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Geologia 11ºAno

Tema 4. Geologia, Problemas e Materiais do quotidiano

4.1. Ocupação Antrópica e Problemas de Ordenamento


Ordenamento do território – conjunto de processos integrados de ordenação
do espaço biofísico, tendo como objetivo a sua ocupação, utilização e
transformação de acordo com as capacidades do referido espaço.

Ocupação antrópica – ocupação de grandes zonas da superfície terrestre pelo


Homem com consequente modificação das paisagens naturais.

O crescimento da população humana obriga-a a expandir-se


geograficamente e a ocupar zonas naturais, algumas das quais, sujeitas a risco
geológico (riscos potenciais decorrentes de processos geológicos naturais,
como, por exemplo, os deslizamentos de massa ou os sismos). A ocupação
antrópica privilegia áreas com acessos favoráveis e com riqueza natural
próprias, como é o caso das zonas fluviais e das faixas litorais.

A ocupação antrópica levou a grandes alterações paisagísticas, o que tem


levado à deterioração ambiental.

Risco geomorfológico:

• Bacias hidrográficas – erosão fluvial, cheias, exploração de inertes, …;

• Zonas costeiras – erosão costeira, pressão urbanística, …;

• Zonas de vertente – erosão das vertentes, movimentos de massa, …

4.1.1 Bacias hidrográficas (Análise de uma situação-problema).

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A ocupação antrópica em regiões próximas dos cursos de água muitas


vezes deve-se ao facto de muitos rios serem utilizados para o transporte, fácil
acesso à água, energia e alimento, bem como devido à existência de solos
férteis.

O escoamento fluvial processa-se de um modo hierarquizado, definindo


uma rede de drenagem composta por cursos de água que vão confluindo, o que
possibilita o deslizamento das águas das zonas mais altas em direção às mais
baixas. Segundo o seu grau de importância na hierarquia fluvial, os cursos de
água tomam diferentes designações: regato, ribeiro, ribeira e rio.

O conjunto formado pelo rio principal, seus afluentes e subafluentes


constitui uma rede hidrográfica.

A área geográfica que contém uma dada rede hidrográfica constitui a bacia
hidrográfica ou de drenagem.

O leito do rio é o espaço que pode ser ocupado pelas águas, sendo possível
distinguir:

• leito ordinário ou aparente – traçado de relevo por onde correm as


águas de um rio;

• leito maior ou leito de cheia (ou de inun-


dação) – área marginal inundada pelo rio em
regimes de cheia;

• leito menor ou de estiagem - zona do


leito aparente ocupado pelas águas do rio durante a estação seca.

Os rios desempenham um triplo papel geológico:

• Meteorização e erosão – As águas em movimento podem provocar des-


gaste físico das rochas do leito, tanto vertical (p. ex.: aprofundando o canal flu-
vial), como lateralmente (p. ex.: alargando o canal fluvial). Esta ação de desgaste
deve-se, principalmente, ao arrastamento dos materiais sólidos transportados.
Todos os materiais soltos são removidos devido à pressão exercida pela água
em movimento, mais importante em época de cheias. Este processo de remoção
tem o nome de erosão.

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• Transporte – os materiais podem ser levados para maiores distâncias


(tanto maiores quanto menor for a sua dimensão), são designados por detritos e
constituem parte da carga sólida do curso de água. Os rios transportam igual-
mente uma grande quantidade de substância dissolvidas.

• Sedimentação – consiste na deposição dos materiais, quer ao longo do


leito do rio, quer nas suas margens, quer na foz. A sedimentação é geralmente
ordenada de acordo com as dimensões, a forma, o peso dos detritos e com a
velocidade da corrente. Após a deposição os materiais designam-se por sedi-
mentos. Os materiais mais pesados e de maiores dimensões normalmente de-
positam-se mais para montante e os de menores dimensões e mais finos depo-
sitam-se a jusante (junto à foz) ou são transportados para o mar. A deposição de
materiais é importante quando ocorrem cheias, formando depósitos no leito de
cheia chamados aluviões.

Em cada troço de um rio realizam-se simultaneamente os três tipos de ação


geológica: erosão, transporte e sedimentação. O risco geológico dos rios está
associado, sobretudo, à variação do seu caudal. Quando a pluviosidade é
abundante, ou ocorre degelo a montante, o nível de água fluvial aumenta e pode
inundar as margens do rio, invadindo o leito de cheia.

As populações edificam, frequentemente, construções nos leitos de cheia


das bacias hidrográficas. Este facto aumenta, enormemente, o potencial
destrutivo das cheias fluviais.

4.2. Zonas costeiras (Análise de uma situação-problema)

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As zonas costeiras são talhadas pela ação do mar no litoral. A subida e a


descida das águas das marés, o movimento das ondas nas rochas são
responsáveis pela ação destrutiva do litoral (abrasão marinha – impacto das
ondas que provoca o desgaste sobre a costa).

Na vida da Terra, o nosso litoral já assistiu a várias subidas e descidas do


nível do mar, alternância de regressões (períodos glaciares e interglaciares o
que faz com que o nível da água do mar desça) e transgressões (períodos de
fusão das grandes massas de gelo, o que faz com que o nível da água do mar
suba), são responsáveis por estas alterações. Como resultado da ação do mar,
podem considerar-se as formas de erosão e as formas de deposição.

