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Rio de Janeiro
Setembro de 2016
ESTUDO SOBRE A INFLUÊNCIA DE DESGASTES ONDULATÓRIOS DE
TRILHOS NO COMPORTAMENTO DINÂMICO DE VAGÕES
FERROVIÁRIOS TIPO GÔNDOLA
Examinada por:
iii
Dedico este trabalho à minha
família.
iv
"Deus não nos chamou para
coisas fáceis, e sim possíveis."
(Heloísa Rosa)
"Aquele que tem os meus
mandamentos e os guarda esse é
o que me ama; e aquele que me
ama será amado do meu Pai, e
eu o amarei, e me manifestarei a
ele”
(Jesus Cristo: João 14-21)
“Nada que valha a pena na vida
pode ser alcançado sem trabalho,
que às vezes é enfadonho,
vagaroso e monótono, e a
Engenharia não é uma exceção.”
(Edward Shigley)
v
Agradecimentos
Primeiramente à Deus, porque sem Ele eu nada seria. Agradeço por Ele acreditar
em mim mais do que eu mesmo, pelo seu infinito amor e tão grande misericórdia;
À minha família e minha noiva, porque sem eles não seria possível eu realizar mais
um sonho. Agradeço por todo apoio que me deram nos momentos de necessidade;
Ao meu orientador, professor Max, que desde o primeiro que dia cheguei no Rio
de Janeiro me acolheu, acreditou em mim e me deu ótimas oportunidades. Agradeço
também por todos os ensinamentos e conselhos, mais do que para a vida acadêmica,
e sim para a vida inteira;
Ao amigo Márcio pelos ensinamentos e ajudas, sem as quais não poderia ter
chegado ao final desta missão;
Aos amigos de laboratório: PV, PH, César, Alexander, Fábio, Anderson, Ilmar
e André pela companhia em muitos momentos, de seriedade ou de divertimento.
Agradeço também pela contribuição que cada um me deu de alguma maneira;
Ao amigo Walace Dutra, pelo apoio, alegria e café de todos dias;
Aos funcionários Felipe Moreira e Lucas Valente da MRS Logística pela voluntá-
ria prontidão em ajudar para que a dissertação pudesse ser realizada. Agradeço pelo
tempo dispendido, pelas dúvidas retiradas e pelas informações técnicas repassadas
sem impedimentos;
Ao amigo da Unicamp Leonardo Bartalini pelo auxílio e revisão do modelo ma-
temático e programações, além de todas as dúvidas retiradas;
Ao professor Guilherme Fabiano da UFES pelo auxílio prestado com o trabalho
e informações técnicas operacionais, além do tempo despendido em ensinar;
Ao professor Luiz Silveira Lopes do IME pelos contatos repassados, que foram
imprescindíveis para a realização deste trabalho;
Aos amigos do laboratório Lavi: Jefferson, Luana e Paulo pela amizade de todos
os dias, que sei também que não poderia ter chegado ao fim sem a ajuda de vocês.
Ao amigo Fred, pela sua coorientação informal nestes últimos dias;
Aos professores e funcionários da COPPE: Verinha; Fernando Castro Pinto pe-
los ensinamentos de dinâmica; Marcelo Savi pelos ensinamentos sobre vibrações,
professor Duda pela ajuda no momento certo.
vi
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
Setembro/2016
vii
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
September/2016
The rail transport is among one of the most widely used modes worldwide, both
for cargo transport, as passenger. With the purpose of evaluating the dynamics
behavior of railroad wagons gondola type in railways with quasi-periodic irregulari-
ties, it is developed a simplified multibody system with in order to mathematically
represent the movements of the vehicle at the track excitations. The equations of
motion were developed from the theories of Newton-Euler. The equations of motion
was integrated with scientific computing software aid, by Runge-Kutta integration
method. The results obtained by the program provide the displacements and veloci-
ties of bodies, as well as the forces resulting on wheels. The examination program is
performed by comparing computer simulations results from other programs reported
in the literature, where is witnessed that there are suitable correlations. The same
vehicle is modeled using software for simulation of multibody systems. Through
this it is possible to evaluate the interaction of forces in the wheel-rail contact, by
means of the algorithm FASTSIM, and thus to obtain the tangential forces on the
contacts. The results obtained by computer simulations demonstrate the influence
of the caracteristics of irregularities in the way the dynamics behaviour of the vehicle
and present interaction forces in the wheel-rail contact.
viii
Sumário
Lista de Tabelas xx
1 Introdução 1
1.1 Relevância da pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2.1 Objetivo geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2.2 Objetivos específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3 Organização do trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2 Contextualização 6
2.1 Transporte de minério de ferro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.2 Veículos ferroviários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.2.1 Tipos de vagões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.2.2 Vagão ferroviário tipo gôndola GDT . . . . . . . . . . . . . . 9
2.3 Problema dos desgastes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.4 Causas de acidentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
3 Revisão Bibliográfica 16
4 Fundamentos Teóricos 23
4.1 Via permanente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
4.1.1 Constituintes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
4.1.2 Geometria da via e esforços atuantes . . . . . . . . . . . . . . 26
4.1.3 Irregularidades em via permanente . . . . . . . . . . . . . . . 28
4.2 Comportamento dinâmico do veículo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
4.2.1 Cinemática do truque . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
4.2.2 Amortecimento do truque . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4.2.3 Oscilações do vagão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.3 Contato roda-trilho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
4.3.1 Teoria de Hertz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
ix
4.3.2 Teoria de Kalker . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
4.4 Desgastes em trilhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
4.4.1 Tipos de corrugação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
4.4.2 Causas da corrugação e mecanismo de formação . . . . . . . . 43
4.4.3 Corrugação do tipo Carga Pesada . . . . . . . . . . . . . . . . 46
4.4.4 Corrugações em ferrovias brasileiras . . . . . . . . . . . . . . . 48
5 Modelagem Computacional 49
5.1 Modelo matemático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
5.1.1 Modelo simplificado para o vagão: . . . . . . . . . . . . . . . . 50
5.1.2 Cinemática para o vagão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
5.1.3 Equações de movimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
5.2 Determinação da rigidez e amortecimento da Suspensão secundária . 60
5.2.1 Cálculos da rigidez da suspensão secundária . . . . . . . . . . 60
5.2.2 Coeficiente de amortecimento da suspensão secundária . . . . 62
5.3 Análise modal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
5.4 Programação em MATLAB-SIMULINK . . . . . . . . . . . . . . . . 74
5.4.1 Bloco de funções do programa . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
5.4.2 Parâmetros de simulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
5.5 Verificação da programação em MATLAB-SIMULINK . . . . . . . . 80
5.5.1 Verificação do modelo desenvolvido com o modelo PAVDF . . 80
5.5.2 Verificação do modelo desenvolvido com o modelo para vagão
GDU . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
5.6 Desenvolvimento das simulações com auxílio do software Universal
Mechanism . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
5.6.1 Metodologia da solução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
5.6.2 Parâmetros para as simulações: . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
6 Resultados e Discussões 99
6.1 Comportamento dinâmico do veículo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
6.1.1 Deslocamentos verticais com vagão carregado à velocidade de
40 km/h . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
6.1.2 Deslocamentos verticais com vagão carregado à velocidade de
54 km/h . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
6.1.3 Deslocamentos verticais com vagão vazio à velocidade de 80
km/h . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
6.1.4 Comparativo entre os resultados de comportamento dinâmico 115
6.2 Forças de reação vertical nas rodas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
6.2.1 Vagão carregado à velocidade de 40 km/h . . . . . . . . . . . 116
6.2.2 Vagão carregado à velocidade de 54 km/h . . . . . . . . . . . 118
x
6.2.3 Vagão vazio à velocidade de 80 km/h . . . . . . . . . . . . . . 120
6.2.4 Comparativo entre os resultados de força total vertical máxima 122
6.3 Forças tangenciais no contato roda-trilho . . . . . . . . . . . . . . . . 124
6.3.1 Vagão carregado à velocidade de 40 km/h . . . . . . . . . . . 124
6.3.2 Vagão carregado à velocidade de 54 km/h . . . . . . . . . . . 128
6.3.3 Vagão vazio à velocidade de 80 km/h . . . . . . . . . . . . . . 131
6.3.4 Comparativo entre os resultados de forças tangenciais no con-
tato roda-trilho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
xi
Lista de Figuras
xii
4.5 Formas de irregularidades na via. Adaptado de [21]. . . . . . . . . . . 29
4.6 Desnivelamentos verticais em um trecho de uma via brasileira (Cor-
tesia MRS). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
4.7 Amortecimento da suspensão secundária: a) Posição de montagem
das cunhas na travessa central; b) Seção transversal. . . . . . . . . . . 32
4.8 Esquema de uma suspensão secundária contendo sistema de amorte-
cimento constante. Adaptado de [38]. . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
4.9 Forças atuantes na cunha de fricção. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.10 Os seis graus de liberdade de um vagão. . . . . . . . . . . . . . . . . 34
4.11 Contato de Hertz: caso geral. Adaptado de [5] . . . . . . . . . . . . . 35
4.12 Geometria do rodeiro e forças de escorregamento [5]. . . . . . . . . . 38
4.13 Trilho com desgaste no boleto [7]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
4.14 Perfilógrafo sendo utilizado para inspecionar trilhos [28]. . . . . . . . 40
4.15 Perfil vertical de trilho com desgaste. Adaptado de [28]. . . . . . . . . 40
4.16 Trilho com deformação plástica [15]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
4.17 Corrugação claramente visível [7]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
4.18 Forças verticais após passagem por junta de trilhos com abaixamento
[26]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
4.19 Mecanismo de formação da corrugação. . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
4.20 Foto de trilho com corrugações de carga pesada [27]. . . . . . . . . . 47
4.21 Perfil vertical de algumas corrugações de carga pesada [50]. . . . . . . 47
4.22 Inspeção nos trilhos na ferrovia EFVM: a) Medição da amplitude
de alguns pontos de corrugação; b) Medição do perfil do trilho com
auxílio de Miniprof [52]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
4.23 Representação gráfica de corrugações nos trilhos. Adaptado de [53]. . 48
xiii
5.10 Forma modal do segundo modo para vagão vazio e carregado e repre-
sentação dos movimentos para vagão carregado. . . . . . . . . . . . . 66
5.11 Forma modal do terceiro modo para vagão vazio e carregado e repre-
sentação dos movimentos para vagão carregado. . . . . . . . . . . . . 67
5.12 Forma modal do quarto modo para vagão vazio e carregado e repre-
sentação dos movimentos para vagão carregado. . . . . . . . . . . . . 68
5.13 Forma modal do quinto modo para vagão vazio e carregado e repre-
sentação dos movimentos para vagão carregado. . . . . . . . . . . . . 68
5.14 Forma modal do sexto modo para vagão vazio e carregado e repre-
sentação dos movimentos para vagão carregado. . . . . . . . . . . . . 69
5.15 Forma modal do sétimo modo para vagão vazio e carregado e repre-
sentação dos movimentos para vagão carregado. . . . . . . . . . . . . 69
5.16 Forma modal do oitavo modo para vagão vazio e carregado e repre-
sentação dos movimentos para vagão carregado. . . . . . . . . . . . . 70
5.17 Modelo para se determinar as frequências naturais de arfagem e vertical. 70
5.18 Distâncias dos centros de massas dos corpos ao centro de massa equi-
valente do veículo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
5.19 Características do S − function. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
5.20 Etapas para a simulação no SIMULINK. Adaptado de [61]. . . . . . . 76
5.21 Diagrama de blocos esquemático da programação. . . . . . . . . . . . 76
5.22 Diagrama de blocos do sistema no MATLAB-SIMULINK. . . . . . . 77
5.23 Diagramas de bloco de funções do bloco de entrada desenvolvidos
para: a) Simular corrugações de carga pesada; b) Teste de passagem
de veículo sobre saliências utilizado na validação do programa. . . . . 78
5.24 Via permanente contendo saliências para o teste de arfagem e verticais
[3]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
5.25 Via permanente modelada contendo saliências para o teste de arfagem
e verticais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
5.26 Reação vertical no prato pião dianteiro: a) Modelo desenvolvido; b)
Modelo PAVDF. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
5.27 Reação vertical no prato pião traseiro: a) Modelo desenvolvido; b)
Modelo PAVDF. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
5.28 Compressão do grupo de molas no truque dianteiro: a) Modelo de-
senvolvido; b) Modelo PAVDF. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
5.29 Compressão do grupo de molas no truque traseiro: a) Modelo desen-
volvido; b) comparação entre modelo PAVDF e IIT. . . . . . . . . . . 83
5.30 Desnivelamento transversal medido em trecho da EFC [9]. . . . . . . 84
5.31 Comparação entre as forças verticais na primeira roda direita do vagão
obtidas pela simulação e experimentalmente [9]. . . . . . . . . . . . . 85
xiv
5.32 Comparação entre as forças verticais na primeira roda esquerda do
vagão obtidas pela simulação e experimentalmente [9]. . . . . . . . . . 85
5.33 Força vertical por roda do rodeiro 1 para amplitude de desnivelamento
de 1,0 mm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
5.34 Força vertical por roda do rodeiro 1 para amplitude de desnivelamento
de 2,0 mm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
5.35 Força vertical por roda do rodeiro 1 para amplitude de desnivelamento
de 3,0 mm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
5.36 Fluxograma com etapas para as simulações utilizando software Uni-
versal Mechanism. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
5.37 Parâmetros do método numérico ajustados [65]. . . . . . . . . . . . . 89
5.38 Parâmetros do método numérico ajustados para tamanho de passo [65]. 90
5.39 Perfis de posição relativa [65]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
5.40 Forças de escorregamento, velocidades de escorregamento e de rotação
do plano de contato [65]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
5.41 Os contornos de comportamento (separatrix) dos experimentos de
Haines e Ollerton e a proposição de [5]. . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
5.42 Discretização da elipse de contato [65]. . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
5.43 Macrogeometria da via permanente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
5.44 Graus de liberdade do rodeiro [65]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
5.45 Vagão do tipo gôndola GDT desenhado no UM. . . . . . . . . . . . . 98
xv
6.10 Deslocamentos verticais dos centros de massas dos corpos do vagão
sob corrugação de amplitude de 0,5 mm nos primeiros 2,5 s. . . . . . 105
6.11 Deslocamento vertical dos centros de massas dos corpos do vagão sob
corrugação de amplitude de 0,5 mm após 19 s. . . . . . . . . . . . . . 105
6.12 Deslocamentos verticais dos centros de massas dos corpos do vagão
sob corrugação de amplitude de 1,0 mm nos primeiros 2,5 s. . . . . . 106
6.13 Deslocamento vertical dos centros de massas dos corpos do vagão sob
corrugação de amplitude de 1,0 mm após 19 s. . . . . . . . . . . . . . 106
6.14 Deslocamentos verticais dos centros de massas dos corpos do vagão
sob corrugação de amplitude de 1,5 mm nos primeiros 2,5 s. . . . . . 106
6.15 Deslocamento vertical dos centros de massas dos corpos do vagão sob
corrugação de amplitude de 1,5 mm após 19 s. . . . . . . . . . . . . . 107
6.16 Espectro de frequência para sinais de deslocamentos verticais dos cen-
tros de massa dos corpos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
6.17 Frequências de resposta do sistema multicorpos. . . . . . . . . . . . . 109
6.18 Deslocamentos verticais dos centros de massas dos corpos do vagão
sob corrugação de amplitude de 0,5 mm no primeiros 1 s. . . . . . . . 110
6.19 Deslocamento vertical dos centros de massas dos corpos do vagão sob
corrugação de amplitude de 0,5 mm após 19 s. . . . . . . . . . . . . . 110
6.20 Deslocamentos verticais dos centros de massas dos corpos do vagão
sob corrugação de amplitude de 1,0 mm no primeiros 1 s. . . . . . . . 111
6.21 Deslocamento vertical dos centros de massas dos corpos do vagão sob
corrugação de amplitude de 1,0 mm após 19 s. . . . . . . . . . . . . . 111
