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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 4

à sequência de cristalização esquematizada na Fig. 4.6, e que se chama Série de Bowen.Como se pode
ver da figura, há duas linhas de cristalização principais, uma que é a linha da olivina-piroxena-anfíbola-
micas-quartzo, e a outra a linha plagioclase-feldspatos-mica-quartzo.
Quando um mineral cristaliza a partir dum magma, ele pode ser retirado por acção da gravidade, ou
deixado para trás quando o resto da fusão migra. A este processo chama-se fraccionação, ou seja, há uma
fracção dos minerais que se separa. Suponhamos que esta fraccionação se dá depois da olivina e da piroxena
se terem formado, ou seja, estes dois minerais depositam-se no fundo da câmara magmática. Destes dois
minerais vai originar-se uma rocha chamada de peridotito. Do resto da fusão começam a formar-se as anfíbolas
e as plagioclases intermédias (Ca-Na e Na-Ca). Da fraccionação destes dois minerais poderá originar-se outra
rocha, com outra composição mineralógica, a que se chama gabro. Progressivamente, à medida que estes
minerais se formam, o resto da fusão vai enriquecendo progressivamente em Si, Al e K, porque a maioria do Ca,
Fe e Mg foi usada para formar as olivinas, piroxenas, anfíbolas e plagioclases. Como consequência, resulta uma
fusão da qual se pode formar uma rocha constituída por feldspato e quartzo, a que se chama granito.

3.1.4. Vulcanismo e Vulcões


Entende-se por vulcanismo os
processos associados com a descarga
superficial de magma, dando origem a
vulcões, que são aberturas na crusta por
onde sai matéria rochosa em fusão,
detritos rochosos sólidos e gases.
Estas aberturas estão normalmente
rodeadas por rochas vulcânicas acumuladas
em elevação geralmente em forma de cone. Há
vários tipos de vulcões em função do tipo de
lava que os constrói (ácida, básica, etc.) e dos Fig. 4.7. Esquema dum vulcão. 1: cone vulcânico; 2: chaminé vulcânica;
voláteis que contém. O volátil dominante é o 3: cratera; 4: câmara magmática: 5: auréola de metamorfismo.
vapor de água, seguido do anidrido carbónico (CO 2). Contudo, os gases sulfurosos (H2S, SO2, SO3) são os
mais notados pelo cheiro nauseabundo que exalam. A Tab. 4.2 mostra a composição média dos gases dos
vulcões das Ilhas do Hawaii.
À medida que a erupção vulcânica continua, a rocha ígnea acumulada tende a formar uma
massas montanhosa de forma mais ou menos cónica, chamada de cone vulcânico. Este cone circunda a
conduta de saída da lava - a chaminé vulcânica - que termina numa abertura - a cratera vulcânica que
está ligada à câmara magmática onde se situa o magma. (Fig. 4.7).
Tabela 4.2. Composição média dos gases dos vulcões do Hawaii.
Gás % Gás %
H2 O 70.75 H2 0.33
CO2 14.07 Ar 0.18
SO2 6.40 S2 0.10
N2 5.45 Cl2 0.05
SO3 1.92 Outros 0.35

3.1.4.1. Forma e constituição dos vulcões


Referimos atrás que os vulcões podem ser de vários tipos, em função da constituição das lavas
que os originam. Assim, os vulcões podem ser classificados nos seguintes tipos:
a) Vulcão em Escudo (Tipo Hawaiiano) (Fig. 4.8.a). Cratera muito aberta, com saída calma
de lava muito fluída (básica), sem actividade explosiva; as lavas arrefecem muito lentamente e
estendem-se por longas superfícies, originando cones de lava de pouca altura e de base muito
extensa. Exemplo: vulcões das Ilhas Galápagos.
b) Stratovulcão (Tipo Estromboliano) (Fig. 4.8.b). Lavas menos fluidas, com arrefecimento mais
rápido à superfície e lento no interior da chaminé; os gases têm por isso dificuldade em se escapar e só o
conseguem depois de atingirem uma certa pressão, escapando-se com alguma violência e projectando
detritos sólidos e lavas. Exemplo: vulcão Stromboli (Itália) e Monte Adams (EUA-Washington).

