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Introdução

O manganês é um elemento químico muito abundante na crosta terrestre.


Encontra-se na natureza combinada com outros elementos, formando minerais na sua
maioria óxidos, embora esteja amplamente disperso nas rochas. (Harold e Taylor, 1994).
Também é encontrado em mais de uma centena de minerais, desde aqueles em cujas composições
é predominante, àqueles em que o metal participa em pequenas quantidades. O metal está
distribuído em diversos ambientes geológicos e disperso em uma variedade de rochas sob a forma
de óxidos, dentre os quais destacam-se: dióxidos, hidróxidos, silicatos e carbonatos. Os dióxidos
constituem as mais importantes fontes comerciais do metal, destacando-se a pirolusita (MnO2 ),
a psilomelana e a manganita (Mn2O3 .H2O). (Luiz & Liz, 2008). Entretanto, pouco mais de
uma dezena constituem minerais de minério.
O manganês é um metal relativamente activo, e os seus estados de valência podem
ser 0, 2+, 3+, 4+, 6+ ou 7+. Tem mais estados de valência do que qualquer outro elemento.
Assim, existe um grande número de minerais de manganês, incluindo mais de 30
óxidos/hidróxidos de manganês conhecidos (Zhao et al, 2022 ).
O manganês é utilizado principalmente na produção de aço, diretamente no
fabrico de ferro-gusa e indiretamente através da transformação do minério em ferro-ligas.
A nível mundial, a maior parte (90 a 95%) do Mn é utilizada na indústria metalúrgica
como um desoxidante e dessulfurizante necessário na produção de aço e como um
importante componente de ligas. Várias quantidades de Mn são normalmente adicionadas
ao aço para uso industrial, produzindo ligas de baixo ou alto Mn. Minérios de alto teor
(teor de Mn superior a 42%) são normalmente utilizados em aplicações metalúrgicas. O
restante Mn (5 a 10%) é utilizado na indústria química, na indústria ligeira, produção de
baterias de pilhas secas, em fertilizantes para plantas e alimentos para animais, e como
corante para tijolos (Fan e Yang, 1999; Lasheen et al., 2009).
O manganês, adicionado na forma de ferro-ligas, é um importante elemento de
liga do aço, auxiliando no refinamento da estrutura de grãos, aumentado a resistência
mecânica e melhorando a temperatura e a ductilidade do aço. Em teores mais altos, o
manganês associado a teores mais elevados de enxofre facilita a usinagem, melhorando o
acabamento superficial dos aços (Chiaverine, 1990 & Chaudhary et al., 2005).
Segundo Olsen (2007), aproximadamente 90% de todo o manganês produzido no
mundo está na forma de ferro-ligas de manganês das quais pelo menos 98% são
consumidas pela indústria do aço.
A produção mundial anual de total de ligas de manganês ultrapassou os 10,3
milhões de toneladas e irá aumentar (Lasheen op. cit, 2009).
O minério de manganes em Angola, foi descoberto no sec XX. Durante o periodo
do colonialismo português, os trabalhos de pesquisas e prospecção foram feitos em
grande escala em quase todo território nacional, nomeadamente: provincia do Bengo,
Cuanza Norte, Malanje, Namibe, Huila, Benguela e outros pontos do país tendo como
maior enfase a Provincia de Cuanza Norte e Malanje consideradas as provincias
manganisiferas do País. (Ferrão,2014). Neste periodo, a actividade de mineração era
bastante desenvolvida, o que contribuiu para o desenvolvimento económico do País.
O minério de manganes das minas de quitota e lengué eram escoados na estação
de caminho de ferro de Quizenga para o porto de Luanda, com destino a Países
nomeadamente Alemanha, Holanda, Japão e estados unidos. Na época existiam várias
empresas detentoras de direitos de concessões em diferentes regiões do território nacional
como: A Bermanit-Quissama Ltda, Sociedade Mineira do sul de Angola, Companhia
mineira do Lobito, Sociedade Mineira de Angola, Companhia de manganes em Angola e
a Albino guerreiro.

Durante o conflito armado, as minas de Manganes de lengué e Quitota foram


abandonadas, deixando para trás um potencial minério com reservas inestimáveis.

