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GEOLOGIA 2ª PARTE (11º ANO) - RESUMO TEÓRICO

TEMA 4: GEOLOGIA, PROBLEMAS E MATERIAIS DO QUOTIDIANO

U1: Ocupação antrópica e problemas de ordenamento


1.1. Bacias hidrográficas
1.2. Zonas costeiras
1.3. Zonas de vertente

U2: Processos e materiais geológicos importantes em ambientes terrestres


Ciclo das rochas
Minerais
2.1. Rochas sedimentares
2.2. Magmatismo
2.3. Deformação de rochas
2.4. Metamorfismo

U3: Recursos geológicos – exploração sustentada


3.1. Recursos renováveis e recursos não renováveis
3.2. Fontes de energia
3.3. Recursos minerais
3.4. Águas subterrâneas
TEMA 4: GEOLOGIA, PROBLEMAS E MATERIAIS DO QUOTIDIANO
U1: Ocupação antrópica e problemas do quotidiano

O contínuo aumento da população provoca problemas ao nível do território. São ocupados locais que, pelas
suas características geológicas, potenciam a ocorrência de acidentes – zonas de riscos geológicos.

Risco geológico: riscos inerentes a processos geológicos eventualmente perigosos para o ser humano.
Ex.: sismos, erupções vulcânicas, cheias, movimentos em massa, etc.

As bacias hidrográficas, as zonas costeiras e as zonas de vertente constituem situações de risco


geológico, nas quais a intervenção qualificada e a adoção de medidas eficazes de ordenamento do
território podem prevenir acidentes e reduzir perdas materiais e humanas.

O ordenamento do território é a organização do espaço biofísico, tendo como objetivo a sua ocupação,
utilização e transformação de acordo com as capacidades do referido espaço.

1.1. Bacias hidrográficas

Rede hidrográfica: conjunto de todos os cursos de água ligados a um rio principal.


Bacia hidrográfica: área do território drenada por uma rede fluvial.
Leito: canal por onde ocorre normalmente a drenagem da água e do material transportado.
 Leito ordinário ou aparente (canal fluvial): sulco
por onde normalmente correm as águas e os
materiais que transportam.
 Leito de inundação ou de cheia: espaço que é
inundável em época de cheia, quando o nível das
águas ultrapassa os limites do leito ordinário.
 Leito menor ou de seca ou de estiagem: área
mais profunda do canal fluvial ocupada por uma
menor quantidade de água, por exemplo, no verão.

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A atividade geológica de um rio compreende os seguintes processos:
1. Erosão: remoção de materiais resultantes da alteração das rochas do leito do rio e das margens.
A capacidade de uma corrente de água erodir e transportar materiais depende da sua velocidade.
A regularização do perfil faz-se de jusante (foz) para montante (nascente) – erosão regressiva.
Quando são apenas transportados sedimentos, principalmente as partículas em suspensão e as dissolvidas
atinge-se o perfil de equilíbrio.
Curso superior Curso médio Curso inferior

Perfil em V fechado Perfil em V aberto Perfil em U


declive acentuado declive menos declive pequeno.
(zona de montanha) acentuado. Correntes Correntes lentas
Correntes velozes são menos velozes e de deposição de
com erosão capacidade de sedimentos
acentuada e transporte é baixa, acentuada,
capacidade de iniciando-se a deposição especialmente
transporte elevada de sedimentos. junto à foz

Os processos de erosão, transporte e de deposição podem ocorrer simultaneamente. Os sedimentos de


tamanho intermédio são mais facilmente erodidos do que os sedimentos mais pequenos ou maiores.

2. Transporte: deslocamento, pela corrente


de água, dos detritos. A carga de um rio é
constituída pelos materiais em suspensão
e por tração no fundo que se pode fazer
por arrastamento, rolamento ou saltação.

3. Sedimentação: deposição dos sedimentos quando diminui a capacidade de transporte. É influenciada


pela dimensão e peso dos sedimentos e pela velocidade da corrente.

A construção de barragens, a extração de inertes e as cheias, a são fatores de risco geológico


associados às bacias hidrográficas.
Ações que favorecem o risco geológico nas bacias hidrográficas Medidas para minimizar risco
Construção de barragens: retêm sedimentos nas albufeiras
 Medidas de ordenamento que
(acumulação a montante) diminuindo a deposição de sedimentos no
impeçam a ocupação dos
litoral arenoso (jusante);
leitos de cheia;
Extração de inertes (exploração dos sedimentos no leito do rio):
 Construção de barragens
reduz a quantidade de sedimentos nas praias fluviais; regime de
 Canalização dos cursos de
erosão/deposição é alterado, com alteração das correntes; reduz a
água
deposição no litoral; os pilares ficam mais expostos à erosão e à queda

Cheias: resultam da precipitação intensa de curta duração, precipitação muito prolongada ou pela fusão de
grandes massas de gelo; O excesso de água aumenta os caudais dos cursos e o leio normal extravasa,
provocando a inundação das zonas mais próximas - leito de cheia.

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1.2. Zonas costeiras

A energia mecânica das ondas, das correntes e das marés provoca desgaste (abrasão marinha) e é um
importante fator modelador, sobretudo das faixas costeiras das áreas continentais.

A abrasão pode ser causada pela retenção de sedimentos nas albufeiras das barragens e pelo aumento
do nível médio da água do mar (global ou pontual). Nas zonas costeiras é possível distinguir:

1. Arribas: linhas de costa com elevações abruptas.


Abrasão marinha muito intensa na base da arriba -
provocada pelo impacto dos movimentos das águas
do mar sobre a costa.

Na base das arribas existem, por vezes, plataformas de


abrasão que são superfícies planas e próximas do nível
do mar resultantes da abrasão marinha.

