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Rio de Janeiro
Março de 2014
ANÁLISE DE FLUXOS DE DETRITOS NA REGIÃO SERRANA FLUMINENSE
Examinada por:
________________________________________________
Prof. Anna Laura Lopes da Silva Nunes, Ph.D.
________________________________________________
Prof. Alberto de Sampaio Ferraz Jardim Sayão, Ph.D.
________________________________________________
Prof. Rogério Luiz Feijó, D.Sc.
________________________________________________
Prof. Willy de Alvarenga Lacerda, Ph.D.
iii
AGRADECIMENTOS
A Deus pela fortaleza, a luz e a força para concluir esta etapa da minha vida.
A meus pais, Zilene e Angel pelo apoio e a força em todo momento, pelo amor e
confiança em cada um dos meus passos até aqui.
A toda minha família e amigos, que de longe me apoiaram durante todo este tempo. A
tia Ilma, pela compreensão e apoio em todo momento.
À professora Anna Laura, por ter me aceitado como orientada, pela compreensão,
pelo carinho, pela amizade e pela força, por toda sua preocupação e ajuda durante o
desenvolvimento desta dissertação.
Ao José, pelo apoio, compreensão e paciência durante esta etapa, pela ajuda
incondicional durante longos dias de trabalho.
iv
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
Março /2014
v
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
March/2014
The Debris flows are known to be among the most catastrophic mass
movements of nature, depending on the speed, power and high volume of motion. In
Brazil and in several regions of the world the damage caused by this movement has
been associated with significant economic losses and fatalities. Empirical and
analytical methods have been developed to estimate the main parameters of debris
flow, which can be used to develop mitigation and coexistence solutions in susceptible
areas. This work aims to present the main empirical and numerical methods for
evaluating debris flow methods. Empirical relationships and the numerical program
DAN3D were used to evaluate the main characteristic parameters of two debris flows
triggered in the mountainous region of Rio de Janeiro, extraordinary rainfall event in
January, 2011. The cases of the debris flow and Caleme in Teresopolis and Córrego
D'Antas, in Nova Friburgo, were investigated and analyzed with empirical relations and
numerical simulation with DAN3D program. The results were compared with the actual
characteristics of the two events, indicating consistent values, which confirm the
usefulness of these tools for analysis of risk areas and projects of structures of
coexistence and mitigation of debris flow.
vi
ÍNDICE
CAPITULO 1. ................................................................................................................ 1
4.3. SIMULAÇÕES DOS CASOS DE ESTUDO COM O MODELO DAN3D ...... 108
viii
LISTA DE FIGURAS
ix
Figura 3.5 - Condição da área após o Evento Caleme, Maio 2011 (GOOGLE EARTH,
2011). ......................................................................................................................... 71
Figura 3.6 - Perfil longitudinal da trajetória do fluxo de detritos no Caleme. ............... 76
Figura 3.7 - Retroanálises da parte superior da seção de estudo do Evento Caleme. 77
Figura 3.8 - Zona de iniciação do movimento de massa do Caleme. .......................... 80
Figura 3.9 - Zona de iniciação do movimento de massa do Evento Caleme. .............. 81
Figura 3.10 - Zona de deposição do fluxo de detritos no Caleme................................ 82
Figura 3.11 - Zona de transporte e erosão do fluxo de detritos no Caleme. ................ 82
Figura 3.12 Zona de deposição do material do Evento Caleme .................................. 83
Figura 3.13 - Imagem de satélite da área do evento Córrego D´Antas (GOOGLE
EARTH, 2013). ........................................................................................................... 84
Figura 3.14 - Trajetórias do movimento de massa do Córrego D’Antas. ..................... 86
Figura 3.15 - Movimento de massa do Córrego D´Antas. .......................................... 87
Figura 3.16 - Perfil longitudinal da trajetória do fluxo do Córrego D´Antas. ................. 88
Figura 3.17 - Condições da área antes do evento Córrego D´Antas (GOOGLE
EARTH, 2010). ........................................................................................................... 89
Figura 3.18 - Condições após evento do Córrego D´Antas (GOOGLE EARTH, 2011).
................................................................................................................................... 89
Figura 3.19 - Zona de iniciação do movimento de massa do Córrego D´Antas. .......... 92
Figura 3.20 - Zona de deposição do material do Evento Córrego D´Antas. ................. 93
Figura 3.21 - Tálus/colúvio na base da escarpa do Córrego D’Antas. ......................... 94
Figura 3.22 - Zona de transporte e erosão do movimento de massa principal na parte
superior do Córrego D’Antas....................................................................................... 95
Figura 3.23 - Zona de transporte e erosão do movimento de massa principal na parte
inferior do Córrego D’Antas......................................................................................... 96
Figura 3.24 - Distância percorrida pelo fluxo de detritos no Córrego D´Antas. ............ 97
Figura 4.1 - Imagem geral do movimento (output , DAN3D) - Caso Caleme. ............ 111
Figura 4.2 - Mapa de velocidade – Caleme............................................................... 112
Figura 4.3 - Mapa de descarga de pico – Caleme. .................................................... 112
Figura 4.4 - Mapa de deposição – Caleme. .............................................................. 113
Figura 4.5 - Mapa de erosão – Caleme. .................................................................... 113
Figura 4.6 - Área de deposição obtida com a modelagem no DAN3D – Caleme. ..... 114
Figura 4.7 - Imagem geral do movimento (output DAN3D) - Caso Córrego D'Antas. 115
Figura 4.8 - Mapa velocidade máxima – Córrego D’Antas. ....................................... 117
Figura 4.9 - Mapa de descarga de pico – Córrego D’Antas. ...................................... 117
Figura 4.10 - Mapa de deposição máxima – Córrego D’Antas. ................................. 118
Figura 4.11 - Mapa de erosão – Córrego D’Antas. .................................................... 118
x
Figura 4.12 - Área de deposição obtida com DAN3D - – Córrego D’Antas................ 119
Figura 4.13 - Comparação entre valores reais, simulados e estimados por relações
empíricas - Distância percorrida. .............................................................................. 125
Figura 4.14 - Comparação entre valores reais, simulados e estimados por relações
empíricas - Distância de deposição. ......................................................................... 125
Figura 4.15 - Comparação entre valores reais, simulados e estimados por relações
empíricas - Área de Deposição. ............................................................................... 126
Figura 4.16 - Comparação entre valores reais, simulados e estimados por relações
empíricas - Volume total. .......................................................................................... 126
Figura 4.17 - Comparação entre valores simulados e estimados por relações empíricas
- Descarga de Pico. .................................................................................................. 127
Figura 4.18 - Comparação entre valores simulados e estimados por relações empíricas
- Velocidade média. .................................................................................................. 127
LISTA DE TABELAS
Tabela 2-1 - Classificação de movimentos em encostas (adaptado de VARNES, 1978).
..................................................................................................................................... 6
Tabela 2-2 - Classificação de movimentos de massa em função da velocidade
proposta por Cruden & Varnes (AUSTRALIAN GEOMECHANICS SOCITE, 2002). ..... 7
Tabela 2-3 - Classificação brasileira para movimentos de massa (adaptada AUGUSTO
FILHO,1992). ................................................................................................................ 8
Tabela 2-4 - Relação de elementos considerados significativos para descrição de
movimentos de massa (GeoRio, 2014). ...................................................................... 17
Tabela 2-5 - Ficha de caracterização para levantamento de dados de movimentos de
massa (adapt. POLANCO, 2010). ............................................................................... 18
Tabela 2-6 - Classificação em função da velocidade de deslizamentos (CRUDEN &
VARNES, 1996). ......................................................................................................... 20
Tabela 2-7 - Classificação de fluxos de detritos (POLANCO, 2010, MOD. DE JAKOB &
HUNGR, 2005). .......................................................................................................... 28
Tabela 2-8 - Valores típicos dos principais parâmetros de fluxo de detritos (IVERSON,
1997). ......................................................................................................................... 32
Tabela 2-9 - Valores de taxa de escoamento e profundidade de erosão (adapt.
ROCHA, 2011)............................................................................................................ 39
Tabela 2-10 - Principais características dos métodos de análises de fluxos de detritos
(HUNGR, 2005). ......................................................................................................... 41
Tabela 2-11 - Relações empíricas propostas na literatura. ......................................... 43
Tabela 2-12 – Programas numéricos aplicados para análises de fluxos de detritos. ... 45
xi
Tabela 2-13 – Parâmetros e características dos programas numéricos para análise de
fluxo de detritos. ......................................................................................................... 48
Tabela 2-14 – Casos de fluxo de detritos e parâmetros adotados simulados com os
programas DAN-W e DAN3D. ..................................................................................... 52
Tabela 2-15 - Medidas ativas para mitigação de fluxos de detritos (NUNES & RIOS
FLHO, 2009). .............................................................................................................. 59
Tabela 2-16 - Medidas passivas de mitigação (HUBL & FIEBIGER, 2005). ................ 64
Tabela 3-1 - Parâmetros de resistência de solos residuais brasileiros (adapt. de
FAGUNDES, 2000). .................................................................................................... 73
Tabela 3-2 - Parâmetros de resistência considerados na parte superior da encosta. . 78
Tabela 3-3 Parâmetros de resistência considerados na parte inferior da encosta. ...... 78
Tabela 3-4 - Parâmetros de resistência adotados para análises do Caleme. .............. 79
Tabela 3-5 - Parâmetros de resistência adotados para as análises do evento do
Córrego D´Antas. ........................................................................................................ 91
Tabela 4-1 - Características dos casos de estudo – Caleme e Córrego D’Antas. ....... 99
Tabela 4-2 – Parâmetros de fluxos de detritos calculados de relações empíricas. .... 100
Tabela 4-3 - Resultados da simulação dos casos de estudo com DAN3D. ............... 110
Tabela 4-4 – Parâmetros de fluxo de detritos obtidos com DAN3D para Caleme e
Córrego D’Antas. ...................................................................................................... 121
Tabela 4-5 - Comparação de parâmetros observados e obtidos com relações
empíricas e simulação numérica com DAN3D. ......................................................... 122
xii
CAPITULO 1.
1.1. INTRODUÇÃO
1
métodos são ainda de emprego muito restrito para análises do movimento, estimativa
de parâmetros e definição de potenciais áreas afetadas. Isto se deve principalmente à
complexidade do fluxo de detrito e, consequentemente, à dificuldade do entendimento
do mecanismo do movimento e suas características.