Devido a falta de investimento e a complexidade que certos depósitos de


manganes apresentam, e o desconhecimento das suas origens, tipo, importância,
extensões e o seu interesse económico. (Ferrão, 2014). Esteve na base fundamental do
objectivo deste trabalho que tem como foco a compreensão da mineralogia, estrutura e
paragenese do minério de manganés no Norte do kwanza, concretamente na zona de
Quitota. Visto que a interface estrutura - paragénese - minero química tem sido pouco
explorada em estudos prévios dedicados a este tipo de jazidas. Pelo que a presente
dissertação procurará incidir, particularmente, nesse âmbito da geologia dos depósitos
minerais, adoptando concessões e princípios balizados por informação estrutural e
cartográfica, tanto de incidência regional como de alta resolução, considerando os locais
conhecidos que foram objecto de prospecção e lavra no passado.(Leal Gomes, 2022).
Notícia da actividade extractiva sobre Mn e metais associados em
Angola

Angola é um País rico em recursos geológicos, onde maioritamente a actividade


extrativa tem grande potencial e reflete no seu desenvolvimento económico. Uma vez
que o País possui um dos maiores e mais diversificados recursos de África.

Nos anos 1925 Angola era um país desenvolvido em termos actividade extractiva.
(Ferrão, 2014) destacando o ferro, cobre, manganes e outros minerais e minérios. Após a
independencia em 1975, Angola retomou as suas actividades mineira, concentrando-se
no petróleo, diamantes, jazigos e rochas ornamentais. Neste periodo estiveram em lavra
activa 18 tipos de recursos minerais,14 dos quais eram destinados há exportação
nomeadamente: Petróleo, diamante, ferro, manganés, cobre, chumbo, zinco, quartzo
cristalino.(Araújo, 1992). Nos anos 90, com aplicações de novas tecnologias no ramo
mineiro, o país voltou apostar em novos programas de relançamento do sector mineral,
em especial os minérios que se destacavam outrora.

Actualmente, o governo tem se dedicado a reactivação das minas outrora


exploradas nomeadamente ferro, cobre e manganes, criando indústrias siderurgicas para
o tratamento do minério. Os depósitos de Manganês reactivados actualmente no território
Angolano, encontram-se distribuídos em três (3) províncias: Província do Bengo 1 jazigo,
Kwanza Norte com 5 Jazigos e Malanje com 12 Jazigos.

Fonte:
Carta Mineira de Angola. Delimitação das Províncias onde o minério foi explorado nos
anos 70.
Os estudos de reavaliação de reservas iniciaram em 2016, resultando em 4,3 milhões
de toneladas de minério que serão explorados num ritmo de 240 mil toneladas ao ano.

Encontram-se activas a mina de Quitota e o projecto Mineiro siderúrgico


Kassanga e Kassala Quitungo.

Os trabalhos estão a ser realizados nas frentes de exploração, a montar as


linhas de britagem e de extracção do minério. O projecto terá duas fases de
exploração, sendo a primeira a céu aberto e a segunda subterrânea, A empresa
investidora, MN Kitota, diz possuir uma reserva confirmada de quatro milhões de
toneladas de minério, quantidade que pode subir para 12 milhões de toneladas com um
teor a variar entre 45 e 48%. (Miguel Teixeira, 2021). O projecto de reavaliação de
reservas iniciado em 2016, resultando em 4,3 milhões de toneladas de minério que
serão explorados num ritmo de 240 mil toneladas ao ano. Este Projectoprevê um ritmo
de exploração de 480 mil toneladas ao ano, podendo a mina ser explorada durante dez
anos. (Diamantino Azevedo, 2021).

O novo projeto Mineiro siderúrgico Kassanga e Kassala Quitungo. Conforme


refere o Decreto (N°) de 28 de Março ..., encarregada pela empresa Ferrangol avançou
com a prospecção, pesquisa eavaliação de reservas de manganês em Kassala Quitungo,
entre as províncias de Malanje e Cuanza Norte, há 230Km de Luanda. Cujo os
depósitos foram explorados em 1964/69-1975. Conhecidos 18 depósitos com teor
médio de 50% na área com de 500 hectares. Os minérios serão reduzidos em grãos
de 0,5mm a transportar em big bags. Na primeira fase do projecto, o manganês será
transportado para a central de beneficiamento localizada em Luanda, através da via
rodoviária e, posteriormente de comboio, através da Estacão de caminho de ferro de
Quizenga, que dista a 15 quilómetros do projecto mineiro. ( Miguel Teixeira, 2021)
As siderúrgicas e cimenteiras nacionais, têm como principal objectivo a cobrir
a procurado minério no mercado nacional, e a posterior a sua exportação. Países como
China, Índia e Estados Unidos da América constam entre os destinos do manganês da
mina de Quitota. O Governo Angolano acredita que as Minas de Manganés
reactivadas contribuam para o desenvolvimento do País, criando assim novos
projectos de reativação de outros depósitos.
O Ferro
O minério de ferro encontra-se espalhado no território angolano. Ocorre
principalmente na provincia de Malanje, Huila, Bié, Huambo e Cuanza Norte. Na era
colonial contribuiu em grande escala para o desenvolvimento economico do país. As
reservas mais significativas de ferro encontram-se localizadas nas provincias da Huila na
região de cassinga, e cassala e Quitungo na provincia do Kwanza norte. (Ferrão, 2014)

