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Livro - Planejamento do Ensino na Educação Profissional

Site: IFPE VIRTUAL Impresso por: Flávia Ferreira da Silva


Curso: Didática para a Educação Profissional e Tecnológica Data: terça, 4 abr 2023, 19:22
Livro: Livro - Planejamento do Ensino na Educação Profissional
Índice

Introdução
1 Planejamento da docência
2 Planejamento pedagógico
3 Plano de ensino e plano de aula
3.1 Plano de ensino
3.1.1 Exemplos de plano de ensino
3.2 Plano de aula
3.2.1 Exemplos de plano de Aula
4 Estratégias de Ensino
4.1 Estratégias de contato com a obra
4.1.1 Aprendizagem por obras
4.1.2 Aprendizagem por projeto
4.1.3 Simulação
4.1.4 Imersão e Visita técnica
4.1.5 Análise de erro deliberado
4.1.6 Tecnografia ou Análise da atividade
4.1.7 Perícia
4.1.8 Estudo de caso
4.1.9 Resolução de problemas
4.1.10 Experimento e experiência
4.1.11 Experimento de Laboratório
4.2 Estratégias para sala de aula
4.3 A sala de aula invertida
5 Tempos didáticos da aula na EP
Considerações finais
Referências
Ficha Técnica
Introdução

Neste livro, vamos discutir aspectos do planejamento  e da ação  docente na educação profissional. Compartilharemos algumas
estratégias para a estruturação da disciplina e das aulas.

Vamos discutir o saber fazer em Didática Profissional apresentando várias estratégias de ensino, que poderão ser escolhidas pelo
docente de acordo com os objetivos de aprendizagem.

Trataremos ainda, do Plano de Aula e Plano de Ensino, que organizam nossa atividade no magistério da educação profissional.

Disciplina e unidade curricular serão consideradas sinônimos, sendo usadas alternativamente ao longo de nosso texto.

Fonte: Equipe de Produção/DocentEPT


1 Planejamento da docência

Fonte: Equipe de Produção/DocentEPT

Planejar é parte da história da humanidade. Para Vasconcellos (1995), planejar significa "antecipar mentalmente uma ação e agir de
acordo com o previsto; é buscar fazer algo incrível, essencialmente humano: o real a ser comandado pelo ideal". O autor diz que, para
que a escola cumpra o seu papel social de humanização e emancipação, o professor deve repensar sua prática e ressignificá-la. Para
isso, o planejamento é o caminho mais adequado.

Segundo Libâneo (2004, p.123):

O planejamento consiste numa atividade de previsão da ação a ser realizada, implicando definições de necessidades a atender, objetivos a
atingir dentro das possibilidades, procedimentos e recursos a serem empregados, tempo de execução e formas de avaliação. O processo e o
exercício de planejar referem-se a uma antecipação da prática, de modo a prever e programar as ações e os resultados desejados, constituindo-
se numa atividade necessária à tomada de decisões.(...) Sem planejamento, a gestão corre ao sabor das circunstâncias, as ações são
improvisadas, os resultados não são avaliados.

O que precisamos considerar ao planejar nossa prática docente?


Como fazer isso em cursos técnicos da educação profissional?
É preciso compreender a educação para o trabalho como uma forma de intervenção no mundo. Assim, como nós intervimos no mundo
do aluno por meio de nossa prática educativa, nosso papel é possibilitar ao aluno uma formação com a qual ele possa intervir no mundo
do trabalho. Para isso, um passo essencial é reconhecer o perfil do egresso e saber que aluno queremos formar. 

A obra Aprender  e Ensinar  (João Batista Oliveira e Clifton Chadwick) ajuda a organização do ensino, com a maioria de seus desafios. É
dedicada ao ensino fundamental e médio propedêuticos, mas as  estratégias e reflexões podem ser utilizadas no ensino técnico,
especialmente nos cursos técnicos integrados ao ensino médio. Especialmente recomendado para aqueles docentes em início de carreira
sem muita experiência em planejamento ou que desejam aprimorar sua prática docente com estratégias e exemplos de experientes
mestres.
2 Planejamento pedagógico

O planejamento da atividade docente  deve ser construído pelo professor, tendo por base projetos pedagógicos elaborados
coletivamente em sua instituição de ensino. Basicamente, dois projetos devem ser considerados:

o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) que envolve o planejamento das ofertas de curso e o Projeto Pedagógico
Institucional (PPI);
o Projeto Pedagógico de Curso (PPC) específico de cada curso, no qual organiza os saberes e dá forma ao curso, define o perfil do
egresso e evidencia as concepções e fins da educação profissional inerente à área em questão. O PPC descreve todos os
componentes curriculares do curso (disciplinas ou unidades curriculares, estágios, atividades complementares etc.)

Agora, é momento de saber porque o docente deve conhecer o PPC antes de construir seu plano de ensino e plano de aula.

Fonte: Equipe de Produção/DocentEPT

Projeto Pedagógico do Curso


Como o resultado da ação coletiva, o Projeto Pedagógico do Curso (PPC) cria e dá identidade a um curso, revelando os objetivos e
competências educacionais, profissionais, sociais e culturais. Retrata também a sua intencionalidade, o perfil do egresso, o número de
vagas, o período mínimo e máximo de sua integralização, sua justificativa de oferta, eixo tecnológico e componentes curriculares, entre
outros requisitos. Além de considerar as normativas institucionais e legais, o PPC trata das concepções pedagógicas e das orientações
metodológicas para o ensino e para a aprendizagem, contemplando, ainda, aspectos relativos à avaliação e estrutura física e acadêmica
para seu funcionamento. Resumindo: o PPC expressa o currículo do curso!

A elaboração de projetos pedagógicos de cursos para a educação profissional deve atender aos pressupostos legais de cada área,
dispostos em instrumentos normativos, tais como a LDB, o Catálogo Nacional de Cursos, os Parâmetros Curriculares Nacionais, as
Diretrizes Curriculares demais legislações. Deve, ainda, estar de acordo com o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI). O PPC será
tratado na disciplina Projeto Pedagógico na Educação Profissional e Tecnológica, que tratará do processo de construção do PPC.

É a partir do Projeto Pedagógico do Curso que outros documentos são planejados e construídos, como é o caso do plano de ensino e o
plano de aula, que veremos a seguir. 
3 Plano de ensino e plano de aula

O que devo ensinar?


Ao assumir uma unidade curricular, a primeira pergunta que o docente precisa se fazer é "o que vou ensinar?", isto está descrito no
Projeto Pedagógico de Curso, onde estão listadas as competências de cada disciplina e demais informações para cada docente iniciar
suas atividades. Em educação profissional é necessário mais que o PPC para definir o que ensinar: é necessário o contato com os demais
professores do curso para localizar a atividade de cada disciplina. Se estamos construindo competências, é necessário que tenhamos
foco no Perfil Profissional de Conclusão do Curso, esta construção é sempre uma atividade coletiva dos docentes e demais envolvidos no
curso. Portanto, cada docente de uma disciplina deve conhecer o que fazem os demais docentes no curso, localizando e
contextualizando os saberes que tratará, mantendo sintonia, este é o grande desafio da interdisciplinaridade.

Como vou ensinar?


Nossas referências de ensinar, em geral vêm de nossa experiência como aluno, quando o professor fala e o aluno escuta, memoriza e
responde a desafios de saberes memorizados. Em educação profissional essa estratégia é insuficiente para o desfio de formar um
trabalhador com saberes e fazeres capazes de torná-lo proficiente em uma atividade laboral. A aula expositiva e dialogada deve ser
usada com muita parcimônia na EP. Se o fazer é fonte de saber, como axioma da educação profissional, devemos privilegiar estratégias
que coloquem o aluno em ação para a construção de saberes durante o fazer.

A escolha do "como vou ensinar", depende sempre de que competências estamos construindo, ou seja, a cada técnica ou saber a ser
trabalhado existe uma estratégia didática que melhor se aplica. Aqui trataremos de algumas, mas ao longo da experiência docente, do
compartilhamento de práticas em nossas comunidades de práticas de docente da EP, vamos aprimorando nossas técnicas e estratégias
para maior efetividade do processo educativo. Como ensinar, deve ser sempre um motivador de conversas entre docentes de um
mesmo curso de educação profissional.

É possível fazer um planejamento e na ação educativa este ser alterado, acompanhando os desafios diários e as características da turma.
Todavia, sem um planejamento, não se tem clareza de onde chegar!

O Plano de Aula e o Plano de Ensino são referenciais importantes para o docente orientar sua didática, corrigindo seus rumos sempre
que necessário em direção à construção do perfil profissional do curso.
3.1 Plano de ensino

O Plano de Ensino é um documento que descreve toda a atividade educativa de uma disciplina ao longo de um período letivo (semestre
ou ano letivos). 

É uma ferramenta que acompanha o fazer pedagógico do professor. Discrimina, de forma detalhada, todos os itens que serão
trabalhados durante a unidade, inclusive as formas de avaliação. Expressa os saberes e as competências que devem ser desenvolvidas
com os estudantes e que estão previstas no Projeto Pedagógico do Curso. 

O plano de ensino trata da organização da Unidade Curricular ou Disciplina e deve ser adaptado sempre que for necessário. Deve ser
apresentado ao aluno, preferencialmente, na primeira aula, por ser o instrumento que demonstra o planejamento de todas as etapas
que envolvem as atividades dos professores e alunos ao longo do ano ou semestre escolar. É parte do contrato didático que o aluno
participe ativamente de sua formação. Conhecer com clareza toda as atividades que serão desenvolvidas ao longo da disciplina é uma
forma eficiente contextualizar o processo educativo.

Os trabalhadores que estamos formando na EP, no futuro, farão planos de trabalho e planejamentos em suas atividades laborais, se
compartilhamos nosso planejamento docente com estudantes, já estamos estimulando o processo de organização da atividade desses
futuros profissionais!

