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CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA
NATAL
2018
ALLISON OTAVIANO PENAFORTE CARVALHO
NATAL
2018
ALLISON OTAVIANO PENAFORTE CARVALHO
Aprovado em / / .
BANCA EXAMINADORA
. .
Prof. Dr. André Luis Lopes Moriyama
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
. .
Mestranda Maritta Meyrella dos Santos Lira
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
. .
Mestranda Fernanda Monteiro Freitas
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
AGRADECIMENTOS
Abstract
The present work presents the feasibility analysis for implantation of a artisanal
cachaça factory, located in the micro region of Serra de São Miguel in Rio Grande do
Norte. The feasibility analysis of a project is important so that investors have in hand
data to study the best way to invest their capital. The study is divided into points of
market analysis, technological analysis, economic-financial analysis through the
calculation of PayBack, IRR and VPL, in addition to an organizational analysis. The
research was carried out through a qualitative-quantitative approach, with data
available in the market, bibliography and documents. From the information gathered
from the data, it was concluded that the project has market, technological, economic-
financial and organizational viability. Therefore, it is an advantageous project for
interested investors.
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 14
1.1 Objetivo Geral ................................................................................................... 15
1.2 Objetivos Específicos ........................................................................................ 15
2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 17
3 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 18
3.1 Elaboração de um Projeto ................................................................................. 18
3.2 Análise de Mercado .......................................................................................... 18
3.3 Processo de Produção da Cachaça Artesanal .................................................. 19
3.3.1 Classificação das Cachaças .......................................................................... 19
3.3.2 A Cana-de-Açúcar.......................................................................................... 20
3.3.3 Maturação e Colheita ..................................................................................... 21
3.3.4 Preparo da Cana ............................................................................................ 23
3.3.5 Moagem ......................................................................................................... 23
3.3.6 Preparação do Mosto ..................................................................................... 25
3.3.7 Fermentação .................................................................................................. 27
3.3.8 Destilação ...................................................................................................... 31
3.3.9 O Alambique .................................................................................................. 33
3.3.10 Geração de vapor ........................................................................................ 36
3.3.11 Envelhecimento............................................................................................ 37
3.3.12 Envase ......................................................................................................... 38
3.3.13 Análise e Degustação .................................................................................. 38
3.3.14 Aproveitamento dos Subprodutos da Cana ................................................. 39
3.3.15 Controle de Qualidade da Cachaça ............................................................. 39
3.3.16 Aspectos legais para produção da cachaça ................................................. 40
3.4 Análise Econômico-Financeira .......................................................................... 40
3.4.1 Investimento ................................................................................................... 40
3.4.2 Ciclo Operacional ........................................................................................... 40
3.4.3 Fluxo de Caixa ............................................................................................... 41
3.4.4 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) .......................................... 43
3.4.5 Receitas ......................................................................................................... 44
3.4.6 Custos ............................................................................................................ 44
3.4.7 Despesas ....................................................................................................... 44
3.4.8 Regime Tributário da Cachaça....................................................................... 44
3.4.9 Regime de Lucro Real ................................................................................... 45
3.4.10 O IPI ............................................................................................................. 46
3.4.11 O ICMS ........................................................................................................ 46
3.4.12 Análise Econômica ....................................................................................... 47
3.4.13 Dimensionamento de Fluxo de Caixa .......................................................... 47
3.4.14 Formação do Preço de Venda ..................................................................... 48
3.4.15 Formação das Taxas de Juros no Mercado ................................................. 48
