vertente da colina.

Técnicas de abertura de linha base

Tratando em rios largos impossíveis de serem atravessados a vau, torna-se necessário a


implantação de duas linhas base situada em cada uma das suas margens, o que constitui o
chamado sistema dos rios grandes. Na zona de estudo o rio cuango é o principal e único rio
deste género onde são aplicadas estas técnicas.

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Figura V.28: Exemplo de implantação da linha base em rios atravessaveis a vau


(Extraído de Monforte A. 1997), adaptado pelo autor.

Em quanto que para pequenos rios basta a penas uma linha base, será o sistema de rios
pequenos (Figura V.31).

No caso de várias linhas de água próximas umas das outras deve-se, sempre que possível,
implantar uma única linha base que servirá, inclusive, pequenos tributos.

A ideia pretendida é a economia de linhas no terreno e, consequentemente, nas cartas


mensais dos trabalhos.

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Figura V.29: Exemplo de implantação da linha base em rios não atravessáveis a


vau (Extraído de Monforte A. 1997), adaptado pelo autor

Linha de poços
As linhas de poços são normalmente perpendiculares a linha de base, onde são implantadas
os poços de prospecção.

A numeração das linhas de poços faz-se tomando apenas o número que representa as
centenas. Se a este número adicionar-se dois zeros obtêm-se a distância ao ponto de origem
da linha base.

As técnicas a qui apresentadas são as que foram aplicadas na área de Luminas, pois o
trabalho de pesquisa que esta dissertação apresenta realizou-se nos pequenos afluentes do
rio cuango, tais como: rio luremo, e rio cangau.

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Figura V.30: Representação da linha base e linha de poço, realizada na área de


luminas, foto do autor

Poços de Pesquisa

Os poços de prospecção ou pesquisa são de um modo geral circulares e tem em regra 20


centimetros de raio. Estes poços podem ser abertas manualmente ou por sondas,
dependendo da espessura do estéril ou profundidade em que se encontra o cascalho.

Este último é o caso da área de Luminas, onde o cascalho pode se localizardo profundidade
a mais de 25 metros.

A abertura de poços de prospecção foi feita com a sonda “SAMIL-50“ (Figura V.31), que
suporta um trado ou haste de 2 metros de comprimento e 24 cm de diâmetro, que pode
atingir uma profundidade média de 60 metros ou mais.

Na zona de estudo a aplicação da sondagem foi com a finalidade de detectar a possível


presencia de cascalho em profundidade e a delitação de vários blocos apois a determinação
dos respectivos teores.

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Figura V.31: Sonda SAMIL-50 utilizada na prospecção, foto do autor

Com aplicação da metodologia e Técnicas apresentada foi possível determinar e delimitar


quatro Blocos nomeadamente: Bloco Luremo Este, Bloco Luremo Oeste, Bloco Quizamba
e Bloco Cangau.

Bloco luremo este

O Bloco Luremo Este, localiza-se a este do rio Luremo, afluente do rio Cuango, e ocupa
uma área de 115.012 m2. Neste Bloco foram aberta seis linhas de poços e ao longo desta
realizadas 25 furos de sondagem (Tabela 4), destes resultaram em 17 poços positivos
(pontos em amarelos) e 8 poços negativos (pontos em vermelho) figura V.32, e com base
na interpretação dos dados foi possível retirar os dados de sondagem como: espessura
média de estéril de 23,82 m, espessura média de cascalho de 2,00 m e um teor de
0,250qts/m3, partir destes da foi possível fazer a delimitação e estudos de viabilidades
técnico ecconómico do presente bloco.

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TABELA 4 – DADOS DE PESQUISA DO BLOCO LUREMO ESTE

Bloco: Luremo Este Rocha base: Xisto gresoso

Tipo de depósito: Cuango Sector: Cuango


2
Area do bloco: 115.012 m Rio: Luremo
Linha de Numero de Metros de Espessura Espessura de
Poços Poço profundidade de Estéril cascalho(m)
(m) (m)
61 27,50 2,50 N.T.C
62 9,00 5,00 4,00
63 17,00 12,00 2,00
L-0 64 19,50 18,20 1,50
65 13,00 11,50 1,50
66 17,00 15,00 200
67 13,50 11,50 2,00
68 19,40 11,40 N.T.C
69 16,50 14,00 2,50
70 16,50 15,00 2,00
L-1 71 22,00 20,50 1,50
72 20,50 19,00 1,50
73 20,50 18,50 2.00
74 20,00 20,00 N.T.C
78 21,80 20,30 1,50
L-2 79 28,00 26,00 2,00
80 31,00 29,00 4,00
81 38,00 35,00 3,00
L-3 82 33,00 33,00 N.T.C
83 34,50 34,50 N.T.C
L-4 84 30,50 19,00 2,50
85 21,00 36,50 2,50
86 38,00 19,00 N.T.C
L-5 87 39,00 39,00 abandonado
888 38,00 38,00 abandonado
TOTAL 23,0 - 536,40 30,50
MÉDIA - - 23,82 2,00

A delimitação (contorno zero) dos Blocos realizou-se, unindo com linhas rectas todos
poços positivos ou seja que apresenta uma espessura de cascalho maior ou igual a 1 metro.

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Figura V.32: Bloco Luremo este (imagem cedida pela Luminas), adaptado pelo autor

Para melhor se comprender a distribuição e variabilidade da espessura de cascalho, assim


como a morfologia do paleocanal, foram realizadas perfis de sondagem longitudinais e
transversais, ao longo dos quais pode ser observarvada a variação da espessura de cascalho
que possivelmente esteja ligada a constância irregularidade da rocha base e este a
tectonica.

No perfil de sondagem da figura V.33, realizou-se um corte longitudinal A-B em relação


ao rio Luremo, onde se observou, pouca variação da espessura de cascalho, mais há uma
grande irregularidade na morfologia do paleocanal e possivelmente da rocha base, como se
pode verificar que cada um dos poços no perfil interceptou a camada de cascalho a
profundidades diferentes.

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Figura V.33: Perfil de sondagem A-B, demonstrando a variação da camada de cascalho esquema referente ao bloco Luremo Este, imagem do

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Bloco Luremo Oeste


O Bloco Luremo Oeste localiza-se na parte oeste do rio Luremo, ocupa uma área de
164.347 m2. Realizou-se abertura de cinco linhas de poços, foi perfurado 24 poços de
sondagem (Tabela 5), destes 16 poços são positivos (pontos em amarelo) e 8 poços
negativos (pontos em vermelho) figura V.34, partir destes foi possível retirar os seguintes
dados: espessura média de estéril de 26,50 m, espessura média de cascalho de 3,10 e teor
de 0,201qts/m3, que foram preponderantes para delimitação deste Bloco, o estudo de
viabilidades económicas.

