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UNIDADE 1 – Os recursos do subsolo

DIVERSIDADE DE RECURSOS
Os recursos geológicos do subsolo, explorados pela indústria extrativa, são muito diversificados e, con-
soante as suas características, podem ser classificados segundo diferentes critérios. Atualmente, de
acordo com a sua aplicação, em Portugal, esses recursos seguem a seguinte classificação:
• Minérios metálicos – cobre, ferro, estanho, tungsténio, zinco;
• Minerais industriais – caulino, feldspato, argila, sal-gema, talco;
• Minerais de construção:
– Agregados – areias, saibros, pedra britada;
– Minerais para cimento e cal – margas, calcários;
– Rochas ornamentais – granitos, calcário, mármores, ardósia, xisto;
• Águas – minerais, de nascente.

GEOMORFOLOGIA E RECURSOS GEOLÓGICOS


Em Portugal Continental distinguem-se três unidades geo-
N
morfológicas cujas características se associam a diferen-
tes recursos geológicos (Fig. 1):
tlântico

• O Maciço Hespérico ocupa a maior parte do território e


é a unidade geomorfológica mais antiga, pelo que
Oceano A

também se designa por Maciço Antigo. Como se carac-


teriza por uma grande diversidade geológica, nele
podemos encontrar uma enorme variedade de rochas
muito antigas, de grande dureza, como o granito e o
xisto. No Maciço Antigo localiza-se uma grande parte
das jazidas minerais.
• As Orlas Sedimentares – a Orla Ocidental, de Espinho à
serra da Arrábida, e a Orla Meridional, na faixa litoral do
Algarve – onde dominam as rochas sedimentares,
como areias, arenitos, margas, argila e calcário, Maciço
embora se destaquem, na Orla Ocidental, algumas Hespérico
Orlas
áreas de rochas magmáticas, como o basalto, resul- Sedimentares
tantes da atividade vulcânica. 0 50 km
Bacias do Tejo
e Sado
• As Bacias do Tejo e Sado, a unidade geomorfológica
Fonte: IGM, 2014
mais recente, formada por deposição de sedimentos FIG. 1 Unidades geomorfológicas de Portugal Con-
marinhos e, sobretudo, sedimentos de origem conti- tinental.

nental, arenosos e argilosos.

Nas regiões autónomas, dominam as rochas de origem vulcânica, pelo que se exploram, embora com
pouca expressão, os basaltos ornamentais, a pedra-pomes e, na ilha de Porto Santo, as areias.
A INDÚSTRIA EXTRATIVA
Os recursos geológicos explorados pela indústria extrativa destinam-se, essencialmente, à produção
industrial, à construção civil e obras públicas, à produção de energia e, no caso das águas, ao aprovei-
tamento termal e ao consumo humano.
A evolução recente da indústria extrativa (minas, pedreiras e 10 6 euros
1500
águas) evidenciou, em 2012, uma descida do valor de produ-
1200
ção da indústria extrativa nacional, ainda que se situe acima
900
dos valores registados em 2008 e 2009 (Fig. 1). O facto de as
cotações dos metais continuarem em alta, fez crescer o inte- 600

resse pelo investimento em novos projetos, nomeadamente 300

de ouro, metais básicos e urânio. 0


2009 2010 2011 2012
Tendo em conta a conjuntura desfavorável que o setor da Águas Minerais industriais
Minerais para construção Minérios metálicos
construção civil e obras públicas atravessa em Portugal, os
Fonte: Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG), 2013
minerais para construção apresentaram um decréscimo dos FIG. 1 Evolução do valor da produção da indústria
seus valores. extrativa portuguesa, por subsetores (2009 a
2012).

Na evolução do valor das exportações, tem-se verificado um 106 euros


1000
aumento. Os minérios metálicos, que representam cerca de
56%, contribuíram fortemente para essa variação. Para tal, foi 800

importante o crescimento das cotações do cobre e do tungs- 600

ténio. A manutenção do setor dos minerais de construção, 400


bem como o aumento da exportação de minerais metálicos e 200
a subida das rochas industriais e das águas também deram o 0
2009 2010 2011 2012
seu contributo (Fig. 2).
Águas Minerais industriais
Minerais para construção Minérios metálicos
A indústria extrativa pode representar um fator importante de Energéticos
Fonte: Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG), 2013
criação de riqueza e de emprego, sobretudo em regiões mais
FIG. 2 Evolução do valor das exportações da indús-
carenciadas, como o Alentejo, onde se registam os valores de tria extrativa portuguesa, por setores (2009 a
produção mais elevados, no setor das minas (Quadro I). 2012).