Países como Áustria, Suíça, Itália Japão, China, Estados Unidos e Canadá investem
em pesquisas e técnicas que permitem uma melhor compreensão e dimensionamento
deste movimento de massa. Entretanto, esta não tem sido a realidade brasileira, que
conta com poucas pesquisas no assunto e raros registros dos eventos históricos
ocorridos no país.
1.2. OBJETIVOS
(v) Determinação dos principais parâmetros dos fluxos de detritos dos casos de
estudo, utilizando relações empíricas e simulação numérica com DAN3D;
1.3. ORGANIZAÇÃO
3
CAPITULO 2. REVISÃO BIBLIOGRAFICA
Este capítulo apresenta os movimentos de massa, com ênfase nos fluxos de detritos
(Debris Flow), descrevendo os principais parâmetros deste tipo de movimento. São
apresentadas as relações empíricas desenvolvidas por diversos autores considerando
observações de campo e estudos de casos reais, para estimativa dos principais
parâmetros que caracterizam os fluxos de detritos. O capitulo também apresenta o
modelo tridimensional de análises, para determinação de parâmetros associados aos
fluxos de detritos, desenvolvido por MCDOUGALL & HUNGR em 2004 e 2005, para
simulação dos principais parâmetros e desenvolvimento de movimentos de massa de
diversos tipos, como fluxos de detritos (Debris Flows), avalanches de detritos, quedas
de blocos (Rock Falls) e deslizamento complexos.
4
abundante ou de chuvas concentradas, em alguns casos associados a efeitos
tectônicos, como fraturamentos ou falhamentos. Resultam no aparecimento de marcas
de escorregamentos e desmoronamento de blocos.
ORTIGÃO & SAYÃO (2004) descrevem que a classificação dos movimentos de massa
obedece aos seguintes critérios:
Tipo de Material
Tipo de Movimento
Solo
Rocha
Grosseiro Fino
Quedas Blocos de rocha Detritos De Terra
De blocos de
Tombamentos Detritos De terra
rocha
Desmoronamento Desmoronamento Desmoronamento
Rotacionais Poucas unidades
Escorregamentos
De blocos de
Espalhamentos laterais De detritos De terra
rocha
De rocha (rastejo De detritos De terra
Corridas/escoamentos
profundo)
(rastejo de solo)
Complexos: combinação de dois ou mais dos principiais tipo de movimentos
Diversas causas originadas por agentes naturais e/ou induzidos correspondem aos
principais deflagradores de movimentos de massa.
NUNES (2013) descreve que os fatores que controlam os movimentos de massa são
diversos, destacando-se as feições geológicas, representadas por descontinuidades
tais como fraturas, falhas, foliação e bandamento composicional, acamamentos, e os
condicionantes geomorfológicos que incluem a morfologia do talude, zonas de
convergência e divergência de fluxo de água, ocorrência de depósitos de tálus e
colúvios. Ainda neste sentido, NUNES (2013) reporta que os movimentos se
subdividem em movimentos gravitacionais de massa, influenciados pela gravidade, e
movimentos de transporte de massa, quando o material é transportado pela ação da
água.
Velocidade
Classe Descrição Danos esperados e reação da população
típica
Desastres catastróficos; edificações
Extremamente destruídas por impacto de material
1 >5 m/s
rápido deslocado, muitas perdas de vida.
Sobrevivência improvável
7
Tabela 2-3 - Classificação brasileira para movimentos de massa (adaptada AUGUSTO
FILHO,1992).
Movimento Características
Velocidades médias
Material rochoso
Quedas
Pequenos a médios volumes
Tombamento
8
A importância da classificação destes movimentos reside principalmente na escolha de
métodos de mitigação de acordo com o mecanismo de ruptura e dos materiais
envolvidos em cada caso.
A queda de blocos pode ser originada por agentes naturais, tais como água e vento
que influenciam a trajetória dos blocos envolvidos no movimento. Por sua vez, a
geomorfologia do local pode também influenciar a trajetória e a disposição final da
massa deslocada.
9
Figura 2.1 - Queda de blocos na rodovia BR-101 atingindo um muro de contenção
(NUNES, 2013).
10
A Figura 2.2 apresenta uma ruptura do tipo tombamento, onde é evidenciada
claramente a direção das fraturas no maciço.
11
Segundo SELBY (1993), longos períodos de chuva são costumeiramente necessários
para ocorrência de deslizamentos translacionais, pois quando o solo perde seu poder
de drenagem, a poropressão aumenta fazendo com que o material perca resistência.
13
Este tipo de movimento pode se desenvolver em canais confinados ou abertos, o que
influencia nos principais parâmetros da massa que constituem o fluxo. A velocidade,
vazão e espalhamento, distribuição das partículas e leque de deposição variam de
acordo com a largura e forma do canal.
Estes movimentos podem ser originadas por simples deslizamento ou por queda de
rocha. A mobilização da massa inicial, somadas às condicionantes da área onde se
desenvolve o movimento, serão determinantes para que um movimento simples seja
transformado em um movimento complexo.
14
Figura 2.4 - Fluxo de detritos – Vargas, Venezuela (1999).
15
Figura 2.5 - Depósitos resultante de movimentos complexos, acorridos em Vargas,
Venezuela em 1999.
POLANCO (2010) propõe uma ficha de caracterização para levantamento dos dados
de movimentos de massa, apresentada na Tabela 2.5.
16
Tabela 2-4 - Relação de elementos considerados significativos para descrição de
movimentos de massa (GeoRio, 2014).
Características
Movimento
17
Tabela 2-5 - Ficha de caracterização para levantamento de dados de movimentos de
massa (adapt. POLANCO, 2010).
DADOS GERAIS
Caso
Origem
Classificação
Local (Cidade - Pais)
Data
Mecanismo de acionamento
Consequências
GEOMETRIA
MORFOLOGIA
Fonte Depósito
Superfície da área
Água
DETALHES DA GEOMETRIA
Volume (m³)
Descarga de Pico (m³/s)
Caminho
Ângulo de inclinação (°) Fonte
Depósito
PARÂMETROS DO MOVIMENTO
Máxima:
Velocidade de Escorregamento (m/s)
Média:
Máxima:
Espessura do material depositado (m)
Média:
Tempo de duração (s)
Distância percorrida (m)
OUTROS DETALHES IMPORTANTE
SOLUÇÕES PROPOSTAS
18
2.3 FLUXOS DE DETRITOS
2.3.1. DEFINIÇÃO
Os movimentos do tipo fluxo de detritos são originados por diversos fatores que devido
a situações extremas resultam em massas compostas por solo, rocha e detritos
misturados com água instabilizados pelo efeito da saturação e aumento da
poropressão. Fato somado às forças gravitacionais originam movimentos rápidos de
grandes volumes de material, conseguindo alcançar grandes extensões e grandes
áreas de deposição do material carregado.
STINY (1910) foi um dos primeiros a definir este tipo de movimento como um fluido
que se desenvolve em um canal natural, carregando sólidos e sedimentos em
suspensão no corpo do fluxo e transportando material erodido no fundo do canal do
fluxo. Devido ao aumento da massa em função dos sedimentos carregados, a partir de
um determinado momento, o fluxo muda, transformando-se em uma massa viscosa,
constituída por água, sólidos, solo, rocha e detritos misturados semelhantes a uma
lava num talvegue.
O fenômeno denominado fluxo de detritos não é mais que uma massa inicial acionada
por fatores naturais ou externos que se desloca com grande velocidade, variável em
função dos diversos fatores envolvidos, carregando e associando detritos e
sedimentos ao longo da sua trajetória, até atingir elevadas energias, com grande
capacidade de destruição.
Alguns casos históricos têm sido registrados, mostrando que o potencial de destruição
destas massas depende do conjunto de vários fatores deflagradores e que influenciam
o movimento. Algumas classificações apresentadas mostram o potencial de dano de
acordo com a magnitude do movimento.
Uma classificação proposta por CRUDEN & VARNES (1996) é apresentada na Tabela
2.6, enquadrando os fluxos de detritos em classes de acordo com a velocidade,
indicando a resposta da população de acordo.
TAKAHASHI (2006) descreve este tipo de movimento como uma mistura de água e
sedimentos aleatórios comportando-se como um fluido contínuo conduzido por
gravidade e que alcança grandes extensões.
19
Tabela 2-6 - Classificação em função da velocidade de deslizamentos (CRUDEN &
VARNES, 1996).
Limites de
Descrição Classificação Resposta
velocidade
Extremadamente rápido 7 Nula
>5 m/s
Muito rápido 6 Nula
Rápido 5 3m/min Evacuação
Moderado 4 1,8 m/h Evacuação
Lento 3 13 m/mês Manutenção
Muito lento 2 1,6 m/ano Manutenção
Extremadamente lento 1 <16 mm/ano Nula
Muitas definições são propostas para descrever os fluxos de detritos. Porém, por
serem movimentos complexos e dependentes dos condicionantes e fatores
deflagradores, todas as descrições são válidas, considerando que este movimento é
caracterizado por ser uma mistura de vários materiais, envolvendo grandes energias e,
consequentemente, atingindo elevadas velocidades e distâncias.
2.3.2. CARACTERÍSTICAS
20
Zona de Iniciação
Zona de deposição
Zona de Deposição
De acordo com IVERSON (1997), a deposição ocorre quando toda a energia cinética é
transformada em outra forma de energia. A deposição normalmente resulta da
combinação da redução da declividade e da perda do confinamento (HUNGR, 2005;
BENDA & CUNDY, 1990). Diversos autores apresentam os valores de declividade
onde se inicia a deposição do fluxo. Segundo VANDINE (1996), a zona de deposição
geralmente tem declividades inferiores a 10°. Outros autores apresentam valores de
ângulo de deposição diferentes do proposto por VANDINE (1996). Casos reais têm
22
demonstrado que os ângulos de deposição são variáveis de acordo com as condições
de desenvolvimento dos movimentos, podendo ser superiores a 10°. HUNGR et al.
(1984) sugerem valores de ângulos de deposição variando de 8 a 12° para
movimentos em canais "confinados" e de 10 a 14° para canais "abertos". Alguns casos
de pequenos fluxos e avalanches de detritos registrados em Hong Kong mostram
ângulos de deposição excedendo 30 a 40°(WONG et al.,1997). FINNIN & WISE (2001)
relatam faixas de ângulos de deposição de 10 a 22° para fluxos de detritos
canalizados e de 19 a 24° para fluxos não confinados registrados na região de British
Columbia (Canada).