As formas de erosão resultam do desgaste provocado pelo impacto dos


movimentos das águas do mar sobre a costa. A este desgaste dá-se o nome de
abrasão marítima. Os efeitos da abrasão são particularmente visíveis nas costas
altas e escarpadas, chamadas arribas (fronteira litoral escarpada e elevada,
onde a transição da área continental para o oceano é abrupta).

A abrasão ocorre principalmente na base da arriba, onde o impacto das


águas sobre as rochas vai escavando e provocando a queda de detritos que se
acumulam nas zonas mais baixas, dando origem a uma superfície chamada
plataforma de abrasão. Esta plataforma é recoberta pelas águas durante a
preamar (maré cheia) e fica a descoberto durante a baixa-mar (maré vazia).

Nos locais onde predominam forças de abrasão é possível observar um


conjunto de formas, para além da plataforma de abrasão, como as cavernas, as
leixões (penedos altos e isolados da costa marítima) e os arcos litorais.

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A zona litoral constitui um importante recurso natural, tanto como espaço


de lazer como fonte geradora de riqueza. Contudo, constitui um recurso não
renovável à escala humana.

Praias

• Local de acumulação de sedimentos de variados tamanhos e formas;

• Geológica e ecologicamente são mais frágeis do que as arribas;

• Impedem o avanço das águas do mar para o interior;

• Por vezes, em algumas praias é possível observar dunas litorais que assu-
mem uma enorme importância, pois, impedem de um modo natural o avanço
das águas do mar e protegem a terra da intensidade do vento e do avanço
das areias.

Desta fora, uma praia é uma fronteira litoral de transição suave, onde ocorre a
deposição de sedimentos de calibre variado, maioritariamente, de origem fluvial.

Erosão costeira ou litoral

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Cerca de 90% das zonas de litoral estão em acelerado processo de erosão, não
só devido a causas naturais, como a subida do nível das águas, mas, sobretudo,
devido à ação humana:

• a libertação de dióxido de carbono devido à


queima dos combustíveis fósseis; a desflores-
tação que reduz a quantidade de oxigénio na
atmosfera; os incêndios que emitem grande
quantidade de gases para a atmosfera e que
provocam um aumento da temperatura no pla-
neta (efeito de estufa), o que origina o degelo
das calotes polares.

• A ocupação da zona litoral com construções e


estruturas de lazer que interferem no equilíbrio
natural da distribuição de sedimentos no litoral;

• As barragens que aprisionam uma série de se-


dimentos nas suas albufeiras, sedimentos es-
ses que seriam naturalmente encaminhados para as várias praias e que
diminuiriam o efeito da erosão no litoral;

• A destruição das dunas das praias quer pelo uso contínuo quer pela des-
truição das espécies vegetais que "consolidam" essas dunas, barreiras
naturais que evitam a aceleração da erosão no litoral;

• A exploração de matérias-primas para a construção civil (exploração de


inertes).

Medidas de Prevenção
Para diminuir os estragos provocados pela natureza, mas principalmente
pela ação humana, têm surgido construções destinadas à proteção das
investidas do mar: esporões, molhes e enrocamentos.

Os esporões (estruturas artificiais perpendiculares à linha de costa, cuja


finalidade é evitar a remoção de sedimentos pela ondulação. Da sua ação resulta
uma deficiente retenção de areias a sul, a que está associada uma erosão

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intensa) e os molhes (pontões, ou estruturas alongadas que são introduzidas


nos mares ou oceanos, afixadas no leito aquático por meio de bases que os
sustentam firmemente, e que permitam que emerja da superfície aquática.
Constituí o único meio de se atracar uma embarcação nas costas que não
contam com águas suficientemente profundas). Ambas são estruturas
perpendiculares à praia que a protegem e podem ser formadas por rochas
amontoadas, estruturas em betão ou em tetrápodes de betão.

Estas construções podem ser um perigo para os banhistas, pois alteram o


percurso natural das correntes marítimas, criando autênticas armadilhas mortais
na praia.

Exemplo deste tipo de construções são os enrocamentos ou paredões


(constituídos por grande quantidade de enormes blocos rochosos dispostos
paralelamente à costa. O inconveniente dos enrocamentos é o seu elevado custo
e a necessidade de serem renovados, aproximadamente, de 4 em 4 anos) e os
quebra-mar (muros dispostos no mar, paralelamente à costa, provocando um
estreitamento da praia e, eventualmente, o seu desaparecimento).

Planos de Ordenamento do litoral


• Construção dos paredões e quebra-mares, anteriormente referidos, com es-
tudos prévios.

• Injeção de areias, com custos menos elevados que as construções anterio-


res e com menos impacto na paisagem. É uma medida temporária, pois a
dinâmica da água vai retirando as areias depostas;

• Planos de ordenamento do litoral – como de forma a proteger o litoral portu-


guês elaborou-se os:

o Planos de Ordenamento da Orla Costeira (POOC), cujos objetivos


são:

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• identificar áreas de risco potencial;

• promover a reabilitação das áreas afetadas;

• elaborar medidas a tomar nas zonas afetadas;

• estabelecer regras de utilização da orla costeira.

o Programa FINISTERRA, com o objetivo de requalificar e reordenar o


litoral português e de levar a cabo os POOC e cujos objetivos são:

• estabilização e recuperação de dunas;

• alimentação artificial das praias;

• manutenção e construção de quebra-mares, esporões e mu-


ros de proteção;

• demolição e remoção de estruturas em áreas de risco;

• estabilização de arribas.

