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INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DO GRUPO ÂNIMA EDUCAÇÃO

GABRIELA DIAS SIMÕES

FATORES CONDICIONANTES PARA A ALTERAÇÃO DO TIPO DE


FUNDAÇÃO EM UMA EDIFICAÇÃO MULTIFAMILIAR EM CANOAS - RS

Canoas
GABRIELA DIAS SIMÕES

FATORES CONDICIONANTES PARA A ALTERAÇÃO DO TIPO DE


FUNDAÇÃO EM UMA EDIFICAÇÃO MULTIFAMILIAR EM CANOAS - RS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Engenharia Civil, do Centro
Universitário Ritter dos Reis (UniRitter), como
requisito parcial para obtenção do título de
Bacharel.

Orientador: Prof. Larry Rivoire, Dr

Canoas
2022
GABRIELA DIAS SIMÕES

FATORES CONDICIONANTES PARA A ALTERAÇÃO DO TIPO DE


FUNDAÇÃO EM UMA EDIFICAÇÃO MULTIFAMILIAR EM CANOAS - RS

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi


julgado adequado à obtenção do título de
Bacharel, e aprovado em sua forma final pelo
Curso de Engenharia Civil, do Centro
Universitário Ritter dos Reis.

Porto Alegre, 28 de novembro de 2022.

_________________________________________________
Prof. e orientador Nome do Professor, Dr
Centro Universitário Ritter dos Reis

___________________________________________
Prof. Nome do Professor, Dr (Me).
Centro Universitário Ritter dos Reis
AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, pela minha saúde e determinação para que tenha sido possível a
realização do curso de graduação em engenharia civil e deste trabalho.
Ao meu filho Leonardo, que é o maior de todos os incentivos, por toda sua tranquilidade,
que mesmo sem entender, possibilitou que eu desse continuidade e concluísse o curso após sua
chegada.
A minha mãe, Luísa, por todo apoio e cuidados com o Léo, por compreender minha
ausência para que eu pudesse concluir o curso e elaborar este trabalho.
Aos meus pais Jefferson e Everson, por todo apoio e ajuda, por todo incentivo, não só
durante o curso como durante toda a minha vida.
Ao engenheiro Felipe, chefe e parceiro, por acreditar no meu potencial, pelas
oportunidades que me deu, pelo tanto que me ensinou e me ensina, e por permitir e apoiar a
elaboração deste trabalho.
A todos os professores que fizeram parte da minha formação, por tudo que me
ensinaram, pelo apoio, paciência e compreensão durante a gestação e licença maternidade.
Ao meu professor e orientador Larry, por me instruir e direcionar, exprimindo o melhor
de mim, durante o curso e durante a orientação deste trabalho.
RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo realizar um estudo de caso referente à execução das
fundações profundas, especificamente as estacas do empreendimento Hemingway, localizado
na cidade de Canoas – RS, apresentando o tipo de fundação definido para a edificação,
verificando o estudo do solo local que determinou a escolha do tipo de fundação, estudando os
motivos que levaram a troca do tipo de estaca escolhida no projeto, analisando os impactos da
alteração de projeto no cronograma da obra e analisando também os custos envolvidos no
processo ocorrido. A partir de todas as informações neste estudo contidas, foi feita uma reflexão
sobre como seria o cenário se tivéssemos tido desde o primeiro momento as características reais
do solo.

Palavras chave: Fundações Profundas. Estacas. Solo. Projeto. Cronograma. Obra.


ABSTRACT

The present work aims to carry out a case study regarding the execution of deep foundations,
specifically studied as stakes of the enterprise, located in the city of Canoas - RS, presenting
the type of foundation for the building, verifying or defined the local soil that determined the
choice of the type of foundation, studying the reasons that led to the change of the type of work
chosen in the project, analyzing the impacts of the project work and also analyzing the costs
involved in the process that took place. From all the information contained in this study, a
reflection was made on what the scenario would be like if we had taken it from the first moment
as real characteristics of the soil.

Keywords: Deep Foundations. Piles. Only. Project. Timeline. Constructions.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 8
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA .............................................................................................. 8
1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA .............................................................................................. 9
1.2.1 Objetivo geral ................................................................................................................ 9
1.2.2 Objetivos específicos ..................................................................................................... 9
1.3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................. 9
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................ 11
2.1 SONDAGENS E ESTUDOS DO SOLO ............................................................................ 12
2.1.1 Sondagens a percussão com SPT ............................................................................... 12
2.1.2 Sondagem Rotativa ..................................................................................................... 14
2.2 TOPOGRAFIA ................................................................................................................... 14
2.3 FUNDAÇÕES .................................................................................................................... 15
2.3.1 Fundações superficiais, rasas ou diretas ................................................................... 15
2.3.1.1 Blocos de Fundação (ou Coroamento) ....................................................................... 15
2.3.1.2 Vigas de Baldrame (de Fundação ou Cintamento) ..................................................... 16
2.3.2 Fundações profundas ou indiretas ............................................................................ 17
2.3.2.1 Estaca Raiz ................................................................................................................. 18
2.3.2.2 Estaca Hélice-Contínua .............................................................................................. 20
3 METODOLOGIA ............................................................................................................. 23
3.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO DE CASO ............................................................... 23
3.2 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA ...................................................................................... 25
3.3 LIMITES DA PESQUISA .................................................................................................. 26
3.4 TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DA COLETA DE DADOS .......................................... 26
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES.................................................................................... 27
4.1 SONDAGENS INICIAIS ................................................................................................... 27
4.2 SONDAGEM COMPLEMENTAR .................................................................................... 28
4.3 PROJETO INICIAL ........................................................................................................... 28
4.4 INTERCORRÊNCIAS ....................................................................................................... 31
4.5 ALTERAÇÕES DE PROJETO .......................................................................................... 34
4.6 VISÃO GERAL – ESTACAS EXECUTADAS ................................................................. 40
4.7 IMPACTOS ........................................................................................................................ 41
4.7.1 Cronograma ................................................................................................................ 41
4.7.2 Tempo de Execução Estacas Tipo Raiz x Estacas Tipo Hélice Contínua .............. 41
4.7.3 Consumo/Custo Argamassa Estrutural x Concreto Usinado ................................. 42
4.7.4 Custo Execução Estacas Tipo Raiz x Estacas Tipo Hélice Continua ..................... 42
4.7.5 Consumo/Custo Aço Projeto Inicial x Projeto Alterado: ........................................ 43
4.8 SITUAÇÃO ATUAL DA OBRA ....................................................................................... 44
4.9 ANÁLISE DOS RESULTADOS........................................................................................ 45
5 CONCLUSÕES ................................................................................................................. 46
8

1 INTRODUÇÃO

Esta monografia tem por objetivo analisar a execução das fundações profundas,
composta por estacas raiz e hélice continua, no empreendimento Hemingway, localizado em
Canoas – RS, considerando suas diferenças executivas e financeiras.