Todo plano de ensino deve ter linguagem acessível ao aluno, para que este compreenda as etapas que desenvolverá ao longo do
período letivo e o levarão à construção de suas competências. É importante destacar que todo plano de ensino desenvolve uma ou mais
competências gerais do perfil profissional, descrito no PPC, mas pode conter competências específicas de acordo com o planejamento
da disciplina. Todavia, as competências específicas de uma disciplina devem estar relacionadas a competências gerais do Perfil
Profissional.

O que um bom plano de ensino deve conter?


Cada instituição ou curso pode definir seu modelo de plano de ensino, não há rigor quanto a forma. Porém, é possível destacar alguns
procedimentos e identificar alguns requisitos para elaborar um plano consistente:

ter correlação com o Plano de Desenvolvimento Institucional da escola, para garantir consonância com a missão, visão e objetivos
da instituição;
ter estreita relação com o Projeto Pedagógico de Curso, para garantir a coerência na construção do Perfil Profissional de
Conclusão;
ter como base os saberes do trabalho, especialmente aqueles para o qual o curso está formando, adequando-se às necessidades e
possibilidades dos estudantes;
ser flexível e aberto para permitir a participação de todos os interessados e possibilitar ajustes sempre que necessário;
usar as mais diferentes estratégias de ensino e de avaliação de acordo com as competências a serem trabalhadas;
ser exequível, ou seja, executável em um determinado tempo ou duração, de forma adequada ao perfil da turma.
3.1.1 Exemplos de plano de ensino

Não existe um modelo rígido a ser seguido para a elaboração do plano de ensino. Além dos aspectos discutidos na página anterior, é
importante incluir  informações tais como:  a ementa e a carga-horária (expressas no projeto pedagógico do curso),  os conteúdos
especificados, os objetivos de aprendizagem, as competências a serem desenvolvidas em longo prazo, a metodologia e as estratégias de
ensino que serão adotadas,  os recurso didáticos,  as formas, instrumentos e critérios de avaliação,  a bibliografia básica e
complementar, as formas de recuperação e referências de leitura.

Toda instituição de Educação Profissional tem  um padrão de plano de ensino a ser seguido por seu corpo docente. Em geral, sua
estrutura tem três partes:

Parte I:
Identificação: Instituição, Curso, disciplina (ou unidade curricular), carga horária, período de oferta da disciplina, professor. A maioria
destes dados consta do PPC.
Competências: lista de competências a serem desenvolvidas ao longo do semestre, em alguns casos, quando o curso define
objetivos, serão listados aqui os objetivos de aprendizagem para o semestre. É comum haver descrição de competências gerais,
associadas ao PPC e competências específicas associadas à disciplina. As competências específicas guardam correlação direta com as
competências gerais que compõem o perfil profissional de conclusão do curso.
Ementa: lista de saberes e fazeres a serem desenvolvidos ao longo do semestre. Esta lista é parte do PPC do curso. É importante
destacar que competências referem-se às capacidades do educando a serem desenvolvidas ao longo do curso, enquanto que saberes
e fazeres, tratam do conjunto sistematizado pelo docente a compor a construção das competências individuais de cada estudante.

Parte II:
Cronograma de Atividades:  uma tabela onde constam descritos para cada dia a aula, as atividades que serão desenvolvidas,
destacando o local de cada uma (sala de aula, laboratório ou outros espaços). Incluir também a data e o formato de cada avaliação;
Metodologia e Estratégias: listar as formas de implementar as atividades em sala de aula, incluindo as estratégias de abordagem a
serem empregadas ao longo da disciplina. É importante que as estratégias estejam sintonizadas às competências a serem
desenvolvidos, quanto maior a diversidade de estratégias, mais motivadora é a disciplina;

Parte III:
Avaliação: indicar como será a avaliação da aprendizagem, instrumentos e formas de aplicação, como será composta a nota final, no
cronograma deve constar a data de cada avaliação formal. É sempre importante reservar um tempo para a revisão da avaliação, onde
o professor deve comentar aspectos relevantes de suas correções: maiores acertos e erros mais comuns. A avaliação é também um
indicador da necessidade de revisão das estratégias, profundidade de abordagem, critérios de avaliação etc.;
Recuperação: Conforme a LDB, todo aluno tem direito a estudos de recuperação, portanto, atividades específicas de recuperação
deverão compor o plano de ensino de cada disciplina. É necessário propor atividades de recuperação para saberes e fazeres,
garantindo a relevância dos diversos saberes na educação profissional.;
Referências: deverão ser indicadas as referências utilizadas para elaboração da disciplina, bem como, indicação de material didático
a ser usado pelos alunos, quando for o caso.

Exemplos:
Plano de ensino em Eletricidade:

Exemplo de plano de ensino

Plano de ensino em Animação:

  Exemplo de plano de ensino

Lembrando...
As competências, às vezes referidas como objetivos de aprendizagem, precisam traduzir as intenções educativas, indicar o que se espera
alcançar como consequência do processo educativo e ser elaboradas tendo em vista o perfil do egresso estabelecido no PPC. Na
educação profissional devem sempre estar associadas a atividades identificáveis no mundo do trabalho.
3.2 Plano de aula

O Plano de Aula é o instrumento que descreve o desenvolvimento de uma aula ou de um dia de atividade letiva. 

Todo docente iniciante precisa organizar cada aula que ministrará, como sendo um desdobramento do Plano de Ensino. No plano de
ensino estão descritas resumidamente as atividades de cada dia de aula. O plano de aula vai detalhar toda a atividade. À medida que
ficamos mais experientes na disciplina, o plano de aula torna-se mais resumido, mantendo a lógica de desenvolvimento da disciplina. É
comum que as anotações no diário de classe ou instrumento semelhante, sejam o registro do que ocorreu no desenvolvimento da aula,
como forma de garantir continuidade nas atividades educativas de uma turma, especialmente quando o professor leciona várias
disciplinas ou para várias turmas. Quando o professor inicia as atividades de uma turma em descontinuidade, os alunos percebem e se
frustram, uma vez que o professor não guarda compromisso educativo com aquela turma, ou seja, fere o contrato didático.

O plano de aulas e o registro do que ocorreu em cada aula é fundamental para o professor cumprir sua parte do contrato
didático.

O planejamento de cada aula deve considerar:

O Plano de Ensino da disciplina;


O que ocorreu na aula anterior, em geral registrado no diário de classe ou instrumento equivalente;
O que será trabalhado nesta aula, especial atenção para a retomada de saberes ou atividades não finalizadas ou que os alunos
tenham muita dificuldade;
Momento inicial: contextualização - retomar saberes anteriores para localizar os alunos no que será tratado nesta aula.
Desenvolvimento - quais saberes serão trabalhados? Quais as atividades serão desenvolvidas? Quais recursos serão necessários?
Como avaliaremos o desenvolvimento dos alunos? Quais evidências de aprendizagem buscamos?
O que deve ser indicado para estudos ou exercícios?
Organizar todo o tempo de aula. A sobra de longos períodos ao final da aula ou não haver tempo para o desenvolvimento de todas as
atividades é frustrante para o aluno e demonstra fragilidade de planejamento docente.

No processo de construção de saberes, o professor deve abusar de exemplos, demonstrações, associações entre eventos ou
simulações. É importante descrever no plano de aula todo o material que deve ser utilizado. Assim, o aluno sempre terá possibilidades
diversificadas de instrumentos para construção de suas competências.

Curso Técnico - Campus Araranguá, IFSC

Todo plano de aula deve ser compartilhado entre docentes de uma mesma turma, para que as atividades educativas se sintonizem, se
somem, em direção à construção do perfil profissional do egresso. Nada mais desanimador que um docente repetir conteúdos de outra
disciplina paralela, criticá-la, desqualificar outros saberes, contradizer saberes em desenvolvimento em outra disciplina. Todos os
docentes de uma mesma turma devem conversar, mesmo que informalmente sobre o que cada um trata em suas aulas, para que os
alunos percebam que todos os docentes estão empenhados em trabalhar seus saberes em direção à construção de competências
profissionais da mesma formação.

Vale destacar que um plano, seja de ensino ou de aula, não é uma camisa de força, é apenas uma orientação de atividades. É importante
que o professor exercite sua sensibilidade para com a turma, adaptando saberes, condições e instrumentos de acordo com o
desenvolvimento dos alunos. O mais importante é que aconteça a aprendizagem, mesmo que o professor lance mão de diferentes
formas de ensino. Não adianta o professos querer esgotar seu plano de aula ou de cursos se os alunos não acompanham. É muito
melhor que se perca conteúdos do que se perca aprendizagem!

A aula
A aula é mais do que seu plano, roteiro ou proposta de trabalho. É a ação concreta de todo processo de planejamento e o que resulta
desse conjunto, manifestada na interação entre professor, alunos e saberes. Ela é dinâmica e reversível, podendo ser adequada,
adaptada, retomada ou afirmada pela prática. Resulta desta relação: 
Fonte: Equipe de Produção/DocentEPT
3.2.1 Exemplos de plano de Aula

Apresentamos uma proposta de Plano de Aula: um modelo geral e um exemplo. É importante destacar que estes são apenas modelos,
ou seja, propostas. Há muita criatividade na elaboração dos planos de aula, isto é parte da liberdade pedagógica docente. Todavia, como
referência elaboramos uma proposta com os principais elementos a serem desenvolvidos em uma aula.

Não existe um plano correto ou errado, é prerrogativa docente a elaboração de seu plano, todavia, nos concursos e em muitas escolas, é
exigido que o docente saiba elaborar um plano para sua disciplina ou componente curricular, para tanto apresentamos o conjunto de
elementos que não podem faltar em um plano.

Exemplos:
Exemplo de Plano de Aula 1

Exemplo de Plano de Aula 2

 Modelo de Plano de Aula


.

Disciplina e Unidade Curricular são sinônimos, conforme já comentamos.

