Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
Para o caso particular dos diamantes a prospecção tem que ser simultaneamente
imaginativa na operacionalidade e evolutiva na adaptabilidade a novas técnicas que
permitam determinar, nos diversos tipos de jazigos, os seus parámetros económicos, dentro
dum contexto geológico bem definido.
É fundamental, para concretização destes desideratos, que haja uma metodologia capaz de
sistematizar todo o processo de investigação que é, na verdade, longo e complexo. Por isso,
realiza-se em fases sucessivas, sendo prudente caminhar, duma para outra, com passos
seguros.
1.1 Antecedentes
Problema
Necessidade de se definir novas reservas que permitam o aumento da produção económica
e extensão da vida útil da empresa Luminas.
Objecto
Depósitos secundários da região do Luremo
Objectivo geral
Localizar e determinar novos depositos diamantiferos para o aumento da produção e
extensão da mina de Luminas.
Objectivos específicos
- Caracterizar os principais parâmetros e elementos que definem a dinâmica do processo de
prospecção diamantífera
- Delimitar as áreas potenciais em diamantes;
- Realizar o cálculo de reserva e avaliar o teor dos depósitos.
Hipóteses
A aplicação de uma metodologia adequada no contexto geológico no decurso da
exploração na área da concessão Luminas, permitirá a descoberta e determinação de novos
depósitos diamantíferos e consequentemente proporcionará o desenvolvimento de mina da
Luminas.
Resultados Esperados
Localização de novos depósitos diamantíferos e o conhecimento do seu potencial.
i. Consultas bibliográficas
Foi realizado o processamento e a análise dos dados obtidos nas etapas anteriores,
utilizando softwares como:
Excel;
Arc View 3.2;
ArcGIS 9.2;
CorelDraw X3;
Grapher 7.
v. Redacção da Monografia
A elaboração do relatório foi a última fase da metodologia usada neste trabalho, o mesmo
representa a compilação de todos os resultados da pesquisa bibiografica assim como da
análise, interpretação e discussão dos resultados dos dados de todos os trabalhos realizados
durate a investigação a onde se expressou com rigor todo o trabalho realizado.
Bússula, GPS, Martelo de geólogo, Fita métrica, Caderneta de campo, porta mina, lápis,
borrachas, Máquinas fotográficas, etc.
Equipamentos de prospecção
Sonda mecânica “SAMIL-50“, camiões articulados 725 e 730, Bulldozer D8R pesado,
Bulldozer D6, escavadora hidráulica giratória 374DL de braço longo, escavadora hidráulica
giratório 366DL de braço curto
Materiais de Gabinete
Carta geológica de Angola, Mapas topográficos, Mapas e relatórios de prospecção,
exploração e tratamento, computador, resmas de papel, scanner, impressora, etc.
A Lunda Norte, Província onde se localiza a zona de estudo, situa-se no extremo nordeste
de Angola entre os meridianos 18º e 22º Este e os paralelos 6º e 10º Sul, e ocupa uma
superfície de 103.760 Km2. Faz fronteira a Norte e a Leste com a República Democrática
do Congo (RDC), a Oeste com a província de Malange e a Sul com a da Lunda Sul. Está
constituída pelos municípios de Cambulo, Capenda-Camulemba, Caungula, Chitato,
Cuango, Cuílo, Dundo (Capital da província), Lubalo, Lucapa e Xá-Muteba (www.info-
angola.com/governo). A concessão do projecto Luminas encontra-se localizada na Comuna
do Luremo. Segundo a mesma fonte, a Comuna do Luremo está situada no Município do
Cuango e faz fronteira a Sul, com a Comuna de Cafunfo do mesmo Município, a Norte
com a República Democrática do Congo, a Este com o Município de Caungula e a Oeste
com o Município de Xá-Muteba.
Figura II. 1: Croquis de Localização do Projecto Luminas, Lunda-Norte, adaptado pelo autor.
O acesso à área da concessão é feito primeiro de Luanda à Cafunfo, quer por via aérea,
através de uma pista de terra batida, quer por via terrestre numa estrada precária.
Posteriormente, de Cafunfo a Luremo, por uma estrada asfaltada até um desvio de terra
batida que atravessa os rios Lué, Lumonhe e outros pequenos riachos, onde foi feito um
desvio, devido à destruição das principais pontes que atravessam os rios Lué e Lumonhe.
Os habitantes desta região são de origem Lunda Tchokué, de etnia Bangala. As línguas
faladas, são Tchokué, Kakari e Kimbundu. E possui um número aproximadamente de
15000 habitantes, dos quais 500 estrangeiros.
2.1.3 Climatologia
A temperatura média anual varia entre 22-23 ºC, sendo os meses mais quentes Outubro a
Maio atingindo temperaturas máximas superiores a 30º Centígrados. As temperaturas
mínimas atingem-se nos meses de Junho a Setembro, estas podem chegar até aos 14ºC. A
humidade relativa média anual desta região atinge valores de 70 à 75 %.
2.1.4 Solos
Solos ferralíticos normalmente possuem textura fina ou média, mas às vezes crómicos,
coloração amarelada ao avermelhado, constituído por minerais caulínicos e óxidos de ferro
e alumínio, podendo apresentar concreções lateríticas dispersas ou concentrando-se em
camadas mais ou menos duras (Figura II.4).
2.1.5 Flora
Figura II.5: Vegetação da zona de estudo, tipo savana herbácia (foto a esquerda) e tipo
floresta densa, (foto a direita), Fotos do autor
2.1.6 Fauna
Quanto à fauna, na região há abundância de diferentes animais, tais como: veados, javalis,
hipopótamos, crocodilos, lagartos e serpentes, afastados dos aglomerados populacionais,
devido às constantes movimentações resultantes da actividade mineira na região.
2.1.7 Hidrografia
Figura II.6: Rio Cuango, principal rio da zona de estudo, Foto do autor
Figura II.7: Actividades económicas da população, cultivo (foto a esquerda) e garimpo (foto a
direita), fotos do autor
2.1.9 Geomorfologia
Na parte Ocidental das Lundas, observam-se dois tipos de Unidades de Paisagem, segundo
Diniz, A. C., a saber:
Peneplanície do Zaire (Congo), com uma extensa superfície arenosa que se inclina para
norte, com altitudes médias de 1200 m ao longo da sua bordadura, até 500 m no Cuango,
sendo dissecada por vales profundos e sensivelmente paralelos, onde estão incrustados os
grandes rios da região que fazem parte da bacia do Congo, ao convergirem para o seu
grande afluente o Cassai.
i. Interflúvios maiores
São superfícies que ocorrem entre os interflúvios maiores que dividem e marcam os
terraços mais altos (40 e 60 m), designados
Os interflúvios maiores são do Pliocénico Superior e foram cobertos com areias argilosas
do Pleistocénico. Elas encontram-se entre as cotas 650 – 700 m no geral e são
provavelmente areias do Kalahari retrabalhadas. Enquanto, os interflúvios menores são
provavelmente de idade Plio-pleistocénica e estão cobertos com cascalhos, localmente
bastante espessos e lateritizados, seguido de areias eólicas. O topo das areias encontra-se
entre as cotas 700 e 750 m ou a cerca de 75 m acima da actual rede de drenagem.