As informações neste trabalho contidas, são provenientes da literatura disponível e de


material como fotos, projetos, relatórios e dados reais cedidos pela construtora para a
elaboração deste estudo.

O conjunto de fundações é o elemento estrutural responsável por transferir as tensões


da edificação para o solo, prevendo as deformações do solo, garantindo a estabilidade da
edificação.

Tendo então, a intensão de analisar o plano inicial, as intercorrências e as soluções


adotadas para a execução das estacas deste empreendimento.

No capítulo 1, além da introdução, serão apresentados o problema de pesquisa, os


objetivos da pesquisa e sua justificativa. No capítulo 2 é apresentada uma breve revisão
bibliográfica sobre o tema. Seguida do capítulo 3, onde é feita a caracterização da pesquisa, são
apresentadas as técnicas e instrumentos de coleta de dados e definidas as variáveis. No capítulo
4, apresentam-se os resultados desta pesquisa, e por fim, no capítulo 5, a respectiva conclusão.

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA

O conjunto de fundação é uma das partes mais importantes, e que requer maior cuidado
no processo de elaboração de projetos e execução de uma edificação. Será este conjunto que
garantirá a estabilidade da edificação, e seu dimensionamento e correta execução estão
diretamente ligados a segurança e vida útil da edificação.

Diversos fatores são de extrema relevância para o projeto e execução de uma fundação,
sendo o principal deles, a condição do solo onde essa edificação será construída. Conhecimento
insuficiente sobre o solo pode causar desde prejuízos financeiros até colocar em risco os
trabalhadores envolvidos na construção do empreendimento, e, posteriormente, seus habitantes.

Em vista do acima exposto, este Trabalho se propõe a buscar respostas para a seguinte
questão de pesquisa: Quais fatores influenciaram para a mudança do sistema construtivo para
9

as estacas da edificação e como foram solucionadas as intercorrências que surgiram durante a


execução das estacas tipo raiz?

1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA

Os objetivos do presente trabalho foram divididos em objetivo geral e objetivos


específicos, os quais são apresentados a seguir.

1.2.1 Objetivo geral

O propósito deste trabalho consiste em analisar os fatores que levaram a mudança do


tipo de estacas a serem executadas e como foram solucionadas as intercorrências no
empreendimento Hemingway, localizado na Rua Guilherme Morch, 111/121, bairro Centro, na
cidade de Canoas.

1.2.2 Objetivos específicos

 Apresentar o tipo de fundação definido para a edificação;


 Verificar o estudo do solo local que determinou a escolha do tipo de fundação;
 Estudar os motivos que levaram a alteração do tipo de estaca escolhida no projeto;
 Analisar os impactos da alteração de projeto no cronograma da obra.
 Analisar custos envolvidos no processo ocorrido;

1.3 JUSTIFICATIVA

A fundação é o ponto de estudo mais importante de uma edificação, sendo ele o


responsável pela sustentação da mesma e a transferência de todas as cargas geradas pelos
posteriores elementos construtivos ao solo. Independente do porte da edificação, a fundação
deve distribuir proporcionalmente as cargas geradas de tal modo que, com a execução das
etapas seguintes da construção, e posterior habitação, a edificação mantenha-se estável.
Evitando patologias que podem gerar prejuízos, desde financeiros até humanos.

Portanto, tendo a consciência da importância desta etapa de uma construção, e com o


intuito de otimizar tempo, recursos e qualidade do produto entregue ao consumidor final, surgiu
o interesse em analisar o caso do empreendimento Hemingway, localizado em Canoas – RS,
onde houve alterações de projeto e método executivo devido às intercorrências no solo, gerando
impacto no cronograma, impacto financeiro e técnico.
10

Desta forma, o presente trabalho se justifica no que diz respeito a análise dos aspectos
técnicos, financeiros, interferências geradas ao cronograma da obra, fornecedores, prestadores
de serviço, locação de máquinas e equipamentos.
11

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A execução da estrutura de concreto, deve ser baseada em “[...] projetos de estruturas e


de fundações, elaborados de acordo com o que estabelecem as Normas Brasileiras (por
exemplo, ABNT NBR 6.118, ABNT NBR 6.122, ABNT NBR 7.187 e outras)”, conforme NBR
14.931 (2004).

No que diz respeito ao dimensionamento, verificação e detalhamento, conforme NBR


6.118 (2004): “o objetivo dessas três etapas (dimensionamento, verificação e detalhamento),
que se desenvolvem logo após a análise estrutural, é garantir a segurança, em relação aos
estados limites últimos (ELU) e de serviço (ELS), das estruturas como um todo e de cada uma
de suas partes.”

Denominada subestrutura, “[...] a fundação é um elemento estrutural responsável por


suportar e transferir tensões [...]” do conjunto da edificação ao solo. (FELIPE e JUNIOR, 2018,
p.1).

Quando carregadas, as fundações “[...] solicitam o terreno, que se deforma, e dessas


deformações resultam deslocamentos verticais (recalques), horizontais e rotações.”
(VELLOSO e LOPES, 2011, p.1).

Para o desenvolvimento de um projeto de fundações é necessário a “[...] topografia da


área, dados geológicos-geotécnicos, dados da estrutura a construir e dados sobre construções
vizinhas.” (VELLOSO e LOPES, 2011, p.13).

Como requisito básico um projeto de fundações “[...] deverá atender são deformações
aceitáveis sob as condições de trabalho, segurança adequada ao colapso do solo e segurança
adequada ao colapso dos elementos estruturais.” (VELLOSO e LOPES, 2011, p.15).

Para a escolha da fundação os critérios “[...] são três: o técnico, o econômico e o de


mercado. [...]”. (FALCONI, NIYAMA e ORLANDO, 2019, p.215).

O critério técnico garante a segurança da edificação contra à ruptura. O critério


econômico e o critério de mercado são aplicados conforme a disponibilidade de materiais e
equipamentos, as restrições ambientais ou de legislação local.

Segundo a NBR 6.122 (2019) as fundações são divididas em dois tipos: fundações
diretas (superficiais ou rasas) e fundações indiretas (profundas).
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2.1 SONDAGENS E ESTUDOS DO SOLO

Para de obter o tipo de solo a qual se deseja executar uma fundação, é de suma
importância a análise do solo através do ensaio SPT (Standard Penetration Test), e diante disto,
fazer uma análise de qual será o tipo de fundação a ser utilizada. (SANTOS et al., 2016).

Um projeto de fundação “[...] contempla as cargas aplicadas pela obra e a resposta do


solo a estas solicitações. Os solos são muito distintos entre si e respondem de maneira muito
variável [...]” (PINTO, 2019, p.55).