Componente Curricular é um termo mais geral, inclui as disciplinas e as demais atividades letivas constantes do currículo do aluno, tais
como: unidades curriculares, estágios, atividades extraclasse, prática esportiva em times escolares, atividades de extensão etc. O PPC do
curso indica todos os componentes curriculares a serem cumpridos pelo aluno para ter direito à diplomação.
4 Estratégias de Ensino

Em relação aos procedimentos e estratégias para o ensino, temos uma variedade de possibilidades. Vamos apresentar algumas
delas aqui, organizando-as no que chamaremos de “macro” estratégias voltadas à Educação Profissional (Daltro Filho; Allain, 2019), por
serem amplas e abrangerem diversas possibilidades, bem como estratégias mais usuais e pontuais, que costumam ser empregadas em
contextos tanto da EP assim como na Educação Superior em geral ou na Básica.

As estratégias podem ser combinadas, repensadas e adequadas a cada contexto de ensino. De forma geral, algumas estratégias
permitem um menor contato com a obra e contexto laboral (como a aula expositiva e outras estratégias "para sala de aula") e outras
oferecem ao aluno um maior contato com a obra e com situações do trabalho (como a aprendizagem baseada em problema, por
projeto, simulação entre outras elencadas nas páginas seguintes).

Fonte das imagens: pronatec.pro.br 

As figuras acima exemplificam o uso de diferentes estratégias no curso técnico em Enfermagem: 

Figura 1:  A professora conduz a  aula expositiva, ela até utiliza  manequim humano, mas os alunos não têm a oportunidade de
manusear e observar de perto os procedimentos por ela demonstrados; 
Figura 2: Um grupo de alunos trabalha em equipe na resolução de um problema colocado pela docente (aprendizagem baseada em
problema),  manipulando um manequim de simulação humana e outros equipamentos que estariam disponíveis num local de
atendimento clínico de pacientes; 
Figura 3:  Aluna realiza procedimento de enfermagem em uma voluntária, sob supervisão docente, permitindo que os alunos
experimentem a atividade laboral em situações reais (ação que poderia ser parte de estratégia de  imersão,  mediada por obra
ou aprendizagem por projeto (de extensão, por exemplo).

Importante!
Cada estratégia de ensino tem suas limitações e potencialidades, as quais devem ser consideradas pelo docente no processo de
planejamento. Nas situações exemplificadas nas figuras acima, as duas últimas cenas mostram-se mais potentes para a formação
profissional. Nelas os alunos têm a oportunidade de desenvolver competências necessárias ao profissional de enfermagem,
experimentar a atividade laboral de forma situada, além de serem protagonista do processo de aprendizagem.

Para saber mais sobre as estratégias didáticas para  a Educação Profissional que são discutidas na sequência, consulte o material
(website) desenvolvido por Daltro Filho e Olivier Allain (2009).
4.1 Estratégias de contato com a obra

A Educação Profissional (EP) tem uma diferença muito significativa em relação à educação geral (propedêutica): visa à formação para o
trabalho, para o exercício de uma profissão. Essa constatação parece bem óbvia, certo? Entretanto, é preciso apreciar bem as
consequências que isso tem não só na vida do sujeito aprendiz, mas também quais são as potencialidades dessa característica para o
ensino e suas implicações didáticas.

O aluno da EP precisa colocar “olhos à obra”, além de mãos à obra, ter a possibilidade de experimentar e pensar sobre um
aspecto fundamental do trabalho: a obra.

Mike Rose (2007) explorou as relações da obra do trabalhador com a sociedade e a formação do sujeito e Barato (2015) trouxe a
discussão mais para o campo educacional. Vejamos mais de perto, a partir de exemplos.

Rose relata o caso do aluno do curso de eletricidade que fez uma instalação elétrica correta e que funciona, mas mesmo assim pede
para refazê-la, pois, segundo ele, mesmo que a fiação não apareça ao futuro morador, a instalação está feia e essa obra não atinge o
padrão estético que ele considera satisfatório. Outro caso é o do pedreiro que leva a família para lhes mostrar a excelência de sua obra.
Esses exemplos - são vários para cada profissão - evidenciam a dimensão estética envolvida no trabalho, mais especificamente na obra,
na qual materializam-se, também, outras dimensões: ética e social (o impacto da obra na vida do outro ou do grupo), ambiental,
identitária, cultural, etc. 

Tais casos mostram, sobretudo, que a própria aprendizagem “acontece por mediação da obra” (BARATO, 2015). Em outras palavras: ao se
tornar autor da obra de seu trabalho, o trabalhador ou, no caso da Educação Profissional (EP), o aprendiz, pode aprender de forma
mais significativa. Primeiro, porque a obra é o resultado do trabalho (ou da técnica, isto é, do processo ou da intervenção do
trabalhador) e, assim, pode ser elemento norteador do planejamento e da avaliação da aprendizagem em EP. Segundo, como vimos,
porque pode carregar as dimensões e valores citados  (estéticos, éticos, sociais…), as quais podem agregar mais camadas de significados
à aprendizagem.

A estudiosa Liv Mjelde (2015, p. 63-4) salienta a relação profunda entre significado e motivação, especialmente em EP. O distanciamento
da formação em relação à vida laboral tende a contribuir com a perda de significado da escola para os alunos .

Vamos tentar traduzir isso para a sala de aula ou o laboratório.

Nem sempre o ensino reproduz as condições do trabalho, embora existam muitas modalidades pedagógicas em EP que buscam a maior
interação entre o ensino profissional e o mundo do trabalho (alternância, modelo dual, estágios regulares, entre outros). No entanto,
seja na sala de aula, seja em laboratórios, em projetos de extensão ou em empresas pedagógicas (um restaurante-escola, por exemplo),
temos ambientes nos quais processos e situações profissionais podem ser exploradas e a obra experimentada parcial ou totalmente.
Essa experimentação raramente se dará em condições idênticas às do mundo do trabalho, em que o trabalhador sofre formas de
pressão e desafios diferentes (MJELDE, 2015, p. 28). Porém, tanto no que diz respeito à preparação para o exercício da profissão como
para a motivação do aluno ou a sua identificação com essa profissão, a participação no processo de elaboração, isto é, no fazer da obra,
pode ser decisiva.

Fonte: Equipe de Produção/DocentEPT

Mas de que obra estamos falando?


Como dissemos acima, muitas obras diferentes podem ser produzidas em cada profissão. A instalação elétrica, a edificação, o
atendimento ao paciente, o prato servido, o conserto do motor, a roupa, o alimento orgânico cultivado, o software, a ilustração
produzida, uma análise, um levantamento, entre inúmeras outras. Claro que, no ensino da EP, o enfoque está no processo, porém
quando o processo está direcionado para a obra, a atividade do aluno se torna central. Ora, "a compreensão vem por meio da
atividade, da reciprocidade e da experiência pessoal" (MJELDE, 2015, p. 66).
A mesma autora ressalta que a oficina, o laboratório (el taller, em espanhol) é um espaço privilegiado para a aprendizagem.
Acrescentaríamos: por meio do contato com a obra. Nesses ambientes didáticos, os estudantes "assam pão, fazem salsichas, constroem
casas, cortam e desenham penteados, consertam televisores. A aprendizagem ocorre em meio a maquinários ou de fornos em ebulição"
(idem, trad. nossa). 

Para

uma leitura mais aprofundada sobre o assunto, leia o texto  Conhecimento, trabalho e obra: uma proposta metodológica para a Educação
Profissional.
4.1.1 Aprendizagem por obras

Uma das estratégias que torna mais evidente e completo o contato com a obra é denominada "aprendizagem mediada por obra"
(BARATO, 2015). Em poucas palavras, podemos definir essa estratégia como:

Realização de uma obra característica de uma atividade profissional (geralmente em espaço físico semelhante ao encontrado no
mundo trabalho) utilizando-se das ferramentas, instrumentos e procedimentos indispensáveis à sua execução. (Daltro Filho; Allain,
2019)

Aluna do curso técnico em Vestuário do Instituto Federal Brasília (IFB), Campus Taguatinga, trabalhando na realização de uma obra.   [ampliar imagem]

Fotos: Pillar Pedreira, 2018. Fonte: Agência Senado (www.flickr.com/photos/agenciasenado).

Exemplos são: a construção de um drone por discentes de um curso de engenharia eletrônica; a realização de um corte de cabelo por
estudantes do curso de cabeleireiro; a elaboração de um prato por parte de alunos do curso de gastronomia ou cozinha; a criação de um
aplicativo por parte de estudantes para uma Cooperativa; a confecção de uma coleção de moda e realização de desfile aberto à
comunidade; a realização de levantamento topográfico por alunos de  curso técnico de agrimensura em propriedades rurais; entre
outros. 

Dinâmica da Atividade
1. Inicialmente, é necessário que a obra seja definida ou sugerida pelo discente, pelo docente ou pela comunidade externa. 

2. Após a escolha da obra, é feito o planejamento de sua realização com previsão de materiais a serem utilizados (insumos, EPIs,
ferramentas e utensílios, etc.), tempo e espaço físico necessários à sua execução, divisão de tarefas em caso de equipes, etc.

3. A obra pode ser desenvolvida de forma individual ou em equipes de trabalho. As  equipes devem preferencialmente ser
organizadas visando mesclar membros com diferentes níveis de técnicas e operações. 

4. Orientações e exposição de fazeres-saberes tendem a ocorrer no início ou durante a realização da obra. Possíveis
complementações através de materiais de apoio e demais explicações podem ser disponibilizados em ambiente virtual recorrendo à
sala de aula invertida (BERGMANN e SAMS, 2012). As aulas presenciais são destinadas prioritariamente para o trabalho em oficinas.

5. Até a finalização da obra, o docente seguirá orientando os alunos ou equipes de trabalho se necessário. Quando concluída, a obra
pode ser apreciada ou avaliada pela equipe, docente, turma e inclusive membros da comunidade escolar e da sociedade em geral.
Quando houver implicação direta na comunidade, o retorno desta é fundamental.
4.1.2 Aprendizagem por projeto

Alunos do curso técnico em Construção Civil (Fábrica Social, Brasília) em projeto de revitalização das rampas de acessibilidade no Hospital Regional de Sobradinho.
Fotos: Dênio Simões, 2018. Fonte: Agência Senado (www.flickr.com/photos/agenciasenado).