Arcaico
As rochas arcaicas dividem-se em dois (2) grupos de idade: O arcaico inferior e o arcaico
superior, separados pelo limite de idade de 3000±100 m.a.
Arcaico inferior
São consideradas como as rochas mais antigas do território de Angola os complexos de
rochas metamórficas, ultrametamórficas e intrusivas desenvolvidas nas áreas do escudo
designados anteriormente por “ Complexos de Base “. O arcaico inferior foi subdividido
em dois (2) grupos: Inferior e Superior.
Grupo Inferior
O grupo inferior é desenvolvido principalmente nas áreas das Lundas onde os seus
afloramentos são observados nos vales dos rios Chicapa, Luachimo, Chiumbe, Cassai e
raramente nos vales dos rios Uamba, Cuango e dos seus afluentes da margem direita, Lulo
e Lué.
Este grupo está representado por granulitico com hiperstena xistos cristalinos, gnaisse de
composição básica, eclogitos, anfibolitos e quartzitos. Entre as rochas ultrametamórficas a
eles associadas assinalam-se enderbitos, charnoquitos plagiogranitos e plagiomigmatitos,
migmatitos de composição diorítica e granodiorítica e tonalitos com piroxena.
Grupo Superior
No escudo do Cassai, as rochas do grupo superior do arcaico inferior apresentam-se
bastantes desenvolvidas. Predominam rochas ultrametamórficas representadas por
migmatitos, tonalitos, granodioritos e granitos, aparecendo as rochas metamórficas, regra
geral, sob a forma de xenólitos relactivamente pequenos. Estas rochas, representadas por
variedades leucocratas e, em menor grau, leucomesocratas de plagioclasses biotíticos ou
anfibolíticos.
Os maiores afloramentos podem ser observados nos vales dos rios Luxico, Lóvua,
Luachimo, Chicapa, Chiumbe e Luembe.
Arcaico Superior
O Arcaico Superior enquadra-se no cinturão que corresponde a orogenia Limpopo-
Liberiana (2900-2600 m.a.).
No escudo do Cassai, as rochas do Arcaico Superior foram localizadas em áreas
relativamente reduzidas, nos vales dos rios Chicapa, Luachimo, Luembe e a jusante do
Cassai. São constituídas por quartzitos, xistos de composição variada e anfibolitos. Na base
ocorrem quartzitos contendo muitas vezes distena em quantidades consideráveis. Mais
acima localizam-se camadas de xistos quatzo-moscovíticos, quartzo-clorítico-moscovíticos
e outros, aparecendo também corpos anfibolíticos.
Proterozóico
As rochas proterozóicas distribuídas no território Angolano foram divididas em dois
grupos de idade: o proterozóico inferior e o superior, separados pelo limite de idade de
1650±50 m.a.
Proterozóico inferior
Dentro dos limites do escudo do Cassai são abrangidos depressões em graben. No entanto
as rochas do proterozóico inferior, fracamente metamorfizadas, maioritariamente terrígenas
afloram nos vales do rio Cassai, Luembe, Lauchimo. Chiumbe e outros. O proterozóico foi
dividido em dois grupos metassedimentares: Grupo Lunda e Luana.
Proterozóico Superior
Na área de estudo, podemos enquadrar o Xisto - Gresoso que define a rocha base da região.
De forma geral, para os Xistos gresosos distinguem-se dois níveis (de baixo para cima):
A zona das Lundas a partir do início do paleozoico não sofreu qualquer orogenia, apenas
foi afectada por movimentos epirogénicos, magmatismo básicos e ultrabásicos que resultou
durante o mesozóico a intrusão de rochas kimberliticas e alcalinas.
Esta formação encontra-se no Norte e Nordeste de Angola, aflora nos vales dos rios
Cuango, Cuilo, Chicapa, Luachimo. A formação foi estudada com maior detalhe nas minas
em exploração a céu aberto na província da Lunda- Norte e a sua espessura vária em 60m.
Na base do corte ocorrem conglomerados polimícticos (1-5 m) sobre os quais assentam-se
grés arcósicos entrecruzados, onde predomina a cor violeta, com leitos lenticulares, e no
topo argilitos vermelho. Notando-se uma variação na espessura de Norte para Sul
verificando-se um aumento gradual na espessura dos conglomerados de 40-50 m.
Na base dos cortes que afloram nos fundos dos vales a Formação Cuango ocorre da
seguinte forma: conglomerados basais com matacões bem rolados de rochas subjacentes e
de quartzo, assim como grés grosseiros com estratificação entrecruzada, contendo calhaus
dispersos. A Formação Cuango apresenta espessura variável podendo atingir até 50 m.
Estas duas formações (Calonda e Cuango) tem grande importância do ponto de vista
prático devido a localização dos principais jazigos aluvionares “primários” de diamantes
da região
Os depósitos do grupo Kalahári são pós Calonda e anterior as formações superficiais. Estes
assentam sub -horizontalmente através duma lacuna sobre as sequências subjacentes
fracamente afectadas por perturbações tectónicas.
O grupo Kalahari preenche as depressões do Congo, aflorando nas bacias do dos rios
Cuango, Cuilo, Luachimo, Cassai e outros. O grupo Kalahari está caracterizado por: grés,
depósitos argilo – arenosos, cascalhos (por vezes diamantíferos) e areias ocres.
O grupo é dividido em:
Formação Inferior, de grés polimorfo: constituído por grés e areias litificadas de coloração
branca, amarela, violeta, e mais raramente avermelhada. A Formação apresenta a seguinte
sucessão:
Na base são observadas brechas com calcedónia e fragmentos lateríticos, por vezes
conglomerados basais e cascalhos com espessura até 2 metros. A sua composição é sempre
semelhante á das rochas subjacentes mesozoicas ou mais antigas.
A seguir ocorrem greses feldspáticos – quartzosos, sucedendo-se por grés essencialmente
quartzosos de granulometria variável (de fina a grosseira), com estratificação gradada ou
cruzada.
Formação Superior, de areias ocres ou de argilas ocres arenosas: constituída por finas
areias quartzosas com teores apreciáveis de argilas e hidróxidos de ferros que condicionam
a sua coloração amarelada, alaranjada ou vermelha. Há a salientar a presença de zircão,
rútilo, turmalina, estaurolite e cianite. A sequência em questão é caracterizada pela
ausência de estratificação e tem larga extensão na área. Às vezes as areias ocres assentam
direitamente sobre as rochas do embasamento ou depósitos mesozoicos das depressões do
Congo. A Formação Inferior aflora localmente, só nos fundos dos vales dos rios, enquanto
a Formação Superior está exposta à superfície em extensas áreas dos interflúvios.