6.22 Deslocamentos verticais dos centros de massas dos corpos do vagão
sob corrugação de amplitude de 1,5 mm no primeiros 1 s. . . . . . . . 111
6.23 Deslocamento vertical dos centros de massas dos corpos do vagão sob
corrugação de amplitude de 1,5 mm após 19 s. . . . . . . . . . . . . . 112
6.24 Espectro de frequência para sinais de deslocamentos verticais dos cen-
tros de massa dos corpos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
6.25 Frequências de resposta do sistema multicorpos. . . . . . . . . . . . . 114
6.26 Força vertical total por roda do rodeiro 1 para via com corrugações
de amplitude de 0,5 mm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
6.27 Força vertical total por roda do rodeiro 1 para via com corrugações
de amplitude de 1,0 mm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
6.28 Força vertical total por roda do rodeiro 1 para via com corrugações
de amplitude de 1,5 mm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
6.29 Força vertical total por roda do rodeiro 1 para via com corrugações
de amplitude de 0,5 mm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
xvi
6.30 Força vertical total por roda do rodeiro 1 para via com corrugações
de amplitude de 1,0 mm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
6.31 Força vertical total por roda do rodeiro 1 para via com corrugações
de amplitude de 1,5 mm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
6.32 Força vertical total por roda do rodeiro 1 para via com corrugações
de amplitude de 0,5 mm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
6.33 Força vertical total por roda do rodeiro 1 para via com corrugações
de amplitude de 1,0 mm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
6.34 Força vertical total por roda do rodeiro 1 para via com corrugações
de amplitude de 1,5 mm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
6.35 Gráfico de força total vertical nas rodas comparando a influência da
amplitude de corrugação para os três condições operacionais. . . . . . 122
6.36 Força de escorregamento lateral no contato roda-trilho da roda es-
querda do rodeiro 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
6.37 Força de escorregamento longitudinal no contato roda-trilho da roda
esquerda do rodeiro 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
6.38 Força de escorregamento lateral no contato roda-trilho da roda es-
querda do rodeiro 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
6.39 Força de escorregamento longitudinal no contato roda-trilho da roda
esquerda do rodeiro 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
6.40 Força de escorregamento lateral no contato roda-trilho da roda es-
querda do rodeiro 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
6.41 Força de escorregamento longitudinal no contato roda-trilho da roda
esquerda do rodeiro 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
6.42 Força de escorregamento lateral no contato roda-trilho da roda es-
querda do rodeiro 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
6.43 Força de escorregamento longitudinal no contato roda-trilho da roda
esquerda do rodeiro 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
6.44 Força de escorregamento lateral no contato roda-trilho da roda es-
querda do rodeiro 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
6.45 Força de escorregamento longitudinal no contato roda-trilho da roda
esquerda do rodeiro 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
6.46 Força de escorregamento lateral no contato roda-trilho da roda es-
querda do rodeiro 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
6.47 Força de escorregamento longitudinal no contato roda-trilho da roda
esquerda do rodeiro 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
6.48 Força de escorregamento lateral no primeiro de contato da roda es-
querda. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
xvii
6.49 Força de escorregamento longitudinal no primeiro de contato da roda
esquerda. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
6.50 Força de escorregamento lateral no primeiro de contato da roda es-
querda. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
6.51 Força de escorregamento longitudinal no primeiro de contato da roda
esquerda. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
6.52 Força de escorregamento lateral no primeiro de contato da roda es-
querda. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
6.53 Força de escorregamento longitudinal no primeiro de contato da roda
esquerda. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
6.54 Comparativo entre as forças de escorregamento laterais para as três
condições operacionais, mostrando a influência da amplitude de cor-
rugação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
6.55 Comparativo entre as forças de escorregamento longitudinais para as
três condições operacionais, mostrando a influência da amplitude de
corrugação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
F.1 Força vertical total nas rodas do rodeiro 1 para corrugações com am-
plitude de 0,5 mm: À esquerda para a roda esquerda e à direita para
a roda direita. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 162
F.2 Força vertical total nas rodas do rodeiro 1 para corrugações com am-
plitude de 1,0 mm: À esquerda para a roda esquerda e à direita para
a roda direita. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163
F.3 Força vertical total nas rodas do rodeiro 1 para corrugações com am-
plitude de 1,5 mm: À esquerda para a roda esquerda e à direita para
a roda direita. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163
F.4 Força vertical total nas rodas do rodeiro 1 para corrugações com am-
plitude de 0,5 mm: À esquerda para a roda esquerda e à direita para
a roda direita. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 164
F.5 Força vertical total nas rodas do rodeiro 1 para corrugações com am-
plitude de 1,0 mm: À esquerda para a roda esquerda e à direita para
a roda direita. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 164
xviii
F.6 Força vertical total nas rodas do rodeiro 1 para corrugações com am-
plitude de 1,5 mm: À esquerda para a roda esquerda e à direita para
a roda direita. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 164
F.7 Força vertical total nas rodas do rodeiro 1 para corrugações com am-
plitude de 0,5 mm: À esquerda para a roda esquerda e à direita para
a roda direita. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165
F.8 Força vertical total nas rodas do rodeiro 1 para corrugações com am-
plitude de 1,0 mm: À esquerda para a roda esquerda e à direita para
a roda direita. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165
F.9 Força vertical total nas rodas do rodeiro 1 para corrugações com am-
plitude de 1,5 mm: À esquerda para a roda esquerda e à direita para
a roda direita. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165
xix
Lista de Tabelas
xx
6.10 Forças de escorregamento mínima e máxima atingida em vias com
corrugações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
6.11 Forças de escorregamento mínima e máxima atingida em vias com
corrugações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
6.12 Forças de escorregamento mínima e máxima atingida em vias com
corrugações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
6.13 Forças de escorregamento mínima e máxima atingida em vias com
corrugações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
6.14 Forças de escorregamento mínima e máxima atingida em vias com
corrugações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
6.15 Forças de escorregamento mínima e máxima atingida em vias com
corrugações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
6.16 Forças de escorregamento mínima e máxima atingida em vias com
corrugações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
xxi
Lista de Siglas
xxii
RFFSA Rede Ferroviária Federal S.A.
UM Universal Mechanism
xxiii
Capítulo 1
Introdução
1
1.1 Relevância da pesquisa
Como afirmado, aumentou-se ao decorrer dos anos as cargas transportadas e
as velocidades de operação. Entretanto, estas mudanças devem garantir que seja
garantido segurança ao transporte de cargas e passageiros, assim como conforto à
estes últimos. Consequentemente, também se tem investido em pesquisas na área,
e se tem tido resultados positivos, por exemplo, com a diminuição do índice de
acidentes. No Brasil, efetuando uma comparação entre os anos 2013 e 2014, houve
uma diminuição do índice de acidentes de 4,15% [2].
O aumento da velocidade e das cargas altera a dinâmica do contato roda-trilho
e, devido a isto, os defeitos tem aumentado muito nas últimas décadas. Os desgas-
tes evoluíram rapidamente, tornando algo preocupante para a engenharia ferroviá-
ria. Assim, com uma maior incidência de defeitos e com o rápido desgaste da via,
aumentaram-se os cuidados com a manutenção requerida pelo sistema, pois, o des-
gaste dos trilhos atingindo determinado limite, conduz a necessidade de substituição
dos mesmos [4].
Devido ao alto custo do material e da manutenção envolvidas, tem se buscado
meios de minimizar estes problemas sem afetar o desenvolvimento do sistema. Con-
sequentemente muitas pesquisas vem sendo realizadas em diversos países com estes
propósitos [4].
Muitos destes estudos envolvem o comportamento dinâmico desse tipos de trans-
porte. Um veículo ferroviário transitando em uma via férrea é um sistema dinâmico
intricado, pois envolvem muitos corpos, e consequentemente, há muitos graus de li-
berdade, o que torna este tipo de estudo bastante complexo [5]. Não se pode deixar
de citar que estão sendo desenvolvidos novos projetos para estes tipos de veícu-
los, com o intuito de aumentar a confiabilidade e a performance dos componentes.
Com isto tem se empregado novos tipos de materiais e novos conceitos, o que tem
garantido maior vida útil aos componentes submetidos a desgastes.
Assim, o estudo do comportamento dinâmico de veículos ferroviários de carga,
trafegando sob condições de vias com irregularidades devido a desgastes, é de grande
relevância para o setor ferroviário.
2
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo geral
O principal objetivo do presente trabalho é realizar um estudo das implicações
de desgastes ondulatórios em vias retas sobre o comportamento dinâmico de vagões
utilizados para o transporte de minério de ferro, analisando também as interações
entre rodas e trilhos. O estudo é direcionado para vagões ferroviários gôndola tipo
GDT, que são um dos veículos ferroviários de carga mais utilizados no Brasil.
• Encontrar as forças de reação verticais atuantes nas rodas nas diferentes con-
dições impostas e analisar as mudanças ocorridas devido às irregularidades;
3
1.3 Organização do trabalho
A dissertação é dividida em capítulos sucintamente descritos a seguir.
Capítulo 1: Introdução
Este capítulo aborda sobre a atual contribuição do setor ferroviário na economia
e descreve as relevâncias e os propósitos da pesquisa.
Capitulo 2: Contextualização
Este capítulo apresenta um panorama sobre o transporte ferroviário brasileiro
de cargas. Faz uma abordagem sobre as particularidades no transporte do minério
de ferro e também das particularidades dos veículos utilizados para este fim. Após,
é apresentada a problemática dos desgastes originados em serviço de forma sucinta
e também é apresentado um levantamento estatístico sobre os acidentes ferroviários
no Brasil e no mundo, fazendo a descrição de suas causas.
4
elaborado através das simulações, assim como as maneiras utilizadas para verifica-
ção do modelo e programações desenvolvidas. Por fim, é feita a descrição das etapas
para o desenvolvimento da modelagem do veículo e das simulações computacionais
com auxílio de software comercial.
5
Capítulo 2
Contextualização
6
Figura 2.1: Sistema de escoamento do minério de Carajás.
7
A norma brasileira de classificação de vagões, NBR 11691 [11] estabelece que a
classificação de vagões seja feita através de três letras e sete números (figura 2.2)
[11]:
Figura 2.2: Codificação para classificações de vagões segundo ABNT 11691 [10].
Tabela 2.1: Frota de vagões brasileira nos anos de 20011 e 2012 [12].
Tipo de vagão Ano de 2011 Ano de 2012
Fechado 7.973 7.926
Gôndola 43.183 45.347
Hopper 27.349 28.332
Plataforma 10.425 11.145
Tanque 6.953 6.959
Terra-trilho 101 101
Gaiola 29 29
Outros 1.097 1.096
Total 97.110 100.935
8
2.2.2 Vagão ferroviário tipo gôndola GDT
Como apresentado na seção 2.2.1, a frota de vagões em maior quantidade no
Brasil é do tipo gôndola. Segundo FALCÃO e SILVA [13] o vagão do tipo gôndola
é apropriado para o transporte de granéis sólidos como minério, carvão, produtos
siderúrgicos e outros não perecíveis. Possuem uma relação alta entre peso bruto
máximo e sua tara. A designação destes tipos de vagões dada pela ABNT é GXX
[10]. Tem-se o seguinte significado para a sigla GDT:
• G: Gôndola;
Características principais:
• Capacidade volumétrica: 35 m3 ;
9
• Corpo do veículo;
• Chassis ou superestrutura;
10
Figura 2.6: Infraestrutura e suas partes constituintes [13].
11
• Suspensão Primária: é constituída pelo rolamento e adaptador ou conjunto
caixa de eixo, que ficam localizados entre os rodeiros e as laterais do truque
[3];
12
2.4 Causas de acidentes
Segundo ANTT [17], o total de acidentes que se sucederam no Subsistema Fer-
roviário Federal no período de 2006 a 2013 foi de 8.378 acidentes, sendo divididos
pelas suas causas de acordo com o gráfico (Figura 2.8):
Figura 2.8: Total de acidentes ferroviários no Brasil entre os anos de 2006 a 2013
distribuídos por causa [79].
13
Verifica-se que as maiores causas de descarrilamento em 2014 foram devidas à:
• Via permanente;
• Fator humano;
• Fatores diversos;
• Equipamento.
14
Figura 2.11: Diagrama de Pareto dos descarrilamentos devido a equipamentos.
15
Capítulo 3
Revisão Bibliográfica
16
Figura 3.1: Modelo longitudinal de trem. Adaptado de [20].
Figura 3.2: Modelo de corpos rígidos de um veículo ferroviário usado para transporte
urbano [22].
17
e autovetores se determinam as frequências naturais do sistema. Posteriormente,
as oscilações do veículo foram medidas a partir da resolução das equações de movi-
mento, quando foram impostos deslocamentos e acelerações laterais como dados de
entrada para a dinâmica do veículo. Os dados de entrada são oriundos de experi-
mentações feitas por IYENGAR e JAISWAL [25]. Como as irregularidades possuem
natureza aleatória, elas são descritas então pelas suas Densidades de Espectro de
Potência (PSD - Power Spectrum Density)no domínio da frequência. O PSD é um
espectro de distribuição de energia, que pode ser encontrado por unidade de tempo.
VIGANICO [3] desenvolveu um programa computacional para a avaliação di-
nâmica de veículos ferroviários, denominado como Programa de Análise Dinâmica
de Veículos Ferroviários (PADVF). O modelo matemático consistiu em um sistema
multicorpos com 5 corpos, que representa um vagão boxer (Boxcar), de capacidades
70 e 100 toneladas.
Em seu modelamento, as equações de movimento dos corpos foram elaboradas
utilizando a equação de Lagrange de movimento. O programa PADVF faz a simu-
lação do modelo computacional e as acelerações são integradas numericamente pela
técnica de integração de Runge − Kutta para obter velocidades e deslocamentos do
centro de gravidade das massas do modelo. O modelo elaborado por VIGANICO
[3] é mostrado na figura 3.3:
18
Figura 3.4: Desenho esquemático em 3 vistas do modelo utilizado na modelagem
[9].
19
Figura 3.6: Carro de controle EM100 [9].
20
que conduz a perda de material de uma ou mais superfícies sólidas que estejam em
contato e em movimento relativo, como deslizamento, rolamento ou impacto [27].
Com relação aos desgastes em rodas e trilhos, muitos estudos já foram realiza-
dos no Brasil e no mundo. Segundo MACEDO [7] apud [28], os desgastes podem
ser classificados em ordinários e ondulatórios. Os desgastes ordinários podem ser
oriundos de patinação do veículo, deformação plástica na superfície de rolamento
do trilho e desgaste lateral. Os desgastes ondulatórios se desenvolvem no sentido
longitudinal do trilho e sua incidência na forma de seção do trilho é leve, cuja a sua
presença ocorre em caráter periódico [7].
GRASSIE [29] estudou os mecanismos de danos em trilhos. Ele relata que o
tipo de mecanismo de danificação de trilhos mais comum, de quase todos os tipos
de ferrovias, é o desgaste. Outro tipo de mecanismo é a deformação dos trilhos
por flexão, que acontece quando o trilho sofre uma flexão além de seu limite de
escoamento, fazendo com que o material do trilho escoe.
GRASSIE e KALOUSEK [30] fizeram uma pesquisa sobre as características, cau-
sas e tratamentos de problemas em trilhos relacionados a desgastes. Os problemas
que eles estudaram foram as corrugações em trilhos. Ele aborda sobre os tipos de
corrugações em trilhos, classificando-as a partir de suas características específicas.
São citados quais são os tipos de tratamentos que são bem sucedidos para sanarem
estes tipos de anomalias. Assim, é possível identificar um tipo de defeito presente
nos trilhos a partir do mecanismo de formação das corrugações, dos locais onde cos-
tumam aparecer, a faixa de frequências típicas e o tipo de consequência gerada pelo
fenômeno de corrugação. As corrugações serão melhor explanadas no capítulo 4.