2. Praias e outras formas de deposição

Ações que favorecem o risco nas zonas costeiras Medidas para minimizar o risco
Construção em zonas de praia: interferem no ciclo de Ordenamento do território que impeçam a
erosão/deposição e destroem as sucessões dunares; ocupação de zonas costeiras com risco
Construção de esporões: protegem uma área reduzida geológico elevado;
de costa, mas agravam a erosão nas áreas litorais Construções: paredões, esporões e quebra-
vizinhas mares (acarreta igualmente consequências
Construção de barragens: reduzem a quantidade de negativas);
sedimentos que chegam às praias, acelerando o Recuperação de dunas (vegetação fixadora)
processo de recuo da linha de costa. Alimentação artificial das praias.

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1.3. Zonas de vertente

As zonas de vertente são locais de declive muito acentuado onde os fenómenos de erosão são intensos.
Nestas zonas existe um risco elevado de movimentos em massa que são deslocamentos de uma grande
massa de materiais sólidos em terrenos inclinados. Podem ocorrer de forma lenta e gradual ou transformar-
se em fenómenos bruscos e intensos.

Os fatores naturais envolvidos nos movimentos em massa são:


1. Gravidade;
2. Geomorfologia das vertentes;
3. Natureza do material da vertente: as vertentes compostas por material fino e/ou não consolidado
tendem a ser mais suscetíveis aos movimentos em massa;
4. Quantidade de água: materiais saturados de água são mais suscetíveis aos movimentos em massa;
5. Vegetação: favorece a estabilidade das vertentes (protege da erosão da água, fixa os sedimentos e
aumenta a carga exercida na vertente);

Ações que favorecem o risco nas zonas de vertente Medidas para minimizar o risco
Destruição da cobertura vegetal: expõe os solos à Elaboração de cartas de risco de acordo com a
erosão; probabilidade de movimentos em massa;
Remoção de material geológico: associada à Ordenamento do território;
construção de estruturas, expões a vertente aos fatores Mecanismos de contenção das vertentes
naturais; (muros de suporte, pregagens redes metálicas) e
Rega: satura os terrenos com água de drenagem (canalização que escoa a água
que satura os solos).

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TEMA 4: GEOLOGIA, PROBLEMAS E MATERIAIS DO QUOTIDIANO
U2: Processos e materiais geológicos importantes em ambientes terrestres

Ciclo das rochas

As rochas são continuamente formadas, destruídas e recicladas, constituindo o conjunto destes


acontecimentos o ciclo das rochas.

As rochas (sedimentares, magmáticas e metamórficas) expostas à superfície da Terra são continuamente


desgastadas pelos agentes de geodinâmica externa dando origem a sedimentos. Os sedimentos vão ser
transportados e depositados, sofrem diagénese e originam rochas sedimentares. A exposição das rochas
a condições de pressão e temperatura pode levar à sua metamorfização, formando rochas metamórficas.
A ação de temperaturas elevadas pode provocar a fusão das rochas originando magma que, ao consolidar,
origina rochas magmáticas.

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Minerais

Um mineral é uma substância sólida e inorgânica, com uma estrutura interna cristalina, com composição
química bem definida (fixa ou variável entre certos limites também bem definidos) e formada por processos
naturais, sem a intervenção humana.

A estrutura cristalina dos minerais caracteriza-se por um arranjo regular, repetitivo e tridimensional dos
átomos que os constituem – teoria reticular (malha elementar ou motivo cristalino).

Quando determinados materiais, apesar de possuírem todas as características de um mineral, não


apresentam estrutura cristalina designam-se de mineraloides.

Os cristais, podem ser classificados quanto à limitação por superfícies planas em:
 Cristal euédrico - mineral é totalmente limitado por faces planas bem desenvolvidas.
 Cristal subédrico - mineral apresenta faces parcialmente bem desenvolvidas.
 Cristal anédrico - mineral não apresenta qualquer tipo de faces.

A composição química e a malha elementar caracterizam a estrutura cristalina. No entanto, em certos


minerais podem ocorrer variações nestas características:

O isomorfismo verifica-se quando ocorrem variações da composição química dos minerais sem, contudo,
se verificarem alterações na estrutura cristalina. A um conjunto de minerais isomorfos denomina-se série
isomorfa ou solução sólida. Ex.: plagióclases.

O polimorfismo verifica-se quando os minerais têm a mesma composição química, mas estruturas
cristalinas diferentes. Ex.: o diamante e a grafite.

A matéria cristalina pode-se formar, fundamentalmente, por três processos de cristalização:


1. A partir de uma solução. Ex.: halite (saturação) e calcite (precipitação);
2. A partir de uma substância fundida. Ex.: quartzo;
3. A partir de um gás. Ex.: enxofre

Os principais fatores que condicionam a formação dos cristais são: a agitação do meio em que se formam;
o tempo; o espaço disponível e a temperatura.

Os minerais são estáveis apenas numa gama fixa de condições, nas quais se verifica o equilíbrio com o seu
ambiente. Alterações de pressão, temperatura e composição química do meio envolvente determinam
alterações dos minerais, que resultam num novo equilíbrio.

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Propriedades dos
Aspetos específicos
minerais
 Idiocromáticos: cor não variável. Ex.: verde na malaquite e amarela na pirite
Cor
 Alocromáticos: cor variável. Ex.: o quartzo pode ser incolor, branco, rosa, etc.
 Cor do mineral quando reduzido a pó por vezes diferene da cor do mineral.
Risca ou
 Determina-se raspando o mineral numa placa de porcelana.
Traço
Òticas

 Os minerais alocromáticos possuem risca clara ou incolor


 Forma como a luz é refletida numa superfície de fratura recente do mineral.
 Brilho metálico (semelhante aos metais). Ex.: pirite
Brilho
 Brilho submetálico. Ex.: volframite
 Brilho não metálico. Ex.: quartzo
 Resistência que um mineral oferece a ser riscado por outro.
 Dureza relativa medida segundo uma escala decrescente de dez termos
(escala de Mohs). Talco (1) a Diamante (10).
 Determina-se riscando uma amostra num dos minerais e vice-versa.
Dureza
 Um mineral que risco e seja riscado por um termo da escala possui a mesma
dureza relativa.
Físicas

 Um dado mineral risca todos os termos da escala de menor relativa que a sua
Mecânicas

e é riscado por todos os que possuem dureza superior.


