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Os recursos do subsolo

2.1. Os recursos do subsolo


2.1.1. As áreas de exploração dos recursos minerais

Maciço Antigo

Orlas Mesocenozoicas
Recursos minerais
Ocidental e Meridional

Bacias Cenozoicas do
Baixo tejo e Alvalade

Recursos hidrominerais

Recursos minerais: substâncias naturais formadas por processos geológicos que, ocorrendo na crusta
terrestre com uma concentração superior à média, podem ser economicamente exploráveis.
Jazida: depósito mineral ou fóssil, natural, que pode existir em afloramento ou no subsolo, cujo valor
económico torna viável a sua exploração. Quando a jazida é explorada estamos na presença de uma
mina ou pedreira.

A diversidade dos recursos do subsolo


1. Localização das principais jazidas:
Os recursos do subsolo podem ser classificados em diferentes grupos: minerais metálicos, minerais
não-metálicos, minerais energéticos, rochas industriais e ornamentais e águas minerais.
A abundância e a diversidade de recursos minerais do subsolo dependem das características
geomorfológicas do território.
No Maciço Antigo, encontra-se o maior número de jazidas de minerais metálicos (cobre, tungsténio,
ferro e estanho) e energéticos (urânio) e de rochas ornamentais (mármore e granito). Na sua
constituição encontram-se rochas metamórficas (xisto, micaxisto, quartzito, gnaisse) e rochas
magmáticas intrusivas (granitos).
Nas Orlas Mesocenozoicas Ocidental e Meridional predominam as rochas sedimentares (areias,
arenitos, argilas e calcários), assim como a maioria das s jazidas de minerais não-metálicos (sal-gema e
caulino) e de rochas industriais (calcário, areias, argilas e arenitos).
Nas Bacias Cenozoicas do Baixo Tejo e Alvalade são dominantes as rochas sedimentares (areias,
cascalho, argilas, e conglomerados), contêm também, a maioria das jazidas de rochas industriais
(calcário, areias e argilas).
Nas regiões autónomas, as cordilheiras vulcânicas submarinas, são constituídas, essencialmente, por
rochas vulcânicas, na maioria basálticas. Nos Açores, os recursos litológicos principais incluem basaltos,
traquitos, argilas, pedra-pomes e obsidianas. Na Madeira, afloram rochas de 2 tipos principais, as rochas
vulcânicas e as rochas sedimentares.

2. Minerais Metálicos

Os principais recursos metalíferos


explorados em Portugal eram, em 2019,
por ordem decrescente de importância
económica, o cobre, o zinco, o chumbo, o
tungsténio e o estanho.
Portugal regista uma elevada
potencialidade a nível de minerais
metálicos, sobretudo quando se
consideram as minas de Neves-Corvo,
Aljustrel e Lousal, no Alentejo (cobre,
zinco e chumbo), Panasqueira e Borralha
(tungsténio).
Destas, destaca-se a mina de Neves-
Corvo, por ser a maior produtora de
zinco, cobre e chumbo, a nível nacional, e
a mais importante a nível europeu. É
também um importante polo de
emprego do Baixo Alentejo e um dos
maiores exportadores líquidos nacionais.

A Faixa Piritosa Ibérica, é uma das mais antigas áreas de


exploração mineira do mundo e uma das principais regiões
mineiras da Europa.
Caracteriza-se pela existência de mais de noventa depósitos
de sulfuretos maciços, que se formaram há cerca de 350
Milhões de Anos, distribuídos pelo Alentejo e Andaluzia.
Atualmente, encontram-se em laboração as minas
portuguesas de Neves-Corvo e Aljustrel e as espanholas Las
Cruces e Águas Teñidas.
 Cobre
O cobre, apesar do decréscimo registado desde 2015, quer no total de produção, quer no seu valor
económico, é o mineral metálico que deteve, em 2019, o maior valor de produção, o que resultou:
• do bom desempenho das minas;
• do aumento da sua cotação nos mercados internacionais.
O cobre é usado sobretudo como condutor elétrico.
 Zinco
O zinco tem registado um aumento da sua produção, que se acentuou a partir de 2018, sendo
explorado, atualmente, nas minas de Neves-Corvo, Aljustrel e Lousal.
É maioritariamente aplicado na produção de ligas metálicas e na galvanização do aço.
 Chumbo
O chumbo é utilizado na produção de acumuladores elétricos, de laminados e de pigmentos e ainda no
fabrico de munições e de ligas diversas.
Atualmente, a sua exploração faz-se nas minas de Neves-Corvo, Aljustrel e Lousal.
 Tungsténio
O tungsténio teve um papel fundamental na indústria de armamento e na indústria elétrica.
A partir da década de 1960, com a redução da procura deste mineral e com o surgimento de novos
mercados produtores, o interesse pelo tungsténio em Portugal entrou em declínio, levando ao
encerramento de muitas minas de pequena e média dimensão.
Atualmente, as minas da Panasqueira são as únicas que se encontram em atividade.
 Estanho
Ainda que com menor expressão no subsetor dos minerais metálicos, o estanho é usado na construção
de tubos e válvulas, no fabrico de recipientes para a conservação de alimentos e bebidas, entre outras
aplicações.
Grande parte da sua exploração no nosso país estava concentrada nas minas de Neves-Corvo e da
Panasqueira.
Em Portugal, a produção aumentou a partir de 1990, com o início da sua extração na mina de Neves-
Corvo, a qual permitiu ao nosso país ser o maior produtor de estanho da União Europeia.
Contudo, a produção deste minério tem decrescido, em consequência do encerramento de minas,
provocado pelo decréscimo da sua cotação no mercado internacional.