É necessária a identificação “[...] das diversas camadas componentes do substrato a ser


analisado, assim como, à avaliação das suas propriedades de engenharia.” (QUARESMA et al,
2019, p.121).

Conforme NBR 6.122 (2019), “em função do porte da obra ou de condicionantes


específicos, deve ser realizada vistoria geológica de campo por profissional habilitado,
eventualmente complementada por estudos geológicos adicionais.”

Deve-se, para qualquer edificação “[...] ser feita uma campanha de investigação
geotécnica preliminar, constituída no mínimo por sondagens a percussão (SPT), visando a
determinação da estratigrafia e classificação dos solos, posição do nível d’agua e a medida do
índice de resistência a penetração”, de acordo com NBR 6.484 (2001).

2.1.1 Sondagens a percussão com SPT

O SPT é “[...} a mais popular, rotineira e econômica ferramenta de investigação


geotécnica em praticamente todo o mundo. Ele serve como indicativo da densidade dos solos
granulares e é aplicado também na identificação da consistência de solos coesivos, e mesmo de
rochas brandas. [...]” (SCHNAID e ODEBRECHT, 2012, p.22).

A aparelhagem necessária para a coleta das amostras, Figura 1, que compõe o conjunto
para a execução do Standard Penetration Test (SPT) faz-se dos seguintes itens: torre com
roldana, tubos de revestimento, composição de perfuração ou cravação, trado-concha ou
cavadeira, trado helicoidal, trépano de lavagem, amostrador padrão, cabeças de bateria, martelo
padronizado para a cravação do amostrador, baldinho para esgotar o furo, medidor de nível
d’agua, metro de balcão, recipientes para amostras, bomba d’água centrifuga motorizada, caixa
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d’água ou tambor com divisória interna para decantação e ferramentas gerais necessárias a
operação da aparelhagem, de acordo com NBR 6.484 (2001).

Figura 1 - Equipamento SPT

Fonte: Odebrecht e Schnaid (2012)

Conforme NBR 8.036 (1983), “[...] as sondagens devem ser, no mínimo, de uma para
cada 200m² de área de projeção em planta do edifício, até 1200m² de área. Entre 1200m² e
2400m² deve-se fazer uma sondagem para cada 400m² que excederem de 1200m². Acima de
14

2400m² o número de sondagens deve ser fixado de acordo com o plano particular de
construção.”

No que diz respeito à profundidade de sondagem, para o Standard Penetration Test


(SPT), conforme NBR 8.036 (1983), “[...] devem ser levadas até a profundidade onde o solo
não seja mais significativamente solicitado pelas cargas estruturais [...]”. (NBR 8036, 1983,
p.2)

2.1.2 Sondagem Rotativa

A sondagem rotativa é um método de investigação do solo que “[...] consiste no uso de


um conjunto motomecanizado destinado a perfuração de maciços rochosos e obtenção de
amostras de materiais rochosos [...]” que tem formato cilíndrico, denominado testemunho.
(ABGE, 2013, p. 61)
O procedimento de perfuração para as sondagens rotativas e amostragem das camadas
de solo “[...] deverá ser feita ao ser atingido o impenetrável no ensaio SPT, conforme abaixo:
 Até 5cm de penetração após 10 golpes consecutivos, excluídos os primeiros 5
golpes; ou
 Quando forem atingidos 50 golpes no mesmo ensaio. [...]” (ABGE, 2013, p. 63)
Os equipamentos que são necessários para a realização das sondagens rotativas são os
elementos como o “[...] tripé, sonda rotativa, bomba d’água, hastes, barriletes, coroas, luvas
alargadoras (calibradores), tubos de revestimento e demais acessórios e ferramentas necessárias
à execução [...]”. (ABGE, 2013, p. 63)

2.2 TOPOGRAFIA

Para a elaboração de projetos e também para a execução de uma edificação, é


imprescindível o estudo topográfico do terreno, onde serão conhecidos os níveis do terreno, e
seu relevo, possibilitando a definição dos níveis da edificação. O levantamento planialtimétrico
pode ter como referência um ponto determinado como zero no local, ou com relação ao nível
do mar.

Através da topografia, são elaboradas as “[...] plantas com curvas de nível, representa o
relevo do solo com todas as suas elevações e depressões. [...]”. Auxiliam também para definir
os volumes de corte e aterro que necessários no terreno. (BORGES, 2013, p.1).
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2.3 FUNDAÇÕES

Depois de feitas as sondagens, estudos do terreno e nivelamento do mesmo, os primeiros


elementos a serem construídos, são os de fundação. (SANTOS, 2017).

Os elementos de fundação são divididos em diretos (superficiais ou rasos) e indiretos


(profundos).

2.3.1 Fundações superficiais, rasas ou diretas

As fundações superficiais, também denominadas rasas ou diretas “[...] são elementos


em que a carga é transmitida ao terreno pelas pressões distribuídas sob a base da fundação, e
em que a profundidade de assentamento em relação ao terreno adjacente é inferior a duas vezes
a menor dimensão da fundação. ” (SANTOS, et al, 2016, p.2).

As cargas da edificação serão transmitidas à essas primeiras camadas de solo, para isso,
é necessário que o solo possua resistência suficiente para suportar estas cargas. (REBELLO,
2008).

Considera-se, técnica e economicamente adequado [...] “o uso de fundação direta


quando o número de golpes do SPT for maior ou igual a 8 e a profundidade não ultrapassar
2m.” [...] (REBELLO, 2008, p.41).

2.3.1.1 Blocos de Fundação (ou Coroamento)

O bloco de fundação, também chamado de bloco de coroamento “[...] é o elemento


estrutural que tem a função de receber a carga do pilar e distribui-la o mais equitativamente
possível ao conjunto de estacas que repousa abaixo dele.” (SANTOS, 2017, p.42).

Os blocos de fundação ou blocos de coroamento “São elementos de apoio construídos


de concreto simples e caracterizados por uma altura relativamente grande, necessária para que
trabalhem essencialmente à compressão.” (TEIXEIRA e GODOY, 2019, p.227).

No que diz respeito ao formato “Normalmente, os blocos assumem a forma de um bloco


escalonado, ou pedestal, ou de um tronco de cone, Figura 2.” (TEIXEIRA e GODOY, 1998,
p.227).
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Figura 2 - Blocos de Fundação

Fonte: Teixeira e Godoy (1998)

2.3.1.2 Vigas de Baldrame (de Fundação ou Cintamento)

A viga de baldrame, também chamada de viga de fundação ou cintamento é um “[...]


elemento de fundação que recebe pilares alinhados, geralmente de concreto armado; pode ter
seção transversal tipo bloco (sem armadura transversal) [...]”. (VELLOSO e LOPES, 1998,
p.212).