 O mineral fratura-se por planos paralelos entre si com superfícies lisas e
brilhantes. Ex.: moscovite (clivagem basal) e calcite (romboédrica).
Clivagem  Os planos de clivagem resultam de ligações químicas etre partículas mais
fracas em determinadas direções da rede cristaina. O mineral divide-se
segundo essas direções.
 O mineral divide-se segundo ssuperfícies irregulares, dando origem a
fragmentos de superfícies irregulares e de diferentes tamanhos. Ex.: quartzo
Fratura
 As particulas da rede cristalina estao submetidos a forças fortes em todas as
direções.
 Razão massa/volume
Densidade  Depende da massa das partículas constituintes e do arranjo das mesmas na
rede tridimensional.
 Certos minerais são fortemente atraídos pelo íman como a magnetite e a
Magnetismo pirrotite
 Utiliza-se um íman ou uma bússola.
 Teste do sabor salgado para a determinação da presença de halite (NaCl).
Químicas  Teste da efervescência pelo contacto com um ácido. Certos minerais como a
calcite reagem com os ácidos libertando CO 2 o que provoca efervescência.

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TEMA 4: GEOLOGIA, PROBLEMAS E MATERIAIS DO QUOTIDIANO
U2: Processos e materiais geológicos importantes em ambientes terrestres

2.1. Rochas sedimentares


2.1.1. Formação das rochas sedimentares

As rochas sedimentares constituem apenas 5 a 10% do volume total da crusta terrestre. No entanto, são
as mais abundantes à superfície (75%) e perto desta.

A formação das rochas sedimentares encontra-se associada a todos os tipos de rochas que são
expostas à superfície ou perto dela.

A formação das rochas sedimentares compreende a sedimentogénese - conjunto de processos que


intervêm na formação de sedimentos – e a diagénese - conjunto de processos pelos quais os sedimentos
se transformam em rochas consolidadas.

Processos Descrição Exemplos


Alteração das rochas Termoclastia
quando expostas a Física Crioclastia
Desagregação em fragmentos de
condições daquelas ou Haloclastia
menores dimensões sem alterar a
que estiveram na mecânica Abrasão
sua composição química
Meteorização sua origem, ficando Esfoliamento
com uma maior Seres vivos
superfície exposta Alteração química transformando Dissolução
Sedimentogénese

aos agentes erosivos Química os minerais noutros mais estáveis Oxidação


nas novas condições ambientais Hidrólise
Remoção das partículas produzidas pela meteorização por agentes como a água, o
Erosão
gelo, o vento ou a gravidade
Movimento dos sedimentos por ação dos rios, ondas, glaciares ou vento.
Transporte Os sedimentos são separados de acordo com o seu tamanho (granosseleção) e ao
rolarem e chocarem vão perdendo as arestas (arredondamento)
Deposição dos sedimentos por perda de energia do agente transportador ou por
precipitação de substâncias dissolvidas na água
Sedimentação
O fundo do mar ou de lagos, os rios, os recifes, as praias e dunas são exemplos de
ambientes de sedimentação.
O aumento da pressão, devido à acumulação de mais sedimentos, leva à redução
Diagénese

Compactação
do espaço pelos poros.
Desidratação O aumento de pressão leva à perda da água dos interstícios entre os sedimentos.

Cimentação União dos sedimentos através de um cimento que precipita entre estes.

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Os principais agentes da meteorização química são a água, com diferentes substâncias dissolvidas e o
oxigénio.

Observa-se que a meteorização física predomina em regiões com pouca precipitação e baixa
temperatura enquanto a meteorização química ocorre em regiões com temperatura e precipitação
elevadas.

Tipo de
Descrição
reação

 Combinação química de minerais com a água (hidratação) Hidratação da hematite


Fe2O3 + 3H2O  2Fe(OH)3
ou a sua remoção de minerais (desidratação). hematite  limonite
Hidratação
 Ex.: hidratação da hematite para formar limonite Desidratação do gesso
CaSO4.2H2O  CaSO4 + 2H2O
 Ex.: desidratação do gesso para formar anidrite gesso  anidrite

 Substituição dos catiões de um mineral pelos iões


hidrogénio da água ou de um ácido.
 Formação de novos minerais ou completa desintegração
do mineral original.
Hidrólise  A velocidade de hidrólise aumenta com o aumento da
concentração de CO2 e da temperatura 2KAlSi3O8 + H2CO3 + H2O 
 Ex.: hidrólise parcial dos feldspatos produzindo sílica e Feldspato + ácido carbónico 
-
minerais de argila (caulinite) Al2Si2O5(OH)4 + 2K* + 2HCO3 + 4SiO2
caulinite + potássio + ácido carbónico + sílica

 A oxidação é o processo pelo qual um átomo ou um ião


perde eletrões; Na redução ocorre um ganho de eletrões.
 Em minerais ferromagnesianos o ferro reage com o

Oxidação oxigénio, provocando desta forma modificações estruturais


na sua rede cristalina.
Fe2+ Fe3+
 Apresentam coloração avermelhada.
4FeSiO3 + O2 2Fe2O3 + 4SiO2
 Ex.: olivina, piroxena, anfíbola e biotite são ricos em ferro
Piroxena  Hematite + Sílica

 Na dissolução ocorre a reação dos minerais com água ou


com um ácido
 A ligação entre iões é quebrada e os iões livres ficam
dissolvidos numa solução.
Dissolução
 A acidificação da água ocorre quando esta reage com o
CO2 atmosférico originando ácido carbónico

 Ex.: carbonatação da calcite que reage com o ácido


carbónico e forma produtos solúveis (hidrogenocarbonato)

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2.1.1. Classificação das rochas sedimentares

Consideram-se três grupos de rochas sedimentares, de acordo com a origem dos materiais que as
constituem.

Rochas sedimentares detríticas

As rochas detríticas podem ser não consolidadas, quando se referem a sedimentos soltos, ou
consolidadas quando se referem a sedimentos unidos por um cimento.