Tabela 5 – Dados de pesquisa do bloco luremo Oeste


Bloco: Luremo Oeste Rocha base: Xisto gresoso
Sector: Cuango Tipo de depósito: Lezíria
Area do bloco: 164.347 m2 Rio: Luremo
Linha de Numero de Métros de Espessura média Espessura média de cascalho
Poços Poço profundidade (m) de esteril (m) (m)
28 18,00 18,00 N.T.C
L-0 29 17,40 12,90 4,50
30 18,50 16,00 2,00
31 10,10 8,10 2,50
32 17,50 17,50 N.T.C
33 23,50 23,50 N.T.C
L-1 34 27,00 25,00 2,00
35 28,60 26,60 2,00
36 24,00 18,00 8,00
37 29,08 25,00 4,08
38 33,00 33,00 N.T.C
39 35,10 31,10 4,00
L-2 40 28,60 26,60 2,00
41 29,70 9,60 0,10
42 9,70 9,60 0,10
43 32,50 32,50 Abandonado
44 36,00 33,00 3,00
45 35,50 31,30 4,20
46 38,90 35,00 3,90
L-3
47 34,00 34,00 N.T.C
48 33,40 33,40 N.T.C
49 37,00 35,00 2,00
L-4 50 40,00 40,00 Abandonado
51 15,20 15,20 2,00
TOTAL 30 - 701,6 54,18
MÉDIA - - 26,50 3,10

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Figura V.34: Bloco Luremo Oeste (image cedida pela Luminas), adaptado pelo autor

O perfil de sondagem que se apresenta na figura V.35, foi obtido realizando um corte
Transversal C-D em relação ao rio Luremo. O mesmo possibilitou observar, uma variação
na espessura de cascalho ao longo do perfil que vai de 2,00 metros nos poços F35 e F36,
apresentando um aumento brusco de 6,00 metros e 4,00 metros respectivamente nos poços
F37 e F 38, em quanto que o F39 foi abandonado por chegar a uma profundidade de 32,50
sem interceptar a camada de cascalho.

A rocha base apresentou-se bastante fracturada com uma grande irregularidade na


morfologia do paleo canal que possivelmente esteja relacionado com o tectonismo que
afectou a área.

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OESTE ESTE

LUREMO OESTE

Figura V.35: Perfil de sondagem C-D, mostrando a variação de espessura de cascalho esquema referente ao bloco Luremo weste, imagem do autor

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Bloco Quizamba
Este Bloco localiza-se na margem do pleocanal do rio Quizamba, um afluente do rio Cuango, a
área do bloco é de 261.329m2.
Na pesquisa deste Bloco realizou-se abertura de um total de seis linhas de poços, perfurou-se 37
furos (Tabela 6) de sondagem, entre estes 28 poços são positivos (pontos em amarelo) e 9 poços
negativos (pontos a vermelho), figura V.37, onde foi possíveis extrair dados como: espessura de
estéril de 18,00 m, espessura média de cascalho de 3,70 m e teor de 0,151 qts, que foram
preponderantes para delimitação deste bloco, estudo de viabilidades económicas.

Tabela 6 – Dados de prospecção do Bloco Quizamba


Bloco: Quizamba Rocha base: Xisto gresoso
Sector: Cuango Tipo de depósito: Cuango
Area do bloco: 261.329 m2 Rio: Luremo
Linhas de Poços Numero Poço Metros de Espessura média de Espessura média
profundidade(m) esteril de cascalhol(m)
84 12,50 9,50 4,00
85 8,50 7,00 1,50
L-0 86 10,00 6,00 4,00
87 9,00 7,00 200
88 6,00 6,00 N.T.C
89 6,50 5,80 0,70
90 17,50 11,50 6,00
91 19,00 14,00 5,00
92 18,00 14,00 4,00
L-1 93 16,00 14,00 2,00
94 17,00 12,00 1,00
95 11,50 11,00 0,50
96 18,00 13,00 4,70
97 25,00 17,00 8,00
98 26,00 20,00 6,00
99 26,40 20,00 6,40
100 24,20 20,00 4,20
L-2 101 21,00 19,00 2,00
102 20,00 20,00 N.T.C
103 29,30 22,50 6,08
104 32,80 26,80 6,00
105 32,00 28,00 4,00
106 31,50 26,70 4,80
107 28,70 26,70 2,00
L-3 108 18,00 18,00 N.T.C
109 18,30 18,30 N.T.C
110 22,00 22,00 N.T.C
111 30,00 30,00 N.T.C
112 35,00 33,00 2,00
113 41,30 37,80 3,50
L-4 114 35,00 33,00 2,50
115 34,00 31,00 3,00
116 33,70 32,00 1,70
L-5 117 38,40 36,40 2,00
118 34,00 34,00 N.T.C
119 35,50 35,50 N.T.C
120 27,00 27,00 N.T.C
TOTAL 37 - 670 76,70
MÉDIA - - 18,00 3,70

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Figura V.36: Bloco Quizamba (imagem cedida pela Luminas), adaptado pelo autor

O perfil de sondagem que se apresenta na figura V.37, resultou do corte E-F realizada
longitudinalmente em relação ao rio Luremo e transversal ao rio Quizamba. No mesmo se
pode observar, uma variação da espessura de cascalho que vai crescendo do F95 com 0,30
metros de espessura, verificando um aumento brusco no poço F97 8,00 metros de
espessura e uma constância nos poços F98 e F99 com uma espessura de 6,40 metros. Este
variação deve-se possivelmente uma constante irregularidade na morfologia do paleo
canal.