4.3. Zonas de vertente (Análise de uma situação-problema).

As zonas de vertente são locais de constituição rochosa que apresentam um


declive acentuado e que estão sujeitos à ação rápida e intensa de processos de
meteorização e erosão.

A erosão ocorre depois de se dar a meteorização e pode assumir duas formas


principais:

1. Erosão hídrica – erosão lenta e gradual, onde os materiais arrancados


às vertentes são, quase sempre, em
pequena quantidade e de pequenas
dimensões;

2. Erosão dos movimentos em massa


– movimentação brusca e inespe-
rada, ao longo de uma vertente de
grandes quantidades de materiais.

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Causas dos movimentos em massa

Fatores Condicionantes – correspondem às condições mais ou menos perma-


nentes que podem favorecer ou não os movimentos em massa.

o Força da gravidade;

o Contexto geológico;

o Tipo e características das rochas;

o Inclinação da vertente;

o Grau de alteração e fracturação.

Fatores desencadeantes – correspondem a fatores que resultam de alguma


alteração que foi introduzida numa determinada vertente.

o Precipitação;

o Ação Antrópica – destruição do co-


berto vegetal, remoção de terrenos
para construção;

o Sismos e tempestades no mar.

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Medidas preventivas

As medidas preventivas devem ser pensadas antes da ocupação do território,


sendo as principais:
• Estudo das características geológicas e geomorfológicas de um local
para avaliação do seu potencial risco;

• Elaboração de cartas de ordenamento do território com definição de zo-


nas habitacionais, agrícolas, ecológicas, vias de comunicação, etc.;

• Elaboração de cartas de risco geológico;

• Remoção ou contenção dos materiais geológicos (pregagens, muros de


suporte, arborização, sistema de drenagem, redes metálicas, etc.) que
possam constituir risco;

• Verificação da ocorrência de episódios antigos;

• Pesquisa de movimentações (P. ex.: se há árvores inclinadas);

• Evitar o corte das vertentes (construção de estradas);

• Evitar aumentar a sobrecarga em declives de muita inclinação;

• Não desflorestar o local e reflorestar com árvores de crescimento rápido;

• Controlar a drenagem;

• Reavaliar a ocupação do território;

• Tentar diminuir a inclinação das vertentes;

• Manter as populações de sobreaviso.

4.2. Processos e Materiais Geológicos Importantes em


Ambientes Terrestres
Na sequência da atividade externa e interna da Terra formam-se as
rochas sedimentares, magmáticas e metamórficas as quais interagem de uma
forma dinâmica.

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Estes três tipos de rochas interagem entre si através do ciclo das rochas.
Este ciclo é um modelo teórico de reciclagem das rochas á medida que elas se
formam, se destroem e se transformam.

4.2.1. Rochas Sedimentares e processo de formação


Ao longo do tempo devido à constante ocorrência de vários fenómenos
ambientais (ex.: erosão) as rochas vão sofrendo diversas alterações.
As rochas sedimentares, até á sua formação, sofrem processos
de meteorização, erosão, transporte e diagénese.

A. Meteorização
A meteorização é um conjunto de processos que alteram as características
primárias das rochas. Este processo ajuda a fragmentar as rochas em pequenas
porções, que, posteriormente, serão erodidas.

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Mas, as rochas podem sofrer dois tipos de meteorização: física/mecânica


e a química.

Meteorização mecânica
Este tipo de meteorização inclui os diversos processos que fragmentam a
rocha em pedaços cada mais pequenos sem que ocorram transformações
químicas que alterem a sua composição. Neste tipo de processo incluem-se
processos, tais como:
o Ação da água
A alternância de períodos secos com períodos de forte humidade,
resultantes da variação cíclica dos teores em água das rochas, originam
aumentos de volume e retrações, gerando tensões que conduzem á
fraturação e, por vezes, á desagregação do material rochoso.

o Ação do gelo
A água que entra nas fraturas pode mudar de estado líquido para sólido,
expandindo-se. Este aumento de volume pode exercer forças que
aumentem as fissuras já existentes, ou originarem novas estruturas,
contribuindo para a desagregação da rocha.

o Ação dos seres vivos


Por vezes, certos animais, como bivalves ou coelhos, cavam tocas que
aumentam o grau de degradação da rocha ou expõem, ainda mais, as
rochas a outros agentes de meteorização.

o Ação da temperatura ou termoclastia


Um aumento de temperatura implica uma dilatação; um arrefecimento
implica uma contração. Este movimento sistemático leva a uma grande
fratura das rochas com formação de materiais soltos.

o Crescimento de minerais ou haloclastia


No caso de a água existente nas fraturas das rochas conter sais dissolvidos
estes podem precipitar e iniciar o seu crescimento exercendo, assim, uma
força expansiva, que contribui para uma maior desagregação das rochas.

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o Alívio de pressão
As rochas, quando situadas em profundidade, estão sob grande pressão.
Quando são aliviadas do peso das rochas sobrejacentes, expandem,
fraturam e formam diáclases.