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Fig. 4.8.a. Esquerda: Esquema de vulcão tipo hawaiiano; Direita: Ilhas Galápagos, Oceano Pacífico

Fig. 4.8.b. Esquerda: Esquema de vulcão tipo stromboliano; Direita: Monte Adams, Washington, EUA

c) Cone de Cinzas (Tipo Vulcaniano) (Fig. 4.8.c). Semelhante ao anterior, mas com
erupções muito mais violentas e espaçadas. Exemplo: vulcão Vesúvio de Nápoles (Itália)
d) Domo (Tipo Peléano) (Fig. 4.8.d). Lavas quase sólidas (muito viscosas) que arrefecem
rapidamente, consolidando no topo e interior da chaminé, formando uma rolha com o nome de cúpula ou
domo. Os gases adquirem uma pressão enorme e as explosões são violentas, as cinzas projectadas ficam
incandescentes e rolam encosta abaixo destruindo tudo à sua passagem. A lava consolidada no interior da
chaminé pode posteriormente ser empurrada para fora formando uma agulha vulcânica. Exemplo: vulcão
do Monte Pelée, Ilha da Martinica, Caraíbas, que em 1902 destruiu a cidade de St. Pierre e um mês depois
começou a erguer-se uma agulha com 100 m de diâmetro e 500 m de altura.

Fig. 4.8.c. Esquerda: Esquema de vulcão tipo vulcaniano; Direita: Cratera Sunset, Norte do Arizona, EUA.

Fig. 4.8.b. Esquerda: Esquema de vulcão tipo peléeano; Direita: Torre do Diabo, Wyoming, EUA

Estes quatro tipos de erupções vulcânica são chamadas de erupções centrais, porque a lava sai
dum orifício na crusta. Há outros tipos de erupção, em que não há formação de cones vulcânicos, e a lava
sai ao longo de extensas fissuras na crusta. São as erupções fissurais. Este tipo de erupções só
acontecem com lavas muito fluídas (básicas) que se estendem por áreas enormes. É o caso dos basaltos

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dos Montes Libombos, que foram extruídos ao longo duma fissura N-S numa extensão que vai da
Drakensberg (KwaZulu-Natal) até ao Pafúri, bifurcando para oeste ao longo do Limpopo e para norte em direcção a
Tete (Fig. 4.9).

Fig. 4.9. Cima: Basaltos da Namaacha, representatitvos da erupção fissural


do esquema ao lado, que mostra a extensão das emissões lávicas fissurais
desta zona de África

3.1.4.2. Crateras e Caldeiras


As crateras são os orifícios por onde sai a lava. Têm uma forma de funil que liga a câmara
magmática, em profundidade, à superfície. As crateras estão alargadas no topo devido às explosões e ao
desabamento do material da cratera para o seu interior (Fig. 4.7).
As caldeiras são cratera enormes formadas quando um vulcão colapsa para o interior da câmara magmática
vazia que se situa por baixo do vulcão. As caldeiras têm geralmente algumas dezenas de quilómetros de diâmetro. A
Fig. 4.10 mostra um esquema sobre a evolução dum vulcão para caldeira.

Fig. 4.10. Esquema ilustrativo da evolução duma caldeira

3.1.4.3. Outras Manifestações Vulcânicas


Além das manifestações marcadas pela emissão de lavas, há
também manifestações vulcânicas que se caracterizam pela emissão de gases
e/ou água. As mais importantes são os geysers, dos quais o mais conhecido é
o Old Faithful (o Velho Fiel), no Yellowstone National Park dos EUA (Fig.
4.11).

3.1.4.4. Distribuição Mundial dos Vulcões


A Fig. 4.12 mostra a distribuição dos vulcões activos actuais no Mundo.
Podem considerar-se 4 zonas:
Fig. 4.11. Old Faithful,
Yellowstone National Park, EUA

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