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Norte
Norte Sul
Sul

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Figura V.37: Perfil de sondagem E-F, mostrando a variação de espessura de cascalho, esquema referente ao bloco Quizamba, imagem do

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Bloco Cangau
O Bloco Cangau localiza-se na margem do paleocanal do rio Cangau, afluente do rio
Cuango, tem uma área de 167.934 m2.
Na pesquisa deste Bloco realizou-se abertura de Oito linhas de poços, foram feitas 36 furos
de sondagem (Tabela 7), destes resultaram em 24 poços positivos (pontos em amarelo) e
12 poços negativos (ponto a vermelho), figura V.38 onde foi possível retirar os seguintes
dados de sondagem: espessura de estéril de 22,30 m, espessura de cascalho de 1,75 m e um
teor de 0,221qts/m3, com estes dados foi possível delimitar o bloco, estudo de viabilidades
económicas.
Tabela 7 – Dados de prospecção Bloco Cangau
Bloco: Cangau Rocha base: Xisto gresoso
Sector: Cuango Tipo de depósito: Terraço
Area do bloco: 167.934 m2 Rio: Luremo
Linha de Poços Numero Metros de Espessura média Espessura média de cascalho
Poço profundidade(m) de esteril(m) (m)
200 17,00 17,00 N.T.C
L-0 201 9,50 9,50 N.T.C
202 22,50 20,50 2,00
203 24,50 22,50 2,00
204 19,00 18,00 1,00
205 21,00 21,00 N.T.C
L-1 206 21,50 19,50 2,00
207 25,50 22,50 3,00
208 21,60 19,80 1,80
209 27,50 25,50 2,00
2010 28,00 26,00 2,00
L-2 211 24,00 22,50 1,50
212 23,00 23,00 2,00
213 31,50 29,00 2,50
214 31,50 30,00 1,50
215 27,00 25,00 2,00
L-3 216 38,50 38,50 N.T.C
217 34,00 32,50 1,50
218 29,00 28,00 1,00
219 21,00 20,50 0,50
220 36,50 36,50 N.T.C
221 29,30 29,30 N.T.C
L-4 222 34,00 32,50 1,50
223 29,30 29,00 0,30
224 21,00 19,00 2,00
225 21,00 21,00 1,50
226 32,50 31,00 N.T.C
L-5 227 25,00 25,00 N.T.C
228 27,70 27,70 N.T.C
229 16,00 15,00 1,00
L-6 230 19,00 16,50 2,50
231 22,00 20,50 2,00
232 21,00 18,50 1,50
233 22,00 22,00 1,00
L-7 234 15,00 15,00 N.T.C
235 15,00 15,00 N.T.C
TOTAL 37 - 829,90 29,80
MÉDIA - - 22,30 1,101

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Figura V.38: Bloco Cangau (imagem cedida pela Luminas), adaptado pelo autor.

No perfil de sondagem apresentado na figura V.39, realizou-se um corte longitudinal G-H


em relação ao rio Luremo e Cangau respectivamente, neste corte foi possivel observar, a
pouca variação da espessura de cascalho que se manteu praticamente constante a 2.00
metros nos poços F202 e F209 havendo uma diminuição na espessura (1,2 m) nos poços
F214, F218 e F224 respectivamente, que possivelmente se deve devido a pequena
irregularidade na morfologia do paleocanal.

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Figura V.39: Perfil de sondagem G-H, mostrando a variação da espessura de cascalho, esquema referente ao bloco Cangau, imagem

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Amostragem
Amostragem é um conjunto de procedimentos que se realiza com o propósito de retirar
uma parcela representativa (densidade, teor, distribuição granulométrica, constituintes
minerais) de seu universo.
A importância da amostragem é de estabelecer a qualidade do mineral útil ou suas rochas
encachantes, ressaltada principalmente quando entra em jogo a avaliação de depósitos
minerais, o controle de processos em laboratório e na indústria, bem como o controle de
qualidade na comercialização de produtos. Uma amostragem mal conduzida pode resultar
em prejuízos consideráveis ou em distorção dos resultados com consequências técnicas
imprevisíveis, sendo assim como condição de obtermos uma média próxima da realidade é
aconselhável recorrer ao número possível de amostras. Esta tem como objectivos gerais de
amostragem:
i. Estudo da qualidade da matéria-prima mineral principal
ii. Traçar limites do corpo e esclarecer a sua estrutura interna (se é gradual a transição
entre a mina a sua rocha encaixante estéril)
iii. Estabelecer as regularidades da variação espacial da qualidade da matéria-prima
mineral
iv. Assegurar o conjunto de perdas e diluição (empobrecimento) da mina durante a
exploração
v. Estender os certificados para a matéria-prima no concentrado

Tipos de amostragem

Amostragem Química: tem como objectivo determinar a composição química do mineral


ou rocha encaixante.

Amostragem Mineralógica: se realiza com o objectivo de estabelecer a composição


mineralógica do mineral ou rocha encaixante, assim como sua particularidades textuais e
estruturais.

Amostragem Técnico: se realiza para determinar a composição física do mineral

Amostragem Tecnológica: se efectua para verificar o comportamento de um determinado


material no processo tecnológico.

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Formas de amostragem

Conceptualmente existem três tipos ou formas básicas de amostragem (Koche Link, 1970)

- Amostragem aleatória

- Amostragem Estratificada

- Amostragem Sistemática

Métodos de amostragem
- Transversal
- Canal contínuo
- Em escavações mineiras - Pontual
In situ - Canaldescontinuo
- Afloramentos - Volumétrica

No mineiroarrancado ou material elaborado

5.1.2 Amostragem de grande volume

Se realiza amostragem de grande volume em jazigos de muita baixa lei a alto valor
económico (exemplo, diamantes, ouro ou platino) nos quais pequenas deslocações
(desvios) na lei podem ter efeitos críticos.

Os objectivos deste método, em geral com grande custo económico, são muito variados: a
definição, a mais exacta possível, das leis ou teores do depósito, obtenção de amostras
representativas para realizar ensaios metalúrgicos em planta piloto, a caracterização
geomecanica com maior detalhe do depósito.

Na área de Luminas, para a tomada de amostras de grande volume, realiza-se duas a três
trincheiras de 100 × 20 m, ou seja 100 metros de comprimento e 20 metros de largura, com
profundidades variadas dependentes das espessuras de estéril e do cascalho, onde é tomada
em média um volume de cascalho de 900 m3 a 1000 m3 (amostragem de grande volume).

Distância entre trincheiras, em média de 100 metros, podendo variar em dependência do


grau de confiabilidade definido para o bloco da Diamang em estudo.

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Amostragem com retiradas amostras das trincheiras foi feita com objectivo de
identificação de:

i. Espessura do estéril em metros


ii. Espessura do cascalho em metros
iii. Litologias de cascalho
iv. Tipo de rocha base.

Figura V.40: Trincheira de amostragem de grande volume, Foto do autor.

Partir da importância de se conhecer os tipos de rochas aflorantes e suas respectivas


litologias houve a necessidade de se fazer o mapeamento geológico da trincheira.
O mapeamento realizou-se em etapas, sendo a primeira operação antes da documentação
foi a limpeza do fundo da trincheira e suas paredes. Logo realizaou-se a marcação da
trincheira por intervalos de 25 metros, utilizando com este objectivo um cordão de
orientação com marcas.
Este cordão se estendeu ao largo da parede longitudinal da trincheira e serveu para as
medições necessárias da superfície que se vai documentar e para o amarre dos pontos de
interesse no esquema.
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Depois de realizadas ditas medições se desenham a escala adoptada os contornos da


superfície em questão.