Quadro I. Valor da produção de pedreiras e minas,


por NUTS II do Continente, em 2012
Valor da produção (milhares de euros)
NUTS II *
Pedreiras Minas Total VERIFIQUE SE SABE
113 168 9 304 122 472
¸ Indicar os diferentes tipos de
Norte
Centro 84 683 37 189 121 872
recursos minerais.
L. V. Tejo 82 001 13 098 95 099 ¸ Caracterizar as unidades ge-
Alentejo 51 839 3 814 90 686 morfológicas do território con-
tinental português.
¸ Descrever a evolução do valor
Algarve 7 152 341 7 493
* Divisão anterior a 2002. Fonte: DGEG, 2013
da produção e das exportações
da indústria extrativa portu-
guesa.
PRODUÇÃO DA INDÚSTRIA EXTRATIVA POR SETORES

MINERAIS METÁLICOS
Os minerais metálicos com maior importância são os de cobre
N
e zinco. O cobre é muito utilizado na indústria elétrica e repre-
senta mais de 90% da produção total de minérios metálicos

tllântico
(Fig. 1).

Oceano A
58 ton.
63 482 ton. 1303 ton.
18 ton.
Minérios metálicos
Cobre Cobre e zinco
Zinco Estanho e titânio
Volfrâmio,, cobre
Estanho e estanho
h
310 316 ton.
Tungsténio Minerais industriais
Outros Caulino
Pegmatito com llítio
ítio
Fonte: DGEG, 2013 Quartzo e feldspato
Sal-gema
FIG. 1 Volume da produção de minérios metálicos, em 2012. Talco
Barita

Produção (103 euros)


s/ dados
Atualmente, a exploração de minérios metálicos ocorre nas 1 – 564
regiões Centro e Alentejo. Pela sua dimensão e importância 626 – 1415
1415
33390
390 – 5685
5685
económica, destacam-se as minas de Aljustral e Neves Corvo,
1122 031 – 15
15 281
na chamada Faixa Piritosa Ibérica (Fig. 2). 4122 530
41
0 50 km

Fonte: DGEG, 2013


FIG. 2 Minas de minerais metálicos em atividade,
em 2010.

MINERAIS INDUSTRIAIS
A exploração dos minerais industriais ocorre essencialmente nas regiões Norte e Centro. A argila e cau-
lino, bem como o sal-gema são as substâncias com maior representatividade no âmbito da produção de
minerais industriais (Quadro 1).

Quadro I. Evolução da produção de minerais industriais, em Portugal


Produção de minerais industriais (2008 — 2012)
2008 2010 2012
Toneladas 103 euros Toneladas 103 euros Toneladas 103 euros
Argila e caulino 3 190 145 12 863 2 575 573 16 827 1 749 766 14 234
Sal-gema 606 545 4 762 618 961 11 410 520 281 4 691
Outros minerais
41 305 517 32 533 3 069 965 28 988 3 230 726 24 695
industriais
Fonte: DGEG, 2013

O caulino destina-se essencialmente à indústria cerâmica. O sal-gema é utilizado na indústria química,


agroalimentar e de rações.
MINERAIS PARA CONSTRUÇÃO
Ao contrário dos minérios metálicos e dos minerais industriais, que são extraídos em minas, a explora-
ção de minerais para construção (pertencentes ao conjunto dos não-metálicos), é feita nas pedreiras.
Os agregados constituem matérias-primas fundamentais na construção civil, apresentando o maior
volume de produção no conjunto dos minerais para construção (Fig. 1).

A B
10 3 toneladas 10 3 euros N
Volume Valor
50 200
43 245 175 914
40
150 133 998
30

tlântico
Agregados 100
20 Minerais
para cimento 50

Oceano A
10 8194 e cal
17 089
2463 Rochas
0 ornamentais 0
FIG. 1 Produção de minerais para construção em Fonte: DGEG, 2013
Portugal (2012).

A distribuição das pedreiras evidencia as características geo-


lógicas do território de Portugal Continental:
• o granito, rocha ígnea e o mármore, as ardósias e os xistos,
rochas metamórficas, são explorados no Maciço Hespérico
0 50 km
ou em afloramentos de origem vulcânica (Fig. 2);
• os calcários e a brecha calcária são rochas sedimentares
e, como tal, são explorados nas orlas sedimentares.
Granito
Granito Serpentinito
Serpentinito Calcário
Calcário
Diorito Mármore
Márm ore sedimentar
sedimen tar
Gabro Brecha calcária Ardósia
Sienito Calcário
Calcário Xisto
Xisto
nefelínico microcristalino
microcristalino

Nas rochas ornamentais, que se encontram fortemente depen- FFonte:


onte: DGEG, 2013
FIG. 2 Principais pedreiras de rochas ornamentais em
dentes da construção civil, destacam-se os mármores e calcá- Portugal Continental (2010).
rios, os granitos e a pedra para calcetamento (Fig. 3).