As vigas de baldrame têm como objetivo cumprir “[...]basicamente as seguintes


funções:

 travar blocos de coroamento de estacas, Figura 3;


 travar pilares cujo comprimento de flambagem é muito grande;
 delimitar o poço de elevador e a saída da escada.” (SANTOS, 2017, p.50).

Figura 3 - Travamento Blocos

Fonte: Santos (2017).


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2.3.2 Fundações profundas ou indiretas

A fundação profunda ou indireta “[...] transmite a carga ao terreno pela base (resistência
de ponta), por sua superfície lateral (resistência de fuste) ou por uma combinação das duas, e
está assente em profundidade superior ao dobro de sua menor dimensão em planta e, no mínimo,
a 3m.” [...], conforme NBR 6.122 (2019).

O uso de fundações profundas se faz quando “[...] as camadas superficiais do solo não
tiverem resistência suficiente para receber as cargas provenientes da estrutura, deve-se buscar
nas camadas mais profundas a capacidade de suporte necessária para fazê-lo. [...]” (SANTOS,
2017, p.39-40).

A fundação profunda é adotada quando “[...] a fundação direta não for aconselhada, ou
seja, quando o número de golpes da sondagem (SPT) maior ou igual a 8 estiver a profundidade
superior a 2m.” (REBELLO, 2008, p.69).

A classificação das fundações profundas é feita em duas partes, “[...] moldadas in loco
ou pré-moldadas. [...]”. As moldadas in loco, são executadas a partir de furos no solo e
preenchimento do mesmo com material adequado, podendo ou não ser armadas. As pré-
moldadas, são feitas pela indústria, e cravadas no solo. (REBELLO, 2008, p.69).

Conforme apresentado na Figura 4, neste tipo de fundação “[...] a carga proveniente do


pilar é transmitida para um conjunto de estacas, que por sua vez, a transmite para a formação.”
(SANTOS, 2017, p.40).

Figura 4 - Forças Atuantes

Fonte: Santos (2017)


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A classificação, Tabela 1, das estacas pode ser de acordo com o material (madeira,
concreto, aço ou mistas); processo executivo: “[...] “de deslocamento”, onde estariam as estacas
cravadas em geral, uma vez que o solo no espaço que a estaca vai ocupar é deslocado
(horizontalmente), e “de substituição”, onde estariam as estacas cravadas em geral, uma vez
que o solo no espaço que a estaca vai ocupar é removido, causando algum nível de redução nas
tensões horizontais geostáticas.” (VELLOSO E LOPES, 2010, p.227).

A capacidade de carga de uma estaca é obtida “[...] como o menor de dois valores:

a) resistência estrutural do material da estaca.


b) resistência do solo que lhe dá suporte.” (ALONSO, 1989, p.2).

Tabela 1- Tipos de Estacas


Tipo de Execução Estacas
(i) madeira,
(ii) pré-moldadas de concreto,
Grande (iii) tubos de aço de ponta fechada,
(iv) tipo Franki,

De deslocamento (v) microestacas injetadas


(i) perfis de aço,
(ii) tubos de aço de ponta aberta (desde que não haja
Pequeno embuchamento na cravação),

(iii) estacas hélice especiais (“estacas hélice de deslocamento”)

(i) escavadas com revestimento metálico perdido que avança à


Sem deslocamento frente da escavação,
(ii) estacas raiz
(i) escavadas sem revestimento ou com uso de lama,
De substituição (ii) tipo Strauss,
(iii) estacas hélice continua em geral
Fonte: Velloso e Lopes (2010)

2.3.2.1 Estaca Raiz

A estaca raiz é classificada como uma estaca sem deslocamento, conforme Tabela 1,
executada com equipamento de tubo rotativo. A perfuração é feita com o auxílio de água. “[...]
A água injetada dentro do tubo lava o solo, que é expulso pelo espaço formado entre a face
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externa do tubo e o terreno. Os tubos são emendados e recuperados após o preenchimento do


furo com argamassa de cimento e areia. [...] (REBELLO, 2008, p.86).

A argamassa utilizada, Tabela 2, é classificada como argamassa estrutural para estaca


de fundação. É uma mistura seca de cimento Portland CP V, areia quartzosa classificada
(2,60kg/dm³), aditivos químicos não tóxicos, que, no dia do uso, é acrescida de água. Deve ser
preparada em argamassadeira ou betoneira dotada de ferramenta de mistura, garantindo a
homogeneidade da mistura. (Cimento Guaiba, Ficha Técnica Argamassa Estrutural para Estaca
de Fundação).

Tabela 2 - Argamassa Estrutural


4 sacos de 25kg = 100kg
Argamassa Resistência a Quantidade de
Rendimento
compressão água
1 dia Fck ≥ 10 Mpa
50 litros ou
3 dias Fck ≥ 20 Mpa 19L
0,05m³
28 dias Fck ≥ 25 Mpa

Fonte: Cimento Guaiba, Ficha Técnica Argamassa Estrutural para Estaca de Fundação

A execução compreende fundamentalmente quatro fases consecutivas: perfuração com


circulação de água, posicionamento da armadura, preenchimento da estaca com argamassa
estrutural, remoção do revestimento, conforme Figura 5. (MAIA, et al, 2019, p. 362)

Figura 5 - Sequência Executiva Estaca Raiz

Fonte: Maia et al (2019)


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A estaca raiz é realizada por equipamento como o BS 450 (Figura 6) do fabricante BS


Indústria, ou similares. Este equipamento atinge profundidades variadas, conforme extensores
que podem ser acoplados e diâmetros de 6” à 16”. (BS Indústria, Manual Equipamento BS 450).

Figura 6 - Equipamento BS 450

Fonte: Manual Equipamento BS 450, BS Indústria (2021)

2.3.2.2 Estaca Hélice-Contínua

A estaca hélice continua é classificada como uma estaca de substituição ou de pequeno


deslocamento, de acordo com a tabela 1.

Este tipo de estacas são “[...]introduzidas no terreno através de algum processo que não
promova a retirada do solo. [...]” (DÉCOURT, ALBIEIRO e CINTRA, 2019, p.263).
21

O uso deste tipo de estaca no Brasil “[...] é razoavelmente recente. Foi utilizada pela
primeira vez em 1987 e desde então a sua aplicação vem apresentando grande crescimento. ”
(REBELLO, 2008, p.76).

As fases de execução da estaca hélice contínua são “[...] perfuração, concretagem


simultânea à extração da hélice do terreno e colocação da armação, conforme esquema
apresentado na figura 2.7.” (ANTUNES e TAROZZO, 2019, p.345).

