Você está na página 1de 113

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

MARIA EDUARDA SPONHOLZ LEAL


PRISCILA CHINI

A IMPORTÂNCIA DO USO DA SONDAGEM EM PROJETOS DE


FUNDAÇÕES

Palhoça
2020
MARIA EDUARDA SPONHOLZ LEAL
PRISCILA CHINI

A IMPORTÂNCIA DO USO DA SONDAGEM EM PROJETOS DE


FUNDAÇÕES

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Engenharia Civil
da Universidade do Sul de Santa Catarina
como requisito parcial à obtenção do título
de Bacharel.

Orientador: Profa. Fernanda Soares de Souza Oliveira, M.sc.

Palhoça
2020
1
2
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pela saúde е força, para superar as dificuldades durante


este período de luta.
Aos meus professores, que repassaram seus ensinamentos, em especial a
nossa orientadora, Prof.ª Fernanda Soares de Souza, pela ajuda, e por compartilhar
seu conhecimento, para a conclusão deste trabalho.
A Construtora que nos forneceu os dados possibilitando a realização deste
estudo.
Aos meus pais, José e Magali, pelo exemplo de vida, de força e superação.
Aos meus sogros José e Terezinha e a minha cunhada Andreza e sua família
pelos cuidados com o meu bem mais precioso, minha filha nos momentos em que
me dediquei a este estudo.
A minha querida Paula, que de maneira muito especial contribuiu para nosso
trabalho.
A minha amiga e colega de TCC Maria Eduarda, pelos momentos
compartilhados, muitos deles divertidos, pela troca de conhecimentos e vivências, e
pela ajuda durante todo o caminho percorrido e espero que nossa parceria prospere
para a vida.
Ao meu esposo Anderson e minha pequena e amada Isabeli, por serem meu
porto seguro, meu pilar, meu apoio, a razão da minha força de vontade, para lutar e
seguir meu caminho profissional.
E espero um dia poder recompensar toda a ajuda recebida destas pessoas,
muito queridas e especiais para mim, muito obrigado!

Priscila

3
AGRADECIMENTOS

Um agradecimento especial aos meus pais por toda compreensão e paciência


demonstrada ao longo do curso. Por me incentivarem e me compreenderem ao
longo desta caminhada, sempre me ajudando a continuar em busca dos meus
objetivos e me apoiando em todos os momentos.
Um agradecimento especial a Cris e ao Luís por todos os conselhos dados
durante esta etapa, e mesmo longe se fazendo sempre presentes.
Meu sincero agradecimento a minha dupla e amiga Priscila Chini por tornar
incansáveis horas de trabalho mais leves e divertidas. Sou muito grata por este
projeto, e por outros que estão por vir, com essa parceira que conheci no final de
minha graduação e levarei para vida.
Agradecimento especial a todos os professores pelo compartilhamento de
seus conhecimentos e a todos os funcionários da Unisul que tornaram minha
graduação possível.
Um agradecimento especial á nossa professora orientadora, Eng. Fernanda
Soares de Sousa Oliveira, Msc por sua sabedoria, ajuda e conselhos.
Agradeço aos meus amigos que me ajudaram e acompanharam ao longo
desta jornada, em especial a Isabela, a Julia, e a Elisandra.
Agradeço a construtora por nos passar todos os dados necessários para
realização deste estudo de caso.

Maria Eduarda

4
"Seja você quem for, seja qual for a posição social que você tenha na vida, a
mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação
e sempre faça tudo com muito amor e com muita fé em Deus, que um dia você
chega lá. De alguma maneira você chega lá."

Ayrton Senna

5
RESUMO

O reconhecimento do subsolo para o dimensionamento de fundações de uma obra


civil é de extrema importância, visto que as avaliações geológico-geotécnicas
proporcionam maior assertividade e confiabilidade no projeto. No Brasil, o Standard
Penetration Test (SPT) é a ferramenta mais utilizada para investigação de solo,
permitindo identificar a densidade de solos granulares, a consistência de solos
coesivos, a presença de rochas, além do nível de água no terreno. Outro estudo,
que está cada vez mais sendo realizado, é a sondagem Geofísica Elétrica. Esta
sondagem possibilita a para investigação de blocos rochosos, e sua integração aos
dados de sondagens mecânicas, vem contribuindo efetivamente para a
caracterização da subsuperfície. Este trabalho tem por objetivo ressaltar a
importância do uso das sondagens para obras de fundação, avaliando os possíveis
ganhos de informações obtidas através da complementação da campanha da
sondagem SPT por meio da sondagem geofísica. Utilizou-se como objeto de estudo
de caso, a obra de um empreendimento comercial localizado em Florianópolis às
margens da SC-401. Durante execução das estacas constatou-se uma possível
interferência, e através da sondagem geofísica pôde-se identificar a ocorrência de
matacões que não foram previamente verificados nas sondagens SPT.
Consequentemente foi-se necessário alterar o projeto de fundações. Elaborou-se
perfis de análise baseados nas informações das campanhas de sondagem, realizou-
se a interpretação da correlação das mesmas, além de, um comparativo entre o
projeto de fundação inicial e o executado, buscando quantificar a mudança com o
reforço da fundação. Com isso, verificou-se que o projeto teve um acréscimo médio
de 408,5 metros de estacas hélice contínua, aumentando sua capacidade de carga
em 3.308 Tf. Portanto, foi possível concluir que a realização de sondagens de
reconhecimento do solo para projetos de fundações é imprescindível, e que o uso da
SPT aliada a Geofísica mostrou-se um método eficaz para a determinação do solo
heterogêneo, possibilitando a caracterização da subsuperfície com maior precisão,
permitindo a identificação do posicionamento e da profundidade dos blocos de rocha
presentes na região.

Palavras Chaves: Sondagem Geofísica. Sondagem à Percussão (SPT). Fundação.

6
ABSTRACT

In civil engineering, the recognition of the subsoil is essential for dimensioning


foundations once the geological-geotechnical assessments have a major impact on
the safety and reliability of the project. The most commonly used process to perform
soil investigations in Brazil is the Standard Penetration Test (SPT), which allows the
identification of density of granular soils, consistency of cohesive soils, and the
presence of rocks, besides water levels underground. Another widely spread method
that has gained popularity is the Geophysical survey for the investigation of rock
blocks, which combined with data from mechanical surveys has been effectively
contributing to the characterization of the subsurface. This work aims to emphasize
the importance of conducting soil surveys for foundation works and to evaluate the
gain of information that can be obtained from combining SPT survey campaigns with
geophysical surveys. It consists of a case study, from the construction site of a
commercial enterprise, located in Florianópolis, Santa Catarina, near SC-401. The
study involves bibliographical research on soils, foundations, and executive methods
of drilling. Based on information acquired from drilling campaigns, analysis profiles
were developed, and the correlation between such campaigns was evaluated. In
addition to that, a comparison between the initial and the executed foundation project
was made, aiming to quantify the changes in the strengthening of the foundation. It
was found that the project had an average increase of 408.5 meters of auger cast
piles, increasing its load capacity by 3,308 Tf. That brings to the conclusion that the
proper conduction of soil recognition surveys is essential for foundation projects, and
the use of SPT combined with Geophysics, provides an effective method to
determinate heterogeneity of soil, allowing to characterize the subsurface with
greater precision and to identify the position and depth of the rock blocks present in
the area.

Keywords: Geophysical survey. Standard Penetration Test (SPT). Foundations.

7
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Esquema dos horizontes e sub-horizontes de formação dos solos ........... 19


Figura 2 - Processo de formação dos solos. ............................................................. 20
Figura 3 - Como materiais de origem são formados, transportados e depositados. . 21
Figura 4 - Classificação das partículas. ..................................................................... 23
Figura 5 - Curva Granulométrica. .............................................................................. 24
Figura 6 - Diferenças Granulométricas...................................................................... 24
Figura 7 - Gráfico de plasticidade de Casagrande. ................................................... 27
Figura 8 - Esquema do Piezômetro de Tubo Aberto ou Casagrande ........................ 30
Figura 9 - Equipamento de Sondagem ...................................................................... 32
Figura 10 - Exemplo de relatório de SPT. ................................................................. 34
Figura 11 - Exemplo do métodos de cálculo para RQD. ........................................... 35
Figura 12 - Seção GPR ............................................................................................. 37
Figura 13 - Perfil esquemático de um levantamento utilizando o método de
Eletrorresistividade. ................................................................................................... 38
Figura 14 - Perfil de Sondagem Geofísica – Método de Eletrorresistividade. ........... 39
Figura 15 - Classificação dos principais tipos de estacas pelo método executivo..... 43
Figura 16 - Formato de Estacas de Concreto............................................................ 44
Figura 17 - Emenda de estacas pré-moldadas por luvas de aço (a) soldadas e (b)
encaixadas. ............................................................................................................... 45
Figura 18 - Anel metálico que recebe a solda da emenda das estacas. ................... 45
Figura 19 - Sequência executiva da Hélice Contínua................................................ 47
Figura 20 - Tipos de trados e lâminas de corte. ........................................................ 47
Figura 21 - Sequência executiva de estaca Raiz. ..................................................... 48
Figura 22 - Fluxograma das etapas da pesquisa. ..................................................... 50
Figura 23 - Mapa de Localização. ............................................................................. 52
Figura 24 - Regiões Furo de Sondagem ................................................................... 53
Figura 25 - Perfil de solo 01 baseado na sondagem SPT. ........................................ 56
Figura 26 - Perfil de solo 02 baseado na sondagem SPT. ........................................ 57
Figura 27 - Perfil de solo 02 baseado na sondagem SPT. ........................................ 58
Figura 28 - Locação das Linhas da Sondagem Geofísica e SPT. ............................. 59
Figura 29 - Linha A - Sondagem Geofísica ............................................................... 60

8
Figura 30 - Linha B - Sondagem Geofísica ............................................................... 60
Figura 31 - Linha C - Sondagem Geofísica ............................................................... 61
Figura 32 - Linha D - Sondagem Geofísica ............................................................... 61
Figura 33 - Linha E - Sondagem Geofísica ............................................................... 62
Figura 34 – Distância entre a Sondagem Geofísica e SPT. ...................................... 63
Figura 35 - Linha A x SPT-08 .................................................................................... 64
Figura 36 - Gráfico comparativo Linha A x SPT-08. .................................................. 65
Figura 37 - Linha B x SPT-08 .................................................................................... 66
Figura 38 - Gráfico comparativo Linha B x SPT-08 ................................................... 67
Figura 39 - Linha C x SPT-09 .................................................................................... 68
Figura 40 - Gráfico comparativo Linha C x SPT-09 ................................................... 69
Figura 41 - Linha D x SPT-06 .................................................................................... 70
Figura 42 - Gráfico comparativo Linha D x SPT-06. .................................................. 71
Figura 43 - Linha E x SPT-07 .................................................................................... 72
Figura 44 - Gráfico comparativo Linha E x SPT-07 ................................................... 73
Figura 45 - Preparação do solo para retirada das rochas ......................................... 74
Figura 46 - Preparação do solo para retirada das rochas. ........................................ 75
Figura 47 - Blocos de rocha encontrados. ................................................................. 76
Figura 48 - Blocos de rocha encontrados. ................................................................. 76
Figura 49 - Blocos de rocha encontrados. ................................................................. 77
Figura 50 - Rochas a serem implodidas. ................................................................... 78
Figura 51 - Detonação dos blocos de rocha. ............................................................. 78
Figura 52 - Detonação dos blocos de rocha. ............................................................. 79
Figura 53 - Estaca hélice continua para perfuração do solo ..................................... 80
Figura 54 - Montagem dos blocos de fundação. ....................................................... 80
Figura 55 - Blocos de fundação executados. ............................................................ 81
Figura 56 - Planta do projeto inicial ........................................................................... 82
Figura 57 - Planta do projeto executado. .................................................................. 83
Figura 58 - Croqui do Projeto Inicial (a) e Execução (b) - Blocos P7A, P8A e P9A... 85
Figura 59 - Croqui do Projeto Inicial (a) e Execução (b) - Blocos P10A e PJ2. ......... 86
Figura 60 - Croqui do Projeto Inicial (a) e Execução (b) - Blocos P11A, P12A e P13A.
.................................................................................................................................. 87