Designação Designação do Designação da


Dimensões
do Detrito Sedimento rocha consolidada

Cascalho mal rolado Brecha

Balastros Grosseiro
>2mm
Cascalho bem rolado Conglomerado

Médio
Areia Areia Arenito
½ - 2mm

Fino
Silte Silte Siltito
1/256 – 1/16mm

Muito fino
Argilas Argila Argilito
<1/256 mm

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Rochas quimiogénicas

A precipitação de materiais dissolvidos pode ocorrer devido à evaporação da água (evaporitos) ou devido
a reações químicas como resultado da alteração de condições da solução (calcários de precipitação).

Rochas sedimentares quimiogénicas


Origem Caracterização
Sal-Gema: precipitação de sais de cloreto de sódio, formando o mineral halite. A precipitação é
Evaporitos

desencadeada pela evaporação de águas marinhas retidas em lagunas ou lagos salgados.


Gesso: precipitação de sais de sulfato de cálcio, formando o mineral gesso. A precipitação é
desencadeada pela evaporação de águas marinhas, retidas em lagunas ou lagos salgados.
A diminuição do teor de CO2 nas águas, em consequência do aumento Travertino: calcário denso
da temperatura da água, da diminuição da pressão atmosférica ou da encontrado em grutas
agitação das águas, determina que o equilíbrio químico se desloque no Marga: possui quantidade
sentido da formação de CO2 e, consequentemente, da precipitação de considerável de argila
Calcários

calcite. Dolomito: possui


quantidade considerável
de magnésio

A deposição e posterior diagénese dos minerais de calcite originam


calcário de precipitação.

Rochas biogénicas

Algumas rochas sedimentares podem incluir matéria orgânica na sua composição.


Rocha Calcário Recifal Calcário Conquífero Carvão
É um calcário de construção que É um calcário de Decomposição anaeróbica lenta de
resulta da fixação de carbonato acumulação, por detritos de plantas superiores, em
Origem de cálcio por seres vivos, exemplo, de conchas ambientes pouco profundos e
nomeadamente corais. de moluscos. pouco oxigenados (pântanos).

O sedimento biogénico, de origem vegetal, a partir do qual se irá formar o carvão designa-
se turfa. A evolução do carvão, designada de incarbonização, processa-se através dos
estádios de lenhite, carvão betuminoso (hulha) e antracite.

No processo de incarbonização a turfa sofre inicialmente alterações bioquímicas (ação


de microrganismos anaeróbios). O afundimento, leva a alterações das condições de
pressão e temperatura, dando início a alterações geoquímicas em que se verifica perda
de água e voláteis e aumento da concentração de carbono.

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Atualmente o petróleo não é considerado uma rocha sedimentar. Forma-se a partir de matéria orgânica
de origem aquática, em especial plâncton e algas, que migra para os poros das rochas sedimentares.

Ao longo do tempo a matéria orgânica sofre decomposição lenta em ambiente anaeróbio e à medida que
a pressão e a temperatura aumenta é convertida em hidrocarbonetos líquidos (petróleo) ou gasosos (gás
natural).
Formações geológicas associadas a um jazigo petrolífero
Designação Descrição
Rocha-mãe Rocha na qual a transformação dos detritos orgânicos em hidrocarbonetos.
Formações geológicas (arenitos, conglomerados, rochas carbonatadas) porosas e
Rocha-armazém
permeáveis que recebem e armazenam o petróleo que, devido à baixa densidade,
ou reservatório
migra da rocha-mãe
Formações geológicas impermeáveis (argilitos) que impedem a migração e dispersão
Rocha-cobertura
do petróleo até à superfície.

As armadilhas petrolíferas são estruturas geológicas favoráveis à acumulação de petróleo. Podem ser
estruturais – origem tectónica, como dobras ou falhas – ou estratigráficas – variações litológicas em
determinado meio sedimentar.

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2.1.3. As rochas sedimentares, arquivos históricos da Terra

A estratificação é a deposição de sedimentos, por ação da gravidade. O estrato é a unidade estratigráfica


elementar, o seu limite inferior designa-se muro e o superior teto.

Sempre que ocorre uma variação brusca na natureza do sedimento, uma pausa na sedimentação ou uma
alteração nas condições físico-químicas do meio, individualiza-se um novo estrato.

O conjunto das características litológicas (cor e textura) e fossilíferas de um estrato sedimentar


designam-se por fácies sedimentar, a qual contribui para a compreensão e a interpretação do ambiente
aquando da sua sedimentação, ou seja, inferir as condições do paleoambiente. Uma sucessão de estratos
designa-se sequência estratigráfica.

Exemplos de ambientes de sedimentação quimiogénicos


Fácies Ambiente Agente transportador Sedimentos
Precipitação por variação das condições físico-
Marinho Mar pouco profundo Calcite
químicas das águas marinhas.
Continental Lagos salgados (lacustre) Evaporação das águas salgadas. Halite, gesso

Exemplos de ambientes de sedimentação biogénicos


Fácies Ambiente Agente transportador Sedimentos

Mar profundo Sílica


Marinho Organismos com concha
Mar pouco profundo Calcite

Continental Pântanos (palustre) Plantas Turfa

Exemplos de ambientes de sedimentação detríticos


Fácies Ambiente Agente transportador Sedimentos
Aluvial ou fluvial Rios Areias, balastros, siltes e argilas.
Deserto Vento Areias
Continental
Lago (lacustre) Correntes Areias, siltes e argilas.
Glaciar Gelo Areias, balastros, siltes e argilas.
Delta ou estuário Rios, ondas, marés. Areias, siltes e argilas.
Transição
Praia Ondas, marés Areias, balastros
Plataforma continental Ondas, marés
Areias, siltes e argilas.
Marinho Margem continental Correntes oceânicas
Mar profundo Correntes oceânicas Siltes e argilas

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2.2. Magmatismo

As rochas magmáticas ou ígneas têm origem na consolidação de um magma - material de origem


profunda, formado por uma mistura complexa de silicatos em fusão, entre 800 e 1500ºC, com uma
percentagem variável de gases dissolvidos, podendo conter ainda cristais em suspensão.