A B
103 toneladas 10 3 euros
100 80

80 60
60 Mármores e calcários
Granitos e similares 40
40
Pedra para calcetamento
20
20 Pedra rústica

0 Ardósia e xistos 0
Fonte: DGEG, 2013
FIG. 3 Produção de rochas ornamentais, em 2012.
RECURSOS HIDROMINERAIS
Em Portugal existe um grande número de ocorrências hidrominerais – águas de nascente e águas mine-
rais naturais –, que são aproveitadas para engarrafamento e para tratamentos termais, caracteri-
zando-se também por uma significativa diversidade, associada à complexa e variada geologia do país.
A produção de águas minerais e de nascente para engarrafamento tem registado um acréscimo nos últi-
mos anos, que se deve ao crescimento do consumo motivado, sobretudo, pela maior exigência dos con-
sumidores em relação à qualidade da água que consomem, acompanhando a tendência que se verifica
em todo o mundo. As águas de nascente têm vindo a ganhar importância e, em 2012, representavam
mais de 65% do consumo (Figs. 1 e 2).

Volume (milhões de litros) Litros/habitante/ano


1500 120

1200 100

80 45,4 51,7 59,2 62,2 66,3


900 683,3 526,1
492,2 555,2 565,2
60
600
40
300 618,1 599,6 582,1 571,8 683,1 58,2 56,5 52,8 51,2 49,1
20

0 0
2008 2009 2010 2011 2012 2008 2009 2010 2011 2012
Minerais Nascente Fonte: DGEG, 2013 Minerais Nascente Fonte: DGEG, 2013

FIG. 1 Evolução da produção de águas engarrafadas, em Portugal FIG. 2 Evolução do consumo por habitante de águas minerais
(2008 a 2012). naturais e de nascente (2008 a 2012).

As ocorrências de águas termais representam um Quadro I. Evolução da frequência e da receita das


enorme potencial turístico, que pode contribuir para o termas portuguesas, em 2012
desenvolvimento regional de forma sustentada, uma N.o de Euros
vez que geram emprego e dinamizam serviços de Ano inscrições (milhares)
apoio, quer à atividade termal quer ao turismo, com Ano 103 €
uma componente dominante de turismo de saúde. 2008 74 074 16 006
Porém, como o seu aproveitamento está mais depen- 2009 68 727 16 897
dente de fatores que influenciam a capacidade de a
2010 71 746 18 296
população realizar viagens de lazer e turismo, a crise
económica mundial refletiu-se na evolução do núme- 2011 57 603 14 110

ro de aquistas que tem registado alguma diminuição 2012 96 922 13 557


nos últimos anos, ainda que com oscilações. Em 2012 Fonte: Evolução da Frequência e da Receita
das Termas Portuguesas, DGEG, 2013
verificou-se um aumento do número de inscrições,
em relação a 2011, ainda que o valor das receitas
tenha descido (Quadro I).
Dos 35 estabelecimentos termais em atividade, em 2007, o das termas de São Pedro do Sul destaca-se
pelo número de aquistas, que representa cerca de 23% do total nacional (Quadro II).

Quadro II. Aquistas e valor gerado nos principais estabelecimentos termais 2012
Caldas Caldas Caldas
Termas São Pedro do Sul Caldas do Cró São Vicente
de Monchique de Chaves de Aregos
Inscrições (N.o) 15 551 10 360 7 818 5 036 4 870 4 360
Valor (103 euros) 3 726 332 577 283 868 244
Fonte: DGEG, 2013
As oficinas de engarrafamento ativas localizam-se,
Melgaço
predominantemente, a norte do rio Tejo, o que se Monção
ão
N Grichões
relaciona com a maior abundância de água nessa Fastio Caldas de Chaves
Gerês
área do país. O mesmo acontece com as águas ter- Caldelas Campilho
Carvalhelhos Salus-Vidago
mais, com indicações terapêuticas oficialmente Eirogoo Taaipa
pas Serra da Penha
Caldinhas
has S. Martinho Pedras Bem-Saúdee e Frize
Caldas daa Saúde Vizela Salgadas
g
reconhecidas, cujas ocorrências se localizam, prin- Carlão
Canavezes
e M rã Serra
Marão S de
d FFafe
afe
f
S. Viccen
c te Moledo
cipalmente nas regiões Norte e Centro, na sua Entre-ooos-Rioss Aregos
Areg
maioria, em áreas do Maciço Hespérico, verifican- S. Jorge
rge
Carvalhall
S. Pedro do Sul

tllâântico
do-se também uma estreita relação entre a sua
Sangemil
e
emil AAlcafache
distribuição geográfica e os acidentes tectónicos Serrrana
r a Caramulo
arra Serra da Estrela
Cru
Cruzeiro Felgueira
g Glaciar