9
Figura 61 - Croqui do Projeto Inicial (a) e Execução (b) - Blocos P14A, P15A e P16A.
.................................................................................................................................. 88
Figura 62 - Croqui do Projeto Inicial (a) e Execução (b) - Blocos P17A, P18A e PJ3.
.................................................................................................................................. 89
Figura 63 - Croqui do Projeto Inicial (a) e Execução (b) - Blocos P19A e P20A. ...... 90
Figura 64 - Croqui do Projeto Inicial (a) e Execução (b) - Blocos P22A, P23A e PJ4.
.................................................................................................................................. 91
Figura 65 - Análise aprofundada do SPT-08 e Bloco P3A. ....................................... 93
Figura 66 - Análise aprofundada do SPT-08 e Bloco P8A. ....................................... 94
Figura 67 - Análise aprofundada do SPT-06 e Bloco P18A. ..................................... 95
Figura 68 - Análise aprofundada do SPT-08 e Bloco P4A ........................................ 96
Figura 69 - Análise aprofundada do SPT-07 e Bloco P20A. ..................................... 97

10
LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Classificação dos solos ............................................................................. 33


Tabela 2- Índice de qualidade da rocha - RQD ........................................................ 36
Tabela 3 - Faixas de variação da Resistividade dos solos mais comuns. ................. 39
Tabela 4 - Quantidades mínimas de Sondagem ....................................................... 41

11
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Classificação SUCS. ............................................................................... 26


Quadro 2 - Classificação TRB. .................................................................................. 28
Quadro 3 – Levantamento quantitativo de estacas Projeto x Execução. .................. 92

12
LISTA DE SIGLAS

ABCP: Associação Brasileira de Cimento Portland


ABGE: Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental
ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas
CE: Caminho elétrico
DNIT: Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte
GPR: do inglês Ground Penetrating Radar
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MASW: do inglês Multichannel Analysis of Surface Waves
NBR: Norma Brasileira
RQD: do inglês Rock Quality Designation
SPT: do inglês Standard Penetration Test
SUCS: Sistema Unificado de Classificação de Solos
SVE: Sondagem elétrica vertical
TRB: do inglês Transportation Research Board System

13
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 16
1.1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 16
1.1.1 Objetivo Geral: ................................................................................................. 16
1.1.2 Objetivos Específicos: ...................................................................................... 17
1.2 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 17
1.3 APRESENTAÇÃO DO CONTEÚDO ................................................................... 17
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 19
2.1 SOLOS ................................................................................................................ 19
2.2 CLASSIFICAÇÃO DO SOLO QUANTO A ORIGEM ........................................... 20
2.2.1 Classificação Geotécnica ................................................................................. 21
2.2.2 Classificação Pedológica.................................................................................. 21
2.3 CLASSIFICAÇÃO DO SOLO .............................................................................. 22
2.3.1 Diâmetro das Partículas ................................................................................... 22
2.3.2 Sistema Unificado de Classificação de Solos................................................... 25
2.3.3 TRB .................................................................................................................. 27
2.4 INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA PARA FUNDAÇÕES ....................................... 28
2.4.1 Piezômetro ....................................................................................................... 29
2.4.2 SPT .................................................................................................................. 31
2.4.3 Mista ................................................................................................................. 34
2.4.4 Sondagem Geofísica ........................................................................................ 36
2.4.5 Quantidades de sondagens pela norma ........................................................... 40
2.5 TIPOS DE FUNDAÇÕES .................................................................................... 41
2.5.1 Estacas Pré-Moldadas em Concreto Armado .................................................. 43
2.5.2 Hélice Contínua ................................................................................................ 46
2.5.3 Estaca Raiz ...................................................................................................... 48
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 50
4 RESULTADOS ....................................................................................................... 52
4.1 ANÁLISE DA SONDAGEM À PERCUSSÃO – SPT ............................................ 53
4.1.1 SPT-06 ............................................................................................................. 54
4.1.2 SPT-07 ............................................................................................................. 54
4.1.3 SPT-08 ............................................................................................................. 54

14
4.1.4 SPT-09 ............................................................................................................. 55
4.2 PERFIL DE SOLO SEGUNDO SPT .................................................................... 55
4.3 ANÁLISE DA SONDAGEM GEOFÍSICA ............................................................. 57
4.4 CORRELAÇÃO ENTRE SPT E GEOFÍSICA ...................................................... 62
4.4.1 Linha A x SPT-08 ............................................................................................. 63
4.4.2 Linha B x SPT-08 ............................................................................................. 66
4.4.3 Linha C x SPT-09 ............................................................................................. 68
4.4.4 Linha D x SPT-06 ............................................................................................. 69
4.4.5 Linha E x SPT-07 ............................................................................................. 72
4.5 FOTOS DA OBRA ............................................................................................... 74
4.6 MUDANÇAS PROJETO DA FUNDAÇÃO E EXECUÇÃO................................... 81
4.7 ANÁLISE DO PERFIL DE SOLO, PROJETO E EXECUÇÃO DA FUNDAÇÃO .. 92
4.7.1 Análise do Bloco P3A com a SPT-08 ............................................................... 93
4.7.2 Análise do Bloco P8A com a SPT-08 ............................................................... 94
4.7.3 Análise do Bloco P18A com a SPT-06 ............................................................. 95
4.7.4 Análise do Bloco P4A com a SPT-08 ............................................................... 95
4.7.5 Análise do Bloco P20A com a SPT-07 ............................................................. 96
5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES ........................................................................... 98
5.1 Conclusões.......................................................................................................... 98
5.2 Sugestões de trabalhos futuros ......................................................................... 100
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 101
Anexos ................................................................................................................... 106
ANEXO A – Perfis de Sondagem à Percussão.................................................... 107

15
1 INTRODUÇÃO

O conhecimento do teor de um subsolo, suas características, sua


classificação geotécnica e pedológica se faz necessário para a execução de obras
de engenharia, principalmente para a escolha de fundações.
O estudo prévio de todos os fatores de um solo pode ser realizado através de
sondagens, pois esse método possibilita classificar o tipo de solo existente a partir
de amostras coletadas em campo, além de verificar o comportamento mecânico
deste solo, através da realização de ensaios de geotecnia.
As sondagens também nos fornecem outras informações, como nível do
lençol freático, profundidade dos horizontes, presença de rochas no perfil do solo, e
determinam a resistência do solo às tensões nele impostas. Informações estas,
muito importantes para a escolha do tipo e o dimensionamento de fundações.
Cabe salientar, que a não realização de estudos de sondagem, antes da
execução de projetos ou a interpretação incorreta de seus resultados, pode trazer
inúmeros prejuízos à uma obra de engenharia, sendo eles, financeiro, necessidade
de ajuste no projeto de fundações, ajuste no cronograma de execução da obra e
atraso na entrega do empreendimento.
Neste trabalho, apresenta-se a importância da realização de estudos
preliminares, como sondagens para a execução de projetos e obras de fundação, e
os problemas causados a uma obra, de um empreendimento imobiliário que está
sendo implantado no município de Florianópolis. Devido a falta de informações do
solo de fundação e a necessidade de complemento nos estudos preliminares,
motivou-se mudança no projeto de fundações necessitando de um reforço e o ajuste
do seu cronograma físico-financeiro.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral:

Verificar a importância do uso da sondagem em projetos de fundações,


através de um estudo de caso da execução da fundação de um prédio comercial na
região de Florianópolis.

16
1.1.2 Objetivos Específicos:

Os objetivos específicos deste trabalho são:


• Elaborar perfil do solo usando dados da Sondagem à Percussão
realizada no local da obra;
• Analisar o perfil do solo usando dados da Sondagem Geofísica e fotos
realizadas na área de estudo;
• Elaborar um perfil comparativo entre os dados da Sondagem SPT e
Geofísica e analisar a sua correlação;
• Verificar a alteração entre o projeto inicial e a execução da fundação
após o complemento da sondagem geofísica;
• Analisar as mudanças na fundação com a proximidade das sondagens
SPT e com a resistividade do perfil Geofísico.

1.2 JUSTIFICATIVA

Este trabalho tem como justificativa demonstrar a extrema importância das


sondagens em obras de engenharia, demonstrando que o modo como estas
investigações são realizadas, pode influenciar em muitos aspectos o decorrer de
uma obra. Ressalta-se que é crucial o cumprimento das normas regulamentadas, o
que na prática nem sempre é seguido gerando muito problemas que poderiam ser
facilmente previstos e evitados.

1.3 APRESENTAÇÃO DO CONTEÚDO

No capítulo 1 são apresentados o objetivo geral e os objetivos específicos,


além da justificativa deste trabalho. No capítulo 2, através da revisão bibliográfica,
são apresentados os conceitos relacionados ao tema de estudo em questão, por
meio de pesquisas em livros, artigos e teses. No capítulo 3 apresenta-se a
metodologia aplicada para o desenvolvimento e realização deste trabalho. No
capítulo 4 são apresentados os resultados destas análises e no capítulo 5 as

17
conclusões das mesmas, além de sugestões para trabalhos futuros a fim de dar
continuidade sobre o assunto pesquisado.

18
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A fim de fundamentar teoricamente o estudo em questão, foram abordados


pontos essenciais para estabelecer relações entre os mais diversos conceitos
geotécnicos e a importância da realização de estudos de sondagens preliminares a
execução de obras de engenharia e principalmente projetos de fundações.

2.1 SOLOS

Segundo Das (2001) o solo é resultado do processo de erosão das rochas. As


propriedades físicas do solo são determinadas primeiramente por meio dos minerais
que constituem suas partículas e, portanto, pela rocha de origem.
A estrutura do solo depende da forma em que as partículas de areia, silte,
argila e pedregulhos estão organizadas, sendo tão importante quanto o tamanho
destas partículas. Quantidades relativas de diferentes tamanhos de partículas dão
forma a textura do solo. Tanto uma quanto outra têm relação direta com movimentos
da água e do ar nos solos influenciando em muitos processos. (BRADY & WEIL,
2013).
É possível observar na Figura 1, um esquema que mostra como os solos da
superfície terrestre estão organizados em camadas. Segundo a pedologia estas
camadas são denominadas horizontes.

Figura 1- Esquema dos horizontes e sub-horizontes de formação dos solos

Fonte: Lepsch (2010).


19
2.2 CLASSIFICAÇÃO DO SOLO QUANTO A ORIGEM

De acordo com Caputo (2016), os solos são originados por processos físicos
e químicos, tais como intemperismo das rochas, desintegração mecânica ou
decomposição química. Estes processos são possíveis através de agentes como
água, temperatura, vegetação e vento, que formam solos tanto de partículas grossas
e intermediárias, quanto de partículas finas em condições especiais. Pode-se dizer
então, que o solo é uma função da rocha-matriz e dos diferentes agentes de
alteração, como exemplificado na Figura 2.

Figura 2 - Processo de formação dos solos.

Fonte: Brady & Weil (2013).

Alguns aspectos que também interferem na formação do solo são, o clima, o


relevo, os organismos, o tempo cronológico e em especial o material de origem.
Estes influenciam no decorrer de sua formação ocasionando diferentes constituições
de solos. (LIMA & LIMA, 2019).

20
2.2.1 Classificação Geotécnica

Na classificação geotécnica os solos são classificados quanto sua origem,


sendo divididos em solos residuais, orgânicos e sedimentares. Esta categorização
leva em consideração apenas a formação do solo, conforme mostra a Figura 3
(BRADY & WEIL, 2013).

Figura 3 - Como materiais de origem são formados, transportados e depositados.

Fonte: Brady & Weil (2013).

Caputo (2016), explica esta divisão da seguinte forma, solos residuais como
sendo o qual ocorre uma transição progressiva do solo até a rocha, conservando-se
no local da rocha de origem. Já os solos sedimentares requerem a ação de agentes
transportadores para sua formação, estes podendo ser aluvionares, eólicos,
coluvionares e glaciares. E os solos de formação orgânica dispõem de essência
orgânica como o próprio nome já diz, podendo ser de plantas, raízes ou conchas.

2.2.2 Classificação Pedológica

A pedologia é vista como uma ciência do solo, que tem por objetivo o estudo
do mesmo em seu habitat natural. Esta ciência trata de aspectos genéticos do solo,

21
de sua formação e origem, da morfologia, mapeamento e também quanto a
classificação dos solos. (LEPSCH, 2011).
Através de levantamentos pedológicos é possível obter dados quanto a
natureza e propriedades do solo, além de características físicas, químicas,
mineralógicas e morfológicas tais como espessura, cor, textura, estrutura,
consistência e transição entre horizontes ou camadas. Estes são essenciais para
reconhecer o potencial ou as limitações de uma área, provendo dados para estudos
de viabilidade técnica e econômica de projetos de uso, manejo e conservação de
solos. (SOUZA, 1995).
Com os dados obtidos através de estudos e análises dos solos, define-se a
identificação da classe pedológica, em latossolo, cambissolo, podzólico, areia
quartzosa, solo orgânico, gleisolos e litólico. (IBGE, 2007).