A espessura dos depósitos de Kalahari varia de 50 a 250 metros. A passagem dos “grés
polimorfos” subjacentes as “areia ocres” é bem nítida sucedendo-se as rochas litificadas,
rochas friáveis. Sendo esta superfície nas depressões do Congo marcada por índices de
laterização. O Kalahari indiferenciado encontra-se localmente desenvolvido nas depressões
do Congo, bem como nas áreas de bordaduras dos escudos do Cassai, onde a Formação
Inferior não aflora à superfície devido a cobertura dos depósitos mais recentes.
As formações superficiais são depósitos compostos por aluviões de várias origens, o que
quer dizer mudanças climáticas que se registaram durante a sua deposição. Assim, deduz-
se que o ciclo de erosão que originou o desmoronamento do planalto constituído pela
formação de grés polimorfo e pela formação de areias ocres provocou uma deformação na
região, dando-lhe uma inclinação de sul para norte cujo exemplo se manifesta na
orientação S-N dos troços de rios principais da região.
Os depósitos proluviais-aluvionar são compostos por areias e argilas. As areias são bem
lavadas ou argilosas. As espessuras dos depósitos são de poucas dezenas de metros. Nos
vales dos rios Luembe, Chiumbe, aparecem, localmente terraços com 4,10 e 20m de
altitude, constituídos por depósitos arenosos e areno-argiloso com calhaus de quartzo,
quartzitos, grés polimorfos e raramente calcedónia tamanho ou a granulometria dos calhaus
vária de 2-50cm, sendo regra geral, 10cm, o grau de rolamento é variável. A sua espessura
é de 0,2-1,5m.
LEGENDA
Figura III.8: Localização da área da concessão em relação com o Mapa Geológico de Angola, escala:1 000000, adaptado pelo autor.
Na área de estudo, podemos enquadrar o Xisto – Gresoso (Figura III.9) que define a rocha
base da região. De forma geral, para os Xistos gresosos distinguem-se dois níveis (de baixo
para cima):
Figura III.9: Xisto gresoso, rocha base da região, ao longo do rio Cuango, foto do autor.
Formação Cuango:
Na base dos cortes que afloram nos fundos dos vales a Formação Cuango ocorre da
seguinte forma: conglomerados basais com matacões bem rolados de rochas subjacentes e
de quartzo, assim como grés grosseiros com estratificação entrecruzada, contendo calhaus
dispersos. A Formação Cuango apresenta espessura variável podendo atingir até 50 m.
Areias de Kalahari
Esta composto por grés areias litificadas de core branca, amarela violeta, e raramente
vermelha.
N S
Figura III.10: Contactos entre o Kalahari superior, Kalahari inferior, Formação Cuango e os
xistos gresosos, Foto do Autor
Esta constituidas por areias finas quartzosas, com inclusões de argilas, hidroxido de ferro
que lhe proprociona a core amarela, alarajanda ou vermelha e a presença de níveis
lateríticos bem diferenciados (Figura III.11).Também observam-se gräos de zircäo, rutilo,
turmalina, cianite. A transinção do grés polimorfos para areias ocres é nítido, ja desde
rochas litificicadas a friaveis.
NW SE
Figura III.11: Kalahari. Formação superior com os níveis lateríticos, Foto do Autor
Os “claims” demarcados pela Diamang em 1970 são, em primeira mão, áreas por natureza
diamantíferas pois neles se localizavam todas as explorações – minas – da empresa, bem
como todas as suas reservas certas ou medidas e ainda as suas reservas potenciais. No
entanto, algumas parcelas desses “claims” seriam apenas áreas potencialmente
diamantíferas sendo que na maior parte nunca foram alvo de trabalhos de prospeção
detalhada. Na figura III.12, apresenta-se o mapa dos “Claims” demarcados pela Diamang.
Figura III.12: “Claims” demarcados pela Diamang, (Imagem cedida pela empresa
Luminas), adaptado pelo autor.
O Claim I do Cuango é dos mais ricos que existe em Angola, tendo sempre recuperado
excelentes teores durante a prospecção e confirmadas nos Projectos de exploração que
foram instalados na área, ao longo da história de exploração diamantífera em Angola.
A par dos altos teores, esta região é ainda beneficiada com boa qualidade de pedra, tendo
em conta os parâmetros cor/forma, sem descurar o aparecimento de pedras de grande
tamanho. As fontes de mineralização deste Claim, são as mesmas que serão enunciadas
como fonte de mineralização da região do Luremo, na presente explanação.
Figura III.13: “Claim” I do Cuango, e as principais minas, depósitos diamantíferos e afloramentos, e teores característicos, (imagem
cedida pela empresa Luminas), adaptado pelo autor
Rio Lue
Rio cuango
Figura III.14: Localização da área da concessão em relação ao “claim” I do Cuango e as bacias dos rios Cuango e Lui,( Imagem cedida pela
empresa Luminas), adaptado pelo autor
Sendo assim, diversos autores descreveram o tectonismo das Lundas como tendo ocorrido
inicialmente com movimentos orogénicos com profundas refusões e recristalizações de
rochas pré – existentes e que deixaram as orientações NE – SW e NNE – SSW nas
estruturas.
Deu-se então uma fase de dobramento seguida de diversas fases fracturantes (falhas
longitudinais e transversais) em que determinados compartimentos poderão ter sofrido
basculamento ou afundamento. A posterior, provavelmente no Carbónico, pode ter
acorrido uma Glaciação (Monforte A. 1987), o que justifica o aparecimento de Tilitos na
base da formação Lutôe e deste modo, após a deposição das camadas superiores dessa
série, fortes movimentos de orientação NNW – SSE originaram dobras e falhas. Que
consequentemente formaram bacias tectónicas nas quais se desenvolveram faunas de
peixes, crustáceos e insectos que caracterizam o Andar Inferior da série de Cassange e para
as quais prosseguiu a sedimentação continental, auxiliada por fenómenos de subsidência.
Sobreveio provavelmente uma fase orogénica Pós – Triássica que rejuvenesceu e reactivou
as linhas de fractura anteriores, isso no final do Karroo. E em subordinação a este evento
geológico, notaram-se importantes vindas doleríticas, que conforme o autor supracitado,
não foram determinadas com segurança, apesar de serem conhecidos doleritos associados a
rochas quimberlíticas, constituindo mesmo xenólitos de brechas dessa natureza.
O mesmo ainda refere que movimentos tectónicos de direcção ENE – WSW ocorreram no
final do Grupo Continental Intercalar, com reativação de falhas antigas. Podes e dizer
também que os grabens resultantes são considerados zonas de fraqueza estrutural e
atendendo ás possibilidades de reativação dos processos diastróficos no decurso das idades,
também constituem lugares privilegiados para intrusão de rochas quimberlíticas.
Após essa deposição houve uma fase de sobrelevação e arqueamento de que resultou a
destruição da série inferior a que se segue um episódio árido (Areias ocres) e formação da
Peneplanície miocénica.
i. Os alinhamentos dos cursos das águas dos afluentes do rio Cuango. Estes afluentes
têm orientação preferencial de NE a SW e de SW a NE.
Figura III.15: Falha que afecta o Xisto gresoso, nos rios da região do Muíge, Foto
do autor.