3.4.16 Inflação ........................................................................................................ 48
3.4.17 Métodos de Análise de Investimentos .......................................................... 49
3.4.18 Taxa Mínima de Atratividade........................................................................ 49
3.4.19 Payback Simples.......................................................................................... 49
3.4.20 PayBack descontado ................................................................................... 50
3.4.21 Taxa Interna de Retorno (TIR) ..................................................................... 50
3.4.22 Valor Presente Líquido (VPL)....................................................................... 51
3.4.23 Comparação entre Metodologias e a Tomada de Decisão .......................... 51
3.5 Análise Organizacional ..................................................................................... 52
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................ 53
5 ESTUDO DE CASO ............................................................................................. 55
5.1 Análise Mercadológica ...................................................................................... 55
5.2 Análise Tecnológica .......................................................................................... 56
5.2.1 Localização e Caracterização da Propriedade ............................................... 56
5.2.2 Aspectos Gerais do Projeto ........................................................................... 57
5.2.3 Dimensionamento da planta .......................................................................... 60
5.2.4 Balanços de Massa ........................................................................................ 60
5.2.5 Balanços de Energia ...................................................................................... 63
5.2.6 Definição dos equipamentos .......................................................................... 64
5.3 Análise de viabilidade econômico-financeira .................................................... 67
5.3.1 Produção Estimada ........................................................................................ 67
5.3.2 Investimento Inicial......................................................................................... 68
5.3.3 Receita ........................................................................................................... 70
5.3.4 Carga Tributária ............................................................................................. 70
5.3.5 Custos ............................................................................................................ 71
5.3.6 Despesas ....................................................................................................... 72
5.3.7 O Lucro e os Impostos sobre Lucros ............................................................. 72
5.3.8 Fluxo de Caixa ............................................................................................... 75
5.3.9 Análise da Capacidade de Vendas vs 100% de Produção ............................ 77
5.3.10 Análise Capacidade de Produção vs 100% de Vendas ............................... 80
5.4 ANÁLISE ORGANIZACIONAL .......................................................................... 83
6 CONCLUSÕES .................................................................................................... 85
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 86
ANEXO A – TEMPERATURA NORMAL DE EBULIÇÃO E PADRÕES DE
IDENTIDADE E QUALIDADE DE ALGUNS COMPONENTES SECUNDÁRIOS DA
CACHAÇA ................................................................................................................. 90
ANEXO B – PROPRIEDADES TERMODINÂMICAS DO VAPOR ............................ 91
ANEXO C – FLUXOGRAMA DE DIMENSIONAMENTO DA FÁBRICA UTILIZADO
PARA DETERMINAÇÃO DE EQUIPAMENTOS ....................................................... 92
ANEXO D – DENSIDADE DE SOLUÇÕES AÇUCARADAS ..................................... 93
ANEXO E – TABELA DE CUSTOS COM MÃO-DE-OBRA PARA A FÁBRICA
CONFORME ESTRUTURA PREVISTA .................................................................... 94
ANEXO F – ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO MINISTÉRIO DA
AGRICULTURA, PESCA E ABASTECIMENTO (MAPA) .......................................... 95
ANEXO G – TABELAS COM INDICADORES RESULTANTES DAS SIMULAÇÕES
QUANDO VARIADAS AS CAPACIDADES DE VENDA E PRODUÇÃO ................... 96
ANEXO H – DIVISÃO DAS MICRORREGIÕES DO RIO GRANDE DO NORTE. ..... 97
14
1 INTRODUÇÃO
A cana de açúcar é uma das mais antigas culturas que ainda são utilizadas
economicamente no Brasil. Foi a matéria-prima de um dos principais ciclos
econômicos do Brasil Colônia, o ciclo do açúcar. A cana-de-açúcar chegou ao Brasil
por volta de 1532, segundo Machado (2014): “...foi Martin Affonso de Souza que em
1532 trouxe a primeira muda de cana ao Brasil e iniciou o seu cultivo na capitania de
São Vicente. ”
Desde então, a cana de açúcar foi desenvolvida para melhorar a produtividade,
a qualidade e a eficiência de seu cultivo para as mais diversas finalidades. Hoje, a
cana de açúcar é utilizada para dar origem a alimentos, combustíveis, bebidas, ração
para animais e outras finalidades. O etanol, o açúcar e a cachaça são exemplos de
produtos oriundos da cana-de-açúcar.
As projeções para a produção de cana no Brasil são da ordem de 635,51
milhões de toneladas de cana-de-açúcar serão produzidos, em 19 estados do Brasil
com produção satisfatória, dentre eles o Rio Grande do Norte com produção de 2
639,6 toneladas da cultura. O principal destino da cana-de-açúcar é a produção de
açúcar e de etanol. A cachaça também se beneficia da grande produção, mas em
quantidades irrisórias em comparação às demais finalidades.