Outra estratégia que promove o contato direto do estudante com o fazer laboral é a aprendizagem por projeto.

Conforme material desenvolvido por Daltro Filho e Allain (2019): 

"Projetos são empreendimentos com prazo determinado, objetivos delimitados e que surgem em geral a partir de uma necessidade,
oportunidade, questão, problema ou interesses capazes de gerar muita motivação e envolvimento de aprendizes e professores
(BENDER, 2014). No contexto educacional, os projetos podem ser desenvolvidos através das atividades de ensino, pesquisa e extensão".

Dinâmica da atividade
De forma geral, projetos têm como objetivos: desenvolver soluções para problemas profissionais e sociais reais; desenvolver materiais,
produtos ou obras para fins de aprendizagem ou para uso profissional ou comunitário; produzir intervenções em ambientes do mundo
do trabalho; oferecer informações úteis, entre outros. São inúmeras as possibilidades de projetos. A seguir estão algumas delas:

A partir dos estudos de John Dewey e William Kilpatrick, Barbosa e Moura (2013) dividem os momentos que envolvem a realização de um
projeto em 4 partes:

1. Intenção
O objetivo pode ser definido a partir de uma negociação entre discentes, levando em consideração os objetivos educacionais da
atividade, limitações temporais e materiais, etc. O projeto em desenvolvimento deve se relacionar com situações reais referentes ao
contexto profissional e sua relação com o mundo do trabalho desde o seu objeto central. A finalidade dos projetos deve possuir
utilidade (pode ser uma necessidade identificada numa comunidade de práticas, uma demanda socialmente instituída, uma
intervenção em espaços públicos, etc.) e deve permitir aos alunos uma conexão entre os projetos propostos e o seu sentido real. 

2. Planejamento
Definição de um prazo para o desenvolvimento do projeto, da quantidade de pessoas envolvidas e das etapas necessárias à sua
concretização. Levantamento dos recursos a serem utilizados e como consegui-los. Elaboração de um cronograma para a realização
das etapas e para a utilização dos recursos empregados no projeto. Programação de responsabilidades (BENDER, 2014).

3. Execução
Realização dos procedimentos elencados no planejamento sob orientação do professor

4. Avaliação
Os resultados dos projetos podem ser socializados com a própria turma, com a comunidade escolar e se necessário e pertinente,
outros ambientes profissionais e comunitários. 
4.1.3 Simulação

A simulação permite a ampliação dos modos de representação ou reflexão na ação do aprendiz (BÉGUIN, WEILL-FASSINA, 2002). É
estratégia semelhante à emulação, embora a simulação esteja relacionada à imitação do comportamento de um sistema sem apego
rigoroso à sua reprodução fiel, enquanto emulação diz respeito à reconstrução fiel e compreensiva de um sistema.

O mais importante em uma simulação são as significações que o aprendiz elabora por meio dela. A simulação permite contextualizar os
saberes laborais, colocando-os em situações em que se vislumbra a experiência real, em que se toma decisões, interage, sente dilemas
profissionais, comunicacionais, éticos, entre outros.

Consiste na criação de ambientes seguros de apoio à prática de atividades que imitem situações profissionais. Trata-se de uma
adaptação, o que significa que em geral a situação simulada não comporta todas as variáveis de situações reais (imprevistos, pressão
externa, etc.), mas representa uma etapa preparatória para elas. (Daltro Filho e Allain, 2019)

As modalidades mais comuns são:

Utilização de simuladores (Pastré, Mayen e Vergnaud, 2006): simulador de voo, de circuito elétrico, de central nuclear, de paisagismo,
etc. 

Simulação de situações/problemas profissionais em laboratórios, ambientes preparados ou espaços adaptados (SUE et al, 2010):
laboratório de enfermagem, de instalações elétricas, etc.

Dramatização, como situação de atendimento a um cliente ou paciente, primeiros socorros, entre outros.

Fonte: Equipe de Produção/DocentEPT

Dinâmica da atividade
1. Introduzir a situação profissional a ser simulada. 

2. Fornecer instruções ou orientações para realização da atividade proposta na técnica de simulação escolhida. 

3. Aumentar o grau de complexidade a medida em que os discentes consolidarem habilidades, procedimentos, conhecimentos e
capacidade resolutiva de adversidades mais corriqueiras. Introduzir ou retirar variáveis, adaptando a simulação. 

4. Realizar retroanálise da atuação do aprendiz na situação simulada, por meio de discussão orientada, com uso da gravação e
projeção de vídeos ou outros registros. 

 (Daltro Filho e Allain, 2009)

A simulação traz a atividade e elementos do contexto laboral para o ambiente escolar. Portanto, é uma estratégia de ensino
complementar à imersão.
4.1.4 Imersão e Visita técnica

A estratégia de aprendizagem pela imersão ou visita técnica consiste num estudo direto do contexto natural e social no qual o estudante
está inserido, visando a uma determinada problemática de forma interdisciplinar. Cria condições para o contato com a realidade e
propicia a aquisição de conhecimentos de forma direta, por meio da experiência vivida.

Aluna do curso técnico em Enfermagem em atividade de imersão. Fonte: www.ifsc.edu.br

A imersão não se limita à observação do contexto laboral. Por exemplo, o estágio e a residência (realizada pelos profissionais da área de
saúde) são tipos de atividade de imersão. Seja observando ou atuando no ambiente de trabalho visitado, essa estratégia permite ao
estudante traçar paralelos entre as situações didáticas vividas na escola e as situações laborais reais.

Dinâmica da atividade
1. Planejamento: os estudantes decidem junto com o professor o foco de estudo, os aspectos importantes a serem observados, os
instrumentos a serem usados para o registro da observação e fazem uma revisão da literatura referente ao foco de estudo.

2. Execução do estudo conforme planejado:  levantamento de pressupostos, efetivação da visita, da coleta de dados, da
organização e sistematização, da transcrição e análise do material coletado.

3. Apresentação dos resultados: os estudantes apresentam as conclusões para a discussão do grande grupo, conforme os
objetivos propostos para o estudo.

(ANASTASIOU; ALVES, 2003)

A imersão e a visita técnica levam o aluno ao "mundo do trabalho". Portanto, é uma estratégia de ensino complementar à
simulação.
4.1.5 Análise de erro deliberado

A estratégia de análise de erros, ou Avaliação pelos Pares de Erros Deliberados (Petty, 2004), pode ser utilizada para o desenvolvimento
de atividades práticas, a fim de desafiar os alunos em sua capacidade de análise na identificação de erros ou não conformidades. Tais
erros são recriados pelo professor na preparação da atividade.

Aula do curso técnico em Eletromecânica, Instituto Federal Brasília.

Foto: Pillar Pedreira. Fonte: www.flickr.com/photos/agenciasenado

Esta é uma atividade divertida e um exercício útil para "inocular" os alunos contra erros e mal-entendidos comuns, pode ser utilizada
como atividade prática e de avaliação para o fechamento de um tópico de estudos.

Dinâmica da atividade
1. Cada grupo recebe uma peça/componente, uma planilha, ou desenho de um processo, que apresenta erros deliberados
(propositais) pelo professor;

2. A partir disso os alunos trabalharão por conta própria para encontrar os devidos erros. Fazendo-se os seguintes
questionamentos: 

O que há de errado?
Por que está errado? 
Como fazer isso direito?

3. Depois de respondidas aos questionamentos, cada par de alunos explica os erros de cada um dos exemplos aos demais
parceiros. Nesse momento, os demais pares podem identificar erros que os demais parceiros não perceberam;

4. Como fechamento, o professor questiona pontualmente aos alunos sobre os erros que eles encontraram e os confirma ou nega,
esclarecendo os equívocos cuidadosamente.

Destaca-se que, se os alunos não conseguirem identificar erros, eles não poderão revisar o seu próprio trabalho. Ao avaliar e refletir
sobre os métodos, eles chegam a entendê-los melhor, tornando-se mais reflexivos de seu próprio aprendizado.
4.1.6 Tecnografia ou Análise da atividade

A análise da atividade ou Tecnografia (análise da técnica) podem ser ótimas estratégias para familiarizar o aprendiz com uma profissão e
com situações características ou críticas de uma profissão, de uma técnica. A estratégia costuma ser desenvolvida presencialmente,
acompanhando a/o trabalhador/a ao longo de um período de tempo (uma hora, um turno ou mais, dependendo da atividade
desenvolvida e observada). Pode também ser analisados vídeos de profissionais, como atividade não presencial. Esta estratégia é muito
utilizada em Didática Profissional para conceber situações de formação, mas cada vez mais está sendo utilizada durante a formação,
como estratégia de ensino mesmo (Tourmen apud Gruber, Allain, Wollinger, 2019).

Aula do curso técnico de Gastronomia, Instituto Federal Brasília. Foto: Pillar Pedreira. Fonte: Agência Senado (www.flickr.com/photos/agenciasenado)

Dinâmica da atividade
1. Preparação da observação

Inicialmente docente e estudantes devem definir as situações ou técnicas a serem observadas, em consonância com os objetivos de
aprendizagem. A partir disso, deverão definir o que será analisado.

Também é importante elaborar um roteiro que pode ser construído pelo docente previamente ou em conjunto com os estudantes,
onde constarão os aspectos a serem observados.

2. Observação da atividade laboral

A obervação pode ser feita individualmente, mas é interessante que a turma seja dividida em pares ou  pequenos grupos  (3 a
4  alunos). É possível, ainda, que o professor leve toda a turma para acompanhar o trabalho de um profissional.  O professor
orientará os estudantes acerca de cuidados a serem tomados para respeitar as condições de trabalho do profissional observado e
buscar não agir de forma incômoda. 

