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DIVERSIDADE DE RECURSOS
Os recursos geológicos do subsolo, explorados pela indústria extrativa, são muito diversificados e, con-
soante as suas características, podem ser classificados segundo diferentes critérios. Atualmente, de
acordo com a sua aplicação, em Portugal, esses recursos seguem a seguinte classificação:
• Minérios metálicos – cobre, ferro, estanho, tungsténio, zinco;
• Minerais industriais – caulino, feldspato, argila, sal-gema, talco;
• Minerais de construção:
– Agregados – areias, saibros, pedra britada;
– Minerais para cimento e cal – margas, calcários;
– Rochas ornamentais – granitos, calcário, mármores, ardósia, xisto;
• Águas – minerais, de nascente.
Nas regiões autónomas, dominam as rochas de origem vulcânica, pelo que se exploram, embora com
pouca expressão, os basaltos ornamentais, a pedra-pomes e, na ilha de Porto Santo, as areias.
A INDÚSTRIA EXTRATIVA
Os recursos geológicos explorados pela indústria extrativa destinam-se, essencialmente, à produção
industrial, à construção civil e obras públicas, à produção de energia e, no caso das águas, ao aprovei-
tamento termal e ao consumo humano.
A evolução recente da indústria extrativa (minas, pedreiras e 10 6 euros
1500
águas) evidenciou, em 2012, uma descida do valor de produ-
1200
ção da indústria extrativa nacional, ainda que se situe acima
900
dos valores registados em 2008 e 2009 (Fig. 1). O facto de as
cotações dos metais continuarem em alta, fez crescer o inte- 600
MINERAIS METÁLICOS
Os minerais metálicos com maior importância são os de cobre
N
e zinco. O cobre é muito utilizado na indústria elétrica e repre-
senta mais de 90% da produção total de minérios metálicos
tllântico
(Fig. 1).
Oceano A
58 ton.
63 482 ton. 1303 ton.
18 ton.
Minérios metálicos
Cobre Cobre e zinco
Zinco Estanho e titânio
Volfrâmio,, cobre
Estanho e estanho
h
310 316 ton.
Tungsténio Minerais industriais
Outros Caulino
Pegmatito com llítio
ítio
Fonte: DGEG, 2013 Quartzo e feldspato
Sal-gema
FIG. 1 Volume da produção de minérios metálicos, em 2012. Talco
Barita
MINERAIS INDUSTRIAIS
A exploração dos minerais industriais ocorre essencialmente nas regiões Norte e Centro. A argila e cau-
lino, bem como o sal-gema são as substâncias com maior representatividade no âmbito da produção de
minerais industriais (Quadro 1).
A B
10 3 toneladas 10 3 euros N
Volume Valor
50 200
43 245 175 914
40
150 133 998
30
tlântico
Agregados 100
20 Minerais
para cimento 50
Oceano A
10 8194 e cal
17 089
2463 Rochas
0 ornamentais 0
FIG. 1 Produção de minerais para construção em Fonte: DGEG, 2013
Portugal (2012).
A B
103 toneladas 10 3 euros
100 80
80 60
60 Mármores e calcários
Granitos e similares 40
40
Pedra para calcetamento
20
20 Pedra rústica
0 Ardósia e xistos 0
Fonte: DGEG, 2013
FIG. 3 Produção de rochas ornamentais, em 2012.
RECURSOS HIDROMINERAIS
Em Portugal existe um grande número de ocorrências hidrominerais – águas de nascente e águas mine-
rais naturais –, que são aproveitadas para engarrafamento e para tratamentos termais, caracteri-
zando-se também por uma significativa diversidade, associada à complexa e variada geologia do país.
A produção de águas minerais e de nascente para engarrafamento tem registado um acréscimo nos últi-
mos anos, que se deve ao crescimento do consumo motivado, sobretudo, pela maior exigência dos con-
sumidores em relação à qualidade da água que consomem, acompanhando a tendência que se verifica
em todo o mundo. As águas de nascente têm vindo a ganhar importância e, em 2012, representavam
mais de 65% do consumo (Figs. 1 e 2).
1200 100
0 0
2008 2009 2010 2011 2012 2008 2009 2010 2011 2012
Minerais Nascente Fonte: DGEG, 2013 Minerais Nascente Fonte: DGEG, 2013
FIG. 1 Evolução da produção de águas engarrafadas, em Portugal FIG. 2 Evolução do consumo por habitante de águas minerais
(2008 a 2012). naturais e de nascente (2008 a 2012).