Figura V.41 Instalação de Piquetes em uma parede de trincheira aberta da figura V.36.
A equidistância estabelecida é de 25,0 m, Figura do autor.

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Figura V.42 Interpretação geológica da trincheira da figura VII.36, Figura do autor.

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Realizou-se o mapeamento da trincheira, concretamente das paredes, pois a estrutura das


rochas apresentam-se sub-horizontais. Verificou-se que o fundo da trincheira é constituida
por rocha do tipo xisto gresoso (rocha base da região), enquanto que nas paredes
constatou-se da rocha base até 2,00 metros constitui formação cuango(cascalho), deste até
6,00 metros constitui calahari inferior e deste ao topo 14,00 metros constitui o calahari
superior

5.4 Tratamentos das amostras de grande volume

As amostras de grande volume são tratadas na Lavaria de Beneficiamento do Minério,


propiciando testes com alta representatividade.

O tratamento do cascalho é o conjunto de operações que tem como a finalidade a obtenção


de substâncias úteis – economicamente rentáveis, neste caso o diamante.

Na concessão Luminas, existe um tipo de lavaria acoplado, ou seja, constituído por lavaria
de pré-tratamento e lavaria do meio denso (MDS), os quais em conjunto fazem o
contributo pra obtenção do diamante.

5.4.1 Lavaria do pré-tratamento

Esta lavaria, faz o tratamento do cascalho com a finalidade de obtenção do grão ou


concentrado. Esta constituída por vários elementos que ao seu conjunto forma o sistema de
tratamento.

5.4.2 Funcionamento da lavaria do pré-tratamento

O cascalho vindo do local de amostragem é descarregado na reserva (stock poill) pelos


camiões articulados 725 e 730, (10m3 e 12m3), e é retirado da reserva por maquinas 966,
950 ou 938, todas essas maquinas também chamadas pá-carregadeiras e descarrega o
cascalho na tremonha.

Na tremonha começa-se a primeira separação através da grelha, eliminando o material


superior a 150mm, que desce através de uma caleira e vai ao depósito deste (oversize). O
material com granulometria de 150mm junto com o cascalho, com auxílio da água à
pressão vindo do monitor hidráulico, empurra cascalho da tremonha para cachimbo e deste
para o lavador. No lavador o cascalho é lavado e desagregado formando assim uma polpa,

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que passa pelo trommel, equipado com 3 tipos de redes. Neste órgão começa também a
classificar a polpa, recuperando o material superior de 1mm à 30mm, eliminando assim o
material menor de 1mm (finos ou lamas) e o superior que 30mm (rejeitado ou oversize),
que desce para a correia de rejeitado.

O produto superior que 1mm à 30mm, já toma o nome de grão e passa para os dois crivos
que recebendo este produto, o de granometria de 10 à 30mm, passa na malha de redes de
cima, já o de granometria superior de 1mm à 9mm passa na malha de baixo, isto para
facilitar a melhor lavagem do mesmo (grão), visto que os crivos tem a função de lavar o
grão e classificar.

Recuperando o grão de 1.58mm à 30mm, passa para a correia transportadora do grão e daí
irá deposita-se no silo do grão.

O produto menor que 1.58mm é considera finos, este vai descendo para a caixa de finos,
daí para as bombas com o mesmo nome que os lançam para fora. O oversize eliminado na
tremonha e o rejeitado (oversize) do trómmel, é estocado (guardado) numa área própria
para futuro retratamento.

Figura V.43: Lavaria pré-tratamento de amostras de grande volume, Foto do autor

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5.4.3 Lavaria do meio denso (DMS)

A separação por meio denso se baseia na diferença de densidade existente entre os


minerais presentes. A diferença reside no fato de se utilizar um meio fluido com densidade
intermediária à dos minerais considerados para realizar a separação. Esse meio é obtido
através da dissolução de sais em água ou pela dispersão também em água de partículas
finas de material com elevada densidade (ferro silício). Apresenta boa eficiência apenas
para material liberado em granulometrias mais grosseiras. Os equipamentos mais usados
são os tambores, cones e centrifugadores.
Na área de Luminas a lavaria do meio denso faz o tratamento do grão vindo da lavaria de
pré-tratamento com a finalidade de obtenção do concentrado. Está constituído por vários
elementos que também o seu conjunto forma este sistema de tratamento.
Concentrado é o produto (diamantífero) que se caracteriza por um maior conteúdo de
componente útil, neste caso o diamante.

5.4.4 Funcionamento de lavaria de meio-denso (DMS)

O grão vindo do silo do grão, é transportado, através da 2ª correia do grão, até ao crivo de
pré-lavagem, que tem a função de lavar o grão a ser tratado no meio denso. Este por sua
vez, passa para o silo colector ou caixa de mistura, na qual o grão é misturado com o meio
denso.

A bomba do ciclone tem a função de bombear a mistura de grão, água e Fe-Si, para o
ciclone principal para efectuar a separação. O ciclone sendo o órgão que dá o nome a
lavaria (420mm), é o principal e, faz a separação do produto que recebe da bomba do
ciclone densimetricamente ou seja por densidade meio. Este produto ao entrar o ciclone,
ganha uma pressão, devido do afunilamento da boca de entrada do ciclone, que facilita
formar dois movimentos simultâneos contrários dentro do ciclone. O primeiro movimento
(o afundado ou + denso), este produto resultante deste movimento o também chamado de
concentrado, irá sair no bico (spigot) do ciclone, daí para o crivo sink, do sink vai para a
caixa do concentrado. E, o segundo movimento centrífuga, o seu produto chamado
rejeitado vai para o vértice do ciclone e daí para o crivo float.

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Figura V.44 - Lavaria do meio denso (DMS), Foto do autor

Findo este etapa já com a obtenção do concentrado passou-se a fase de escolha manual
(Picagem), lavagem dos diamantes através do ácido hidro-florídrico, em seguida pesagem
e classificação.

Nesta fase obteve-se dados como: número de pedras por amostra, quantidade de diamantes
por metros cúbicos de cascalho amostrado em cada poço ou sanja, peso de cada pedra
(qts). Sequencialmente e de uma forma resumida serão apresentado tabelas com todos
dados proveniente da lavaria resultado dos quatros blocos que foram delimitados na área
de Luminas E que consequentemente permitiram fazer o calculo de reservas dos referido
blocos.