Meteorização química
Este processo transforma os minerais das rochas em novos produtos
químicos e a sua desagregação é tanto mais intensa e facilitada quanto maior
for o estado de desagregação física das rochas.
Esta meteorização pode ocorrer de duas maneiras distintas:
• os minerais são dissolvidos completamente, a exemplo da calcite
ou da halite, e, posteriormente, podem precipitar formando os mesmos minerais;
• os minerais são alterados, como os feldspatos e as micas, e, pos-
teriormente, formam novos materiais, como por exemplo minerais de argila.

A meteorização química das rochas inclui diversas reações químicas, tais


como a dissolução, a hidratação/desidratação, a hidrólise e a
oxidação/redução. A presença da água e do ar atmosférico facilita a ocorrência
destas reações.

o Dissolução
Ocorre a reação dos minerais com a água ou com um aço. Ex: a halite é
um mineral muito solúvel.

o Hidratação
Este processo envolve a combinação química de minerais com a água
(hidratação) ou a sua remoção (desidratação Ex: hidratação da hematite
para formar limonite; desidratação do gesso para formar anidrite.

o Hidrólise
A hidrólise é definida como sendo a substituição dos catiões da estrutura
de um mineral pelos iões de hidrogénio. Esta reação leva á formação de

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novos e diferentes minerais ou á completa desintegração do mineral


original. Ex: desintegração da olivina e da piroxena.

o Oxidação redução
Estes dois processos estão interligados, não podendo um acontecer sem
o outro. A oxidação é o processo pelo qual o átomo ou o ião perde
eletrões; na redução ocorre um ganho de eletrões Ex: Transformação da
pirite em hematite

Para além destes processos existe outro que é efetuado pelos seres vivos
e que designa meteorização químico-biológica. Todos os seres vivos, em
resultado de processos metabólicos produzem fluidos e ácidos que podem
provocar alterações químicas quando em contacto com as rochas.

B. Erosão
Após a meteorização das rochas, ocorre a erosão, processo pelo qual os agentes
erosivos separam fragmentos da rocha-mãe.

o Ação erosiva da água


A água da chuva pode provocar sulcos profundos nos
solos, que se designam ravinas. Pode também originar
estruturas como as chaminés-de-fada.

o Ação erosiva do vento


A ação erosiva do vento é feita através de dois
processos. Um deles consiste na remoção de
partículas sedimentares, deixando coberta a rocha-
mãe, que, assim, fica sujeita á ação da meteorização.
No outro processo, o vento em conjunto com as
partículas que transporta, desgasta as rochas. Ex. bloco pedunculado

C. Transporte

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Os sedimentos formados através da ação dos agentes erosivos são,


posteriormente, transportados para outros locais. De entre os agentes de
transporte, os mais importantes são a gravidade terrestre, o vento e a água.

D. Deposição
Após o transporte dos sedimentos, dá-se a deposição dos mesmos. Esta
deposição pode ocorrer em diferentes zonas e a sua constante deposição origina
camadas/estratos.

E. Diagénese
É o conjunto dos fenómenos físicos e químicos que transformam os
sedimentos em rochas sedimentares consolidadas. Dos fenómenos que
intervêm na diagénese destacam-se a compactação, a cimentação e a
recristalização.
o Compactação

Na compactação os sedimentos vão sendo sucessivamente comprimidos


por ação dos novos que sobre eles se vão depositando. Sendo assim, os
materiais subjacentes são sujeitos a um aumento de pressão crescente, o
que vai provocar a expulsão da água que existe entre eles e a diminuição da
sua porosidade, com consequente diminuição do seu volume.

o Cimentação

Pode-se dar o caso em que o espaço entre as partículas seja preenchido


pelas substâncias químicas dissolvidas na água, tais como a sílica. Este
fenómeno designa-se cimentação.

o Recristalização

Durante a recristalização, alguns minerais alteram a sua estrutura


cristalina. Por exemplo, a aragonite transforma-se em calcite. Este fenómeno
ocorre devido a alterações das condições de pressão e temperatura.

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4.2.2 Rochas Sedimentares


Um mineral é uma substância sólida, natural e inorgânica, de estrutura
cristalina e com composição química fixa ou variável. Na Natureza
existem, ainda substância sólidas, naturais e inorgânicas que,
contudo, não possuem estrutura cristalina. Estas substâncias
designam-se mineraloides.

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Principais propriedades dos minerais

Na identificação dos minerais recorre-se a um conjunto de


propriedades químicas e físicas.

o Propriedade química

É possível classificar os minerais química e fisicamente através dos


resultados qualitativos e quantitativos fornecidos por análises químicas. Esta
classificação foi feita por Dana e Hurlbut, em que se divide os minerais de acordo
com o anião dominante.

o Propriedades físicas

 Clivagem: Traduz a tendência de alguns


minerais para fragmentarem.

 Brilho: Propriedade que se refere á


intensidade de luz refletida por uma
superfície de fratura recente de um
mineral.

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 Cor: Resulta da absorção de radiações da luz branca que incide


sobre o mineral. Se os minerais apresentarem uma cor constante
designam-se minerais idiocromáticos. Caso apresentem uma
gama variada de cores designam-se minerais alocromáticos.

 Dureza: Resistência que um


mineral oferece ao ser riscado
por outro mineral. Em 1822,
Friedrich Mohs, imaginou uma
escala de dureza baseada na
capacidade de um mineral
riscar o outro.