PIERSON (1986) descreve que, para fluxos de detritos, o corpo é dividido em três
zonas, diferenciadas pelos tamanhos das partículas (Figura 2.8). A parte frontal
apresenta a maior porcentagem de partículas de maior diâmetro. Na parte central do
encontra-se uma massa constituída de material fino e detritos. A parte final sofre fluxo
turbulento com maior porcentagem de água do que de sedimentos, similar a um fluxo
de lama.
Figura 2.8 - Perfil esquemático de fluxo de detritos com frente granular (PIERSON,
1987).
2.3.3. DEFLAGADORES
24
Vegetação: o tipo de vegetação pode influenciar no grau de susceptibilidade de
uma determinada área, no entanto BHUWANI (2004) descreve que uma
proteção vegetal escassa não corresponde a um fator de deflagração
importante;
Por outro lado, em muitos casos, fatores associados à ocupação desordenada do solo,
rompimento de barragens artificiais e naturais, ações sísmicas e vulcânicas também
podem ser deflagradores de fluxos de detritos. Inspeções periódicas de campo devem
ser realizadas em áreas susceptíveis para evitar que estes deflagradores sejam
ativados.
25
de massa, algumas relacionando os principais parâmetros que caracterizam o
movimento e outras classificando em função da geologia do material.
O primeiro tipo (stony type debris flow), é caracterizado por carregar grandes blocos
de rocha nas porções frontais, seguidos por uma massa com maior quantidade de
água e partículas com menor diâmetro do que a porção frontal, diminuindo a descarga
e a concentração de sólidos gradualmente.
O segundo tipo (muddy flow) é definido pelos diâmetros das partículas dominantes,
entre 1 e 3mm, com grandes blocos dispersos no fluxo e não concentrados na porção
frontal. Este tipo de fluxo é considerado turbulento.
O terceiro tipo, denominado viscous debris flow, possui características distintas aos
fluxos granulares e de material fino. Este tipo não apresenta blocos no corpo do fluxo,
e sua turbulência decresce gradualmente, transformando-se em um fluxo laminar.
ii. Fluxo de lama (Mud Flow), movimento rápido a extremamente rápido de lama
e/ou detritos saturados, e em canal, com alto teor de água e alta plasticidade,
IP>5%;
iii. Enxurrada de detritos (Debris flood), movimento muito rápido com grande
quantidade de detrito, afloramento de água;
26
iv. Avalanche de detritos (Debris avalanche), movimento muito a extremamente
rápido, de material superficial, parcial ou totalmente saturado, sem canal.
Na classificação proposta por HUNGR (2001), o termo mud é usado para solos
argilosos, cuja matriz (areia e finos) é significativamente plástica. Este material
argiloso ou solo seco é potencialmente instável ao se misturar rapidamente com águas
superficiais, superando o limite líquido.
O termo debris (detritos) é definido por HUNGR et al. (2001) como um material solto
de baixa plasticidade, resultante de movimentos de massa (colúvio), intemperismo
(solo residual), transporte glaciar (depósitos de gelo), explosões vulcânicas (depósitos
piroclásticos), ou de atividade humana (exploração de minas).
JAKOB (2005) propõe uma classificação dos fluxos de detritos (Debris Flows) em
função da magnitude do movimento, relacionando este volume aos principais
parâmetros que caracterizam o movimento: vazão, área inundável e aumento dos
potenciais danos. A classificação apresentada na Tabela 2.7, proposta por JAKOB
(2005) e adaptada por POLANCO (2010), considera apenas a área inundável e
consequências de acordo com as classes do movimento. Esta classificação considera
9 classes, crescentes com o potencial de danos.
28
Figura 2.9 - Esquema de Classes 1 a 3 de fluxo de detritos (Jakob, 2005).
29
2.3.5. FLUXOS DE DETRITOS INICIADOS POR DESLIZAMENTOS
IVERSON et al. (1997) descreve que três processos são envolvidos neste fenômeno:
(1) ruptura generalizada do material deslizado inicialmente; (2) liquefação completa ou
parcial da massa de solo por elevada poropressão, e (3) transformação da energia de
um deslizamento translacional em energia interna da massa deslizante. Sendo o
primeiro processo uma consequência da ruptura inicial e os outros dois processos são
fatores internos e externos para a formação de fluxos de detrito, estes podem ser
iniciado por uma das condições descritas acima ou pela sua combinação.
30
lado, os parâmetros internos característicos estão associados às propriedades do
material envolvido: densidade do material sólido, densidade da mistura, tipo de
material, tamanho das partículas, entre outros.
31
Tabela 2-8 - Valores típicos dos principais parâmetros de fluxo de detritos (IVERSON,
1997).
Volume
Velocidade
Descarga de Pico
A vazão de pico pode ser o melhor parâmetro para distinguir uma corrida de detritos
de uma avalanche de detritos (fluxo hiperconcentrado). Ambas são capazes de
transportar grandes quantidades de sedimentos mal graduados.
A vazão máxima de curta duração pode ser até 40 vezes maior do que a de uma
inundação extrema (VANDINE, 1985).
33
A estimativa da vazão de pico é de vital importância para a análise deste tipo de
movimento, pois auxilia na determinação da velocidade máxima e profundidade do
fluxo de detritos, impulso, forças de impacto, capacidade dos canais e das barreiras,
assim como da distância atingida pelo movimento.
A distância máxima percorrida (L) é representada pela projeção horizontal que une o
primeiro ponto da zona de iniciação do movimento e o ponto limite máxima do material
depositado durante o movimento. Esta distância (L) conjuntamente com a altura (H),
definida pelo diferença entre o ponto mais alto (zona de iniciação) e o ponto mais
baixo, definem o ângulo de alcance (α), proposto pioneiramente por HEIM (1932) e
denominado de fahrböschung. Outros autores o denominaram de ângulo de viagem
(Travel Angle) ou ângulo da trajetória (HUNTER & FELL 2003).
WONG et al. (1997) sugerem que a relação entre o ângulo de viagem do e a distância
percorrida pode ser aplicável para estimativa de distâncias percorridas em eventos de
fluxos de detritos em condições similares.
VOELLMY (1955) e SALM (1996) propõem que a distância percorrida por um fluxo de
detritos pode ser calculada a partir da energia e seus princípios de conservação, de
forma análoga a das avalanches de neve. TAKAHASHI & YOSHIDA (1979), sugerem
34
o cálculo da distância percorrida por meio da implementação das equações de
conservação de momento.
35
Um dos mecanismos que causam o aumento do material durante a trajetória de fluxos
de detritos é a instabilidades do fundo e erosão da base do canal, provocado pelas
forças de arraste atuando na base do fluxo e pela perda de resistência devido ao
carregamento não drenado durante este tipo de movimento (HUNGR et al., 2005)
(Eq. 2.1)
Onde:
: seção transversal do fluxo (m²);
: raio hidráulico (m);
: ângulo de inclinação do canal (°);
: aceleração gravitacional (g/m²)
Por outro lado HUNGR et al. (1984) desenvolveram o termo Channel Debris Yield Rate
(taxa de erosão no percurso) para determinar a taxa de ganho de volume por unidade
de comprimento. HUNGR (2005) afirma que este termo representa a quantidade de
volume de sedimento que o fluxo recebe por metro percorrido, ao erodir o canal
durante seu avanço.
36
(Eq. 2.2)
Onde:
A: seção transversal da área erodida do canal (m²);
β: ângulo de inclinação do canal (rad).
HUNGR & MCDOUGALL (2004) relatam que a variação do volume devido à erosão e
ao arraste do material durante a trajetória do movimento é uma característica
importante de muitos movimentos de massa rápidos do tipo fluxo de detritos.
37
110 250.Sd (Eq. 2.3)
Por outro lado, HUNGR et al. (2005), apresentam uma expressão simples em função
dos volumes parciais que constituem o volume total de uma corrida de detritos:
Onde:
Vinical: volume inicial que dá origem ao movimento de massa (m³);
Vpoint: volume parciais acrescentados ao longo da trajetória (m³);
YiLi: produto entre comprimento e taxa de erosão ao longo do canal (m³).
A estimação de taxa de erosão é mais difícil e subjetiva para canais de base erodíveis,
onde não é evidenciado o substrato firme.
Neste trabalho não será feita estimativa de taxa de erosão para os casos de estudo
por tratar-se de fluxo não confinado com variação do material ao longo da trajetória do
fluxo.
38
Tabela 2-9 - Valores de taxa de escoamento e profundidade de erosão (adapt.
ROCHA, 2011).
Prof. Taxa de
No.
Referência Local Canal Erosão erosão
eventos
(m) (m³/m)
6 - 18
B.C. Coast, Canada
6,2
M. Creek, Canada
Hungr et al.(1984) 5 C - 7,8
Alberta Creek, Canada
5,5
Wahleach, Canada
18,4
Rickenmann &
Alpes Suíços - - - 650*
Zimmermann (1993)
0.2 – 5
Franks (1999) Hong Kong 40 C -
(3,6)
King (1996) Hong Kong 1 U 0-3 0 - 50
Okuda et al. (1980) The Alps, Japan 1 C 0-5 -
Rickenmann et al.
Kazakhstan 1 C - 8-300
(2003)
Zimmermann (1990) Alpes Suíços - - - 5 - 10
C: canais confinados; U: canais abertos; ( ): Valores médios; *: Valor máximo observado
39
Forças de impacto
(Eq. 2.4)
Sendo:
F= forca dinâmica (kN);
ρ = densidade (kN/m³);
V= velocidade do escoamento (m/s);
β =ângulo entre a direção do escoamento e a face da estrutura (°).
LUNA (2012) descreve que uma parte muito importante das análises de risco de
movimento de massa é dada pela determinação quantitativa das variáveis após
movimento: distância percorrida, espraiamento do material e velocidade do
movimento. Os fluxos de detritos são movimentos de difícil previsão e geralmente
40
ocorrem acompanhados de movimentos paralelos dificultando ainda mais uma
avaliação real do movimento.
Diversos métodos têm sido desenvolvidos para avaliação deste tipo de movimento:
métodos empíricos, métodos analíticos e métodos numéricos. HUNGR (2005)
apresenta as principais características de alguns métodos de análises, resumidas na
Tabela 2.10.
41
O emprego de relações empíricas para estudo de fluxos de detritos tem como principal
objetivo estimar os parâmetros principais, necessários para o dimensionamento e
definição de estruturas e métodos de mitigação de danos ocasionados pela grande
energia característica destes movimentos.