A situação e os horários de observação podem ser definidos em diálogo com o/a profissional.

Durante a observação, é importante, sempre que possível, haver uma entrevista ou conversa com o profissional, em que serão
solicitados esclarecimentos sobre o porquê de determinadas ações, tirar dúvidas, etc.

3. Análise da atividade laboral

O estudantes deverão elaborar e apresentar sua análise da situação/técnicas observadas ao docente, seja por meio de relatório
escrito ou oral, com registros em vídeo e áudio, se possível.

Tanto a observação quanto a análise podem ir além do que fora previsto inicialmente. Os estudantes poderão encontrar aspectos
não previstos no roteiro de análise inicial, o que enriquecerá ainda mais a análise. 

4. Socialização das análises

É importante que haja  socialização em grande grupo para que sejam compartilhadas as percepções das situações e técnicas
analisados.

Trata-se de uma estratégia que permite entender e familiarizar-se melhor com a atuação profissional da área do curso, a
interdisciplinaridade, a interprofissionalidade, e que pode trazer ricas reflexões e construções nos pequenos e grandes grupos de
estudantes. 
Para saber mais sobre este tema, leia o texto A análise do trabalho em didática profissional, de Pierre Pastré (professor emérito do
Conservatoire National des Arts et Métiers, Paris). 
4.1.7 Perícia

A estratégia perícia (Petty, 2002) é bastante efetiva para desenvolver capacidade de  descrição e análise, além de habilidades  como
escrever um ensaio, um relatório de laboratório, um programa de computador, um menu, um plano de cuidados, uma política de
marketing, entre outros.

Aula do curso técnico de Gastronomia, Instituto Federal Brasília. Foto: Pillar Pedreira. Fonte: Agência Senado (www.flickr.com/photos/agenciasenado)

Antes de iniciar a atividade, o professor deve definir qual atividade prática ou experimento será realizada e ter clareza sobre qual
competência deseja desenvolver no aprendiz a partir daquela prática. Por exemplo, no curso Técnico em Enfermagem: a competência
enfocada por ser a de “compreender e realizar a rotina de aspiração de vias aéreas superiores”.

Dinâmica da atividade
1. Divisão da turma em grupos com papeis distintos: 
  - grupos que realizarão o procedimento;
  - grupos que realizarão a avaliação do procedimento realizado pelos colegas. 

2. Os grupos avaliadores elaborarão critérios de avaliação, de boas práticas da habilidade a ser desenvolvida. O professor também
pode fornecer exemplos de habilidades necessárias a realização do procedimento, a fim de ajudar o grupo a definir estes critérios
de boas práticas;

3. Depois da definição destes critérios de avaliação, os demais grupos realizarão o procedimento, enquanto são observados pelo
grupo de colegas que estará avaliando a realização do procedimento, com base nos critérios de boas práticas definidos por eles;

4. Na sequência, os grupos que realizaram os procedimentos, em grande grupo, debatem as dificuldades encontradas e êxitos. E,
junto a isso, são compartilhadas as percepções dos colegas que avaliaram a atividade prática a partir dos critérios estabelecidos,
onde são indicados os pontos fortes e de melhoria para cada grupo que realizou o procedimento;

5. Por fim, o professor faz o fechamento da perícia consolidando os pontos fortes e de melhoria, buscando elucidar a importância de
se desenvolver os procedimentos/atividades a partir do que foram prescritas, adaptando-se a rotina a partir do contexto encontrado
para melhor solução de problemas.
4.1.8 Estudo de caso

Alunos do curso técnico em Enfermagem do IFSC, Campus Joinville.


Fonte:  https://linkdigital.ifsc.edu.br

Consiste na análise minuciosa e objetiva de uma situação real que necessita ser investigada e é desafiadora para os envolvidos. 

A estratégia estudo de caso,  assim como outras estratégias discutidas neste livro,  pode ser utilizada de forma articulada com outras
estratégias de ensino. Por exemplo, o estudo de caso pode ser a base para um processo de Aprendizagem por resolução de problema;
ou a turma pode servir-se de uma  Simulação  para elaborar e testar as hipóteses de soluções para o caso enfocado; entre outras
possibilidades de articulação que poderiam ser aqui mencionadas.

Dinâmica
1. O professor expõe o caso a ser estudado (distribui ou lê o problema aos participantes), que pode ser um caso para cada grupo ou
o mesmo caso para diversos grupos. A descrição do caso deve trazer aspectos e categorias que compõem o todo da situação, indicar
categorias mais importantes a serem analisadas;

2. O grupo analisa o caso, expondo seus pontos de vista e os aspectos sob os quais o problema pode ser enfocado;

3. O professor retoma os pontos principais, analisando coletivamente as soluções propostas;

4. O grupo debate as soluções, discernindo as melhores conclusões.

Nesta sequência de passos, vale destacar o que compete a cada um: 

O professor deve selecionar o material de estudo, apresentar um roteiro para o trabalho, orientar os grupos no decorrer do trabalho,
elaborar instrumento de avaliação.

Os alunos devem fazer a prescrição do caso (propor mudanças/resoluções para a situação apresentada) e a argumentação (justificar
suas proposições mediante aplicação dos elementos teóricos de que dispõe).
4.1.9 Resolução de problemas

Alunos em curso técnico em Enfermagem trabalhando na resolução de um problema, utilizando um manequim de simulação humana. Fonte: pronatec.pro.br

A Aprendizagem Baseada em Problemas (ou aprendizagem por resolução de problemas) é muito utilizada na Educação Profissional.
Constitui na mobilização de alunos envolvidos na resolução de problemas fictícios ou não de um determinado campo profissional. “Esse
método de ensino fundamenta-se no uso contextualizado de uma situação problema para o aprendizado autodirigido” (BARBOSA e
MOURA, 2013). 

Os problemas a serem resolvidos são inúmeros, uma vez que refletem questões reais ou projeções. A seguir estão algumas
possibilidades: 

Situações de exercício profissional. Exemplos: pane em um motor, erro em projeto de construção, inconsistência em balanço
patrimonial, etc. 

Problemas de ordem social, ambiental, cultural, etc. Exemplos: resolução de conflito territorial, despoluição de rio em virtude de crime
ambiental, entre outros.

Dinâmica da Atividade
É importante que, dentro da devida delimitação, a escolha do problema a ser resolvido seja feita pelo discente. A aprendizagem
envolvida na resolução do problema exigirá motivação, interesse e disciplina por parte do aluno por tratar-se de uma metodologia
altamente centrada no mesmo. Cabe ao docente atuar como mediador das discussões, manter equipes de alunos focadas e motivadas
com as tarefas a serem realizadas e estimular a curiosidade e o espírito investigativo na busca da solução. 

A partir de uma sequência demonstrada por Araújo (2011), sugere-se:

1. Realizar uma primeira aproximação do problema para melhor entendê-lo. 

2. Elencar possíveis explicações com base no conhecimento da turma. 

3. Destrinchar o problema para identificar, relacionar e organizar suas partes. 

4. Construir os questionamentos que permitirão o aprofundamento do problema através de investigação e pesquisa. 

5. Definir o que se espera aprender a partir dos resultados. 

6. Estudo e discussão por parte do grupo, realizando o registro da atividade. 

7. Compilação dos resultados obtidos na realização do trabalho. 

8. Apresentação dos resultados do trabalho para os demais (outros grupos, docente, comunidade escolar, etc.) 
4.1.10 Experimento e experiência

Experimento é a atividade que nos permite adquirir experiência. Ao longo do curso técnico devemos incluir muitos experimentos para
que os alunos tenham possibilidade de adquirir alguma proficiência, ou seja, o domínio inicial das técnicas inerentes a cada profissão.
Como já argumentamos, o fazer produz saberes!

O experimento é a oportunidade privilegiada para adquirir habilidade técnica, construindo assim a maturidade necessária à autonomia,
esse é um processo peculiar à educação profissional, trabalhar conteúdos e atividades em direção à proficiência expressa no perfil
profissional do curso. Vale um destaque de como a filosofia, desde um grande mestre, valoriza a experiência:

A espécie humana vive também de técnica e raciocínio. É da memória que deriva aos homens a experiência; pois as recordações
repetidas da mesma coisa produzem o efeito duma única experiência, e, a experiência quase se parece com a ciência e a técnica. Na
realidade, porém, a ciência e a técnica vem aos homens por intermédio da experiência, por que a experiência, criou a técnica e a
inexperiência o acaso. (Aristóteles, 1973, pág. 212)

Este capítulo trata a “atividade prática” de forma geral, considerando as diversas formas de atividades experimentais nos cursos técnicos,
é aplicável também às qualificações e às graduações, por outro lado, para cada formação técnica, há peculiaridades e formas diversas de
implementação de experimentos, neste trabalho, procuramos tratar o que é mais comum e frequente nestas atividades.

O Catálogo Nacional de Cursos Técnicos, publicado pelo Ministério da Educação, contempla mais de 200 cursos, classificados por eixo
tecnológico, com imensa diversidade de formações e áreas de atuação. As sugestões aqui contidas buscam atender a tal diversidade,
portanto, é importante que cada professor adapte as propostas apresentadas às suas peculiaridades e às características de cada
disciplina, laboratório, equipamentos, ferramentas ou instrumentos, procurando sempre observar os descritivos de seu curso contido no
Catálogo Nacional, na Classificação Brasileira de Ocupações – CBO, nas normas das profissões regulamentadas, quando for o caso, e,
também no Projeto Pedagógico do Curso.