JIN et al. [31] estudaram o efeito da corrugação em trilhos na dinâmica vertical
de veículos ferroviários. O trabalho consistiu em elaborar um modelo de um rodeiro
de veículo ferroviário se movendo em via curva, como pode ser visto na figura 3.8.
Para o cálculo da corrugação dos trilhos, foi utilizada a teoria de KALKER [24]
sobre o contato de rolamento, juntamente com um modelo matemático da perda de
material na superfície do boleto do trilho.
JIN et al. [31] afirmam que a pressão normal de contato e as velocidades de
deslizamento no contato (creepages) determinam as trações tangenciais, as regiões
onde acontecem o fenômeno de Adere-desliza (stick −slip) e a intensidade de trabalho
de atrito da região de contato, e assim as deformações plásticas que a superfície do
boleto dos trilhos e superfície das rodas sofrem.
21
Figura 3.8: Rodeiro se movimentando em via curva. Adaptado de [30].
22
Capítulo 4
Fundamentos Teóricos
4.1.1 Constituintes
A via permanente é constituída pelos seguintes elementos principais: lastro,
sublastro, dormentes e os trilhos [33]. Na figura 4.1 são mostrados os elementos
constituintes da via:
Lastro e Sublastro:
O lastro é a parte da superestrutura da via férrea situado entre os dormentes e o
sublastro. A função principal do lastro é a de distribuir adequadamente os esforços
resultantes das cargas dos veículos sobre o sublastro, também conhecido como plata-
forma. Esta distribuição faz diminuir o trabalho resultante sobre a plataforma [33].
23
Além desta função principal pode-se citar ainda quatro outras funções, também de
grande importância [33]:
Dormentes:
Os dormentes são os responsáveis pelo apoio dos trilhos e por manter a medida
(bitola), o nivelamento e o alinhamento entre os mesmos constantes. Os dormentes
transmitem as forças verticais, laterais e longitudinais que atuam nos trilhos. Os
dormentes transmitem esses esforços para o lastro. Eles também devem prover
isolamento elétrico entre os dois trilhos [5]. A fim de cumprir esses propósitos, é
necessário que:
24
• As dimensões, no comprimento e na largura, forneçam uma superfície de apoio
adequado para que a taxa de trabalho no lastro não ultrapasse certo limite;
• Possua boa resistência aos esforços e uma espessura que lhe provenha rigidez,
porém não excessiva, para não prejudicar sua elasticidade;
Trilhos:
Segundo BRINA [33], o trilho é o elemento da superestrutura que constitui a
superfície de rolamento para as rodas dos veículos ferroviários. Ele suporta e dis-
tribui os esforços transmitidos pelo trem ou devido aos efeitos das dilatações. Os
trilhos também contribuem para a rigidez longitudinal da linha [34]. Para que o
mesmo exerça sua função é necessário que possua dureza, tenacidade, elasticidade
e resistência à flexão. A grande maioria dos trilhos fabricados em todo mundo é
feito de aço carbono, embora existam também trilhos fabricados em aço-liga. As
especificações americanas para os trilhos de aço-carbono, que são seguidas no Brasil,
estabeleçam a seguinte composição química (tabela 4.1) [33]:
25
Figura 4.2: Seção transversal de trilho TR-68 [34].
Simbologia:
• C (Boleto): 72 mm;
• Tangentes e curvas;
• Bitola;
• Superelevação.
Vias tangentes são segmentos de reta que unem duas curvas, tangenciando-as em
projeção horizontal. Se não forem geometricamente corretas podem causar proble-
mas ao comportamento dinâmico do vagão ferroviário. As curvas são responsáveis
pelas restrições impostas a certos movimentos dos trens devido às suas característi-
cas geométricas e os efeitos físicos gerados pela passagem de composições [36].
26
A bitola é a distância entre as faces internas das duas filas de trilhos, medida a
12 mm abaixo do plano de rodagem, que é o plano constituído pela face superior
dos trilhos. No Brasil, pelo Plano Nacional de Viação, a bitola padrão é a de 1,60
m, chamada de “bitola larga”. A seguir na figura 4.3 é mostrada a dimensão da
bitola de trilhos (G) [34].
Esforços atuantes:
Os esforços atuantes nos trilhos podem ser classificados em verticais, longitudi-
nais e transversais [38]. Estes esforços são descritos a seguir [33]:
27
Esforços verticais – São os esforços que têm direção normal ao plano dos tri-
lhos. Estes esforços podem ser estáticos, quando a carga é originada pelo peso dos
veículos. Podem ser originados por forças centrífugas verticais, quando originadas
por qualquer massa excêntrica do material rodante, dotada de movimento de rota-
ção. Alguns esforços verticais são gerados devido às irregularidades da via, estas
irregularidades podem ser causadas por defeitos em juntas dos trilhos.
Outros tipos fazem com que o veículo possua certos movimentos característicos
como: movimento de galope, movimento de trepidação e movimento de balanço.
Estes movimentos geram esforços que sobrecarregam os eixos e as rodas. Além das
irregularidades na via, defeitos nas rodas como calos, ocasionam choques nas vias,
que aumentam a carga estática e geram os “martelamentos” nos trilhos.
Esforços transversais – Estes esforços podem ser causados em vias curvas, que
devido a força centrífuga não compensada pela superelevação do trilho externo,
produz um esforço transversal no referido trilho. Esforços transversais podem ser
causados ainda por movimentos de lacêt, que fazem com que as rodas se movimentem
lateralmente se chocando nos trilhos, quando existirem irregularidades na via ou no
material rodante.
28
Figura 4.5: Formas de irregularidades na via. Adaptado de [21].
29
4.2 Comportamento dinâmico do veículo
4.2.1 Cinemática do truque
Segundo BARBOSA [40], o rodeiro com rodas cônicas, ligadas rigidamente en-
tre si, possui a propriedade de auto-guiamento, o que faz com que o rodeiro fique
centralizado em retas e que possibilita ao mesmo realizar curvas. Quando o veículo
trafega pela via com irregularidades, este fica sujeito a excitação que o tira do equi-
líbrio. Como as rodas são cônicas, o conjunto mecânico formado com o restante da
suspensão induz a centralização do rodeiro, o que garante o direcionamento, porém,
este produz um sistema dinâmico de direcionamento com modos de movimento e
amortecimento modal.
O rodeiro consegue realizar uma curva quando o mesmo se desloca lateralmente
em relação aos trilhos, o que produz diferentes raios de rolamento entre as rodas por
causa da conicidade da pista de rolamento. O raio de inscrição por rolamento puro
de rodeiro é função direta do raio da roda rn , distância G entre os trilhos (bitola)
e inversa da conicidade γ. Para uma curva de raio R, o deslocamento lateral Y
necessário para a realização da inscrição por rolamento puro é dado pela seguinte
fórmula [40]:
Grn
Y = (4.1)
2Rγ
Os rodeiros possuem um movimento oscilatório em linha reta devido a conici-
dade das rodas e a tendência de auto centralização do rodeiro nos trilhos. Segundo
IWNICKI [5], KLINGEL [41] em 1883 fez a primeira análise matemática da oscila-
ção cinemática de um rodeiro e deu a relação entre o comprimento de onda λ0 e a
conicidade da roda γ, raio da roda rn , e a distância lateral entre os pontos de con-
tato G (bitola). BROERSEN [42] fez uma descrição da cinemática deste fenômeno
considerando o rolamento puro e descrevendo uma fórmula para o comprimento de
onda fundamental para o movimento de lacê (hunting), explicado posteriormente na
seção 4.2.3. O comprimento de onda é inversamente proporcional à raiz quadrada
da conicidade. A fórmula de KLINGEL [41] é dada pela seguinte equação 4.2:
?
rn G
λ0 = 2π (4.2)
2γ
30
• V = Velocidade do veículo (m/s);
• λ0 = Comprimento de onda (m);
• rn = Raio de rolamento das rodas no equilíbrio (m);
• G = Bitola da via (m);
• γ = Conicidade da roda (Ex.: 1/20).
31
Figura 4.7: Amortecimento da suspensão secundária: a) Posição de montagem das
cunhas na travessa central; b) Seção transversal.
32
Figura 4.9: Forças atuantes na cunha de fricção.
Onde:
Na direção vertical:
O truque de 3 peças do vagão GDT pode possuir qualquer um dos dois sistemas.
Porém para o presente trabalho, o amortecimento será modelado como sendo de
amortecimento constante. Para a determinação do amortecimento do truque será
calculado o coeficiente de amortecimento equivalente viscoso, que será explicado na
seção 5.2.
33
são chamadas de "oscilações parasitas". Estas oscilações afetam as forças verticais
Q e forças laterais Y.
Um vagão contém até seis graus de liberdade, sendo três translacionais e os
outros três rotacionais. Os eixos são considerados da seguinte forma [44]:
Sendo assim, o vagão possui seis graus de liberdade, ou modos de oscilação, que
são mostrados na figura 4.10 e tabela 4.2.
34
• Auto-excitadas - Estes são devidos a conicidade da roda;
35
A teoria de Hertz é utilizada para o problema de contato roda-trilho para se
poder determinar o formato da área de contato e a deformação local das superfícies
dos trilhos e rodas, na região de contato [5]. Segundo BARBOSA [40], a superfície
dos corpos deve ser adequadamente identificada e descrita. O perfil é caracterizado
de forma discreta por pares ordenados de pontos em coordenadas cartesianas.
• N = Forças normais;
36
• Deflexão do trilho sobre cargas em movimento a partir das rodas;
• Tensão de contato.
Segundo IWNICKI [5], KALKER [45] desenvolveu uma teoria linear do contato
de rolamento. Nesta teoria, considera-se que dois corpos possuem um contato de
Hertz e que as forças de escorregamento estão em função das velocidades relativas
dos corpos rígidos, velocidades estas próximas ao ponto de contato, já definido como
velocidade de escorregamento.
As equações que descrevem as forças são [45]:
Fx = −G a b c11 vx (4.7)
Onde:
37
vx − rw vx − (r0 + ∆r)w
vxl = ≈ (4.10)
0 .5 (vx + rw) vx
∆r
vxl = − (4.11)
r0
No caso de um rodeiro com rodas perfeitamente cônicas, a velocidade de escor-
regamento longitudinal para a roda esquerda se torna:
∆r = γy (4.12)
Então:
∆r
vxl = − (4.13)
γy
Dc Dc
Mz = Fxl − Fxr (4.15)
2 2
38
Na área de contato há também a formação de uma velocidade de escorregamento
de rotação (spin creepage). Devido a rotação relativa existente da região de contato
ao redor do eixo normal de contato, é gerado um binário φ, como pode ser visto
na figura 4.12. Este pode ser desprezado em comparação com o momento Mz das
forças longitudinais. Entretanto a velocidade de escorregamento de rotação gera
uma força lateral que não pode ser desprezada quando o ângulo de contato se torna
grande [5].
39
Na figura 4.14 é mostrado um perfilógrafo sendo utilizado para a inspeção e na
figura 4.15 um exemplo de perfil vertical do desgaste de um trilho [29].
• Ordinários;
• Ondulatórios.
40
Os desgastes verticais são oriundos de abrasões das rodas e por corrosão devido
à intempéries, e esta é uma causa de perda de material do trilho, em vias de tráfego
muito intenso. Os desgastes laterais ocorrem principalmente nas curvas, acentuando-
se nos de raio pequeno, assim como em retas onde há irregularidades da via férrea.
Esses desgastes devem-se à pressão horizontal dos flanges das rodas (frisos) contra
a face lateral do boleto [28].
A deformação plástica se inicia pela formação de uma ranhura no lado interno do
boleto, debaixo da zona coberta pelo flange. Avançando o desgaste, se forma uma
reborda que sobressai pela parte exterior do boleto. Pode haver desprendimento
de finas lâminas de aço da superfície de rodagem do trilho, formando lascas que
sobressaem pela borda interior do boleto [28]. Na figura 4.16 é mostrado um
exemplo de trilho com deformações plásticas [15]:
41
BRINA [33] afirma que a causa desse desgaste parece ser originada por vibrações
produzidas nos trilhos, durante a passagem do veículo sobre os mesmos, fazendo
variar o grau de aderência e pressão nas partes de contato, o que leva a uma variação
na velocidade angular da roda e uma série de deslizamentos elementares, que geram
nos trilhos o desgaste ondulatório.
Este tipo de desgaste pode causar a degradação dinâmica da disposição geomé-
trica da via, fadiga dos trilhos que levam a propagação de defeitos internos, afrou-
xamento e desgaste das fixações, desenvolvimento de trincas e quebra de dormentes,
além do efeito negativo nos elementos de suspensão dos veículos por ressonância
e aumento substancial da contaminação sonora ambiental e também no interior do
veículo ferroviário. A corrugação leva então a uma maior periodicidade de manuten-
ção requeridas na via e nos veículos, aumento da resistência à tração, submissão dos
trilhos à vibrações, reduzindo o conforto na viagem, além de provocar uma maior
poluição sonora [49].
Segundo JIN et al. [31], algumas vezes uma corrugação mais severa do trilho
pode levar ao acidente como descarrilamento. Através de seus equacionamentos foi
encontrado uma grande influência da corrugação do trilho nas vibrações verticais de
ambos veículos e trilhos. O desenvolvimento das corrugações deve ser controlado,
pois aumenta a carga dinâmica provocada pelas rodas, o que faz aumentar a taxa de
evolução de deteriorações e falhas em diversos componentes de via e veículos como
[15]:
• Soldas;
• Juntas de trilho;
• Rodas e rolamentos.
42
• Onda curta (Short pitch) – com comprimentos de onda na faixa de 30 mm à
90 mm;
43
tensões, que finda na deformação plástica do material. Os fatores que podem causar
a corrugação podem ser:
• Passagem das rodas da extremidade de um trilho mais alto para outro mais
abaixo, nas juntas, o que gera cargas de impacto;
GRASSIE [52] em sua pesquisa afirma que a corrugação pode ser causada, por
exemplo, pelas respostas dinâmicas do veículo ferroviário devido a abaixamentos nas
juntas soldadas, que proporcionam uma variação periódica da força existente entre
roda e trilho, e que possui amplitude suficiente para deformar os trilhos plastica-
mente por flexão.
Para IWNICKI [5], as cargas de impacto resultam de movimentos dinâmicos
bruscos do veículo ferroviário. As forças envolvidas nas respostas dinâmicas e im-
pactos são classificadas em duas categorias: Forças P1 e Forças P2. Na figura 4.18
é mostrado um gráfico das forças verticais P1 e P2 originadas quando um veículo
ferroviário passa de um trilho para outro, com abaixamento dos trilhos na junta [27].
Figura 4.18: Forças verticais após passagem por junta de trilhos com abaixamento
[26].
As forças P1 são as forças de impacto. Elas são classificadas como aquelas que
surgem em frequências na faixa de 100 Hz à 2000 Hz. Elas se originam devido
a irregularidades na superfície do boleto ou outros defeitos em trilhos. Pode ser
causado também por defeitos nas rodas. Elas produzem forte impacto tanto nos
44
trilhos, quanto nas rodas. Sendo um impacto, P1 acontece em um intervalo de tempo
muito curto, na faixa de 0,25 s à 0,5 s, gerando então uma força de alta frequência.
Neste ponto, os trilhos e os dormentes resistem ao movimento para baixo das rodas
e consequentemente a região de contato entre roda e trilho é comprimida [27].
A força P1 é responsável pelo efeito de martelamento em trilhos depois de um
veículo passar por uma folga entre as extremidades de dois trilhos e também res-
ponsável por altas tensões na alma dos trilhos. Ela contribui também para falhas
em furos de juntas aparafusadas e formação e propagação de trincas em dormentes
de concreto. P1 pode atingir valores até 3,5 vezes maior do que a carga estática
imposta pela roda sobre o trilho [27].