3. Minerais não metálicos

 Caulino

Onde se explora Principais utilizações


Em diversas minas Destina-se sobretudo ao
da Orla mercado interno e é
Mesocenozoica utilizado quase na
Ocidental e do totalidade na indústria
litoral ocidental cerâmica (fabrico de pastas
entre Viana do para grés cerâmico e
Castelo e Aveiro. cerâmica branca) e, em
muito menor percentagem,
na indústria do papel
 Feldspato

Onde se explora Principais utilizações


Nas regiões Norte e
Centro, com Fundamentalmente para
destaque para as a
NUTS III Viseu Dão indústria cerâmica.
Lafões e Beira Baixa

 Talco

Onde se explora Principais utilizações


Em diversas minas Principalmente na indústria
da NUTS III Terras da cerâmica, como fundente,
de Trás-os-Montes e como carga nas indústrias
de papel, tintas e
fertilizantes.

4. Rochas industriais

 Areias (comuns e especiais)

Onde se explora Principais utilizações


Ao longo do litoral, Sobretudo na
atingindo, nas Bacias construção civil e obras
Cenozoicas do Baixo públicas. As areias
Tejo e Alvalade, valores especiais destinam-se à
de produção mais indústria do vidro,
elevados. As areias cerâmica e de fundição,
especiais referem-se a mas também para
depósitos de areias filtros, serragem de
siliciosas com mármores,
elevado teor de quartzo construção civil, etc.

 Argilas

Onde se explora Principais utilizações


Sobretudo, nas Indústrias da cerâmica
Orlas e no fabrico de telhas
Mesocenozoicas e tijolos, por exemplo.
Ocidental e
Meridional
5. Rochas ornamentais

As rochas ornamentais subdividem-se em:


• rochas carbonatadas: mármores, calcário microcristalino e sedimentar e brecha calcária.
• rochas siliciosas: granito, pórfiro ácido, serpentinito, sienito, gabro e diorito.
• ardósias e xistos ardosíferos.

O subsetor das rochas ornamentais, muito importante na economia regional, na medida em que cria
postos de trabalho, continua a ser vital para a indústria extrativa nacional, beneficiando de fatores
como:
• a tradição no trabalho da pedra;
• a existência de reservas em boas condições de exploração e sem perspetivas de esgotamento a
médio prazo;
• a diversidade da oferta de rochas, designadamente dos mármores;
• a qualidade reconhecida das rochas portuguesas nos mercados externos;
• o previsível esgotamento a curto/médio prazo de algumas pedras naturais mais representativas
produzidas na Europa.
Água mineral: água de origem subterrânea, de circulação profunda, bacteriologicamente própria,
com propriedades físico-químicas estáveis na origem.
Portugal, pela sua diversidade geológica, é muito rico em águas minerais naturais e em águas de
nascente, que se localizam, maioritariamente, no Norte e no Centro do país, uma vez que a
distribuição das captações acompanha a distribuição dos principais acidentes tectónicos.

6. A exploração dos principais recursos:


A indústria extrativa portuguesa tem registado crescimento, destacando-se o Alentejo com maior
valor de produção e maior valor acrescentado, devido às importantes jazidas de minerais metálicos e de
rochas ornamentais.
Os minerais para construção e os minerais metálicos representam a maior fatia do valor da produção
da indústria extrativa, destacando-se o cobre como a principal substância produzida e a mais importante
no conjunto das exportações do setor. O aumento da procura dos minerais metálicos, associado ao seu
valor crescente no mercado, justifica o incremento da atividade no nosso país.
Entre os minerais para construção com maior volume de produção destacam-se os agregados. No
entanto, as rochas industriais e ornamentais têm maior importância socioeconómica pelo emprego que
geram e pelo valor da produção.