4.1. Introdução
Os diamantes foram descobertos na Índia, no século IV antes de Cristo conforme registros
encontrados nos textos Sânscritos “Arthasastra e Ratnapariska”, citados por Legran, 1984.
Até o século XVII, a Índia era praticamente o único país produtor mundial de diamante,
segundo relato do francês Tavernier, nas suas diversas viagens ao Oriente, sobre as minas
diamantíferas da Região de Kurnool, na Índia (Barbosa, 1991).
Génese de diamantes
O diamante se forma numa área delimitada pela intersecção entre o Manto Superior e a
região basal da Litosfera, onde esta se torna mais espessa (Janela do Diamante), Meyer, H.
O. A. (1982).
O seu limite superior é a isotermal de 900 ºC e o limite inferior, de 1200 ºC. Abaixo da
curva do Manto Superior está a zona de equilíbrio do diamante e acima, a zona de
equilíbrio da grafita. A génese do diamante exige uma profundidade entre 130 e 200 km
(Figura IV.17).
Em baixo dos oceanos a geoterma não intersecta a línea de formação dos diamantes pelo
que não se podem formar.
Para que um kimberlito possa ser diamantífero, o magma kimberlítico primário deve
desagregar e incorporar certas quantidade de peridotitos e ou eclogitos diamantíferos
durante a sua ascensão a superfície terrestre.
i. Depósitos Primários;
ii. Depósitos Secundários.
Kimberlitos
Depósito Secundario secundario
sopé da vertente.
A outra classificação (Estrutural) dos depósitos secundários depende das tendências dos
seus posicionamentos em relação à hidrografia (Chaves e Chambel, 2003):
Os depósitos de lezírias são secos quando os níveis de água de rios ou vales estiverem
baixos. A camada de estéril é geralmente mais reduzida que o de outros depósitos.
Figura IV.19: Modelo geológico dos depósitos da área do Luremo (Modificada de Monforte A.,
1960), (Imagem cedida pela empresa), adaptado pelo autor
A prospecção, qual quer que seja, tem por finalidade procurar e localizar terenos
mineralizados, dando a conhecer o seu valor económico.
É de salientar que estas dinâmicas não perfilham a mesma filosofia de prospecção, porque
foram concebidas tendo em conta os seguintes factores:
Reconheci Levantament Geologia, geofísica Identificar a escala regional as 100 a 1000 1/100000 a
mento o regional e geoquímica anomalias ou áreas com 1/50000
potencial minério que
justifiquem os estudos mais a
profundados
Prospeção Malha geral Geologia, geofísica Identificar um jazigo que será 1 a 10 1/50000 a
e geoquímica objecto de uma pesquisa mais 1/10000
ampla.
Pesquisa Malha Sanjas, Trincheiras, Estabelecer as principais 1a5 1/10000 a
geral Sistemática Poços, estudos características geológicas de 1/5000
complementares, um jazigo proporcionando
geofísica e uma indicação razoável.
geoquímica
Pesquisa Malha de Sanjas, trincheiras, Delimitar o jazigo mineral de 1a2 1/2000 a
Detalhada desenvolvim poços de grandes forma detalhada com a 1/500
ento diâmetros e estudos distribuição tridimensional das
complementares da rochas ou minério recolhido
geologia em toda superfície do jazigo
Reconhecimento
Prospecção geral
O objectivo é identificar um jazigo que será objecto de umas pesquisas más amplas. As
quantidades presumidas se determinam com base a interpretação dos resultados
geológicos, geofísicos e geoquímicos.
Pesquisa Geral
Pesquisa detalhada
PROSPECÇÃO
Geral
PESQUISA GERAL
Sistemática
PESQUISA DETALHADA
Formação Cuango;
Formação Kalahari;
Depósitos de colinas.
Formação Cuango
N S
Formação Kalahari
Depósitos de colina
São pequenas elevações de terreno que englobam uma série de depósitos mineralizados a
uma cota superior as do limite morfológico das lezírias.
Na área de estudo estes depósitos englobam uma série de camadas conglomeráticas que
assentam normalmente sobre as formações Kalahari e Cuango ou directamente sobre a
rocha base (Xisto gresoso).
Depósitos de terraço
A sua formação esta relacionada com as alternâncias climáticas que ocorreram durante o
quaternário que originaram a subsistência dos leitos dos rios devido a fase de
rejuvenescimento ou ainda produto do fenómenos de natureza tectónica.
Nalguns casos sobre este tipo de depósitos sobrepõem-se algumas camadas de cascalho
pertencentes aos depósitos de vertente (fragmentos de laterites com alguns seixos de
quartzo).
Na área de Luminas, estes depósitos são caracterizados por seixos rolados, matriz arenosa,
estando os clastos mais leves em cima e os mais pesados em baixo (Figura V.22).
Depósito de lezíria
Na maioria dos casos datam do quaternário e, apresentam teores económicos bastante
favoráveis a exploração. Normalmente são terrenos alagadas ou inconsistentes com níveis
freáticos próximos da superfície do terreno. Os depósitos de lezíria são secos quando os
níveis de água de rios ou vales estiverem baixos.
O cascalho que os representa é normalmente designado por chanel sand gravel (CSG), ou
cascalho do rio. Os seixos de composição predominante quartzo, quartzitos, ágatas e
fragmentos de granito apresentam-se bem rolados.
Na área de estudo, estes depósitos apresentam camada conglomerática com seixos bem
rolados, matriz arenosa, cimento argiloso e apresentam teores económicos bastantes
Nos meandros com controlo lito-estrutural, o percurso dos rios é mais largo e, tende a ser
mais raso, o fluxo da água é mais lento (velocidade aproximada 1000-2000 m3/hora).
Nas gargantas ou vale estreito e sinuoso, o leito rochoso do rio normalmente é regular e
acidentado, provocando o aumento da velocidade do fluxo da água. Essa categoria de
depósito é caracterizada por marmitas profundas ou trapsites no substrato.
De cheia para cheia (tempo chuvoso), devido a ordem decrescente do peso dos fragmentos
ou detritos erodidos, transportados pelos vários agentes geológicos e depositados no leito
do rio, num trabalho contínuo ocorre a sedimentação dos mesmos de ordem decrescente.
Ajigagem e calibragem das presas capturadas pelas marmitas ou trapsites são feitas em
função a hidrodinâmica do rio (estado de senilidade, maturidade e rejuvenescimento),
variando consequentemente a concentração do cascalho de marmitas para marmita.
Figura V.24: Depósito de leito de rio (Desvio do Rio Cuango), Foto do autor.
Estão associados a relevos residuais da rocha base (xisto gresoso) localizados nos rios.
Estes depósitos caracterizam-se pelo contínuo enriquecimento do minério devido ao
constante transporte e deposição do material no rio (Figura V.26).
Este tipo de depósito forma-se nas margens dos rios (Figura V.26), a causa da presença de
algum tipo de barreira geomorfológica que evita que os sedimentos cheguem ate o rio.
A importância económica deste tipo de depósitos vem dado pela cumulação nos mesmos
de materiais provenientes dos depósitos de cotas mais altas em relação com o rio.