É executada, conforme Figura 7, através da rotação de um trado, com “dentes” em sua


extremidade que facilitam a cravação. Ao se alcançar a profundidade desejada, o trado gira em
sentido contrário para sair, injetando, a partir de seu tubo central, concreto para seu
preenchimento.

A armadura é colocada posterior a concretagem. (REBELLO, 2008, p.77).

Figura 7 - Sequência Executiva Hélice Continua

Fonte: Antunes e Tarozzo (2019), adaptado pela autora

A estaca hélice continua é realizada por equipamento como o EM800/24 (Figura 8) do


fabricante CZM Foundation Equipment, ou similares. A CZM Foundation Equipment “[...] é o
maior fabricante mundial de perfuratrizes hidráulicas para hélice continua graças ao
revolucionário mecanismo de torque “Bottom Drive CFA”, uma patente CZM reconhecida
internacionalmente. ” (CZM Foundation Equipment, Manual Equipamento EM800/24, p.2).
22

Figura 8 - Equipamento EM800/24

Fonte: Manual Equipamento EM800/24, CZM Foundation Equipment (2021)


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3 METODOLOGIA

O conjunto de fundações é o elemento mais importante de uma edificação. Sua escolha,


dimensionamento e execução são fundamentais para a segurança, qualidade e vida útil da
edificação.
O projeto e a execução das fundações são regulamentados pela NBR 6122 (2019), que
estabelece os critérios para escolha, dimensionamento, projeto e execução dos elementos.
Somada à NBR 6484 (2001) e NBR 8036 (1983), que estabelecem os critérios e procedimentos
de sondagens, estudos do solo onde essa fundação será assentada.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO DE CASO

O objeto do presente Trabalho é o estudo de caso referente a execução das fundações


profundas, composta por estacas tipo raiz e tipo hélice contínua do empreendimento residencial
Hemingway.
Localizado na rua Guilherme Morsch, n° 111/121, Centro, Canoas – RS, conforme
Figura 9. O empreendimento encontra-se atualmente em construção, com sua etapa de
fundações, a qual estamos analisando, já concluída.

Figura 9 - Localização

Fonte: empresa, adaptado pela autora (2022)


24

O empreendimento, que contará com torre única, conforme Figura 10 e Figura 11,
dotada de 11 pavimentos, sendo deles, 3 pavimentos com áreas de uso comum: térreo – hall
social, salas técnicas e vagas de estacionamento; 2° pavimento – estacionamento, bicicletário e
lixo e 11° pavimento – rooftop, salão de festas, brinquedoteca, academia e piscina; e 8
pavimentos com 4 unidades habitacionais cada, somando ao total da edificação 32 unidades
habitacionais.
Figura 10 - Vista Frontal

Fonte: empresa, adaptado pela autora (2022)


25

Figura 11 - Vista Lateral

Fonte: empresa, adaptado pela autora (2022)

3.2 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

O estudo de caso se delimita, dentro de empreendimento caracterizado no item 3.1 aos


locais onde foram projetadas e executadas estacas que serviram de fundação para o prédio.
26

3.3 LIMITES DA PESQUISA

Essa pesquisa se limitará em analisar os fatores que levaram a mudança do tipo de


estacas a serem executadas, as intercorrências que levaram a essa alteração de projeto e aos
resultados físicos e financeiros destas modificações.

3.4 TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DA COLETA DE DADOS

O problema identificado no estudo de caso analisado neste Trabalho se deve à mudança


de método executivo para as estacas da edificação, devido condições do solo, gerando impactos
que se estenderão ao longo de toda a execução da obra.

Todas as informações pertinentes ao estudo de caso, planilhas, projetos, fotografias e


relatórios, foram obtidas de forma direta, com observação não sistemática. Sendo todas elas
colhidas em campo durante a execução e também durante a elaboração dos projetos de estacas
e complementares.

Foi possível observar a diferença no tempo de execução das estacas tipo raiz e hélice
continua, no solo local, composto por argilas e camada de pedra de rio, bem como a diferença
no dimensionamento necessário para cada tipo de estaca, seu custo de execução (equipamento
e equipe) e material.

Instrumentos para coleta de dados:

 Equipamento BS450 Raiz: fabricado pela BS Industria, o BS450 raiz é uma perfuratriz
hidráulica utilizada para a execução das estacas raiz nos diâmetros de 25mm e 40mm.
Atingindo uma profundidade média de solo de 10,30m. Tal equipamento possibilitou a
execução de 43 estacas em um período de 19 dias, com uma média de 2,3 estacas/dia.
 Equipamento EM800/24: fabricado pela CZM Foundation Equipment, o EM800/24 é
uma perfuratriz hidráulica utilizada para a execução das estacas hélice continua no
diâmetro de 60mm. Atingindo uma profundidade média de 11,90m. Tal equipamento
possibilitou a execução de 70 estacas em um período de 8 dias, com uma média de 8,7
estacas/dia.
 Aparelho celular: para registro das imagens da execução das estacas.
27

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo do trabalho estão demonstrados os acontecimentos desde a fase do


projeto inicial, sondagens (SPT e rotativa), execução de estacas raiz, intercorrências que
levaram às alterações de projeto e execução das estacas hélice continua, correspondente às
fundações profundas do empreendimento Hemingway, bem como dos reflexos financeiros e no
cronograma da obra.

4.1 SONDAGENS INICIAIS

As sondagens iniciais foram executadas pela empresa Estaq – Fundações e Sondagens,


a sondagem inicial foi sondagem a percussão (SPT), foram realizados 3 (três) furos até a
profundidade de 6 (seis) metros. Chegando a esta profundidade, foi identificado solo
impenetrável, conforme Figura 12.

Figura 12 - Resultados Sondagem SPT

Fonte: Estaq, adaptado pela autora (2022)

Porém, estes 6 (seis) metros de profundidade sondados eram insuficientes para a


execução da profundidade solicitada em projeto que eram de 8 (oito) e 12 (doze) metros, para
as estacas, tendo em vista que a maior resistência das estacas são devidas ao atrito lateral, seria
necessário atingir a profundidade de projeto para que fosse possível comportar a edificação, ou
seria necessário que o diâmetro da estacada fosse aumentado consideravelmente, para que ela
obtivesse a estabilidade e resistência necessária.
28

4.2 SONDAGEM COMPLEMENTAR

Devido a insuficiência de profundidade constatada nas sondagens iniciais, que foram


feitas através da sondagem a percussão (SPT), foi executada uma sondagem complementar, sob
método de sondagem rotativa, a fim de extrair uma amostra deste solo impenetrável
diagnosticado na primeira sondagem.
Na sondagem complementar, conforme Figura 13, foi identificado que o solo
impenetrável, que havia sido encontrado na sondagem a percussão inicial, se tratava de solo
rochoso extremamente fraturado.