As forças P2 correspondem àquelas decorrentes dos movimentos das massas não
suspensas do veículo. São classificadas em frequências na faixa de 30 Hz à 100 Hz. As
forças P2 possuem uma amplitude menor e tempo de duração maior em comparação
com força P1. Elas aumentam as tensões de contato, contribuem para a faixa de
tensões experimentada pela alma do trilho e pelos furos das juntas parafusadas, e
também contribuem para a deterioração da geometria da via. Com relação a carga
estática imposta pela roda sobre o trilho, as forças P2 podem ser até 2,5 vezes
maior [27]. No trabalho de GRASSIE [52], estas forças são geradas em frequências
relativamente baixas, em torno de 30 Hz para um comprimento de onda típico de
0,7 m e a uma velocidade de 80 km/h.
45
O mecanismo de fixação do comprimento de onda (wavelenght − fixing
mechanism) depende do perfil inicial do trilho e das trações, atritos etc. O perfil
longitudinal inicial do trilho excita o referido mecanismo, este representa o compor-
tamento dinâmico do sistema veículo trilho. O mecanismo de fixação não somente
afeta o comprimento de onda, mas também a posição de uma possível corrugação ao
longo dos trilhos, outros parâmetros e particularmente as forças tangenciais entre a
roda e o trilho (tração) e o limite aceitável dessas forças (atrito) tem algum efeito
na dinâmica do mecanismo.
A faixa de frequências aproximadas que é associada ao mecanismo de fixação
do comprimento de onda é tabelado, já que se descobriu que todos os tipos de
corrugação são fenômenos que acontecem essencialmente a frequências constantes.
O comprimento de onda em um local específico é calculado de acordo com a equação
4.16:
v
λ= (4.16)
f
46
Figura 4.20: Foto de trilho com corrugações de carga pesada [27].
47
4.4.4 Corrugações em ferrovias brasileiras
Em uma pesquisa realizada na Estrada de Ferro Vitória Minas (EFVM) por
VINCENZI et al. [54], as corrugações em trilhos foram inspecionadas e mensuradas
a fim de realizar um diagnóstico dos mesmos. Nesta pesquisa, foi realizado um
mapeamento nos pontos mais críticos ao longo da ferrovia.
Através da inspeção, como pode ser visualizado na figura 4.22a, pôde ser mensu-
rado a amplitude da corrugação em alguns pontos. Nos que foram priorizados, com o
auxílio de um equipamento para medição de perfil de trilhos, denominado Miniprof,
os pontos mais altos (picos) e os mais baixos (vales) ao longo da corrugação foram
medidos para a determinação da amplitude e comprimento de onda (figura 4.22b).
A figura 4.23 abaixo mostra o perfil dos trilhos em um ponto de medição (km 83 +
310) [54]:
48
Capítulo 5
Modelagem Computacional
Dinâmica de veículos:
49
• Modelos de trem em curvas - Esses modelos são usados para calcular a dinâ-
mica ou forças quase-estáticas de um veículo que são introduzidos durante a
negociação de uma curva.
Dinâmica de trens:
50
Figura 5.2: Desenho em Cad do modelo simplificado do vagão.
Graus de liberdade:
O sistema multicorpos simplificado é constituído de 8 graus de liberdade e
considera-se que o veículo se mova apenas em linha reta e a velocidade constante.
Os graus de liberdade dos corpos são os seguintes:
51
5.1.2 Cinemática para o vagão
Neste tópico é desenvolvido o estudo da cinemática do vagão considerando apenas
movimentos verticais e de inclinação ao redor do eixo y. Através do estudo da
cinemática se buscou definir as posições de centro de massa dos corpos com relação
ao sistema de referência inercial, as posições dos pontos de contato das rodas com
os trilhos e as posições dos centros dos pratos piões. Estes últimos são importantes
para a determinação das forças e momentos atuantes nos truques e corpo do vagão.
Primeiramente, as posições dos pontos de interesse são determinadas inicial-
mente pelas posições de equilíbrio estático dos corpos. Estas posições dependem da
carga sobre o vagão, que aqui será estudado como vagão vazio e vagão totalmente
carregado. Elas são tomadas em relação a um sistema de referência considerado
como inercial. Este se situa a frente do vagão à uma distância l1 do centro de massa
do truque dianteiro, no eixo x, e estando ao nível vertical da superfície do boleto.
A figura 5.4 mostra um desenho esquemático do modelo do vagão, mostrando os
sistemas de referência dos corpos, centros de massa e as posições dos pontos de
interesse.
Figura 5.4: Posições dos centros de massa, sistemas de referência dos corpos e
principais dimensões do vagão gôndola GDT.
Simbologia:
52
• p1 , p2 = Centro dos pratos piões.
As dimensões das posições de equilíbrio dos centros de massa dos corpos e posição
dos centros dos pratos piões, tanto para vagão vazio quanto carregado são descritos
no apêndice A2.
53
Onde:
54
• q3 = Coordenada generalizada da posição do cm da travessa central dianteira;
• q4 = Coordenada generalizada da posição do centro do prato pião.
I oT 1 /oI
p = (l1, 0, q1(t) + cmT ) (5.1)
I B1/oI
p =I poT 1 /oI +I T T 1 ∗T 1 pB1/oT 1 (5.2)
Sendo:
T 1 B1/oT 1
p = (0, 0, q3(t) + dT B ) (5.3)
I p1/oI
p =I pB1/oI +I T T 1 ∗T 1 pp1/B1 (5.4)
Sendo:
T 1 p1/B1
p = (0, 0, q4(t) + dBp ) (5.5)
I pc1 /oI
p =I poT 1 /oI +I T T 1 ∗T 1 pR1/oT 1 +I pr.roda (5.6)
Sendo:
T 1 R1/oT 1
p = (−wb, 0, −cmT + r) (5.7)
I
pr.roda = (0, 0, −r) (5.8)
I pc2 /oI
p =I poT 1 /oI +I T T 1 ∗T 1 pR2/oT 1 +I pr.roda (5.9)
Sendo:
55
T 1 R2/oT 1
p = (wb, 0, −cmT + r) (5.10)
Onde:
• R1z , R2z , R3z , R4z = Reação vertical resultante dos trilhos nos pontos de
contato roda trilho dos rodeiros;
• Fcs1 , Fcs2 = Forças de amortecimento da da suspensão secundária dos truques;
• Fkp1 , Fkp2 = Forças de reação dos pratos piões;
• PT 1 , PT 2 = Forças peso dos truques;
• PB1 , PB2 = Forças peso das travessas;
• Pv = Força peso do corpo do vagão.
56
Como afirmado, as posições iniciais dos centros de massa dos corpos são tomadas
pelas suas posições de equilíbrio estático. Para a condição de o veículo trafegar em
uma via reta, sem irregularidades e sem inclinações esta convenção é verdadeira,
isto é, as posições dos centros de massas dos corpos em equilíbrio dinâmico serão
aproximadamente iguais as posições das mesmas no equilíbrio estático. Esta consi-
deração também é confirmada através das simulações feitas com o sistema posto a
oscilar livremente fora da sua posição de equilíbrio.
Em uma situação de equilíbrio estático, cada corpo do sistema se posicionará
em uma posição denominada de posição de equilíbrio estático, na qual as forças das
molas e rigidez dos materiais estarão dirigidas para cima. Estas forças equilibram
exatamente as forças gravitacionais dirigidas para baixo, que agem sobre cada massa
[56]. Na posição de equilíbrio estático, as molas do sistema modelado possuem
deflexões estáticas, que são as deformações elásticas devido aos pesos dos corpos.
Isso faz com que as molas já apresentem deslocamentos iniciais e consequentemente
forças inicias que se equilibram com as forças devido aos pesos dos corpos. Isto quer
dizer que quando a massa se movimenta em uma direção vertical, podemos ignorar
seu peso, contanto que Z seja medido em relação à sua posição de equilíbrio estático.
A seguir são mostrados as equações de movimento elaborados por Newton-Euler,
separados pelos corpos. Nota-se que foram emitidos as forças peso das equações:
Truque dianteiro:
m1 z¨1 − cz˙2 + cz˙1 + ks z2 + (ks + 2ktr )z1 = ktr ze1 + ktr ze2 (5.11)
Iy1 φ¨1 + (2ktr wb2 + ks dm2 )sen(φ1 ) = wb ktr ze2 − wb ktr ze2 (5.12)
Corpo do vagão:
57
m4 z¨4 + cz˙5 − cz˙4 − ks z5 + (kp + ks )z4 − kp z3 + kp mET sen(φ2 ) = 0 (5.16)
Truque traseiro:
m5 z¨5 + cz˙5 − cz˙4 + (ks + 2ktr )z5 = kt rze3 + ktr ze4 (5.17)
Iy3 φ¨3 + (2ktr wb2 + ks dm2 )sen(φ3 ) = wb ktr ze4 − wb ktr ze3 (5.18)
Onde:
58
observação importante sobre a modelagem é que se considera que os trilhos do lado
esquerdo e direito da via possuem corrugações em fase.
Sobre cada conjunto rodeiro atua uma função de excitação que representa o
perfil dos trilhos em um determinado instante de tempo. As funções de excitações
para cada rodeiro estão inseridos nas equações de movimento como Ze1 , Ze2 , Ze3 e
Ze4 . Elas são descritas da seguinte maneira:
2πv
Ze1 = Asen( t) − A (5.20)
λ
2πv
Ze2 = Asen( t + θ1 ) − A (5.21)
λ
2πv
Ze3 = Asen( t + θ2 ) − A (5.22)
λ
2πv
Ze4 = Asen( t + θ3 ) − A (5.23)
λ
e:
4πwb
θ1 = (5.24)
λ
2πET
θ2 = (5.25)
λ
2π(ET + 2wb)
θ3 = (5.26)
λ
No apêndice D são mostrados as equações de movimento desenvolvidos para o
modelo do vagão com apenas 3 corpos, com o auxílio do software Maple. Este
modelo mais simples, porém foi desenvolvido pelo método de Kane para efeitos
de comparação dos resultados das simulações do comportamento dinâmico. No
apêndice E é apresentado um exemplo desta comparação, para a posição absoluta
do centro de massa do truque dianteiro.
59
5.2 Determinação da rigidez e amortecimento da
Suspensão secundária
5.2.1 Cálculos da rigidez da suspensão secundária
A suspensão secundária é constituída de um grupo de molas helicoidais externas
e internas, dispostas em cada lateral do truque, como exibido na figura 2.7. A
quantidade e disposição das molas seguem normas ferroviárias e dependem do veículo
e carga que deve suportar. O padrão das molas do truque utilizado no vagão GDT
é a D3. No apêndice A4 são apresentadas as dimensões e disposições das molas
externas e internas.
Os módulos de rigidez das molas foram determinados através de ensaio de com-
pressão em máquina universal de ensaios. Foram avaliadas individualmente as molas
interna e externa e o conjunto composto de mola interna e externa, em arranjo con-
cêntrico. Na figura 5.7 é mostrado a mola interna durante o ensaio de compressão,
para determinação do módulo de rigidez. Já na figura 5.8, pode ser visto as curvas
obtidas para as molas interna e externa e o conjunto de molas.
60
Figura 5.8: Gráfico de carga versus deslocamento usados para determinação dos
módulos de rigidez das molas.
Tabela 5.1: Módulos de rigidez das molas e deflexão das molas e do conjunto de
molas (interna + externa) medidos.
Tipo de mola Deflexão medida Deflexão especificado K mola
Interna 32,76 mm 30,71 mm 3,012 E5 N/m
Externa 75,74 mm 76,85 mm 7,509 E5 N/m
Conjunto 107,4 mm 107,57 mm 1,052 E6 N/m
Onde:
61
5.2.2 Coeficiente de amortecimento da suspensão secundá-
ria
O amortecimento do truque, apesar de ser um sistema de amortecimento por
atrito não-linear, pode ser calculado um coeficiente de amortecimento equivalente
viscoso. De acordo com VIGANICO [3], o coeficiente é proveniente do princípio
de energia de dissipação para perdas do atrito de Coulomb e por perdas devido ao
amortecimento viscoso linear. A força de atrito em um amortecedor não linear é
igual à:
2π
T = (5.32)
ω
Já para um amortecedor linear, a força de atrito é igual à:
FT = C ẋ (5.33)
62
Depois de se resolver a integração definida se tem:
WIEBE [58] em seu trabalho, através de testes conseguiu atestar que o modelo
linear e o não linear podiam possuir a mesma energia de dissipação, desde que
tivessem a mesma amplitude de oscilação de amortecimento e sobre o mesmo período
de tempo de experimentos. Assim, igualando a equação 5.36 com a equação 5.31 se
tem:
? T
2
πA ωC = Aω FT (x, ẋ)cos(ωt)dt (5.37)
0
1 ?T
C= FT (x, ẋ)cos(ωt)dt (5.38)
πA 0
V
fexc = (5.39)
dt
Onde:
2FT dt
C= (5.40)
Aπ 2 V
63
Além disso, como cada truque possui 4 cunhas de fricção, que são dispostas em
paralelo, pode-se considerar que para pequenas inclinações de arfagem e rolagem, o
valor de amortecimento total seja igual à:
Ctruque = 4C (5.41)
Onde:
64
x
1
..
?x = . (5.43)
xn
x˙
1
.
?x˙ = ..
(5.44)
x˙n
x¨
1
¨ ..
?x = . (5.45)
x¨n
65
Primeiro modo de vibração:
Figura 5.9: Forma modal do primeiro modo para vagão vazio e carregado e repre-
sentação dos movimentos para vagão carregado.
Na figura 5.9 é observado que para o primeiro modo de vibração se tem movi-
mento vertical das travessas dianteira e traseira em sentidos inversos, tanto para
o vagão estando vazio ou carregado, com mesmas amplitudes. Verifica-se que as
frequências de vibração são de 101,85 Hz e 96,56 Hz para vagão carregado e vazio
respectivamente. Verifica-se também que para a condição de vagão vazio há uma
pequena oscilação de movimento de arfagem para o corpo do vagão.
Figura 5.10: Forma modal do segundo modo para vagão vazio e carregado e repre-
sentação dos movimentos para vagão carregado.
66
Para o segundo modo de vibração (figura 5.10), também se verifica movimentos
verticais apenas das travessas centrais. Entretanto, neste modo, as travessas se
movimentam em fase. A diferença destas oscilações entre as condições de vagão
vazio e carregado reside na frequência, que é de 101,42 Hz para vagão vazio e 96,32
Hz para vagão carregado. Outra diferença é que para vagão vazio há oscilações
verticais do corpo do vagão, no sentido inverso ao das travessas.
Figura 5.11: Forma modal do terceiro modo para vagão vazio e carregado e repre-
sentação dos movimentos para vagão carregado.
67
Quarto modo de vibração:
Figura 5.12: Forma modal do quarto modo para vagão vazio e carregado e repre-
sentação dos movimentos para vagão carregado.
Figura 5.13: Forma modal do quinto modo para vagão vazio e carregado e represen-
tação dos movimentos para vagão carregado.
68
Sexto modo de vibração:
Figura 5.14: Forma modal do sexto modo para vagão vazio e carregado e represen-
tação dos movimentos para vagão carregado.
Figura 5.15: Forma modal do sétimo modo para vagão vazio e carregado e represen-
tação dos movimentos para vagão carregado.
69
Oitavo modo de vibração:
Figura 5.16: Forma modal do oitavo modo para vagão vazio e carregado e represen-
tação dos movimentos para vagão carregado.
70
Onde:
71
Iy? z ? = Iyz + mDy Dz (5.51)
Figura 5.18: Distâncias dos centros de massas dos corpos ao centro de massa equi-
valente do veículo.
Sendo:
72
• Dx2 = Distância horizontal entre o centro de massa da travessa central e o
centro de massa equivalente do veículo;
• Dz1 = Distância vertical entre o centro de massa do truque e o centro de massa
equivalente do veículo;
• Dz2 = Distância vertical entre o centro de massa da travessa central e o centro
de massa equivalente do veículo.