Atividades experimentais
Dentre as atividades experimentais nos cursos técnicos, destacamos:

Exercícios para fixação de conteúdos;

Demonstrações feitas em sala de aula.;

Simulação de atividades gerenciais em sala de aula (análise de balanço, organização de um plano de negócios, organizando uma folha
de pagamentos etc.);

Visitas técnicas a instituições e locais que tenham relação com os temas abordados em sala de aula;

Atividade de campo, onde os alunos são levados a observar fenômenos e eventos específicos ou realizar pequenas tarefas formativas;

Experimentos desenvolvidos pelos alunos em laboratório sobre conteúdos tratados em aula;

Uso de simulador para o desenvolvimento de habilidades, especialmente quando os sistemas reais possam ser de alto risco ou exigir
proficiência avançada (pilotagem de aeronaves, punção venosa, produção de imagem radiográfica, técnicas de uso de aceleradores
lineares de partículas, altas tensões elétricas, elevadas temperaturas etc.);

Microestágio, onde tarefas específicas são destacadas a serem observadas ou realizadas pelos alunos, em períodos que vão de um dia
a uma semana;

Prática clínica, especialmente para os cursos na área da Saúde, onde são realizadas experimentos em ambiente específico como
atividade letiva;

Montagem de modelo, protótipo ou maquete;

Plantio, poda, rega, adubação e demais cuidados e observações de plantas e fungos;


Elaboração de croqui, plantas ou projetos em computador, como o CAD, ou desenhados em prancheta;

Ensaio ou teste sobre amostras, destrutivo ou não;

Implementação de projeto didático, como a elaboração de pequenos equipamentos ou modelos para contribuir na compreensão de
fenômenos naturais ou no funcionamento de máquinas e equipamentos;

Projeto integrador – como atividade interdisciplinar, onde os alunos desenvolvem um projeto cujo tema articula vários saberes de
diferentes disciplinas. Por definição, o projeto integrador é o articulador de competências das várias disciplinas de um mesmo período
letivo;

Desenvolvimento de projeto de pesquisa, pela participação em grupo de pesquisa formal, cuja atividade extrapola os limites do curso
ou da instituição;
Projeto de extensão vinculado à atividade educativa, que inclui a intervenção na comunidade externa, a partir de ação panejada e
elaborada por alunos e professores;

Estágio Curricular Supervisionado – conforme a Lei 11.788/2008: “Estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no
ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos”, assim deve fazer parte do projeto pedagógico,
além de cumprir requisitos legais. É importante destacar que o estágio quando obrigatório, não poderá ter sua carga horária
considerada dentro do mínimo para o curso, conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais.

Aula em laboratório do curso técnico em Eletromecânica, Instituto Federal Brasília (IFB), Campus Taguatinga. Fotos: Pillar Pedreira, 2018. Fonte: Agência Senado
(www.flickr.com/photos/agenciasenado).

“As palavras movem, mas os exemplos arrastam” deve ser o mote para a motivação às aluas experimentais. Os alunos gostam dessas
atividades, aprendem muito com elas, além dos conteúdos da disciplina, aprendem e exercitam técnicas, fundamento da educação
profissional. Há um saber no fazer, todavia este saber só acontecerá se permitirmos ao aluno participar de experimentos.

A partir de nossa experiência docente, podemos afirmar que: 

Os cursos de Qualificação devem ser construídos com uma relação de três para um, ou seja, 75% de atividades experimentais e 25%
conteúdos explicativos;
O Curso Técnico dever orientar-se para a relação um para um, ou seja, 50% experimental e 50% conteúdos explicativos. Assim, um
curso de 1200 horas deveria pautar-se por 600 horas de atividades experimentais, desde a demonstração, exercícios de fixação,
atividades de laboratório, até o desenvolvimento de projetos didáticos ou integradores. Aqui nos referimos especialmente às
disciplinas técnicas dos cursos. Quanto às disciplinas propedêuticas, no caso do ensino técnico integrado ao médio, vale o
planejamento específico para esta oferta. Todavia, a BNCC do Ensino Médio refere-se ao desenvolvimento de competências, ou seja, à
capacidade de mobilizar e aplicar saberes às questões relacionadas a cada componente curricular.
4.1.11 Experimento de Laboratório

A escolha do tipo de experimento deve estar sintonizada à competência a que está associado, isto é, deve-se escolher o experimento
mais eficiente para os saberes a que se destina. Aulas de laboratório são nossa mais frequente atividade experimental, nos cursos
técnicos, por isso daremos mais ênfase a esta atividade fundamental, na formação de profissionais.

1. Planejando o Experimento
Distribua os experimentos da disciplina ao longo do cronograma de aulas para que os alunos saibam as datas e atividades.
Programe uma sequência coerente de atividades relativas ao tempo de aula.
Aproveite uma aula expositiva anterior à de laboratório para explicar como será a atividade no laboratório, quando for o caso.
Elabore e divulgue um pequeno roteiro para toda a atividade.
Se sua disciplina tem aulas teóricas a práticas, procure distribuir as aulas práticas ao longo de todo o período letivo, a alternância
entre laboratório e sala de aula, é um motivador da aprendizagem.
As primeiras atividades de laboratório são para o aluno se familiarizar com o ambiente, equipamentos, instrumentos e ferramentas,
proponha experimentos bem simples, apenas para familiarizar o aluno com o ambiente e seu instrumental.
As primeiras aulas não devem prever relatório nem experimentos complexos, apenas como ambientação e desenvoltura no uso dos
equipamentos e do ambiente.
Desde a primeira entrada dos alunos no laboratório, explique a organização do ambiente, os locais de armazenamento e estabeleça
que cada aluno é responsável pelo uso e guarda dos equipamentos e instrumentos.
O laboratório também é um ambiente de aprendizagem de comportamentos, ou atitudes. É importante insistir que ao alunos
comportem-se como profissionais diante dos experimentos, exercitando as atitudes e valores da profissão para a qual estão se
preparando.
O laboratório também deve ser um ambiente de construção de uma comunidade de práticas, pela cooperação, colaboração e
interação entre futuros profissionais.

O sucesso de uma aula de laboratório é a preparação!

2. Preparando o Experimento
Todo o material deve estar disponível e em condições de uso.
Cabe ao professor certificar-se dos detalhes de sua aula e acompanhar a montagem, quando for o caso.
Tenha uma lista completa dos materiais necessários ao experimento.
Certifique-se que antes dos alunos entrarem no laboratório, todo o material esteja organizado e testado.
A cada atividade peça a colaboração de alguns alunos, alternadamente, para distribuir material e ajudar na organização, é uma forma
de assumirem a coordenação do espaço de trabalho, exercitando a cooperação.
Planeje o experimento para ser completado ao longo do tempo da aula, não exagere nas atividades, a frustração de não ter tempo
para completar o experimento é muito desestimulante para o aluno.
Insista para que os alunos sigam o roteiro para a montagem do experimento, teste, leitura de variáveis etc.
Procure destacar um aluno mais experiente, quando possível, para ajudar aos demais alunos, orientando-os, quando a tarefa exigir.

3. Orientando a atividade
Como facilitador de aprendizagem é recomendado que as equipes sejam de dois alunos (no máximo três) por posto de trabalho no
laboratório, grupos muito grandes se dispersam e muitos não participam das montagens, medições ou atividades correlatas. Em
duplas, os alunos se ajudam e melhor dividem tarefas.
É importante observar o comportamento dos alunos na atividade, para evitar que apenas um trabalhe e o outro (ou outros) se
dispersem.
Uma vez no laboratório, evite que os alunos deixem mochilas e outros materiais na bancada ou mesa de trabalho, procure manter um
ambiente organizado, esclareça as regras de uso dos equipamentos, os cuidados com equipamentos, ferramentas, materiais de
consumo etc.
O aluno deverá manter na bancada de trabalho apenas o essencial para as atividades que serão desenvolvidas ao longo do
experimento.
Para experimentos onde várias ferramentas ou instrumentos são utilizados, é importante separar um conjunto para cada bancada,
responsabilizando cada equipe pelo retorno do conjunto. É comum a tentação de levar “souvenir” do laboratório para casa, é
responsabilidade do docente o acervo do laboratório.
É natural a curiosidade em relação aos equipamentos e ferramentas desconhecidas dos alunos, torna-se importante que o professor
apresente cada ferramenta, mostrando suas características e usos, incluindo a forma correta de segurar e utilizar cada ferramenta.
Todavia, frequentemente é necessário recordar aos alunos o uso correto de uma ferramenta ou instrumento, até que se consolide
seu correto uso e os devidos cuidados.
Em geral os equipamentos utilizados nos experimentos possuem calibração e aferição própria. É importante que estejam calibrados e
aferidos para uso, até que os alunos possam fazer a calibração ou aferição. É importante prevenir os alunos que o uso indevido pode
desregular ou descalibrar equipamentos, comprometendo o experimento.
Em muitos experimentos há risco de vida, seja por eletricidade, produtos químicos, perfurocortantes, máquinas operatrizes etc.; é
fundamental que o professor alerte os procedimentos de segurança e confira todos os experimentos prevenindo possíveis riscos.
O uso de equipamento de proteção individual (EPI), quando aplicável, deve ser obrigatório, mesmo que seja uma simulação, pois deve
servir para criar o hábito no uso de EPI.

4. Desenvolvendo a atividade
Deixe os alunos começarem o experimento mexendo nos equipamentos, ferramentas e demais materiais, assim adquirirão familiaridade
com novas ferramentas.
Insista para que operem equipamentos e ferramentas da forma mais profissional possível. O domínio proficiente de uma técnica, começa
pelo uso apropriado de uma ferramenta!
Provoque os alunos ao longo do experimento, questionando sobre o que está acontecendo, sobre a operação dos equipamentos e
ferramentas, sobre os resultados esperados, sobre as discrepâncias com a teoria, quando for o caso.
Certifique-se de que todas as equipes montaram o experimento, observaram sua operação, coletaram as variáveis, conforme o caso.
Àqueles que terminaram muito cedo, indique novo experimento relativo à atividade, ou atividade mais complexa.
Acompanhe para que todas as equipes consigam finalizar o experimento minimamente, ajudando àquelas com menor habilidade. 

5. Finalizando a atividade
Ao final do experimento, exija que o material e componentes sejam guardados ou descartados apropriadamente, ferramentas limpas
e guardadas ou devolvidas, equipamentos desligados ou retornados às configurações iniciais, mesa de trabalho limpa e cadeiras ou
bancos devidamente organizados.