Em 2019, a actividade extrativa do ferro teve reinicio na região de cassinga pela


empresa Nacional de ferro (Ferrangol). Este projecto preve uma exploração de duas mil
toneladas de concentrado de minério de ferro por mês. Uma parte transformado em
Angola e o remanescente exportado, o que implicara a produção de 400 mil toneladas de
aço por mês. Em 2021, A companhia siderurgica do Cuchi, no Cuando Cubango, extraiu
ferro experimental, estando a carregar um navio com capacidade de 60mil toneladas no
porto mineraleiro de saco-mar, Namibe. O Projecto de exploração de ferro no
cutato,160km a Oeste de menongue,esta integrado com beneficiamento em #ferro
gusa#,numa unidade siderurgica construida na sede municipal do cuchi,em que 60 por
cento do teor do minerio bruto são elevados a 90 por cento após tratamento siderúrgico
que lhe retira as impurezas (Wilton reis, 2021).

Actualmente as minas de Ferro tem sofrido trabalhos de pesquisas e prospecção de modo


a reaver o real potencial deste minério.

Cobre
Segundo (Ferrão, ibidem) O minério de cobre estão largamente distribuidos no
território angolano. Os trabalhos minérios sobre algumas ocorrencias não conduziram a
resultados definitivos, pelo que o seu interesse economico ainda não foi completamente
determinado. Muitas dessas concentrações secundárias de pequena extensão, sem ligação
directa com depósitos primários.

De acordo com os dados existentes nos serviços de geologia e mina , a produção minério
de cobre nos anos 1939-1963 foi de cerca de 170.000 toneladas provinientesdas minas de
Bembe e Mavoio. O minério de cobre em angola tem as suas ocorrencias no Nordeste do
País, na Provincia do Uíge, região de Mavoio,Tetelo,Bembe, consideradas as áreas de
maior ocorrencia. Provincia de Benguela a Sul na região de cuio e Huche, Provincia do
Namibe na região giraú,Vipongos, pedra grande e capangombe. A sul região do Curoca,
na área de menongue, na região do alto zambeze.
A Jazida de Cu de Mavoio Tetelo considerada a de maior ocorrencia,localiza-se
na província do Uíge no NW de Angola, cerca de 1km a NE do depósito de Mavoio, tendo
a sua identificação fruto de uma campanha de sondagens realizada pela Empresa de Cobre
de Angola (ECA) entre 1947 e 1961. Em Tetelo são conhecidas as características
fundamentais da mineralização e suas rochas hospedeiras, muito embora subsistam
dúvidas quanto a identificação da variação composicional apresentada por várias fases
minerais essenciais e acessórios, assim como quanto a evolução do processo
mineralizante primário e transformações tardias conducentes ao desenvolvimento das
paragéneses minerais secundárias.(Ferreira, 2011).