As relações empíricas têm como base diferentes parâmetros: área da bacia, inclinação
e geometria do canal, características geológicas, dados de precipitação (HAMPEL,
1980; TAKEI, 1980; KRONFELLNER-KRAUS, 1984; ZELLER,1985; RICKENMANN &
ZINMERMANN, 1993; D’AGOSTINO, 1996), que igualmente dependem de uma série
de fatores.
RICKENMANN (1999) sugere o uso de relações empíricas para determinar alguns dos
principais parâmetros dos fluxos de detritos, dentre eles: volume do fluxo, descarga de
pico, velocidade média, velocidade máxima (no pico da descarga), altura de pico,
densidade do material, tempo de impacto e distância percorrida.
Polanco (2010)
Takahashi (1991)
3
Rickenmann (1999)
Volume (m )
Gramani (2001)
Motta (2014)
Mizuyama et al.(1992)
Bovis&Jakob (1999)
3
Vazão de Pico (m /m) Polanco (2010)
Rickenmann (1999)
Motta (2014)
Rickenmann (1999)
Kherkheulidze (1975)
Velocidade (m/s)
Zhang et al. (1985)
Sibnuy (1966)
Rickenmann (1999)
Motta (2014)
Rickenmann (1999)
Distância de deposição (m) Lorent et al.(2003)
Crosta (2001)
2
Hübl (2009) ρmax=a v
Forças de impacto (N) ρmax=5·
Hungr (1984)
B:área plana de deposição (m²); M/V: volume (m³); Q/qt: descarga de pico (m³/s) v: velocidade media
do fluxo (m/s); Lmax:distância máxima do fluxo (m); L:distância de deposição (m); ρ max: força máxima de
impacto (N); F:Força de impacto (N); S/α: Inclinação do canal do fluxo (°); H: altura do movimento (m)
y: altura media do fluxo (m); g: gravidade; a: 3-5 (ZHANG, 1993); A: área transversal do fluxo; β:ângulo
da força do fluxo em relação à face da estrutura ρ/ρMU: densidade do fluxo
43
2.6 MÉTODOS ANALÍTICOS PARA ESTIMATIVA DOS PARÂMETROS DE
FLUXOS DE DETRITOS
Frictional,
DAN-W 1D Hungr (1995) Lagrange voellmy,
Bingham
Frictional,
DAN3D 3D McDougall e Hungr (2009) Lagrange voellmy,
Bingham
MADFLOW 3D Chen & Lee (2000) Lagrange Atrito
Voellmy
MassMov2D 3D Begueria et al. (2009) Euler
Bingham
45
O modelo numérico DAN-W foi desenvolvido por HUNGR (1995). Este programa
implementa uma solução unidimensional Lagrangeana para as equações de
movimento e ainda permite usar diversas relações reológicas. A simulação utiliza uma
malha de coordenadas curvilíneas, tanto para a equação de quantidade de movimento
como para a de conservação de massa. Este método numérico é uma adaptação da
Smoothed Particle Hydrodynamics (SPH) que simula o fluxo num canal de largura
definida pela área transversal do canal confinado considerado na análise.
O programa numérico TITAN2D, foi proposto por PITMAN et al.(2003) para análises
de avalanches granulares secas, que se deslocam sobre a superfície natural do
terreno, combinando simulação numérica com um modelo digital do terreno vinculado
à interfase de um sistema de informação geográfica (GIS). O modelo apresenta
algumas limitações, destacando-se o fato de exigir computadores de grande potência,
que geralmente trabalham com a técnica de memória distribuída. O programa tem sido
testado em exemplos com topografia simples e complexas e em experimentos de
laboratório (PATRA et al., 2005).
CHEN et al. (2006) incorporaram o efeito da erosão no fundo, o que não tinha sido
considerado inicialmente. CROSTA et al. (2005, 2006) analisaram vários casos
históricos com esta a nova versão DAN3D.
O programa numérico KANAKO foi desenvolvido por NAKATANI et al. (2007). Sua
versão inicial apresentava a possibilidade de simulação unidimensional de fluxo de
detritos e o efeito de barragens de contenção de sedimentos. As equações de
quantidade de movimento e conservação de massa, bem como as equações de
erosão e deposição foram baseadas nas formulações de TAKAHASHI & KUANG
(1986).
47
Todos os programas numéricos apresentados exigem o conhecimento do modelo
constitutivo dos materiais envolvidos na simulação de movimentos de massa. Alguns
autores propõem o emprego de modelos de equilíbrio limite, tais como Slope/W, Slide
ou Flac, para determinar as características dos materiais envolvidos mediante
retroanálise das seções criticas na área de estudo (BHUWANI, 2004).
Casos
Modelo Elementos necessários e algumas vantagens
modelados
- Hidrogramas de chuva que são modelados com reologia - Selvetta,
quadrática Itália, 2008
FLOD - 2D
- Permite modelagem de eventos de precipitação - Tresenda,
- Forças de impacto e pressões podem ser obtidas Itália, 2002
- Modelo 1D
KANAKO 1 - Modelagem de fluxo confinado nd
- A erosão pode ser modelada
48
O SLOPE/W é um programa computacional que realiza análises de estabilidades
implementando o método de equilíbrio limite. O programa consegue modelar materiais
heterogêneos, estratigrafias complexas e diversas superfícies potenciais de ruptura,
considerando as condições de poropressão, sucção e saturação.
50
Segundo MCDOUGALL E HUNGR (2004), um programa numérico abrangente para
modelar os movimentos de massa do tipo fluxo deve ter o conjunto de habilidades
descritas a seguir:
A Tabela 2.14 apresenta alguns casos reais modelados com modelo DANW e DAN3D,
mostrando os parâmetros utilizados para a simulação do movimento de massa de
várias regiões do mundo.
51
Tabela 2-14 – Casos de fluxo de detritos e parâmetros adotados simulados com os
programas DAN-W e DAN3D.
52
2.7.1. METODOLOGIA
Path Topography File, imagem digital do terreno (MDT), definida pela base
topográfica da área em estudo;
Source Depth File, imagem digital da superfície de ruptura, representando a
superfície que define a origem do movimento de massa na zona de iniciação;
Erosao Map File, imagem digital do mapa de erosão da área em estudo, que
define a distribuição dos materiais na área de acordo com o tipo encontrado na
trajetória do movimento;
Propriedades mecânicas dos materiais a serem considerados na simulação;
Definição dos modelos reológicos a serem considerado na simulação;
Parâmetros de controle, que permitem definir os parâmetros básicos do caso
de estudo (informações descritivas do evento, taxa de erosão, número de
partículas, número de materiais a serem considerados);
Imagem de fundo da área afetada pelo movimento de massa.
53
ÁREA
VOLUME FINAL
VELOCIDADE
DESCARGA DE PICO
ESPESSURA DE EROSÃO
DISTÂNCIA PERCORRIDA
TRAJETÓRIA
Modelo de Atrito
zx
(z=b) = - (σz – u) (z=b) ·tanØ = σ´z (z=b) ·tanØ (Eq. 2.5)
Onde Ø é o ângulo de atrito dinâmico e a poropressão pode ser relacionada com o esforço total
fazendo uso da coeficiente de poropressão, r u=u/ σz, ficando:
zx
(z=b) = - σz – (1 - ru) (z=b) ·tanØ (Eq. 2.6)
54
A equação pode ainda ser simplificada incluindo solo uma variável dependente, o
ângulo de atrito dinâmico Øb, onde tanØb=(1 - ru) (z=b):
(σz’, zx)
(z=b) (σz, zx)(z=b)
Ø
u(z=b)
Øb
55
tangenciais estão concentradas na base do fluxo, onde ocorre maior quantidade de
material mais fino e concentrado e saturado.
Modelo Voellmy
Onde,
σz : tensão total na base do fluxo;
f : coeficiente de atrito;
ρ : densidade do material;
g : aceleração da gravidade;
v : velocidade do fluxo na profundidade média;
ξ : Fator de turbulência.
Após avaliação de diversos casos, foi evidenciado que para vários tipos de
movimentos de massa, incluindo avalanches de neve, avalanche de rocha,
deslizamentos, avalanches de detritos e especialmente os fluxos de detritos, o modelo
Voellmy simula melhor o comportamento deste tipo de movimento. Em comparação
com o modelo de atrito, o modelo Voellmy tipicamente define melhores resultados das
simulações de velocidade e distribuição do depósito do material (KÖRNER, 1976;
PERLA et al., 1980; RICKENMANN & KOCH, 1997; HUNGR et al.,1998; AYOTTE &
HUNGR, 2000; JAKOB et al., 2000; HÜRLIMANN et al. 2003; REVELLINO et al., 2004;
BERTOLO & WIECZOREK, 2005).
56
disto, diversas medidas podem ser tomadas, a fim de mitigar eventos catastróficos
deste tipo.
Relocação
Educação
Mitigação
Remediação para redução ou
eliminação de acidentes
Relocação
Medidas
Ativas
Proteção
ção para redução das
consequências
Prevenção de movimentos
de massa
A primeira atividade a ser realizada para a prevenção dos efeitos dos fluxos de detritos
catastróficos é a identificação das áreas que podem ser afetadas (MORLES, 2009).
Por outro lado, as medidas passivas são associadas aos processos de instabilização,
na tentativa de reduzir os riscos e danos de rupturas, sem, no entanto, evitá-las. São
57
medidas combinadas, tanto técnicas quanto político-administrativas. Estas medidas
geralmente são planejadas e discutidas, mas poucos implementadas (NUNES, 2013).
NUNES & RIOS FILHO (2009) citam diversas medidas ativas de mitigação de fluxo de
detritos para convivência com este tipo de evento: bacia de deposição temporária,
bermas de deflexão, dissipadores de fluxo, túneis de detrito, túneis falsos para
proteção, barragens permeáveis, barreiras rígidas e flexíveis.
58
As medidas de mitigação podem ser subdividas em medidas de controle de iniciação
do processo, do transporte e da deposição do fluxo de detritos. Algumas técnicas
consideradas como medidas ativas de mitigação são apresentadas na Tabela 2.15.
Estas medidas deverão ser adotadas em função das condições específicas de cada
caso, acompanhado de uma análise social – econômica das áreas em risco.
Tabela 2-15 - Medidas ativas para mitigação de fluxos de detritos (NUNES & RIOS
FLHO, 2009).