Diz-se que um mineral é mais duro do que o outro se, e só se, o


riscar sem se deixar riscar por ele.

 Traço: Cor de um mineral quando reduzido a


pó.

 Densidade: Depende da sua estrutura cristalina, nomeadamente


da natureza dos seus constituintes e do seu arranjo, mais ou
menos compacto.

Caracterização e identificação dos minerais mais comuns

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Classificação das rochas sedimentares

As classificações existentes para este tipo de rochas baseiam-se,


sobretudo, em critérios de composição química e mineralógica ou na génese dos
sedimentos que as originam. Contudo, e dada a diversidade de ambientes de
formação de rochas sedimentares, torna-se, por vezes, difícil classificá-las, pelo
que se recorre a classificações que conjugam os critérios acima indicados.

Sedimentos

Rochas sedimentares detríticas

Formam-se a partir de fragmentos sólidos, ou seja, de detritos obtidos a


partir de outras rochas pré-existentes, por processos de meteorização e de
erosão. Os sedimentos detríticos são classificados em função do seu tamanho:

Os depósitos de balastros (seixos, calhaus, cascalhos e areão), areias,


siltes e argilas classificam-se como rochas sedimentares detríticas não

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consolidadas. A consolidação destes detritos através da diagénese, origina as


rochas sedimentares detríticas consolidadas.

Rochas sedimentares quimiogénicas

Neste caso, os sedimentos resultam da precipitação de substâncias


químicas dissolvidas numa solução aquosa (oceano, mar, lago,).

Rochas sedimentares biogénicas

Na formação de rochas sedimentares biogénicas, distinguem-se duas


situações:

• os corais são seres


vivos que edificam
estruturas calcárias, sob a
forma de recife, a partir do
carbonato de cálcio
dissolvido na água do mar
- recifal.

• outros seres vivos


retiram carbonato de cálcio
da água do mar para
construir parte do seu
corpo - calcários conquíferos.

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4.2.3. Rochas Sedimentares: arquivos históricos da Terra


As estruturas sedimentares formam-se durante ou após a deposição dos
sedimentos, mas antes da diagénese.

A estratificação é a estrutura mais comum das rochas sedimentares e


resulta do facto de a deposição de sedimentos, por ação da gravidade, ser
horizontal. Há sucessão de estratos depositados no mesmo ambiente
sedimentar atribui-se a designação de sequência estratigráfica.

O conjunto das características litológicas e fossilíferas de um estrato


sedimentar designa-se por fácies sedimentar.

Ambientes sedimentares, continentais, de transição e marinhos

Os ambientes de sedimentação - detríticos, quimiogénicos e biogénicos -


distribuem-se pela superfície da Terra, nomeadamente nos continentes, nos
mares e nos oceanos, bem como nas zonas de transição.

Fósseis e processos de fossilização

Paleoambiente: Ambiente antigo, que existiu no passado

Paleontologia: Ciência que estuda os fósseis

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Fósseis: restos de seres vivos ou vestígios da sua atividade que ficaram


preservados nas rochas e que viveram há muitos anos.

Somatofósseis: São restos de Icnofósseis: São os vestígios propriamente


seres vivos propriamente ditos ditos (Marcas, Alimentação – através da
(ossos, dentes, conchas, análise de coprólitos – fezes fossilizadas;
carapaças, etc.) Reprodução- ovos; Locomoção – pegadas)

Fossilização

Fossilização: Conjunto de fenómenos físicos, químicos e biológicos que


conduz à preservação do ser vivo do passado ou do vestígio da sua atividade,
ate aos dias de hoje.

Exemplos de processos de fossilização:

• Marcas: o organismo está apenas representado por vestígios da sua


atividade.

• Impressões: o organismo está apenas representado pelo seu molde


externo ou interno, os quais podem revelar pormenores da sua estrutura e
morfologia

• Mineralizações: o organismo ou as suas partes duras são conservadas


por substituição da matéria orgânica por matéria mineral

• Mumificação: o organismo é completamente preservado, por exemplo, por


resinas ou pelo gelo.

Os fósseis podem ser considerados:

Fósseis Característicos ou de Idade (trilobite)


• Permitem datar as rochas em que se encontram.
• Viveram durante um curto período de tempo geológico;
• Grande dispersão geográfica (horizontal);
• Pequena distrubuição estratigráfica (Vertical)

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• Existiram em grande número

Fósseis de Fácies ou de Ambiente (Amonite)

• Permitem a reconstituição de ambientes antigos em


que se formaram as rochas, paleoambientes.
• São bons fósseis de fácies os fósseis de seres vivos, cuja
vivência se restringe a meios com características bem
determinadas.
• Pequena distribuição geográfica (horizontal)
• Grande distribuição estratigráfica (Vertical)

Fósseis Vivos (Nautilus)

• São seres vivos que existem desde há muito milhões de


anos, atualmente existem fósseis desses seres vivo e exem-
plares deles vivos.

Princípios da estratigrafia

Segundo o princípio da sobreposição, numa sequência estratigráfica não


deformada, um dado estrato é mais recente do que aquele que lhe serve de
base.

Este princípio da sobreposição permite avaliar a variação vertical das


condições de sedimentação dos estratos,
bem como a sua idade relativa. Contudo,
também pode ocorrer variação horizontal,
ou seja, lateral das características da
sedimentação.