2 2 2 2
IVe = [Iytruque.diant. − mV e(Dz1 + Dx1 )] + [Iytruque.tras. + mV e(Dz1 + Dx1 )]
(5.54)
2 2 2 2
+[Iytrav.diant. + mV e(Dz2 − Dx2 )] + [Iytrav.tras. + mV e(Dz2 − Dx2 )]
1 1 1
= + (5.55)
Kve Ks Kp
Onde:
• K11 = 2 Kve ;
73
• K12 = (met - met ) Kve ;
• K21 = (met - met ) Kve ;
• K22 = (met 2 - met 2 ) Kve .
74
atuantes. Assim, através da programação é possível plotar resultados do comporta-
mento dinâmico do sistema multicorpos, assim como as forças atuantes. Para isto, é
utilizada a ferramenta S − function do programa. O S − function é uma descrição
de linguagem computacional de um sistema dinâmico. O seu uso mais comum é
para criar blocos do SIMULINK personalizados [61]. Suas aplicações podem ser:
(Saída)
y = f0 (t, x, u) (5.57)
(Derivação)
ẋc = fd (t, x, u) (5.58)
(Atualização)
xdk+1 = fu (t, x, u) (5.59)
Onde: x = xc +xd
75
Figura 5.20: Etapas para a simulação no SIMULINK. Adaptado de [61].
76
O bloco Entradas corresponde ao vetor de entradas do sistema, que compreende
as excitações do sistema multicorpos devido as irregularidades da via. O bloco
S − function é o responsável pela integração das equações de movimento do modelo
no espaço de estados, fazendo a contínua atualização dos estados discretos até que
a simulação seja finalizada.
Após o bloco do S − function existe as saídas do sistema, que contém os blocos
responsáveis pela plotagem dos deslocamentos dos centros de massa e inclinações de
arfagem dos corpos e os blocos que se destinam a plotagem das forças de reação entre
os corpos e das forças verticais totais atuantes nas rodas nos pontos de contato com
os trilhos. Na figura 5.22 é mostrado o diagrama de blocos do sistema multicorpos
feito no MATLAB-SIMULINK.
Bloco de Entrada:
O bloco de entrada é usado para se inserir as funções de excitação nas rodas,
mostrados na seção 4.1.3. A figura 5.23 a seguir mostra os blocos de função do
bloco de entrada.
O diagrama de blocos mostrado na figura 5.23a foi desenvolvido para as simu-
lações do veículo transitando em vias corrugadas. Nos blocos de funções trigono-
métricas são impostas as funções de excitação Ze1 , Ze2 , Ze3 e Ze4 , já demonstradas
respectivamente pelas equações 5.20, 5.21, 5.22 e 5.23 na seção 5.1.3. Na figura
77
5.23b é visualizado o bloco de funções desenvolvido para o teste de passagem do veí-
culo sobre irregularidades denominadas de saliências (bump), mostrado adiante para
o teste de verificação do programa. Este consiste na simulação do veículo passando
por duas saliências consecutivas na via.
Como as funções de excitação representam o perfil longitudinal dos trilhos com as
irregularidades quase-senoidais, explicadas no item 5.1.3, estes devem ser definidos
pela amplitude, frequência da onda e comprimento de onda. As amplitudes são as
estabelecidas para as corrugações, as frequências são dependentes da velocidade do
veículo. Para o comprimento de onda foi estabelecido o valor máximo da faixa de
comprimento de onda para o defeito de corrugação de carga pesada, isto é:
λ = 0, 300 m (5.60)
Blocos de força:
Os blocos de forças são blocos de funções que servem para calcular as forças
verticais totais nas rodas, forças nos pratos piões, forças na suspensão secundária e
deslocamento da suspensão secundária. Este consiste de blocos funcionais de ganho,
soma e constantes, que são inseridos para calcular as forças verticais totais por roda
atuantes no contato roda-trilho, assim como as demais forças citadas. Verificou-se
que os resultados de força obtidos pelo programa não são adequados para amplitudes
de corrugação acima de 2,0 mm.
78
5.4.2 Parâmetros de simulação
Para a integração numérica das equações de movimento foi utilizado a rotina
ODE45. Este usa um algoritmo que utiliza simultaneamente as fórmulas de Runge-
Kutta de quarta ordem e quinta ordens para resolver equações diferenciais ordinárias
e fazer estimativas do erro para ajuste do tamanho de passo. O método de Runge-
Kutta de quarta ordem obedece à seguinte equação [62]:
1
yi+1 = yi + (k1 + 2k2 + 2k3 + k4 )h (5.61)
6
Sendo k1 , k2 , k3 e k4 valores constantes, denominados de inclinações, que são
obtidos a partir do cálculo de inclinação em diferentes pontos no interior de um
subintervalo. O valor h é o passo de integração adotado [63].
No MATLAB, para o passo de integração foi configurada a opção de passo va-
riável com o tempo. Para se calcular o valor máximo para o passo se tomou como
base o período de tempo da função senoidal, que representa a excitação de base do
sistema. Para o cálculo do período utilizou-se da seguinte equação:
1
τ= (5.62)
f
Onde: f = Frequência de excitação de base (Hz).
Sendo utilizada a equação 4.16 apresentada na seção 4.4.2 foi possível determi-
nar a frequência de excitação de base. Para o cálculo desta, considerou-se a maior
velocidade empregada para as simulações, isto é, 80 km/h. Para esta velocidade, é
verificada que a frequência de excitação da base é de 74 Hz. Assim, o período para
esta onda se torna:
τ = 0,013 s
Consideramos então que para um bom resultado inicial para as simulações de-
veríamos ajustar a programação, de maneira que ela efetuasse 10 iterações por ciclo
de resposta utilizando o método Runge − Kutta:
τ
p= = 0, 001 s (5.63)
10
A tolerância ao erro é ajustada para 1,0E -7 e o tempo de simulação de acordo
com o tipo de simulação a ser realizada.
79
5.5 Verificação da programação em MATLAB-
SIMULINK
De acordo com VIGANICO [3], para um modelo matemático específico ser válido,
primeiramente é necessário conhecer seu propósito. O processo de validação é um
processo de comparação, que procura fazer correlações de resultados de testes e
resultados de modelo. Normalmente, as maneiras de se realizar estas comparações
podem ser:
O método utilizado para esta pesquisa foi a comparação dos resultados de si-
mulação computacional apresentados em outros trabalhos com os resultados da mo-
delagem matemática desenvolvida, para as mesmas condições impostas. Assim, o
modelo será verificado a partir de dois modelos já desenvolvidos e validados. O
primeiro consiste do modelo PAVDF desenvolvido por VIGANICO [3] para um va-
gão boxer. O segundo modelo usado para verificação foi o modelo desenvolvido por
SANTOS [9], que foi desenvolvido para um vagão do tipo gôndola GDU. Ambos os
modelos matemáticos já foram sucintamente descritos no capítulo 3.
80
• Reação vertical no prato pião dianteiro;
Figura 5.24: Via permanente contendo saliências para o teste de arfagem e verticais
[3].
Figura 5.25: Via permanente modelada contendo saliências para o teste de arfagem
e verticais.
81
Reação vertical nos pratos piões:
82
Figura 5.29: Compressão do grupo de molas no truque traseiro: a) Modelo desen-
volvido; b) comparação entre modelo PAVDF e IIT.
83
5.5.2 Verificação do modelo desenvolvido com o modelo
para vagão GDU
A segunda verificação usou os parâmetros do vagão GDU estudado por SAN-
TOS [9]. Em seu trabalho, um vagão GDU foi modelado e o modelo matemático foi
validado através de resultados experimentais feitos em campo em um vagão instru-
mentado. A modelagem da via permanente foi feita a partir de dados de um perfil
de uma via real medido em um trecho específico da ferrovia EFC. As medições foram
realizadas com o carro de controle EMC 100, mostrado na figura 3.6. SANTOS [9],
através da modelagem do vagão GDU pode mensurar as forças verticais exercidas
nas rodas do veículo, sob a geometria modelada a partir dos valores de um trecho
de uma via real.
A verificação do modelo desenvolvido através do modelo elaborado por SANTOS
[9] consiste em usar os parâmetros do vagão GDU e da via modelada em seu trabalho
com a programação desenvolvida. Consequentemente, obter pelas simulações os va-
lores de força vertical nas rodas e assim se fazer comparações. É almejado comparar
as forças resultantes, pois um dos propósitos do modelo matemático desenvolvido
para vagões GDT é a obtenção das forças totais verticais nas rodas do vagão.
O desnivelamento transversal da via medida pelo carro controle é visto na figura
5.30. O trecho medido, com valores coletados a partir do marco quilométrico 27,0
da EFC é um trecho plano, em tangente [9].
84
Para se poder admitir a variação de amplitudes se optou por modelar três vias com
perfil periódico com amplitude de 1,0 mm, 2,0 mm e 3,0 mm respectivamente. Assim,
pôde ser obtido os resultados de força verticais nas rodas para os vários pontos que
apresentam valores de amplitude de desnivelamento transversal diferentes.
As figuras 5.31 e 5.32 mostram os resultados de forças verticais nas rodas
direita e esquerda do rodeiro dianteiro do truque dianteiro, obtidas por SANTOS
[9], o qual foi mostrado a instrumentação do mesmo na figura 3.5 no capítulo 3.
Estes compreendem os resultados obtidos experimentalmente e através do modelo
matemático [9].
Figura 5.31: Comparação entre as forças verticais na primeira roda direita do vagão
obtidas pela simulação e experimentalmente [9].
85
Resultados da verificação:
As figuras 5.33, 5.34 e 5.35 mostram os valores de forças verticais totais por
roda do primeiro rodeiro (rodeiro dianteiro do truque dianteiro) do vagão. Elas
mostram respectivamente as forças para as amplitudes de desnivelamento de 1,0
mm, 2,0 mm e 3,0 mm.
Figura 5.33: Força vertical por roda do rodeiro 1 para amplitude de desnivelamento
de 1,0 mm.
Figura 5.34: Força vertical por roda do rodeiro 1 para amplitude de desnivelamento
de 2,0 mm.
86
Figura 5.35: Força vertical por roda do rodeiro 1 para amplitude de desnivelamento
de 3,0 mm.
Pelos resultados das forças apresentados na tabela 5.8, verifica-se que os valores
de força nas rodas aumentam com a amplitude do desnivelamento. Em termos
percentuais o valor de força máxima atingida nas rodas para amplitude de 1,0 mm,
apresentou uma diferença de 2,61% em comparação com o valor obtido pelo modelo
matemático desenvolvido por SANTOS [9] e de 1% para os resultados experimentais.
Para a amplitude de 2,0 mm, a diferença entre o máximo de força atingido pelo
modelo e pelo desenvolvido por SANTOS [9] foi de 4,14% e de 6,14% pelos resultados
experimentais. Enquanto que para amplitude de 3,0 mm, as diferenças em termos
percentuais foram de 5,83% para o modelo de SANTOS [9] e de 3,91% para os
experimentais.
Conclui-se que houve uma boa correlação entre os resultados obtidos entre os
diferentes modelos e resultados de experimentos, com uma diferença máxima de
6,14% entre os resultados. Assim, o modelo matemático desenvolvido para o vagão
GDT pode ser usado para os fins de se obter o comportamento dinâmico do veículo
e as forças totais verticais atuantes nas rodas.
87
5.6 Desenvolvimento das simulações com auxílio
do software Universal Mechanism
As simulações computacionais desenvolvidas com o auxílio do software UM visam
analisar as forças tangenciais existentes no contato roda-trilho, com vagão carregado
ou vazio, se movendo em uma via permanente com defeitos e à velocidades constan-
tes, assim como realizado através da programação do modelo matemático elaborado.
O UM é um software para simulação de sistemas multicorpos, que possui ferramen-
tas que auxiliam no estudo do comportamento dinâmico de veículos ferroviários e
as forças envolvidas durante o movimento.
Para se atingir esses objetivos é necessário executar as seguintes etapas para
desenvolver as simulações computacionais (figura 5.36):
Figura 5.36: Fluxograma com etapas para as simulações utilizando software Univer-
sal Mechanism.
Método de integração:
O software UM utiliza integração numérica para resolver as equações de mo-
vimento dos sistemas multicorpos. Ele possibilita a utilização de vários métodos
numéricos (solvers) para a solução das equações, que são não lineares. De acordo
com UM [65], o único método numérico recomendado para a simulação de veícu-
los ferroviários é o que utiliza o método de Park. Este é um método implícito de
segunda ordem com tamanho de passo variável.
O método de Park é um método numérico clássico para integração no tempo
e é usado para equações rígidas. Uma equação diferencial é dita rígida quando a
sua solução exata tem um termo de forma e−ct , onde c >> 0 e t > 0 [66][67]. As
equações diferenciais rígidas possuem um passo de integração muito pequeno para
os métodos de integração numérica e apresentam soluções instáveis. A primeira
etapa do método de cálculo neste caso é integrar adequadamente e precisamente as
variáveis responsáveis pelo comportamento dinâmico do corpo rígido [67].
88
Na figura 5.37 é mostrado os parâmetros do método numérico que foram confi-
gurados para as simulações computacionais [65].
89
Na figura 5.38 são mostrados os parâmetros escolhidos para ajuste de tamanho
de passo UM [65].
Figura 5.38: Parâmetros do método numérico ajustados para tamanho de passo [65].
90
Através da simulação, as coordenadas de contato são interpoladas com a ajuda
desses dados [65]. Após esta etapa, os pontos de contato nos perfis são computados
de acordo com um procedimento, o qual calcula o ponto mais próximo entre duas
curvas. Na figura 5.39 é possível visualizar a posição relativa entre o perfil de roda
e trilho [65]:
Fx = Fx (N, ξx , ξy , φ, p) (5.64)
Fy = Fy (N, ξx , ξy , φ, p) (5.65)
Onde:
91
As forças atuantes no contato roda trilho são de acordo com a figura 5.40 [65]:
vx
ξx = (5.66)
v0
vy
ξy = (5.67)
v0
wn
φ= (5.68)
v0
Onde vx , vy são respectivamente os componentes de velocidade do ponto de
contato na roda em relação ao trilho, v0 é a velocidade longitudinal do rodeiro; wn
é a projeção da velocidade angular na normal ao trilho no ponto de contato roda-
trilho. φ na verdade é a velocidade angular do plano de contato ou da interface de
contato entre roda e trilho em relação ao eixo normal ao plano de contato. Para
pequenos ângulos considera-se como sendo o próprio ângulo ao redor do eixo normal
ao plano de contato [5].
92
Figura 5.41: Os contornos de comportamento (separatrix) dos experimentos de Hai-
nes e Ollerton e a proposição de [5].
93
• As propriedades dos materiais das rodas e trilhos como o módulo de elastici-
dade (E) e coeficiente de Poisson (υ) são consideradas iguais para ambos;
Os parâmetros descritos acima são usados pelo FASTSIM para calcular os semi-
eixos da área de contato elíptica de acordo com a teoria de Hertz. Os valores de
velocidade de deslizamento longitudinal ξx e lateral ξy e rotação do plano de contato
φ em um determinado instante são calculados pelo programa.
Com todas as condições, parâmetros e variáveis descritos anteriormente, o algo-
ritmo FASTSIM soluciona um sistema de equações diferenciais para a área de adesão
na região de contato, ou um sistema de equações algébrico-diferenciais para a área
de deslizamento da região de contato, que são relativos às tensões tangenciais. A
figura 5.42 abaixo mostra a discretização da elipse de contato [65]:
94
Modelo de força constante:
Para que o vagão seja simulado estando em uma via reta (ou mesma curva) à
uma velocidade constante é necessário que seja imposta uma função de força, que
faça manter o veículo à velocidade constante. Então, a velocidade precisa ser uma
constante, que é mantido por uma força longitudinal, da seguinte maneira:
F = −K(V − V0 ) (5.69)
Onde:
• V0 = Velocidade desejada;
• K = Amplificador.