Geológicos;
Técnicos.
Métodos Geológicos
Na área ocupada pelo Projecto Luminas já foram efectuados pela Diamang trabalhos de
reconhecimento geológico, prospecção, pesquisa preliminar ou geral e pesquisa detalhada
que culminaram em trabalhos de exploração (até 1984). E constatou-se também que a
demarcação dos blocos feita pela Diamang se baseou em teores de corte elevados (> 0.3 –
0.4 qts/m3).
i. Pesquisa geral;
ii. Pesquisa detalhada.
Pesquisa geral
O objectivo fundamental desta fase consistiu em estabelecer as principais características
geológicas (dimensões, configurações e estrutura). Com as informações desta fase de
estudo geológico foi possível elaborar o pré-estudo de viabilidade económico.
Partindo das áreas e sectores definidos pelos pontos mineralizados, descobertos e
demarcadas pela Diamang, fez-se a delimitação inicial do jazigo mineral.
Os métodos empregados nesta fase de estudos geológicos são trincheiras e sondagem.
A malha sistemática aplicada nesta fase é quadrada de 200 m × 200 m para linha base e
100 m × 100 m para os poços, com a finalidade de se determinar, aproximativamente, a
constância, regularidade e extensão das zonas mineralizadas, assim como a forma de
distribuição dos teores.
A partir desta malha obtem-se uma serie de poços de teor considerado pagante, torna-se
indispensável a implantação de linhas intermédias a 100 m para verificação, por meio de
abertura de poços da continuidade da mineralização diamantífera.
Nas linhas dos poços de teor economicamente explorável, abriu-se dois poços a 50 metros,
para cada lado daqueles, em quanto que nas linhas intermédias se procurou colocar três
poços a distâncias de 60 m e que ficando a proximamente nas vizinhanças dos três poços
antigos.
Pesquisa detalhada
Os trabalhos de pesquisa geral revelaram com sucesso a continuidade de mineralização
diamantífera, o que motivou prosseguir os trabalhos de pesquisa, de modo aobter-se
elementos que permitiram definir melhor o valor económico da zona, este facto somente
foi possível a partir de redução das áreas de influência dos poços, encurtando as distâncias.
Nesta fase de pesquisa fez-se a delimitação do jazigo mineral de forma tridimensional, com
base nos resultados das amostras de trincheiras, retirados dos vários pontos da área do
jazigo.
Nesta se aplicou uma malha de desenvolvimento de 100 m × 100 m para distâncias entre
linha base e 50 m × 50 m para distância de poços, esta malha foi frequentemente apertada
de forma a permitir um quadro de informações com um grau de confiança maior
permetindo deste modo estudos geológicos que foi elaborado estudo de viabilidade técnico
económico do jazigo.
Amalha utilizada sensivelmente quadrada, é a que mais vantagens têm mostrado para a
delimitação dos jazigos.
Métodos técnicos
Os trabalhos de pesquisa realizaram-se com aplicação de varias técnicas dentre elas:
i. Sondagem;
ii. Amostragem.
Sondagem
A Sondagem Geológica tem por objectivo abordar as rochas em profundidades que não
possam ser atingidas por trincheiras, dependendo dos objectivos do estudo de Pesquisa
Mineral e a mesma pode ser sistemática ou assistemática (eventual),
As Sondagens sistemáticas obedecem a uma Malha de Sondagem definida por perfis (ou
secções) geológicos transversais e longitudinais ao “trend” principal objecto da pesquisa
mineral.
A pesquisa por sondagem tem como objecto fundamental determinar a presencia ou
ausência de zonas mineralizadas e obter uma ideia preliminar sobre a lei e extensão da
zonas. Em linhas gerais as perfurações ou sondagens mineiras podem classificar-se em
dois grandes grupos:
Com obtenção de testemunho
Sem obtenção de testemunho
Dos métodos de perfuração convencionais, se destacam três:
Perfuração a rotação com coroas de diamantes;
Perfuração a rotação com triconos;
Perfuração por rota percussão.
Linha base
Linha que se implanta numa das margens do curso de água ou paleocanal a prospectar e
geralmente paralela a direcção média do rio, de preferência na parte menos arborizada
adjacente a vertente da colina.
Em quanto que para pequenos rios basta a penas uma linha base, será o sistema de rios
pequenos (Figura V.31).
No caso de várias linhas de água próximas umas das outras deve-se, sempre que possível,
implantar uma única linha base que servirá, inclusive, pequenos tributos.
Linha de poços
As linhas de poços são normalmente perpendiculares a linha de base, onde são implantadas
os poços de prospecção.
A numeração das linhas de poços faz-se tomando apenas o número que representa as
centenas. Se a este número adicionar-se dois zeros obtêm-se a distância ao ponto de origem
da linha base.
As técnicas a qui apresentadas são as que foram aplicadas na área de Luminas, pois o
trabalho de pesquisa que esta dissertação apresenta realizou-se nos pequenos afluentes do
rio cuango, tais como: rio luremo, e rio cangau.
Poços de Pesquisa
Este último é o caso da área de Luminas, onde o cascalho pode se localizardo profundidade
a mais de 25 metros.
A abertura de poços de prospecção foi feita com a sonda “SAMIL-50“ (Figura V.31), que
suporta um trado ou haste de 2 metros de comprimento e 24 cm de diâmetro, que pode
atingir uma profundidade média de 60 metros ou mais.
O Bloco Luremo Este, localiza-se a este do rio Luremo, afluente do rio Cuango, e ocupa
uma área de 115.012 m2. Neste Bloco foram aberta seis linhas de poços e ao longo desta
realizadas 25 furos de sondagem (Tabela 4), destes resultaram em 17 poços positivos
(pontos em amarelos) e 8 poços negativos (pontos em vermelho) figura V.32, e com base
na interpretação dos dados foi possível retirar os dados de sondagem como: espessura
média de estéril de 23,82 m, espessura média de cascalho de 2,00 m e um teor de
0,250qts/m3, partir destes da foi possível fazer a delimitação e estudos de viabilidades
técnico ecconómico do presente bloco.
A delimitação (contorno zero) dos Blocos realizou-se, unindo com linhas rectas todos
poços positivos ou seja que apresenta uma espessura de cascalho maior ou igual a 1 metro.
Figura V.32: Bloco Luremo este (imagem cedida pela Luminas), adaptado pelo autor
50
Figura V.33: Perfil de sondagem A-B, demonstrando a variação da camada de cascalho esquema referente ao bloco Luremo Este, imagem do
Figura V.34: Bloco Luremo Oeste (image cedida pela Luminas), adaptado pelo autor
O perfil de sondagem que se apresenta na figura V.35, foi obtido realizando um corte
Transversal C-D em relação ao rio Luremo. O mesmo possibilitou observar, uma variação
na espessura de cascalho ao longo do perfil que vai de 2,00 metros nos poços F35 e F36,
apresentando um aumento brusco de 6,00 metros e 4,00 metros respectivamente nos poços
F37 e F 38, em quanto que o F39 foi abandonado por chegar a uma profundidade de 32,50
sem interceptar a camada de cascalho.