Anteriormente, designada por Empresa de Cobre de Angola (ECA), A mina de


Cobre Mavoio Tetelo, iniciou a sua efetiva actividade em 1938, numa extensão de
aproximadamente 9684,5 km2 até paralisar em 1972. Naquela altura, sob o regime
colonial português, a empresa funcionava com mais de três mil efectivos, tendo registado
a primeira paralisação em 1961, devido ao início da Luta Armada para a Libertação de
Angola. Reaberta em 1971 com suporte de uma empresa japonesa, a mina de Mavoio
voltou a paralisar, pela segunda vez, em 1972. A área da concessão estende-se numa faixa
de 50km por 200 Km, entre Bembe e maquela do Zombo junto a fronteira com a
República democrática do congo. A Mina de Mavoio foi explorada entre 1947 e 1971/72
primeiro pela Empresa de cobre de Angola(ECA), e mais tarde pela Simeira (joint venture
entre empresas portuguesas e chinesas).(Ferreira, ibiden).
O Jazigo de Tetelo, esta dividido em Tetelo Norte com uma profundidade 300
metros, 100 metros de largura e 10 metros de largura média. O Tetelo Sul com uma
profundidade de 730 metros, largura de 128 metros e largura média de 32 metros.
geralmente aparece minerais de calcopirite, calcosite e pirite, associados a minerais de
cobalto ocorrem em zonas de falhas e brechas. Podendo ainda observar-se a presença de
minerais disseminados na rocha encaixante. A mineralização dos depósitos Mavoio e
Tetelo encontram-se hospedadas nas unidades litológicas do supergrupo congo ocidental,
a parte superior do congo congoliano ocidental que são o subgrupo xisto gresoso onde
encontra-se rocha arenitica e subarcósica e a mineralização que se desenvolve é bastante
incipiente, originando predominantemente disseminações e/ou selando pequenas
fracturas, verificam-se, porém, raros domínios de mineralização semi-maciça. Assim, as
fases minerais opacas ocorrem no preenchimento de espaços vazios matriciais, por vezes
associados a bolsadas e/ou de redes de fracturas intergranulares, sendo a mineralização
tanto mais intensa quanto maior a densidade e conectividade das diferentes
descontinuidades, por vezes acompanhadas por carbonatos grosseiros. A associação
mineral principal inclui a pirite, calcocita, hematite, goethite e outros hidróxidos de ferro,
surgindo como acessórios fases análogas como covelite, digenite, calcopirite, bornite,
galena, esfalerite, tenantite enargite e diversas fases de Pb-As-S, Cu-PB-AS-S, Cu-As-
Bi-Si e Cu-Bi-S. Ao contrário do subgrupo Xisto calcário que apresenta o essencial da
mineralização desses depósitos compreende as rochas carbonatadas da formação Xisto
calcário, ocorrendo essencialmente sob a forma de minério semi maciço e maciço, mas
formando disseminações matriciais e selando fracturas. Tal como observado nas amostras
do subgrupo xisto gresoso, também a mineralização associada a sequencia
metacarbonatada se verifica a presença de relíquias de matriz no seio da fases opacas e
de bordos de corrosão do minério brechificado (muitas vezes apresentando evidencias de
um evento de catáclase prévia),originando ocasionalmente texturas em ilhas, seladas por
cimento carbonatado ou silicioso .Salienta-se ainda a presença de (micro)fracturas tardias,
preenchidas por carbonatos grosseiros ,que cortam indiscriminadamente todas as
restantes estruturas. A associação mineral principal inclui pirite, calcosite e bornite.
Localmente, esta associação faz-se acompanhar por fases composicionalmente
intermédias entre Cu2S e CuS (e.g djurlite, digenite,anilite e skionkopite) Calcopirite,
tenantite ,enargite, galena e esfalerite, raras fases de Pb-As-S, Cu-Pb-AS-S, CuAS-Bi-S
e Cu-Bi-Sulfuretos de Cu-Co e arsenatos de composição química diversa (Ca,Mg,Cu,V,Y
e/ou ETR conichalcite.(Ferreira op.cit, 2011).

Segundo o decreto presidencial nº66/10 de 25 de outubro, construiu-se o modelo


económico financeiro de aproveitamento da jazida, foram considerados como lavráveis,
ou recuperáveis 90% dos seus recursos potenciais, estabelecidos como da ordem de 15
milhões de toneladas de minério a 3% de cobre. Na área da concessão outras ocorrências
não estimadas no presente estudo referem a presença de zinco, prata e cobalto.

As actividades extrativa da mina mavoio e tetelo foram retomadas pela Sociedade Mineira
de Angola em 2009, apresentando resultados sobre o potencial mineiro do depósito de
Tetelo, a partir de estudos de cartográficos, topográficos, estudos mineralógicos e
geofísicos, investigações petrográficas, ensaios metalúrgicos e perfurações de sondagens
numa área de 9.478 metros, para ser explorado em 2023. Segundo especialistas da
empresa Ap Services e Genius Mineira afirmam com abrangência de doze anos, sendo
dois anosiniciais de implantação do projecto, e dez anos de produção. Prevê-se a produção
de 1,5 milhões de toneladas/ano de minérios da lavra de Tetelo. Em relação a Mina de
Mavoio, os estudos revelam que nos próximos três anos, os recursos minerais da mina de
Mavoio podem atingir os 35 milhões de toneladas e uma estimativa de produção de 875
mil toneladas de cobre puro num prazo mínimo de dez anos. Mais de 16 milhões de
toneladas de cobre foram descobertas nas minas de Mavoio e Tetelo. Uma campanha
intensiva de sondagem, para confirmar as investigações geológicas que foram feitas até
agora. Espera-se que pelo menos 30 a 35 milhões de toneladas adicionais sejam
descobertas. O que constitui uma base suficiente em termos de exploração de minérios,
até agora foram feitos mais de 7.500 metros de sondagens e pelo menos dez estudos
laboratoriais.( Ferreira,op cit, 2011).