Assim o mesmo período de sedimentação pode ocorrer em diferentes


ambientes, originando estratos, que se podem estender por uma vasta área,
onde se verifica uma passagem gradual de litologias. Este princípio estratigráfico

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Geologia 11ºAno

designa-se Princípio da Continuidade Lateral. Um estrato é,


aproximadamente, da mesma idade em toda a sua extensão.

O princípio da identidade paleontológica estabelece que os estratos


com o mesmo conteúdo fossilífero têm a mesma idade.

Conhecendo-se a idade geológica de


formação de um fóssil com estas
características, sabe-se que qualquer
fóssil deste ser-vivo terá sido formado
no mesmo período.

Assim, estes fósseis permitem datar


por relatividade as rochas que os
contêm, e assumir que as condições
de formação seriam semelhantes.

A aplicação conjunta destes princípios permite estabelecer relações de


idade entre as rochas, o que permitiu construir a escala do Tempo Geológico.

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Geologia 11ºAno

4.3. Rochas Magmáticas


4.3.1. Definição de Magma

O magma é uma substância líquida, constituída, essencialmente, por uma


mistura de rochas num estado de fusão com uma percentagem variável de
gases. Este líquido ocorre a temperaturas muito elevadas.

Na maioria dos casos, o magma é formado em locais onde se verifica uma


forte atividade tectónica, a exemplo do que acontece em limites de placas
convergentes e divergentes.

A – Zona de afastamento de placas

B – Zona de colisão de uma placa continental com uma placa oceânica

C – Zona de colisão entre duas placas continentais

D – Zona de colisão entre duas placas oceânicas E – zona intraplaca

4.3.2. Composição e classificação dos magmas

Do ponto de vista químico, os magmas são constituídos por silício,


alumínio, ferro, magnésio, cálcio e potássio que, na maioria das vezes vêm
expressos sob a forma de óxidos. Para além destes constituintes, os magmas
contêm ainda outros elementos, que embora existam em pequenas quantidades
desempenham um papel importante na formação dos minerais.

Basáltico Andesítico Riolítico

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Geologia 11ºAno

4.3.3. Cristalização e diferenciação dos magmas

Durante o processo de arrefecimento do magma, em consequência da


diminuição da temperatura, tem início um processo de cristalização, isto é, de
formação de cristais de matéria mineral.

Se este arrefecimento se der á superfície da Terra, a velocidade, devido á


elevadas diferenças de temperatura e pressão, de arrefecimento será muito
elevada e muitas substâncias não chegam a cristalizar. Caso contrário, há uma
formação sequencial de minerais.

Cristalização fracionada

Norman Bowen, observou que os minerais não se cristalizam todos ao


mesmo tempo. Primeiro cristalizam os minerais de mais alto ponto de fusão,
seguidos dos restantes, por ordem decrescente. Este processo designa-se
cristalização fracionada e é um dos processos responsáveis pela
diferenciação magmática.

A partir desta figura podemos concluir que:

• Após a cristalização completa dos minerais que constituem ramos, a


fração magmática resultante pode
apresentar elevadas concentrações
de sílica e de metais leves, tais como
o potássio e o alumínio.

• Cristalizarão então, sucessivamente,


o feldspato potássico, a moscovite e,
por fim, o quartzo, até ao esgotamento do magma residual.

4.3.4. Os minerais e a matéria cristalina

Definem-se três tipos de cristais:

o Cristal euédrico, se o mineral é totalmente limitado por faces bem


desenvolvidas;

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Geologia 11ºAno

o Cristal subédrico, se o mineral apresenta faces parcialmente bem


desenvolvidas;

o Cristal anédrico, se o mineral não apresenta qualquer tipo de faces

As propriedades físicas dos minerais estão relacionadas com a sua


composição química, com a natureza dos átomos, dos iões e das moléculas que
os constituem, bem como a sua estrutura interna.

A propriedade apresentada por minerais que possuem a mesma estrutura


cristalina, mas composições químicas levemente diferentes, designa-se
isomorfismo. É o caso dos minerais fayalita (Fe2 SiO4) e forsterita (Mg2 SiO4),
que pertencem à série isomórfica das olivinas.

Noutros casos, existem minerais que apresentam a mesma química, mas


estruturas cristalinas diferentes. Como por exemplo o mineral diamante, que é
constituído por carbono e o mineral grafite, que é igualmente constituído por
átomos de carbono. Nestes casos, esta propriedade designa-se por
Polimorfismo.

4.3.5. Características das Rochas Magmáticas

Vulcânicas ou Extrusivas: rochas formadas à superfície pelo


arrefecimento rápido do magma.

Os minerais têm pouco tempo para


cristalizar e têm pequenas dimensões,
invisíveis a olho nu. Ex. Basalto e Riólito

Plutónicas ou Intrusivas: rochas formadas em profundidade, em


condições de pressão e temperatura elevadas, pelo arrefecimento lento do
magma.

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Os minerais apresentam-se muito desenvolvidos e visíveis a olho nu. Ex.


granito e o gabro

Classificação das Rochas Magmáticas e Textura


As rochas magmáticas podem ser classificadas segundo a sua textura e
da sua composição mineralógica.