Exija sempre asseio e cuidado em todas as atividades práticas, contenha as brincadeiras dos alunos, habitue-os a encarar a atividade
prática com a devida seriedade, por segurança, mas especialmente para exercitar atitudes profissionais, desde os primeiros
experimentos.

A cada novo experimento, comente e corrija as atitudes pouco profissionais dos alunos, é mais eficiente elogiar o comportamento
“técnico”, é fundamental que o professor comporte-se com o máximo de comportamento profissional, isto é, como sendo um técnico
daquela atividade, para exemplo aos alunos.

Conversar sobre o comportamento profissional esperado é menos eficiente do que exercitá-lo!

Fonte: Equipe de Produção/DocentEPT

Relatório de Experimento
Evite ao máximo os enfadonhos relatórios!!!

É comum que os alunos considerem as aulas de laboratório chatas ou as evitem, para não ter que fazer os famigerados relatórios! Na
vida profissional é muito raro que um técnico tenha que fazer um relatório nos moldes que exigimos nas aulas práticas, além do mais,
há modelos que as empresas desenvolvem segundo seus padrões.

Recomendamos um relatório simplificado para cada quatro experimentos em laboratório (quanto mais simplificado melhor). Em geral o
relatório deve conter:

Identificação.
Nome e objetivo do experimento.
Diagramas, esquemas, fluxograma, o que for pertinente.
Lista de materiais, incluindo materiais de consumo, componente, ferramentas, equipamentos e demais insumos.
Leitura de variáveis, tabela de resultados ou anotação do que foi realizado.
Considerações sobre o experimento, seus resultados, discrepância com resultados calculados ou esperados, falhas, dificuldades ou
desafios.
Eventualmente recomendações para superação dos desafios.

Avaliação de Atividades Experimentais


Deixe claro os critérios de avaliação das atividades práticas. Em geral são avaliados:

Cuidado com equipamentos, instrumentos e materiais em geral.


Participação na atividade.
Implementação da tarefa e sequência de montagem, quado for o caso.
Aplicação correta do método e dos procedimentos.
Coleta de informações, leitura de variáveis e confirmação de valores.
Demonstração ou explicação da atividade realizada.
Limpeza e organização do espaço utilizado, incluindo a guarda do material.
Relatório do experimento, quando for o caso.

Conselhos importantes para Atividades Experimentais 


Alguns conselhos importantes, para que a atividade experimental se contextualize à formação:

Nunca implemente um experimento que não tenha sido testado antes, a frustração da aventura pode estimular o preconceito contra
a atividade prática.
Não leve seus alunos para atividade prática sem que tenham sido orientados previamente do que vai acontecer, a maioria dos
estudantes acompanhará melhor um experimento contextualizado e previamente definido.
Estimule a troca de informações e ajuda no desenvolvimento do experimento, entre os alunos de diferentes equipes, este é um
exercício de solidariedade na construção de comunidades profissionais.
No desenvolvimento de projeto, que demorará várias semanas, faça verificações de acompanhamento constantemente, concluir que
o projeto não funciona ao final do período é muito frustrante.
Procure, sempre que possível, equilibrar o valor da atividade experimental com a atividade teórica, na avaliação final da disciplina,
buscando a mesma importância entre o fazer e o saber.

Nem sempre numa montagem os resultados esperados são obtidos: falha em componentes, falta de habilidade em lidar com
instrumentos e equipamentos, pouco tempo para montagem e testes, dentre outros problemas, são muito comuns. Recomendamos não
fundamentar a avaliação no resultado positivo do experimento. A avaliação deve ser centrada na experiência, isto é, na capacidade que
os alunos adquirem, desenvoltura no uso dos materiais e ambiente, para implementar o experimento. Aos poucos os alunos começam a
se familiarizar com o ambiente de laboratório e centrar em resultados positivos. Por isso, recomenda-se que os primeiros experimentos
sejam mais para familiarização e aos poucos o foco seja dado ao experimento e seus resultados. Observe também que alguns alunos já
possuem experiência e sua desenvoltura no laboratório é maior, procure torná-los “mestres de ofício” dos demais, estimulando-os a
ajudarem seu colega mais que fazendo por ele o experimento.
4.2 Estratégias para sala de aula

As estratégias mencionadas até agora são as mais indicadas para a Educação Profissional, pois permitem um contato direto com a obra,
com o saber-fazer e outros aspectos próprios de cada atividade laboral. Contudo, há outras estratégias de ensino, geralmente utilizadas
na educação propedêutica, que podem ser eventualmente utilizadas na educação profissional.

Aluno do IFSC, Câmpus Xanxerê, realizando exercício em sala de aula. Fonte: https://linkdigital.ifsc.edu.br

Tendo por base o texto Estratégias de Ensinagem (Anastasiou e Alves, 2003), listamos algumas destas estratégias. 

Aula expositiva dialogada


Consiste numa exposição do conteúdo, com a participação ativa dos estudantes. Para Anastasiou e Alves (2003), o conhecimento prévio
dos alunos deve ser considerado e pode ser tomado como ponto de partida. O professor leva os estudantes a questionarem,
interpretarem e discutirem o objeto de estudo, a partir do reconhecimento e do confronto com a realidade. Deve  favorecer análise
crítica, resultando na produção de novos conhecimentos, e tentar superar a passividade e imobilidade intelectual dos estudantes.

Dinâmica
1. Professor contextualiza o tema de modo a mobilizar as estruturas mentais do estudante para operar com as informações que este
traz, articulando-as às que serão apresentadas;

2. Faz a apresentação dos objetivos de estudo da unidade e sua relação com a disciplina ou curso;

3. Faz a exposição que deve ser bem preparada, podendo solicitar exemplos aos estudantes – e busca o estabelecimento de conexões
entre a experiência vivencial dos participantes, o objeto estudado e o todo da disciplina. É importante ouvir o estudante, buscando
conhecer sua realidade e seus conhecimentos prévios, que podem  mediar a compreensão crítica do assunto, e problematizar essa
participação;

4. O forte dessa estratégia é o diálogo, como espaço para questionamentos, críticas e solução de dúvidas: é imprescindível que o grupo
discuta e reflita sobre o que está sendo tratado, a fim de que uma síntese integradora seja elaborada por todos.

Resolução de exercícios
Consiste no enfrentamento de uma situação nova, o que exige pensamento reflexivo, crítico e criativo a partir dos dados expressos na
descrição do problema. Exige a aplicação de princípios ou leis que podem ou não ser expressos em fórmulas matemáticas.

Dinâmica
1. Apresentar ao estudante um determinado problema, mobilizando-o para a busca da solução.

2. Orientar os estudantes no levantamento de hipóteses e na análise de dados.

3. Executar as operações e comparar soluções obtidas.

4. A partir da síntese, verificar a existência de leis e princípios que possam se tornar norteadores de situações similares.

Seminário
Consiste num espaço onde as ideias devem germinar ou serem semeadas, ou seja, onde um grupo discute ou debate temas ou
problemas que são colocados em discussão. 

Dinâmica
1. Preparação – papel do professor é fundamental: a) apresentar o tema ou selecioná-lo com os estudante, justificar sua importância,
desafiar os estudantes, apresentar os caminhos para realizarem as pesquisas e suas diversas modalidades (bibliográfica, de campo ou
de laboratório); b) organizar o calendário para as apresentações dos trabalhos dos estudantes; c) orientar os estudantes na pesquisa
(apontar fontes de consulta bibliográfica ou pessoas/instituições) e na elaboração de seus registros para a apresentação ao grupo; d)
organizar o espaço físico para favorecer o diálogo entre os participantes.

2. Desenvolvimento: discussão do tema onde o secretário anota os problemas formulados bem como soluções encontradas e as
conclusões apresentadas. Cabe ao professor dirigir a sessão de crítica ao final de cada apresentação, fazendo comentários sobre cada
trabalho e sua exposição, organizando uma síntese integradora do que foi apresentado.

3. Relatório: trabalho escrito em forma de resumo, pode ser produzido individualmente ou em grupo.

Júri simulado
Consiste na simulação de um júri, em que, a partir de um problema, são apresentados argumentos de defesa e de acusação. Pode levar
o grupo à análise e avaliação de um fato proposto com objetividade e realismo, à crítica construtiva de uma situação e à dinamização do
grupo para estudar profundamente um tema real.

Dinâmica
Parte-se de um problema concreto e objetivo, estudado e conhecido pelos participantes. Então, organiza-se a turma da seguinte forma:

Um estudante fará o papel de  juiz  e outro o papel de  escrivão. Os demais componentes da classe serão divididos em quatro
grupos:  promotoria, de um a quatro estudantes;  defesa, com igual número;  conselho de sentença, com sete estudantes; e
o plenário, com os demais.
A promotoria e a defesa devem ter alguns dias para a preparação dos trabalhos, sob orientação do professor. No dia do júri, cada
parte terá 15 minutos para apresentar seus argumentos.
O juiz manterá a ordem dos trabalhos e formulará os quesitos ao conselho de sentença;
O escrivão tem a responsabilidade de fazer o relatório dos trabalhos;
O conselho de sentença, após ouvir os argumentos de ambas as partes, apresenta sua decisão final;
O plenário será encarregado de observar o desempenho da promotoria e da defesa e fazer uma apreciação final sobre sua
desenvoltura.

Estudo de textos
Consiste na exploração de ideias do autor a partir do estudo crítico de um texto ou na busca de informações e exploração de ideias
dos autores estudados (...). Um estudo de texto pode ser utilizado para os momentos de mobilização, de construção e de elaboração
de síntese. A definição do texto dependerá do objetivo que professores e estudantes têm para aquela unidade de estudo.