2.3 CLASSIFICAÇÃO DO SOLO

De acordo com DAS (2001), diferentes tipos de solos com propriedades


similares dependem de seu comportamento para serem classificados em grupos e
subgrupos. Os sistemas de classificação fornecem características gerais que são
infinitamente variadas e sem descrições detalhadas dos solos, que leva em conta a
distribuição granulométrica e limites de consistência.
Para as classificações dos solos, é necessário que haja a realização de
ensaios, alguns simples, outros mais complexos. O objetivo de se caracterizar e
classificar os solos, é poder prever os seus comportamentos, físico, químico e
hidráulico, tanto para mineração, meio ambiente e principalmente para obras de
engenharia. (ABGE,2017).

2.3.1 Diâmetro das Partículas

O tamanho do diâmetro das partículas é uma das primeiras e mais


importantes propriedades para se ter conhecimento, pois a partir dela é possível tirar
muitas conclusões e principalmente compreendermos o comportamento do solo. É
considerada de caráter permanente, pois não está facilmente sujeita a mudanças.

22
Na Figura 4, é possível observar a classificação das partículas de solo, de acordo
com os tamanhos. (BRADY & WEIL, 2013).

Figura 4 - Classificação das partículas.

Fonte: Brady & Weil (2013).

DAS (2011), afirma que através da análise granulométrica, obtém-se a


classificação das partículas. Esta análise faz relação entre o tamanho das por uma
porcentagem de solo seco.
Segundo Caputo (2016), a escala granulométrica brasileira (ABNT), define os
solos em: Pedregulho - conjunto de partículas com diâmetros equivalentes
compreendidos entre 76 e 4,8 mm; areia, entre 4,8 e 0,05 mm; silte, entre 0,05 e
0,005 mm; argila, inferiores a 0,005 m. Para determinação das dimensões e
proporções relativas das partículas, faz se uso da curva granulométrica, apresentada
na Figura 5.

23
Figura 5 - Curva Granulométrica.

Fonte: ABNT NBR NM 248 (2003).

Conforme o formato da curva é possível observar diferentes tipos de


granulometria. Podendo ser definida em contínua, descontinua, uniforme e bem ou
mal graduada, dependendo do predomínio ou não das frações grossas e
porcentagem das frações finas suficiente, conforme mostra a Figura 6 (CAPUTO,
2016).

Figura 6 - Diferenças Granulométricas

Fonte: Caputo (2016).

24
2.3.2 Sistema Unificado de Classificação de Solos

O sistema unificado de classificação dos solos (SUCS) recorre a


características de textura e plasticidade do solo organizando-as de acordo com seu
comportamento. Ele possibilita a identificação de campo, com uma adoção de
simbologia normatizada, no que diz respeito a natureza do solo e no valor prático
das indicações, proporcionando informações para ramos da engenharia tais como
fundações, aterros, estradas e aeroportos, este último sendo o motivo da criação
desta classificação. (DNIT,2006).
Segundo Santos (2006), os solos são distribuídos em 15 grupos
representados por duas letras, onde a primeira corresponde a granulometria e a
segunda condiz com sua plasticidade. Esta ferramenta contribui para a classificação
dos solos além da presença de matéria orgânica o LL, LP e granulometria.
De acordo com esta classificação os solos grossos são classificados
conforme sua curva granulométrica, e o comportamento dos solos finos com a sua
plasticidade. Os solos que têm uma porcentagem maior que 50% retido na peneira
nº 200 é um solo de granulação grossa, e solos onde mais de 50% passam na
peneira nº 200 é considerado um solo de granulação fina. (SILVA, 2009).
Almeida (2005), afirma que em relação a classificação SUCS dos solos:
Os solos estão distribuídos em 6 grupos: pedregulhos (G), areias (S), siltes
inorgânicos e areias finas (M), argilas inorgânicas (C), e siltes e argilas
orgânicos (O). Cada grupo é então dividido em subgrupos de acordo com
suas propriedades índices mais significativos. Os pedregulhos e areias com
pouco ou nenhum material fino são subdivididos de acordo com suas
propriedades de distribuição granulométrica como bem graduado (GW e
SW) ou uniforme (GP e SP). Se o solo (grosso) contém mais que 12% de
finos, suas propriedades devem ser levadas em conta na classificação.
Como a fração fina nos solos pode ter influência substancial no
comportamento do solo, os pedregulhos e areias têm outras duas
subdivisões. Se o solo (grosso) contém 5% a 12% de finos, deverá ser
representado por símbolo duplo: primeiro o do solo grosso (GW, GP, SW,
SP), seguido pelo que descreve a fração fina: ¾ Aqueles com fração fina
silte são GM ou SM. ¾ Se os finos contêm argilas plásticas, os solos são
GC ou SC. ¾ Se os finos são orgânicos, acrescentar “com finos orgânicos”.
¾ Se em pedregulho a areia >15%, acrescentar “com areia”. ¾ Se em areia
o pedregulho ultrapassa 15%, acrescentar “com pedregulho.

Esta classificação pode ser verificada no Quadro 1.

25
Quadro 1 - Classificação SUCS.
Pedregulhos bem
Grãos cobrindo toda escala de graduados, misturas de
GW
granulação areia e pedregulho com
pouco ou nenhum fino.
Pedregulhos Puros
Pedregulhos mal
Predominância de um
graduados, misturas de
tamanho de grão ou GP
pedregulhos e areia com
PEDREGULHOS granulação falhada
pouco ou nenhum fino.
Mais de metade da
Pedregulhos siltosos,
fração grosseirap
Finos não plásticos (ML ou misturas de pedregulhos,
GF
MH) areia e silte mal
Pedregulhos com graduados.
Finos Pedregulhos argilosos,
misturas de pedregulho,
Finos plásticos (CL ou CH) GC
areia e argila bem
graduados.
Areias bem graduadas,
Grãos cobrindo toda escala de areias pedregulhosas,
SW
granulação com pouco ou nenhum
fino.
Areia Pura
Areias mal graduadas,
Predominância de um
Areias areias pedregulhosas,
tamanho de grão ou SP
Mais de metade de com pouco ou nenhum
granulação falhada
fração grosseira fino.
Finos não plásticos (ML ou Areias siltosas, misturas
SF
MH) mal graduadas de areias.
Areia com finos Areias argilosas, misturas
Finos plásticos (CL ou CH) SC bem graduadas de areia e
argila.
Processo de identificação executado sobre a fração < #n°40
RESISTENCIA a A abertura da malha # n°200
Dilatância corresponde aproximadamente á
ENSAIO SECO
(Dilação) – sacudindo na menor partícula visível a olho nu.
EXPEDITO (esmagamento
palma da mão.
pelos dedos)
Siltes inorgânicos e areias
muito finas, alteração de
Nenhuma a
Rápida a lenta ML rocha, areias finas,
pequena
siltosas ou argilosas com
pequena plasticidade.
SILTES E Argilas inorgânicas de
ARGILAS baixa e média
Limite de liquidez plasticidade, argilas
Média a elevada Nenhuma a muito lenta CL
menor que 50 pedregulhosas, argilas
arenosas, argilas siltosas,
argilas magras.
Siltes orgânicos e siltes
Pequena á média Lenta OL argilosos orgânicos de
baixa plasticidade.
Siltes orgânicos, micáceos
ou diatomáceos, finos
Pequena a média Lenta a nenhuma MH
arenosos ou solos
SILTES E siltosos, siltes elásticos.
ARGILAS Argilas inorgânicas, de
Elevada a muito
Limite de liquidez Nenhuma CH alta plasticidade, argilas
elevada
gordas.
Argilas orgânicas de
Média a elevada Nenhuma a muito lenta OH
média e alta plasticidade.
Facilmente identificáveis pela cor, cheiro, porosidade Solos com elevado teor de
TURFAS Pt
e frequentemente pela textura fibrosa matéria orgânica.
Fonte: Milton Vargas (1977) apud Almeida (2005).

26
Na Figura 7, encontra-se o gráfico de plasticidade Casagrande com a
exemplificação da classificação geral.

Figura 7 - Gráfico de plasticidade de Casagrande.

Fonte: Almeida (2005).

2.3.3 TRB

A classificação Transportation Research Board System (TRB) surgiu com o


objetivo de analisar materiais de pavimentação, como base e sub-base,
fundamentando-se na granulometria, limite de liquidez, índice de plasticidade e em
função destes parâmetros divide se os solos em grupos e subgrupos. (SILVA, 2009).
De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte
(DNIT) (2006) a determinação ocorre por um processo de eliminação com sentido da
esquerda para direita no quadro de classificação, este representado na Quadro 2. O
primeiro grupo, seguindo a direção citada anteriormente, com qual os valores do
solo ensaiado coincidir será a classificação correta. Nesta classificação os solos
granulares compreendem os grupos A-1, A-2, A-3 e os solos finos A-4, A-5, A-6, A-7,
conforme apresentado no Quadro 2.

27
Quadro 2 - Classificação TRB.

Fonte: DNIT (2006).

2.4 INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA PARA FUNDAÇÕES

Na engenharia civil, as investigações geotécnicas são imprescindíveis em


qualquer obra, para a compreensão da formação da crosta terrestre no local
escolhido para a execução do projeto. Este processo inicia com a pesquisa
bibliográfica de mapas, seguindo com o estudo de fotografias aéreas e de imagens
orbitais para a execução do mapeamento geológico-geotécnico. (BRITO e GOMEZ,
2018).
Segundo Oliveira e Brito (1998), os dados colhidos em campo através dos
ensaios de investigação geológica, servem para tipificar e caracterizar o solo quanto
aos parâmetros físicos, químicos e biológicos, delimitando espacialmente seus
maciços rochosos, assim como suas características e propriedades geomecânicas.

28
Conhecendo a superfície do local de estudo, torna-se necessário estudar o
seu subsolo, a fim de conhecer quais os tipos de rocha existente e seus elementos
estruturais como, linhas de contato, fraturas, falhas, dobras e etc. (CHIOSSI, 2013).
Um desses métodos de investigações geotécnicas realizado em campo com
precisão é a sondagem. Sua execução é fundamental para definir as diversas
camadas com diferentes propriedades que um solo possui em seu horizonte.
(DELATIN, 2017).
Segundo Galvão et al. (2019), para a estabilização de uma estrutura, é
necessário ter conhecimento do tipo de solo e seu comportamento mecânico em
diferentes circunstâncias, para isso deve-se executar sondagens. Ensaio que
consiste, em coletar amostras de solo e rocha, suficientes em quantidades e
profundidades, para a verificação das informações do solo necessárias a cada fase
do projeto. (DELATIN, 2017).

2.4.1 Piezômetro

A engenharia geotécnica dispõe de um método utilizado para avaliar o


comportamento do nível de água no solo, determinando o coeficiente de
condutividade hidráulica do mesmo, através da instalação de piezômetros.
(PINHEIRO et al., 2018).
Segundo Aguiar et al. (2005), o piezômetro é um equipamento simples,
formado por um tubo, cujo a extremidade inferior pode conter furos no próprio tubo
ou possuir um elemento de cerâmica ou plástico poroso. A Figura 8, mostra um
modelo de piezômetro do tipo Casagrande.

29
Figura 8 - Esquema do Piezômetro de Tubo Aberto ou Casagrande

Fonte: Fonseca (2003).

O piezômetro do tipo Casagrande é largamente utilizado, pois pode ser


instalado diretamente no furo de sondagem, diminuindo custos, facilitando sua
montagem e a execução da medição. (PINHEIRO, et al., 2018).
Inicia-se a execução do método do piezômetro de tubo aberto, determinando
a profundidade desejada para obter a poro-pressão do solo. Após, coloca-se no
fundo do furo material filtrante como areia grossa e brita, próximo ao bulbo do
instrumento e acima dele, coloca-se um selo de bentonita ou solo-cimento para criar
uma camada isolada hidraulicamente, evitando a influência das condições
piezométricas das camadas superiores à célula de areia. A extremidade superior
deverá ficar aberta acessível para executar a medição. (AGUIAR, et al., 2005).
Segundo Cerqueira, et al. (2016), realiza-se a leitura do piezômetro do tipo
Casagrande, através de um sensor elétrico, também chamado de medidor de nível
d’água. Ele é composto por uma trena com sonda elétrica, que emite sinais sonoros
ao obter contato com a água, indicando a representação da carga piezométrica no

30
local da célula de areia, ou seja, indica a altura da coluna d’água no interior desta
tubulação. (CERQUEIRA, 2017).