É, em regra, nos limites convergentes e divergentes das placas litosféricas que, em consequência da
mobilidade das placas, se verificam condições de pressão e temperatura que permitem a fusão parcial
das rochas da crusta e do manto superior, originando magmas. Existem, porém, fenómenos de magmatismo
que ocorrem em zonas intraplaca (pontos quentes ou hotspots).

Na natureza ocorrem condições ambientais que favorecem a formação de magmas, nomeadamente:


1. Aumento de temperatura
2. Diminuição da pressão
3. Hidratação dos materiais (diminuição da temperatura de fusão das rochas)

A viscosidade do magma é influenciada pela temperatura e pelo seu conteúdo em sílica que define o
carácter ácido.
Classificação da lava em função da percentagem de SiO2 (Sílica)

40% < SiO2 < 50% 50% < SiO2 < 70% SiO2 > 70%

Lavas básicas Lavas ácidas


Lavas intermédias
Temperaturas mais elevadas Temperaturas menos elevadas

Magma basáltico Magma andesítico Magma riolítico


Manto Crusta oceânica Crusta continental
Origem
Crusta continental
Magma fluido Magma pouco viscoso Magma viscoso
Características Pobre em sílica (básico) Riqueza intermédia em sílica Rico em sílica (ácido)
Temperatura 1200ºC (intermédio) Temperatura 800ºC
Grabros Dioritos Granitos
Rochas formadas
Basaltos Andesitos Riólitos
Cor mais comum Melanocrata (escura) Mesocrata (cinzenta a verde) Leucocrata (clara)
Plagioclase cálcica Plagioclase calco-sódica Quartzo
Minerais principais Piroxena Anfíbola Feldspato potássico
Plagioclase sódica
Minerais Olivina Piroxena Moscovite
acessórios Anfíbola Biotite
Riftes Fossas oceânicas Zona de colisão de placas
Localização
continentais

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2.2.1. Cristalização fracionada e diferenciação magmática
O processo de arrefecimento de um magma inicia um processo de cristalização, isto é, de formação de
cristais de matéria mineral.

 Quando este arrefecimento ocorre à superfície ou muito perto desta, as elevadas diferenças de
temperatura e pressão levam a um arrefecimento muito rápido e muitas das substâncias não chegam a
cristalizar. Só cristalizam os minerais com maior ponto de fusão.

 Quando o magma começa a arrefecer em locais profundos da crusta terrestre (arrefecimento lento),
ocorre a formação sequencial de minerais, ou seja, ocorre cristalização fracionada.

Durante a cristalização fracionada formam-se primeiro os minerais com o ponto de fusão mais elevado,
seguido dos restantes, por ordem decrescente dos respetivos pontos de fusão.

A cristalização fracionada leva a fenómenos de diferenciação magmática (evolução de um magma), uma


vez que a formação dos primeiros minerais a partir de um magma inicial remove elementos químicos desse
magma. Em consequência, o magma que ainda não cristalizou – magma residual – possui uma
composição química diferente do magma original. Torna-se sucessivamente mais rico em SiO2 (maior
acidez).

Magma basáltico Magma andesítico Magma riolitico

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Série ou sequência reacional de Bowen
A Série reacional de Bowen tem dois ramos – um ramo descontínuo e um ramo contínuo. A cristalização
ocorre nos dois ramos ao mesmo tempo.

Pela análise da série reacional de Bowen, podemos observar:


- Quais as associações típicas de minerais nas diferentes rochas magmáticas;
- Que a associação, numa mesma rocha, de olivina e de quartzo é altamente improvável, ou, pelo menos, a
sua ocorrência simultânea é muito limitada;
- Que os minerais formados a altas temperaturas são menos estáveis quando submetidos às condições
de meteorização que ocorrem na superfície terrestre. As olivinas e as piroxenas alteram-se mais
rapidamente, ao contrário do quartzo, que é mais resistente.

2.2.2. Características das rochas magmáticas

Rochas Magmáticas

Intrusivas ou plutónicas Extrusivas ou vulcânicas

Resultam de um arrefecimento lento Resultam de um arrefecimento rápido


do magma, em profundidade. do magma, à superfície ou perto dela.

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A cor de uma rocha magmática está relacionada com o tipo de minerais que entram na sua constituição.
Os minerais félsicos (aluminosilicatos) conferem uma cor mais clara à rocha e os minerais máficos
(ferromagnesianos), uma cor mais escura.

 Rochas Leucocratas: Rochas claras, ricas em minerais félsicos e pobres em minerais máficos.
 Rochas Mesocratas: Rochas de cor intermédia, nas quais os minerais félsicos e máficos ocorrem em
proporções idênticas.
 Rochas Melanocratas: Rochas escuras, ricas em minerais ferromagnesianos.

A textura das rochas depende da velocidade de arrefecimento do magma A textura descreve a


cristalinidade da rocha, a dimensão e a forma dos cristais e as relações e arranjos dos seus
constituintes. Por exemplo, quando a rocha é constituída por matéria não cristalizada (amorfa) diz-se com
textura vítrea, como é o caso da obsidiana.

Quanto à dimensão dos cristais a textura pode ser fanerítica ou afanítica.


Desenvolvimento dos
Textura Descrição Aspeto macroscópico Exemplo
cristais
A rocha é formada por Granito
cristais grandes que se Gabro
Fanerítica
distinguem uns dos outros Diorito
macroscopicamente
A rocha é formada por Riólito
cristais pequenos que Basalto
Afanítica
apenas se distinguem Andesito
microscopicamente

Quanto ao tamanho relativo dos cristais as rochas podem ser equigranulares, quando todos os seus

cristais possuem dimensões semelhantes, ou inequigranulares, quando os cristais diferem substancialmente

no tamanho. Um dos tipos de textura inequigranular é a porfiroide, em que cristais de maiores dimensões
(megacristais ou fenocristais) estão envolvidos por uma matriz fanerítica de grão mais fino. Outro tipo de
textura inequigranular é a porfírica em ocorrem cristais visíveis macroscopicamente no seio de uma matriz
afanítica. A presença destas texturas numa rocha significa que a mesma sofreu duas fases de cristalização
distintas: uma primeira, mais lenta e a profundidade maior, em que cristalizaram os fenocristais, e uma
segunda, mais rápida e a menor profundidade (ou mesmo à superfície) em que se deu a cristalização da
matriz.