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5.2.4.1 Resultado de amostragem dos Blocos

Tabela 8: Dados de amostragem do bloco Luremo Este

Volume de cascalho Pedras Quilátes Teor


(m3) (Qts) (Qts/m3)

230.024 230.024 57.506 0,250

Tabela 9: Dados de amostragem do bloco Luremo Oeste

Volume de cascalho Pedras Quilátes Teor


(m3) (Qts) Qts/m3

509.476 205.828 51.457 0,101

Tabela 10: Dados de amostragem do bloco Quizamba

Volume de cascalho Pedras Quilátes Teor


(m3) (Qts) Qts/m3

966.917 1468 Qts 550,600 0,151

Tabela 11: Dados de amostragem do bloco Cangau

Volume de cascalho Pedras Quilátes Teor


(m3) (Qts) Qts/m3

293.885 118.729 29.682 0,101

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5.5 Delimitação e Selecção dos blocos

Bloco: é uma área mineralizada, limitada com base nos teores obtidos nos poços ou
trincheiras de prospecção, considerados económicos para a exploração e que constituam
reservas.

A delimitação dos blocos fez-se, respeitando os seguintes parâmetros económicos


proveniente do campo e da lavaria:

Espessura de cascalho
Tamanho de pedras
Teor médio do bloco
Strip Ratio (S/R)

Para a delimitação dos blocos, foi usado o método das áreas de influência ou das áreas
medias. A avaliação de recursos segundo este método é feita na suposição de que certos
segmentos, áreas ou blocos do depósito mineral em estudo são similares geológica e
tecnologicamente a outras porções do mesmo depósito.

Este método oferece muitas vantagens pois pode ser aplicado a qualquer estágio de
desenvolvimento mineiro do depósito:

Na fase inicial de pesquisa, visando estabelecer a potencialidade do deposito


Em estágios mais avançados, quando podem ser necessárias correcções nas
reservas da lavra, por permitir uma rápida e continua avaliação dos dados.
Na avaliação de recursos inferidos, pela simples extensão das características
medias, de teor e espessura, para partes pouco ou nada conhecidas do depósito.

A partir da identificação, no mapa de prospecção a escala conveniente (1: 2000), dos poços
com teores superiores ao “cut off (0,2)” que se considere e dos poços negativos localizados
dentro da área de maior interesse, define-se o contorno do bloco, fazendo passar uma recta
entre os poços extremos positivos e os poços externos negativos, obtendo desta forma o
bloco.

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5.5.1 Calculo de reservas

A avaliação de recursos segundo este método é feita na suposição de que certos segmentos,
áreas ou blocos do depósito mineral em estudo são similares geológica e tecnologicamente
a outras porções do mesmo depósito. O método pode ser utilizado na avaliação de recursos
para todos os tipos de depósitos minerais, porem Yamamoto J. K. (2001) afirma que é mais
apropriado para depósitos tabulares, acamados (tais como os depósitos secundários de
diamantes) e placeres de grande porte. Em outras palavras, o referido método é aplicável
em depósitos com a distribuição uniforme de teores e/ou com geometria simples (o caso
dos depósitos secundários de diamantes).

5.5.2 Sequência da elaboração do cálculo de reservas

O cálculo das reservas realizou-se em fases segundo a sequencia que a seguir se apresenta:

i. Aquisição de dados de campo ou seja geológicos (Área do poço, Espessura do


Estéril, Espessura do Cascalho, Volume do cascalho).
ii. Aquisição de dados na lavaria ou seja produtivos (Quantidades de pedras e total de
quilates).
iii. Trabalhos de gabinete

Delimitação dos blocos, cálculo de reservas, avaliação económica dos Blocos.

O cálculo de reservas propriamente dito foi feito de acordo a uma sequência inicialmente
concebida por Chamberlain I.C.L. (2004) e depois modificada e adaptada pelo autor. As
fórmulas utilizadas para o respectivo cálculo de reservas são tabeladas e apresentadas no
anexo.

Baseado na metodologia acima descrita o autor adaptou com apoio das funcionalidades da
folha de cálculos do programa EXCEL, a construção do denominado “Block Master
Luremo” que permitiu a realização dos cálculos de reservas para diferentes variantes de
dados iniciais, evidenciada nas tabelas acima. De qualquer forma, não são detalhados com
maior alcance as fórmulas utilizadas porque carecem de outro estudo, com outra
abrangência, em trabalhos estritos de avaliação económica que não é objectivo deste
trabalho, embora para referência foram utilizados.

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Antes de apresentar a tabela é necessário lembrar o significado de:

Factor de empolamento do estéril: é o aumento de volume verificado no estéril,


após a operação de desmonte.

Factor de empolamento do cascalho: é o aumento de volume que se verifica no


cascalho, após a extracção do cascalho.
Factor de diluição do cascalho: É o coeficiente utilizado para a recuperação do
diamante infiltrado na rocha base.

5.5.3 Avaliação das reservas dos blocos


A seguir apresentam-se os resultados obtidos na avaliação dos quatro blocos delimitados.

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Tabela 12: Reservas Insitu


BLOCO Tipo de Área Espessura Espessura Volume de Volume de Teor Número de Total de Strip Ratio Tamanho Preço Valor do
depósito (m2) de estéril de cascalho estéril cascalho Qts/m3 pedras quilates S/R médio ( ($) /Qts) Bloco
m m m3 m3 Q/P
LUREMO ESTE Formação 115.012 23,82 2,00 2.739.586 230.024 0,250 230.024 57.506 11,91 0,250 300 17.251.800
cuango
LUREMO Cuango 164.347 26,50 3,10 4.355.196 509.476 0,201 205.828 51.457 8,55 0,250 230 11.835.121
OESTE
QUIZAMBA Cuango 261.329 18,00 3,70 4.703.922 966.917 0,151 584.018 146.005 4,86 0,250 300 43.801.354

CANGAU Cuango 167.934 22,30 1,75 3.744.928 293.885 0,221 118.729 29.682 12,74 0,250 230 6.826.937

TOTAL/média
dispunivel - 177.155 22,65 2,63 3.885.908 500.076 0,206 284.650 71162,5 9,52 0,250 265 19.928.803

Tabela 13: Minerio Empoladas e Diluidas


BLOCO Tipo de Área Espessura Espessura Volume de estéril do Volume de Cascalho do Quilates Strip Ratio Tamanho Preço
depósito (m2) de estéril de cascalho bloco empolado – m3 bloco empolado e diluído (Empolados e S/R médio ( ($) /Qts)
m m (m3) Diluídos) / m3 Q/P
LUREMO ESTE Formação 115.012 23,82 2,00 3.835.420 328.934 0,252 11,660 0,250 300
cuango
LUREMO Cuango 164.347 26,50 3,10 6.097.274 705.049 0,068 8,648 0,250 230
OESTE
QUIZAMBA Cuango 261.329 18,00 3,70 6.585.491 1.324.938 0,110 4,970 0,250 300