2.4.2 SPT

Segundo a NBR 6484/2020, o índice de resistência à penetração de um solo


é determinado pelo processo de sondagem SPT. Este ensaio também identifica os
tipos de solo a cada profundidade atingida, além de, determinar a posição do nível
do lençol freático, ou seja, permite coletar informações sobre todas as camadas do
solo atravessadas pelo ensaio.
Para a execução da sondagem, inicia-se com a limpeza da área para
remoção de possíveis obstáculos ao processo, além da abertura de valas para a
drenagem da área em caso de chuvas. (SANTA CATARINA, 2015). Após realiza-se
a locação dos furos, com coordenadas previamente identificadas em planta recebida
da empresa contratante, com piquetes de material apropriado identificados com a
nomenclatura correspondente, os quais servirão de referência para determinação da
cota dos pontos. (NBR 6484, 2020). E a posterior montagem do equipamento para a
realização do ensaio. (SCHNAID, 2000).

31
Figura 9 - Equipamento de Sondagem

Fonte: Schnaid (2000).

O ensaio da sondagem inicia-se com a instalação do trado-concha ou


cavadeira manual até a profundidade de 1 m, depois instala-se o primeiro segmento
do tubo de revestimento, juntamente com a sapata cortante. Após coletar o material
dessa primeira etapa continua-se a perfuração. (NBR 6484, 2020).
Utilizando um conjunto composto por um martelo de 65 kg e um barrilete
amostrador padrão, dá-se continuidade ao ensaio, elevando o martelo a uma altura
de 75 cm com o auxílio de uma corda deixando-o cair em queda livre sobre o
amostrador. (GALVÃO, 2019).
O processo de golpeamento se repete, registrando o número de golpes
necessários para a cravação do amostrador a cada 15 cm no solo, até atingir 45 cm
de profundidade. Então, somando o número de golpes necessários para penetrar o
amostrador nos últimos 30 cm de solo, obtém-se o Índice de Resistência a
Penetração (Nspt). (ARAÚJO, et al., 2016).
Segundo a NBR 6484/2020, a cada metro estudado deve-se retirar do bico do
amostrador padrão, uma amostra de solo e acondicioná-la em um recipiente

32
hermético, identificado conforme obra e número do furo. Esta amostra deverá
permanecer guardada por 60 dias, caso necessária verificação.
As amostras coletadas serão examinadas individualmente através do ensaio
do tato e receberão uma classificação em relação a sua granulometria: solos
grossos ou solos finos. Após realiza-se o exame visual para verificar a
predominâncias do tamanho dos grãos na amostra, classificando em areias (maiores
que 2mm) ou pedregulhos (menores que 2mm e maiores que 0,1mm) e argilas
(plasticidade e resistência coesiva) ou siltes. Além, da indicação da cor que poderá
receber no máximo duas designações. (NBR 6484, 2020).
Segundo a NBR 6484/2020, a classificação dos solos pela sua compacidade
(solos grossos) e pela sua consistência (solos finos), é determinado através do
Índice de Resistência a Penetração (obtido na sondagem), verificando a
Tabela 1, que dispõe da classificação dos solos e foi atualizada
recentemente.

Tabela 1- Classificação dos solos

Índice de resistência à
Solo Designação
penetração N

<4 Fofa(o)
5a8 Pouco compacta(o)
Areias e siltes
9 a 18 Medianamente compacta(o)
arenosos
19 a 40 Compacta(o)
> 40 Muito compacta(o)
<2 Muito mole
3a5 Mole
Argilas e siltes
6 a 10 Média(o)
argilosos
11 a 19 Rija(o)
20 a 30 Muito rija(o)
> 30 Dura(o)
Fonte: Adaptado, NBR 6484 (2020).

33
A Figura 10 apresenta a descrição do solo ensaiado em um exemplo de
relatório de sondagem.
Figura 10 - Exemplo de relatório de SPT.

Fonte: Rebello (2008).

2.4.3 Mista

34
Segundo Velloso e Lopes (2010), a Sondagem Mista é uma combinação dos
métodos e equipamentos utilizados na Sondagem a Percussão (SPT) e na
Sondagem Rotativa. Esta última, é utilizada quando encontra-se matacões ou blocos
de rocha no solo estudado, os quais são impenetráveis pela técnica de Sondagem a
Percussão.
A Instrução Normativa IN 07/94 do Deinfra, define que a Sondagem Rotativa,
utiliza equipamentos moto-mecanizados, para investigação geológico-geotécnica do
solo, e através de perfuração por força e rotação conjugadas, cortam o material
rochoso obtendo amostras cilíndricas.
A Sondagem Rotativa permite a identificação das características físicas,
químicas, estruturais e estratigráficas dos maciços rochosos, pois sua amostragem
pode atingir grandes profundidades. Assim, podem ser verificadas algumas
propriedades do solo como resistência, deformabilidade, descontinuidades,
influências hídricas, alterabilidade e coesão, que são importantes na solução de
problemas geotécnicos que poderão surgir na execução de obras no subsolo.
(BRITO, 2013).
Através deste ensaio, pode-se determinar o Rock Quality Designation (RQD),
que indica o grau de continuidade ou índice de qualidade da rocha, através do
somatório dos comprimentos em metro, dos fragmentos de rocha maiores que 10
cm, recuperados durante a manobra e expressos em porcentagem. (DELATIN,
2017). A Figura 11 demonstra como são quantificadas as amostras coletadas no
ensaio de RQD.

Figura 11 - Exemplo do métodos de cálculo para RQD.

Fonte: Delatin (2017), apud Vallejo, Lig et al, (2002).

35
Segundo Delatin (2017), durante a verificação do testemunho, deve-se
distinguir as fraturas naturais, das causadas pela ação mecânica do equipamento de
sondagem, a fim de, diferenciar a quebra realizada pelo processo de perfuração, da
quebra decorrente da fraqueza da rocha, para então, realizar a classificação correta
da amostra.
Para a realização do cálculo do RQD, índice de qualidade da rocha, utiliza-se
a seguinte fórmula:

Onde:
– comprimento dos fragmentos de rocha >10 cm;
L – Comprimento total furado em uma manobra.

Após a realização do cálculo do RQD, utiliza-se esta porcentagem, para


classificar a qualidade do maciço rochoso, utilizando a Tabela 2.

Tabela 2- Índice de qualidade da rocha - RQD


RQD Qualidade do Maciço Rochoso
0-25% Muito Fraco
25-50% Fraco
50-75% Regular
75-90% Bom
90-100% Excelente
Fonte: Adaptado de Velloso e Lopes (2010).

2.4.4 Sondagem Geofísica

Segundo Oliveira e Monticeli (2017), a Geofísica é a ciência que estuda a


estrutura dos solos com a aplicação de princípios físicos. Considerada um método
de investigação indireto e não destrutivo, ela permite o diagnóstico do subsolo para
análise geotécnica através do conhecimento dos principais, parâmetros físicos de
um solo sendo eles, velocidade de propagação de ondas sísmicas, condutividade

36
elétrica, resistividade elétrica, densidade, potencial elétrico induzido ou natural entre
outros, mostrando a presença de blocos rochosos e profundidade do maciço.
Existem vários métodos geofísicos utilizados para sondagem, dentre eles o
Ground Penetrating Radar (GPR), a eletrorresistividade e os métodos sísmicos,
estes, são os mais utilizados em ambientes urbanos. (GANDOLFO, 2012).

2.4.4.1 GPR

O método GPR utiliza uma antena, posicionada na superfície para emitir


ondas eletromagnéticas em frequência muito alta (10/1000 MHz) ao terreno e obter
uma imagem de alta resolução mostrando as camadas de solo e rocha do subsolo,
através das ondas que sofreram reflexão. (MARCELINO, 2005). A Figura 12 mostra
um perfil gerado pelo método de GPR.

Figura 12 - Seção GPR

Fonte: Barbosa (2010).

37
2.4.4.2 Eletrorresistividade

Segundo Lago et al. (2006), este método de sondagem geofísica utiliza uma
corrente elétrica contínua de baixa frequência e três pares de eletrodos,
posicionados separadamente na área estudada, para determinar a resistividade
aparente na superfície do solo e a resistividade real por meio do processo de
inversão. Um dos pares introduz a corrente elétrica no solo, que gera uma diferença
de potencial, medida pelos outros dois pares de eletrodos posicionados nas
proximidades do fluxo de corrente, conforme mostra a Figura 13, a fim de determinar
as propriedades elétricas e as resistividades do meio.

Figura 13 - Perfil esquemático de um levantamento utilizando o método de


Eletrorresistividade.

Fonte: http://planalservicos.com.br/servico/medicao-de-eletrorresistividade-er-ohmmapper. Acesso


em: maio 2020.

Três técnicas podem ser utilizadas para a realização de sondagens pelo


método da eletrorresistividade: o caminhamento elétrico (CE), que apresenta
investigações horizontais em várias profundidades, a Sondagem elétrica Vertical
(SVE) com investigações verticais pontuais e a Perfilagem Elétrica realizado no
interior dos furos de sondagem diretas. (ARAÚJO, 2018).

38
• Caminhamento Elétrico

Segundo a Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental


(ABGE) (2017), o mapeamento do subsolo realizado com caminhamento elétrico,
visa mostrar as distribuições laterais do parâmetro de resistividade elétrica, com uma
ou mais profundidades de perfis, e a apresentação dos resultados, dá-se geralmente
através seções, plantas ou mapas que representam a profundidade da investigação.
E a Figura 14 mostra um perfil de Sondagem Geofísica utilizando o método de
Eletrorresistividade.

Figura 14 - Perfil de Sondagem Geofísica – Método de Eletrorresistividade.

Fonte: Araújo (2018).

A resistividade do solo depende do local onde ele se encontra, pois devido a


influência de fatores externos como por exemplo umidade do solo e tipos de sais
dissolvidos na água, este parâmetro pode variar consideravelmente. No entanto,
para análise dos perfis de sondagem geofísica baseia-se na variação de faixas de
resistividade ao longo do maciço dentro de determinados valores, conforme
apresentado da Tabela 3.

Tabela 3 - Faixas de variação da Resistividade dos solos mais comuns.


Tipo de Material Resistividade (Ω.m)
Terreno Pantanoso 1 a 30
Lama 20 a 100
Solo Arenoso 50 a 1.000
Argila Plástica 50
Mármores e Argilas Compactadas 100 a 200
Areia Argilosa 50 a 500
Areia Silicosa 200 a 3000
Solo Pedregoso nu 1.500 a 3.000
39
Solo Pedregoso recoberto de relva ou erva curta 300 a 500
Fonte: Adaptado Coelho (2011).

2.4.4.3 Métodos Sísmicos

Os métodos sísmicos são representados pelo Crosshole, a Sísmica de


Reflexão e, mais recentemente pelo Multichannel Analysis of Surface Waves
(MASW), eles são muito usados em áreas urbanas. (GANDOLFO, 2012).
Segundo Gandolfo (2012), o método Crosshole é bastante utilizado para a
engenharia geotécnica e de fundações, pois fornece com precisão os módulos
elásticos dinâmicos dos solos através de um perfil de variação de velocidade das
ondas compressionais e das ondas cisalhantes.
A sísmica de reflexão estima as propriedades do subsolo utilizando os
princípios da sismologia. Através de uma fonte sísmica, gera as ondas e de acordo
com o tempo que demora para ela atingir o receptor após a reflexão, estima-se a
profundidade da estrutura refletora. (NETO, 2000).
E segundo Lago et al. (2006), o método MASW é um ensaio de superfície que
não requer furos para estudar o subsolo, e “utiliza o registro das ondas superficiais
e, como resultado após o processamento dos dados, fornece o perfil de velocidade
da onda cisalhante com a profundidade”.