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Dos minerais que constituem as rochas magmáticas, fazem parte dois grandes grupos:
1. Essenciais: minerais cuja presença permite caracterizar a rocha e determinar a sua designação.
2. Acessórios: minerais que não são importantes para designar a rocha e que ocorrem em quantidades
diminutas, só visíveis, por vezes, ao microscópio.

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2.3. Deformação das rochas – Falhas e Dobras
O dinamismo interno da Terra também pode manifestar-se através de deformação nas rochas originada por
tensões que afetam a sua forma e/ou volume. A tensão é a força exercida por unidade de área. Na
natureza ocorrem tensões compressivas, distensivas e de cisalhamento.

Face às tensões aplicadas as rochas podem


apresentar um comportamento:
Elástico: reversível (material deforma mas quando
a tensão cessa recupera a sua forma/volume
inicial);
Plástico: irreversível (material fica deformado
permanentemente);
Frágil: rotura do material

A temperatura, a pressão e o tempo são os fatores principais que afetam a deformação dos materiais no
planeta.

2.3.1. Falhas
Uma falha é uma superfície de fratura ao longo da qual ocorreu o movimento relativo dos blocos
fraturados. As falhas podem resultar da atuação de qualquer tipo de tensão em rochas com
comportamento frágil.

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2.3.2. Dobras
Uma dobra é uma deformação em que se verifica encurvamento de superfícies originalmente planas.
As dobras resultam da acuação de tensões de compressão em rochas com comportamento dúctil.

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2.4. Rochas metamórficas
As rochas metamórficas são o produto da transformação de qualquer tipo de rocha (sedimentar,
magmática ou metamórfica) sujeita a um ambiente onde as condições de pressão e temperatura são
distintas daquelas que presidiram à formação da rocha.

Processo lento de dinâmica interna (5 a 30 km de profundidade) que se caracteriza por um conjunto de


transformações mineralógicas e texturais que ocorrem no estado sólido (sem haver fusão), em rochas
pré-existentes sujeitas a condições termodinâmicas distintas das que presidiram à sua génese.

2.4.1. Fatores de metamorfismo


Tensão
No interior da Terra, as rochas estão sujeitas a dois tipos de tensão
Litostática ou confinada Não litostática ou dirigida:
 Resulta do peso da rocha suprajacente;  Forças não são idênticas em todas as direções;
 Exerce-se igualmente em todas as direções;  Forças associadas a movimentos tectónicos
 Profundidades superiores a 3 km; (convergente, divergente e desligamento);
 As rochas resultantes têm menor volume  Os minerais ficam alinhados paralelamente –
(minerais mais densos) – textura não foliada. textura foliada.

Temperatura
A temperatura a que uma rocha está exposta em profundidade depende do gradiente geotérmico do local
e é tanto mais elevada quanto maior for a profundidade. Adicionalmente, o contacto com intrusões
magmáticas pode submeter a rocha a temperaturas elevadas a baixas profundidades.

Por ação do calor (temperatura superior a 200ºC), certos minerais podem-se tornar instáveis e reagir com
outros minerais formando combinações que são estáveis nas novas combinações. Assim, verifica-se a
formação de novas ligações, dando origem a uma estrutura cristalina diferente.

Fluidos
Os fluidos circulantes, devido à sua elevada temperatura e reduzida viscosidade, circulam ao longo dos
poros da rocha, aumentando os fenómenos metamórficos.

Os fluidos que circulam entre os grãos de minerais, em particular a água quente, dissolvem iões de certos
minerais e transportam-nos para outros locais onde podem vir a reagir com minerais diferentes. Assim, os
fluidos possibilitam a movimentação de iões e promovem as reações químicas. Podem ser libertados
por magmas ou ter origem na desidratação de certas rochas, durante o processo de metamorfismo.

Tempo
Todos os fenómenos relacionados com o metamorfismo ocorrem ao longo de um grande período de
tempo.

23
2.4.2. Recristalização e minerais de origem metamórfica
A atuação dos fatores de metamorfismo conduz à recristalização dos minerais. A recristalização é a
reorganização dos átomos de um mineral original numa combinação mais estável, nas novas condições
de tensão, temperatura e fluidos envolventes.

Alguns minerais são estáveis numa gama ampla de condições de pressão e temperatura, pelo que
permanecem, ou reaparecem, durante o processo de metamorfismo e são comuns a rochas metamórficas,
sedimentares ou magmáticas. A calcite e o feldspato são exemplos deste tipo de minerais.

Outros minerais formam-se apenas numa gama muito restrita de pressão e temperatura e são exclusivos
das rochas metamórficas. Estes minerais são designados de minerais-índice pois o aparecimento destes
minerais permite inferir, dentro de certos limites, as condições de pressão e temperatura a que a rocha
se formou.

Os minerais índice permitem identificar diferentes graus de metamorfismo:


 Baixo grau (clorite, andaluzite, biotite…)
 Médio grau (granada, estaurolite…)
 Alto grau (silimanite, distena…)

A definição dos graus de metamorfismo implica o uso de minerais índice, que indicam as condições de
pressão e temperatura a que estiveram sujeitos.