Oceano A
Valee da Mó
(Fig. 3). Curia Luso MMantteigas
i Unhais da Serraa
Penacova
co Sete Fontess

Alardo
Monfortinho
Monte Real

Piedade
ade
de Lad
a
adeira de
Ennvendos
e os
Arreeiro
Areei
ei Vitalis
CCaldas
da Rainha S. Silvestre Ni
Nisa
Vimeeiro
e Sulfúre a
Cucos
Nas regiões Norte e Centro localiza-se o maior
número de estabelecimentos termais em atividade.
Na região Centro existem vários estabelecimentos Vale
le de S. José
Cavvalos
l
termais que oferecem uma grande diversidade de
tratamentos, tornando-se mais atrativos, de que
Castello
são exemplo as termas de São Pedro do Sul. Estas 0 50 km

destacam-se dos restantes estabelecimentos ter- Águas minerais


mais em atividade, tanto pelo número de aquistas naturais
TTermas
ermas
como pelo valor das receitas. Engarrafamento
Engarrafamento
TTermas
ermas e
As ocorrências termais podem ser também poten- Monchique
Monc engarrafamento
engarrafamento
Águas de
cializadas do ponto de vista energético, existindo já nascente
nascente
alguns aproveitamentos para aquecimento de FFonte:
onte: DGEG, 2013
estabelecimentos termais, hotéis e estufas. FIG. 3 Oficinas de engarrafamento de águas minerais naturais e águas
de nascente em atividade, em 2010.

VERIFIQUE SE SABE
¸ Caracterizar a evolução da produção e da exportação dos minerais metálicos e não-metálicos e das rochas industriais
e ornamentais.
¸ Descrever a distribuição geográfica da produção de minerais metálicos e não-metálicos e das rochas industriais e
ornamentais.
¸ Identificar os principais recursos hidrominerais e as suas formas de aproveitamento.
¸ Descrever a distribuição geográfica das ocorrências hidrominerais.
¸ Relacionar a localização das ocorrências hidrominerais com as características geológicas do território.
OS RECURSOS ENERGÉTICOS

ESCASSEZ DE RECURSOS
O subsolo português é pobre em recursos energéticos. As reservas de carvão conhecidas estão esgota-
das e as de urânio também deixaram de ser exploradas, em parte, pela fraca competitividade devido à
descida do seu preço no mercado mundial, no início desta década.
Com a atual subida da cotação do urânio e dado o seu valor estratégico e a existência de reservas eco-
nomicamente viáveis, poderão surgir novos projetos de exploração.
Nos Açores, a existência de
Limite da ZEE
atividade vulcânica torna pos- N
Viana do Castelo
1 Batimetria (km)
3 Zona poligon
poligonal
al oficial
sível a exploração da energia 3
de 200 m de
d d proffundidade
d
1 Porto de água
d á
geotérmica para produção de BACIA LUSITÂNICA
Aveiro Mohave
eletricidade, a qual corres- Cabo Mondego - 2
3
pondeu, em 2011, a cerca de 2 S. Pedro de Moel - 2
FFig
g
gueira da Foz
Rio Maior - 2
1/4 da energia elétrica produ- 5 4 Toorres Vedras - 3
zida neste arquipélago. 5
Zambujal
Peniche
4 Mohave/Galp
Têm sido feitos vários estudos 3 4 LLisbo
i bo
isbo
boa Aljub arrota - 3
Setúbal
sobre a presença de petróleo 5 BACIA DE PENICHE
Petrobras/Galp/Repsol/Partex
e de gás natural no território Camarão
4 Sines
português, tendo-se dete- Amêijoa
Mexilhão
tado indícios positivos em Ostra
Faro
algumas áreas do litoral, nas BACIA DO ALENTEJO
1 Petrobras/Galp
bacias Lusitânia do Alentejo e 3 2
tllântico

Gamb a
2
do Algarve. Desde 2006, estão 3 Santola
4
1 Lavagante
Oceano A

em curso novas prospeções 3 2


BACIA DO ALGARVE
4 Repsol/Partex
com vista à exploração de 3 2 0 50 km Lagosta
1
petróleo. Contudo, são pro- Lagostim

cessos muito longos para que FFonte:


onte: DGEG, 2013
FIG. 1 Campanhas sísmicas e sondagens para a pesquisa do petróleo.
se possa perspetivar a sua
exploração nos anos mais
próximos (Fig. 1).