Quadro II. Aquistas e valor gerado nos principais estabelecimentos termais 2012
Caldas Caldas Caldas
Termas São Pedro do Sul Caldas do Cró São Vicente
de Monchique de Chaves de Aregos
Inscrições (N.o) 15 551 10 360 7 818 5 036 4 870 4 360
Valor (103 euros) 3 726 332 577 283 868 244
Fonte: DGEG, 2013
As oficinas de engarrafamento ativas localizam-se,
Melgaço
predominantemente, a norte do rio Tejo, o que se Monção
ão
N Grichões
relaciona com a maior abundância de água nessa Fastio Caldas de Chaves
Gerês
área do país. O mesmo acontece com as águas ter- Caldelas Campilho
Carvalhelhos Salus-Vidago
mais, com indicações terapêuticas oficialmente Eirogoo Taaipa
pas Serra da Penha
Caldinhas
has S. Martinho Pedras Bem-Saúdee e Frize
Caldas daa Saúde Vizela Salgadas
g
reconhecidas, cujas ocorrências se localizam, prin- Carlão
Canavezes
e M rã Serra
Marão S de
d FFafe
afe
f
S. Viccen
c te Moledo
cipalmente nas regiões Norte e Centro, na sua Entre-ooos-Rioss Aregos
Areg
maioria, em áreas do Maciço Hespérico, verifican- S. Jorge
rge
Carvalhall
S. Pedro do Sul
tllâântico
do-se também uma estreita relação entre a sua
Sangemil
e
emil AAlcafache
distribuição geográfica e os acidentes tectónicos Serrrana
r a Caramulo
arra Serra da Estrela
Cru
Cruzeiro Felgueira
g Glaciar
Oceano A
Valee da Mó
(Fig. 3). Curia Luso MMantteigas
i Unhais da Serraa
Penacova
co Sete Fontess
Alardo
Monfortinho
Monte Real
Piedade
ade
de Lad
a
adeira de
Ennvendos
e os
Arreeiro
Areei
ei Vitalis
CCaldas
da Rainha S. Silvestre Ni
Nisa
Vimeeiro
e Sulfúre a
Cucos
Nas regiões Norte e Centro localiza-se o maior
número de estabelecimentos termais em atividade.
Na região Centro existem vários estabelecimentos Vale
le de S. José
Cavvalos
l
termais que oferecem uma grande diversidade de
tratamentos, tornando-se mais atrativos, de que
Castello
são exemplo as termas de São Pedro do Sul. Estas 0 50 km
VERIFIQUE SE SABE
¸ Caracterizar a evolução da produção e da exportação dos minerais metálicos e não-metálicos e das rochas industriais
e ornamentais.
¸ Descrever a distribuição geográfica da produção de minerais metálicos e não-metálicos e das rochas industriais e
ornamentais.
¸ Identificar os principais recursos hidrominerais e as suas formas de aproveitamento.
¸ Descrever a distribuição geográfica das ocorrências hidrominerais.
¸ Relacionar a localização das ocorrências hidrominerais com as características geológicas do território.
OS RECURSOS ENERGÉTICOS
ESCASSEZ DE RECURSOS
O subsolo português é pobre em recursos energéticos. As reservas de carvão conhecidas estão esgota-
das e as de urânio também deixaram de ser exploradas, em parte, pela fraca competitividade devido à
descida do seu preço no mercado mundial, no início desta década.
Com a atual subida da cotação do urânio e dado o seu valor estratégico e a existência de reservas eco-
nomicamente viáveis, poderão surgir novos projetos de exploração.
Nos Açores, a existência de
Limite da ZEE
atividade vulcânica torna pos- N
Viana do Castelo
1 Batimetria (km)
3 Zona poligon
poligonal
al oficial
sível a exploração da energia 3
de 200 m de
d d proffundidade
d
1 Porto de água
d á
geotérmica para produção de BACIA LUSITÂNICA
Aveiro Mohave
eletricidade, a qual corres- Cabo Mondego - 2
3
pondeu, em 2011, a cerca de 2 S. Pedro de Moel - 2
FFig
g
gueira da Foz
Rio Maior - 2
1/4 da energia elétrica produ- 5 4 Toorres Vedras - 3
zida neste arquipélago. 5
Zambujal
Peniche
4 Mohave/Galp
Têm sido feitos vários estudos 3 4 LLisbo
i bo
isbo
boa Aljub arrota - 3
Setúbal
sobre a presença de petróleo 5 BACIA DE PENICHE
Petrobras/Galp/Repsol/Partex
e de gás natural no território Camarão
4 Sines
português, tendo-se dete- Amêijoa
Mexilhão
tado indícios positivos em Ostra
Faro
algumas áreas do litoral, nas BACIA DO ALENTEJO
1 Petrobras/Galp
bacias Lusitânia do Alentejo e 3 2
tllântico
Gamb a
2
do Algarve. Desde 2006, estão 3 Santola
4
1 Lavagante
Oceano A
Em Portugal existem boas condições para a produção de energia a partir de fontes renováveis, e a sua utili-
zação tem vindo a aumentar. Contudo, as fontes de energia mais utilizadas continuam a ser os combustíveis
fósseis – carvão, petróleo e gás natural – que Portugal tem de importar, o que gera dependência do exterior
(Fig. 2).