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2.4.3. Tipos de metamorfismo
São definidos diferentes tipos de metamorfismo, em função do tipo e da intensidade dos fatores que o
promovem e da extensão da área atingida. Os dois tipos principais de metamorfismo estão resumidos na
tabela seguinte.
Metamorfismo regional Metamorfismo de contacto
 Resulta de fenómenos tectónicos;  Resulta da instalação de um magma no seio de
 Geralmente a grandes profundidades; rochas pré-existentes.
 Ocorre em vastas áreas;  Baixas profundidades;
 Tensão, temperatura e fluidos são os A temperatura elevada e os fluidos de
principais fatores de metamorfismo. circulação que se libertam da intrusão são os
 As rochas resultantes passam por sucessivas principais fatores de metamorfismo.
fases de recristalização.  Formação de uma auréola de metamorfismo – a
 Apresentam geralmente textura foliada como espessura da auréola e o grau de metamorfismo
resultado de tensões dirigidas. dependem da temperatura do magma, da
dimensão da intrusão.
 Apresentam textura não foliada uma vez que a
tensão não possui um papel importante.

2.4.3. Classificação das rochas metamórficas


Tipos de Foliação
Clivagem Ardosífera Xistosidade Bandado Gnáissico
 Foliação definida pela  Foliação que resulta da orientação  Foliação marcada pela
orientação preferencial de de minerais tabulares (as micas), em alternância de leitos
minerais, em rochas de rochas de ganularidade médio-alta mineralógicos de cor
granularidade fina  Minerais marcadores são visíveis clara (quartzo e
Caracterização

 Minerais marcadores da a olho “nu”. feldspato) e de cor


foliação invisíveis a olho “nu”.  As rochas com este tipo de escura (biotite), em
 As rochas com este tipo de foliação partem-se segundo rochas de granularidade
foliação partem-se facilmente em superfícies lisas a ligeiramente médio-alta.
folhas finas, lisas e baças. onduladas, de aspeto brilhante.  Metamorfismo de alto
 Metamorfismo de baixo grau  Metamorfismo de grau intermédio grau
Exemplo

Ardósia Micaxisto Gnaisse

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Textura Rocha-mãe Nome Principais características
Grão fino, escura e com clivagem ardosífera;
Ardósia Baixo grau de metamorfismo
Típica de metamorfismo regional
Grão fino, micas dão brilho aos planos de foliação;
Filito Baixo grau de metamorfismo
Argilito
Típica de metamorfismo regional
Foliada

Grão grosseiro e foliação evidente que resulta do arranjo paralelo


de minerais tabulares
Micaxisto
Grau médio de metamorfismo
Típica de metamorfismo regional
Argilito, Grão grosseiro, com aspeto bandado
arenito ou Gnaisse Alto grau de metamorfismo
granito Típica de metamorfismo regional
Escura, dura e densa;
Argilito Corneana Grau médio a alto - típica de auréolas de metamorfismo
Típica de metamorfismo contacto
Grãos de quartzo recristalizados com brilho vítreo
Não foliada

Arenito Quartzito Grau médio a alto de metamorfismo


Metamorfismo regional ou de contacto
Cristais de calcite de grandes dimensões

Calcário Mármore Grau médio a alto de metamorfismo


Metamorfismo regional ou de contacto

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U3: Recursos geológicos – exploração sustentada

3.1. Recursos renováveis e recursos não renováveis


Os recursos geológicos são todos os bens de natureza geológica existentes na crusta terrestre e que são
passíveis de aproveitamento

Os recursos geológicos podem ser renováveis ou não renováveis. Os recursos renováveis são gerados na
natureza a uma taxa igual ou superior àquela a que são consumidos. Os recursos não renováveis são
gerados na natureza a um ritmo muito mais lento do que aquele a que são consumidos pelo Homem. São,
por isso, recursos limitados que acabarão por se esgotar. Os recursos geológicos não são renováveis, com
exceção da água e do calor interno da Terra.

As reservas de um determinado material geológico sofrem flutuações ao longo do tempo. Diminuem


devido à sua extração e uso e à diminuição do preço de mercado e aumentam com novas descobertas, com
o desenvolvimento de tecnologias que facilitam a sua extração e com o aumento do preço de mercado.

3.1.1. Recursos energéticos não renováveis


Combustíveis fósseis
A maior parte da energia consumida pelas sociedades atuais é proveniente dos combustíveis fósseis
(carvão, petróleo e gás natural). São recursos energéticos não renováveis e que se aproximam
rapidamente do esgotamento. O petróleo e o gás natural são utilizados como combustíveis. O petróleo tem,
além disso, numerosas utilizações industriais.

A utilização dos combustíveis fósseis gera inúmeros problemas ambientais na medida que são muito
poluentes, nomeadamente:
1. Chuvas ácidas;
2. Aumento do efeito de estufa e consequente aquecimento global;
3. Degradação da camada de ozono

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Energia nuclear
A produção de energia nuclear baseia-se na fissão do urânio em reatores nucleares. Esta reação liberta
grandes quantidades de energia sob a forma de calor; esse calor é usado na vaporização da água que, por
sua vez, é usada para a produção de energia elétrica.

A energia nuclear surgiu como uma alternativa que acabou por não corresponder às expectativas. Apesar
de se produzir grandes quantidades de energia, A energia nuclear apresenta as seguintes desvantagens:
1. Risco de acidentes com fuga de radiações;
2. Produção de resíduos radioativos que levantam sérios problemas de tratamento e armazenamento
3. Poluição térmica da água;

3.1.2. Recursos energéticos renováveis


A utilização das fontes de energia renováveis tem vindo a aumentar, apesar de contribuir ainda pouco para
os gastos totais de energia e de ser necessário um esforço de investigação e desenvolvimento no sentido
de aumentar a sua eficácia.