O depósito apresenta particularidades técnicas e económicas. As mineralizações


se apresentam em várias posições, em termos de sub-superfícies e em várias
profundidades. A situação representa uma das principais complexidades que os técnicos
enfrentam no terreno, tendo em conta que os obriga a fazerem uma avaliação minuciosa
antes de tomarem uma decisão. (Portal da Damba, 2012).

Actualmente a região mineira de Mavoio, apresenta um novo cenário. Além da


confirmação e da existência de grandes quantidades de cobre nativo, estão também
asseguradas a existência de calcite, sulfato de ferro, calcocite, pirite, malaquite e
quartzito, o que corresponde com as unidades litológicas o subgrupo Xisto gresosso e
Xisto-calcário.( Ferreira, ibiden).
Zinco, Cobalto e Niquel
No estado actual do conhecimento geologico do minério de zinco, ocorrem a sul de
Angola. Os serviços geologicos fizeram estudos nessa região utilizando métodos
geofisicos. Aguarda-se a execução de trabalhos de pesquisa recomendados para se avaliar
o seu eventual interesse economico.

Segundo (Ferrão, 2014), Na região do Luide, a Sul da fronteira com a república do congo
(Leopoldville), e cerca de 12km com a povoação da quimbata,ocorre um filão com mais
de 0,20 metros de possança e que se pode seguir mais de 20 metros, essencialmente
constituido por minério de zinco,especialmente smithsonite encaixado em calcários do
topo do xisto calcário. Esses jazigos não foram estudados na sua totalidade, dai o
desconhecimento das suas ocorrencias.
III- CARACTERISTICAS FÍSICO-GEOGRÁFICA E GEOLÓGICA DA
REGIÃO DE MALANJE
- ENQUADRAMENTO GEOGRÁFICO

O território de Angola, com uma área total de 1.246 700Km2, esta situada na
parte ocidental da África Austral, sendo limitado pelas coordenadas 4° 21´ e 18° 02´Sul
e 11° 38´ 24° 03´ Leste. A sua extensão N-S é cerca de 1300Km, e de Oeste a Este
aproximadamente 1250 Km. A Oeste contacta com o oceano Atlantico tendo como
limite Norte a República Democrática do Congo, a Leste a Zambia, a Sul Namibia.

Malanje é uma cidade e município de Angola, cujo a capital da Província tem o


mesmo nome. Tem uma população de 564.474 habitantes e área territorial de 2.422 Km2,
sendo o município mais populoso da província. Limitado a norte pelo município de Cuaba
Nzogo, a leste pelo Mucari, a Sul pelos municípios de Cangandala e Mussende e a Oeste
pelos municípios de Cacuso e Calandula.
As minas de Lengué e Quitota estão localizadas a Norte de Angola. Situadas a SE
e SW da estação de caminho de ferro de Quizenga. Quizenga é uma comuna localizada
no Município de Cacuso, Provincia de Malanje. Actualmente, são Propriedades da
empresa MN-Quitota Exploração Mineira e Comércio Lda. A mina foi licenciada em
2020, numa concessão de 576Km2, na área situada entre os municípios de Cacuso,
Calandula, na província de Malanje, abrangendo também Samba Caju (Cuanza Norte).
E possui uma área de 9,8Km2.
Clima
A localidade de Quitota é clima de floresta tropical, quente e chuvoso, com
vegetação densa (cobertura> 95%), quatro estações não são claras, apenas divide em
estação seca e estação chuvosa, de junho a outubro é a estação chuvosa, de novembro a
maio, próximo ano é a estação seca, a precipitação anual é de 1200 a 1500mm, a
humidade relativa é > 80%, a temperatura mais alta é de 34oC, a temperatura mais baixa
é de -2,0o C e a temperatura média anual é de 20o C.(projecto minerio Quitota,2019).