OESTE ESTE
LUREMO OESTE
Figura V.35: Perfil de sondagem C-D, mostrando a variação de espessura de cascalho esquema referente ao bloco Luremo weste, imagem do autor
Bloco Quizamba
Este Bloco localiza-se na margem do pleocanal do rio Quizamba, um afluente do rio Cuango, a
área do bloco é de 261.329m2.
Na pesquisa deste Bloco realizou-se abertura de um total de seis linhas de poços, perfurou-se 37
furos (Tabela 6) de sondagem, entre estes 28 poços são positivos (pontos em amarelo) e 9 poços
negativos (pontos a vermelho), figura V.37, onde foi possíveis extrair dados como: espessura de
estéril de 18,00 m, espessura média de cascalho de 3,70 m e teor de 0,151 qts, que foram
preponderantes para delimitação deste bloco, estudo de viabilidades económicas.
Figura V.36: Bloco Quizamba (imagem cedida pela Luminas), adaptado pelo autor
O perfil de sondagem que se apresenta na figura V.37, resultou do corte E-F realizada
longitudinalmente em relação ao rio Luremo e transversal ao rio Quizamba. No mesmo se
pode observar, uma variação da espessura de cascalho que vai crescendo do F95 com 0,30
metros de espessura, verificando um aumento brusco no poço F97 8,00 metros de
espessura e uma constância nos poços F98 e F99 com uma espessura de 6,40 metros. Este
variação deve-se possivelmente uma constante irregularidade na morfologia do paleo
canal.
Norte
Norte Sul
Sul
50
Figura V.37: Perfil de sondagem E-F, mostrando a variação de espessura de cascalho, esquema referente ao bloco Quizamba, imagem do
Bloco Cangau
O Bloco Cangau localiza-se na margem do paleocanal do rio Cangau, afluente do rio
Cuango, tem uma área de 167.934 m2.
Na pesquisa deste Bloco realizou-se abertura de Oito linhas de poços, foram feitas 36 furos
de sondagem (Tabela 7), destes resultaram em 24 poços positivos (pontos em amarelo) e
12 poços negativos (ponto a vermelho), figura V.38 onde foi possível retirar os seguintes
dados de sondagem: espessura de estéril de 22,30 m, espessura de cascalho de 1,75 m e um
teor de 0,221qts/m3, com estes dados foi possível delimitar o bloco, estudo de viabilidades
económicas.
Tabela 7 – Dados de prospecção Bloco Cangau
Bloco: Cangau Rocha base: Xisto gresoso
Sector: Cuango Tipo de depósito: Terraço
Area do bloco: 167.934 m2 Rio: Luremo
Linha de Poços Numero Metros de Espessura média Espessura média de cascalho
Poço profundidade(m) de esteril(m) (m)
200 17,00 17,00 N.T.C
L-0 201 9,50 9,50 N.T.C
202 22,50 20,50 2,00
203 24,50 22,50 2,00
204 19,00 18,00 1,00
205 21,00 21,00 N.T.C
L-1 206 21,50 19,50 2,00
207 25,50 22,50 3,00
208 21,60 19,80 1,80
209 27,50 25,50 2,00
2010 28,00 26,00 2,00
L-2 211 24,00 22,50 1,50
212 23,00 23,00 2,00
213 31,50 29,00 2,50
214 31,50 30,00 1,50
215 27,00 25,00 2,00
L-3 216 38,50 38,50 N.T.C
217 34,00 32,50 1,50
218 29,00 28,00 1,00
219 21,00 20,50 0,50
220 36,50 36,50 N.T.C
221 29,30 29,30 N.T.C
L-4 222 34,00 32,50 1,50
223 29,30 29,00 0,30
224 21,00 19,00 2,00
225 21,00 21,00 1,50
226 32,50 31,00 N.T.C
L-5 227 25,00 25,00 N.T.C
228 27,70 27,70 N.T.C
229 16,00 15,00 1,00
L-6 230 19,00 16,50 2,50
231 22,00 20,50 2,00
232 21,00 18,50 1,50
233 22,00 22,00 1,00
L-7 234 15,00 15,00 N.T.C
235 15,00 15,00 N.T.C
TOTAL 37 - 829,90 29,80
MÉDIA - - 22,30 1,101
Figura V.38: Bloco Cangau (imagem cedida pela Luminas), adaptado pelo autor.
50
Figura V.39: Perfil de sondagem G-H, mostrando a variação da espessura de cascalho, esquema referente ao bloco Cangau, imagem
Amostragem
Amostragem é um conjunto de procedimentos que se realiza com o propósito de retirar
uma parcela representativa (densidade, teor, distribuição granulométrica, constituintes
minerais) de seu universo.
A importância da amostragem é de estabelecer a qualidade do mineral útil ou suas rochas
encachantes, ressaltada principalmente quando entra em jogo a avaliação de depósitos
minerais, o controle de processos em laboratório e na indústria, bem como o controle de
qualidade na comercialização de produtos. Uma amostragem mal conduzida pode resultar
em prejuízos consideráveis ou em distorção dos resultados com consequências técnicas
imprevisíveis, sendo assim como condição de obtermos uma média próxima da realidade é
aconselhável recorrer ao número possível de amostras. Esta tem como objectivos gerais de
amostragem:
i. Estudo da qualidade da matéria-prima mineral principal
ii. Traçar limites do corpo e esclarecer a sua estrutura interna (se é gradual a transição
entre a mina a sua rocha encaixante estéril)
iii. Estabelecer as regularidades da variação espacial da qualidade da matéria-prima
mineral
iv. Assegurar o conjunto de perdas e diluição (empobrecimento) da mina durante a
exploração
v. Estender os certificados para a matéria-prima no concentrado
Tipos de amostragem
Formas de amostragem
Conceptualmente existem três tipos ou formas básicas de amostragem (Koche Link, 1970)
- Amostragem aleatória
- Amostragem Estratificada
- Amostragem Sistemática
Métodos de amostragem
- Transversal
- Canal contínuo
- Em escavações mineiras - Pontual
In situ - Canaldescontinuo
- Afloramentos - Volumétrica
Se realiza amostragem de grande volume em jazigos de muita baixa lei a alto valor
económico (exemplo, diamantes, ouro ou platino) nos quais pequenas deslocações
(desvios) na lei podem ter efeitos críticos.
Os objectivos deste método, em geral com grande custo económico, são muito variados: a
definição, a mais exacta possível, das leis ou teores do depósito, obtenção de amostras
representativas para realizar ensaios metalúrgicos em planta piloto, a caracterização
geomecanica com maior detalhe do depósito.
Na área de Luminas, para a tomada de amostras de grande volume, realiza-se duas a três
trincheiras de 100 × 20 m, ou seja 100 metros de comprimento e 20 metros de largura, com
profundidades variadas dependentes das espessuras de estéril e do cascalho, onde é tomada
em média um volume de cascalho de 900 m3 a 1000 m3 (amostragem de grande volume).