2.4.5 Quantidades de sondagens pela norma

A instrução normativa NBR 8036 (1983), define que a localização bem como a
quantidade de furos de sondagem a serem realizados, dependem do tipo de
estrutura a ser executada e das condições geotécnicas do subsolo. Porém, deve-se
executar uma quantidade de furos, capaz de fornecer o perfil e representar as
camadas do subsolo do local desejado.
Sendo assim, a NBR 8036 (1983) determina as quantidades mínimas de
sondagem, de acordo com a Tabela 4.

40
Tabela 4 - Quantidades mínimas de Sondagem
Nº Furos Área da Edificação
02 Até 200 m²
03 Entre 200 e 400 m²
01 A cada 200 m² para áreas até 1200 m²
A cada 400 m² excedentes da área inicial,
01
para áreas entre 1200 e 2400 m²
Fonte: Adaptado da NBR 8036 (1983).

Caso a obra projetada esteja na fase de estudo de viabilidade, sem


apresentar projeto ou disposição dos edifícios, recomenda-se executar no mínimo 03
sondagens, dispostas no terreno, de maneira que não ultrapasse a distância máxima
de 100 m e não fiquem perfiladas entre elas. (NBR 8036, 1983).

2.5 TIPOS DE FUNDAÇÕES

A fundação é responsável por suportar o peso de uma estrutura, seu próprio


peso e as cargas impostas a ela, por isso, caracteriza uma etapa muito importante
da obra. (ALVARENGA, et. al., 2019).
Segundo Cintra, Aoki e Albiero (2011), a estrutura de uma edificação é
composta por dois subsistemas: a infraestrutura que são as fundações (sapatas,
tubulões ou estacas) e o subsistema geotécnico (solo). Juntos formam um sistema
único, que está suscetível as forças externas, ações que podem ser permanentes,
variáveis e excepcionais. Essas solicitações provocam na estrutura, um princípio de
causa e efeito ou ação e reação, com isso, surgem forças reativas internas que
transmitem tensões as seções da estrutura, também chamadas de força normal,
força cortante, momentos fletor e torçor. Então, deve-se obter todas as informações
a respeito do solo e realizar a análise da interação solo-estrutura, para o
dimensionamento de uma fundação.
Segundo a NBR 6122/2010, existem dois tipos de fundações: as fundações
superficiais ou rasas e as fundações profundas. A primeira, tem as pressões
distribuídas na base da fundação, e esta, tem a função de transmitir a carga a
camada resistente do solo. Seu assentamento possui uma profundidade inferior a
duas vezes a menor dimensão da fundação, podemos citar como exemplo deste tipo
de fundação, as sapatas, os blocos, os radier entre outros.
41
Já as fundações profundas, podem transmitir ao solo a carga suportada
através da base (resistência de ponta), pela superfície lateral (resistência de fuste)
ou então, combinando as duas formas. Sua profundidade é de no mínimo 3 m,
podendo chegar a mais que o dobro de sua menor dimensão em planta, como
exemplo temos as estacas, os tubulões e os caixões. (NBR 6122, 2010).
Para a escolha do tipo de fundação a ser utilizada em uma obra, são
consideradas algumas variáveis, como características do solo no local de
implantação, informações sobre a edificação a ser construída e sobre as
construções vizinhas, a fim de, verificar se há necessidade de limitar níveis de ruído
e de vibração e identificar a fundações já realizadas na região. (CINTRA, AOKI E
ALBIERO, 2014).
Quando os solos superficiais apresentam limitações, não possuem a
capacidade de suportar cargas elevadas, estão sujeitos a processos erosivos, ou
ainda há a possibilidade de escavações futuras nas proximidades da obra, opta-se
pelo uso de fundações profundas, que suportarão as cargas da estrutura com
segurança, se adequando aos fatores topográficos sem afetar a integridade das
construções vizinhas. (ABCP).
As fundações profundas são divididas em Tubulões, onde há a descida de
pessoas para a limpeza e alargamento do fundo da escavação, e em Estacas, que
são executadas por equipamentos ou ferramentas. (ABNT, 2010).
As estacas podem ser executadas utilizando diferentes processos: cravação,
escavação, percussão, vibração e prensagem ou unir mais de um destes que variam
de acordo com cada tipo de estaca. E elas podem ser classificadas pelo seu método
executivo e o respectivo efeito causado no solo, conforme mostra a Figura 15.

42
Figura 15 - Classificação dos principais tipos de estacas pelo método executivo

Fonte: Hachich et. al, (1998).

Nos itens a seguir exemplificamos os tipos de estacas mais comumente


usados nas obras de engenharia.

2.5.1 Estacas Pré-Moldadas em Concreto Armado

Segundo a NBR 6122 de 2010, esta estaca é composta de concreto armado


ou protendido, sendo ele pré-moldado ou pré-fabricado e é utilizada para fins
geotécnicos. Sua cravação se dá, através de golpes de martelo de gravidade
(percussão), prensagem ou vibração, e diferente de outros tipos de estaca não é
moldada em loco.
As estacas de concreto podem ser encontradas no comércio com tamanhos e
formas geométricas variadas dependendo do fabricante. (ABCP). Segundo Ferreira
e Gonçalves (2014), “os formatos mais empregados são, circulares, quadrados,
hexagonais e octogonais, podendo ter área de ponta vazada ou maciça”. A Figura
16 apresenta as formas de estaca de concreto mais comuns encontradas.

43
Figura 16 - Formato de Estacas de Concreto

Fonte: NBR 16258 (2014).

Com o grande crescimento da utilização deste tipo de estaca, criou-se a


norma NBR 16258/2014, que orienta a fabricação, estocagem e manuseio, além de
estabelecer critérios de projeto para a implantação destas estacas que são
consideradas elementos de fundação profunda. (FERREIRA e GONCALVES, 2014).
Segundo a NBR 16258/2014, quando a profundidade necessária de cravação
for maior que a estaca de concreto, a mesma poderá ser emendada em outro
segmento de estaca até alcançar o comprimento desejado. As emendas podem ser
realizadas por luva metálica de justaposição com igual geometria da estaca (Figura
17) ou anel metálico soldado (Figura 18), ambas devem resistir a todas as
solicitações de esforços atuantes durante a cravação, e durante sua utilização como
elemento de fundação.

44
Figura 17 - Emenda de estacas pré-moldadas por luvas de aço (a) soldadas e (b)
encaixadas.

Fonte: Velloso e Lopes (2010).

Figura 18 - Anel metálico que recebe a solda da emenda das estacas.

Fonte: Hachich et. al, (1998).

Em relação a cravação das estacas, as tensões impostas pela altura de


queda do martelo devem ser menores que a tensão característica do concreto para
evitar que a cabeça da estaca seja esmagada, então, esta altura não deve

45
ultrapassar de 1 metro. Caso necessite transpor camadas mais resistentes, deve-se
utilizar um martelo mais pesado. (VELLOSO E LOPES, 2010).
Após atingir a profundidade indicada no projeto, a estaca deve ser arrasada a
fim de ancorá-la ao bloco. (FERREIRA E GONÇALVES, 2014).

2.5.2 Hélice Contínua

A utilização da técnica de Hélice contínua no Brasil, iniciou em 1987, com


equipamentos próprios, que executavam estacas com apenas 15 m de profundidade
e diâmetros de 275 mm, 350 mm e 425 mm. Na metade da década de 90, foram
importados equipamentos da Europa, que possuíam tecnologia inovadora no
monitoramento eletrônico durante a perfuração, estes executavam estacas de até 24
m de profundidade e diâmetros de até 1000 mm. A partir deles, foram desenvolvidos
equipamentos nacionais, que possibilitaram a competitividade dos custos deste
serviço, em relação aos outros métodos de estaqueamento. (MAGALHÃES, 2005).
Segundo a NBR 6122/2010, a fundação profunda do tipo Hélice contínua é
executada por meio de um trado helicoidal contínuo, que perfura o solo por rotação
até a profundidade definida em projeto, e injeta concreto sob pressão através da sua
da própria haste, na sequência posiciona-se a armadura no furo executado, por isso,
diz-se que esta estaca é moldada “in loco”. A Figura 19, mostra o processo de
perfuração do solo e execução da Hélice Contínua.

46
Figura 19 - Sequência executiva da Hélice Contínua

Fonte: http://www.geofix.com.br/servico-ehc.php. Acesso em: maio 2020.

A haste de perfuração é composta por lâminas (dentes) de corte com


formatos e materiais diferentes (Figura 20), além de, uma hélice espiral ao redor do
tubo, que possui uma tampa metálica em sua extremidade para impedir a entrada de
solo ou água durante o processo de escavação, a qual, é expulsa pela pressão de
saída do concreto. (MAGALHÃES, 2005).

Figura 20 - Tipos de trados e lâminas de corte.

Fonte: Silva (2011).

47
Segundo Magalhães (2005), durante a execução da perfuração, o trado não
deve ser retirado, evitando o alívio das tensões no furo devido a retirada do solo pela
hélice, que será substituído pelo concreto. Este método de execução, torna possível
a realização de estacas, também em solos coesivos e na presença de lençol freático
permeando o solo.

2.5.3 Estaca Raiz

Este tipo de estaca também é moldada “in loco” e caracteriza-se pelo modo
de perfuração rotativa ou rotopercussiva, utilizando de revestimento de tubos
metálicos em todo o trecho de solo. Após realizar o furo, coloca-se a armação de
acordo com a extensão da estaca e realiza-se o preenchimento do furo com
argamassa de cimento, que é adensada com a aplicação de golpes de pressão por
ar comprimido, conforme mostra a Figura 21. (NBR 6122, 2010).

Figura 21 - Sequência executiva de estaca Raiz.

Fonte: https://nelsoschneider.com.br/estacas-raiz/. Acesso em: maio de 2020.

Segundo Velloso e Lopes (2010), a execução das estacas-raiz não produz


choques e nem vibrações nas proximidades, podem ser executadas na vertical ou
48
em qualquer inclinação, na presença de obstáculos como blocos de rocha ou peças
de concreto, além de, possibilitar o trabalho em ambientes restritos, por isso, podem
ser utilizadas em situações que as demais estacas não podem.
De acordo com Nogueira (2004), inicialmente utilizava-se este tipo de estaca
para o reforço de fundações. Mas com o passar do tempo, verificou-se que esta
técnica, poderia ser usada em obras normais como, na contenção de encostas, e
devido ao tamanho do equipamento reduzido, em obras de difícil acesso e em locais
com vizinhança próxima.

49
3 METODOLOGIA

Para o desenvolvimento deste trabalho foi utilizado um método de pesquisa


do tipo estudo de caso, com o objetivo de comparar e analisar o projeto e execução
das fundações de um empreendimento comercial construído na cidade de
Florianópolis.
Para apresentar a ordem das atividades que foram ser executadas, foi
elaborado um fluxograma, conforme representado na Figura 22.

Figura 22 - Fluxograma das etapas da pesquisa.

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

50
Na primeira etapa foi efetuado uma ampla pesquisa bibliográfica, a fim de
reunir informações para embasamento ao tema, utilizando os conceitos de diferentes
autores.
Na etapa seguinte, foram analisados os resultados apresentados na
campanha de Sondagem à Percussão e os resultados da Sondagem Geofísica,
executados no local do empreendimento, juntamente com fotos do solo.
Elaborou-se dois perfis de solo utilizando os boletins de Sondagem à
Percussão, identificando o solo da região conforme a tabela de classificação da NBR
7250.
Compilando as informações obtidas formulou-se um perfil com a correlação
dos dois métodos de sondagem, a fim de verificar a presença de matacos e qual o
tipo de solo encontrado no local de execução dos blocos que foram reforçados.
Realizou-se a verificação das mudanças entre a execução das fundações e o
projeto inicial, quantificando as alterações referente ao reforço realizado nos blocos.
E por fim, buscou-se analisar o motivo do reforço da fundação, a fim de
verificar, se as mudanças do projeto de fundação estavam relacionadas com o tipo
do solo da região que se apresentou heterogêneo.

51
4 RESULTADOS

A fim de verificar a importância das sondagens para reconhecimento do tipo


de solo para execução de fundações em obras civis, realizou-se um estudo de caso
sobre a fundação de um edifício comercial localizado em Florianópolis as margens
da SC-401 (Figura 23). Esta verificação permitiu compreender a necessidade de
alteração no projeto de fundação da obra em questão.

Figura 23 - Mapa de Localização.