Em Portugal existem boas condições para a produção de energia a partir de fontes renováveis, e a sua utili-
zação tem vindo a aumentar. Contudo, as fontes de energia mais utilizadas continuam a ser os combustíveis
fósseis – carvão, petróleo e gás natural – que Portugal tem de importar, o que gera dependência do exterior
(Fig. 2).

Entre as razões que explicam o aumento do consumo energético,


até aos últimos anos em que o consumo decresceu, destacam-se:
• a melhoria da qualidade de vida da população, que implica
Petróleo
maior utilização de eletrodomésticos e outros aparelhos, Eletricidade
nomeadamente para climatização das habitações; Gás natural
Biomassa
• o crescimento dos transportes, sobretudo no que se refere ao Carvão
tráfego de mercadorias e ao parque automóvel das famílias; Outros
Fonte: DGEG, 2013
• a expansão dos serviços, que utilizam muito equipamento
FIG. 2 Consumo energético em Portugal.
tecnológico e instalações climatizadas.
ORIGEM DOS RECURSOS ENERGÉTICOS UTILIZADOS EM PORTUGAL
Em Portugal Continental também existem algumas
potencialidades de aproveitamento de energia geotér- DOC. 1 APROVEITAMENTOS GEOTÉRMICOS
mica, verificando-se um interesse crescente, por parte Em 1982, iniciou-se em Chaves o primeiro proje-
dos concessionários dos estabelecimentos termais, na to de uso de calor para fins que não a balneoterapia
realização de estudos e projetos que têm em vista o e servindo, além das termas, para o aquecimento da
aquecimento dos próprios balneários e unidades hote- água da piscina municipal, para o aquecimento
leiras (Doc. 1). ambiental de outra unidade hoteleira, localizada nas
proximidades das termas, encontrando-se ainda em
Apesar de a importância das fontes de energia renová- curso um projeto de estufas.
veis estar a crescer, em Portugal, sobretudo no que se O desenvolvimento geotérmico da área das nas-
refere à produção de eletricidade, o nosso país ainda centes termais de São Pedro do Sul tem vindo a
tem uma grande dependência energética face aos com- decorrer de forma regular, desde há cerca de uma
década. Existem projetos para o estudo dos recursos
bustíveis fósseis, que importa na totalidade (Quadro 1).
geotérmicos da região, orientados para a pesquisa,
desenvolvimento e análise da viabilidade económica
de aquecimento direto.
Quadro I. Importação das diferentes formas Na zona do Vau está em curso uma experiência
de energia (2013) de aplicação geotérmica na agricultura, em que a
água proveniente do furo geotérmico está a ser
aproveitada no aquecimento de estufas de frutos
Milhares de Tep
tropicais.
Adaptado de Catálogo de Recursos Geotérmicos em Portugal
Carvão 2 620 Continental, INETI, 2009
Petróleo 15 462

Gás natural 3 778

Eletricidade 450

Biomassa 40 N

Fonte: DGEG, 2014


tllântico
Oceano A

Angola é um dos principais fornecedores de petróleo a


Portugal, enquanto que no carvão, cuja tendência de uti-
lização tem vindo a diminuir devido ao seu impacte
ambiental, destacava-se a Colômbia em 2012.
O gás natural começou por ser importado apenas da
Argélia, pelo gasoduto do Magrebe-Europa e, depois da
construção do terminal de gás liquefeito em Sines, tor-
nou-se possível a importação deste recurso a partir de
reservas mais longínquas, nomeadamente da Nigéria.
Os combustíveis fósseis também são utilizados para pro-
duzir eletricidade nas centrais termoelétricas. Estas
Centrais
localizam-se maioritariamente no sul do país, onde as Hidroelétricas
Termoelétricas
condições para construir centrais hidroelétricas são
0 50 km Biomassa
menos favoráveis, e próximo do litoral, para facilitar o
Fonte: EDP Portugal, 2013
abastecimento das fontes de energia fóssil (Fig. 1). FIG. 1 Centrais de produção de eletricidade, em Portugal
Continental, em funcionamento, em 2012.
CONSUMO DE RECURSOS ENERGÉTICOS EM PORTUGAL
Em Portugal, o setor dos transportes é o maior ktep
8000
consumidor de energia, seguido da indústria. O
setor doméstico registou uma quebra de consu- 7000

mo em 2010 e 2011, devido à crise económica 6000


(Fig. 1). 5000
O consumo de energia pelos transportes reflete 4000
o crescimento do parque automóvel e a maior 3000
mobilidade, tanto urbana como de médias e lon-
2000 Indústria
gas distâncias, devido ao alargamento e moder- Transportes
1000 Serviços
nização das redes de transporte.
Doméstico
0
A distribuição do consumo de energia reflete as 2008 2009 2010 2011 Fonte: DGEG, 2013
assimetrias regionais que caracterizam o territó-
FIG. 1 Evolução do consumo de energia, por setores, em Portugal (2008
rio nacional (Figs. 2 e 3). a 2011).