CANGAU Cuango 167.934 22,30 1,75 5.242.899 1.324.938 0,069 12,315 0,250 230

TOTAL/
média - 177.155 22,65 2,63 5.440.271 500.076 0,125 9,398 0,250 265
dispunivel
*Factor de Empolamento de Estéril: 1,4 * Factor de Empolamento de Cascalho: 1,3 *Factor de Diluição de Cascalho: 0,2

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Tabela 14: 90% de grau de confiança (Bloco Luremo Este)


90% DE GRÃU DE CONFIANÇA Baixa Média Alta
DENSIDADE DE PEDRAS:
Pedras / m2 0,682 0,758 0,834
TAMANHO:
Quilates / Pedra 0,3024 0,336 0,370
TEOR
Quilates / m2 0,2295 0,255 0,280
Quilates / m3 0,112 0,124 0,137
Quilates / m3 – Empolado 0,181 0,201 0,221

Tabela 15: 90% de grau de confiança (Bloco Luremo Oeste)


90% DE GRÃU DE CONFIANÇA Baixa Média Alta
DENSIDADE DE PEDRAS:
Pedras / m2 0,500 0,565 0,612
TAMANHO:
Quilates / Pedra 0,289 0,321 0,353
TEOR
Quilates / m2 0,161 0,178 0,260
Quilates / m3 0,065 0,072 0,101
Quilates / m3 – Empolado 0,180 0,200 0,220

Tabela 16: 90% de grau de confiança (Bloco Quizamba)


90% DE GRAU DE CONFIANÇA Baixa Média Alta
DENSIDADE DE PEDRAS:
Pedras / m2 0,661 0,734 0,807
TAMANHO:
Quilates / Pedra 0,337 0,375 0,412
TEOR
Quilates / m2 0,245 0,275 0,302
Quilates / m3 0,070 0,077 0,085
Quilates / m3 – Empolado 0,181 0,201 0,212

Tabela 17: 90% de grau de confiança (Bloco Cangau)


90% DE GRÃU DE CONFIANÇA Baixa Média Alta
DENSIDADE DE PEDRAS:
Pedras / m2 0,751 0,835 0,918
TAMANHO:
Quilates / Pedra 0,257 0,286 0,315
TEOR
Quilates / m2 0,215 0,239 0,263
Quilates / m3 0,130 0,144 0,158
Quilates / m3 – Empolado 0,181 0,201 0,221

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DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Na área de estudo já foram efectuados pela Diamang trabalhos de prospecção, que


culminou em trabalhos de exploração (até 1984). A demarcação dos blocos feita pela
Diamang se baseou em teores de corte elevados (> 0.3 – 0.4 qts/m3). A partir das
informações supracitadas e da necessidade de realizar um trabalho de prospecção, resultem
mais eficiência recorreu-se ao princípio de aproximações sucessivas que culminou com a
delimitação dos quatros blocos referentes.

Este trabalho de prospecção realizou-se com base a Teor de corte ou CUT-OFF de 0,2
qts/m3. A prospecção foi levada a cabo em diferentes zonas da concessão demarcadas pela
equipa de prospecção da extinta empresa da Diamang, e pelo uso de métodos Geológicos e
técnicos (sondagem a trado), foi possível delimitar quatro blocos, nomeadamente Luremo
este, Luremo weste, Quizamba e Cangau.

As técnicas de prospecção usadas actualmente na empresa são:


Abertura da linha base que serve base a linhas de poços, que é implantada no
terreno, paralela direção do curso médio do rio mais próximo no caso rio Cuango
ou seus afluentes. A linha base foi plantada a uma distância de 100 a 100 metros e
os poços se implantam a distância de 50 a 50 metros, dependendo da topografia em
ambos casos.
Com a sonda SAMIL-50 existente na empresa, são abertos alguns poços com
objectivo de se intersectar a camada de cascalho (formação Cuango). Com a
confirmação da presença do cascalho é feita abertura de uma sanja com uma malha
de 100 × 20 metros, para amostragem de grande volume onde retirado um volume
de 900 a 1000 metros cúbicos, que é caminhada a lavaria para devido tratamento.

Tratando um volume de cascalho de 500.076 metros cúbicos nos quatro blocos para
um teor de 0,206 qts/m3. Será possível obter uma recuperação de 71162,5 quilates,
avaliados em cerca de 19.928.803 USD.

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CONCLUSÕES

Ametodologia de prospeção aplicada na concessão da Luminas é eficaz permetiu


descoberta e definição de novos Blocos, com destaque: Bloco Luremo Este, Luremo
Weste, Quizamba e Cangau.

Com a descoberta e definição destes novos blocos estão criadas condições para a extensão
da vida útil da mina de Luminas, mínimo de 3 a 4 anos.

O volume de reservas insitu (tabela 12) foi calculado multiplicando a área do Bloco com a
espessura média. Multiplicando o volume de cascalho insitu pelo factor de empolamento
1,4 obtem-se um volume empolado ou seja aproximado ao real (tabela 13), cerca de 2
milhões de metro cúbicos. Este volume pode ainda aumntar porque na formação Cuango,
pode aparecer duas a três camadas de cascalho mineralizado.

Com base aos dados apresentados, pode se dizer que dos quatro blocos delimitados, será
removido em média um volume total de 3.885.908 m3 de estéril, tratado em média um
volume de cascalho total de 500.076 m3, onde será possível obter um total de 1.455.618
pedras, equivalente a 71162,5 quilates, avaliados em cercas de 19.928.803USD.

A relação estéril/cascalho é relativamente alta, devido a alta espessura de estéril, com uma
média de 22,65 m, em quanto que o cascalho tem uma média de 2,63 m, mas este facto,
não inviabiliza a exploração com bastante rentabilidade da área, uma vez que os custos de
exploração situam-se em média a 40 % dos resultados líquido do Bloco.

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RECOMENDAÇÕES
Que se de continuidade aos trabalhos de pesquisa geral e detalhada de modo a
garantir a continuidade dos trabalhos de exploração, a descoberta e definicao de
novos blocos.

Aquisição de máquinas modernas para a realização dos trabalhos de campo e que


permitam os estudos mais detalhados para os depósitos situados a uma
profundidade superior a 40 metros.