Rede Hidrográfica
A rede de água na área é um riacho de montanha relativamente desenvolvido,
distribuído em paralelo, que flui do meio e do Norte para o sudeste, e desagua para o rio
Kwanza. As mudanças sazonais são muito evidentes. Na estação seca é gotejante ou
seca enquanto na estação chuvosa o fluxo de água é urgente e os rios elevam e recuam
rapidamente, frequentemente, causando desastres naturais, como escorregamentos em
pequena escala, deslizamentos de terra, quer a estação seca, quer a estação chuvosa
podem atender à necessidade de produção e uso doméstico.(projecto mineiro
kitota,2019).
Geomorfologia
Morfologicamente, esta região é planáltica mas entalhada por alguns vales, por vezes
profundos escavados pela erosão fluvial ( rios Lucala, Mucoso,Zenza,Luinha,Cuzo,e
Lutete) e acidentada por algumas serras(Serra Emba e Banga, na região de caculo cabaça
e golungo alto, serras Bimba e camama, a norte do Lucala e serra Bê, a sul da mesma
povoação) e montes (montes Quio, Quibanda, Tumbi, Saia, Bango, Quio-cabaça). Na
superfície destacam-se alguns relevos residuais,tais como: As pedras Negras de pungo
Andongo.(Gerardo, 1970).
A área de mineração está localizada entre as colinas e montanhas no noroeste de Angola,
15 quilómetros ao sul do rio Kwanza. Sua altitude mínima é de 840m, e a altitude máxima
é de 1108 metros, com uma altitude relativa de 268m. O cume principal está em direção
noroeste - sudeste, o lado leste transforma gradualmente para a direção norte-sul. Há
colinas amplas e suaves no meio, montanhas altas no Norte, encostas íngremes (≥30 °),
vales fluviais em forma de “V”, que são a geomorfologia de colinas amplas, montanhas
médias e baixas, quase cobertas por árvores e ervas daninhas, a camada de cobertura de
intemperismo com uma espessura de 0 a 10m, o afloramento original só é encontrado no
cume.( Projecto mineiro Quitota, 2019).
Localização geográfica de alguns polos extractivos

Segundo Gerardo(1970), os polos extrativos encontram-se localizados na provincia de


Malanje e Kwanza Norte. conhecidas como provincias metalogenéticas de Manganes.

Mina de Quiaponte- Mina localizada na provincia de Kwanza Norte,encontram-se


situadas a cerca de 30km da estrada Lucala-samba caju, a nascente da povoação de vila
flor( antigamente quiangombe) a 24 Km do Lucala, com uma altitude de 1016 metros.
Mina de Quicuinhe- Mina localizada na provincia de Kwanza Norte,numa pequena
colinana vertente Sul do monte Quio,com uma altitude de 1019 metros.
Mina de Saia-
Mina de Quissaquele-
Mina do Lenga (Lengui) – Localizado na provincia do Kwanza Norte,situado a cerca de
12Km a SSE da estação do caminho de ferro da quizenga-quitota.
Mina da Serra Bê- Localizada na provincia de Kwanza Norte,Encontra-se a cerca de
2,5Km para NW das minas de quitota,sendo servido pela mesma picada que liga estas
minas as do Bila ,Catombe,Capaca e Lungui.
Mina de Quitota- Localizada na provincia de Malanje,comuna de Quizenga, situado a
cerca de 33Km a SSW da estação de caminho de ferro da Quizenga.
Historial da mineração no pico extractivo dos anos 70 do século XX -
lavra mineira passada.