N
Portugal 4652,2

Norte 4126,6
o
Atllântic

Centro 5658,4
Oceano

Lisboa 4689,3

Alentejo 5912,3

Algarve 5025,9

Toneladas
R. A. Açores (milhares) Açores 3134,4
> 250
R. A. Madeira 100 – 250 Madeira 3201,2
40 – 99
20 – 39
0 50 km 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
< 20
kWh/hab.
Fonte: Anuários Estatísticos
Estatísticos Regionais 2012
2012,, INE, 2013 Fonte: INE, 2013
FIG. 2 Consumo de gasolina IO 95, por NUTS III, FIG. 3 Consumo de energia elétrica por habitante em Portugal e
em 2012. nas NUTS II, em 2012.

O consumo de combustíveis é maior no distrito de Lisboa seguido dos distritos do Porto, de Setúbal, e
áreas do país onde existe maior concentração de população, de serviços e de indústria e, por isso, maior
movimento de mercadorias e maior número e intensidade de deslocações diárias – movimentos pendu-
lares – que se efetuam a distâncias cada vez maiores.
No consumo de eletricidade por habitante, destacam-se Lisboa e Porto. No caso do Algarve, o elevado
consumo deve-se ao grande número de casas de segunda habitação que apresentam consumos, sem
que os seus utilizadores sejam considerados habitantes dessa região.

VERIFIQUE SE SABE
¸ Caracterizar/justificar a evolução da produção e do consumo de energia.
¸ Descrever a distribuição geográfica da produção e do consumo energético.
PROBLEMAS NA EXPLORAÇÃO E UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS GEOLÓGICOS

INDÚSTRIA EXTRATIVA
Existem, em Portugal, alguns aspetos que dificultam a exploração dos recursos geológicos e problemas
associados à sua produção e comercialização.

Muitas jazidas encontram-se no Maciço Hespérico:


Localização ¸ em áreas de difícil acesso decorrente das características do relevo e da falta
das jazidas de infraestruturas viárias adequadas;
¸ a grande profundidade, o que torna a extração difícil e dispendiosa;
¸ em áreas protegidas, o que inviabiliza a sua exploração.

Fraca ligação Problemas sentidos principalmente nos setores dos minerais metálicos e ener-
à indústria géticos tornam os custos de produção elevados e os preços de colocação no
transformadora mercado pouco competitivos.

Domínio do mercado por multinacionais que controlam a exploração das princi-


Forte pais jazidas de minerais metálicos em países como o Brasil, o Chile, a África do
concorrência Sul e, sobretudo, a China onde a mão de obra é muito barata e as normas
internacional ambientais e de segurança são pouco restritivas, pelo que os preços de merca-
do são muito competitivos.

A indústria extrativa provoca impactes ambientais importantes:


¸ contaminação dos solos e das águas, superficiais e subterrâneas, com resí-
duos tóxicos e, muitas vezes, radioativos, nas áreas das minas de minerais
metálicos e energéticos;
¸ encerramento e abandono de muitas minas e respetivas escombreiras (acu-
Riscos
ambientais
mulação de resíduos), muitas a céu aberto e, por isso, expostas às chuvas que
dissolvem e arrastam produtos químicos nocivos (Doc. 1);
¸ degradação da paisagem com grande impacte visual, como é o caso das
pedreiras e também de muitas minas.