Função Medida
Reflorestamento
Redução de escoamento (runoff) Controle de descarga
Desvio para outras áreas
Reflorestamento
Uso de bioengenharia
Drenagem
Redução de Erosão Estabilização do talude
Alargamento de canal
Estabilização de leito de canal
Desvio de runoff
Criação de reservatórios
Controle de Descarga
Alargamento de canal
Bacia de deposição de detritos
Bermas de deflexão
Barreiras permeáveis ou interrompidas
Controle de Debris Túneis para detritos
Túneis falsos para proteção
Barragens permeáveis
Barreiras rígidas e flexíveis
59
Figura 2.15 - Barreiras permeáveis para mitigação de fluxo de detrito - Parque Waraira
Repano (Ávila) - Caracas, Venezuela.
Figura 2.16 - Barreiras Permeáveis - Muro de Gabião - Parque Waraira Repano (Ávila)
Caracas, Venezuela.
60
Figura 2.17 - Barreira de gabiões - Parque Waraira Repano (Ávila)-Caracas,
Venezuela.
Figura 2.18 - Bacias de deposição para fluxos de detritos, Japão (HORIUCHI, 1998).
61
Figura 2.19 - Barreira flexível - BR040 - RJ (NUNES, 2013).
62
A principal limitante que apresentam as estruturas de mitigação mostradas nas figuras
(2.15 a 2.20) é a dificuldade de manutenção. Estas estruturas geralmente encontrasse
em lugares de difícil acesso, geralmente sem inspeção após eventos. Em função disto
a capacidade de mitigação e controle destas estrutura fica diminuída assim como a
sua vida útil, transformando uma estrutura ativa em uma estrutura pouco eficiente.
63
Tabela 2-16 - Medidas passivas de mitigação (HUBL & FIEBIGER, 2005).
Objetivo Função Medida
64
CAPITULO 3. CASOS DE ESTUDO
Diversos casos históricos têm sido e continuam sendo estudados por especialistas,
visando entender o comportamento de movimentos desta natureza.
CANEDO et al. (2001) descrevem que a região serrana do estado do Rio de Janeiro é
susceptível a desastres naturais, por ser uma região com relevo montanhoso com rios
hidraulicamente rápidos, marcados por enchentes de curta duração, com grande
capacidade erosiva e dinamicamente relacionados com a intensidade das chuvas.
65
escorregamentos em diversas áreas da região, provocadas pelos grandes volumes de
água e, como consequência, a perda de resistência do solo e o aumento das pressões
de água em encostas rochosas (DRM, 2012).
CANEDO et al. (2001) descrevem que as chuvas que atingiram a região serrana
correspondem a um evento extraordinário de chuvas. O movimento de massa teve sua
origem no período chuvoso na região Sudeste, que provocou precipitações de oito a
dez dias na serra do Estado do Rio e iniciou o processo de saturação do solo, que se
combinou com chuvas pré-frontais, que caíram com forte intensidade durante 32
horas, entre os dias 10 e 12 de janeiro. Finalmente houve um terceiro evento,
correspondente à formação de uma cumulus nimbus, realimentada por umidade
proveniente da Amazônia, que resultou em chuvas localizadas nas cabeceiras de
vales, de intensidade fortíssima e com duração de 4,5 horas, na noite de 11 para 12
de janeiro.
66
Figura 3.1 - Localização da área do evento do Caleme, Teresópolis
67
Zona de Iniciação
Zona de Transporte e
erosão
Zona de Deposição
68
estado do Rio de Janeiro (DRM, 2012) como de médio a grande porte, considerando a
área e volumes de materiais deslizados. O levantamento do DRM descreve que
“praticamente todo o capeamento de solo e parte de rocha se desprendeu do maciço
ocasionando a queda de blocos, misturando-os à massa de tálus da rampa de colúvio
posicionada logo abaixo da escarpa rochosa, mobilizando uma grande massa que
atingiu as casas localizadas no pé” (VAREJÃO, 2012).
Foi evidenciada a existência de tálus na base da encosta (Figura 3.3), originado por
movimentos de massa pretéritos, com características similares ao movimento
acontecido em Janeiro de 2011. A mistura, formada por blocos, lascas, detritos e
água, desprendida da parte superior da encosta, impactou o material do depósito,
originando um novo movimento de massa, do tipo fluxo de detritos, de grande energia.
69
blocos instáveis na parte superior, DRM recomendou, com caráter emergencial a
interdição e a evacuação imediata das moradias, bem como a escolha de áreas
adequadas para o reassentamento das moradias ou a execução de obras de
contenção, a fim de garantir a segurança na área.
Segundo MASSA (2012), a área em foco está inserida na região serrana do Estado do
Rio de Janeiro com altitudes em torno de 1000m, com vertentes bastante íngremes,
por vezes escarpadas, que buscam continuamente uma situação de equilíbrio com
tendência de instabilização natural.
70
As Figuras 3.4 e 3.5 apresentam a área do Caleme antes e depois do evento de
Janeiro de 2011. Observa-se nas figuras que existia na área uma camada vegetal de
espessura variável de 0,3 a 1,0m, esta camada foi totalmente removida pela massa
movimentada, limpando a superfície até o contato com a rocha.
Evento Caleme
Figura 3.4 - Condição da área antes do Evento Caleme, Julho 2010 (GOOGLE
EARTH, 2010).
Evento Caleme
Figura 3.5 - Condição da área após o Evento Caleme, Maio 2011 (GOOGLE EARTH,
2011).
71
3.1.4. CARACTERÍSTICAS GEOLÓGICOS - GEOTÉCNICAS DA ÁREA
(continua)
Parc.
Quartzito
20 37 n.f. n.f n.f Saturad 0.5 a 5 Cis. Dir. = SANDRONI, 1985
Férrico
o
Parc.
Quartzito
50 44 n.f. n.f n.f Saturad 0.5 a 5 Cis. Dir. + SANDRONI, 1985
Férrico
o
Parc.
Quartzito
40 22 n.f. n.f. n.f. Saturad 0.5 a 5 Cis. Dir. = SANDRONI, 1985
Micáceo
o
Quartzito Parc.
Micáceo 45 27 n.f. n.f. n.f. Saturad 0.5 a 5 Cis. Dir. + SANDRONI, 1985
o
Parc.
Gnaisse CAMPOS, 1974. In
40 20 n.f. n.f. n.f. Saturad 0.5 a 5 Cis. Dir. =
migmatito SANDRONI, 1985
o
Parc.
Gnaisse CAMPOS, 1974. In
52 23 n.f. n.f. n.f. Saturad 0.5 a 5 Cis. Dir. +
migmatito SANDRONI, 1985
o
Gnaisse Submer CAMPOS, 1974. In
30 21 n.f. n.f. n.f. 0.5 a 5 Cis. Dir. =
migmatito so SANDRONI, 1985
Gnaisse Submer CAMPOS, 1974. In
49 22 n.f. n.f. n.f. 0.5 a 5 Cis. Dir. +
migmatito so SANDRONI, 1985
Gnaisse rico SERAPHIN, 1974. In
30 43 n.f. n.f. n.f. Natural acima de 1 Cis. Dir. -
em feldspato SANDRONI, 1985
Gnaisse rico Submer SERAPHIN, 1974. In
20 44 n.f. n.f. n.f. acima de 1 Cis. Dir. -
em feldspato so SANDRONI, 1985
Gnaisse rico SERAPHIN, 1974. In
40 29.5 n.f. n.f. n.f. Natural acima de 1 Cis. Dir. -
em mica SANDRONI, 1985
Gnaisse rico Submer SERAPHIN, 1974. In
18 29.5 n.f. n.f. n.f. acima de 1 Cis. Dir. -
em mica so SANDRONI, 1985
SANRONI e
Gnaisse rico
80 34 n.f. 0.75 n.f. Natural acima de 1 Cis. Dir. - MACCARINI, 1981. In
em feldspato
SANDRONI,1985
SANRONI e
Gnaisse rico Submer
32 36 n.f. 0.75 n.f. acima de 1 Cis. Dir. - MACCARINI, 1981. In
em feldspato so
SANDRONI,1985
73
(continuação)
SANRONI e
Gnaisse rico
70 30 n.f. 0.95 n.f. Natural acima de 1 Cis. Dir. - MACCARINI, 1981. In
em feldspato
SANDRONI,1985
SANRONI e
Gnaisse rico Submer
34 32 n.f. 0.95 n.f. acima de 1 Cis. Dir. - MACCARINI, 1981. In
em feldspato so
SANDRONI,1985
SANRONI e
Gnaisse rico
60 30 n.f. 1.15 n.f. Natural acima de 1 Cis. Dir. - MACCARINI, 1981. In
em feldspato
SANDRONI,1985
SANRONI e
Gnaisse rico Submer
33 30 n.f. 1.15 n.f. acima de 1 Cis. Dir. - MACCARINI, 1981. In
em feldspato so
SANDRONI,1985
Quartzito
60 19 n.f. n.f. n.f. Natural acima de 1 Triaxial - SANDRONI, 1985
Nova Lima
Quartzito Submer
14 20 n.f. n.f. n.f. acima de 1 Triaxial - SANDRONI, 1985
Nova Lima so
Quartzito
90 25 n.f. n.f. n.f. Natural acima de 1 Cis. Dir. - SANDRONI, 1985
Caraca
Quartzito Submer
30 26 n.f. n.f. n.f. acima de 1 Cis. Dir. - SANDRONI, 1985
Caraca so
LACERDA e
SILVEIRA, 1992. In
Granito 35 26.7 n.f. 1.15 n.f. Natural até 600kPa Cis. Dir. -
LACERDA e
ALMEIDA
LACERDA e
Saturad SILVEIRA, 1992. In
Granito 9 30 n.f. 1.15 n.f. até 600kPa Cis. Dir. -
o LACERDA e
ALMEIDA
Parc. DURCI e VARGAS,
Xisto 78 28 n.f. n.f. n.f. Saturad n.f. Cis. Dir. = 1983. In: LACERDA e
o ALMEIDA, 1996
Parc. DURCI e VARGAS,
Xisto 100 27 n.f. n.f. n.f. Saturad n.f. Cis. Dir. + 1983. In: LACERDA e
o ALMEIDA, 1997
Parc. DURCI e VARGAS,
Filito 10 29 n.f. n.f. n.f. Saturad n.f. Cis. Dir. = 1983. In: LACERDA e
o ALMEIDA, 1998
Parc. DURCI e VARGAS,
Filito 60 41 n.f. n.f. n.f. Saturad n.f. Cis. Dir. + 1983. In: LACERDA e
o ALMEIDA, 1998
Gnaisse residual Saturad COUTINHO et al.,
10.8 31.9 1.688 0.95 até 300kPa Cis. Dir. -
Biotita maduro o 1997
