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UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ – CAMPUS SANTARÉM

INSTITUTO DE ENGENHARIA E GEOCIÊNCIAS – IEG


BACHARELADO EM GEOLOGIA

IGOR ROSTAND DE LIMA

MINÉRIO DE FERRO
A Riqueza Subterrânea Brasileira

SANTARÉM/PA
2023
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IGOR ROSTAND DE LIMA

MINÉRIO DE FERRO
A Riqueza Subterrânea Brasileira

Trabalho apresentado como requisito para


obtenção de nota na disciplina de Geologia
Econômica e Prospecção Mineral em
Bacharelado em Geologia, da Universidade
Federal do Oeste do Pará – Campus Santarém.

Orientadora: Profª. MSc. Laura Scarano Correa

SANTARÉM/PA
2023
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1. INTRODUÇÃO

O minério de ferro se faz presente em várias esferas da vida, desempenhando


funções cruciais, especialmente em projetos industriais e na construção civil. Trata-se de
uma matéria-prima amplamente reconhecida, tanto por sua versatilidade quanto por seu
custo acessível. O mencionado minério, identificado pelo símbolo "Fe" na tabela
periódica. Originário da natureza em forma de rochas, passa por uma série de processos
tecnológicos para otimizar sua aplicação, transformando-se no ferro conhecido,
comercializado para indústrias siderúrgicas e outras empresas.

O ferro metálico é extraído de rochas de maneira simples e mais econômica do


que outros materiais, tornando-se uma opção acessível. Sua presença abrange diversos
produtos e ambientes do cotidiano, destacando-se por sua resistência, durabilidade e
versatilidade. Reconhecido como o metal mais utilizado globalmente e o quarto elemento
mais abundante no planeta, possui uma significativa importância econômica e impacta o
desenvolvimento social ao longo de milênios.

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2. MINÉRIO DE FERRO: A Riqueza Subterrânea Brasileira

A indústria de base emerge como a principal usuária do minério de ferro,


especialmente na produção de aço, um material robusto e vital. O aço é empregado na
fabricação de tubos, conexões e uma ampla variedade de produtos industriais, comerciais
e residenciais. Desde o século XVI, as primeiras atividades de mineração foram
registradas no Brasil, consolidando o país como um dos três maiores na extração e
produção de minério de ferro.

A exploração do minério de ferro é reconhecida como uma atividade econômica


altamente lucrativa, atraindo consideráveis investimentos, principalmente de empresas
estrangeiras. A extração do minério de ferro, em geral, ocorre em minas subterrâneas ou
a céu aberto. O minério de ferro demonstra grande importância e versatilidade, sendo
empregado em uma ampla variedade de criações.

No Brasil, a Vale destaca-se como a principal e maior empresa produtora mundial


de minério de ferro e pelotas, ou seja, várias bolinhas de minério. A exportação do minério
de ferro emerge como um dos principais impulsionadores de uma significativa
contribuição para a economia, tecnologia e desenvolvimento do Brasil. No ano de 2019,
o país exportou mais de 335 milhões de toneladas desse material. Entre os principais
compradores, a China se destaca com uma demanda que corresponde a quase metade de
toda a extração, seguida pelo Japão, Coréia do Sul, Holanda, Itália, entre outros.

Embora a China realize extensa extração e produção de minério de ferro, o


material lá obtido apresenta baixa qualidade quando comparado ao extraído no Brasil.
Em síntese, pode-se afirmar que o minério de ferro desempenha um papel crucial no
fortalecimento da economia nacional, promovendo avanços na área tecnológica e
contribuindo para a sustentabilidade.

Na Vale, observa-se o registro de um sistema de reaproveitamento de minério que


já possibilitou o reprocessamento de 5,2 milhões de toneladas de minério ultrafino
depositado em barragens. Esse sistema, dotado de tecnologia avançada, evita o
desperdício que ocorreria sem essa abordagem de reaproveitamento.

As principais aplicações do minério de ferro são observadas em diversos tipos de


projetos e áreas. O minério detém significativa utilidade na construção de objetos e no
desenvolvimento de projetos a partir das pelotas de minério, submetidas a um alto-forno
que opera com a circulação de ar, são produzidos itens para pontes, carros, aviões,

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bicicletas, eletrodomésticos, construção de casas, formação do aço e atuação em diversas
indústrias.

O processo de retirada do minério de ferro segue os passos de perfuração,


máquinas perfuratrizes são empregadas para realizar furos nas rochas, o desmonte, onde
são inseridos explosivos nos furos, as explosões resultam na formação de fragmentos do
minério de ferro, e por último a remoção, o minério fragmentado é, então, transportado
por correias transportadoras de longa distância, carregadeiras ou caminhões fora de
estrada até as instalações de beneficiamento.