Figura 13 - Resultados Sondagem Rotativa

Fonte: Estaq, adaptado pela autora (2022)

4.3 PROJETO INICIAL

A partir das sondagens a percussão e rotativa realizadas, foram elaborados os projetos


iniciais de fundações, pelo renomado escritório de engenharia Carpeggiani, referência no que
tange aos projetos estruturais na área de engenharia.
O projeto de fundações profundas do empreendimento Hemingway previa, inicialmente,
a execução através de estacas tipo raiz, possibilitando então, que fossem executadas as estacas
na profundidade necessária, de 8 (oito) a 12 (doze) metros de profundidade, sendo ao total 113
estacas, de ø25mm e ø40mm, conforme Figura 14.
A execução das estacas tipo raiz foi feita utilizando o equipamento BS 450, bem como
equipamentos complementares como compressor, para bombeamento da argamassa estrutural,
do enchimento da estaca, gerador de energia e diesel, para o funcionamento do compressor.
29

Figura 14 - Tabela Estacas Raiz Projeto Inicial

Fonte: Carpeggiani, adaptado pela autora (2022)

Conforme Tabela 3, segue descrição das estacas raiz previstas no projeto inicial:

Tabela 3 - Estacas Raiz


Pilar Referência Ø Estaca Qtd. Estacas Comprimento
P01, P02, P03, P04, P05, P06, P07, P08, P12, P13, P16, P19, 40 cm 49 10,70 m
P20, P24, PC13
P09 25 cm 5 9,65 m
P10 25 cm 6 10,00 m
P11, P17 40 cm 12 10,30 m
P14, P15 40 cm 6 9,90 m
P18 40 cm 6 10,10 m
P21, P22 40 cm 7 9,75 m
P23 40 cm 2 10,95 m
PC01, PC02, PC03, PC04, PC05, PC06, PC07, PC08, PC10, 25 cm 12 7,60 m
PC15, PC16, PC17
PC09, P109, P110, P111, P112 25 cm 5 7,00 m
PC11, PC14 25 cm 2 11,60 m
PC12 25 cm 1 10,70
Fonte: elaborado pela autora (2022)

Conforme Figura 15, segue a distribuição do projeto inicial das estacas raiz, com seus
respectivos pilares:
30

Figura 15 - Projeto Inicial Estacas

Fonte: Carpeggiani, adaptado pela autora (2022)


31

4.4 INTERCORRÊNCIAS

Ao ser iniciada a execução das estacas raiz, pela empresa Estaq – Sondagens e
Fundações, foi identificada no solo uma camada de seixo, de grandes dimensões, medindo até
trinta centímetros, conforme Figura 16 e Figura 17, na área de execução.

Figura 16 - Seixo

Fonte: elaborado pela autora (2022)


32

Figura 17 - Seixo

Fonte: elaborado pela autora (2022)

O trado do equipamento BS 450, Figura 18, penetrava o solo até a profundidade


desejada, porém, ao sair para que fosse injetada a argamassa estrutural, as paredes do furo,
constituída por argila e camada de seixo, desmoronava, fazendo com que, para cada estaca, o
equipamento necessitasse perfurar inúmeras vezes para a remoção do material, tornando
inviável para o cronograma da obra dar continuidade com este método de execução.
33

Figura 18 - Equipamento BS 450

Fonte: elaborado pela autora (2022)

Tendo em vista a insustentabilidade de manter a execução através deste método, e o


conhecimento de que o solo rochoso constatado em sondagem se tratava de camada de seixo, e
não rocha sã, a equipe de engenharia da obra juntamente com a equipe de projetistas da
Carpeggiani, reelaboraram o projeto de fundações, passando as estacas que ainda não haviam
sido executadas para estacas tipo hélice continua.
34

Foi possível a execução das estacas tipo raiz, relativas ao projeto inicial, conforme
Figura 19:

Figura 19 - Tabela Estacas Raiz Executadas

Fonte: Carpeggiani, adaptado pela autora (2022)

4.5 ALTERAÇÕES DE PROJETO

As alterações de projeto de estacas tipo raiz para estacas tipo hélice continua foram
feitas considerando e mantendo as estacas que conseguiram ser executadas como estaca raiz,
sendo assim, apenas as demais foram alteradas para estacas tipo hélice continua.
Foi levado em consideração para a mudança do tipo de estaca o conhecimento de que
não se tratava de solo rochoso, e sim camada de seixo existente no local. Sendo assim, possível
a execução das estacas tipo hélice contínua.
A mudança de tipo de estaca e o dimensionamento causou alteração em
dimensionamento de blocos de fundação, vigas de baldrame, aumento na dimensão das estacas,
causando maior consumo do enchimento, que era argamassa estrutural e passou a ser concreto
usinado; porém, menor consumo de aço, devido as estacas tipo hélice continua terem um
comprimento de aço de apenas quatro metros; maior equipamento para possibilitar a execução
das estacas hélice continua.
35

Conforme Tabela 4, segue demonstrativo de como ficaram as estacas da edificação após


as alterações de projeto, considerando todas as estacas, tanto as estacas tipo raiz quanto as
estacas tipo hélice continua:

Tabela 4 - Estacas Raiz e Hélice Contínua

Pilar Tipo DN Estaca Qtd. Estadas Comprimento Estacas


P01, P02, P03, P04, P05, P07, P08, Hélice 60 cm 42 8,70 m
P12, P13, P16, P19, P20, PC13
P06, P24 Raiz 40 cm 7 10,70 m
P09 Raiz 25 cm 5 9,65 m
P10 Raiz 25 cm 6 10,00 m
P11 Raiz 40 cm 6 10,30 m
P14, P15 Hélice 60 cm 6 7,90 m
P17 Hélice 60 cm 6 8,30 m
P18 Hélice 60 cm 6 8,15 m
P21, P22 Hélice 60 cm 7 7,75 m
P23 Hélice 60 cm 2 8,95 m
PC01, PC02, PC03, PC04, PC05, Raiz 25 cm 12 7,60 m
PC05, PC06, PC07, PC08, PC10,
PC15, PC16, PC17
PC09, P109, P110, P111, P112 Raiz 25 cm 5 7,00 m
PC11, PC14 Raiz 25cm 2 11,60 m
PC12 Raiz 25 cm 1 10,70 m

Fonte: elaborado pela autora (2022)

Conforme Figura 20, Figura 21 e Figura 22, é possível visualizar a diferença na projeção
da armadura entre as estacas tipo raiz e as estacas tipo hélice continua, onde, enquanto nas
estacas tipo raiz, de ø25cm e ø40cm a armadura contempla toda a profundidade da estaca,
composta por 4 (quatro) e 6 (seis) barras longitudinais, mais estribos, na estaca tipo hélice
contínua, de ø60cm a armadura contempla apenas os primeiros 4 (quatro) metros de estaca a
partir da superfície, composta então por 10 (dez) barras longitudinais, mais estribos :
36