Dinâmica
Selecione um material que seja acessível ao estudante e ao mesmo tempo que vá desafiá-lo, assim como o acompanhamento do
processo pelo professor, são condições de sucesso nessa estratégia.
São habituais as observações de docentes acerca da dificuldade de leitura e interpretação por parte dos estudantes. Se essas são
habilidades constatadas como pouco desenvolvidas, elas devem se tornar objeto de trabalho sistemático na escola para todas as
áreas de formação.
Quando o hábito de leitura estiver interiorizado, ficará mais fácil mobilizar o estudante para textos que se refiram à realidade, em
especial, ao campo de trabalho futuro. Esses podem ser textos iniciais a serem acrescidos de outros com maiores especificidades
de linguagem, conteúdos e complexidade da área em estudo.
Muitas vezes o professor trabalha um texto com os estudantes e pede um “resumo”; para resumir o estudante precisará identificar,
interpretar, analisar, organizar os dados, sintetizar para obter a produção solicitada pelo professor. Resumir não é uma operação
mental simples, ela exige o auxílio e o acompanhamento do processo pelo professor pelo menos nas primeiras tentativas.
A construção de esquemas, feitos coletivamente com a classe, auxilia o trabalho individualizado.
As estratégias aqui mencionadas estão profundamente impregnadas em nosso repertório cultural, no que tange a Escola. Relembrando
o seu processo de escolarização, provavelmente perceberá que boa parte dele deu-se a partir de aulas expositivas, estudo de textos e
resolução de exercícios, não é mesmo? Contudo, outros meios e processos de aprendizagem vêm ganhando evidência na atualidade,
em especial os relacionados às tecnologias digitais de comunicação e informação.

Quem nunca aprendeu um fazer técnico fazendo, após observar um profissional, até mesmo através de um vídeo do Youtube?

A receptividade de nossos alunos em relação aos meios tradicionais de ensino, assim como a efetividade destes meios no processo de
aprendizagem, já não é a mesma que fora décadas atrás. Daí a importância de utilizarmos, em especial no âmbito da educação
profissional, estratégias nas quais os alunos possam colocar mão (e olhos) à obra, como ilustramos nas dez estratégias/instrumentos
de ensino-aprendizagem discutidas no subcapítulo 4.1. 

Mas não se quer dizer que as estratégias ditas tradicionais devam ser descartadas pelo professor. De fato, elas têm qualidades próprias
e que podem ser exploradas de forma articulada com estratégias que colocam o aluno em posição mais ativa. Por exemplo, uma aula
expositiva dialogada pode introduzir uma experiência em laboratório. Em resumo, é fundamental diversificar e articular diferentes
estratégias de ensino no planejamento docente. 
Leia o resumo do texto "Estratégias de Ensinagem" de Léa Anastasiou e Leonir Alves que apresenta uma série de estratégias
de ensino, considerando as aplicações, dinâmicas e a forma de avaliação de cada uma delas.
4.3 A sala de aula invertida

Infográfico de Sala de Aula invertida   [ampliar imagem]


Fonte: Googleeducator (2019).

A sala de aula invertida ou  flipped classroom  é uma metodologia de ensino que inverte o processo de aprendizagem tradicional do
estudante tornando-o mais ativo. Trata-se de “inverter” a lógica da aula como “monólogo” do professor e de promover a aprendizagem
do aluno por meio da atividade. Assim, ele se torna protagonista de sua aprendizagem. Então, em vez da aula ser o momento expositivo,
com eventuais “práticas” ilustrativas ou no final do curso, os momentos “presenciais” ficam mais voltados a atividades e oficinas e os
materiais de apoio (textos, vídeos, sites, etc.) ficam disponibilizados em ambientes virtuais ou pesquisados pelos orientandos. Constitui
um modelo “híbrido” sempre que recorre ao uso de ambientes virtuais, recursos de tecnologias da informação e comunicação,
ferramentas colaborativas ou de autoria online.

Dinâmica da aula
Navegue nas telas a seguir para conhecer os passos que constituem a estratégia sala de aula invertida.

Fonte: info.geekie.com.br
Didática da EP - S3 - Livro 2 - Dinâmica da Aula
5 Tempos didáticos da aula na EP

Os tempos didáticos
Tomando como referência livro  Didática Geral,  de Demétrio Delizoicov (2006), pode-se falar em tempos didáticos para evocar os
momentos distintos que compõe uma aula, ou sequência de aulas. Eles conferem estrutura ao planejamento das ações docentes e ao
próprio percurso de aprendizagem dos alunos.

Mas fizemos algumas adequações para o contexto da Educação Profissional (EP). Portanto, apresentamos a seguir uma síntese destes
momentos, que dependem também da criatividade e condições de atuação do/a docente.

1º Momento
Segundo Delizoicov, este momento promove a problematização dos conteúdos a serem desenvolvidos na aula (2006). O docente
pode utilizar-se de diferentes recursos (vídeo ou texto breve), atividades (tarefa, obra, experimento, exercícios ou discussão) para:

levantar uma questão e discussão, de modo que os estudantes externalizem seus níveis de conhecimento prévios sobre a temática da
aula;
diagnosticar o conhecimento prévio dos alunos acerca do assunto, sobre uma técnica,  as habilidades e aptidões destes frente ao
desafio proposto, a capacidade de se adaptarem ou de solucionarem problemas. Para tanto, deve ser levado em conta o perfil e nível
de desenvolvimento da turma, bem como se os procedimentos mínimos de segurança para o adequado desenvolvimento da
atividade;
motivar os estudantes, chamar sua atenção, atrair o interesse, ao mostrar, por exemplo, a relação do que será
ensinado/trabalhado com sua formação profissional, com práticas sociais, com os conhecimentos anteriormente aprendidos no
curso ou em outras unidade curriculares;
problematizar o conteúdo da aula, inclusive lançando questões do tipo: como resolver determinado problema relacionado à profissão
e a sua intervenção na sociedade? como produzir determinado produto? como realizar tal processo? como se relacionar com o
público em determinadas situações? como se preservar de riscos à saúde? etc.
introduzir temas ou técnicas que permitirão preparar o estudante para o que será desenvolvido a seguir (assim como se fala em
constituir "subsunçores" na teoria da aprendizagem significativa).

2º Momento
Este momento é o de desenvolvimento de situações e atividades de aprendizagem, a partir da escolha da melhor estratégia para a
aprendizagem das atividades e saberes-fazeres a serem desenvolvidos pelos estudantes, e com base os resultados da atividade
realizada no momento anterior e busca consolidar os saberes laborais e científicos ali introduzidos. Nas atividades e situações, os
estudantes irão mobilizar diversos saberes e desenvolver competências, solucionar problemas relacionados ao fazer-saber laboral
em questão, refletir sobre as diversas dimensões das técnicas, saberes-fazeres, cultura técnica, etc.

3º Momento
No  3º  Momento, trata-se de avaliar a aprendizagem dos estudantes e também da efetividade do ensino.  Não insistiremos neste
momento (o qual não ocorre necessariamente "no final" do processo), pois será aprofundado no Livro 3.

Em resumo:
Nos momentos iniciais, é importante acolher saberes prévios do aluno em relação ao fazer-saber que será enfocado,
problematizando, instigando o interesse e preparando o aluno para o que virá.
Em seguida,  recomenda-se a escolha e o desenvolvimento de estratégias de ensino as mais adequadas possíveis aos objetivos de
aprendizagem. Neste momento, o docente irá animar e orientar o processo de aprendizagem, trazendo conhecimentos novos,
reorientando os pressupostos inicialmente formulados pelos alunos, fazendo a turma interagir, alertando para perigos, enfim:
realizando a mediação docente e avaliando a aprendizagem, aspectos da Didática que são temas do Livro 3.

Acesse o livro Didática Geral de Demétrio Delizoicov (2006). 


Considerações finais

Por fim, mais alguns aspectos sobre planejamento docente valem ser destacados:

O cuidado na seleção de recursos didáticos


Cada recurso tem suas potencialidades e limitações. Portanto, a escolha deve ser feita considerando o contexto de ensino e outras
especificidades do planejamento. Existem recursos analógicos e digitais, sendo que estes nos possibilitam oferecer aos alunos a
imersão através de simuladores, visitas a museus, interação com comunidades de profissionais, análise de atividade laboral através
de vídeos, além do uso de ambientes virtuais de aprendizagem.

A importância de avaliação
Desde o planejamento, é necessário especificar formas e critérios de como será realizada e avaliada a aprendizagem dos alunos. Há
variadas formas de verificar se o objetivo definido no Plano foi alcançado e se os alunos estão aprendendo. Essas formas de
verificação se manifestam tanto em  atividades a serem desenvolvidas em classe, individualmente ou em grupo, quanto em
atividades extraclasse, trabalhos de pesquisa ou resolução de atividades. Sobre isto, estudaremos no Livro 3.

O plano é um guia (não uma prisão) para a ação docente


Sabemos que nem sempre tudo que foi previsto num plano é passível de ser realizado, tal qual foi planejado. A aula é dinâmica e,
muitas vezes, o plano sofre alterações no transcurso de uma aula ou disciplina. Por esse motivo, os planos de aula e de ensino
devem ser construídos de forma flexível, funcionando como um guia orientador da ação docente,  um documento de gestão das
ações do professor a partir da sala de aula. 
Referências

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ANASTASIOU, L. ALVES, L. Estratégias de Ensinagem. In. Anastasiou, L. Alves, L. Processo de Ensinagem na Universidade. Capítuo 3. Ed.
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ZANONA, Roberta Castaldoni. Educar por competências na formação profissional. São Paulo. Centro Paula Souza. 2015.
Ficha Técnica

Este material foi elaborado pelos professores e pela equipe pedagógica e de materiais didáticos do Cerfead.

[ Conteúdo ] Olivier Allain - Paulo Wollinger - Ana Beatriz Bahia

Baseado na edição 2019 (desenvolvido por Gislene Miotto - Márcia Lobo - Olivier Allain - Paulo Wollinger)

[ Desenho educacional ] Maria Luisa Hilleshein de Souza

[ Desenho gráfico ] Daniel Mazon da Silva

[ Revisão textual ] Vanessa Martinelli Oro

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