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SEDIMENTOS DO MAR POUCO PROFUNDO INCLUINDO

CARBONATOS

SEDIMENTOS SILICICLÁSTICOS
Os sedimentos das praias, marés, shoreface e do complexo de ilhas barreiras
também controlam largamente a disposição e as estruturas sedimentares do
ambiente do mar pouco profundo. As ondas geradas pelo vento bem como as
correntes podem afectar os processos deposicionais nas águas mais profundas.

Factores que afectam/influenciam sedimentos do mar pouco profundo


Os sedimentos do mar pouco profundo podem variar consideravelmente pelas
seguintes razões:
• Diferenças marcantes na taxa de abastecimento de sedimentos das áreas
vizinhas devido a mudanças climáticas, presença ou ausência de grandes
deltas na área estudada.
• Influência das fuctuações eustáticas.
• Retrabalhamento dos sedimentos anteriores intrabacia.
Devido a estes factores todos, não é possivel descrever as várias facies
sedimentares dos mares pouco profundos apenas por poucos e simples modelos
de fácies.

Modelos de fácies para mares pouco profundos


Estes modelos estão baseados no presssuposto de que a linha de costa progride
para o mar. Estes poderão ser usados apenas para curto período de tempo no
qual o nível do mar é mais ou menos constante.
Em princípio é assumido que não há subsidência, consequentemente a bacia
pouco profunda é preenchida em comparativamente pouco tempo.

Alto abastecimento de sedimentos terrígenos


Baixa energia das ondas e grande abastecimento de argilas
Sob condições de baixa energia das ondas, os sedimentos do shoreface são
dominados por argilas e siltos cobertos por uma capa de areia da praia e do
shoreface. Em águas mais porfundas são encontradas argilas de diferente
natureza. Uma proporção de argilas é carregada directamente das
desembocaduras dos rios como agregados ou flocos, para locais da sua
deposição final, enquanto a outra porção é redistribuida pelas tempestades ao
longo do shoreface inferior e redepositada como tempestites finas em águas
mais profundas. Linhas de costa lamacentas geralmente ocorrem nas áreas mais
profundas dos deltas que progridem em mares pouco profundos de baixo
gradiente.
Baixa energia das ondas e alto abastecimento de areia e argila (Fig. 3.19 a)
Neste caso a espessura das areias do shoreface aumenta consideravelmente e
pode incorporar bancos arenosos do offshore na zona de transição para águas
mais profundas. Mais para offshore, as argilas bioturbadas alternam com siltes
autóctonos.

Mar dominado por tempestites com grande abastecimento de areias e argilas


(Fig. 3.19 b)
O perfil de praia-plataforma continental torna-se mais suave. As areias do
shoreface com estruturas cruzadas hummocky e as areias das tempestites
expandem em direcção ao mar. Nestes casos a areia representa a maior
proporção das secções do preenchimento da bacia.
Mais para offshore as tempestites da argila são dominantes.
Mar dominado pelas marés
As correntes das marés podem afectar os processos sedimentares até
profundidades de 50 m ou mais. Elas geram ondas de areias características que
podem conter/exibir bolsadas de argila.
As ondas de marés também podem formar bancos de areias de dezenas de
kilómetros de comprimento e algumas dezenas ou centenas de metros de lagura
e algumas dezenas de metros de altura

Corrente de fundo
Entre as acumulações de areia, normalmente as correntes de fundo erodem
longitudinalmente e conservam os lag deposits grosseiros se eles estiverem
presentes nas camadas subjacentes. Ripples de diferentes tipos mostram
evidências de correntes activas no fundo. As secções verticais mostram uma
grande porção de areia como uma variedade de estruturas sedimentares.
Algumas estruturas indicam correntes bidireccionais de (maré enchante e
vazante).

Baixo abastecimento de sedimentos


Mares dominados por ondas com abastecimento de argila
O preenchimento sedimentar em regiões de baixa energia, dominado pelas ondas
com prevalência de abastecimento da argilas (Fig. 3.20 c) possibilita a
concentração de constituintes biogénicos e intensa bioturbação.
Desta forma há grande acumulação de conchas nestes ambientes.