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

52
4.1 ANÁLISE DA SONDAGEM À PERCUSSÃO – SPT

O empreendimento está situado em um terreno com dimensão total de 4.740


m², foram realizados 13 furos de sondagem distribuídos nesta área. Segundo a NBR
8036 deveriam ter sido realizados 15 furos, a fim de, representar o subsolo da
região, porém foram executados 13 furos.
O objeto de estudo foi o prédio comercial locado neste terreno, com uma área
de 1836,03 m², onde executaram-se 4 furos, o SP-06, SP-07, SP-08 e SP-09,
localizados conforme mostra a Figura 24. De acordo com a norma, seria necessário
realizar 7 furos de sondagem. Porém, verificou-se que mesmo que furos fossem
realizados, poderiam não ser suficientes para caracterizar o solo heterogêneo da
região e o uso da Sondagem Geofísica seria um ótimo complemento para o estudo
da área.

Figura 24 - Regiões Furo de Sondagem

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

Analisou-se separadamente os 4 furos de sondagem de acordo com suas


camadas, seus números de golpes médios e as cotas que atingiram o impenetrável,
como mostrado a seguir.

53
4.1.1 SPT-06

O furo SP-06 foi executado entre os blocos P17A e P18A como apresentado
na figura 27, e teve início na Cota 1,10m. Este furo representou um perfil de solo
dividido em 4 camadas iniciando com a camada de solo natural rijo de granulometria
grossa e difícil penetração, estudada por meio de sondagem a trado até 1 metro de
profundidade e os 7 metros restantes através de SPT. A camada seguinte com
espessura de 0,90 m apresentou uma camada com areia grossa, argilosa, plástica,
cinza escura de média a média. A terceira camada com espessura de 1,25 m
apresentou variação para Areia grossa pouco argilosa e pouco siltosa, de média a
dura. A quarta e última camada com 7,15 metros de profundidade representa uma
alteração do solo para rocha granítica, de dura a muito dura e que alcançou o
impenetrável à sondagem a Percussão ao encontrar um provável topo rochoso a
17,30m de profundidade na cota -16,20m, com o número de golpes médio no furo de
27 conforme apresentado no boletim de sondagem em(anexo).

4.1.2 SPT-07

O furo SP-07 foi executado próximo ao P21A com cota do terreno de 0,88m e
apresentou apenas duas camadas de solo, a primeira de solo natural, argiloso,
siltoso, arenoso, compacto de difícil penetração de duro a duro que teve seu
primeiro metro estudado por sondagem a trado e seus 6,10 metros restantes através
de sondagem a percussão. A segunda camada com espessura de 10,00m,
apresentou a alteração do solo para rocha granítica, de dura a muito dura chegando
ao impenetrável à sondagem a percussão com 17,10 metros de profundidade após
30 minutos de lavagem sem avanço, devido a provável topo rochoso e com uma
média de 25 golpes.

4.1.3 SPT-08

O furo SP-08 foi executado nas proximidades do P3A na cota de terreno


0,93m e apresentou três camadas de solo. A primeira camada de solo natural
argiloso, siltoso, muito arenoso, granulometria grossa compacto de duro a duro, com

54
9,70m de profundidade sendo avançado o primeiro metro com trado, e após seguiu-
se usando a sondagem à percussão. A segunda camada, com 6,30m de
profundidade apresentou um solo do tipo argila-siltosa, plástica, cinza escura com
granulometria grossa de média a média. E a última camada com 7,30 metros de
espessura, apresentou a alteração do solo para rocha granítica, de dura a muito
dura chegando ao impenetrável à sondagem a percussão com 23,30 metros de
profundidade após lavagem de 30 minutos e zero metros de avanço, com uma
média de golpes de 19.

4.1.4 SPT-09

O SP-09 foi executado próximo ao bloco P6A na extremidade esquerda do


prédio, também apresentando 3 camadas de solo, a primeira com 9,00 metros de
profundidade contendo solo natural, argiloso, siltoso, muito arenoso, granulometria
grossa, compacto, de duro a duro de difícil penetração a sondagem, esta camada
teve o primeiro metro realizado com trado e os demais executados através de
sondagem a percussão. A segunda camada com 6,80 metros de espessura, argila-
siltosa, plástica, cinza escura com granulometria grossa de média a média. E a
última camada com 8,50 metros de espessura, apresentou a alteração do solo para
rocha granítica, de dura a muito dura chegando ao impenetrável à sondagem a
percussão com 24,30 metros de profundidade após lavagem de 30 minutos e zero
metros de avanço, com uma média de golpes de 18.

4.2 PERFIL DE SOLO SEGUNDO SPT

De acordo com as cotas dos topos rochosos dividiu-se em duas regiões o


local de estudo, adotando-se os parâmetros estabelecidos pela norma NBR 6484
(Tabela 1), conforme pôde ser verificado na Figura 24. Nomeou-se como Região 01
o local onde foram executadas as sondagens SP-08 e SP-09, que apresentaram o
impenetrável a percussão com 23,30m e 24,30m de profundidade respectivamente.
E a Região 02, compreende a outra parte do terreno, onde executaram-se os furos
de sondagens SP-06 e SP-07, que de acordo com os boletins apresentaram o
impenetrável à percussão com 17,30m e 17,10m de profundidade.

55
Elaboraram-se dois perfis representando os furos de sondagem executados,
interpolando as cotas do terreno, para obter a cota no local da execução dos furos, a
fim de analisar o subsolo. Na análise do Perfil 01 (Figura 25) composto pelas
sondagens SP-08 e SP-09 identificou-se um solo argiloso com 3 camadas
características, a primeira apresentou um solo rijo com o intervalo de Nspt de 12 a
19 golpes, na segunda camada verificou-se uma queda significativa no número de
golpes, apresentando um Nspt de 6 a 8 e um solo com consistência média e
finalizando o perfil, a terceira camada com um Nspt de 15 a 45 golpes demostrando
um solo duro a muito duro.

Figura 25 - Perfil de solo 01 baseado na sondagem SPT.

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

Analisou-se o Perfil 02 (Figura 26) composto pelas sondagens SP-06 e SP-07


e caracterizou-se um solo arenoso com 4 camadas, a primeira apresentou um solo

56
medianamente compacto à compacto com Nspt de 9 a 24, a segunda camada com
Nspt de 24 e solo compacto, na terceira camada houve uma queda no número de
Nspt passando ao intervalo de 6 a 8 golpes mostrando um solo pouco compacto e a
quarta e última camada, o Nspt foi de 24 à 45 golpes, identificando um solo
compacto à muito compacto.

Figura 26 - Perfil de solo 02 baseado na sondagem SPT.

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

4.3 ANÁLISE DA SONDAGEM GEOFÍSICA

Após o uso da campanha de sondagens diretas para projetar a fundação do


empreendimento, a construtora iniciou a implementação, mas ao contrário do que se
esperava, a sondagem SPT não foi conclusiva, pois de acordo com a equipe de
obra, logo após iniciar as escavações foram encontrados muitos matacos de rocha

57
que não haviam sido identificados pela sondagem SPT, impossibilitando assim,
seguir com a execução de estacas hélice contínua.
A Figura 27 ilustra uma Visão esquemática de um projeto onde as fundações
se apoiam em matacões devido a interpretação errônea dos laudos de sondagem.

Figura 27 - Perfil de solo 02 baseado na sondagem SPT.

Fonte: Revista Equipe da Obra.

Então, a construtora decidiu realizar a Sondagem Geofísica, aplicada a


Geotecnia para investigação de blocos e matacões de rocha no local da obra, com o
intuito de complementar as sondagens à Percussão e mapear o subsolo da região, o
que caracterizou um solo heterogêneo e que não havia sido identificado pela
sondagem SPT.
De acordo com o material fornecido pela construtora, a campanha de
sondagem geofísica foi realizada na cota -6,42m, que representa a cota do terreno
escavado onde iniciariam a cravação das estacas, pois o prédio possuía 2
pavimentos de garagem que coincidia com esta cota abaixo do terreno natural.
Foram realizados estudos Geoelétricos (Método da Eletrorresistividade)
através da locação de 5 linhas de caminhamento elétrico com aproximadamente 50
58
metros lineares cada, atingindo a profundidade de 7 metros. Estas linhas foram
locadas, visando acompanhar as fileiras de blocos do projeto inicial de fundação,
para verificar se seriam encontradas rochas não identificadas pela campanha de
SPT. A Figura 28 mostra a locação das linhas da Sondagem Geofísica.

Figura 28 - Locação das Linhas da Sondagem Geofísica e SPT.

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

A linha A inicia no bloco P1A, e finaliza no bloco PJ1, conforme mostra a


Figura 28. O perfil gerado por esta linha de sondagem mostrou dois grandes blocos
de rocha, o primeiro entre os metros 21 e 25 alcançando 4 metros de profundidade e
o segundo entre os metros 25 e 34 com 4 metros de profundidade, e um terceiro
bloco rochoso um pouco menor, com 2 metros de profundidade localizado entre os
metros 16 e 18 do perfil. Este perfil apresentou também grandes áreas com
resistividade entre 349 a 644 ohms.m o que caracteriza, um solo com material
alterado, pedregoso em grandes espessuras.

59
Figura 29 - Linha A - Sondagem Geofísica

Fonte: Adaptado pelas autoras (2020).

A linha B, inicia com o marco 0 coincidindo com o bloco P6A, finalizando nas
proximidades do bloco PJ2, conforme mostra a Figura 29. Este perfil mostrou um
possível material rochoso entre os metros 44 e 47 do perfil, com resistividade de em
torno de 905 ohm.m, além de representar zonas com até 5 metros de profundidade
contendo solo alterado rígido entre os metros 16 e 22.

Figura 30 - Linha B - Sondagem Geofísica

Fonte: Adaptado pelas autoras (2020).

A linha C (Figura 30) foi realizada perpendicularmente as demais linhas


geofísicas, estendendo-se pelos blocos P11A, P12A e P13A. Este perfil mostrou
pequenos corpos rochosos com profundidade de 1 metro ou mais, nas proximidades
do metro 22 e entre os metros 24 a 26, além de indicar um possível corpo rochoso
entre os metros 38 e 46 devido a alta resistividade acima de 1000 ohm.m, porém,
como o perfil atingiu apenas 7 metros de profundidade não foi possível verificar por
quantos metros este se estendia. Demais áreas com material alterado e com

60
resistividade alta foram encontradas em diversas zonas conforme mostra o perfil da
Figura 31.

Figura 31 - Linha C - Sondagem Geofísica

Fonte: Adaptado pelas autoras (2020).

A linha D, iniciou no bloco P14A até proximidades do bloco PJ3. Neste perfil
pode-se identificar um pequeno corpo de rochoso com 1,5 metros de profundidade
entre os metros 34 e 36, e mais duas regiões com material alterado de resistividade
na faixa de 780 ohm.m, uma delas entre o metro 29 e 31 e a outra iniciando com 2
metros de profundidade até 4,5 metros caracterizando um mataco de rocha,
conforme mostra a Figura 32.

Figura 32 - Linha D - Sondagem Geofísica

Fonte: Adaptado pelas autoras (2020).

E por fim analisou-se a linha E (Figura 32), que iniciou no Bloco P19A e
estendeu a sequência de eletrodos instalados até o bloco PJ4. Encontrou-se neste
perfil um material rochoso entre os metros 35 e 40 com 1 a 2 metros de

61
profundidade, na sequência do perfil entre os metros 38 e 44, verificou-se que um
bloco de rocha que, aumentava proporcionalmente a sua largura conforme a sua
profundidade, entre as cotas -6,42 e -13,42 que corresponde a faixa do perfil
geofísico.
Entre os metros 46 e 51, apontou-se um possível material rochoso em
camadas mais baixas, visto que nos primeiros 3 metros encontrou-se um material
resistivo com mais de 1000 ohm.m, entretanto para esta verificação seria necessário
o aprofundamento do perfil. Outras zonas com material alterado foram identificadas
conforme mostra o perfil da Figura 33.

Figura 33 - Linha E - Sondagem Geofísica

Fonte: Adaptado pelas autoras (2020).