Que a parceria entre a Faculdade de Ciências da Universidade Agostinho Neto e


ENDIAMA E.P (Empresa Nacional de diamantes de Angola) continue e se
fortaleça cada vez mais para que os estudantes possam continuar a aplicar na
prática os conhecimentos adquiridos durante os anos de estudo;

Que se faça um estudo mineralógico pormenorizado nos minerais indicadores ou


satélites que acompanham o diamante, nos depósitos secundários da concessão da
Luminas a fim de localizar as fontes primárias que alimentaram a área de estudo;

Os trabalhos de prospecção devem continuar no decurso da exploração para que se


impulsione o desenvolvimento da mina da Luminas e se prolongue a vida esta
mina;

Que se faça 2 a 3 cortes (Trincheiras) para amostragem de grande volume de modo


que se obtenha teores mais representativas e consequentemente resultados mais
confiáveis na valiação técnico economico das reservas;

Se crie políticas internas de modo a indeminizar os camponeses que têm visto suas
lavras destruídas, tanto na fase dos trabalhos de prospecção como na exploração,
evitando desta forma o conflito entre a empresa e as populações da região.

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3. Http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.
4. Http://www.escolabellarte.com.br/pedras/Diamante.htm
5. Http://pt.wikipedia.org/wiki/Diamante
6. http://www.amnh.org/exhibitions/diamonds/thermal.html
7. www.info-angola.com/governo

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ANEXOS

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Fórmulas aplicadas para o cálculo das reservas

Tabela 5 – Dados de prospecção ou pesquisa


N0 Linha Poço Espessura Espessura do Área do Volume de Número de Quilates
(P) do Estéril Cascalho poço Cascalho no pedras no no poço
poço poço
1 100 50 E EEP ECP AP VCP= ECP x NPEP QP
AP
2 : : : : : :
: : : : : : : : :
: : : : : : : : :
NPO = No NPO NPO
de poços
ΣEEP ΣECP APT=ΣAP TPE=ΣNPEP TQ=ΣQP
EEM = ECM = APM = VCPT = ΣVCP NP / m3 = Q / m3 =
ΣEEP / NPO Σ ECP / NPO APT/ NPO TPE / VCPT TQ /VCPT

2 – A partir da tabela “Dados de prospecção ou pesquisa geral” preparar a tabela “Dados


de prospecção ou pesquisa resumo”

Tabela 6 – Dados de prospecção ou pesquisa resumo


Dados de Pesquisa TOTAL Média ou razão
Número de poços NP -
Área dos poços total – m2 APT APM
Espessura média de estéril – m - EEM
Espessura média de cascalho – m - ECM
Total de pedras dos poços TPE -
Total de quilates dos poços TQ -
2
Pedras / m - P/m2=TPE/APT
Quilates por pedra - Q/PE=TQ/TPE

3 – A partir da Tabela “Dados de prospecção ou pesquisa resumo” preparar a Tabela


“Reservas in situ”

Para preparar esta tabela será necessário ter determinado previamente o contorno do bloco.
A partir do contorno deve determinar-se a área do bloco (AB).

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Tabela 7 – Reservas in situ

Reservas in situ TOTAL Média ou razão


Área do bloco – m2 AB -
Volume de estéril Bloco – m3 VEB=AB X EEM -
Volume de cascalho Bloco – m3 VCB=AB X ECM -
Pedras do bloco PB=(TPE/APT) X AB -
Quilates do bloco QB=(TQ/APT) X AB -
Quilates / m2 do Bloco - Q/m2B = TQ / APT
Quilates / m3 do Bloco - Q/m3B=(TQ/(APT XECM ))

4 – A partir da tabela “Reservas in situ“ preparar a tabela “Reservas empoladas e


Diluídas”

Tabela 8: Reservas empoladas e diluídas

Reservas empoladas e diluídas TOTAL


Factor de empolamento do estéril FEE = 1.4
Volume de estéril do bloco empolado – m3 VEBE=VEB X FEE
Factor de diluição do cascalho FDC = 0.2
Factor de empolamento do cascalho FEC = 1.3
Volume de Cascalho do bloco empolado e VCBE-D= (ECM+FDC) X FEC X AB
diluído (m3)
Quilates (Empolados e Diluídos) / m3 QE-D/ m3 = QB / VCBE-D
Stripping Ratio (S/R) S/R = VEBE / VCBE-D

5. A partir da tabela “Reservas empoladas e diluídas” preparar a tabela “90% de


Grau de confiânça”

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Tabela 9: 90% de grau de confiança

90% DE GRÃO DE Baixa Média Alta


CONFIANÇA
DENSIDADE DE PEDRAS:
Pedras / m2 0.9 X P/m2 P/m2 1.1 X P/m2
TAMANHO:
Quilates / Pedra 0.9 X Q/PE Q/PE 1.1 X Q/PE
TEOR
Quilates / m2 0.9 X Q/m2B Q/m2B 1.1 X Q/m2B
Quilates / m3 0.9 X Q/m3B Q/m3B 1.1 X Q/m3B
Quilates / m3 – Empolado 0.9 X QE-D/ m3 QE-D/ m3 1.1 X QE-D/ m3

6. Preparar a tabela “Economia do bloco” , a partir das tabelas precedentes.

Tabela 10 - Economia do bloco

ECONOMIA DO US$ US$ US$


BLOCO
Venda dos Diamantes US$/Q VD = QBXUS$/Q
Distância da Lavaria DL - - -
(km)
Custo de remoção de US$/m3 CRE = VEBEX US$/m3
Estéril
Custo do Transporte do US$/(m3/Km) CTC =VCBE-D X US$/
Cascalho (m3/Km)XDL
Custos do Tratamento US$/m3 CT = VCBE-DX US$/m3
Total de custos TC = CRE + CTC + TC
LUCRO LC(US$)=VD - TC

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Limite da concessão em relação ao Rio Cuango

Localização dos poços da Diamang no mapa topográfica da área de Luminas

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Figura 39: Mapa de avanço dos trabalhos de prospecção

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Maquinas utilizadas nas actividades mineiras

Figura V.33: Bulldozer D6, maquina usada na abertura da linha de base e de poços
(Foto do autor)

BB
AA

Figura VII.37b – Escavadora hidráulica


Figura VII.37a – Escavadora hidráulica giratória
giratório 366DL de braço curto
374DL de braço longo

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Figura VII.38: Camiões articulados utilizados no transporte do minério, foto a esquerda


730 e foto adireita 725.