Energia geotérmica
O calor interno da Terra constitui uma fonte de energia que pode ser concentrada localmente. Quando
existe uma fonte de magma relativamente próxima da superfície da Terra, verifica-se o aquecimento de
fluidos, geralmente a água, que se localiza em rochas porosas ou em fraturas. A água quente pode ser
aproveitada na produção de energia.
Geotermia de alta entalpia Geotermia de baixa entalpia
Temperatura da água superior a 150ºC Temperatura da água inferior a 150ºC
Calor usado na produção de energia elétrica Calor usado no aquecimento de habitações e de
Água bombeada até à superfície onde se converte água para uso doméstico ou público
em calor que aciona turbinas

A energia geotérmica não é poluente e é renovável, na medida em que a sua fonte permanece por longos
períodos de tempo (uma câmara magmática pode demorar milhares de anos a arrefecer). No entanto, é um
tipo de energia que apenas pode ser aproveitada em locais com determinadas características.
Em Portugal, há produção de energia geotérmica de alta entalpia no Arquipélago dos Açores e de baixa
entalpia em centros termais do território continental.

As energias renováveis, que não se esgotam e são pouco poluentes, constituem a principal alternativa à
energia dos combustíveis fósseis. No desenvolvimento de tecnologias que aumentam a eficácia de
aproveitamento destas fontes de energia pode estar a solução para os problemas energéticos do futuro.
Para além da energia geotérmica, há a considerar as seguintes fontes de energias renováveis: energia
solar, energia eólica, energia hidroeléctrica, energia das ondas, energia da biomassa e energia da
biomassa.

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3.2. Recursos minerais
Os recursos minerais incluem numerosos materiais utilizados pelo Homem e que foram concentrados, muito
lentamente, por uma variedade de processos geológicos. Os recursos minerais podem classificar-se em
metálicos e não metálicos.

Recursos minerais metálicos


Os elementos como o ferro, cobre, prata ou ouro, encontram-se distribuídos na crosta terrestre, fazendo
parte da constituição de vários materiais em associações diversas com outros elementos.

Chama-se clarke à concentração média de um determinado elemento químico na crosta terrestre e


exprime-se em partes por milhão (ppm) ou gramas por tonelada (g/ton).

Um jazigo mineral é um local no qual um determinado elemento químico existe numa concentração muito
superior ao seu clarke. Num jazigo mineral, chama-se minério ao material que é aproveitável, tendo
interesse económico e ganga ou estéril ao material sem valor económico que está associado ao minério.

A ganga é, geralmente, acumulada em escombreiras, que são depósitos superficiais junto às explorações
mineiras. As escombreiras causam poluição visual, aumentam o risco de deslocamentos de terreno e
podem conter substâncias tóxicas que poluem o solo e a água.

Recursos minerais não metálicos


Consideram-se recursos minerais não metálicos materiais como cascalhos, areias e rochas. São
materiais abundantes, que geralmente não atingem preços elevados (com exceção das pedras preciosas) e
que, por essas razões, provêm de fontes locais.

3.3. Recursos hidrogeológicos


A água subterrânea é um recurso geológico de extrema importância, que constitui cerca de 0,6% do total de
água que existe na Terra. Integra a etapa mais lenta do ciclo hidrológico e é aquela que não é
diretamente observável. Cerca de 15% da água que precipita sobre a superfície da Terra infiltra-se no solo,
por ação da gravidade, e origina a água subterrânea que preenche os aquíferos.

Aquíferos são formações geológicas subterrâneas capazes de armazenar água e de permitir a sua
circulação e extração de forma economicamente rentável.

As rochas que constituem os aquíferos apresentam características favoráveis de porosidade e


permeabilidade.

A porosidade é a percentagem do volume total da rocha ou dos sedimentos que é ocupado por espaços
vazios, ou poros. A porosidade constitui uma medida da capacidade da rocha em armazenar água.

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Algumas rochas sedimentares, como arenitos e conglomerados, têm poros entre os grãos de minerais,
pelo que podem armazenar uma quantidade apreciável de água. As rochas cristalinas não têm poros entre
os grãos de minerais, mas podem armazenar água em fraturas.

A permeabilidade é a capacidade das rochas transmitirem fluidos através dos poros ou fraturas. As
rochas permeáveis deixam-se atravessar facilmente pela água. A permeabilidade das rochas está
relacionada com as dimensões dos poros e com a forma como se estabelece a comunicação entre
eles.

Um bom aquífero é, simultaneamente, poroso e permeável, o que lhe permite armazenar e libertar a água.
São exemplos de bons aquíferos as areias, os cascalhos, os arenitos, os conglomerados e os calcários
fraturados.

Num aquífero, é possível distinguir as seguintes zonas:


1. Zona de aeração – localiza-se entre a superfície do terreno e o nível hidroestático (freático). Nesta
zona, os poros entre as partículas do solo ou das rochas são ocupados por água e por ar.
2. Nível hidroestático ou freático – é a profundidade a partir da qual aparece a água. Corresponde ao
nível atingido pela água nos poços. Este nível é variável de região para região, e, na mesma região,
varia ao longo do ano.
3. Zona de saturação – tem como limite superior o nível hidroestático. Nesta zona, todos os poros da
rocha estão completamente preenchidos com água.

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Tipos de aquíferos
Aquífero livre Aquífero confinado
 Limitado no topo por uma camada permeável e  Limitado no topo e na base por camadas
na base por uma camada impermeável impermeáveis
 Pressão da água é igual à pressão atmosférica  Pressão da água é superior à pressão atmosférica
 Recarga é rápida e faz-se ao longo de toda a  Recarga é lenta e é feita lateralmente, numa zona
extensão do terreno, pela precipitação limitada exposta à superfície
 Variações acentuadas com as estações do ano  Varia pouco com as estações do ano

A água subterrânea, armazenada nos aquíferos, é utilizada para beber e a sua escassez ou contaminação
podem ter efeitos muito graves. As principais causas da diminuição de reservas e/ou deterioração da
qualidade da água subterrânea estão relacionadas com a poluição térmica das águas, poluição agrícola,
poluição urbana, poluição industrial, atividade mineira e sobre exploração dos aquíferos.

Uma exploração sustentada dos recursos geológicos poderá passar pelas seguintes medidas: utilização,
numa escala cada vez maior, dos recursos renováveis; o aumento do tempo de duração dos recursos não
renováveis, através da redução do consumo, reciclagem e utilização de substitutos; o redução dos impactes
ambientais negativos que resultam da exploração de recursos geológico.

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