Gnaisse residual COUTINHO et al.,
71.4 41.6 1.695 0.95 Natural até 300kPa Cis. Dir. -
Biotita maduro 1997
74
(continuação)
Grau de Grau de Faixa Direção
c' ɸ
Rocha Mae sat e0 intem- satura- tensões Ensaio Xistosida Referência
(kPa) (°)
perismo ção (kgf/cm²) de
Gnaisse residual Saturad COUTINHO et al.,
2.9 29.3 1.705 0.86 até 300kPa Cis. Dir. =
Biotita jovem o 1997
Gnaisse residual Saturad COUTINHO et al.,
5.3 31.3 1.755 0.78 até 300kPa Cis. Dir. +
Biotita jovem o 1997
Gnaisse residual COUTINHO et al.,
7.4 29.4 1.63 0.905 Natural até 300kPa Cis. Dir. =
Biotita jovem 1997
Gnaisse residual Saturad COUTINHO et al.,
0 35.5 1.485 1.26 até 300kPa Cis. Dir. -
Biotita maduro o 1997
Gnaisse residual COUTINHO et al.,
15.8 37.8 1.435 1.37 Natural até 300kPa Cis. Dir. -
Biotita maduro 1997
Gnaisse residual Saturad COUTINHO et al.,
2.2 30.1 1.725 0.895 até 300kPa Cis. Dir. =
Biotita jovem o 1997
Gnaisse residual Saturad COUTINHO et al.,
12.9 29.8 1.57 1.075 até 300kPa Cis. Dir. +
Biotita jovem o 1997
Gnaisse residual COUTINHO et al.,
40 29.9 1.53 1.105 Natural até 300kPa Cis. Dir. =
Biotita jovem 1997
residual Baixas
Gnaisse 20 26 1.534 1.093 54.0% Triaxial (CU) - BARATA et al., 1978
maduro tensões
residual Médias
Gnaisse 10 33 1.585 0.905 49.2% Triaxial (CU) - BARATA et al., 1978
jovem Tensões
residual Médias
Gnaisse 20 29 1.556 0.984 49.7% Triaxial (CU) - BARATA et al., 1978
jovem Tensões
residual Baixas
Gnaisse 35 32 1.819 0.99 79.1% Triaxial (CU) - BARATA et al., 1978
maduro tensões
residual Médias
Gnaisse 20 29 1.519 1.109 54.5% Triaxial (CU) - BARATA et al., 1978
jovem Tensões
residual Baixas
Gnaisse 30 25 1.548 0.992 47.6% Triaxial (CU) - BARATA et al., 1978
maduro tensões
residual Médias
Gnaisse 35 26 1.468 1.136 47.0% Triaxial (CU) - BARATA et al., 1978
jovem Tensões
residual Baixas
Gnaisse 95 31 1.671 0.948 67.3% Triaxial (CU) - BARATA et al., 1978
maduro tensões
residual Baixas
Gnaisse 30 27 1.563 0.945 45.6% Triaxial (CU) - BARATA et al., 1978
maduro tensões
residual Médias
Gnaisse 25 23 1.379 1.423 47.8% Triaxial (CU) - BARATA et al., 1978
jovem Tensões
residual Médias
Gnaisse 40 25 1.674 0.912 69.0% Triaxial (CU) - BARATA et al., 1978
jovem Tensões
residual Baixas
Gnaisse 30 26 1.622 0.948 56.9% Triaxial (CU) - BARATA et al., 1978
maduro tensões
residual Médias
Gnaisse 20 29 1.453 1.139 43.8% Triaxial (CU) - BARATA et al., 1978
jovem Tensões
Triaxial
Arenito Baurú 5 31 2.01 0.56 n.f 79% até 600kPa - PINTO, 1993
(CD/CU)
75
(conclusão)
Grau de Grau de Faixa Direção
c' ɸ
Rocha Mae sat e0 intem- satura- tensões Ensaio Xistosida Referência
(kPa) (°)
perismo ção (kgf/cm²) de
Triaxial
Arenito Caiuá 18 36 1.98 0.47 n.f 48% até 600kPa - PINTO, 1993
(CD/CU)
Triaxial
Argilito-Siltito 43 30 1.91 0.76 n.f 86% até 600kPa - PINTO, 1993
(CD/CU)
Triaxial
Basalto 19 29 1.64 1.55 n.f 77% até 600kPa - PINTO, 1993
(CD/CU)
Triaxial
Filito 46 27 1.87 0.94 n.f 84% até 600kPa - PINTO, 1993
(CD/CU)
Triaxial
Gnaisse 14 30.5 1.61 1.05 n.f 50% até 600kPa - PINTO, 1993
(CD/CU)
Triaxial
Granito 10 31 1.55 1.18 n.f 56% até 600kPa - PINTO, 1993
(CD/CU)
Triaxial
Metabasito 22 26 1.59 1.49 n.f 70% até 600kPa - PINTO, 1993
(CD/CU)
Triaxial
Micaxisto 20 30.5 1.8 0.98 n.f 77% até 600kPa - PINTO, 1993
(CD/CU)
Triaxial
Migmatito 23 18 1.76 1.01 n.f 74% até 600kPa - PINTO, 1993
(CD/CU)
Triaxial
Migmatito 32 30 n.f 0.77 n.f n.f até 600kPa - PINTO, 1993
(CD/CU)
Triaxial
Pegmatito 5 33 1.72 1.05 n.f 82% até 600kPa - PINTO, 1993
(CD/CU)
Triaxial
Quartzo-xisto 20 30.5 2.25 0.55 n.f 51% até 600kPa - PINTO, 1993
(CD/CU)
Notas: valores médios; nf: (não fornecido); =: direção da xistosidade paralela; +: direção da xistosidade perpendicular
76
Como através do modelo de equilíbrio limite e partindo de uma condição de
equilíbrio limite com FS próximo de 1, foi avaliado o comportamento dos materiais
presentes na área para reconstruir o perfil geotécnico dos materiais. O resultado
das análises é apresentado na Figura 3.7. O resultado obtido através das análises
por equilíbrio limite mostra uma condição no limite da ruptura, considerado o estado
atual na parte superior da encosta.
77
Os resultados adotados em função da base de dados de ensaios para materiais de
solo residual e através de análises de estabilidade são apresentados nas Tabelas
3.2 e 3.3.
Rocha alterada 35 - - - - 22
Rocha Sã 40 - - - - 26
Ref*: valores baseados na literatura;
Slope/W: valores obtidos da retroanálises.
Ângulo de
Coesão Peso específico
atrito interno
Material c´(kN/m²) * (kN/m³)
Ø (°)
Ref* Slope/W Ref* Slope/W Ref* Slope/W
Solo transportado 26 25 18 0 - 16
Solo residual jovem 30 30 40 20 - 19
Rocha alterada 30 30 - - 22 -
Rocha Sã 35 35 - - 26 -
Ref*: valores baseados na literatura;
Slope/W: valores obtidos da retroanálises.
Ângulo de Peso
Material atrito interno específico
residual Ø (°) * (kN/m³)
Solo transportado 25 16
Rocha alterada 30 22
Rocha Sã 35 25
.Volume estimado
Nota-se que cada caso deve ser estudado, e diferentes critérios para estimativa do
volume podem ser considerados, de acordo com as condições topográficas de cada
evento.
79
A cicatriz apresentada na Figura 3.8 corresponde a uma área aproximada de 2500 m².
O volume considerado para a simulação é representado pela área da cicatriz após o
movimento de massa, sendo aproximadamente igual à área da cicatriz vezes
espessura variável de 0,5 a 1,0m.
Para avaliação do volume inicial envolvido, foi considerado que o limite da superfície
de ruptura corresponde a uma reconstrução entre o ponto 1 e o ponto 2 (Figura 3.9). A
partir da reconstrução da geometria natural da encosta antes do evento pode ser
aproximada a uma linha entre o ponto superior e o ponto base da ruptura.
~17m
~60m
~25m
~33m
Fica claro que, esta metodologia corresponde a uma estimativa incerta do volume,
mas em vista da dificuldade de determinação de volume após eventos, e considerando
o fato de que a área da cicatriz do escorregamento está bem delimitada, sendo uma
área de aproximadamente 2500m2, esta metodologia corresponde a uma rápida
ferramenta capaz de estimar o volume do material movimentado.
80
Figura 3.9 - Zona de iniciação do movimento de massa do Evento Caleme.
Distância percorrida
No levantamento de campo foi observado que a massa atingiu uma distância máxima
na projeção horizontal de aproximadamente 451m, considerados a partir do ponto de
origem mais elevado, na crista da cicatriz do escorregamento, até o ponto mais
distante, considerado atravessando a rua existente. A figura 3.10 ilustra a distância
total percorrida e a distância de deposição.
390m
~120m
~100m
A área que constitui o material depositado na base do talude tem um total aproximado
de 13.000m² e uma espessura media variando de 2 a 3m, ressalta-se que o depósito
corresponde ao material colapsado durante o evento de 2011 e ao material acumulado
originado de eventos pretéritos.
83
3.2. FLUXO DE DETRITOS DO CÓRREGO D’ANTAS
Canal de fluxo 4
Canal de
Fluxo 3 Canal de
Fluxo 1
Canal de
Fluxo
86
As três zonas principais que caracterizam a trajetória do movimento foram delimitadas
conforme o conceito proposto por VANDINE (1996) e JAKOB (2005). Embora o ângulo
na zona de deposição observado na trajetória do evento seja maior que os registrados
em função de eventos históricos, foi considerada a zona de deposição a partir do
momento em que o material perde substancialmente energia cinética e inici o processo
de deposição do material.
Zona de Iniciação
Zona de Iniciação
do movimento
secudario
Zona de deposição do
material
Zona de
Zona de
transporte e
deposição
erosão
A região do Morro Duas Pedras foi a mais afetada durante este evento, por tratar-se
de uma encosta íngreme.
88
Figura 3.17 - Condições da área antes do evento Córrego D´Antas (GOOGLE
EARTH, 2010).
Figura 3.18 - Condições após evento do Córrego D´Antas (GOOGLE EARTH, 2011).
89
3.2.4. CARACTERÍSTICAS GEOLÓGICAS - GEOTÉCNICAS DA ÁREA
PORTELLA et al. (2013) descrevem que o Morro Duas Pedras é formado por rochas
graníticas do Proterozóico pertencentes a Suíte Serra dos Órgãos. A face norte da
escarpa rochosa possui em média 45° de inclinação com a cota máxima atingindo
aproximadamente 1360 m de altitude, com cerca de 480 m de altura.