O minério de ferro é encontrado na natureza, em rochas e no solo, apresentando-


se comumente na forma de óxido, hidróxido e oxi-hidróxido, frequentemente em estado
cristalino. A formação do minério de ferro envolve um conjunto complexo de processos
geológicos que culminam na concentração de minerais de ferro em rochas hospedeiras
específicas. Nas formações do minério de ferro, as rochas hospedeiras podem apresentar
variações, sendo frequentemente associadas a formações ferríferas bandadas (BIFs), que
compreendem camadas alternadas de minerais ricos em ferro e sílica. Outras rochas
hospedeiras incluem xistos, itabiritos e anfibolitos.

No processo de formação do minério de ferro, as alterações geológicas


desempenham papel crucial. Processos como oxidação e meteorização são capazes de
concentrar os minerais de ferro, alterando a matriz rochosa original para formar o minério.
Os principais minerais presentes no minério de ferro, que despertam interesse econômico
são a hematita, magnetita e goethita. A hematita (Fe2O3) e a magnetita (Fe3O4) possuem
importância significativa na indústria siderúrgica devido ao seu alto teor de ferro. Embora
haja diversos outros minerais de ferro, estes não possuem tanto valor para as empresas.

A ganga refere-se como os minerais indesejados coexistentes com o minério de


ferro, incluindo sílica, alumina, manganês e fósforo. A presença de ganga pode impactar
a qualidade do minério e influenciar os processos metalúrgicos. A influência dos fluidos
hidrotermais, como água rica em elementos químicos, desempenha um papel na
mobilização e concentração dos minerais de ferro. Esses fluidos podem transportar íons
de ferro e outros elementos, contribuindo para a formação do minério.

A atividade tectônica, compreendendo dobramentos, falhas e intrusões


magmáticas, pode influenciar a deposição e concentração dos minerais de ferro.
Movimentos tectônicos criam condições propícias para a concentração do minério em
áreas específicas. O processo dinâmico de formação do minério de ferro ocorre ao longo
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de escalas de tempo geológicas. A compreensão desses processos e das características
geológicas envolvidas é essencial para uma exploração eficaz e a extração sustentável
desses recursos minerais valiosos.

No Brasil, em especial, o minério de ferro é extensivamente explorado em Minas


Gerais, no Quadrilátero Central, também conhecido como quadrilátero ferrífero. Essa
região, situada no centro-sul do estado, é responsável pela extração e produção
significativa do minério de ferro e do manganês. Além disso, a região contribui com
quantidades menores de bauxita e cassiterita. No Quadrilátero Ferrífero, a presença do
minério de ferro está intrinsecamente vinculada ao Supergrupo Minas, destacando-se
como um dos supergrupos mais influentes na mineralização desse recurso vital. Dentro
desse contexto geológico, assumem relevância duas entidades geológicas distintas: os
Itabiritos e as Formações Ferríferas Bandadas (BIFs).

As BIFs se configuram como rochas sedimentares ou metassedimentares


finamente estratificadas, caracterizadas pela alternância de camadas de óxidos,
carbonatos ou silicatos de ferro. A estrutura rítmica dessas camadas desempenha um papel
fundamental na mineralização de ferro na região. Por outro lado, os Itabiritos representam
rochas bandadas que alternam níveis de hematita (por vezes magnetita) com níveis
silicáticos, predominantemente quartzo. Fundamentais na mineralização de ferro, os
Itabiritos são, essencialmente, BIFs que passaram por processos metamórficos.

O Supergrupo Minas, por sua vez, pode ser subdividido em duas megasequências
principais. A primeira abrange ambientes fluviais deltaicos e marinhos plataformais,
representados pelos Grupos Caraça, Itabira e Piracicaba. A segunda incorpora depósitos
marinhos imaturos do Grupo Sabará. Destaca-se que o Grupo Itabira, abrigando os
itabiritos no Quadrilátero Ferrífero, caracteriza-se por uma sequência predominantemente
marinha, depositada sobre a sequência Clástica Progradante do Grupo Caraça.

Os principais tipos de minério de ferro presentes na região são classificados em


três categorias distintas: não tectônicos (hipogênicos ou supergênicos), concordantes ao
bandamento e aparentemente desvinculados de influências tectônicas; sintectônicos
(hipogênicos), com evidente condicionamento genético à estrutura tectônica; e pós-
tectônicos (supergênicos), onde a estrutura atua como fator auxiliar na extensão da
mineralização, facilitando a percolação de fluidos.