Apesar disso, o Brasil produz quantidades consideráveis de cachaça para
abastecer tanto o mercado interno quanto o externo. Segundo apresentação da
IBRAC, o Brasil possui capacidade instalada para a produção de cerca de 1,3 bilhões
de litros por ano, 1400 produtores de aguardentes espalhados pelo Brasil, gerando
em torno de 600 000 empregos diretos e indiretos, com exportação para mais de 60
países. A produção se concentra nos estados de São Paulo, Pernambuco, Ceará,
Minas Gerais e Paraíba e o consumo em SP, PE, RJ, CE, BA e MG. Dentre alguns
desafios, está a entrada da cachaça em alguns países do mundo onde ela ainda não
é reconhecida, como a Austrália, a China, e países da Europa, justamente devido a
possibilidade da cachaça tomar mercado de produtos locais.
A aguardente de cana pode ser ainda dividida entra a produzida de forma
industrial e a de forma artesanal. Quanto a diferenças no produto final, a razão são
diferenças no processo de produção que serão citadas e detalhadas em outro
momento.
15
2 JUSTIFICATIVA
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.3.2 A Cana-de-Açúcar
3.3.5 Moagem
Após o corte da matéria-prima, ela deve ser levada para moagem o mais rápido
possível, para evitar perdas de peso. Segundo Venturini (2010), o ideal é que a cana
seja processada em menos de 24h.
A moagem é um processo realizado para se obter o caldo da cana, que possui
o açúcar a ser fermentado posteriormente. Como diz Venturini (2010), “O principal
objetivo desta etapa é recuperar o açúcar que está dissolvido no caldo, que se acha
armazenado nos tecidos de reserva ou células parenquimatosas dos colmos da cana-
de-açúcar.”.
O equipamento responsável pela moagem da cana é a moenda e está
esquematizado na Figura 3.
24
Continuando, sobre o acionamento das moendas ele afirma que podem ser
acionadas por motores elétricos, a diesel ou a vapor. Os reguladores de pressão são
responsáveis por aumentar ou diminuir a abertura da moenda e evitam que o
equipamento quebre.
O número de ternos de uma unidade processadora é determinante para a
capacidade de produção e a eficiência da extração. Segundo Venturini (2010),
empregando vários ternos, além do emprego de embebição, o rendimento da extração
pode variar entre 75 e 90%. Complementa que a velocidade de rotação dos cilindros
deve ser entre 7 e 10 rpm, para que a extração seja eficiente.
A embebição é um processo que visa a remoção mais eficiente do caldo, com
a necessidade de banhar o bagaço em tanques com água ou de caldo diluído.
Segundo Venturini (2010), a utilização da embebição pode melhorar o rendimento da
extração de 85% para 92%. Ele continua ponderando que a embebição simples é
indicada para processos com 2 ou 3 ternos, e atua como diluidor do caldo a ser
fermentado. A embebição do bagaço é feita através de tubos perfurados
(pressurizados) logo na saída das moendas quando o bagaço comprimido inicia a sua
expansão.
25
Após a extração e tratamento, o caldo deve ser preparado nas condições ideais
para a fermentação, dessa vez visando o maior rendimento possível das leveduras na
transformação dos açúcares em álcool. Alguns fatores são destacados para uma boa
fermentação: a concentração de açúcares, o pH do meio e a quantidade de nutrientes.
Chaves (2007) define que em uma cachaçaria artesanal a diluição do caldo é
fundamental para o funcionamento ótimo da fermentação, devendo estar entre 10 e
15°Brix. A regra das misturas ou diagrama de Cobenze pode ser utilizado para
determinar a diluição do caldo, conforme Figura 4.
3.3.7 Fermentação
3.3.8 Destilação
“Cabeça”: são os primeiros vapores. Com alto teor alcoólico, deve ser recolhida
de 1 a 10% da destilação total. O que determina o recolhimento? O grau alcoólico do
início da destilação. Se for acima de 65%, recolhe-se de 1 a 5% do volume. Caso seja
abaixo, a faixa é de 5 a 10%. Chaves (2007) afirma que a “cabeça” tem em média
10% do destilado.
“Coração”: é a cachaça propriamente dita. Ela representa 16% do volume do
mosto fermentado e a 80% do destilado total. Chaves (2007) recomenda que o
coração deve ser recolhido quando a temperatura da destilação chegar próxima a
78°C, com teor alcoólico inferior a 70% em volume. O recolhimento deve ser feito até
uma temperatura em torno de 90°C, com um volume de álcool em torno de 30% em
volume.