Mares dominados por tempestades e marés


A progradação da costa é limitada e o declive da plataforma/praia torna-se
suave. Em contraste com o modelo da Fig.3.19, as camadas de conchas e
componentes biogénicos podem contribuir significativamente para o total dos
sedimentos. O retrabalhamento repetitivo dos sedimentos pelas ondas e
correntes de marés provoca uma intensa amalgamação na zona de transição
entre shoreface e offshore e em outras superfícies com depósitos de lag e
camadas condensadas nas águas mais profundas. As camadas já soterradas e
endurecidas podem ser expostas e colonizadas por organismos que usam o
substrato duro para se fixarem.
O cascalho pode se concentrar nos depósitos de lag com resultado de baixa taxa
de sedimentação incluindo períodos de não deposição com formação de minerais
glauconíticos na interface água-sedimentos.
Síntese
Todos os modelos de fácies descritos representam as chamadas sequências
transgressivas embora o nível do mar se mantenha constante.
As facies são geradas por progressão da linha de costa. Maioria destes modelos
implicam secções do coarsening-upward e em termos de espessura são secções
de thikining upward. Os modelos de baixa energia têm um decréscimo em
direcção ao topo de constituintes biogénicos. Os modelos dos mares dominados
por tempestates, marés e correntes aplicam-se normalmente para plataformas
continentais dos mares.

FLUXO GRAVITACIONAL DE MASSAS E TURBIDITOS

Fluxo gravitacional de massas

Introdução
Os depósitos gravitacionais de massas são particularmente importantes nas
bacias profundas nas margens continentais. Eles resultam do fluxo laminar de
massas e de correntes turbulentas de suspensão. Sequências de flysh na orogenia
Alpina e outras orogenias consiste predominantremente de sedimentos
redepositados.

Tipos de movimentos gravitacionais de massas


1 – movimentos de massas litificadas e rochas diaclasadas
• Quedas de rochas ao longo de falésias
• Declives íngremes submarinos
• Escarpas de falhas (Fig. 5.11 a)

2 – Sedimentos soltos
• Creep
• Deslisamentos (Sliding + Slumping)

O movimento toma lugar quando a tensão de deslisamento τ supera a tensão de


resistência ao deslisamento s no plano de deslisamento localizado a uma
profundidade z (Fig. 5.11 b).
A tensão de deslisamento aumenta com a profundidade. Esta tensão pode ser
atingida ou promovida através de tremores de terra ou efeito das ondas de
tempestades. A tensão de resistência ao deslisamento também aumenta com a
profundidade mas é reduzido pela pressão dos poros nos sedimentos não
consolidados. Tais situações normalmente ocorrem onde sedimentos finos são
rapidamente depositados ex: em frente dos deltas.
Nos creeps e slides - A massa de sedimentos não muda o seu estado mecânico,
isto é: ela move duma forma rígida sem destúrbios internos significativos.

Os slumps mostram um destúrbio interno significativo e exibe frequentemente


vários planos de deslizamento.
Fluxo gravitacional de sedimentos
Tipo de fluxo Características
Fluxo Viscoplástico • Não há movimento de base do fluxo
• Ocorre em grandes declives (5 – 10º)
Fluxo de deslisamento • Movimentos rápidos sobre o plano basal de
(Fluxo de entulho – deslisamento
Debris flow) • Redução da tensão de resistência ao
deslisamento pela pressão hidrostática
Fluxo de massa • Deslisamento de massas por variação de
liquifeita (Liquifação) densidade do líquido
• Ocorre em declives suaves < 0.5º onde existem
areias e siltes não coesivos
Fluxo de grãos (Grain • Em areias soltas
flow) • Em declives ígremes (18 - 37º) em canhões
submarinos e em alguns declives prodeltáicos