Os corpos de hematita compacta, considerados minérios não tectônicos,


apresentam morfologia controlada pelo acamamento, manifestando-se como lentes de
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dimensões variáveis. Minérios sintectônicos indicam a importância metalogenética de
fluidos hidrotermais na mineralização, enquanto os minérios pós-tectônicos revelam a
influência significativa do intemperismo na geração de corpos lavráveis de minério de
ferro de alto teor.

O processo de intemperismo próximo à superfície, característico da região do


Quadrilátero Ferrífero, desempenha papel crucial na geração de corpos lavráveis de
minério de ferro, resultando na formação de uma crosta laterítica (canga). Essa crosta,
cuja profundidade varia de metros a dezenas de metros, não apenas protege as formações
ferríferas, mas também contribui substancialmente para a viabilidade da exploração do
minério na região, evidenciando a interação complexa entre os processos geológicos e a
formação desses importantes depósitos minerais.

E no Pará, na Serra dos Carajás, a Província Mineradora de Carajás está situada


na Região Norte do Brasil. Geograficamente, a área de Carajás encontra-se na região
sudeste do estado, abrangendo parte dos municípios de Parauapebas e Canaã dos Carajás.
A província é delimitada a leste pelo Rio Tocantins, conferindo-lhe uma característica
geográfica de destaque.

No contexto geológico, a Província Mineradora de Carajás é reconhecida por sua


excepcional riqueza mineral. A região destaca-se pela presença de uma diversidade de
depósitos minerais, sendo notável, principalmente, por suas extensas reservas de minério
de ferro, desempenhando papel crucial na economia brasileira. Destacando-se na década
de 60, quando foi identificado como o maior território mineral do planeta.

A formação geológica da província está associada principalmente ao cinturão


dobrado de rochas verdes, compreendendo uma série de rochas metamórficas e ígneas
formadas durante eventos geológicos do período arqueano. Essa geologia complexa é
responsável pela presença de diversos minerais, abrangendo não apenas o minério de
ferro, mas também depósitos de níquel, cobre, estanho, ouro e outros minerais valiosos.

A área de Carajás apresenta uma topografia diversificada, incluindo montanhas,


vales e planícies. Adicionalmente, a região possui ecossistemas únicos, abrigando uma
rica biodiversidade, o que destaca a importância de uma abordagem sustentável na
exploração dos recursos minerais.

O contexto geológico da Província Mineradora de Carajás a torna uma das áreas


mais relevantes e estratégicas para a indústria mineral no Brasil. A exploração desses

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recursos minerais demanda uma compreensão cuidadosa da geologia da região para
assegurar práticas sustentáveis e a preservação adequada do ambiente natural.

Em resumo, a Província Mineradora de Carajás, no estado do Pará, representa um


importante epicentro na produção mineral brasileira, desempenhando um papel crucial na
oferta de recursos essenciais para a indústria e a economia do país. O equilíbrio entre a
exploração responsável e a preservação ambiental emerge como um desafio a ser
enfrentado para assegurar o desenvolvimento sustentável desta rica região.

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3. CONCLUSÕES

O minério de ferro representa uma riqueza subterrânea que forja o futuro. Essa
substância desempenha um papel crucial, uma commodity vital para diversas indústrias,
especialmente a siderúrgica. Sua demanda constante em projetos de construção,
fabricação de veículos, eletrodomésticos e várias outras aplicações destaca sua relevância
como componente fundamental nas atividades humanas. A meta principal da pesquisa foi
apresentar de forma branda sobre a formação, extração, e utilização responsável do
minério de ferro.

Dessa forma, as conclusões sobre o minério de ferro evidenciam sua relevância


tanto no âmbito econômico quanto no industrial, enquanto sublinham a urgente
necessidade de adotar abordagens sustentáveis para assegurar que sua exploração seja
uma contribuição efetiva para o desenvolvimento socioeconômico, sem impor danos
irreversíveis aos recursos naturais e ao meio ambiente.

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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

IBRAM - Instituto Brasileiro de Mineração. Informações e análises da economia


mineral brasileira. 7ª edição. Dezembro de 2012, p. 32, disponível em:
https://pubs.usgs.gov/periodicals/mcs2021/mcs2021-iron-ore.pdf USGS].

Minério de ferro. Por Pedro Sergio Landim de Carvalho, Marcelo Machado da Silva,
Marco Aurélio Ramalho Rocio, Jacques Moszkowicz. "Insumos Básicos". BNDES
Setorial 39, p. 197-234

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