“Cauda” ou Água Fraca: corresponde aos demais 10% de destilado.
Segundo Chaves (2007), o volume total de destilado pode ser estimado pela
equação abaixo:
°Brix do mosto - 2
Vdestilado =Vvinho × (1)
100
Volume de cachaça
Eficiência da Destilação: ×100 (3)
Volume teórico
3.3.9 O Alambique
Caldeira: tem por função armazenar o líquido a ser destilado. Pode ser aquecido
por fogo direto ou vapor. Tem capacidade variável e uma máxima de 2400 L, e deve
ser preenchido em 2/3 por mosto, dando espaço para a expansão do líquido aquecido
e dos vapores. Devem possuir: válvula niveladora de pressão, válvula de alívio,
manômetro, termômetro, tubulação para abastecimento de mosto, abertura para
retirada de vinhoto, abertura para limpeza interna e etc.
Coluna: tem por função canalizar os vapores ao capitel, armazenar vapores e
permitir o retorno à caldeira dos que não foram condensados. Pode ser cônica,
esférica ou cilíndrica (dotada ou não de pratos). Possui capacidade variada,
recomendando-se de 1,5 a 2,0 vezes a altura da caldeira.
Capitel: tem como função conduzir os vapores à alonga e propicia a
condensação dos vapores que retornam a coluna ou caldeira. Tem vários formatos,
dentre eles o mais recente “Napoleão”. Quatro fatores vão determinar a capacidade
do aparelho de gerar refluxo: formato, área de superfície, volume e altura.
Deflegmador: tem como função o refluxo pela condensação parcial dos vapores
alcoólicos. Se localiza entre o capitel e a coluna e a vazão de água entre os tubos vai
determinar o refluxo.
Alonga: função de iniciar a condensação de vapores e transportar para o
condensador, assumindo papel importante no refluxo.
Tanque de Resfriamento: tem a função de refrigerar os vapores oriundos da
destilação, por meio da circulação de água.
O alambique simples caracterizado por um só corpo, que pode ser fixo ou
móvel. Apesar de limitado, podem proporcionar produtos de qualidade excepcionais,
desde que os projetos de construção obedeçam às condições mínimas essenciais de
funcionamento (Mutton, 1992).
Alambiques com pratos e deflegmador praticamente realizam uma bidestilação
devido ao refluxo proporcionado, sendo os destilados mais puros em etanol e com
baixos teores de componentes secundários (Cardoso, 2013). Funcionamento,
segundo Cardoso (2013):
1) Inicia-se com a carga de mosto, com o cuidado de o fazer com a válvula
igualadora das pressões aberta até o alcance do nível de trabalho – 2/3 da
capacidade da caldeira – quando então são fechados o registro de entrada do
mosto e da válvula.
36
3.3.11 Envelhecimento
3.3.12 Envase
A ponta da cana, aquela que não vai para a moagem no alambique, pode ser
utilizada como ração animal. Conforme Cardoso (2013), a safra da cana coincide com
os períodos secos onde a pastagem é escassa e pode ser utilizada como auxiliar para
a alimentação dos animais.
Já o bagaço, além de poder ser utilizado como alimento animal, também pode
agir como repositor de matéria orgânica no solo, bem como para a geração de vapor.
O vinhoto (vinhaça) quando utilizado na fertirrigação possui grande eficácia na
reposição de nutrientes do solo. Também é uma boa opção para alimentação animal.
3.4.1 Investimento
fabricação do produto. A esse ciclo dá-se o nome de ciclo operacional. Silva (2012)
afirma que “Na consecução de seus negócios, a empresa busca sistematicamente a
produção e venda de bens e serviços de maneira a produzir determinados
resultados.”. A Figura 7 nos dá um melhor entendimento do ciclo operacional.
No meio do ciclo financeiro, o gestor para garantir um bom fluxo de caixa deve
estar atento aos prazos de fornecedores e de vendas, para demonstrar capacidade
de pagar dívidas e de distribuir dividendos.
De acordo com Martinovich (1996), o fluxo de caixa é um instrumento gerencial
fundamental na tomada de decisões empresariais. A apresentação de um fluxo de
caixa para uma análise de investimento pode ser feita por meio de um diagrama, como
na Figura 8.
