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BIOLOGIA E GEOLOGIA

LAVADORES COMO LABORATÓRIO

Paupério, M.; Tomás, M.; Correia, M., 11ºD

Resumo: Este relatório foi elaborado no âmbito da Abstract: This report was carried out in the context of
disciplina de Biologia e Geologia e da visita de the discipline of Biology and Geology and the study
estudo realizada a Lavadores, na qual foi visit to Lavadores, in which the geological importance
observada a importância geológica dos diferentes of  the different coexistent environments -
ambientes coexistentes: sedimentar, magmático e
sedimentary, magmatic and metamorphic - were
metamórfico.
observed.

1.CONTEXTUALIZAÇÃO GERAL:
A praia de Lavadores situa-se no litoral de Vila Nova de Gaia e
apresenta uma notável riqueza quer ao nível geológico e geomorfológico quer
ao nível da biologia, sendo por isso uma zona de elevado interesse científico e
pedagógico. Esta praia, localizada a Sul do Cabedelo, encontra-se na
confluência da Zona Centro Ibérico e na Zona de Ossa Morena e é possível
distinguir dois ambientes geológicos diferentes: um sedimentar e outro
metamórfico.

A principal característica deste geossítio é o seu granito, uma rocha


formada há cerca de 300 milhões de anos, que foi consolidada no interior da
crosta terrestre a alguns quilómetros de profundidade, e que se instalou entre
estes dois domínios geológicos da Península Ibérica. O arrefecimento do
magma, aliado à fragilidade e movimentos da crosta terrestre, permitiu a sua
ascensão, e a forma como este é manifestado à superfície deve-se à ação
abrasiva do mar, do vento e dos próprios seres vivos.
Através da observação do local é possível reparar no sistema de
fracturação preferencial que este granito possui, uma vez que é a partir deste
que se desenvolvem a maioria das estruturas presentes nesta zona.
Já fora da praia, mas ainda neste litoral, verifica-se também um exemplo
extraordinário de formação sedimentar de natureza marinha, na qual se
comprova que a linha da costa se encontrava bastante deslocada para o
interior do continente e que o nível médio das águas do mar era bastante mais
elevado há uns milhares de anos.

Em relação à biodiversidade desta zona, é possível encontrar uma


diversidade abundante de espécies pertencentes ao Reinos Animalia e
Protista.

Figura 1- Carta geológica de Lavadores


2. AMBIENTE GEOLÓGICO

2.1. A ZONA DE CAOS DE BLOCOS:

As zonas de caos de blocos (fig.2) são aglomerados de rochas


graníticas arredondadas que se formam devido à alteração das rochas por
parte da ação de agentes erosivos, que as degradam e arredondam ou pelas
rodas de diáclases ou fraturas. Estes blocos, ao serem transportados muitas
vezes ficam dispostos de forma desordenada ou empilhados uns em cima dos
outros.

Uma das hipóteses mais aceites para a formação desta paisagem é a


destruição das torres graníticas, que também se podem encontrar nesta praia.
Estas estruturas resultam da acumulação de blocos graníticos que não
sofreram transporte e que se encontram dispostos uns em cima dos outros. Os
que se encontram na praia de Lavadores não passam dos seis metros e têm
arestas arredondadas (fig.3). Contudo, esta hipótese não explica
completamente a elevada quantidade destas estruturas na praia de Lavadores.

Estes blocos graníticos acumulam-se, geralmente, no sector norte, em


consequência dos fortes temporais de quadrante sul que assolam a área 3.

Figura 2 - Caos de Blocos5 Figura 3 – Torres graníticas

2.3. MARMITAS DE GIGANTE

As marmitas de gigante (fig.4) são estruturas circulares mais ou menos


profundas e existem em maior número na faixa entre marés. Estas estruturas
resultam da erosão das rochas provocada pelos seixos rodopiantes e é
possível observá-las principalmente junto ao mar.
Figura 4 – Marmitas de gigante

2.2. A ZONA DAS PEDRAS AMARELAS:

A praia das pedras amarelas pertence à Zona de Ossa Morena. Este é


um ambiente metamórfico, neste caso rochas de origem magmática (como o
granito), que foram submetidas a uma grande pressão e temperatura. Neste
ambiente existem migmatitos, nos quais se pode observar dois fragmentos
onde um deles sofre de fusão (parte metamórfica) e o outro não (parte
magmática).

O gneisse ocelado (fig. 5) é uma rocha de origem metamórfica que deu


origem ao nome da praia das pedras amarelas, devido à sua coloração
amarelada. A composição do gneisse ocelado pode variar dependendo da
zona, sendo principalmente composto por quartzo e feldspato.

As dobras (fig. 6) são rochas que são sujeitos a elevados níveis de


pressão e temperatura ficando assim moldáveis, depois deste processo
solidificam e ficam com a forma que podemos observar.