DOC. 1 Minas abandonadas – problema sério

As zonas de acumulação de desperdícios (escombreiras) das minas metalíferas abandonadas encontram-se na maioria dos
casos a céu aberto, estando deste modo expostas a intempéries, o que possibilita a contaminação de águas, sedimentos, solos
e vegetação provocada pela dispersão e subsequente acumulação de elementos químicos tóxicos, nomeadamente metais pesa-
dos, podendo conduzir a danos irreparáveis nos ecossistemas.
Em Portugal existem mais de 100 áreas mineiras abandonadas e o problema é particularmente importante no Alentejo devido,
principalmente, à Faixa Piritosa Ibérica (FPI), pois os minérios explorados, essencialmente sulfuretos, são instáveis originando águas
muito ácidas e libertando metais potencialmente tóxicos como o chumbo, arsénio, mercúrio, cádmio, antimónio, selénio, etc.
O projeto GERMINARE tem como objetivo avaliar os impactes ambientais de diversas minas abandonadas no Alentejo, para
implementar estratégias de remediação destas áreas através do desenvolvimento de tecnologias sustentáveis de fitorremedia-
ção dos solos e de biorremediação das águas de escorrência, com recurso a processos biotecnológicos.
Adaptado de Minas Abandonadas – um problema, na página eletrónica da Universidade de Évora, 21/07/2014
DISTRIBUIÇÃO E CONSUMO DE RECURSOS ENERGÉTICOS
O consumo e a distribuição de energia levantam problemas relacionados, essencialmente, com a conta-
minação ambiental, com a segurança e com a nossa dependência externa face aos combustíveis fosseis.

Riscos ambientais Problemas de segurança

¸ As emissões de gases poluentes para a atmos- ¸ Risco de incêndio nos postos de abasteci-
fera que agravam o efeito de estufa, podendo mento, mais graves quando se localizam em
conduzir a alterações climáticas irreversíveis. áreas urbanizadas.
¸ Os frequentes acidentes e derrames que ocor- ¸ Perigo de derrame ou incêndio nas refinarias,
rem durante o transporte de combustíveis, nos oleodutos e gasodutos e nos parques de
tanto marítimo como terrestre, originando armazenamento de combustíveis.
desastres ambientais, como as marés negras. ¸ Perigo para as populações em caso de aciden-
¸ Desperdícios de energia que aumentam o con- tes no transporte de energia, sobretudo rodo-
sumo e respetivo impacte ambiental. viário.

10 6 euros
12 000
Dependência externa 11 000
10 000
9000
8000
7000
Portugal importa a totalidade dos combustíveis 6000
fósseis que consome, em que o petróleo repre- 5000
senta quase 3/4. O problema tende a agravar-se 4000
devido ao aumento do consumo e, consequente- 3000
mente, das importações (Fig. 1). 2000
1000
Assim, o país confronta-se com problemas como: 0
¸ a vulnerabilidade de todos os setores da eco-
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

nomia face às oscilações dos preços dos com- Petróleo Eletricidade Gás natural Carvão Biomassa

bustíveis, sobretudo do petróleo, e a falhas no Fonte: DGEG, 2013

abastecimento que podem surgir na sequên- FIG. 1 Evolução das importações de energia e respetiva estrutura
(2004 a 2013).
cia de problemas internacionais;
¸ a elevada despesa externa com a importação
de combustíveis, o que contribui grandemente Quadro I. Peso da energia na balança comercial
para o défice da balança comercial portugue- portuguesa, em 2013 (milhões de euros e %)
sa (Quadro I).
Importações Exportações Saldo
(103 euros) (103 euros) (103 euros)
11 361 5130 –6232
Energia
20,1% 10,8% 68,6%

Total 56 456 47 375 – 9081

Fonte: Fatura Energética Portuguesa – 2013, MEI, 2014

VERIFIQUE SE SABE
¸ Enunciar os principais problemas na exploração de recursos geológicos pela indústria extrativa.
¸ Descrever os problemas associados à distribuição e consumo de energia, em Portugal.
VALORIZAÇÃO DOS RECURSOS GEOLÓGICOS

Os recursos do subsolo constituem importantes recursos endógenos – recursos naturais e humanos


existentes num dado território – que poderão ser valorizados, do ponto de vista económico, social e
ambiental.

MINAS E PEDREIRAS

¸ A utilização de novas tecnologias que permitam a exploração de jazidas de maior profundidade,


o aproveitamento de minérios de baixo teor e outros de grande valor unitário, como o ouro e a
prata, associados ao volfrâmio, ao cobre e ao estanho.
¸ A criação ou melhoramento de infraestruturas, como estradas, ligações telefónicas e redes de
Aumentar e/ou melhorar a produção

distribuição de eletricidade e água, para colmatar as dificuldades da localização desfavorável


de muitas jazidas e viabilizar a sua exploração.
¸ A aplicação de novos métodos e técnicas de prospeção e investigação, para inventariar, avaliar
e localizar os recursos do subsolo nacional, continental e oceânico.
¸ O redimensionamento das empresas, de modo que possam investir em novas tecnologias e
métodos de exploração, tornando a produção mais rentável e mais competitiva no mercado.
¸ A reativação de minas de riqueza considerável e implementação de medidas de apoio às que
ainda estão em atividade.
¸ A valorização de tecnologia e equipamentos existentes e o apoio a novos projetos, de modo a
permitir um melhor aproveitamento dos recursos minerais, contribuindo também para o
desenvolvimento de áreas onde se inserem.
¸ A definição de regras ambientais para que a exploração de recursos minerais não coloque em
risco o equilíbrio ambiental e a sustentabilidade do desenvolvimento das áreas onde se desen-
volve.