95
Na figura 5.43 é mostrada a representação da macrogeometria modelada.
2π
Z = Acos( x) − A (5.70)
λ
Onde:
96
• Eixo X – Direcionado horizontalmente ao longo da direção do movimento, na
posição inicial do veículo;
Onde:
1 – Translação em X;
2 – Translação em Y;
3 – Translação em Z;
4 – Rotação em Z;
5 – Rotação em X;
6 – Rotação em Y.
97
Na figura 5.45 é mostrado o modelo do vagão GDT desenhado no software UM
sobre a representação da via também modelada:
98
Capítulo 6
Resultados e Discussões
99
6.1 Comportamento dinâmico do veículo
Os resultados a seguir mostram o comportamento dinâmico dos corpos do sis-
tema multicorpos do vagão quando o mesmo atinge uma via com corrugações de
carga pesada, de amplitude de A = 0,5 mm, 1,0 mm e 1,5 mm, sob as condições
operacionais mostradas na tabela 6.1.
Figura 6.2: Deslocamentos verticais dos centros de massas dos corpos do vagão sob
corrugação de amplitude de 0,5 mm nos primeiros 2,5 s.
Figura 6.3: Deslocamento vertical dos centros de massas dos corpos do vagão sob
corrugação de amplitude de 0,5 mm após 19 s.
100
Amplitude de corrugação A = 1,0 mm
Figura 6.4: Deslocamentos verticais dos centros de massas dos corpos do vagão sob
corrugação de amplitude de 1,0 mm nos primeiros 2,5 s.
Figura 6.5: Deslocamento vertical dos centros de massas dos corpos do vagão sob
corrugação de amplitude de 1,0 mm após 19 s.
Figura 6.6: Deslocamentos verticais dos centros de massas dos corpos do vagão sob
corrugação de amplitude de 1,5 mm nos primeiros 2,5 s.
101
Figura 6.7: Deslocamento vertical dos centros de massas dos corpos do vagão sob
corrugação de amplitude de 1,5 mm após 19 s.
Pelas figuras de 6.2 à 6.7, pode se observar que os deslocamentos dos centros
de massa dos corpos apresentam momentos distintos do movimento do veículo. No
primeiro momento (figuras 6.2, 6.4 e 6.6), em um período de 0 s a 2,5 s, o veículo
entra em uma via com corrugações. Primeiramente, percebe-se que os deslocamen-
tos verticais acontecem abaixo do nível da posição de equilíbrio estático dos corpos
e estes deslocamentos são mais pronunciados do que as próprias amplitudes de cor-
rugação. É observado também que os movimentos são compostos da soma de duas
curvas cossenóides de frequências diferentes. Nas curvas de menor frequência fica
caracterizado o efeito de amortecimento nos corpos, sendo maior o amortecimento
e amplitudes para as massas suspensas, isto é as travessas e o corpo do vagão.
Nas figuras 6.3, 6.5 e 6.7 são visualizados os movimentos dos corpos em regime
permanente. Nota-se que os deslocamentos dos centros de massa dos corpos se
mantém a uma mesma frequência, exceto para o corpo do vagão, que oscila em uma
frequência menor. É observado também que as amplitudes de oscilação aumentam
com o aumento das amplitudes de corrugação e que os movimentos dos truques se
apresentam em fase, assim como as travessas.
Para uma melhor interpretação dos resultados é feita a análise dos sinais com o
algoritmo FFT (Fast Fourier Transform). Posteriormente é calculado o espectro de
potência a fim de se encontrar quais são as frequências dominantes. Na figura 6.8 é
mostrado o espectro de potência da FFT realizada para os sinais de deslocamentos
verticais dos centros de massa dos corpos:
102
Figura 6.8: Espectro de frequência para sinais de deslocamentos verticais dos centros
de massa dos corpos.
103
Tabela 6.2: Resumo dos resultados para vagão carregado à velocidade de 40 km/h.
Amplitude de Observações sobre os resultados
corrugação
0,5 mm Os movimentos dos corpos são compostos de duas curvas cossenóides de
frequências diferentes e comportamento linear;
Amplitude de deslocamento máximo atingido de -1,3E-3 m para a travessa
dianteira e corpo do vagão;
Os corpos oscilam com frequência próxima a frequência de excitação (37
Hz), exceto para o corpo do vagão, que oscila à 8,99 Hz.
1,0 mm Os movimentos dos corpos são compostos de duas curvas cossenóides de
frequências diferentes e comportamento linear;
Amplitude de deslocamento máximo atingido de -2,6E-3 m para a travessa
dianteira;
Os corpos oscilam com frequência próxima a frequência de excitação, exceto
para o corpo do vagão, que oscila à 8,99 Hz.
1,5 mm Os movimentos dos corpos são compostos de duas curvas cossenóides de
frequências diferentes e comportamento linear;
Amplitude de deslocamento máximo atingido de -3,8E-3 m para as travessas
e corpo do vagão;
Os corpos oscilam com frequência próxima a frequência de excitação, exceto
para o corpo do vagão, que oscila à 8,99 Hz.
104
6.1.2 Deslocamentos verticais com vagão carregado à velo-
cidade de 54 km/h
Amplitude de corrugação A = 0,5 mm
Figura 6.10: Deslocamentos verticais dos centros de massas dos corpos do vagão sob
corrugação de amplitude de 0,5 mm nos primeiros 2,5 s.
Figura 6.11: Deslocamento vertical dos centros de massas dos corpos do vagão sob
corrugação de amplitude de 0,5 mm após 19 s.
105
Amplitude de corrugação A = 1,0 mm
Figura 6.12: Deslocamentos verticais dos centros de massas dos corpos do vagão sob
corrugação de amplitude de 1,0 mm nos primeiros 2,5 s.
Figura 6.13: Deslocamento vertical dos centros de massas dos corpos do vagão sob
corrugação de amplitude de 1,0 mm após 19 s.
Figura 6.14: Deslocamentos verticais dos centros de massas dos corpos do vagão sob
corrugação de amplitude de 1,5 mm nos primeiros 2,5 s.
106
Figura 6.15: Deslocamento vertical dos centros de massas dos corpos do vagão sob
corrugação de amplitude de 1,5 mm após 19 s.
Pelas figuras de 6.10 à 6.15, pode ser observado que os centros de massa dos
corpos sofrem oscilações verticais que apresentam um amortecimento mais acentuado
nos primeiros segundos. Este comportamento é resultante da entrada do veículo em
uma via com corrugações, estando à velocidade constante. É notável também que
os deslocamentos dos centros de massa das travessas e do corpo do vagão são mais
pronunciados do que dos centros de massa dos truques. Quanto às amplitudes
máximas atingidas, é verificado que estas são tanto maiores, quanto maior o valor
de amplitude de corrugação. Assim como para o caso do veículo à velocidade de 40
km/h, é observado também que os movimentos dos corpos são compostos da soma
de duas curvas cossenóides de frequências diferentes.
Nas figuras 6.3, 6.5 e 6.7, são mostrados os movimentos dos corpos em regime
permanente. Assim como para a velocidade de 40 km/h, os deslocamentos dos
centros de massa dos corpos se mantém a uma mesma frequência, exceto para o
corpo do vagão, que oscila em uma frequência menor. É observado também que as
amplitudes de oscilação aumentam com o aumento das amplitudes de corrugação e
que os movimentos dos truques se apresentam em fase, assim como as travessas.
Assim como feito para a condição de vagão à velocidade de 40 km/h, para uma
melhor interpretação dos resultados é feita a análise dos sinais com o algoritmo FFT
e calculado o espectro de potência a fim de se encontrar quais são as frequências
dominantes. Na figura 6.16 é mostrado o espectro de potência realizada para os
sinais de deslocamentos:
107
Figura 6.16: Espectro de frequência para sinais de deslocamentos verticais dos cen-
tros de massa dos corpos.
108
Tabela 6.3: Resumo dos resultados para vagão carregado à velocidade de 54 km/h.
Amplitude de Observações sobre os resultados
corrugação
0,5 mm Os movimentos dos corpos são compostos de duas curvas cossenóides de
frequências diferentes e comportamento linear;
Amplitude de deslocamento máximo atingido de -1,3E-3 m para a travessa
dianteira e corpo do vagão;
Os corpos oscilam com frequência próxima a frequência de excitação (50
Hz), exceto para o corpo do vagão, que oscila à 8,99 Hz.
1,0 mm Os movimentos dos corpos são compostos de duas curvas cossenóides de
frequências diferentes e comportamento linear;
Amplitude de deslocamento máximo atingido de -2,7E-3 m para a travessa
dianteira;
Os corpos oscilam com frequência próxima a frequência de excitação, exceto
para o corpo do vagão, que oscila à 8,99 Hz.
1,5 mm Os movimentos dos corpos são compostos de duas curvas cossenóides de
frequências diferentes e comportamento linear;
Amplitude de deslocamento máximo atingido de -4,1E-3 m para as travessas
e corpo do vagão;
Os corpos oscilam com frequência próxima a frequência de excitação, exceto
para o corpo do vagão, que oscila à 8,99 Hz.
109
6.1.3 Deslocamentos verticais com vagão vazio à velocidade
de 80 km/h
Amplitude de corrugação A = 0,5 mm
Figura 6.18: Deslocamentos verticais dos centros de massas dos corpos do vagão sob
corrugação de amplitude de 0,5 mm no primeiros 1 s.
Figura 6.19: Deslocamento vertical dos centros de massas dos corpos do vagão sob
corrugação de amplitude de 0,5 mm após 19 s.
110
Amplitude de corrugação A = 1,0 mm
Figura 6.20: Deslocamentos verticais dos centros de massas dos corpos do vagão sob
corrugação de amplitude de 1,0 mm no primeiros 1 s.
Figura 6.21: Deslocamento vertical dos centros de massas dos corpos do vagão sob
corrugação de amplitude de 1,0 mm após 19 s.
Figura 6.22: Deslocamentos verticais dos centros de massas dos corpos do vagão sob
corrugação de amplitude de 1,5 mm no primeiros 1 s.
111
Figura 6.23: Deslocamento vertical dos centros de massas dos corpos do vagão sob
corrugação de amplitude de 1,5 mm após 19 s.
Através das figuras 6.18, 6.20 e 6.22, é verificado que quando o veículo se
encontra vazio e à velocidade de 80 km/h os centros de massa dos corpos sofrem
amortecimento mais rápido, se comparado com as duas outras condições anteriores.
Este fato é explicado devido a dependência do coeficiente de amortecimento com a
velocidade do veículo, como visto na equação 5.38.
É constatado que os deslocamentos verticais dos centros de massa das travessas
e do corpo do vagão são mais acentuados nos dois primeiros segundos. Assim como
para os casos anteriores as amplitudes máximas atingidas são tanto maiores, quanto
maiores forem as amplitudes de corrugação.
Os gráficos das figuras 6.19, 6.21 e 6.23 mostram o comportamento dinâmico
após 19 s (regime permanente). Neste caso, se constata que as curvas dos desloca-
mentos dos truques e das travessas não apresentam uma regularidade no tempo, o
que leva a crer que estes corpos apresentam movimentos de característica não linear.
Constata-se que o corpo do vagão é o que apresenta maior amplitude de oscilação e
que o mesmo apresenta uma curva cosseinodal característica, de frequência menor
do que os outros corpos. Esta diferença no comportamento do corpo do vagão em
relação às outras condições operacionais se deve à condição de vagão vazio.
Na figura 6.24 é mostrado o espectro de potência realizada para os sinais de
deslocamentos:
112
Figura 6.24: Espectro de frequência para sinais de deslocamentos verticais dos cen-
tros de massa dos corpos.
113
Tabela 6.4: Resumo dos resultados para vagão vazio à velocidade de 80 km/h.
Amplitude de Observações sobre os resultados
corrugação
0,5 mm Movimento dos corpos com rápido amortecimento (em comparação com os
outros casos);
Em regime permanente, o corpo do vagão possui maior amplitude do que
os demais corpos, variando entre -5,4E-4 m à 4,5E-4 m;
Movimentos das travessas e truques com característica não lineares, exceto
para o corpo do vagão;
Os corpos oscilam com frequência próxima a frequência de excitação (74
Hz), exceto para o corpo do vagão, que oscila à 24,98 Hz.
1,0 mm Movimento dos corpos com rápido amortecimento (em comparação com os
outros casos);
Em regime permanente, o corpo do vagão possui maior amplitude do que
os demais corpos, variando entre -1,0E-4 m à 9,0E-4 m;
Movimentos das travessas e truques com característica não lineares, exceto
para o corpo do vagão;
Os corpos oscilam com frequência próxima a frequência de excitação (74
Hz), exceto para o corpo do vagão, que oscila à 24,98 Hz.
1,5 mm Movimento dos corpos com rápido amortecimento (em comparação com os
outros casos);
Em regime permanente, o corpo do vagão possui maior amplitude do que
os demais corpos, variando entre -1,6E-3 m à 1,35E-3 m;
Movimentos das travessas e truques com característica não lineares, exceto
para o corpo do vagão;
Os corpos oscilam com frequência próxima a frequência de excitação (74
Hz), exceto para o corpo do vagão, que oscila à 24,98 Hz.
114
6.1.4 Comparativo entre os resultados de comportamento
dinâmico
Através dos resultados das simulações se verifica que os truques apresentam
movimento de arfagem quase nulos, sendo mais significativos os movimentos de
translação vertical. Além disto, os movimentos dos centros de massa dos truques
se encontram em fase. O mesmo acontece para as travessas. Isto acontece devido
à distância entre os centros dos eixos dos rodeiros (wheelbase) e o entre centros de
truque serem múltiplos do comprimento de onda da corrugação (λ = 0,300 m).
Em geral constata-se que as corrugações nos trilhos fazem com que os corpos
do sistema sofram pequenas oscilações verticais. Para as condições operacionais de
veículo carregado é possível observar que o aumento da amplitude de corrugação
acarreta em um aumento das amplitudes de movimento dos corpos. Este aumento
também é visualizado para a condição de vagão vazio e à velocidade de 80 km/h, po-
rém para esta velocidade, se observa no regime permanente que há maior amplitude
para o corpo do vagão e que as travessas e truques apresentam comportamentos não
lineares.
Quanto às frequências de oscilação dos corpos, é notável para as três condições,
que as frequências máximas atingidas são muito próximas as frequências de excitação
provocadas pelas corrugações. Quando o vagão se encontra totalmente carregado
verifica-se que mesmo com o aumento de velocidade de 40 km/h para 54 km/h, a
frequência mínima permanece em 8,99 Hz. Isto leva a entender que este aumento de
velocidade não afeta a frequência de resposta, corresponde ao movimento do corpo
do vagão, como evidenciado pelos picos dos espectros de potência. Para o caso de o
veículo estar vazio e à velocidade de 80 km/h são visualizadas frequências mínimas
e máximas maiores.
Pelos resultados se constata que as frequências de excitação do sistema não atin-
gem em nenhuma das circunstâncias estudadas as frequências naturais do sistema.
Apesar de o sistema apresentar amortecimentos, caso o mesmo seja excitado em suas
frequências naturais, e havendo problemas no sistema de amortecimento, o veículo
pode trafegar em situações críticas e até mesmo vir a descarrilar como afirmado por
VALENTE [39].
115
6.2 Forças de reação vertical nas rodas
Os esforços verticais no contato entre as rodas e os trilhos foram obtidos através
da programação feita em MATLAB-SIMULINK. Embora a programação forneça
a força total vertical por roda para cada rodeiro, delimitou-se a apresentação dos
resultados de simulação apenas para o rodeiro dianteiro do truque dianteiro. Estas
forças são representativas das forças atuantes nas demais rodas, pois as variações
entre as mesmas são pequenas.
No apêndice F são mostradas as mesmas forças verticais, obtidas pela modelagem
realizadas no programa UM. Estas, porém, são mostradas para as rodas esquerda
e direita do rodeiro dianteiro do truque dianteiro. Além disto, os resultados mos-
tram comparativamente as referidas forças, quando o veículo trafega em vias sem
corrugações.