Os veios de quartzo no gneisse (fig. 7) são formados por processos de


meteorização, nos quais se criam fissuras, fraturas e falhas, entre outros. Estas
lacunas vão ser preenchidas por material rochoso, neste caso o quartzo,
preenchendo a fossa existente.
Figura 5 – Gnaisse Ocelado Figura 6 - Dobras

Figura 7 – Veios de Quartzo

2.4. A ZONA DE TERRAÇOS MARINHOS

Os terraços marinhos de lavadores (fig. 8) fazem parte da zona


sedimentar e têm cerca de 2 milhões de anos (período quaternário). Nestas
estruturas é possível observar quer sequências sedimentares positivas quer
negativas. As sequências positivas, também chamadas transgressões, ocorrem
devido ao aumento do nível médio do mar e caracterizam-se pelo tamanho dos
grãos de areia ir diminuindo da base para o topo. Já as sequências negativas,
as regressões, decorrem da descida do nível médio das águas do mar e são
caracterizadas pelo tamanho dos grãos de areia ir aumentando da base para o
topo.
Figura 8 – Terraço marinhos com regressões e transgressões

3. AMBIENTE BIOLÓGICO

3.1. CRACAS

As cracas (fig. 9) são um crustáceo da família das Cirrípedes. De


formação calcária, este animal desenvolve-se colado às rochas e alimenta-se à
base de matéria orgânica que se encontra na água (em lavadores as cracas
são geralmente encontradas na parte inferior das rochas) 6.

Figura 9 - Cracas

3.2. MEXILHÃO

O mexilhão (fig. 10) é um molusco bivalve marinho filtrador que pertence


à família Mitilídea. Normalmente encontra-se nas costas das regiões
temperadas e frias do Oceano Atlântico11.
Figura 10 - Mexilhão

3.3. ALGAS CASTANHAS

As algas castanhas (fig. 11) são seres pluricelulares, pertencem ao


grupo Phaeophyceae e encontram-se maioritariamente junto de costas
rochosas de zonas temperadas e subpolares12.

Figura 11 – Algas castanhas

3.4. ACTÍNIA EQUINA

Actínia equina (fig. 12) é um cnidário da família das Actinídea, conhecido


como morango-do-mar. O seu tamanho vai até 8 cm de altura e 6 cm de
diâmetro. Apresenta um corpo cilíndrico com disco adesivo tipo ventosa e tem
cerca de duzentos tentáculos dispostos em seis círculos à volta da boca,
completamente retrácteis. A cor varia desde vermelho-escuro ao castanho e ao
verde, podendo, por vezes, apresentar pintas7.
Figura 12 – Actínia equina

3.5. ANÉMONA SNAKELOCKS

A anémona snakelocks (fig. 13) encontra-se no leste do Oceano


Atlântico e no Mar Mediterrâneo. Estes seres vivos vivem melhor presas ao
fundo em águas salgadas rasas e piscinas interditais e podem ser encontradas
até aos 20 metros de profundidade, contudo a partir dos 10-12 metros
raramente são encontradas9.

Figura 13 – Anémona snakelocks

3.6. ALGAS VERDES

As algas verdes (fig. 14) são um grupo parafilético de organismos


fotossintéticos composto por espécies microscópicas e macroscópicas.
Encontram-se em todos os ambientes aquáticos (águas marinhas e salobras e
água doce), e no ambiente terrestre, em locais como, troncos, folhas, neve, em
solos húmidos, dentre outros. A maioria das espécies vive a maior parte do seu
ciclo de vida como células isoladas. Outras, no entanto, podem associar-se em
colónias, em filamentos, podem ser ramificados ou não, além de possuírem
flagelos10.
Figura 14 – Algas verdes

3.7. PATELLA VULGATA

As patellas vulgatas (fig. 15), comumente conhecidas por lapas, são


moluscos gastrópodes da família Patelídea, com geralmente menos de 8 cm de
comprimento, possuem uma concha cónica e encontram-se geralmente
agarrados às rochas da zona intertidal (ou a outras superfícies rígidas) 8.

Figura 15 – Patellas vulgatas

4. CONCLUSÕES
Em suma podemos afirmar que a praia de lavadores constitui um
verdadeiro laboratório natural, pois nesta pequena área encontramos das mais
diversas estruturas típicas dos ambientes geológicos (metamórfico, magmático
e sedimentar) e uma biodiversidade também muito variada, contribuindo tanto a
nível biológico e geológico como histórico um local de grande importância.
Visitar o Geossítio da praia de Lavadores é uma experiência memorável, que
permite uma viagem de milhões de anos no tempo, ao longo da história da
formação e evolução desta singular paisagem granítica.

5. Bibliografia
1
https://www.cm-gaia.pt/pt/noticias/o-geossitio-de-lavadores-uma-escultura-ao-ar-livre/
2
https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/82368/2/37926.pdf 
3
Ferreira, Araújo & Gomes, 1995
4
https://www.atlasavesmarinhas.pt/corvo-marinho/
5
https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.casadasciencias.org%2Fimagem
%2F8625&psig=AOvVaw321vqD-
amxRsiHegBfZceN&ust=1636224819889000&source=images&cd=vfe&ved=0CAsQjRxqFwoTCMjNu9jygf
QCFQAAAAAdAAAAABAN
6
https://byacores.com/cracas-acores/
7
https://www.casadasciencias.org/imagem/8998
8
https://www.casadasciencias.org/imagem/7727 e https://pt.wikipedia.org/wiki/Patella_vulgata
9 https://animaldiversity.org/accounts/Anemonia_viridis/

10
https://pt.wikipedia.org/wiki/Algas_verdes
11
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mexilh%C3%A3o
12
https://pt.wikipedia.org/wiki/Phaeophyceae

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