3.4.5 Receitas
3.4.6 Custos
3.4.7 Despesas
3.4.10 O IPI
3.4.11 O ICMS
Uma vez que um projeto de uma planta industrial não possui dados reais de
caixa por não estar em funcionamento, o fluxo de caixa do projeto é dado por meio de
projeções que consideram as principais entradas e saídas ao longo da vida do projeto.
Isso é confirmado por Assaf Neto (2016) “...é fundamental o conhecimento não só de
seus futuros esperados, expressos em termos de fluxos de caixa, mas também de sua
distribuição ao longo da vida prevista do projeto.”.
O modelo apresentado desconsidera fluxos financeiros oriundos de
amortizações de empréstimos e de financiamento, além de respectivos encargos de
juros. Com isso, o fluxo de caixa assume um papel unicamente operacional. Para
justificar isso, Solomon (1987) relatam que “É a qualidade dos investimentos, e não a
48
3.4.16 Inflação
49
A taxa mínima de atratividade é uma taxa que define o que o investidor espera
de retorno sobre uma aplicação de capitas. Segundo Ramalho et al (2009), “alguns
aspectos influenciam esta decisão, como: a disponibilidade de recursos, o custo dos
recursos, a taxa de juros do mercado, o horizonte de planejamento do projeto,
oportunidades, inflação, risco e etc.”
Ele continua dizendo, sobre a determinação da taxa mínima de atratividade:
“De maneira geral, toma-se como base para a análise de investimento o custo do
capital. Em outras palavras, o custo de capital é a base para aceitação ou rejeição de
propostas de investimento.
Assim, a TMA será utilizada como referência nas metodologias de análise de
investimento, sendo fundamental para a aceitação ou não do projeto de investimento.
A taxa interna de retorno é uma taxa que, com base no fluxo de caixa das
operações e no capital empregado, iguala os investimentos iniciais com fluxos
positivos do projeto ao longo dos anos. Assaf Neto (2014) pontua que “O método de
taxa interna de retorno (TIR) é a taxa de desconto que iguala, em determinado
momento, as entradas com as saídas previstas de caixa.”.
Para uma decisão de investimento, a TIR nos revela a rentabilidade do projeto
nos termos de entradas e saídas no caixa. Serve como taxa de referência para
comparação com o mercado e a determinar a viabilidade do empreendimento em
relação a outros investimentos.
A taxa interna de retorno é calculada, segundo Assaf Neto, trazendo todos os
movimentos de caixa para o momento zero, da seguinte forma:
I FC
I0 + ∑nt=1 (1+K)
t
t
= ∑nt=1 (1+K)t t (4)
Onde:
n = Número de total de fluxos.
t = momento que está sendo calculado.
I0 = montante do investimento no momento zero (início do projeto);
It = montantes previstos de investimento em cada momento subsequente;
K = taxa de rentabilidade equivalente periódica (TIR);
51
FC I
VPL= [∑nt=1 (K+1)t t] - [I0 + ∑nt=1 (K+1)
t
t] (5)
Onde:
n = Número de total de fluxos.
t = momento que está sendo calculado.
FCt = fluxo (benefício) de caixa líquido de cada período;
K = taxa de desconto do projeto, representada pela rentabilidade mínima
requerida;
I0 = investimento processado no momento zero;
It = valor do investimento previsto em cada período subsequente.
No caso da TIR, a taxa de rentabilidade é determinada para zerar o
investimento. Aqui, a taxa de deve ser pré-determinada para que o valor presente
líquido do investimento seja determinado. Como diz Assaf (2014): “O valor presente
líquido trabalha com uma taxa mínima de retorno definida pelo investidor”.
Assaf Neto (2014) definiu como aceitabilidade a VPL maior que 0 e a TIR maior
ou igual a taxa mínima de atratividade definida pelo investidor.
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
a dimensão ano. O prazo razoável para clientes é da ordem de 15 dias, chegando até
30 dias para os melhores clientes. Como a média não é de um mês sequer, é razoável
considerar a coincidência dos regimes para as entradas de caixa e a receita.
Para a mensuração das despesas como carga tributária, será utilizado o regime
de competência, ou seja, o momento da venda será determinante para o pagamento
de impostos, diferindo de alguns custos de produção.