São evidenciadas duas famílias de fraturas perpendiculares entre si, com direção de
59° e 148° e mergulho subvertical, interceptando juntas de alívio que discretizam
blocos e lascas, muitas em situação de instabilidade e precariamente apoiadas sobre
o maciço. Durante o mapeamento geológico foi observando pontos de surgência de
água por entre as juntas e fraturas. Essas descontinuidades condicionam o
caminhamento das águas pluviais e favorecem o desplacamento das lascas através
da infiltração e da poropressão, arredondando o maciço e isolando os blocos
(PORTELLA et al., 2013).
90
A área em estudo expõe um perfil típico de material depositado na base da encosta,
apresentando características de solo residual proveniente da decomposição de
granito-gnaisse, característico da região.
Ângulo de
Peso específico
atrito interno
Material * (kN/m³)
Ø (°)
Rocha sã 35 26
Rocha alterada 30 22
Solo Residual 30 18
Material de depósito 25 16
Volume
Zona de deposição do
material
93
PORTELLA et al (2013) descrevem que os sulcos observados na área apresentam um
material depositado que se estendeu desde a base da escarpa até a rodovia RJ-130
com mais de 10,0 m de espessura. Há inúmeras ocorrências de blocos imersos na
matriz do solo e blocos soltos sobre o terreno. Esses blocos possuem dimensões
variadas, desde decimétricas até métricas, conforme observações de campo. A
incidência de blocos e solo na massa de tálus é difícil de ser estimada. É importante
destacar que esses blocos podem se apresentar com alteração somente em sua
superfície ou totalmente intemperizados, diferenciando-se da massa de solo
envolvente apenas pela cor dos minerais e características granulométricas. Este fato
evidencia dois fatos (FERREIRA E DIAS, 2012):
(1) Provavelmente ocorreram duas fases de formação do tálus, sendo a primeira mais
profunda e mais antiga.
Durante a trajetória do movimento foi evidenciada dois tipos de perfis, um formado por
uma superfície de rocha sã, como observado na Figura 3.21 e um perfil onde é
evidenciada a presença de blocos de variada dimensiones, misturados com solo e
material de vegetação (Figura 3.23)
95
Figura 3.23 - Zona de transporte e erosão do movimento de massa principal na parte
inferior do Córrego D’Antas.
96
Distância Percorrida
PORTELLA et al.(2013) relatam que a massa que atingiu a base da encosta chegou
até a rodovia RJ-130, evidenciando-se blocos e lascas numa matriz de solo.
L2 L1
L3
MOTTA (2014) apresenta uma área definida em função de imagens de satélite, sendo
esta área aproximadamente igual a 31.000m².
97
CAPITULO 4. ANÁLISES
98
2011, considerando os levantamentos topográficos detalhados das áreas e as
inspeções in situ.
A área planialtimétrica calculada pela relação proposta por MOTTA (2014) apresenta
um valor de apenas 14% superior ao observado no evento Caleme, enquanto as
relações propostas por IVERSON (1998) e CROSTA et al. (2001) fornecem valores
muito diferentes do observado, atingindo 378% e 14%, respectivamente.
99
Tabela 4-2 – Parâmetros de fluxos de detritos calculados de relações empíricas.
Casos
Parâmetros Observados e Calculados
Caleme Córrego D’Antas
Área de Deposição B (m²)
Observado 12.800 35.600
Calculado Iverson (1998) 37.386 95.717
Crosta et al. (2010) 1.798 2.008
Motta (2014) 10.248 30.353
3
Volume V (m )
Observado nd nd
Calculado Takahashi (1991) 12.843 14.445
Rickenmann (1999) 5.247 11.589
Polanco (2010) 4.479 5.293
Motta (2014) 2.556 10.470
Gramani (2001) 3.762 4.380
Velocidade v (m/s)
Observado nd nd
Calculado Sibnuy (1966) 6,0 11,8
Kherkheulidze (1975) 12,0 17,4
Tsubaki et al (1981) 3,8 5,3
Zhang et al (1985) 80,4 110,5
Rickenmann (1999) 20,2 21,0
Vazão de Pico (m³/s)
Observado nd nd
Calculado Mizuyama (1992) 107,6 199,7
Bovis & Jacob (1999) 77,3 89,8
Rickenmann (1999) 122,3 236,1
Polanco (2010) 32,6 37,4
Motta (2014) 15,9 32,6
Distância Percorrida (m)
Observado 400 790
Calculado Hungr et al (2005) 451 800
Rickenmann (1999) 720 1277
Polanco (2010) 942 983
Motta (2014) 463 1010
Distância Percorrida de Deposição (m)
Observado 120 500
Calculado Lorente et al (2003) 323 463
Rickenmann (1999) 261 339
Crosta et al (2001) 74 92
Forças de Impacto (kN)
Observado nd nd
Calculado Hübl (1993) 164 176
28,792 44,903
Hungr (1984) 214 230
(1) (2)
nd: não disponível; Para y = 0,5m; Para y = 1,0m
100
Já para o evento Córrego D'Antas, os valores de área plana de deposição obtidos da
equação proposta por MOTTA (2014) é 91% do valor observado no fluxo de detritos,
sendo considerado um resultado muito satisfatório. Entretanto, o valor obtido com a
equação de IVERSON (1998) é muito superior, atingindo cerca de 293% do valor real.
Por sua vez, a relação de CROSTA et al. (2010) fornece um valor muito reduzido, igual
a 6% do observado no Córrego D’Antas.
Nas análises das relações empíricas é possível observar que a maior variação de
resultados corresponde à determinação do volume final da massa de fluxo. Isto se
deve ao fato deste parâmetro ser de difícil previsão e ainda dependente de diversas
variáveis. Nos casos estudados foi possível estimar os volumes iniciais, por tratar-se
de movimentos iniciados por deslizamento de solo e lasca para o Fluxo do Caleme e
Córrego D'Antas, respectivamente. Todavia, as relações para determinação do volume
total do movimento, propostas por TAKAHASHI (1991), COROMINAS (1996),
RICKENMANN (1999), POLANCO (2010) e MOTTA (2014) fornecem valores de
acordo com o observado nos dois casos de estudo.
A descarga de pico, calculada com auxílio das relações de MIZUYAMA (1992), BOVIS
& JAKOB (1999), RICKENMANN (1999), POLANCO (2010) e MOTTA (2014) resultou
em valores resultados elevados considerando o volume mobilizado.
101
Para o evento Córrego D'Antas, os valores da distância de deposição calculados por
HUNGR (2005) foram iguais a 101% do valor real observado. As relações de
POLANCO (2010) e MOTTA (2014) forneceram valores superiores, iguais a 124% e
128%, respectivamente. Com a relação de RICKENMANN (1999), o resultado foi um
tanto superior, obtendo-se 164% da distância total observada.
Finalmente, HÜBL et al. (2009) recomendam o emprego de 1/5 até 1/3 da força de
impacto frontal para o dimensionamento de uma estrutura de proteção.
102
4.2. SIMULAÇÃO NUMÉRICA COM DAN3D
Para realizar as simulações com o DAN3D, foi necessário entrar com a base
topográfica das áreas, propriedades e modelo reológico dos materiais, volume inicial
do movimento de massa, mapa de erosão da área e taxa de erosão das áreas
atingidas pelo movimento.
Topografia
A topografia dos dois casos de estudo foi levantada na escala 1:1, apresentando
curvas de nível a cada metro. A área contemplada no levantamento foi limitada à área
afetada pelo movimento. Observa-se que, para complementar a topografia da área
afetada pela ruptura na parte alta da encosta, foi utilizada uma base topográfica
disponibilizada no banco de dados geomorfométricos do Brasil, base TOPODATA.
Superfície de ruptura
A superfície de ruptura que deu origem ao fluxo de detritos de cada caso de estudo foi
definida durante o levantamento de campo, onde foi constatada a cicatriz de
escorregamento inicial e estimado o volume em função da geometrização da cicatriz
do deslizamento inicial.
103
De forma análoga à base do levantamento topográfico da área, a superfície de ruptura
foi igualmente convertida, com auxilio do software GLOBAL MAPPER, em um modelo
digital de elevação (MDE) para ser usada no DAN3D.
Mapa de Erosão
O mapa de erosão do Caleme e Córrego Dantas foi definido em função dos materiais
observados nas áreas de trajetória e impacto do movimento de massa. Os materiais
foram definidos em função da avaliação de geologia e geomorfologia da área, das
sondagens encontradas e do levantamento de campo.
Para a área de estudo, também foi necessário entrar com as características dos
diversos materiais representativos da área, na qual o movimento de massa se
desenvolveu, sendo necessária definir as propriedades mecânicas e hidráulicas dos
materiais (Ø, ru, ξ), conforme definido na seção 4.2.1, incluindo a taxa de erosão do
material na zona de trajetória.
104
(ii) Material 2: Material na zona da trajetória do movimento;
Caleme
Foram considerados:
(ii) Material 2 (Zona de transporte): Constituído por rocha pouco alterada, presente
na área inferior da encosta em estudo;
(ii) Material 2 (Zona de transporte): Constituído por rocha pouco alterada, presente
na área inferior da encosta em estudo. Foi definida uma profundidade máxima de
erosão de 0,5m, por tratar-se de uma escarpa rochosa, pouco fraturada;
105
saturado, proveniente de movimentos pretéritos, além de blocos e lascas de rocha
imersos na matriz de solo;
(v) Material 5 (Rocha sã): Para o restante da área, que não foi afetada pelo
movimento, adotou-se rocha sã. Embora este material tenha sido considerado na
entrada de materiais (input) no programa DAN3D, ele não contribui com o
movimento de massa, uma vez que ele não se encontra na trajetória do fluxo de
detritos observado.
(i) Peso específico (kN/m³): Foram considerados para colúvio, solo residual e
rocha os valores de 16, 18 e 22 kN/m3, respectivamente;
106
(vi) Ângulo de atrito interno Øint (°): Corresponde ao ângulo interno das partículas
dos materiais considerados na simulação. Foi considerada uma faixa variável de
30 a 35°;
(viii) Taxa de erosão: a taxa de erosão é calculada por meio de uma aproximação
da profundidade normal erodida por metro unitário.
