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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 4

4.ROCHAS ÍGNEAS

4.1. TIPOS DE INTRUSÕES E EXTRUSÕES


Já vimos em capítulo anterior que as rochas ígneas se formam a partir da consolidação/cristalização
do magma, que tanto pode ocorrer no interior como no exterior da crusta terrestre, dando origem,
respectivamente, às rochas intrusivas (plutónicas) e extrusivas (vulcânicas ou efusivas).
Sobre o modo como as rochas vulcânicas ocorrem, também já nos referimos atrás, quando
falámos sobre os tipos de vulcões. Resta-nos agora ver como é que as rochas intrusivas ocorrem, ou seja,
como são os corpos rochosos de origem ígnea resultantes da solidificação do magma em profundidade. A
estes corpos dá-se o nome de plutões.
Muitos destes plutões estão hoje expostos à superfície em cadeias de montanhas ou no interior de
continentes. A erosão ao longo de milhões de anos removeu as camadas superficiais e os vulcões, pondo a
descoberto os canais de alimentação entre a câmara magmática e os vulcões. E porque o grau de erosão
varia enormemente, é possível em alguns lugares observar à superfície não só as partes superiores desses
plutões como, em muitos casos, o seu próprio interior.
As intrusões ígneas podem assumir várias formas como se pode ver no esquema da Fig. 4.28:
a) Batólitos: é o tipo de intrusão de maiores proporções, com uma superfície mínima de 100
km2, embora geralmente sejam muito maiores;
b) Stocks: são corpos de dimensões menores, e geralmente ocorrem como protrusões de
batólitos;
c) Lacólito: corpo em forma de lente plano-convexa, provocando o arqueamento das camadas por
cima;
d) Lopólito: corpo em forma de lente côncava, em que a espessura varia ente 1/10 e 1/20 do seu
diâmetro;
e) Dique: corpo tabular com paredes paralelas a sub-paralelas e que têm uma posição
discordante em relação às camadas que atravessa;
f) Soleira: corpo tabular com paredes paralelas a sub-paralelas e que têm uma posição
concordante em relação às camadas que atravessa;
g) Chaminé vulcânica: corpo resultante da solidificação da lava no canal de alimentação do
vulcão.
Estes corpos intrusivos, em especial os batólitos e os stocks, contêm no seu interior pedaços das
rochas encaixantes, a que se chamam xenólitos (do Grego Xenos = estranho + Lithos = pedra).

Fig. 4.28. Tipos de intrusões ígneas

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4.2. TEXTURA E ESTRUTURA DAS ROCHAS ÍGNEAS


Como bem se pode entender, a velocidade de solidificação dum magma varia consoante ele
arrefece em profundidade ou perto da superfície (ou mesmo à superfície), uma vez que a temperatura é
maior no interior da Terra do que à superfície. Um exemplo ilustrativo deste processo é a velocidade de
arrefecimento da comida no tempo quente ou no tempo frio. No verão, a comida demora a arrefecer, mas no
inverno, em poucos minutos a comida fica fria. Isto porque as diferenças de temperatura entre a comida e o
ambiente são maiores no inverno, e a velocidade de transferência de calor é maior. O mesmo se passa com
o arrefecimento do magma/lava.
Uma vez que um arrefecimento lento tende a formar cristais maiores do que o arrefecimento
rápido, as rochas intrusivas têm grãos maiores que as rochas extrusivas. Assim, diz-se que as rochas
intrusivas têm textura fanerítica e as extrusivas têm textura afanítica. Por textura entende-se o aspecto
geral duma rocha evidenciado pelas relações entre as suas partículas constituintes: tamanho e forma dos
grãos, grau de cristalinidade, e arranjo espacial dos grãos.
A textura fanerítica é aquela em que os constituintes são observados megascopicamente, isto é, a
olho nu. Por seu lado, a textura afanítica é aquela em que os constituintes dificilmente são observados a
olho nu ou mesmo com uma lente. Normalmente é necessária a observação microscópica.
Por vezes acontece que no seio duma massa afanítica se observam alguns cristais bem formados,
resultantes duma cristalização fraccionada em profundidade, cujos cristais são arrastados à superfície junto
com a lava que arrefece mais depressa. Neste caso, estamos em presença de rochas porfiríticas. Aos
cristais grandes no seio da massa de textura fina chama-se fenocristais (do Grego phenos = grande).
Dentro de cada um destes grupos (faneríticas e afaníticas) há vários tipos de textura, que a seguir
se descrevem, ilustradas nas Fig. 4.29 e Fig. 4.30 (em esquema, e com exemplo real).
a) Texturas afaníticas (Fig. 4.29)
 Vítrea: os grãos não são visíveis, nem ao microscópio. A rocha tem aspecto de vidro;
 Hemicristalina: os grãos são tão pequenos que só são observáveis ao microscópio;
 Porfirítica: quando ocorrem fenocristais no seio duma matriz hemicristalina ou vítrea.