55
5 ESTUDO DE CASO
canais de vendas. Uma proposta agressiva de vendas deve ser adotada, com canais
diversificados como parcerias com representantes, redes de distribuição e sites
especializados.
Portanto, a agressividade da estratégia de venda e o alcance definido deve ser
levado em conta para a quantidade a ser produzida.
Abaixo a Imagem 11, com imagem via satélite da propriedade pontuando locais
adequados para o desenvolvimento da cultura, circulados em preto, na propriedade
onde deve ser instalada a planta.
elas a Saccharomyces cerevisiae, que dão origem ao CO2 desprendido e aos álcoois,
promovendo a graduação alcoólica do vinho. Os 4830,80 L de caldo que entram para
a fermentação dão origem a 4830,80 L de vinho.
Após a finalização da fermentação, o alambique deve estar pronto rapidamente
para receber a próxima alambicada de vinho. Finalmente, o recorte da destilação
finaliza os cálculos no balanço de massa, como mostrado na Figura 16.
Balanços de Massa
Corrente Saída (por dia)
Moagem 5231,60 kg
Fermentação ~5231,60 kg
Destilação 627,99 L
Fonte: elaborado pelo autor.
Onde:
Qi = Calor da corrente i.
V = Quantidade de Vapor Utilizado.
F = Quantidade de Vinho.
L = Quantidade de Destilado.
ΔT = variação de temperatura no aquecimento.
Hs = entalpia do vapor saturado.
hs = entalpia de condensação do vapor.
5.3.3 Receita
A receita será obtida por meio da soma das vendas de três produtos distintos:
cachaça branca, cachaça premium e cachaça extra premium. A partir do investimento,
será necessário 1 ano para as primeiras vendas de cachaça branca, 2 anos para a
venda da cachaça premium e 4 anos para iniciar as vendas da cachaça extra premium.
Portanto, temos 3 momentos de incrementos de vendas, que marcam o início
de venda de cada produto. Na Tabela 5 temos o preço de vendas de cada produto
para os clientes de distribuição. Os valores podem ser maiores com a venda a varejo
direto, onde pode se obter uma margem de lucro maior devido à eliminação do
intermédio do distribuidor.
Imposto Alíquota
IPI 25,00%
PIS 1,65%
COFINS 7,65%
ICMS 18,00%
IRPJ* 15,00%
71
CSSL 9,00%
Fonte: Maccari (2013).
5.3.5 Custos
Conta Valor
Mão-de-Obra R$ 136.885,33
Energia Elétrica R$ 18.000,00
Manutenção de Equipamentos R$ 24.000,00
Outros Custos R$ 50.000,00
Fonte: Cosern e Dinheiro Rural.
Conta Valor
Matéria-Prima R$ 92,00/ton
Embalagens Primárias e Rolhas R$ 3,07
Embalagens Secundárias R$ 0,32
Embalagem Secunda Especial R$ 3,60
Embalagens Especiais R$ 10,78
Fonte: Acqua Mineira, Embavidro Embalagens, Net Embalagens e Associação dos Fornecedores de Cana de
Pernambuco.
5.3.6 Despesas
A partir da análise da Tabela 12, observamos que para as três taxas analisadas
o indicador PayBack mantém-se igual. Isso já era esperado pois o indicador não utiliza
nenhuma taxa em sua metodologia de cálculo, levando em conta apenas a soma dos
fluxos de caixa anuais. Considerando que a planta terá uma produção anual em 100%
de sua capacidade conforme configuração, e que a empresa conseguirá vender tudo
o que é produzido em seu tempo, um PayBack de 5,64 anos, ou aproximadamente 5
anos e 8 meses, é aceitável. A empresa possui fluxos de caixa iniciais negativos, nos
três primeiros anos, em virtude dos custos de produção e pelo fato de seus produtos
serem comercializados respeitando um determinado período de tempo. Conforme os
produtos iniciam a sua comercialização e as entradas se concretizam, os custos de
produção e as receitas vão sendo compensadas.
No caso do PayBack Descontado, acontece o desconto com base em uma taxa
de referência para o investidor. No caso aqui foram analisados cenários com as taxas
de IPCA, SELIC e da média da Renda Fixa. Utilizando a taxa de IPCA, a menor de
todas, obteve-se um PayBack de 6,27 anos, ou aproximadamente 6 anos e 3 meses.