2.1- Manganês em Angola

De acordo com H. De Carvalho, a história Geológica do território de Angola é


condicionada pela sua localização, numa zona móvel da bordadura Oeste do cratão
Centro-Africano que sofreu reactivações sucessivas durante os mencionados ciclo
orogénicos.
No período dos meados dos anos 50 até 1975, começaram os trabalhos geológicos
no território nacional. Nomeadamente com recolha de dados geológicos em grande escala
sobre a estratigrafia, magmatismo, recursos geológicos, cartografia geológica e culminou
com a síntese dos estudos realizados. Devido as dificuldades de acesso a diversas regiões
do País, ausência de algumas tecnologias inovadoras que outrora não existiam e a guerra
colonial, os trabalhos geológicos acabaram por sofrer grandes paralisações. O que
provocou um hiato na estória da geologia actual. (Araujo, 1992)
Os mineiros de manganés foram descobertos em Angola no início do século XX,
presentemente são conhecidos 150 pontos de mineralização, entre eles 20 jazigos na área
de Lucala (províncias de Malange e Cuanza Norte),onde os mineiros foram antigamente
extraídos para exploração.
No período de 1943 a 1974, foram extraídos 600 mil toneladas de mineiros de
manganés e vários milhares de toneladas de mineiros de ferro-manganés a profundidades
de 30 a 70 m. O reconhecimento dos jazigos foi realizado paralelamente com os trabalhos
de extracção. Algumas sondagens isoladas atravessam corpos mineralizados a
profundidades cerca de 100 m. Os jazigos estão representados por óxidos de mineiro de
alto teores em jazigos primários e em depósitos eluvionares e de vertente. Os mineiros
revelam 45-60% Mn, 2-3% Fe, 4-10% SiO½, 0,1-0,5% CÃO. (Araujo, ibiden).
No periodo de 1925-1962, no caso da Kassala Quitungo há 230 km de Luanda.
Na zona de caminho de Ferro Luanda-Malanje, no centro da povoação do Lucala região
considerada distritos metalogénicos para ferro e Manganês, entre 1943-1962 foram
exploradas 443.000 toneladas de Manganês.(Ferrão, 2014).
A mina de Quitota e Saia uma das mais antigas, foram exploradas entre
1950/64/69-1974 pela companhia do Manganês em Angola, posteriormente abandonada
entre 1969 e 1974 foi explorada pela empresa holandesa que exportava o minério bruto.
( Miguel Teixeira, 2021).
Nos jazigos de Quitota e Lengué foram explorados nos anos 50 pela companhia
de manganes de Angola, mineiros de manganés-ferro com 25% a 45% Mn e 2% a 44%
Fe. Os principais mineiros metálicos são psilomelano, pirolusite, sendo mais rara
manganite e braunite com impregnações de ferro, bário e cálcio. Os mineiros aluvionares
constituem, à superfície, jazidas em forma de carapaça com comprimento e largura de
varias dezenas ou centenas de metros e espessuras de cerca de 3 m. Os mineiros primários
estão representados por dois tipos morfológicos: jazidas estratiformes nas rochas
terrígenas do Proterozóico Superior e corpos filonianos (de simples a complexos)
localizados em diversas rochas Arcaicas ou sienitos e pórfiros andesiticos do Proterozóico
Superior. As jazidas estratiformes, com varias centenas de metros de extensão e
espessuras até 3 m, apresentam-se com inclinação de 0º a 90º, enquanto os corpos
filonianos, cuja extensão é de dezenas de metros e espessuras até 3 metros são regra geral,
de ocorrência sub-vertical. Em alguns jazigos são observados, ao longo de importantes
acidentes tectónicos, conjuntos de corpos filonianos de disposição escalonada, formando
zonas mineralizadas de vários quilómetros de extensão e espessuras atingindo 18 m. As
jazidas estratiformes são assinaladas nos jazigos de Gungundo, Quicuinhe, Quiaponte,
Capuca e outros, observando-se corpos filonianos nos jazigos de Quiculo e Casuco. A
existência de ambos os tipos foi verificada nos jazigos de Quitota, Serra Bê e Lengué,
entre outros. Autores estimam as reservas de mineiros de alto teor em 4-5 milhões de
toneladas. É de supor um acréscimo considerável das reservas no caso de ser executado
um estudo complementar em profundidade e nos flancos dos jazigos. Além disso, é bem
provável a descoberta de novos jazigos de mineiro do referido tipo, visto existirem na
região numerosas ocorrências do manganês ainda não estudadas.( Araujo, op cit, 1992)
Varias ocorrências de mineiros de manganés de boa qualidade existem também
noutras regiões do país, não sendo possível, contudo, prognosticar as suas perspectivas
devido ao seu fraco conhecimento. Estas ocorrências localizam-se nas seguintes áreas:
Mazinga (província de Cabinda), onde a mineralização em óxidos de manganés foi
detectada nos depósitos do Proterozóico Superior; Caimbambo (província do Huambo),
onde a mineralização manganesífera esta relacionada com as laterites dos maciços
carbonatiticos; Cangulo (província do Namibe), onde a mineralização em óxidos de
manganés se observa numa extensão de 7 km nos calcários silicificados do Cretácico
Superior, no alto Zambeze, onde os óxidos de manganés foram verificados na rochas
metamorfizadas do Pré-câmbrico e nas laterites. Na área de Lucala, são conhecidos mais
de 80 pequenos jazigos e ocorrências de manganés.( Araujo, ibiden).
A – Actividade extractiva na mina de Fe e Mn do Saia da Companhia do Manganês de
Angola; B – Preparação de Tambores de minério de Mn para exportação para o Japão;
C – Visita de parceiros japoneses a trabalhos subterrâneos de pesquisa da Companhia do Manganês
de Angola;D – Visita à região mineira dos parceiros japoneses – vértice da estação agronómica em
1971.