A – Textura Vítrea B – Textura Hemicristalina C – Textura Porfirítica


Fig. 4.29. Exemplos de texturas afaníticas. A – Obsidiana; B – Basalto; C – Basalto Porfirítico

b) Texturas faneríticas (Fig. 4.30)


 Granular: os grãos apresentam sensivelmente as mesmas dimensões, geralmente não
excedendo o tamanho dum grão de milho;
 Porfiróide: quando ocorrem fenocristais no seio duma matriz granular;

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 Pegmatítica: todos os minerais apresentam grãos de grandes dimensões.


 Aplítica/Sacaróide: é uma variedade de textura granular, em que os grãos são pequenos,
do tamanho de grãos de açúcar.

D – Textura Aplítica
A – Textura Granular B – Textura Porfiróide C – Textura Pegmatítica
Fig. 4.30. Exemplos de texturas faneríticas. A – Granito róseo de 2 micas; B – Pórfiro; C – Granito pegmatítico; D – Aplito.

Há outros tipos de texturas, mas são casos especiais.


Quanto à estrutura, as rochas podem ser classificadas em (Fig. 4.31):
a) Compactas: quando têm um aspecto maciço, sem interstícios;
b) Porosas: quando apresentam muitas vesículas pequenas, permitindo muitas vezes que
flutuem na água (caso da pedra-pomes);
c) Vesicular: quando as vesículas são maiores e em menor quantidade;
d) Amigdalóide: quando uma rocha vesicular tem as vesículas preenchidas por minerais formados
posteriormente à sua solidificação.

B
A
C D
Fig. 4.31. Estruturas das rochas ígneas. A – Compacta (Granito); B – Porosa (Pedra-pomes);
C – Vesicular (Basalto); D – Amigdalóide (Basalto)

4.3. COR DAS ROCHAS ÍGNEAS


As rochas ígneas podem ser ainda classificadas quanto à cor, pois elas variam desde cores claras
(quase brancas) a cores escuras, com todos os tons intermédios.
A cor das rochas tem a ver com os minerais presentes. Se uma rocha for constituída por minerais
claros, como o quartzo e os feldspatos, a rocha tem uma cor clara. Diz-se que é leucocrata. Se, por outro
lado, for constituída por minerais escuros, como as anfíbolas, plagioclases, piroxenas, olivinas, etc., a rocha
tem cor escura. Diz-se que é melanocrata. Se a rocha tiver proporções variáveis dos dois tipos de minerais,
ela terá cores que variarão entre o claro e o escuro, chamando-se assim mesocrata.

4.4. CLASSIFICAÇÃO DAS ROCHAS ÍGNEAS


Como vimos anteriormente, o magma tanto pode consolidar em profundidade, como em superfície.
Também já referimos que os magmas se podem classificar em ácidos, neutros, básicos e ultrabásicos, em
função do seu conteúdo em SiO 2. Referimos ainda que se o magma consolidar em profundidade origina
rochas com textura fanerítica, e se consolidar à superfície (ou perto) origina rochas com textura afanítica.
Assim, é lógico supor que uma rocha intrusiva tem a sua equivalente extrusiva.

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O conteúdo de SiO2 define a acidez da rocha ígnea (ponto 3.1.2), as quais podem ser
classificadas em ácidas, neutras (ou intermédias), básicas e ultrabásicas. Em geral, é possível reconhecer
estes tipos de rochas em amostra de mão pela sua cor, como resultado do conteúdo de minerais escuros
presentes (ricos em Fe, Mg, chamados ferro-magnesianos). Assim, as rochas escuras, ricas em minerais
ferro-magnesianos, são chamadas de máficas (de Magnésio+Ferro), ao passo que as rochas claras, mais
ricas em quartzo e feldspatos são chamadas de félsicas (de Feldspato+Silica).
A Fig. 4.32 mostra a classificação das rochas ígneas em termos de:
a) percentagem em peso de sílica e volumétrica de minerais: ácidas, intermédias, básicas e
ultrabásicas
b) local de solidificação do magma: plutónicas, hipabissais e vulcânicas;
c) cor: leucocratas, mesocratas e melanocratas
d) percentagem de máficos e félsicos.

Fig. 4.32. Tabela classificativa das rochas ígneas

Nesta figura aparece o termo hipabissal para referir rochas que se consolidam a meio caminho
entre grandes profundidades e a superfície, e consequentemente têm uma granulometria entre a das rochas
plutónicas e das rochas vulcânicas.
Na definição duma rocha, existem os chamados minerais essenciais, acessórios e secundários.
Entende-se por mineral essencial aqueles que por definição têm de estar presentes numa rocha. Mineral
acessório é aquele que pode ou não estar presente na rocha, não interferindo na sua classificação.
Finalmente, mineral secundário é aquele que resulta da alteração de outros. Assim, num granito, os
minerais essenciais são o quartzo e o feldspato; as micas são acessórias, e o caulino é secundário,
resultando da alteração de feldspatos.
Vejamos agora a descrição dos principais tipos de rochas ígneas, cuja distribuição (muito geral)
pode ser vista na Fig. 4.34.

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