Eletricidade 450
Biomassa 40 N
N
Portugal 4652,2
Norte 4126,6
o
Atllântic
Centro 5658,4
Oceano
Lisboa 4689,3
Alentejo 5912,3
Algarve 5025,9
Toneladas
R. A. Açores (milhares) Açores 3134,4
> 250
R. A. Madeira 100 – 250 Madeira 3201,2
40 – 99
20 – 39
0 50 km 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
< 20
kWh/hab.
Fonte: Anuários Estatísticos
Estatísticos Regionais 2012
2012,, INE, 2013 Fonte: INE, 2013
FIG. 2 Consumo de gasolina IO 95, por NUTS III, FIG. 3 Consumo de energia elétrica por habitante em Portugal e
em 2012. nas NUTS II, em 2012.
O consumo de combustíveis é maior no distrito de Lisboa seguido dos distritos do Porto, de Setúbal, e
áreas do país onde existe maior concentração de população, de serviços e de indústria e, por isso, maior
movimento de mercadorias e maior número e intensidade de deslocações diárias – movimentos pendu-
lares – que se efetuam a distâncias cada vez maiores.
No consumo de eletricidade por habitante, destacam-se Lisboa e Porto. No caso do Algarve, o elevado
consumo deve-se ao grande número de casas de segunda habitação que apresentam consumos, sem
que os seus utilizadores sejam considerados habitantes dessa região.
VERIFIQUE SE SABE
¸ Caracterizar/justificar a evolução da produção e do consumo de energia.
¸ Descrever a distribuição geográfica da produção e do consumo energético.
PROBLEMAS NA EXPLORAÇÃO E UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS GEOLÓGICOS
INDÚSTRIA EXTRATIVA
Existem, em Portugal, alguns aspetos que dificultam a exploração dos recursos geológicos e problemas
associados à sua produção e comercialização.
Fraca ligação Problemas sentidos principalmente nos setores dos minerais metálicos e ener-
à indústria géticos tornam os custos de produção elevados e os preços de colocação no
transformadora mercado pouco competitivos.
As zonas de acumulação de desperdícios (escombreiras) das minas metalíferas abandonadas encontram-se na maioria dos
casos a céu aberto, estando deste modo expostas a intempéries, o que possibilita a contaminação de águas, sedimentos, solos
e vegetação provocada pela dispersão e subsequente acumulação de elementos químicos tóxicos, nomeadamente metais pesa-
dos, podendo conduzir a danos irreparáveis nos ecossistemas.
Em Portugal existem mais de 100 áreas mineiras abandonadas e o problema é particularmente importante no Alentejo devido,
principalmente, à Faixa Piritosa Ibérica (FPI), pois os minérios explorados, essencialmente sulfuretos, são instáveis originando águas
muito ácidas e libertando metais potencialmente tóxicos como o chumbo, arsénio, mercúrio, cádmio, antimónio, selénio, etc.
O projeto GERMINARE tem como objetivo avaliar os impactes ambientais de diversas minas abandonadas no Alentejo, para
implementar estratégias de remediação destas áreas através do desenvolvimento de tecnologias sustentáveis de fitorremedia-
ção dos solos e de biorremediação das águas de escorrência, com recurso a processos biotecnológicos.
Adaptado de Minas Abandonadas – um problema, na página eletrónica da Universidade de Évora, 21/07/2014
DISTRIBUIÇÃO E CONSUMO DE RECURSOS ENERGÉTICOS
O consumo e a distribuição de energia levantam problemas relacionados, essencialmente, com a conta-
minação ambiental, com a segurança e com a nossa dependência externa face aos combustíveis fosseis.
¸ As emissões de gases poluentes para a atmos- ¸ Risco de incêndio nos postos de abasteci-
fera que agravam o efeito de estufa, podendo mento, mais graves quando se localizam em
conduzir a alterações climáticas irreversíveis. áreas urbanizadas.
¸ Os frequentes acidentes e derrames que ocor- ¸ Perigo de derrame ou incêndio nas refinarias,
rem durante o transporte de combustíveis, nos oleodutos e gasodutos e nos parques de
tanto marítimo como terrestre, originando armazenamento de combustíveis.
desastres ambientais, como as marés negras. ¸ Perigo para as populações em caso de aciden-
¸ Desperdícios de energia que aumentam o con- tes no transporte de energia, sobretudo rodo-
sumo e respetivo impacte ambiental. viário.