Minerais presentes no granito Minerais presentes no basalto

Classificação das Rochas Magmáticas e a cor


A cor da rocha está relacionada com a presença de certos minerais, nos
diferentes tipos de magma:

• Rochas Leucocratas: têm cor clara e formam-se em magma riolítico. Ex.


granito
• Rochas Mesocratas: têm cor intermédia e formam-se em magma andesí-
tico. Ex. andesito e diorito

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• Rochas Melanocratas: têm cor escura e formam-se em magma basáltico


Ex. basalto e gabro

Classificação das Rochas Magmáticas e a concentração em sílica

Dos minerais que constituem as rochas magmáticas fazem parte dois grandes
grupos:

• Minerais essenciais – minerais cuja presença permite caracterizar a ro-


chas e determinar a sua designação.
• Minerais acessórios – minerais que não são importantes para designar a
rocha.

4.3.6. Exemplos de rochas magmáticas

o Riólito e granito– formam-se, essencialmente quando ocorrem choques


entre duas placas continentais com consequente formação das cadeias
montanhosas. O forte atrito que se verifica nas zonas profundas da região
vai produzir um aumento de pressão e de temperatura, que irá provocar a
fusão das rochas constituintes da crosta terrestre. Assim, o magma
resultante será muito rico em sílica. O riólito tem uma estrutura afanítica,
forma-se á superfície e é uma rocha leucocrata. O granito é uma rocha
fanerítica, intrusiva e leucocrata.

o Basalto e gabro - Maioritariamente, o manto superior é constituído por


peridotito, uma rocha holomelanocrata, rica em minerais máficos, como a
olivena e a piroxena. Quando uma porção de peridotito se desloca na
astenosfera com um sentido ascendente, a diminuição de pressão provoca
a fusão de minerais ferromagnesianos, possibilitando assim, a formação de
um magma de composição basáltica. O basalto é formado neste ambiente,

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tendo uma estrutura afanítica, consolidando-se á superfície (rocha extrusiva)


e sendo classificada como melanocrata. Para além desta rocha, forma-se
também o gabro. Esta rocha tem uma estrutura fanerítica, consolida-se em
profundidade (rocha intrusiva) e é classificada como melanocrata.

• Andesito e diorito – Estas rochas formam-se quando duas placas, uma


continental e uma oceânica, colidem. Há a subducção da placa oceânica. O
magma resultante provem da fusão parcial de partes do manto e da crosta
sob condições especiais de temperatura e pressão. Posteriormente, a água
contida nos sedimentos que fazem parte da placa oceânica contribui para a
formação de uma região aquosa. O andesito caracteriza-se por: ter uma
estrutura afanítica, ser uma rocha extrusiva e por ser mesocrata. O diorito
caracteriza-se por: ter uma textura fanerítica, ser intrusiva e por ser
mesocrata.

Rochas metamórficas.docx (1,5 MB)

4.4. Deformação – falhas e dobras

Com o constante movimento das placas tectónica, as rochas ficam


sujeitas a fortes estados de tensão. Em
resposta a esse estado deformam-se,
podendo originar falhas ou dobras. Podem
exercer dois tipos de comportamentos:

• Frágil / rígido: este tipo de rochas


quando sujeitas a estados de tensão a
baixas temperaturas e pressões
fraturam-se formando falhas.

• Dúctil: em condições de elevada


pressão e temperatura dobram-se,
originando dobras.

Falhas

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Por definição, uma falha é uma superfície de fratura ao longo da qual


ocorreu um movimento relativo de dois blocos que separa.

Dobras

Por definição, uma dobra consiste no encurvamento de uma superfície


originalmente plana.

4.5. Rochas Metamórficas

Qualquer rocha existente na litosfera, seja magmática, sedimentar ou


metamórfica, pode ser sujeita ao metamorfismo.

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Metamorfismo: Conjunto de alterações que as rochas que já existem sofrem,


na sua estrutura quando sujeitas a condições de pressão e temperatura
superiores às que estiveram na base da sua formação.

Fatores do Metamorfismo

1. Temperatura:
A temperatura aumenta com a profundidade e com a proximidade ao
magma.

2. Pressão:

A pressão é devida aos materiais que lá estão e à colisão das placas


tectónicas (forças compressivas);

3. Fluídos:

Os fluídos de circulação desempenham uma ação química. O principal


fluído é a água, que reage com os minerais presentes nas rochas e altera-
os.

4. Tempo:
Todos os fenómenos relacionados com o metamorfismo ocorrem ao longo
de grandes períodos de tempo.

Tipos de Metamorfismo

1. Metamorfismo Regional
As rochas de metamorfismo regional formam-se em baciais de
sedimentação, zonas de grandes extensões (regiões).

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Com o aumento da profundidade, a erosão


continua e novos materiais serão depositados na
bacia de sedimentação. Com o peso dos materiais
a bacia afunda e atinge condições de temperatura e
pressão média, formando-se uma rocha
metamórfica. São exemplos de metamorfismo
regional o Xisto e a Gnaisse.

2. Metamorfismo de Contacto
Como o nome indica este tipo de metamorfismo forma-se por contacto. A
câmara magmática ao instalar-se nas rochas, por esta conter magma que se
encontra a temperaturas elevadas, irá transformar as rochas onde a câmara se
encaixa, formando auréolas de metamorfismo. Quanto mais próximo da câmara
magmática maior é o grau de metamorfismo.