4.4 CORRELAÇÃO ENTRE SPT E GEOFÍSICA

Neste item elaborou-se um modelo de interpretação entre as Sondagens à


percussão realizadas na primeira campanha, que deram origem ao projeto de
fundação inicial e as seções de sondagem Geofísicas realizadas no início da obra.
Para a lógica de interpretação utilizada neste item baseou-se na Tabela 1,
que apresentou a classificação do solo de acordo com o Nspt da Sondagem a
Percussão (NBR 7250) e na Tabela 3, que classifica o tipo de solo de acordo com a
faixa de resistividade, ambas apresentadas na referência deste trabalho. Assim,
classificou-se qualitativamente o solo através da sobreposição entre perfil das linhas
de sondagem geofísica com as sondagens à percussão mais próximas ou que
coincidiam com a locação do perfil.

62
A Figura 34, apresenta planta de locação com as duas campanhas de
sondagem e as distâncias entre si, abaixo apresenta-se os perfis de correlação entre
os métodos, objeto de estudo deste item.

Figura 34 – Distância entre a Sondagem Geofísica e SPT.

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

4.4.1 Linha A x SPT-08

Criou-se o perfil com a sobreposição da Linha Geofísica A com a SPT-08, que


encontra-se a cerca de 4,5 metros de distância desta, conforme mostra a (Figura 35)
e analisou-se por critério de comparação as características geológicas de cada
sondagem.

63
Figura 35 - Linha A x SPT-08

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

A primeira camada de solo analisada entre as cotas -6,42 e -9,70m


apresentou de acordo com a Sondagem SPT um solo natural, argiloso, siltoso, muito
arenoso, com granulometria grossa, compacto, de duro a duro. E a sondagem
geofísica, apresentou 2 camadas, a 1ª com o intervalo de 189 a 349 ohm.m,
caracterizando um solo de areia argilosa, a 2ª com intervalo de 644 ohm.m a 1189+
ohm.m, com 1,50 de espessura caracterizando um solo arenoso com alta
resistividade, ou seja, a rocha sã.
A segunda camada da SPT-08 vai da cota -9,70 até -16,00m e apresenta um
solo composto por Argila areno-siltosa, plástica, cinza escura, granulometria grossa,
de média a média. Já o perfil geofísico apresentou uma variação de 5 camadas a
partir da cota -9,70m, a primeira camada com 349 ohm.m, caracterizou um solo
pedregoso, a 2ª com 270 ohm.m apresentou areia argilosa, a 3ª camada com um
intervalo entre 189 ohm.m a 103 ohm.m, com quase 2 m de espessura, apresentou
argila compactada, e a última camada apresentou argila plástica com 55,6 ohm.m.
A Figura 36 mostra detalhadamente o estudo feito com a correlação das
sondagens.

64
Figura 36 - Gráfico comparativo Linha A x SPT-08.

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

Verificou-se então, que a correlação realizada neste ponto apresentou vários


pontos coerentes e poucas divergências.
No início do perfil observou-se divergência, pois o número de golpes coincidiu
com uma faixa de resistividade muito variada, pois no primeiro metro o NSPT de 19
correspondeu a uma resistividade de 189 a 349 ohm.m e coloração verde e amarela,
e nos metros seguintes este mesmo NSPT correspondeu ao intervalo de
resistividade alta de 644 a 1189 ohm.m, colorações laranja e roxo, o qual equivale a
rocha sã.

65
E para os demais metros do perfil observou-se semelhanças entre os dois,
pois, houve uma queda no Nspt para 8 e 6 golpes e a resistividade baixou para um
intervalo de 349 a 55,6 ohm.m coincidindo com um solo menos resistivo.

4.4.2 Linha B x SPT-08

No segundo comparativo analisou-se, a linha B com a sondagem SPT-08, que


está distante cerca de 5,8 metros, conforme mostra a Figura 37.

Figura 37 - Linha B x SPT-08

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

Na primeira camada de solo entre as cotas -6,42 e -9,70m a Sondagem à


percussão apresentou um solo natural, argiloso, siltoso, muito arenoso, com
granulometria grossa, compacto, de duro a duro, de difícil penetração. E a
sondagem geofísica, apresentou 2 camadas, na primeira a resistividade apresentada
foi de 905 ohm.m com 1,50m de profundidade, caracterizando um solo pedregoso.
Na 2ª camada obteve-se uma faixa de 340 ohm.m e 2,50m de espessura, mostrando
um solo arenoso.
A segunda camada da SPT-08 vai da cota -9,70 até -16,00m e apresenta um
solo composto por Argila areno-siltosa, plástica, cinza escura, granulometria grossa,

66
de média a média. E o perfil geofísico apresentou uma única camada de 340 ohm.m
e 3,00m de espessura, caracterizando areia argilosa.
A Figura 38 mostra detalhadamente o estudo feito com a sobreposição das
sondagens.

Figura 38 - Gráfico comparativo Linha B x SPT-08

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

Nesta correlação verificou-se que o intervalo dos metros -6,42 a -8,00, foi
representado pelo Nspt de 19 e uma faixa de coloração laranja indicando 905 ohm.m
de resistividade, porém, no metro seguinte observou-se o mesmo valor de Nspt de
19 golpes, para coloração verde e uma resistividade de 340 ohm.m, e esta medida
de resistividade continuou no restante do perfil até o -13,42m, mas com um Nspt de
6 a 8 golpes, logo a faixa do -8,00 ao -9,00m não está coerente com os demais
resultados apresentados.

67
4.4.3 Linha C x SPT-09

A Figura 39 mostra o comparativo entre a sondagem da linha Geofísica C e a


sondagem SPT-09, distante cerca de 2,0 metros, apesar de o perfil não mostrar a
caracterização do solo na região da sondagem SPT, levou-se em consideração a
possível curvatura das camadas do perfil para classificar o solo por meio
eletrorresistividade.

Figura 39 - Linha C x SPT-09

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

A localização do SP-09 está junto com a extremidade do perfil geofísico da


linha C, com isso, estimou-se o perfil geofísico de acordo com as curvas das
camadas que representam o perfil nesta faixa. Verificou-se que o SPT apresenta
duas camadas no intervalo da profundidade do perfil da sondagem geofísica, a
primeira da cota -6,42 até a 9,00m formada por um solo natural, argiloso, siltoso,
muito arenoso, com granulometria grossa, compacto, de duro a duro, de difícil
penetração. A sondagem geofísica, apresentou uma camada única com resistividade
de 440 ohm.m, caracterizando um solo de areia argilosa, mediamente resistivo.
A Figura 40 mostra detalhadamente o estudo feito com a sobreposição das
sondagens.

68
Figura 40 - Gráfico comparativo Linha C x SPT-09

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

Verificou-se que entre os metros -6,42 e -9,00 o perfil geofísico mostrou uma
coloração verde escura e uma resistividade de 440 ohm.m e um Nspt variando de 12
a 18, nos metros seguintes estimou-se que a resistividade variou do intervalo de 355
ohm.m na coloração verde claro, decaindo para 166 ohm.m na coloração azul e
apresentando um Nspt de 8 a 6 golpes indicando um solo com índice de penetração
médio. Portanto, nesta correlação verificou-se uma compatibilidade entre as
camadas dos perfis.

4.4.4 Linha D x SPT-06

A Figura 41 mostra o comparativo entre a sondagem da linha Geofísica D e a


sondagem SPT-06, a qual coincide a localização com o perfil geofísico.

69
Figura 41 - Linha D x SPT-06

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

A sondagem SPT-06 apresentou 4 camadas, a primeira analisada da


profundidade -6,42 até a 8,00m formada por um solo natural, argiloso, siltoso,
arenoso, rijo, granulometria grossa, de difícil penetração. E a sondagem geofísica,
apresentou uma camada com 788 ohm.m com 2,0m de profundidade,
caracterizando um solo arenoso.
A segunda camada da SPT-06 vai da profundidade -8,00 até -8,90m e
apresenta um solo composto por areia grossa, argilosa, plástica, cinza escura, de
média a média. A terceira camada vai de -8,90m à -10,15m e apresenta um solo de
areia grossa, pouco argilosa, pouco siltosa, pouco plástica, cinza escura, de dura a
dura. E a quarta camada varia de -10,15 a -17,30 alcançando o impenetrável e
apresenta um solo com alteração de rocha granítica, pouco argilosa, cinza escura de
dura a dura.
O perfil geofísico apresentou para o restante da profundidade de 4,75m, entre
as camadas 2 e 4 da SPT, um intervalo de resistividade de 367 a 250 ohm.m,
caracterizando um solo composto por areia argilosa.
A Figura 42 mostra detalhadamente o estudo feito com a sobreposição das
sondagens.

70
Figura 42 - Gráfico comparativo Linha D x SPT-06.

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

Analisou-se o comparativo entre a linha D e o SPT-06 relacionando os


números de golpes e a resistividade apresentada pelos perfis e observou-se que,
nos metros iniciais de -6,42 até -8,00 m, o número de Nspt de 24 condiz com a
resistividade de 788 ohm.m, na coloração laranja que indica um solo resistivo.
Os dois metros seguintes do perfil, mostraram o número de golpes de 6 a 8 e
valores de resistividade com o intervalo de 250 á 367 ohm.m, nas colorações verde
escuro, verde claro e verde, indicando solos menos resistivos.
Porém, para o restante do perfil que vai de -10,00 até -13,42m verificou-se
uma inconsistência bem evidente, onde o perfil da Sondagem à Percussão mostra
números de golpes altos de 36 até 38 e no perfil geofísico temos índices de
resistividade médios entre 250 e 305 ohm.m, nas colorações verde escuro, verde
claro e verde. Ou seja, o índice de resistividade apresentado nesta faixa foi o mesmo
71
da faixa anterior, mas em contrapartida o número de Nspt variou drasticamente,
apresentando valores maiores até que a primeira camada, mostrando uma
divergência entre os perfis.

4.4.5 Linha E x SPT-07

A Figura 43 mostra o comparativo entre a sondagem da linha Geofísica E e a


sondagem SPT-07, que está a cerca de 2,5 metros de distância.

Figura 43 - Linha E x SPT-07

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

Na primeira camada de solo entre as cotas -6,42 e -7,10m a Sondagem à


percussão apresentou um solo natural, argiloso, siltoso, arenoso, compacto,
granulometria grossa, duro a duro, de difícil penetração a sondagem à percussão. E
a sondagem geofísica, apresentou 1 camada, com a resistividade de 197 a 391
ohm.m com 1,30m de profundidade, caracterizando uma areia argilosa.
A segunda camada da SPT-07 vai da profundidade -7,10 até o impenetrável a
-17,10m e apresentou um solo composto por alteração de rocha granítica,
amarelada, argilosa, muito arenosa, plástica, compacta, de dura a muito dura, de
difícil acesso a sondagem à percussão. E a sondagem geofísica apresentou 2
camadas, a primeira com resistividade de 1542 ohm.m e 1,10 metros de espessura
com um solo pedregoso nu. E a 2ª camada obteve 391 ohm.m e 4,60m de
espessura, mostrando um solo pedregoso.
72
Figura 44 - Gráfico comparativo Linha E x SPT-07

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

Nos primeiros metros de -6,42 até -8,00 verificou-se uma coloração verde
clara, correspondendo a 197 ohm.m e o valor de Nspt de 24 golpes. Para a camada
de -8,00 a -9,50m encontrou-se a coloração laranja com resistividade de 1542
ohm.m e dois valores para Nspt de 24 e 26 golpes. Para a última faixa de -9,50 a -
13,42m, identificou-se a coloração verde escura com resistividade de 391 ohm.m e
os valores de Nspt de 28 e 30 golpes. Logo, com este comparativo verificou-se as
divergências entre os perfis, pois onde a geofísica mostrou a maior resistividade com
a coloração laranja a Sondagem à Percussão mostrou um menor número de golpes.

73
4.5 FOTOS DA OBRA

Selecionou-se algumas imagens feitas durante a execução das fundações no


local da obra, onde constatou-se um solo de característica muito heterogênea. Nas
imagens 45 e 46, é possível observar a preparação do solo na cota situada a -
6,42m, para início da perfuração do solo por meio da hélice contínua para a
escavação cravação das estacas e execução dos blocos de fundação.

Figura 45 - Preparação do solo para retirada das rochas

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

74
Figura 46 - Preparação do solo para retirada das rochas.

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

Entretanto, ao iniciar a preparação do terreno foram encontrados blocos de


rochas de diferentes graduações no local a serem executada as fundações. Sendo
possível observá-las nas figuras 47, 48 e 49. Estas rochas não foram identificadas
através da Sondagem à Percussão, o que levou a empresa responsável pelo
empreendimento a realizar um estudo complementar do solo, utilizando a Sondagem
Geofísica pelo método de Eletrorresistividade para mapear a subsuperfície em
busca de outros possíveis blocos rochosos que pudessem vir a atrapalhar a
execução cravação das estacas.