Turbiditos e associações de leques de mar profundo

Características gerais dos turbiditos


Os sedimentos depositados por correntes de suspensão mostram uma variedade
de características, dependendo da magnitude e velocidade das correntes
turbidídicas. As correntes turbidíticas são pressupostas como o mecanismo
responsável pela produção de camadas gradadas arenosas extensas rítmicas
(turbiditos arenosos) em sequências rochosas antigas.
O transporte episódico de grandes volumes de areias das águas pouco profundas,
resulta na deposição e distribuição destes sedimentos numa larga área no mar
profundo.
Outra fonte destes sedimentos resulta da erosão das partes superiores dos taludes
continentais e formação de canhões submarinos.
Os sedimentos em suspensão e as correntes de turbidêz resultam tanto
directamente dos sedimentos fluviais pelo efeito das cheias como da acumulação
de sedimentos marinhos.
A acumulação de grandes quantidades de sedimentos em aguas pouco profundas
é provavelmente o mecanismo mais importante para a formação de turbiditos.
Estes são comuns nos declives do prodelta. As correntes de retorno (rip currents)
transportam os sedimentos para a plataforma continental selectivamente. Como
resultado, as massas tornam-se menos densas e fluem rapidamente como um
fluxo turbulento.
Distinguem-se corrente turbidíticas de alta e baixa densidade, de acordo com a
carga sedimentar (granulometria).
As correntes turbidíticas de alta densidade atingem grandes velocidades e
podem transportar areias grosseiras e cascalhos.
Correntes turbidíticas de baixa densidade movem-se lentamente e podem conter
apenas silte e argila e a sua capacidade erosiva é menor.

Turbiditos proximais e distais


Os turbiditos proximais são relativamente mais grosseiros e formam camadas
mais espessas; os seus topos podem ser truncados pelas correntes subsequentes e
amalgamados. Groove casts e flute casts (estrias de arraste) são normalmente
associadas à espessas camadas areníticas.
Mais abaixo do declive, as sucessões tendem a preder a sua divisão basal e
tornam-se pouco espessas e com granulomentria mais fina.

Turbiditos grosseiros
Correntes turbidíticas de alta densidade transportando cascalho e clastos com
sedimentos de arraste e em suspensão podem mostrar um estágio basal de
tracção (areia grosseira conglomerática) com estruturas cruzadas laminares.
Estruturas títicas são as de escape de água. A divisão corresponde mais ou
menos à divisão clássica de turbidito arenoso (Divisão de Bouma)
Turbiditos arenosos de grão médio (siliciclásticos e carbonáticos)
A divisão consistindo de laminações planares e areias com estruturas cruzadas
planares reflectem estruturas de tracção enquanto a divisão que exibe
laminações de argila expressa sedimentação por tracção e suspensão. A
espessura de uma lâmina individual ou estrutura cruzada, diminue da base para o
topo e é conhecido como laminação gradada ou estrutura cruzada gradada. As
sequências verticais não exibem apenas um tipo de camadas; por exemplo,
camadas espessas de relativamente granulometria grosseira (turbidito proximal)
podem ser intercaladas por camadas mais finas e de granulometria relativamente
mais fina, de aparência mais distal.
Se as correntes turbidíticas atingem áreas abissais, abaixo da profundidade de
compensação de carbonatos (CCD – Carbonate compensation depth), elas
podem desprender camadas calcárias, alternando com argilas pelágicas
desprovidas de carbonatos.

Turbiditos argilosos
Os turbiditos argilosos podem constituir depósitos de massas gravitacional da
parte mais distal dos turbiditos com uma mistura de granulometria ou podem
derivar dos sedimentos argilosos dos declives dos prodeltas cuja fonte de
sedimentos é também argilosa. Pelo facto das camadas serem depositadas por
correntes de baixa densidade, as camada tendem a ser finas, embora as partes
proximais possam ser espessas. De acordo com a sua composição, os turbiditos
argilosos (lamacentos) pode ser pelágico (bioclastos finos), argiloso
(siliciclásticos) ou vulcanoclásticos (resultantes das cinzas vulcânicas do
vulcanismo marinho).

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