Chamam-se a estas rochas que sofrem um cozimento, sem mudarem de


estado e por ação da temperatura, da pressão e dos fluidos circulantes,
CORNEANAS. O mármore exemplo de rocha formada por este processo. Tem
origem no calcário, que foi recristalizado por contacto com uma intrusão
magmática. As duas rochas são constituídas por calcite, como se pode constatar
com o teste da reação com os ácidos.
O calcário formou-se por
precipitação e o mármore por
recristalização do calcário.

3. Metamorfismo de Impacto

Um outro tipo de metamorfismo é o de


impacto, resulta em pressões e temperatu-
ras muito altas (superiores às da superfície)
num curto intervalo de tempo o que leva a
vaporização e pode haver fusão tanto das

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Geologia 11ºAno

rochas terrestres quanto de meteoritos. As rochas da cratera de impacto so-


frem um cozimento, originando o metamorfismo de impacto.

Identificação de Rochas Metamórficas


As rochas metamórficas podem ter textura foliada ou não foliada devido à
pressão e a temperatura.

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4.4. Exploração Sustentada de Recursos Geológicos


4.4.1. Recursos geológicos

Recursos geológicos
(Materiais provenientes da Terra e que são utilizados
pelo homem para utilizar em seu benefício)

Recursos Recursos Recursos


hidrogeológicos energéticos minerais

Relativamente á disponibilidade de recursos estes podem-se definir como:

• Renováveis: aparentemente inesgotáveis, são gerados a uma velocidade


igual ou superior àquela que o homem é capaz de consumir;

• Não-renováveis: com duração limitada, são consumidos a uma


velocidade superior àquela com que a Terra é capaz de os gerar.

Recurso: algo que se encontra disponível na Terra e que pode ser utilizado
em benefício da Humanidade.

Reserva: recursos que existem no solo ou no subsolo e que se encontram


disponíveis para serem utilizados pelo Homem sendo submetidos a uma
avaliação económica.

4.4.2. Recursos Hidrogeológicos

A água existente na Natureza encontra-se num movimento permanente


entre reservatórios (oceanos, atmosfera, etc.) – ciclo da água

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Quando há precipitação a água pode infiltrar-se e formar reservatórios de


água subterrânea – Aquíferos

A formação e manutenção dos aquíferos de-


pende da porosidade e da permeabilidade das ro-
chas envolventes.
Os aquíferos podem ser constituídos por ro-
chas de diferentes características como se observa
na figura ao lado.

Os aquíferos possuem duas zonas: zona de


aeração (zona não saturada) e zona de saturação.

E podem ser de dois tipos: cativos/confinados ou livres.

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4.4.2.1. Gestão das águas subterrâneas


A água pode apresentar-se poluída como resultado de diferentes ações
humanas, pelo que a poluição pode ser classificada segundo três formas:
o Poluição física: temperatura e radioatividade;
o Poluição química: agricultura e indústria;
o Poluição bacteriológica: cidades e agropecuária.

4.4.3. Recursos Energéticos


A energia é fundamental para a concretização das tarefas mais diversas,
incluindo a exploração de todos os outros recursos naturais. Alguns dos recursos
não renováveis mais utilizados é a energia nuclear e os combustíveis fosseis.

Energia nuclear

Combustíveis fósseis Energia geotérmica


Através da desintegração dos
elementos radioativos
produz-se energia, uma vez Quando a terra se formou
O carvão e o petróleo são que estes a libertam durante vários elementos radioativos
dois combustíveis fósseis a sua desintegração. agregaram-se no núcleo. A
muito utilizados atualmente. partir desse momento eles
Mas estes combustíveis Desvantagens: elevado
preço de construção e foram-se desintegrando e
trazem vários problemas: libertando energia –
manutenção; risco ambiental
• são não renováveis; geotérmica. Os locais onde
• prejudicam o ambi- Vantagens: não polui se encontra esta energia
ente atmosfera; energia rentável podem ser divididos: alta
entalpia (+ 150 graus) ou
baixa entalpia (de 50 a 150
graus)

Problemas gerados pelo consumo de combustíveis fosseis


o Problemas ambientais;

o Esgotam-se com facilidade

o Emissão de grandes quantidades de CO2, quando são queimados;

o Causa da ocorrência de chuvas ácidas (em particular da queima de


carvão).

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Vantagens e desvantagens da Energia Geotérmica


Os aproveitamentos geotérmicos de alta entalpia(calor) são utilizados para
produção de energia elétrica. Ex: Açores

Os aproveitamentos de baixa entalpia aplicam-se no aquecimento e na


produção de água quente sanitária. Ex: São Pedro do Sul

Vantagens:

• Alta rentabilidade nos locais de alta entalpia;


• Reduzido risco ambiental;
• Reduzida emissão de gases com efeito de estufa;

Desvantagens:

• Difícil acesso aos locais de elevado potencial geotérmico;


• Reduzido número de locais com interesse geotérmico.

4.5. Recursos Minerais

Recursos minerais

Metálicos Não-Metálicos

Utiliza-se o clarke para analisar a Ex: o granito, o basalto, o xisto, o


rentabilidade de um recurso mineral mármore, o calcário. Utilizados na
metálico. Ex: ouro construção civil
Estes recursos encontram-se
armazenados em jazigos minerais e
quando são explorados separa-se o
minério da ganga
O clarke é a concentração média de
mineral á superfície terrestre

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