10 6 euros
12 000
Dependência externa 11 000
10 000
9000
8000
7000
Portugal importa a totalidade dos combustíveis 6000
fósseis que consome, em que o petróleo repre- 5000
senta quase 3/4. O problema tende a agravar-se 4000
devido ao aumento do consumo e, consequente- 3000
mente, das importações (Fig. 1). 2000
1000
Assim, o país confronta-se com problemas como: 0
¸ a vulnerabilidade de todos os setores da eco-
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
nomia face às oscilações dos preços dos com- Petróleo Eletricidade Gás natural Carvão Biomassa
abastecimento que podem surgir na sequên- FIG. 1 Evolução das importações de energia e respetiva estrutura
(2004 a 2013).
cia de problemas internacionais;
¸ a elevada despesa externa com a importação
de combustíveis, o que contribui grandemente Quadro I. Peso da energia na balança comercial
para o défice da balança comercial portugue- portuguesa, em 2013 (milhões de euros e %)
sa (Quadro I).
Importações Exportações Saldo
(103 euros) (103 euros) (103 euros)
11 361 5130 –6232
Energia
20,1% 10,8% 68,6%
VERIFIQUE SE SABE
¸ Enunciar os principais problemas na exploração de recursos geológicos pela indústria extrativa.
¸ Descrever os problemas associados à distribuição e consumo de energia, em Portugal.
VALORIZAÇÃO DOS RECURSOS GEOLÓGICOS
MINAS E PEDREIRAS
¸ Promover a utilização dos recursos minerais pela indústria transformadora nacional, evitando
dos recursos
Valorização
o que acontece com os minerais metálicos e com os mármores, que são comprados por empre-
sas estrangeiras e, depois de transformados, são novamente importados em produtos acaba-
dos, perdendo-se as potencialidades económicas e de emprego do processo produtivo.
¸ Aumentar as exportações dos recursos minerais como matérias-primas e como produtos aca-
bados.
Após o encerramento das minas do Lousal, foi criado, no local, o Museu Mineiro, que pretende preservar a memória e o
conhecimento das gerações de trabalhadores que escavaram as minas, hoje transformadas numa espécie de local arqueológico,
onde se pode observar e aprender o funcionamento da mina, através dos vestígios do trabalho que lá foi feito, ao longo das
décadas.
Adaptado do site oficial do Museu Mineiro do Lousal, julho de 2014
ÁGUAS MINERAIS E TERMAS
RECURSOS ENERGÉTICOS
Dado que o consumo energético em Portugal é muito depen- DOC. 1 ESTRATÉGIA DE FUTURO
dente de recursos exógenos, ou seja, provenientes do exterior, A Estratégia Nacional para a Energia
é necessário tomar medidas que promovam a sua potenciali- define as grandes linhas de orientação po-
zação. Por exemplo: lítica e medidas de maior relevância para a
• aumentar a proporção do consumo de energia produzida a área da energia, tendo como principais obje-
tivos:
partir de fontes renováveis, sendo que Portugal assumiu,
• garantir a segurança do abastecimento
para 2020, uma meta de 31% (Doc. 1);
de energia, através da diversificação dos
• diversificar as fontes e as proveniências geográficas no recursos primários e dos serviços energéti-
que respeita aos combustíveis fósseis; cos, além da promoção da eficiência ener-
• continuar a prospeção de petróleo e gás natural, de modo gética;
a poder concluir-se sobre a existência ou não de reservas • estimular e favorecer a concorrência, de
e a sua viabilidade económica no território nacional; forma a promover a defesa dos consumi-
dores, bem como a competitividade e a efi-
• aumentar a eficiência energética, através da racionaliza-
ciência das empresas;
ção dos consumos, da adequação das tecnologias de dis- • garantir a adequação ambiental de todo
tribuição, máquinas e aparelhos elétricos e da adoção de o processo energético, de modo a redu-
medidas que possam reduzir os consumos. zir os impactes ambientais e a promover o
desenvolvimento das energias renováveis.
Adaptado de Estratégia Nacional para a Energia 2020,
Resolução do Conselho de Ministros n.º 29/2010
VERIFIQUE SE SABE
¸ Propor medidas de valorização dos recursos geológicos produzidos em minas e pedreiras.
¸ Indicar ações que promovem a valorização de minas e pedreiras abandonadas.
¸ Enunciar formas de valorizar os recursos hidrominerais (águas engarrafadas e termas).
¸ Sugerir medidas de potencialização dos recursos energéticos.