Já quando utilizamos a taxa Selic, o indicador aumenta para 6,63 anos,
aproximadamente 6 anos 8 meses. E por fim, em um cenário com a taxa média de
Renda Fixa, em torno de 7,42 anos, ou ainda 7 anos e 5 meses. Essa análise é
77
10,00
Payback vs % Vendas
9,50
9,00
8,50
8,00
Payback
7,50
PayBack Simples
7,00
Payback Desc
6,50
6,00
5,50
5,00
70% 75% 80% 85% 90% 95% 100% 105%
% Vendas
Fonte: Elaborado pelo autor
TIR vs % Vendas
20,0%
15,0%
10,0%
5,0%
0,0%
55% 65% 75% 85% 95% 105%
TIR
-5,0%
TIR
-10,0%
-15,0%
-20,0%
-25,0%
-30,0%
% de Vendas
VPL vs % Vendas
1,00
0,50
0,00
VPL (milhões)
45% 50% 55% 60% 65% 70% 75% 80% 85% 90% 95% 100% 105%
-0,50
VPL
-1,00
-1,50
-2,00
% de Vendas
10,00
9,00
PayBack
7,00
6,00
5,00
45% 55% 65% 75% 85% 95% 105%
% de Produção
Fonte: Elaborado pelo autor.
TIR vs % Produção
20,0%
15,0%
10,0%
TIR
5,0%
TIR
0,0%
45% 55% 65% 75% 85% 95% 105%
-5,0%
-10,0%
% de Produção
VPL vs % Produção
0,90
0,70
0,50
VPL (milhões)
0,30
0,10 VPL
-0,1045% 55% 65% 75% 85% 95% 105%
-0,30
-0,50
-0,70
% de Produção
6 CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, Alexandre. Finanças Corporativas e Valor. 7° Ed. São Paulo: Atlas,
2014.
BATALHA, Mário Otávio et al. Gestão Agroindustrial. Vol. 1 e 2. 3° Ed. São Paulo:
Atlas, 2009.
CHAVES, José Benício Paes; LIMA, Francisca Zenaide; LOPES, José Dermeval
Saraiva. Cachaça - Produção Artesanal de Qualidade. 1° Ed. Viçosa-MG: CPT, 2007.
EMBRAPA. Visão 2013: o futuro da agricultura brasileira. Brasília, DF: Embrapa, 2018.
212 p.
MAIA, A.B.; PEREIRA, A.J.G.; SHWABE, W.K. Segundo curso para produção de
aguardente de qualidade. Belo Horizonte: Editora da UFMG e Fundação Cristiano
Otoni, 1994.
MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 9° Edição. São Paulo: Editora Atlas, 2003.
PIGGOT, J.R. et al. The Service and Technology of Whiskies. New York: Longman,
1989.
89
RIO GRANDE DO NORTE. Lei Estadual do ICMS Art. 27. Alíquotas do imposto ICMS.
Natal: Secretaria de Estado da Tributação, 2018.
Fonte: Google.
92
Fonte: SUCRANA.
94
ANEXO E – TABELA DE CUSTOS COM MÃO-DE-OBRA PARA A FÁBRICA CONFORME ESTRUTURA PREVISTA
PESSOAL DA PRODUÇÃO
Função Salário-Base FGTS INSS Insalubridade 13° Salário 1/3 Férias
Alambiqueiro R$ 26.400,00 R$ 2.112,00 R$ 2.904,00 R$ 5.280,00 R$ 2.200,00 R$ 733,33
Operador 1 R$ 19.200,00 R$ 1.536,00 R$ 1.728,00 R$ 3.840,00 R$ 1.600,00 R$ 533,33
Operador 2 R$ 16.800,00 R$ 1.344,00 R$ 1.344,00 R$ 3.360,00 R$ 1.400,00 R$ 466,67
Auxiliar 1 R$ 12.000,00 R$ 960,00 R$ 960,00 R$ 2.400,00 R$ 1.000,00 R$ 333,33
Auxiliar 2 R$ 12.000,00 R$ 960,00 R$ 960,00 R$ 2.400,00 R$ 1.000,00 R$ 333,33
Auxiliar 3 R$ 12.000,00 R$ 960,00 R$ 960,00 R$ 2.400,00 R$ 1.000,00 R$ 333,33
Fonte: Wikipédia.