Os recursos hidrominerais, aproveitados tanto para engarrafamento como pela atividade termal, são
abundantes e variados, localizando-se em maior número de ocorrências nas regiões Norte e Centro, em
áreas do Maciço Hespérico. O subsetor das águas minerais e de nascente tem aumentado, tanto na
produção como na exportação.

2.1.2. A exploração e distribuição dos recursos energéticos

Síntese:
A diversidade de recursos energéticos
Em Portugal, não existe exploração de combustíveis fósseis e o subsolo é pobre em minérios
energéticos. Grande parte da energia consumida em Portugal provém de combustíveis fósseis
importados na sua totalidade, criando uma forte dependência externa com custos elevados para o país.
O petróleo é a principal fonte de energia primária e é importado, principalmente, de Angola e Arábia
Saudita; grande parte do carvão provém da Colômbia e dos EUA; o gás natural da Nigéria e da Argélia. A
construção do terminal de gás liquefeito no porto de Sines permitiu diversificar os países abastecedores.
Portugal tem aumentado a produção de energia elétrica a partir de fontes renováveis, situando-se
em quinto ligar na UE. Destaca-se o significativo aumento da utilização da energia eólica.
A energia geotérmica é aproveitada nos Açores, onde tem relevância na energia elétrica produzida.
O consumo de energia tem vindo a aumentar, sendo os transportes o setor mais consumidor.
O consumo de energia é maior nas regiões do litoral, evidenciando as assimetrias regionais relativas à
distribuição da população e das atividades económicas.

2.1.3. Os problemas na exploração dos recursos


do subsolo
a) Os custos de exploração
b) A dependência externa
c) O impacto ambiental
Síntese:
Os problemas da exploração dos recursos do subsolo
Apesar da diversidade e relativa abundância dos recursos do subsolo português, o setor debate-se
com problemas, tanto no que respeita à sua exploração como à sua colocação no mercado, além dos
impactes ambientais que se devem1 prevenir e resolver. A sua potencialização implica um conjunto de
medidas que promovam a solução dos problemas e a sua correta gestão.
1. Na exploração e colocação no mercado
Para além das características geomorfológicas, existem fatores que influenciam a produção de
recursos do subsolo, nomeadamente a localização das jazidas, os custos de produção, a qualidade dos
próprios recursos e a concorrência do mercado internacional.
Todos estes fatores, em Portugal, apresentam-se como condicionantes do aproveitamento dos
recursos do subsolo, sobretudo dos minerais metálicos, uma vez que parte significativa das jazidas se
localiza em áreas de relevo acidentado e a grande profundidade, o que dificulta o acesso e eleva os
custos de produção.
Os custos de produção são também agravados pelas despesas com a mão de obra (salários,
segurança, saúde), mais elevadas em Portugal que nos países que, a nível mundial, têm maior peso no
mercado, tornando difícil a competitividade dos minérios portugueses.
2. Degradação ambiental
A degradação ambiental e paisagística é preocupante tanto durante o período de funcionamento
como após o encerramento das explorações. Assiste-se à contaminação de solos e águas e poluição
atmosférica, que colocam em risco o equilíbrio ambiental, mas também, em muitos casos, a saúde
pública.
3. Consumo de energia
A contaminação ambiental e problemas de segurança são agravados pelos desperdícios de energia
devido à falta ou ao não cumprimento de regras de otimização do consumo, tanto a nível doméstico
como das atividades económicas. A dependência externa em relação ao abastecimento energético, além
dos custos económicos que acarreta, coloca Portugal numa situação de vulnerabilidade comum ao
restante espaço comunitário, pois a União Europeia possui poucos recursos energéticos e é o segundo
maior consumidor a nível mundial.
2.1.4. Novas perspetivas de exploração e utilização dos recursos do subsolo

Síntese:
Potencialização do setor mineiro
A potencialização do setor mineiro passa por:
 procura de soluções para os principais problemas do setor, nomeadamente no que se refere à
criação de infraestruturas e à modernização da tecnologia, de modo a aumentar a viabilidade
económica da exploração de jazidas nas exploradas ou subaproveitadas
 mobilização de meios políticos, financeiros, científicos e tecnológicos para a inventariação e
localização de recursos ainda não conhecidos/aproveitados
 realização de estudos e definição de medidas que levem a uma relação de equilíbrio entre a
indústria extrativa e a preservação ambiental, nomeadamente a reabilitação e a requalificação das
minas abandonadas
 utilização mas eficiente da energia e diversificação das fontes, de modo a reduzir os custos e a
vulnerabilidade que a dependência energética traz ao país
 promoção dos recursos explorados no mercado interno e externo
2 Os recursos do subsolo - glossário
2.1.1. As áreas de exploração dos recursos minerais