Reologia do material
Tempo de simulação
107
4.2.2. ELEMENTOS DE SAÍDA (OUTPUTS) DO DAN3D
(ii) Fator de turbulência (ξ) para o modelo Voellmy entre 200 e 500m/s²;
(iii) Ângulo de atrito (ɸ) para o modelo reológico de atrito (Frictional) variando
entre de 30 e 35°;
108
MCDOUGALL & HUNGR, 2006; MCKINNON et al., 2008; BHUWANI , 2012;
NIGUSSIE, 2013; LUNA, 2011; BEGUERÍA, 2008.
MCKINNON et al. (2005) indicam que, para movimentos do tipo fluxo de detritos, o
modelo reológico que melhor se ajusta é o de Voellmy, com valores sugeridos de
coeficiente de atrito (f) na faixa de 0,07 a 0,2, e fator de turbulência (ξ) variando de 300
a 500m/s². Alguns autores sugerem ainda que, para casos de fluxos de detritos
induzidos por deslizamentos, é mais adequado considerar o modelo de atrito para a
ruptura inicial e posteriormente o modelo de Voellmy para simular o movimento de
fluxo de detritos (AYOTTE et al.,1999).
A Figura 4.1 apresenta uma imagem geral de saída da simulação do fluxo de detritos
na região do Caleme, conhecido como "Evento 99" com o programa DAN3D. A
trajetória do movimento de massa e as áreas impactadas pelo volume de material
iniciado na parte alta da encosta são indicadas pela cor cinza. Já o depósito do
material na zona de deposição é representado pelo conjunto de issocurvas de
109
diferentes espessuras variáveis de acordo com o caso. Para o evento Caleme a
espessura de deposição apresenta-se variável na base do movimento de 0 a 3,0m.
As Figuras 4.2, 4.3, 4.4 e 4.5 apresentam respectivamente as isocurvas de valores dos
mapas de velocidade, vazão de pico, erosão e deposição máxima.
Parâmetros
Caso Velocidad Descarga Distância Erosão Deposiçã
Volume
e máxima máxima máxima máxima o máxima
total (m³)
(m/s) (m³/s) (m) (m) (m)
5000 - 0,50 -
Caleme 12 - 14 8 - 12 296 - 400 0,5 – 4,0
7000 1,0
110
Figura 4.1 - Imagem geral do movimento (output , DAN3D) - Caso Caleme.
111
Figura 4.2 - Mapa de velocidade – Caleme.
112
Figura 4.4 - Mapa de deposição – Caleme.
113
Uma avaliação gráfica dos resultados obtidos utilizando os GRD de saída do programa
DAN3D mostra que a área de deposição do evento Caleme é próxima de 15500m²,
com espessuras variáveis de 0,5 a 4,0m, conforme apresentado na Figura 4.6.
Figura 4.7 - Imagem geral do movimento (output DAN3D) - Caso Córrego D'Antas.
115
Assim como observado em campo, a simulação mostrou o volume inicial sendo
dividido em dois movimentos, uma parte menor da massa de deslocando no sentido
Hospital São Lucas e o restante sendo deslocado no sentido Córrego D'Antas. O
volume mobilizado na simulação seguiu o caminho do canal de fluxo 3, considerado o
maior de todos, praticamente atingindo a rodovia BR -101.
Na simulação foi evidenciado que considerar um modelo reológico único não reproduz
resultados satisfatórios quando comparados com as modelagens onde foram
combinados os modelos, de acordo com o tipo de material observado. A variação do
modelo reológico influencia drasticamente na modelagem do movimento de massa.
116
Figura 4.8 - Mapa velocidade máxima – Córrego D’Antas.
117
Figura 4.10 - Mapa de deposição máxima – Córrego D’Antas.
118
De maneira geral, pose-se concluir que a simulação do evento Córrego D'Antas
mostrou resultados satisfatórios quando comparados com o observado na área.
Os valores obtidos de volume total variaram em relação aos valores calculados dentro
da faixa de 31 a 98% e 90 a 246% para os Eventos Caleme e Córrego D’Antas,
respectivamente.
120
4.4. COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS DE CAMPO, RELAÇÕES
EMPÍRICAS E SIMULAÇÕES NUMÉRICAS
Tabela 4-4 – Parâmetros de fluxo de detritos obtidos com DAN3D para Caleme e
Córrego D’Antas.
Casos
Parâmetros simulados com DAN3D
Caleme Córrego D’Antas
121
Tabela 4-5 - Comparação de parâmetros observados e obtidos com relações
empíricas e simulação numérica com DAN3D.
(4) (4)
3,8 11,8
(1) (1)
6,0 17,4
(2) 11 - 14 (2) 12 - 15
12,0 5,3
(8) (8)
20,2 21,0
Vazão de Pico (m³/s)
Observado nd nd
(6) (6)
107,6 199,7
(8) (8)
122,3 89,8
(7) (7)
77,3 2,5 - 20 236,1 3 - 12
(14) (14)
32,6 32,6
(15) (15)
20,1 37,4
Distância Percorrida (m)
Observado 400 790
(8) (8)
720 800
(15) (15)
451 983
(12) 300 - 500 (12) 600 - 1.000
942 1.010
(14) (14)
463 1.277
Distância Percorrida de Deposição (m)
Observado 120 500
(8) (8)
74 92 463
(12) (12)
261 nd 339 339
(11) (11)
323 463 92
Erosão (m)
Observado 1,0 - 2,0 0,5 – 1,00
nd 0,5 - 2,5 nd 0,5 – 1,00
Forças de Impacto (kN)
Observado nd nd
(13) (13)
164 1.700
(12) (12)
296 nd 1.900 nd
(13) (13)
36.000 560.000
(1) SIBNUY, 1966 (2) KHERKHEULIDZE, 1975 (3) TSUBAKI et al, 1981 (4) TAKAHASHI, 1991 (5) IVERSON (1998)
(6) MIZUYAMA, 1999 (7) BOVIS&JAKOB, 1999 (8) RICKENMANN,1999 (9) CROSTA et al., 2001 (10) GRAMANI
2001 (11) LORENTE, 2003 (12) HUNGR, 2005 (13) HUBL,2009 (14) POLANCO, 2010 (15) MOTTA, 2014
122
Considerando a área de deposição dos eventos Caleme e Córrego D’Antas, os valores
obtidos da simulação com o DAN3D e os calculados por meio das relações empíricas
são compatíveis com os valores observados em campo de área de deposição nos dois
casos. Os valores obtidos da simulação mostraram-se satisfatórios em relação aos
valores reais dos eventos. Os valores obtidos da simulação foram iguais a 78% e 43%
dos valores reais do Caleme e Córrego D’Antas, respectivamente. Os valores obtidos
das relações empíricas propostas por MOTTA (2014) foram iguais a 80% e 85% dos
valores reais observados no Caleme e Córrego D’Antas, respectivamente. Importante
ressaltar que as relação proposta por MOTTA (2014) oferece o melhor ajuste dentre
todas as outras relações de estimativa de área de deposição.
123
possível comparar os resultados da simulação com os valores reais de campo, uma
vez que não foram registrados.
Não foi possível comparar os resultados das forças de impacto, uma vez que este
parâmetro não pode ser simulado pelo DAN3D.
124
1400 Real
Hungr et al (2005)
1200
Rickenmann
(1999)
Distância Percorrida (m)
800
600
400
200
0
Caleme Córrego D’Antas
Figura 4.13 - Comparação entre valores reais, simulados e estimados por relações
empíricas - Distância percorrida.
600
Real
500
Rickenmann
(1999)
Distância Deposição (m)
Crosta et al.
300
(2010)
DAN3D
200
100
0
Caleme Córrego D’Antas
Figura 4.14 - Comparação entre valores reais, simulados e estimados por relações
empíricas - Distância de deposição.
125
100000 Observado
90000 Iverson
(1998)
80000 Crosta et al.
(2010)
Área de Deposição B (m²)
70000 Motta
(2014)
60000 DAN3D
50000
40000
30000
20000
10000
0
Caleme Córrego D’Antas
Figura 4.15 - Comparação entre valores reais, simulados e estimados por relações
empíricas - Área de Deposição.
16000
Takahash
i
14000 (1991)
Rickenma
12000 nn
(1999)
10000
Volume (m³)
Polanco
(2010)
8000
6000
4000
2000
0
Caleme Córrego D’Antas
Figura 4.16 - Comparação entre valores reais, simulados e estimados por relações
empíricas - Volume total.
126
250
200
Descarga de Pico (m³/s)
Mizuyama (1992)
150 Bovis & Jacob (1999)
Rickenmann (1999)
Polanco (2010)
100
Motta (2014)
DAN3D
50
0
Caleme Córrego D’Antas
Figura 4.17 - Comparação entre valores simulados e estimados por relações empíricas
- Descarga de Pico.
120
Sibnuy (1966)
100
Kherkheulidze (1975)
Tsubaki et al (1981)
80
Velocidade (m/s)
Zhang et al (1985)
Rickenmann (1999)
60
DAN3D
40
20
0
Caleme Córrego D’Antas
Figura 4.18 - Comparação entre valores simulados e estimados por relações empíricas
- Velocidade média.
127
4.5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
De maneira geral os valores obtidos tanto das relações empíricas quanto das
simulações com o Dan3D são consistentes quando comparados aos valores
observados nos eventos de de fluxos de detritos do caleme e Córrego D’Antas,
podendo ser considerados satisfatórios.
Tanto as relações empíricas quanto a simulação numérica com o DAN3D podem ser
considerados métodos adequados para calculo dos principais parâmetros dos fluxos
de detritos. Importante notar que os resultados obtidos por estes métodos são tanto
melhores quanto mais confiáveis forem os valores observados e investigados nas
áreas dos eventos (topografia, tipo de material, dentre outros).
Nas simulações numéricas com o DAN3D foi constatado que alguns parâmetros são
sensíveis ao modelo reológico adotado para os materiais presentes ao longo da
trajetória do fluxo de detritos.
128
CAPITULO 5. CONCLUSÕES
5.1. CONCLUSÕES
Desta forma, este capítulo apresenta as principais conclusões indicadas por esta
pesquisa, divididas em conclusões gerais, da modelagem e dos casos de estudo para
facilidade de avaliação.
129
As relações empíricas para avaliação dos casos de fluxos de detritos
estudados neste trabalho que forneceram os melhores resultados são as
formuladas para fluxo granular com presença de água.
131
Aplicação dos métodos de análises implementados nesta pesquisa a outros
eventos de fluxos de detritos para verificação da representatividade;
132
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