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Glossário
____________________________________ A __________________________________
Afloramento: exposição acessível em superfície, de uma rocha ou mineral, bem como,
qualquer exposição acessível a observação humana, tais como: corte de estradas, túneis,
galerias subterrâneas, poços, etc.
Armadilhas: escavações naturais ou artificiais, fracturas ou diáclases, inselbergues ou
qualquer relevo susceptível de provocar uma sedimentação extraordinária de diamantes.
______________________________________ C ________________________________
Claim: divisão convencional utilizada no início dos trabalhos de prospecção, para
individualizar as zonas mineiras de Angola.
Concessão: área para exploração mineira de diamantes.
Concreções: agregado presente em sedimentos, diferindo da natureza destes, e formado de
matéria inorgânica com formas diversas (nodular, discoidal, rizóide, cilíndrica etc.)
distingue-se dos seixos por não ser transparente.
Concentrado: último produto do tratamento de cascalho (desagregação, lavagem e
concentração), para escolha dos diamantes.
Couraças: capas de laterite existentes nos terraços da zona do Muíge, fruto da oxidação do
cascalho.
Cascalho: É toda camada sedimentar detrítica cujos clastos a presentam granulometrias
que variam de 1,09 mm a 30 mm. A camada de cascalho a presenta dois tipos de
granulometrias distintas: uma groseira (clastos) e outra fina (matriz).
Cratão: porção da crosta terrestre que permaneceu estável e sofreu pouca deformação.
_____________________________________ D _______________________________
Datum: Provedor para referência geográfica
Depósitos: Zona de sedimentação mineral.
Depelacção: Quantidade já explorado em determinada reserva.
Diaclasamento: Fissuramento, na área verifica-se fruto da erosão química dos maciços de
grés.
___________________________________ E ____________________________________
Estéril: mineral sem valor económico ou com valor secundário, associado ao minério.
Escudo: área de exposição de rochas do embasamento cristalino em regiões cratônicas,
comumente com superfície convexa.
____________________________________ F _________________________________

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Factor de diluição (): é o coeficiente aplicado para a recuperação do diamante infiltrado


na rocha base. Para depósitos de lezíria e leito de rio = 0,2 metros e para colina e terraços
 =0,3 metros.
Factor de empolamento (): é o aumento do volume verificado no material após a
operação de desmonte (remoção do estéril e extracção do cascalho). Para depósitos de
lezíria e leito de rio = 1,3 metros e para colina e terraços =1,4 metros.
Fácies: conjunto de caracteres de ordens litológicas e paleontológicas que permite
conhecer as condições em que se realizaram os depósitos.
___________________________________ G ___________________________________
Garimpo: trabalho individual e ilegal, no qual são utilizados instrumentos rudimentares,
aparelhos manuais ou máquinas simples e portáteis, na extracção de minerais valiosos.
Garimpeiros: pessoas que praticam o garimpo.
GPS: Sistema de posicionamento global.
_______________________________________ I ________________________________
Indices de Prospecção: são todos os dados geológicos e não geológicos que facilitam a
localização do jazigo num determinado sector.
Índices Directo: asseguram-nos a presença do minério numa determinada região
determinada.
Índices Indirecto: falam da possibilidade de existência de um jazigo.
In situ: locução latina que nos indica que o mineral ou rocha a que nos referimos foi
formado, ou depositado, no local em que se encontra.
____________________________________ J ___________________________________
Jazigos: qualquer massa individualizada, de uma substância mineral ou fóssil, de valor
económico, aflorando à superfície ou existindo no interior da terra.
_____________________________________ L __________________________________
Laterite: solo estéril e vermelho próprio das regiões tropicais. È um produto residual da
decomposição de rochas, que tem um elevado teor de oxido de ferro e de hidróxido de
alumínio.
Lateritização: processo de intemperismo próprio de climas tropicais, pelo qual se dá a
decomposição de rochas dando origem a laterite.
Lavarias: Local onde se realizam os trabalhos de tratamento do cascalho até a obtenção do
diamante.
Leito: depressão de terreno coberto pelas águas de um rio, que nela correm normalmente.

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Linha base: É a linha que serve de apoio as linhas de poços. É geralmente paralela a
direcção a direcção média do curso do rio.
Linha de poços: É a linha perpendicular a linha base, onde são implantadas os poços de
prospecção.
______________________________________M ________________________________
Mineral: elemento ou composto químico sólido, homogéneo, cristalino, que se formou
através de processos inorgânicos naturais.
Minério: agregado natural de minerais que, no actual estágio da tecnologia, pode ser
normalmente utilizado para a extracção económico de um determinado mineral. Podendo
este ser metálico ou não metálico.
Metalotectos: é o mesmo chamar índices de prospecção.
Mineralização: enriquecimento mineral
__________________________________ P ___________________________________
Paleocanais: depósitos antigos de camadas mineralizadas, de origem fluvial,
correspondente normalmente a leitos de rios, lezírias e terraços.
Peneplanização: aplanação
Províncias Diamantíferas: Áreas diamantíferas de Angola, independentes da divisão
administrativa do País.
Psamito: termo genérico aplicado a rochas sedimentares, de grosseiras a conglomeráticas,
tais como os conglomerados e diamictitos.
____________________________________ R __________________________________
Remobilizado: retrabalhado ou depositado.
Reconcentração: concentrado de novo
Rocha base: É toda formação rochosa abaixo da qual não existem diamantes (gneisse,
xisto, grés etc.).
Reserva: parte dos recursos conhecidos que podem no momento ser legal e
economicamente explorados.
Recursos geológicos: são bens naturais existentes na crusta terrestre susceptíveis de
aproveitamento económico no presente ou, admissivelmente, no futuro.
Reservas indicadas ou prováveis: aquelas cuja tonelagem e teor foram calculadas com
base em amostragem ainda escassa.

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Reservas inferidas ou possíveis: aquelas cujas estimativas foram baseadas quase


unicamente nas características geológicas regionais e com muito poucas determinações
analíticas.
____________________________________ S ___________________________________
Solos: parcela dinâmica e tridimensional da superfície terrestre, que suporta e mantém as
plantas. Seu limite superior é a superfície terrestre, e o interior é definido pelos limites de
acção dos agentes biológicos e climáticos, enquanto seus extremos laterais limitam-se com
outros solos, onde se verifica a mudança de uma ou mais das características diferenciais.
Strip Ratio (S/R): è a relação existente entre a camada de cascalho e a camada de estéril.
___________________________________ T ___________________________________
Teor: é o peso por quilates do diamante, por metro cúbico de cascalho lavado.
Teor mínimo: é o peso limite do diamante no qual é possível explorar com uma margem
de lucro.
Teor de corte ou CUT-OFF é o teor mínimo da substância útil que permite
a sua extração econômica.

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