Águas de nascente: integram o setor privado e apenas têm de ser, na sua origem, próprias para
beber, possuindo um tempo de circulação menor no subsolo.
Águas minerais naturais: integram o domínio público do Estado e encontram-se a grande
profundidade e caracterizam-se por terem uma composição estável, do ponto de vista físico-químico, e
por terem propriedades terapêuticas e/ou efeitos benéficos para a saúde.
Águas termais: águas muito ricas em determinados sais minerais, usadas com fins medicinais, e que
podem aparecer à superfície a temperaturas muito elevadas.
Energia fóssil: energia obtida a partir da queima dos combustíveis fósseis.
Indústria extrativa: ramo da indústria que se baseia na extração de produtos diretamente da
natureza, no estado bruto.
Minerais energéticos: recursos minerais utilizados para a produção de energia elétrica, calorífica ou
mecânica.
Minerais metálicos: recursos minerais explorados para a obtenção de um determinado elemento
metálico que faz parte da sua constituição.
Minerais não metálicos: recursos, também designados por minerais e rochas industriais, constituem
um grupo muito diversificado, incluindo minerais e rochas que são principalmente utilizados na
construção civil e em processos industriais de natureza muito diversa.
Recursos do subsolo: recursos naturais, sólidos, líquidos ou gasosos, com origem na superfície
terrestre que o Homem pode utilizar em seu proveito.
Rochas industriais: rochas que se destinam à transformação industrial e à construção civil e obras
públicas.
Rochas ornamentais: rochas utilizadas na decoração dos edifícios e ruas, em mobiliário e objetos
decorativos.
Unidade geomorfológica: áreas com características geológicas e de relevo idênticas. Em Portugal
identificam-se três: Maciço Antigo ou Maciço Hespérico; Orlas Mesocenozoicas ou Orlas Sedimentares
Ocidental e Meridional; Bacia Sedimentar ou de Sedimentação do Tejo e do Sado.
2.1.2. A exploração e distribuição dos recursos energéticos

Barragens hidroelétricas: empreendimentos de grandes dimensões onde se faz o aproveitamento da


energia hídrica.
Biogás. fonte de energia renovável resultante de uma mistura de metano e dióxido de carbono,
com uma composição semelhante à do gás natural, que pode ser injetado na rede de consumo.
Centrais hidroelétricas: são as centrais que utilizam como fonte de energia a força da água em
movimento.
Centrais térmicas e termoelétricas: são as que tradicionalmente utilizam os combustíveis fósseis para
acionar geradores.
Combustíveis fósseis: são fontes de energia resultantes da decomposição, ao abrigo do ar, de
matérias orgânicas, animas e vegetais, ao longo de muitos milhões de anos.
Energia da biomassa: energia produzida a partir da matéria orgânica (plantas, dejetos de animais, etc.)
Energia eólica: energia obtida a partir da energia potencial da força do vento.
Energia geotérmica: energia produzida a partir do calor emanado do interior da Terra.
Energia hídrica: energia obtida a partir da energia potencial de uma massa de água.
Energia maremotriz: energia produzida a partir da força das marés.
Energia primária: energia obtida pela transformação direta das fontes energéticas, por exemplo o
carvão, o petróleo, a energia solar.
Energia secundária: energia obtida pela transformação das fontes de energia, por exemplo, a
eletricidade, a gasolina, o gasóleo.
Energia solar: energia produzida a partir da radiação solar.
Mini-hídricas: barragens de pequenas dimensões que utilizam uma fonte de energia renovável para
transformar energia potencial em energia elétrica, através da instalação de uma turbina que aproveita o
desnível natural de um curso de água.
Mix energético: distribuição percentual das fontes de energia primária na produção de energia
elétrica da rede nacional.
Sistema electroprodutor nacional: conjunto de todas as centrais produtoras de energia elétrica.
Sistema fotovoltaico: conversão direta de energia solar em energia elétrica.
Sistema solar térmico: aquecimento de um fluido, líquido ou gasoso, num coletor solar. É a utilização
mais frequente da energia solar.

2.1.3. Os problemas na exploração dos recursos do subsolo


a) Os custos de exploração
b) A dependência externa
c) O impacto ambiental

2.1.4. Novas perspetivas de exploração e utilização dos recursos do subsolo

Eficiência energética: engloba a implementação de estratégias e medidas para combater o


desperdício de energia ao longo do processo de produção, distribuição e utilização de energia.
Recursos endógenos: bens próprios de um país/região que estão à disposição da sua população.
Recursos exógenos: recursos disponíveis noutros países ou regiões.

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