Amostragem com retiradas amostras das trincheiras foi feita com objectivo de
identificação de:
Figura V.41 Instalação de Piquetes em uma parede de trincheira aberta da figura V.36.
A equidistância estabelecida é de 25,0 m, Figura do autor.
Na concessão Luminas, existe um tipo de lavaria acoplado, ou seja, constituído por lavaria
de pré-tratamento e lavaria do meio denso (MDS), os quais em conjunto fazem o
contributo pra obtenção do diamante.
que passa pelo trommel, equipado com 3 tipos de redes. Neste órgão começa também a
classificar a polpa, recuperando o material superior de 1mm à 30mm, eliminando assim o
material menor de 1mm (finos ou lamas) e o superior que 30mm (rejeitado ou oversize),
que desce para a correia de rejeitado.
O produto superior que 1mm à 30mm, já toma o nome de grão e passa para os dois crivos
que recebendo este produto, o de granometria de 10 à 30mm, passa na malha de redes de
cima, já o de granometria superior de 1mm à 9mm passa na malha de baixo, isto para
facilitar a melhor lavagem do mesmo (grão), visto que os crivos tem a função de lavar o
grão e classificar.
Recuperando o grão de 1.58mm à 30mm, passa para a correia transportadora do grão e daí
irá deposita-se no silo do grão.
O produto menor que 1.58mm é considera finos, este vai descendo para a caixa de finos,
daí para as bombas com o mesmo nome que os lançam para fora. O oversize eliminado na
tremonha e o rejeitado (oversize) do trómmel, é estocado (guardado) numa área própria
para futuro retratamento.
O grão vindo do silo do grão, é transportado, através da 2ª correia do grão, até ao crivo de
pré-lavagem, que tem a função de lavar o grão a ser tratado no meio denso. Este por sua
vez, passa para o silo colector ou caixa de mistura, na qual o grão é misturado com o meio
denso.
A bomba do ciclone tem a função de bombear a mistura de grão, água e Fe-Si, para o
ciclone principal para efectuar a separação. O ciclone sendo o órgão que dá o nome a
lavaria (420mm), é o principal e, faz a separação do produto que recebe da bomba do
ciclone densimetricamente ou seja por densidade meio. Este produto ao entrar o ciclone,
ganha uma pressão, devido do afunilamento da boca de entrada do ciclone, que facilita
formar dois movimentos simultâneos contrários dentro do ciclone. O primeiro movimento
(o afundado ou + denso), este produto resultante deste movimento o também chamado de
concentrado, irá sair no bico (spigot) do ciclone, daí para o crivo sink, do sink vai para a
caixa do concentrado. E, o segundo movimento centrífuga, o seu produto chamado
rejeitado vai para o vértice do ciclone e daí para o crivo float.
Findo este etapa já com a obtenção do concentrado passou-se a fase de escolha manual
(Picagem), lavagem dos diamantes através do ácido hidro-florídrico, em seguida pesagem
e classificação.
Nesta fase obteve-se dados como: número de pedras por amostra, quantidade de diamantes
por metros cúbicos de cascalho amostrado em cada poço ou sanja, peso de cada pedra
(qts). Sequencialmente e de uma forma resumida serão apresentado tabelas com todos
dados proveniente da lavaria resultado dos quatros blocos que foram delimitados na área
de Luminas E que consequentemente permitiram fazer o calculo de reservas dos referido
blocos.
Bloco: é uma área mineralizada, limitada com base nos teores obtidos nos poços ou
trincheiras de prospecção, considerados económicos para a exploração e que constituam
reservas.
Espessura de cascalho
Tamanho de pedras
Teor médio do bloco
Strip Ratio (S/R)
Para a delimitação dos blocos, foi usado o método das áreas de influência ou das áreas
medias. A avaliação de recursos segundo este método é feita na suposição de que certos
segmentos, áreas ou blocos do depósito mineral em estudo são similares geológica e
tecnologicamente a outras porções do mesmo depósito.
Este método oferece muitas vantagens pois pode ser aplicado a qualquer estágio de
desenvolvimento mineiro do depósito:
A partir da identificação, no mapa de prospecção a escala conveniente (1: 2000), dos poços
com teores superiores ao “cut off (0,2)” que se considere e dos poços negativos localizados
dentro da área de maior interesse, define-se o contorno do bloco, fazendo passar uma recta
entre os poços extremos positivos e os poços externos negativos, obtendo desta forma o
bloco.
A avaliação de recursos segundo este método é feita na suposição de que certos segmentos,
áreas ou blocos do depósito mineral em estudo são similares geológica e tecnologicamente
a outras porções do mesmo depósito. O método pode ser utilizado na avaliação de recursos
para todos os tipos de depósitos minerais, porem Yamamoto J. K. (2001) afirma que é mais
apropriado para depósitos tabulares, acamados (tais como os depósitos secundários de
diamantes) e placeres de grande porte. Em outras palavras, o referido método é aplicável
em depósitos com a distribuição uniforme de teores e/ou com geometria simples (o caso
dos depósitos secundários de diamantes).
O cálculo das reservas realizou-se em fases segundo a sequencia que a seguir se apresenta:
O cálculo de reservas propriamente dito foi feito de acordo a uma sequência inicialmente
concebida por Chamberlain I.C.L. (2004) e depois modificada e adaptada pelo autor. As
fórmulas utilizadas para o respectivo cálculo de reservas são tabeladas e apresentadas no
anexo.
Baseado na metodologia acima descrita o autor adaptou com apoio das funcionalidades da
folha de cálculos do programa EXCEL, a construção do denominado “Block Master
Luremo” que permitiu a realização dos cálculos de reservas para diferentes variantes de
dados iniciais, evidenciada nas tabelas acima. De qualquer forma, não são detalhados com
maior alcance as fórmulas utilizadas porque carecem de outro estudo, com outra
abrangência, em trabalhos estritos de avaliação económica que não é objectivo deste
trabalho, embora para referência foram utilizados.
CANGAU Cuango 167.934 22,30 1,75 3.744.928 293.885 0,221 118.729 29.682 12,74 0,250 230 6.826.937
TOTAL/média
dispunivel - 177.155 22,65 2,63 3.885.908 500.076 0,206 284.650 71162,5 9,52 0,250 265 19.928.803
CANGAU Cuango 167.934 22,30 1,75 5.242.899 1.324.938 0,069 12,315 0,250 230
TOTAL/
média - 177.155 22,65 2,63 5.440.271 500.076 0,125 9,398 0,250 265
dispunivel
*Factor de Empolamento de Estéril: 1,4 * Factor de Empolamento de Cascalho: 1,3 *Factor de Diluição de Cascalho: 0,2
Este trabalho de prospecção realizou-se com base a Teor de corte ou CUT-OFF de 0,2
qts/m3. A prospecção foi levada a cabo em diferentes zonas da concessão demarcadas pela
equipa de prospecção da extinta empresa da Diamang, e pelo uso de métodos Geológicos e
técnicos (sondagem a trado), foi possível delimitar quatro blocos, nomeadamente Luremo
este, Luremo weste, Quizamba e Cangau.