Figura 6.26: Força vertical total por roda do rodeiro 1 para via com corrugações de
amplitude de 0,5 mm.
116
Figura 6.27: Força vertical total por roda do rodeiro 1 para via com corrugações de
amplitude de 1,0 mm.
Figura 6.28: Força vertical total por roda do rodeiro 1 para via com corrugações de
amplitude de 1,5 mm.
117
visualizar também pelas figuras 6.26, 6.27 e 6.28, que as forças aumentam a medida
que a amplitude de corrugação também é aumentada. Ao mesmo tempo, verifica-
se que as faixas de valores de força, entre valores mínimos e máximos, também
aumentam com a amplitude das corrugações. Na tabela 6.5 são apresentados os
valores de força total vertical por roda atingida para as diferentes amplitudes de
corrugação:
Tabela 6.5: Forças verticais totais por roda do rodeiro 1 para diferentes amplitudes
de corrugação.
Amplitude de Força minima atingida (N) Força máxima atingida (N)
corrugação (mm)
0,5 1,395E5 1,558E5
1,0 1,318E5 1,643E5
1,5 1,239E5 1,726E5
tude de 0,5 mm, 11,4% para corrugações de amplitude de 1,0 mm e 17,1% para
corrugações de amplitude de 1,5 mm.
Figura 6.29: Força vertical total por roda do rodeiro 1 para via com corrugações de
amplitude de 0,5 mm.
118
Figura 6.30: Força vertical total por roda do rodeiro 1 para via com corrugações de
amplitude de 1,0 mm.
Figura 6.31: Força vertical total por roda do rodeiro 1 para via com corrugações de
amplitude de 1,5 mm.
119
Na tabela 6.6 são apresentados os valores de força total vertical por roda atingida
para as diferentes amplitude de corrugação:
Tabela 6.6: Forças verticais totais por roda do rodeiro 1 para diferentes amplitudes
de corrugação.
Amplitude de Força mínima atingida (N) Força máxima atingida (N)
corrugação (mm)
0,5 1,403E5 1,550E5
1,0 1,333E5 1,625E5
1,5 1,264E5 1,699E5
tude de 0,5 mm, 10,2% para corrugações de amplitude de 1,0 mm e 15,3% para
corrugações de amplitude de 1,5 mm.
Figura 6.32: Força vertical total por roda do rodeiro 1 para via com corrugações de
amplitude de 0,5 mm.
120
Figura 6.33: Força vertical total por roda do rodeiro 1 para via com corrugações de
amplitude de 1,0 mm.
Figura 6.34: Força vertical total por roda do rodeiro 1 para via com corrugações de
amplitude de 1,5 mm.
121
Tabela 6.7: Forças verticais totais por roda do rodeiro 1 para diferentes amplitudes
de corrugação.
Amplitude de Força mínima atingida (N) Força máxima atingida (N)
corrugação (mm)
0,5 1,928E4 3,215E4
1,0 1,305E4 3,859E4
1,5 7.105 4,357E4
tude de 0,5 mm, 51,3% para corrugações de amplitude de 1,0 mm e 70,1% para
corrugações de amplitude de 1,5 mm.
Figura 6.35: Gráfico de força total vertical nas rodas comparando a influência da
amplitude de corrugação para os três condições operacionais.
122
nente aumentam com o aumento da amplitude de corrugação. Porém, seus valores
médios são próximos aos valores de carga estática.
Comparando os dois casos para veículo carregado, nota-se uma pequena dimi-
nuição na faixa de valores de força quando a velocidade é aumentada de 40 km/h
para 54 km/h. Outra diferença está nas frequências destas forças, que são de 37
Hz e 50 Hz para as velocidades de 40 km/h e 54 km/h respectivamente. Já para
a condição de veículo vazio, se tem uma frequência de aplicação de forças de 74
Hz. A variação das cargas, para a condição de veículo vazio, em relação a carga
estática são percentualmente maiores do que para os casos de vagão carregado. Por
exemplo, foi encontrado valores de força de até 15% acima da carga estática para
o vagão carregado e de até 70% acima da carga estática para o vagão vazio, ambas
encontradas para o momento em que o vagão entra na via com corrugações com
amplitude de 1,5 mm, isto é, em regime transiente.
Como abordado na seção 5.1.2, há um mecanismo de formação da corrugação, o
qual é constituído de um mecanismo de dano e de um mecanismo de fixação do com-
primento de onda, como mostrado na figura 4.19. Por sua vez o mecanismo depende
das cargas dinâmicas existentes no contato roda-trilho, sendo este dependente do
perfil longitudinal dos trilhos. Como o mecanismo de formação de corrugação é retro
alimentado, é esperado que a mudança no perfil dos trilhos provoque mudança nas
cargas dinâmicas e vice-versa. Sendo assim, pelos resultados mostrados, podemos
inferir que há uma concordância dos resultados de força com a teoria do mecanismo
de formação da corrugação.
Outra característica observada sobre os resultados está relacionada a frequência
de excitação do sistema. Para todas as condições estudadas, as frequências se en-
contram dentro da faixa de valores de surgimento da força P2 (30 Hz à 100 Hz),
que é o mecanismo de fixação de comprimento de onda para a corrugação de carga
pesada.
123
6.3 Forças tangenciais no contato roda-trilho
6.3.1 Vagão carregado à velocidade de 40 km/h
Os resultados das simulações nesta seção mostram as forças de contato roda-
trilho tangenciais atuantes na roda esquerda do rodeiro 1 (rodeiro dianteiro do truque
dianteiro) para um vagão se movendo às velocidades de 40 km/h, 54 km/h e 80 km/h
em via com corrugações de carga pesada com amplitudes de 0,5 mm, 1,0 mm e 1,5
mm. Estas forças são representativas das forças atuantes nas demais rodas, pois as
variações entre as mesmas são pequenas, ou variam apenas os sinais dos valores das
mesmas.
124
Figura 6.37: Força de escorregamento longitudinal no contato roda-trilho da roda
esquerda do rodeiro 1.
Tabela 6.8: Forças de escorregamento mínima e máxima atingida em vias com cor-
rugações.
Força Força de escorregamento la- Força de escorregamento
teral (N) longitudinal (N)
Força mínima -626,6 -1.497
Força máxima 1,029E4 1.377
125
Amplitude de corrugação A = 1,0 mm
Tabela 6.9: Forças de escorregamento mínima e máxima atingida em vias com cor-
rugações.
Força Força de escorregamento la- Força de escorregamento
teral (N) longitudinal (N)
Força mínima -3.774 -1.497
Força máxima 1,121E4 1.034
126
Amplitude de corrugação A = 1,5 mm
127
6.3.2 Vagão carregado à velocidade de 54 km/h
Amplitude de corrugação A = 0,5 mm
128
A tabela 6.11 faz um comparativo das forças de escorregamento mínimas e
máximas atingidas:
129
o caso anterior e que as forças de escorregamento longitudinais apresentaram uma
maior periodicidade para via sem corrugação. A tabela 6.12 faz um comparativo
das forças de escorregamento mínimas e máximas atingidas:
130
via com corrugação de amplitude 1,5 mm. Percebe-se que o aumento da amplitude
de corrugação para 1,5 mm não trouxe mudanças significativas nos valores de força
de escorregamento laterais e longitudinais. A tabela 6.13 faz um comparativo das
forças de escorregamento mínimas e máximas atingidas:
131
Os resultados nas figuras 6.48 e 6.49 mostram as forças de escorregamento
laterais atuantes no primeiro ponto de contato para via com corrugação de amplitude
0,5 mm.
Os resultados demonstram que quando o veículo se encontra vazio e à uma velo-
cidade de 80 km/h trafegando em via sem corrugações as forças de escorregamento
laterais e longitudinais oscilam com valores muito próximos à 952 N para as forças
laterais e -8,986 N para as forças longitudinais. Assim como para as condições de
vagão carregado, é possível identificar que quando o veículo trafega em vias cor-
rugadas, são geradas forças tanto positivas quanto negativas para ambas as forças
de escorregamento laterais e longitudinais. Isto quer dizer que são geradas para os
sentidos para fora e para dentro da via para as forças laterais, como para trás quanto
para adiante para as forças longitudinais.
A tabela 6.14 faz um comparativo das forças de escorregamento mínimas e
máximas atingidas:
132
Figura 6.51: Força de escorregamento longitudinal no primeiro de contato da roda
esquerda.
133
Figura 6.53: Força de escorregamento longitudinal no primeiro de contato da roda
esquerda.
134
O gráfico comparativo na figura 6.54 apresenta os valores de forças de escorre-
gamento laterais máximas (positivos e negativos) atuantes na interface de contato
para as três condições operacionais sob as três amplitudes de corrugação estudadas.
Apresenta também os valores médios das forças de escorregamento para a situação
em que o veículo trafega em uma via sem irregularidades.
135
Outra característica importante notada para os casos de trilhos com corrugações
reside nos valores máximos de escorregamento lateral, que são positivos e negativos,
para todas as situações simuladas. Como pode ser visualizado pelos resultados
mostrados nas figuras anteriores, as forças de escorregamento laterias são oscilantes,
variando entre valores positivos e negativos ao decorrer do tempo. Isto significa
que as forças de escorregamento atuantes na interface de contato da roda esquerda
variam de direção e magnitude ao decorrer do tempo. Estas mesmas características
podem ser atribuídas para a roda do lado direito do rodeiro dianteiro do truque
dianteiro.
A diferença entre as forças nas rodas esquerdas e direitas estão apenas nos sen-
tidos das mesmas, isto é, se a força máxima de escorregamento encontrada na roda
esquerda é um valor positivo, a força máxima na roda direita será de mesma mag-
nitude, porém de valor negativo.
Nos três casos é observado também que as forças de escorregamento laterais
aumentam com o aumento da amplitude de corrugação. Pode se visualizar também
que as faixas de valores de força também aumentam com o aumento da amplitude de
corrugação. Este aumento é mais pronunciado para o vagão carregado à velocidade
de 54 km/h.
O aumento de forças de escorregamento pode ser explicado pelo entendimento
da equação 5.65. Como demonstrado por esta equação, a força de escorregamento
lateral depende da força normal. Pelos resultados de força de reação vertical apre-
sentadas podemos inferir que se estas forças são componentes verticais das forças
normais no ponto de contato, então pode se dizer que o aumento destas são repre-
sentativas do aumento das forças normais no contato roda-trilho.
Pelo gráfico da figura 6.55 é possível visualizar que para o veículo se movi-
mentando em vias sem irregularidades, as forças de escorregamento longitudinais
apresentam valores médios expressivamente inferiores aos valores de força de escor-
regamento laterais.
Quando o veículo se encontra vazio e à 80 km/h as forças de escorregamento
longitudinais geradas em vias corrugadas são pequenas, de no máximo -155 N, para
amplitude de corrugação de 1,5 mm. Não se nota o mesmo comportamento apre-
sentado para as forças de escorregamento laterais, cujas forças são aumentadas com
o aumento da amplitude de corrugação.
Os resultados de força de escorregamento laterais e longitudinais demonstram
que as forças de escorregamento são menores no sentido longitudinal do que no
sentido transversal. A explicação para esta característica está no fato de que no
sentido longitudinal se tem um contato de rolamento. Este tipo de contato tem
atrito dependente de um coeficiente de atrito cinético, que é menor que o coeficiente
de atrito estático.
136
Figura 6.55: Comparativo entre as forças de escorregamento longitudinais para as
três condições operacionais, mostrando a influência da amplitude de corrugação.
137
Capítulo 7
Conclusões e Sugestões
No Brasil, existem várias malhas ferroviárias que são utilizadas para o transporte
de minério de ferro. Na grande maioria delas, o tipo de veículo de carga mais
empregado é o vagão gôndola. Depois de pesquisa realizada sobre o assunto, se
constatou que atualmente o tipo de vagão gôndola mais utilizado no Brasil é do tipo
GDT. Após estudo estatístico realizado com dados mundiais e nacionais, se conclui
que a maioria dos desgastes e acidentes envolvendo descarrilamentos em sistemas
ferroviários são causados por problemas no contato roda-trilho.
Foi verificado que um dos tipos de desgaste mais recorrente no Brasil, em ferrovias
voltadas para o transporte de minério de ferro, é do tipo corrugação de carga pesada.
Este tipo de desgaste é caracterizado por um mecanismo de dano, que é a deformação
plástica da superfície, no contato entre a roda e o trilho. É caracterizado também por
um mecanismo de fixação de comprimento de onda, que é decorrente dos movimentos
das massas não suspensas do veículo sob a faixa de frequência de 50 Hz à 100 Hz.
Com base nestas informações, foi realizado uma avaliação do comportamento di-
nâmico de vagões ferroviários GDT em vias com corrugações de carga pesada, bem
como das forças existentes no contato entre rodas e trilhos, esforços estes verticais e
tangenciais. Assim, foi elaborado um sistema multicorpos simplificado com o obje-
tivo de representar matematicamente os movimentos do veículo frente às excitações
da via.
Com o propósito de se conhecer os deslocamentos, velocidades e forças verticais
no contato roda-trilho, foram elaboradas a partir do modelo equações de movi-
mento, utilizando as teorias de Newton-Euler. As equações foram integradas nume-
ricamente pelo método de Runge-Kutta, através de programação desenvolvida em
MATLAB-SIMULINK. Para as forças tangenciais no contato roda-trilho, se realizou
a modelagem do veículo utilizando o software Universal Mechanism, que utiliza a
teoria de Kalker para tais esforços, utilizando-se do algoritmo FASTSIM.
138
Os resultados de comportamento dinâmico revelaram que os truques apresentam
movimento de arfagem quase nulos e que os movimentos verticais dos mesmos se
encontram em fase. Da mesma maneira, as travessas também se movimentam em
fase. Se conclui que as frequências de excitação não atingem as frequências natu-
rais do sistema, consequentemente não levando à nenhuma condição de movimento
crítico.
Conclui-se a partir dos resultados de força total vertical nas rodas, que para
todos os casos operacionais estudados, há um aumento da faixa de valores de força,
à medida que as corrugações possuem uma amplitude maior. O valor de força
vertical máxima atinge valores de até 15% acima do valor da carga estática, para o
veículo carregado à velocidade de 54 km/h, e de até 70%, estando o veículo vazio.
Pelos resultados obtidos, é possível inferir que há uma concordância entre os
resultados e a teoria do mecanismo de formação da corrugação. Sendo constatado
também que para todos os casos avaliados, as frequências de excitação se encontram
dentro da faixa de valores de surgimento da força P2, que é o mecanismo de fixação
do comprimento de onda para corrugação de carga pesada.
Para as três condições operacionais se concluiu que as forças de escorregamento
laterais aumentam com o aumento da amplitude de corrugação, assim como tam-
bém as faixas de valores encontradas, sendo este aumento mais pronunciado para o
vagão carregado à velocidade de 54 km/h. Pelos resultados de força de escorrega-
mento laterais e longitudinais é possível identificar que as forças de escorregamento
são menores no sentido longitudinal, do que no sentido transversal. Tais forças, de-
pendendo da intensidade, são responsáveis tanto pelo guiamento do veículo na via,
quanto pelos desgastes que são originados.
Assim, conclui-se que a maior influência das irregularidades não está voltada,
portanto ao comportamento dinâmico do veículo, mas sim às forças geradas no
contato roda-trilho. Pôde-se inferir que ao mesmo tempo em que se é desenvolvido
a corrugação de carga pesada, também são elevadas as forças que levam a desgastes
de natureza diferente da descrita pelo mecanismo de formação da corrugação. Sendo
assim, pelos resultados de força de escorregamento é esperado que seja gerado um
desgaste mais severo na direção transversal, do que na direção longitudinal dos
trilhos, em simultaneidade com o desenvolvimento das corrugações.