¸ Promover a utilização dos recursos minerais pela indústria transformadora nacional, evitando
dos recursos
Valorização

o que acontece com os minerais metálicos e com os mármores, que são comprados por empre-
sas estrangeiras e, depois de transformados, são novamente importados em produtos acaba-
dos, perdendo-se as potencialidades económicas e de emprego do processo produtivo.
¸ Aumentar as exportações dos recursos minerais como matérias-primas e como produtos aca-
bados.

¸Minorar os impactes ambientais e paisagísticos de minas e pedreiras encerradas, através:


dos espaços
Valorização

• da requalificação paisagística e ambiental;


• da reutilização dos espaços para outros fins, como, por exemplo, a criação de museus relati-
vos à atividade extrativa, nas próprias minas (Doc. 1);
• da valorização lúdico-turística dessas áreas.

DOC. 1 DE MINA A MUSEU

Após o encerramento das minas do Lousal, foi criado, no local, o Museu Mineiro, que pretende preservar a memória e o
conhecimento das gerações de trabalhadores que escavaram as minas, hoje transformadas numa espécie de local arqueológico,
onde se pode observar e aprender o funcionamento da mina, através dos vestígios do trabalho que lá foi feito, ao longo das
décadas.
Adaptado do site oficial do Museu Mineiro do Lousal, julho de 2014
ÁGUAS MINERAIS E TERMAS

Águas minerais naturais e de nascente Estabelecimentos termais

¸ Realização de estudos hidrológicos que permitam conhecer e apro-


¸ Diversificação das ofertas.
¸ Criação de outras infraestru-
veitar melhor os recursos existentes.
¸ Modernização das indústrias de captação e engarrafamento de
turas de lazer e turismo.
¸ Desenvolvimento de ativida-
águas, para garantir a qualidade e a competitividade no mercado
internacional.
des turísticas paralelas.
¸ Aproveitamento energético do
calor das águas.
As oficinas de engarrafamento de águas minerais naturais e de nas- ¸ Alargamento do período de
cente e as estâncias termais localizam-se, de um modo geral, em áreas funcionamento, de modo a di-
pouco industrializadas e, por isso, são um fator de desenvolvimento minuir a sazonalidade das
regional, sobretudo pelo emprego que geram e pelos serviços que indu- termas.
zem.

RECURSOS ENERGÉTICOS
Dado que o consumo energético em Portugal é muito depen- DOC. 1 ESTRATÉGIA DE FUTURO
dente de recursos exógenos, ou seja, provenientes do exterior, A Estratégia Nacional para a Energia
é necessário tomar medidas que promovam a sua potenciali- define as grandes linhas de orientação po-
zação. Por exemplo: lítica e medidas de maior relevância para a
• aumentar a proporção do consumo de energia produzida a área da energia, tendo como principais obje-
tivos:
partir de fontes renováveis, sendo que Portugal assumiu,
• garantir a segurança do abastecimento
para 2020, uma meta de 31% (Doc. 1);
de energia, através da diversificação dos
• diversificar as fontes e as proveniências geográficas no recursos primários e dos serviços energéti-
que respeita aos combustíveis fósseis; cos, além da promoção da eficiência ener-
• continuar a prospeção de petróleo e gás natural, de modo gética;
a poder concluir-se sobre a existência ou não de reservas • estimular e favorecer a concorrência, de
e a sua viabilidade económica no território nacional; forma a promover a defesa dos consumi-
dores, bem como a competitividade e a efi-
• aumentar a eficiência energética, através da racionaliza-
ciência das empresas;
ção dos consumos, da adequação das tecnologias de dis- • garantir a adequação ambiental de todo
tribuição, máquinas e aparelhos elétricos e da adoção de o processo energético, de modo a redu-
medidas que possam reduzir os consumos. zir os impactes ambientais e a promover o
desenvolvimento das energias renováveis.
Adaptado de Estratégia Nacional para a Energia 2020,
Resolução do Conselho de Ministros n.º 29/2010

VERIFIQUE SE SABE
¸ Propor medidas de valorização dos recursos geológicos produzidos em minas e pedreiras.
¸ Indicar ações que promovem a valorização de minas e pedreiras abandonadas.
¸ Enunciar formas de valorizar os recursos hidrominerais (águas engarrafadas e termas).
¸ Sugerir medidas de potencialização dos recursos energéticos.

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