Tratando um volume de cascalho de 500.076 metros cúbicos nos quatro blocos para
um teor de 0,206 qts/m3. Será possível obter uma recuperação de 71162,5 quilates,
avaliados em cerca de 19.928.803 USD.
CONCLUSÕES
Com a descoberta e definição destes novos blocos estão criadas condições para a extensão
da vida útil da mina de Luminas, mínimo de 3 a 4 anos.
O volume de reservas insitu (tabela 12) foi calculado multiplicando a área do Bloco com a
espessura média. Multiplicando o volume de cascalho insitu pelo factor de empolamento
1,4 obtem-se um volume empolado ou seja aproximado ao real (tabela 13), cerca de 2
milhões de metro cúbicos. Este volume pode ainda aumntar porque na formação Cuango,
pode aparecer duas a três camadas de cascalho mineralizado.
Com base aos dados apresentados, pode se dizer que dos quatro blocos delimitados, será
removido em média um volume total de 3.885.908 m3 de estéril, tratado em média um
volume de cascalho total de 500.076 m3, onde será possível obter um total de 1.455.618
pedras, equivalente a 71162,5 quilates, avaliados em cercas de 19.928.803USD.
A relação estéril/cascalho é relativamente alta, devido a alta espessura de estéril, com uma
média de 22,65 m, em quanto que o cascalho tem uma média de 2,63 m, mas este facto,
não inviabiliza a exploração com bastante rentabilidade da área, uma vez que os custos de
exploração situam-se em média a 40 % dos resultados líquido do Bloco.
RECOMENDAÇÕES
Que se de continuidade aos trabalhos de pesquisa geral e detalhada de modo a
garantir a continuidade dos trabalhos de exploração, a descoberta e definicao de
novos blocos.
Se crie políticas internas de modo a indeminizar os camponeses que têm visto suas
lavras destruídas, tanto na fase dos trabalhos de prospecção como na exploração,
evitando desta forma o conflito entre a empresa e as populações da região.
BIBLIOGRAFIA
7. CRUZ, E.E., Apuntes sobre estimacion de recursos y reservas. UAN, F.C. Luanda
- 2004.
30. PENHA, U.C. Geologia dos conglomerados cretáceos da Serra da água fria e dos
depósitos diamantíferos de Jequitaí – Rio Claro – UNESP - 2001
31. PERDOCINI, L.C. Diamantes do rio Tibagi Paraná. Fonte no grupo Itararé –
Curitiba - 1997
34. Estanislav, N. (2004), no Relatório sobre ``Avaliação prévia dos riscos da criação
da nova Empresa diamantífera Luminas"
Sites visitados:
1. Http://www.rc.unesp.br/museudpm/banco/elementos%20nativos/
Diamente.html
2. Http://nautilus.fis.uc.pt/st2.5/scenes-p/elem/e00621.html
3. Http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.
4. Http://www.escolabellarte.com.br/pedras/Diamante.htm
5. Http://pt.wikipedia.org/wiki/Diamante
6. http://www.amnh.org/exhibitions/diamonds/thermal.html
7. www.info-angola.com/governo
ANEXOS
Para preparar esta tabela será necessário ter determinado previamente o contorno do bloco.
A partir do contorno deve determinar-se a área do bloco (AB).
Figura V.33: Bulldozer D6, maquina usada na abertura da linha de base e de poços
(Foto do autor)
BB
AA
Glossário
____________________________________ A __________________________________
Afloramento: exposição acessível em superfície, de uma rocha ou mineral, bem como,
qualquer exposição acessível a observação humana, tais como: corte de estradas, túneis,
galerias subterrâneas, poços, etc.
Armadilhas: escavações naturais ou artificiais, fracturas ou diáclases, inselbergues ou
qualquer relevo susceptível de provocar uma sedimentação extraordinária de diamantes.
______________________________________ C ________________________________
Claim: divisão convencional utilizada no início dos trabalhos de prospecção, para
individualizar as zonas mineiras de Angola.
Concessão: área para exploração mineira de diamantes.
Concreções: agregado presente em sedimentos, diferindo da natureza destes, e formado de
matéria inorgânica com formas diversas (nodular, discoidal, rizóide, cilíndrica etc.)
distingue-se dos seixos por não ser transparente.
Concentrado: último produto do tratamento de cascalho (desagregação, lavagem e
concentração), para escolha dos diamantes.
Couraças: capas de laterite existentes nos terraços da zona do Muíge, fruto da oxidação do
cascalho.
Cascalho: É toda camada sedimentar detrítica cujos clastos a presentam granulometrias
que variam de 1,09 mm a 30 mm. A camada de cascalho a presenta dois tipos de
granulometrias distintas: uma groseira (clastos) e outra fina (matriz).
Cratão: porção da crosta terrestre que permaneceu estável e sofreu pouca deformação.
_____________________________________ D _______________________________
Datum: Provedor para referência geográfica
Depósitos: Zona de sedimentação mineral.
Depelacção: Quantidade já explorado em determinada reserva.
Diaclasamento: Fissuramento, na área verifica-se fruto da erosão química dos maciços de
grés.
___________________________________ E ____________________________________
Estéril: mineral sem valor económico ou com valor secundário, associado ao minério.
Escudo: área de exposição de rochas do embasamento cristalino em regiões cratônicas,
comumente com superfície convexa.
____________________________________ F _________________________________
Linha base: É a linha que serve de apoio as linhas de poços. É geralmente paralela a
direcção a direcção média do curso do rio.
Linha de poços: É a linha perpendicular a linha base, onde são implantadas os poços de
prospecção.
______________________________________M ________________________________
Mineral: elemento ou composto químico sólido, homogéneo, cristalino, que se formou
através de processos inorgânicos naturais.
Minério: agregado natural de minerais que, no actual estágio da tecnologia, pode ser
normalmente utilizado para a extracção económico de um determinado mineral. Podendo
este ser metálico ou não metálico.
Metalotectos: é o mesmo chamar índices de prospecção.
Mineralização: enriquecimento mineral
__________________________________ P ___________________________________
Paleocanais: depósitos antigos de camadas mineralizadas, de origem fluvial,
correspondente normalmente a leitos de rios, lezírias e terraços.
Peneplanização: aplanação
Províncias Diamantíferas: Áreas diamantíferas de Angola, independentes da divisão
administrativa do País.
Psamito: termo genérico aplicado a rochas sedimentares, de grosseiras a conglomeráticas,
tais como os conglomerados e diamictitos.
____________________________________ R __________________________________
Remobilizado: retrabalhado ou depositado.
Reconcentração: concentrado de novo
Rocha base: É toda formação rochosa abaixo da qual não existem diamantes (gneisse,
xisto, grés etc.).
Reserva: parte dos recursos conhecidos que podem no momento ser legal e
economicamente explorados.
Recursos geológicos: são bens naturais existentes na crusta terrestre susceptíveis de
aproveitamento económico no presente ou, admissivelmente, no futuro.
Reservas indicadas ou prováveis: aquelas cuja tonelagem e teor foram calculadas com
base em amostragem ainda escassa.