139
Como sugestões para trabalhos, são listadas as seguintes propostas:
140
Referências Bibliográficas
[5] IWNICKI, S. Handbgook of Railway Vehicle Dynamics. 1 ed. Boca Raton, USA,
CRC Press, 2006.
141
[11] ANTF. “Material rodante Locomotivas e Vagões”. 2015. Disponível
em: <http://www.antf.org.br/index.php/informacoes-do-setor/
material-rodante>.
[18] FRA. “Train Accidents by cause from Form FRA F 6180.54”. 2015.
Disponível em: <http://safetydata.fra.dot.gov/OfficeofSafety/
publicsite/Query/inccaus.aspx>.
[19] MARTIN, G., TSE, Y. “Parametric Studies on a Railroad Freight Car Mathe-
matical Model”, ASME Paper No 75 - WA/RT-11, ago. 1975.
[20] MARTIN, G., TIDEMAN, H. Detailed Longitudinal Train Action Model. In:
Technical Documentation Report R-221, AAR, Chicago, EUA, 1977.
142
[22] BARBOSA, R. Aplicação de Sistemas Multicorpos na Dinâmica de Veículos
Guiados. Tese de D.Sc., Escola Politécnica da Universidade de São Paulo,
São Paulo, Brasil, 1999.
[27] TZANAKAKIS, K. The Railway Track and Its Long Term Behaviour - A
Handbook for a Railway /track of High Quality. 1 ed. New York, USA,
Springer-Verlag, 2013.
[28] RIVES, F., PITA, A., PUENTE, M. Tratado de Ferrocarriles Tomo I - La vía.
1 ed. Madrid, España, Editorial Rueda, 1977.
[31] JIN, X., WANG, K., WEN, Z., et al. “Efects of rail corrugation on vertical
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v. 21, pp. 95–102, fev. 2005.
[33] BRINA, H. L. Estradas de Ferro 1. 1 ed. Rio de Janeiro, Brasil, Livros Técnicos
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143
[34] GRECO, J. A. S. Superestrutura Ferroviária. In: Notas de aula da disciplina
etg033 - construção de estradas e vias urbanas, Universidade Federal de
Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil, 2007.
[41] KLINGEL, W. “Uber den Lauf der Eisenbahnwagen auf Gerarder Bahn”, Organ
Fortsch. Eisenb, v. 38, pp. 113–123, fev. 1883.
[43] HARRIS, W., EBERSÖN, W., LUNDGREN, J., et al. Guidelines to Best
Practices for Heavy Haul Railway Operations: Wheel and Rail Interface
Issues. 1 ed. Virginia, USA, International Heavy Haul Association, 2001.
[44] KUMAR, S., YADAV, R. The Investigate of Derailments. 3 ed. Pune, India,
Inidian Railways Institute of Civil Engineering, 2007.
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144
[46] KALKER, J. “The Tangential Force Transmitted by Two Elastic Bodies Rolling
Over Each Other With Pure Creepage”, Wear, v. 11, pp. 421–430, mar.
1968.
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na questão do descarrilamento. In: Branco, j.e.s.c.; ferreira, r., tratado de
estradas de ferro, RFFSA, Rio de Janeiro, Brasil, 2002.
[49] PANADES, J. M. “El desgaste del carril: Um fenómeno complejo por conocer
em su totalidad”, Boletin de la Asociacion del Congresso Panamericano
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Transport RailCorp, Chippendale, Australia, 2012.
[54] VINCENZI, D., LATALIZA, R., FRANCO, R., et al. “Corrugação em tri-
lhos EFVM: Diagnóstico, classificação e proposta de tratamento”. 2016.
Disponível em: <http://livrozilla.com/doc/648064/diagn%C3%
B3stico--classifica%C3%A7%C3%A3o-e-proposta-de-tratamento>.
[56] RAO, S. Vibrações Mecânicas. 4 ed. São Paulo, Brasil, Pearson Prentice Hall,
2008.
[57] AAR. Manual of Standards and Recommended Practices, Section D, Trucks and
Truck Details. Washington, USA, The Association of American Railroads,
2007.
145
[59] HIBBELER, R. Dinâmica: Mecânica para engenharia. 12 ed. São Paulo, Brasil,
Pearson Prentice Hall, 2011.
[65] UM. “UM Simulation Program, User’s manual, 2014”. 2015. Dispo-
nível em: <http://www.universalmechanism.com/download/70/eng/
04_um_simulation_program.pdf>.
[68] KALKER, J. “A Fast Algorithm for the Simplified Theory of Rolling Contact”,
Vehicle System Dynamics, v. 11, pp. 1–13, mar. 1982.
[70] THOMPSON, D. Railway Noise and Vibration, Modelling and Means of Con-
trol. 1 ed. Oxford, United Kingdom, Elsevier, 2009.
146
[73] VERNILLI, B., MIKOWSKI, A. “Análise Estatística de Dados das Reportagens
Relacionadas a Acidentes Ferroviários e Metroviários”, IV Encontro de
Ferrovias ANTF, 2013.
147
[84] SAGAR. “Ensuring safety for indian railway through gps”. 2009. Dis-
ponível em: <http://pt.slideshare.net/sagarkattumuri1/
ensuring-safety-to-the-railways-through>.
148
Apêndice A
149
A2. Posições dos centros de massa:
Simbologia:
Truque:
Massa do conjunto laterais e rodeiros = 4.710 kg
Inércias:
150
Travessa central:
Massa da travessa central sem as cunhas = 690 kg
Corpo do vagão:
Massa do corpo do vagão vazio = 10.000 kg
Massa do corpo do vagão carregado = 109.200 kg
Via permanente:
Os trilhos usados para o modelo possuem as seguintes características [35]:
151
Mola interna:
Prato pião:
De acordo com VIGANICO [3] a rigidez existente no contato entre os prato piões,
isto é, do truque e da infraestrutura do corpo do vagão é de 2,332E8 N/m.
Na tabela A.1 são resumidos os valores de rigidez adotados para o sistema:
152
Coeficiente de amortecimento viscoso equivalente:
De acordo com VIGANICO [3], através de informações fornecidas por fabricantes,
os parâmetros necessários para o cálculo do coeficiente de amortecimento equivalente
viscoso são os seguintes (tabela A.2):
153
Apêndice B
Programas desenvolvidos em
MATLAB
%Símbolos:
syms deltaktr deltaks deltakp
%Parâmetros:
g = 9.80665 % m/s²
%Ktr = 1.1E8 % N/m (tese de doutorado que vimos)
%Ktr = 8.8E7 %N/m valor do UM
%Ktr = 5.5E7 % N/m (metade do valor da tese de doutorado)
Ktr = 2.2E7 %N/m (MRS)
%Ks = 9.24E6 % N/m (trabalho do Viganico)
Ks = 1.6609E7 %N/m (UFRJ)
%Ks = 1.442E7 %N/m (MRS)
Kp = 2.332E8 % N/m
Pt = 4710 * g% %N
mPv = 54764.8 * g %N
Pb = 690 * g %N
mwb = 0.889 %metade do wheel base (m)
mET = 3.150 %metade do entre centros de truque (m)
%EQUAÇÕES:
%Resolver:
output = solve(eq1,eq2,eq3,deltaktr,deltaks,deltakp)
output.deltaktr
output.deltaks
output.deltakp
Deltaktr = 324364251253938541/24189255811072000000
%
% %
Deltaks = 59794280643954309/1826178862573158400
% %
Deltakp = 4613303622682951/2003172746854400000
%Forças no estado de equilíbrio estático:
%Força total vertical nas rodas:
Fktr = (Ktr * Deltaktr)/2
154
B2 - Programação para o S-function
switch flag,
%%%%%%%%%%%%%%%%%%
% Initialization %
%%%%%%%%%%%%%%%%%%
case 0,
[sys,x0,str,ts]=mdlInitializeSizes();
%%%%%%%%%%%%%%%
% Derivatives %
%%%%%%%%%%%%%%%
case 1,
sys=mdlDerivatives(t,x,u,ks,kp,c,m1,m2,m3,m4,m5,It,Iv);
%%%%%%%%%%
% Update %
%%%%%%%%%%
case 2,
sys=mdlUpdate(t,x,u);
%%%%%%%%%%%
% Outputs %
%%%%%%%%%%%
case 3,
sys=mdlOutputs(t,x,u);
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
% GetTimeOfNextVarHit %
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
case 4,
sys=mdlGetTimeOfNextVarHit(t,x,u);
%%%%%%%%%%%%%
% Terminate %
%%%%%%%%%%%%%
case 9,
sys=mdlTerminate(t,x,u);
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
% Unexpected flags %
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
otherwise
error(['Unhandled flag = ',num2str(flag)]);
end
% end sfuntmpl
%
%=====================================================================
========
% mdlInitializeSizes
% Return the sizes, initial conditions, and sample times for the S-
function.
155
%=====================================================================
========
%
function [sys,x0,str,ts]=mdlInitializeSizes()
%
% call simsizes for a sizes structure, fill it in and convert it to a
% sizes array.
%
% Note that in this example, the values are hard coded. This is not a
% recommended practice as the characteristics of the block are
typically
% defined by the S-function parameters.
%
sizes = simsizes;
sizes.NumContStates = 16;% Número de estados
sizes.NumDiscStates = 0;
sizes.NumOutputs = 16;%Número de saídas
sizes.NumInputs = 4;%Número de entradas (8 excitações (4 funções
de posição))
sizes.DirFeedthrough = 0; % 0 caso não tenha realimentação de estados
ou qualquer variável
sizes.NumSampleTimes = 1; % at least one sample time is needed
sys = simsizes(sizes);
%
% initialize the initial conditions
% end mdlInitializeSizes
%
%=====================================================================
========
% mdlDerivatives
% Return the derivatives for the continuous states.
%=====================================================================
========
%
function sys=mdlDerivatives(t,x,u,ks,ktr,kp,c,m1,m2,m3,m4,m5,It,Iv)
% ESTADOS
% x(1) = z1(1) = z1(t)
% x(2) = z1(2) = z1dt(t)
156
% x(3) = z2(1) = z2(t)
% x(4) = z2(2) = z2dt(t)
% x(5) = z3(1) = z3(t)
% x(6) = z3(2) = z3dt(t)
% x(7) = z4(1) = z4(t)
% x(8) = z4(2) = z4dt(t)
% x(9) = z5(1) = z5(t)
% x(10) = z5(2) = z5dt(t)
% x(11) = phi1(1) = phi1(t)
% x(12) = phi1(2) = phi1dt(t)
% x(13) = phi2(1) = phi2(t)
% x(14) = phi2(2) = phi2dt(t)
% x(15) = phi3(1) = phi3(t)
% x(16) = phi3(2) = phi3dt(t)
% ----------------------------------------------------
% ENTRADAS
% u(1) = ze1(t)
% u(2) = ze2(t)
% u(3) = ze3(t)
% u(4) = ze4(t)
%Constantes dimensionais:
%Semi-base rígida:
wb = 0.889; %(m)
%%Entre-centros do truque:
mET = 3.150; % (m)
z1dt2 = (1/m1)*(c*(x(4)-x(2))-(ktr*(2*x(1)-u(2)-u(1)))+(ks*(x(3)-
x(1))));
z2dt2 = (1/m2)*(-c*(x(4)-x(2))-ks*(x(3)-x(1))+kp*(x(5)-x(3)-
mET*sin(x(13))));
z3dt2 = (1/m3)*(-kp*(2*x(5)-x(3)-x(7)));
z4dt2 = (1/m4)*(-c*(x(8)-x(10))-ks*(x(7)-x(9))+kp*(x(5)-x(7)-
mET*sin(x(13))));
z5dt2 = (1/m5)*(c*(x(8)-x(10))- ktr*(2*x(9)-u(4)-u(3))+(ks*(x(7)-
x(9))));
phi1dt2 = (1/It)*(-ktr*wb*(2*wb*sin(x(11))-u(2)+u(1))-
ks*dm^2*sin(x(11)));
phi2dt2 = (1/Iv)*(-kp*mET*(x(3)-x(7)+mET*sin(x(13))));
phi3dt2 = (1/It)*(-ktr*wb*(2*wb*sin(x(15))-u(4)+u(3))-
ks*dm^2*sin(x(15)));
%% SISTEMA
sys = [x(2),z1dt2,x(4),z2dt2,x(6),z3dt2,x(8),z4dt2,x(10),z5dt2,...
x(12),phi1dt2,x(14),phi2dt2,x(16),phi3dt2];
% end mdlDerivatives
%%
157
%=====================================================================
========
% mdlUpdate
% Handle discrete state updates, sample time hits, and major time step
% requirements.
%=====================================================================
========
%
function sys=mdlUpdate(t,x,u)
sys = [];
% end mdlUpdate
%
%=====================================================================
========
% mdlOutputs
% Return the block outputs.
%=====================================================================
========
%
function sys=mdlOutputs(t,x,u)
sys = x;
% end mdlOutputs
%
%=====================================================================
========
% mdlGetTimeOfNextVarHit
% Return the time of the next hit for this block. Note that the
result is
% absolute time. Note that this function is only used when you
specify a
% variable discrete-time sample time [-2 0] in the sample time array
in
% mdlInitializeSizes.
%=====================================================================
========
%
function sys=mdlGetTimeOfNextVarHit(t,x,u)
sys = [];
% end mdlGetTimeOfNextVarHit
%=====================================================================
========
% mdlTerminate
% Perform any end of simulation tasks.
%=====================================================================
========
%
function sys=mdlTerminate(t,x,u)
sys = [];
% end mdlTerminate
158
Apêndice C
Vetores de posição:
Vetores de velocidade:
Vetores de aceleração:
159
Apêndice D
Equação de movimento 1:
> Fext_generalizadas[1]= Finn_generalizadas[1];
Equação de movimento 2:
> Fext_generalizadas[2]= Finn_generalizadas[2];
Equação de movimento 3:
> Fext_generalizadas[3]= Finn_generalizadas[3];
160
Apêndice E
161
Apêndice F
Figura F.1: Força vertical total nas rodas do rodeiro 1 para corrugações com ampli-
tude de 0,5 mm: À esquerda para a roda esquerda e à direita para a roda direita.
162
Figura F.2: Força vertical total nas rodas do rodeiro 1 para corrugações com ampli-
tude de 1,0 mm: À esquerda para a roda esquerda e à direita para a roda direita.
Figura F.3: Força vertical total nas rodas do rodeiro 1 para corrugações com ampli-
tude de 1,5 mm: À esquerda para a roda esquerda e à direita para a roda direita.
Devido a via ter sido modelada sem elementos de amortecimento, as forças ver-
ticais nas rodas para veículo trafegando em via sem corrugações se apresentam
oscilantes, no período de tempo observado. Estas diminuem com o tempo à medida
que se afastam do regime transiente, como abordado na seção 6.1.
163
F2 - Simulações para vagão cheio a velocidade de 54 km/h
Figura F.4: Força vertical total nas rodas do rodeiro 1 para corrugações com ampli-
tude de 0,5 mm: À esquerda para a roda esquerda e à direita para a roda direita.
Figura F.5: Força vertical total nas rodas do rodeiro 1 para corrugações com ampli-
tude de 1,0 mm: À esquerda para a roda esquerda e à direita para a roda direita.
Figura F.6: Força vertical total nas rodas do rodeiro 1 para corrugações com ampli-
tude de 1,5 mm: À esquerda para a roda esquerda e à direita para a roda direita.
164
F3 - Simulações para vagão vazio a velocidade de 80 km/h
Figura F.7: Força vertical total nas rodas do rodeiro 1 para corrugações com ampli-
tude de 0,5 mm: À esquerda para a roda esquerda e à direita para a roda direita.
Figura F.8: Força vertical total nas rodas do rodeiro 1 para corrugações com ampli-
tude de 1,0 mm: À esquerda para a roda esquerda e à direita para a roda direita.
Figura F.9: Força vertical total nas rodas do rodeiro 1 para corrugações com ampli-
tude de 1,5 mm: À esquerda para a roda esquerda e à direita para a roda direita.
165