Mina Quitota nos anos 60 do século XX


Minas de Mn referenciadas em 1970
Fonte: Gonçalves, M. (1970). Estatística da actividade mineira do Estado de Angola durante o ano
de 1970. Boletim do Serviço de Geologia e Minas do Estado de Angola, nº 22, 1970
Imagens ilustrando a Mina de Saia 1964.
-contratos especiais com o estado
Minério Local Ha Companhia (C)
FERRO SAIA 10258 CMA (Companhia do Manganês de Angola)
(Mn associado) QUIALA 4500 CMA

- minas paralisadas
Fe – M’BASSA, CUIMA, CHAMBUNDI I, CHAMBUNDI II, SARAQUETE I, SARAQUETE 2, SARAQUETE III,
CUIME, ESSALE I, ESSALE II, CHITADO, PEHONGO, OMPAUÉ, OMPAUÉ I, MITENGUE, MITENGUE I,
CHICONCO, CHICONCO I, CHICONCO II, BIRAMBUNDO, BIRAMBUNDO I, BIRAMBUNDO II, MUCUMA,
NUNCHINHA, MAPALA, MAVILAHITO II, HODONDO, MIHENIE, MUNIANDI DULI e RIO de AREIA.
Fe e Mn – QUISSAMA I, CAZELA I
Mn – GUNGUNGO, QUICULO, SERRA BÊ II, CASUCO III, CATOMBE, CAPACA,

K’HOMBOEm 1970
extracção de minérios de Mn:
- Quantidade de minério extraída = 23000 T;
- Teor do minério extraído = 30 a 50% Mn;
- Valor total do Minério à boca da mina = 2 401 810$;
- Valor unitário do minério à boca da mina = 104$ / T.

exportação de minérios de Mn:


- Quantidade exportada de minério de Mn a 54 % de metal = 2 100 000 kg; Valor FOB em escudos = 1 936 487$41;
922$ /T FOB
- Quantidade exportada de minério de Mn “silicioso” a 30 % de metal = 18 491 200 kg; Valor FOB em escudos= 5 188 965$65;
280$ /T FOB
Concessões de exploração mineira pedidas, com processos em curso no ano de 1970:
Fe com Mn associado (podendo ter ou não interesse económico como sucedâneo)
Empresas Jazigo Área (ha)
A Bermanit – Quissama, Ltda Quissama I a IV 112 500
Sociedade Mineira do Sul de Angola Capunda 100
Companhia Mineira do Lobito Belo Horizonte 100
Caculo 100
Sociedade Mineira de Angola Chaonga 500
Capuli 500
Companhia do Manganês de Angola Jangada 8 200
Jangada I e II 1 000
Cassala I e II 1 000
Quileco 500
Tumbi VI 4 350
Tumbi VII 78 000
Canhoca I e II 1 000
Canhoca IV e VIII 2 500
N’Dalatando I a IV 2 000
Camoma I a XX 10 000
Banza I e II 1 000
B Quitungo W 500
Quitungo S 500
Quitare I 500
Caso 500
Dange I a III 1 500
Cale 500
Lucala I a IV 7 000
Quizenga I a XI 5 500
Quizenga XIII a XX 4 000
Sacinema I 500
Cungo SE 500
Cambunze I a IX 4 500
Quimbanda N 500
Sanzala Lungue 500
Matenha N 500
Maongolo I 500
Catongue SW 500
Rio Cachoeira 500
Dange IX, X e XIV 1 500
Cambambe I a IX 900
Quitungo I a XVI 1 600
Tumbi N III 500
Mn
Empresas Jazigo Área (ha)
Companhia do Manganês de Angola Cariaia 100
Bango I e II 1 000
K’Hombo I e II 1 000
Lengue 500
Cazuco I a IV 500
Quitota II a V 2 000
Lutete I e II 1 000
Cazela I a IV 500
Cabocha I e II 500
Estrada Holanda 500
Marimbuende 500
Serra Bê I a III 1 500
Caleia 500
Ermo 500
Camundende 500
Fazenda Holanda 500
Calele 500
Quicuinhe II 500
Catombe 500
Base SE 500
Lungui 500
Capanda 100
Mahaca 500
Capaca 1 000
Gungungo I e II 1 000
Quimbando 500
Candange 500
Bondo 500
Lombe 500
Lombe I e II 1 000
Samba-Caringe 500
Quéssua 7 300
Mucanzo 500
Lengue N 396
Lengue Centro 1 492
Lengue S 1 680
Quitota I e VI 3 238
Quissaquina 500
Companhia Mineira do Lobito Capuia I a III 700
Mungo 500
Albino Guerreiro Mazinga 500

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