Figura 20 - Detalhe Armadura Estaca Raiz

Fonte: Carpeggiani, adaptado pela autora (2022)

Figura 21 - Detalhe Armadura Estaca Raiz

Fonte: Carpeggiani, adaptado pela autora (2022)


37

Figura 22 - Detalhe Armadura Estaca Hélice Contínua

Fonte: Carpeggiani, adaptado pela autora (2022)

Devido ao aumento de diâmetro das estacas, foi necessária a colocação de mais barras
longitudinais e consequentemente o aumento no comprimento dos estribos, porém, é possível
observar que o consumo de aço entre os tipos de estaca são em mais que 50% (cinquenta por
cento) de diferença, devido as estacas tipo hélice continua não receberem a armadura ao longo
de todo seu comprimento, como acontece com as estacas tipo raiz, conforme Tabela 5 e Tabela
6:
Tabela 5 - Resumo Aço Projeto Inicial
Ø (mm) Comp. Total (m) Peso Unit. (kg/m) Peso Total (kg)
5,0 4.039,00 0,154 622,00
16,0 1.454,90 1,578 2.295,83
20,0 5.540,70 2,466 13.663,37
16.581,20
Fonte: elaborado pela autora (2022)

Tabela 6 - Resumo Aço Projeto Alterado


Ø (mm) Comp. Total (m) Peso Unit. (kg/m) Peso Total (kg)
5,0 1.134,00 0,154 174,64
6,3 2.394,00 0,245 586,53
16,0 1.414,00 1,578 2.231,29
20,0 2.028,00 2,466 5.001,05
7.993,51
Fonte: elaborado pela autora (2022)
38

Conforme Figura 23, apresenta-se a nova distribuição das estacas após as alterações de
projeto:
Figura 23 - Projeto Alterado Estacas

Fonte: Carpeggiani, adaptado pela autora (2022)


39

Para a execução das estacas tipo hélice continua, foi utilizado o equipamento EM800/24,
um equipamento maior e com trados de maior diâmetro, que injeta o enchimento da estaca, o
concreto, através de tubo central, simultaneamente a sua saída do furo, conforme Figura 24:

Figura 24 - Equipamento EM800/24

Fonte: elaborado pela autora (2022)


40

4.6 VISÃO GERAL – ESTACAS EXECUTADAS

Conforme figura, mapeamento das estacas executadas, em azul, estacas tipo raiz, em
vermelho, estacas tipo hélice contínua:
Figura 25 - Estacas Executadas

Fonte: Carpeggiani, adaptado pela autora (2022)


41

4.7 IMPACTOS

Os impactos gerados à obra por conta das intercorrências e alterações de projeto são no
que diz respeito ao cronograma da obra, o tempo de execução, bem como custo mão de obra e
equipamentos; custo e consumo do enchimento da estaca (argamassa x concreto usinado) e
consumo de aço.

4.7.1 Cronograma

As alterações de projeto causaram um atraso inicial no cronograma, na etapa de


fundações, porém, conforme Figura 26, esse atraso foi absorvido ao longo dos 10 (dez) meses
de obra após a finalização das estacas. Estando agora, na execução dos pilares do 10°
pavimento.

Figura 26 - Cronograma

Fonte: elaborado pela autora (2022)

4.7.2 Tempo de Execução Estacas Tipo Raiz x Estacas Tipo Hélice Contínua

Foi possível observar uma diferença considerável no tempo de execução entre as estacas
raiz e hélice continua. Levando a um total de 27 dias trabalhados para a execução das 113
estacas previstas em projeto. Conforme Tabela 7, extraído das planilhas de medição:
42

Tabela 7 - Planilha de medição referente aos serviços executados pela NQ Engenharia de Solos e Fundações
N° estacas Período (dias) Média (estacas/dia)
Estaca Raiz ø25cm 30 11 2,7
Estaca Raiz ø40cm 14 8 1,75
Estaca Hélice Contínua ø60cm 69 8 8,6
113 27 4,2

Fonte: elaborado pela autora (2022)

4.7.3 Consumo/Custo Argamassa Estrutural x Concreto Usinado

Foi possível observar uma diferença considerável no valor gasto com a argamassa
estrutural e o concreto usinado. Sendo, para a estava raiz o uso de argamassa estrutural (de
cimento e areia), com Fck=20Mpa, e para hélice continua concreto usinado bombeado
Fck=30Mpa. Conforme Tabela 8, extraído das planilhas de medição:

Tabela 8 - Pedidos de Compra referente aos serviços executados pela NQ Engenharia de Solos e Fundações
Volume Total Consumido Valor Unitário Valor Total (R$)
Argamassa 20Mpa 128.700,00 kg 0,665 R$/kg 85.585,50
Concreto Usinado 30Mpa 235,52 m³ 194,10 R$/m³ 45.714,43
131.299,93
Fonte: elaborado pela autora (2022)

4.7.4 Custo Execução Estacas Tipo Raiz x Estacas Tipo Hélice Continua

Foi possível observar uma diferença considerável no valor gasto com a mão de obra
(mão de obra e equipamentos) entre as estacas tipo raiz e as estacas tipo hélice continua.
Conforme Tabela 9, valores referência, de contrato, para a medição:

Tabela 9 - Valores de referência para medição referente aos serviços executados pela NQ Engenharia de Solos e
Fundações
Perfuração
Solo (R$/m) Rocha (R$/m)
Estaca Raiz ø25cm 142,50 275,50
Estaca Raiz ø40cm 180,50 380,00
Estaca Hélice Contínua ø60cm 103,97
Fonte: elaborado pela autora (2022)

De acordo com os valores de referência, tem-se, conforme Tabela 10, o custo de


execução das estacas raiz e hélice contínua do empreendimento:
43

Tabela 10 - Pedidos de Compra referente aos serviços executados pela NQ Engenharia de Solos e Fundações
Solo Rocha Total
Perfuração
Estaca Prof. (m) Valor (R$) Prof. (m) Valor (R$) Prof. (m) Valor (R$)
Estaca Raiz ø25mm 161,89 23.069,32 129,06 35.556,03 290,95 58.625,35
Estaca Raiz ø40mm 75,76 13.674,68 78,00 29.640,00 153,76 43.314,68
Estaca Hélice Continua
- - - - 833,39 86.647,56
ø60mm
1.278,10 188.587,59
Fonte: elaborado pela autora (2022)

Além dos valores de mão de obra, equipamentos e insumos de injeção das estacas, houve
também alguns elementos adicionais para que fosse possível a execução das estacas, conforme
Tabela 11:

Tabela 11 - Pedidos de Compra referente aos serviços executados pela NQ Engenharia de Solos e Fundações
Estaca Estaca Raiz Estaca Hélice Contínua
Adicional
Compressor R$ 20.000,00 -
Fornecimento de Diesel R$ 18.580,00 -
Gerador de Energia R$ 4.343,00 -
Mobilização/Desmobilização Equipamento R$ 11.400,00 R$ 11.400,00
Total Adicionais R$ 54.323,00 R$ 11.400,00
Fonte: elaborado pela autora (2022)

4.7.5 Consumo/Custo Aço Projeto Inicial x Projeto Alterado:

Foi possível observar uma diferença considerável no consumo de aço entre os dois tipos
de estacas. Conforme Tabela 12 e Fonte: elaborado pela autora (2022)

Tabela 13, consumo e custo total de aço para a execução das estacas:

Tabela 12 - Consumo x Custo Aço Projeto Inicial


Ø Comp. Total (m) Peso Unit. (kg/m) Peso Total (kg) Custo Unit. Custo Total (R$)
(mm) (R$/kg)
5,0 4.039,00 0,154 622,00 9,11 5.666,42
16,0 1.454,90 1,578 2.295,83 7,06 16.208,56
20,0 5.540,70 2,466 13.663,37 7,06 96.251,59
16.581,20 118.126,57
Fonte: elaborado pela autora (2022)
44

Tabela 13 - Custo x Consumo Aço Projeto Alterado


Ø (mm) Comp. Total Peso Unit. (kg/m) Peso Total (kg) Custo Unit. Custo Total
(m) (R$/kg) (R$)
5,0 1.134,00 0,154 174,64 9,11 1.590,97
6,3 2.394,00 0,245 586,53 7,93 4.651,18
16,0 1.414,00 1,578 2.231,29 7,06 15.752,90
20,0 2.028,00 2,466 5.001,05 7,06 35.307,41
7.993,51 57.302,46
Fonte: elaborado pela autora (2022)

4.8 SITUAÇÃO ATUAL DA OBRA

Atualmente a obra encontra-se realizando a supra estrutura do 9° pavimento, Figura 27,


com as alvenarias dos pavimentos térreo, 2°, 3°, 4° e 5° concluídas, executando as alvenarias
do 6° pavimento, com o encunhamento dos pavimentos térreo, 2°, 3° e 4° concluído, executando
chapisco e reboco nos pavimentos térreo e 2°, executando instalações elétricas e hidros
sanitárias no 3° pavimento.
Figura 27 - Situação Atual da Obra

Fonte: elaborado pela autora (2022)


45

4.9 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Foi possível analisar na execução da fundação profunda do empreendimento


Hemingway as diferenças de consumo de materiais, mão de obra, equipamentos e tempo para
a execução entre os dois tipos de estacas executados.
Com relação ao consumo de aço, as estacas tipo raiz tiveram um consumo maior de aço
para executar 44 (quarenta e quatro) estacas do que as estacas tipo hélice continua para executar
69 (sessenta e nove) estacas.
Com relação ao tempo de execução, as estacas tipo raiz tiveram uma produtividade 4
(quatro) vezes menor que as estacas tipo hélice continua.
Com relação ao material de enchimento das estacas, as estacas tipo raiz, preenchidas
com argamassa estrutural, tiveram um custo próximo ao dobro do custo para o enchimento das
estacas tipo hélice continua, preenchidas com concreto usinado.
Com relação à mão de obra e equipamento para a perfuração das estacas, o custo para
executar 44 (quarenta e quatro) estacas tipo raiz, se equivale ao custo para executar 69 estacas
tipo hélice continua.
Com relação aos custos com equipamentos adicionais que possibilitassem a execução
das estacas, as estacas tipo hélice continua tem um custo 5 (cinco) vezes superior aos adicionais
para a execução das estacas tipo hélice continua.
46

5 CONCLUSÕES

Este trabalho teve por objetivo verificar as fundações profundas, composta por estacas,
raiz e hélice continua, do empreendimento Hemingway, localizado em Canoas – RS, como um
estudo de caso.
Desta forma, inicialmente, apresentamos e estudamos o tipo de fundação definido para
a edificação, composto por estacas raiz, devido a presença de solo rochoso detectada na
sondagem inicial do tipo SPT realizada no local, pois este tipo de estaca, poderia ser executada
perfurando este tipo de solo.
Porém durante a execução das estacas raiz, foi identificado que se tratava de camada de
seixo, o que impossibilitou a execução das estacas raiz devido aos desmoronamentos que
ocorriam durante as tentativas de executa-las. A partir destes acontecimentos e informações
coletadas foi então feita uma reanálise do projeto com a segunda sondagem, do tipo rotativa,
passando então, para estacas tipo hélice continua.
Todos estes acontecimentos geraram impactos na obra, inicialmente com o atraso
devido à baixa produtividade obtida das estacas raiz devido os desmoronamentos, seguido da
paralisação das atividades para desmobilização dos equipamentos e equipe para que fossem
recebidos os novos equipamentos e nova equipe. Porém, conforme mostrado neste trabalho, no
aspecto financeiro, foi vantajoso à empresa, pois os custos de execução, equipamentos e
materiais aplicados para a execução das estacas tipo hélice continua são inferiores aos custos
gerados pela execução das estacas tipo raiz, tendo ao final de sua execução, a empresa tendo
feito economia.
Com relação ao cronograma da obra, conforme mostrado, inicialmente a obra sofreu um
retardo, porém já foi possível alcançar as perspectivas inicias do planejamento, estando
atualmente executando a supraestrutura do 9° pavimento. Tendo sido então, o atraso inicial,
gerado pela execução das estacas raiz, absorvido ao longo dos 12 (doze) meses de obra.
Desta forma, os objetivos do trabalho foram atingidos, bem como a questão de pesquisa
foi respondida, uma vez que foram mostrados todos os fatores que influenciaram a mudança do
processo construtivo e todas as intercorrências que surgiram durante os procedimentos.
Finalizando o estudo de caso, tendo ainda poder ter participado de toda a execução
ajudou muito na minha formação como estudante de engenharia civil e ajudara ainda ao longo
da minha vida profissional como engenheira civil.
47

Como sugestão para trabalhos futuros, que sejam estudados mais casos referente a
execução de fundações e as razões pelas quais se é definido cada tipo de estaca, ainda mais se
tratando de um campo tão rico dentro da engenharia.
48

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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6.484. Rio de Janeiro, 2001.

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VELLOSO, D. A.; LOPES, F. R. Fundações: fundações profundas. São Paulo: Oficina de


Textos, 2010.

VELLOSO, D. A.; LOPES, F. R. Fundações: volume completo. São Paulo: Oficina de Textos,
2011.

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