75
Figura 47 - Blocos de rocha encontrados.

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

Figura 48 - Blocos de rocha encontrados.

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

76
Figura 49 - Blocos de rocha encontrados.

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

Após a verificação do local onde as rochas estavam alojadas, por meio da


Sondagem Geofísica que serviu de mapeamento, estas foram implodidas utilizando
explosivos (bananas de dinamites) conforme mostram as Figuras 50, 51 e 52, para
ser possível dar segmento a execução da fundação.

77
Figura 50 - Rochas a serem implodidas.

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

Figura 51 - Detonação dos blocos de rocha.

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

78
Figura 52 - Detonação dos blocos de rocha.

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

Em seguida, deu-se continuidade a execução das estacas com a perfuração


do solo e posterior montagem dos blocos para conclusão da fundação, como é
possível verificar nas figuras 53, 54 e 55.

79
Figura 53 - Estaca hélice continua para perfuração do solo

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

Figura 54 - Montagem dos blocos de fundação.

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

80
Figura 55 - Blocos de fundação executados.

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

4.6 MUDANÇAS PROJETO DA FUNDAÇÃO E EXECUÇÃO

Houve mudanças significativas entre o projeto de fundação inicial e a


execução, neste item realizou-se o comparativo entre os dois. A Figura 56
corresponde ao projeto inicial, dimensionado com base nos dados retirados da
campanha de Sondagem à Percussão realizada no ano de 2005.

81
Figura 56 - Planta do projeto inicial

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

A Figura 57 mostra o projeto executado, que além de fundamentado nos


dados da sondagem SPT, baseou-se nos resultados da Sondagem Geofísica,
resultando no reforço de alguns blocos.
Neste item, serão pontuadas as mudanças entre o projeto executado e a
execução das fundações. No próximo item serão analisadas algumas destas
alterações, a fim de verificar sua relação com o tipo de solo da região.

82
Figura 57 - Planta do projeto executado.

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

Observou-se na comparação das duas plantas, que a fundação do projeto


inicial teve que ser reforçada, devido aos novos dados do estudo geofísico. As
modificações encontradas foram referentes a quantidade e diâmetro das estacas,
além de suas dimensões e comprimento. Como é possível observar na planta acima,
também foi necessário acrescentar ao projeto vigas de travamento, para um maior
suporte devido ao deslocamento de alguns blocos e a alteração em suas dimensões.
Estas vigas foram executadas conectando blocos entre si e também à parede
diafragma.
Ainda, foi projetada uma contenção, auxiliando na impermeabilização do
subsolo, com a função de suportar as cargas extras, provenientes dos arredores da
obra e também estabilizar o talude escavado para construção dos andares do
subsolo, evitando assim, o recalque das estruturas vizinhas.
Analisou-se primeiramente a linha A que apresentou pouca variação entre a
versão inicial do projeto e a versão executada. Nela, a maioria dos blocos
permaneceram com duas estacas de 70 mm de diâmetro com resistência de 190 Tf
83
cada, adicionou-se apenas duas vigas de travamento, uma conectando o bloco P1A
à parede diafragma e outra conectando o P4A ao P5A, ambas com dimensões de
30x55 cm. O único bloco alterado foi o PJ1, situado ao lado do P5A que modificou
de duas estacas de 90 mm de diâmetro, resistindo a 290 Tf cada, para apenas uma
estaca de diâmetro 70 mm com resistência de 190 Tf.
Verificou-se os blocos da linha B constatando-se que os blocos P7A, e P9A
sofreram alterações na execução. No projeto inicial os blocos P7A, P8A e o P9A
eram constituídos por 4 estacas com diâmetro de 90 mm, cada qual suportando uma
carga de 290 Tf, conforme mostra a Figura 58. Em ambos os blocos foram
adicionadas 3 estacas e houve alteração dos diâmetros, resultando então, em
blocos formados por 7 estacas de 80 mm de diâmetro resistindo a uma carga de 245
Tf cada.
E o bloco P8A foi reforçado com mais 5 estacas e as 4 iniciais, sofreram
mudança de diâmetro, passando a ter no bloco um total de 9 estacas de 80 mm de
diâmetro, que admitem uma carga de 245 Tf cada, conforme mostra a Figura 58. E o
bloco P7A recebeu uma viga de travamento com dimensões de 30x55 cm, que o
conecta com o bloco P15A.

84
Figura 58 - Croqui do Projeto Inicial (a) e Execução (b) - Blocos P7A, P8A e P9A.

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

O bloco PJ2 continha no projeto inicial três estacas de 70mm de diâmetro


suportando uma carga de 190 Tf, e passou a ter apenas uma estaca com um
diâmetro de 80mm resistindo a 245 Tf. Nesta linha foram adicionadas três vigas de
travamento, a VT10 conectando o P9A ao P10A, a VT 11 conectando o P10A ao
P18A, a VT4 conectando o P10A ao PJ2 e a VT5 ligando o PJ2 e o bloco grua. A
Figura 59, mostra como eram e como ficaram os blocos P10A e PJ2.

85
Figura 59 - Croqui do Projeto Inicial (a) e Execução (b) - Blocos P10A e PJ2.

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

Nesta linha também houve a adição de um bloco grua, este contendo três
estacas de 70mm de diâmetro cada uma resistindo a 190 Tf, e uma estaca de 80mm
de diâmetro suportando a 245 Tf. Este bloco foi travado através da viga VT5 ao PJ2,
conforme mencionado acima.
Todos os blocos localizados na Linha C, o P11A, P12A e P13A, sofreram
alterações no diâmetro das estacas e com isso alterou-se também suas resistências.
Inicialmente estes blocos eram constituídos por duas estacas de 70mm de diâmetro
admitindo uma carga de 190 Tf cada, conforme mostra a Figura 60.

86
Figura 60 - Croqui do Projeto Inicial (a) e Execução (b) - Blocos P11A, P12A e P13A.

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

Após a alteração os blocos passaram a ter duas estacas de 80 mm de


diâmetro, cada qual suportando uma carga de 245 Tf. Além disso, estes blocos
uniram-se ao P8A formando um único bloco (Figura 60).
Na linha D é possível observar que apenas o bloco P17 não sofreu alteração,
assim, os demais blocos, P14A, P15A, P16A e P18A foram alterados. O P14A foi
inicialmente projetado com 4 estacas de 80mm de diâmetro comportando uma carga
de 245 Tf, no entanto foi necessário adicionar 2 estacas resultando então, em um
bloco de 6 estacas com 80 mm de diâmetro resistindo a uma carga de 245 Tf cada.
Para o bloco P15A constava no projeto inicial 4 estacas de 90mm de diâmetro,
suportando 290 Tf cada, e foi alterado o diâmetro das 4 estacas para 80mm,
admitindo 245 Tf cada. Adicionou-se neste bloco 3 vigas de travamento, a VT14 que
interliga ao bloco P14A, a VT13 que liga ao bloco P7A e a VT3 que trava o mesmo
ao bloco P20A, ambas com dimensões de 30x55 cm. No bloco P16 acrescentou-se
uma estaca e houve alteração nos diâmetros, que eram 4 estacas de 90mm com
capacidade para suportar cargas de 290 Tf e passaram a 5 estacas 80mm de
diâmetro suportando 245 Tf cada. A Figura 61 mostra o projeto inicial e o projeto
executado para os blocos citados anteriormente.

87
Figura 61 - Croqui do Projeto Inicial (a) e Execução (b) - Blocos P14A, P15A e P16A.

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

O bloco P18 manteve o diâmetro de 80mm das estacas projetadas


inicialmente, adicionando 1 estaca na etapa do reforço do projeto suportando uma
carga de 245 Tf, conforme mostram a Figura 62. E o bloco PJ3 também sofreu
alteração e passou de 3 estacas de 70mm de diâmetro resistindo a 190 Tf cada,
para apenas uma estaca de 70mm de diâmetro suportando 190 Tf, porém foi
adicionado uma viga de travamento de 30x55 cm ligando-o ao bloco P18A.

88
Figura 62 - Croqui do Projeto Inicial (a) e Execução (b) - Blocos P17A, P18A e PJ3.

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

Ao verificar os blocos da linha E, constatou-se que os blocos P19A e o P21A


não sofreram alterações em suas dimensões e diâmetros das estacas, e que os
blocos P20A, P22A, P23A e PJ4 foram alterados. O bloco P20A que inicialmente
estava projetado com duas estacas de 70mm de diâmetro com suporte de 190 Tf
cada, recebeu o acréscimo de uma estaca, resultando em três estacas de 70mm de
diâmetro, além de ser adicionado duas vigas de travamento, ligando-o aos blocos
P15A e P19A por meio das vigas VT3 e VT12 respectivamente com dimensão de
30x55 cm e à parede diafragma através da VT15 com dimensões de 80x80 cm, viga
esta que recebeu uma estaca de 70mm de diâmetro para reforço, devido a presença
de rocha não havendo a possibilidade de construção de um bloco naquele local,
conforme mostra a Figura 63.

89
Figura 63 - Croqui do Projeto Inicial (a) e Execução (b) - Blocos P19A e P20A.

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

Os blocos P22A e P23A que inicialmente eram constituídos por duas estacas
de 70mm de diâmetro com capacidade de resistir a 190 Tf cada (Figura 64), tiveram
os diâmetros das estacas aumentados para 80mm suportando 245 Tf cada. Estes
dois blocos receberam vigas de travamento, a VT 7 que interliga os dois blocos entre
si, e a VT8 que interliga o P22A à parede Diafragma, ambas com dimensões de
30x55 cm. E o bloco P23A recebeu a VT 9 de 30x55 cm, que o trava ao bloco PJ4
(Figura 64). O bloco PJ4 também foi alterado passando a ter apenas uma estaca de
80mm de diâmetro e resistindo a 245 Tf, ao invés de ter duas estacas de diâmetro
de 90mm com suporte de 290 Tf, conforme projeto inicial, e foi travado ao bloco
P23A conforme mencionado acima.

90
Figura 64 - Croqui do Projeto Inicial (a) e Execução (b) - Blocos P22A, P23A e PJ4.

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

Elaborou-se o Quadro 3 compilando os quantitativos das alterações referente


as estacas de fundação descritas neste item, com o intuito de estimar quantos
metros de estaca foi necessário acrescentar, na execução da obra para atender as
alterações propostas no reforço da fundação após a realização da sondagem
Geofísica.
Verificou-se que durante a execução foram aditivados 408,5 metros de
estacas tipo hélice contínua, resultando em uma carga adicional de 3.308,42 Tf para
a fundação do empreendimento.

91
Quadro 3 – Levantamento quantitativo de estacas Projeto x Execução.
Projeto Inicial Projeto Executado
Comp. Aumento
Nome Carga Faixa de Carga
Qtde Diâmetro Carga estimado Qtde Diâmetro Carga comp. p/
Pilar Total Comp. Total
p/ bloco Comp. executado estacas estaca
UNI mm Tf Tf m m UNI mm tF m m
P1A 2 70 190 380 17 34 2 70 190 380 20,16 á 20,32 6,64
P2A 2 70 190 380 17 34 2 70 190 380 18,56 3,12
P3A 2 70 190 380 17 34 2 70 190 380 19,44 á 19,68 5,16
P4A 2 70 190 380 17 34 2 70 190 380 18,78 á 18,80 3,6
P5A 2 70 190 380 17 34 2 70 190 380 20,08 á 21,12 8,24
P6A 4 80 245 980 17 68 4 80 245 980 21,2 á 23,12 24,48
P7A 4 90 290 1160 17 68 7 80 245 1715 11,52 12,64
P8A 4 90 290 1160 17 68 9 80 245 2205 21,68/ 22,08/ 9,2 117,84
P9A 4 90 290 1160 17 68 7 80 245 1715 * 51
P10A 4 80 245 980 17 68 4 80 245 980 23,12 24,48
P11A 2 70 190 380 17 34 2 80 245 490 * 0
P12A 2 70 190 380 17 34 2 80 245 490 * 0
P13A 2 70 190 380 17 34 2 80 245 490 9,04 -15,92
P14A 4 80 245 980 17 68 6 80 245 1470 15,04/22,64 60,24
P15A 4 90 290 1160 17 68 4 80 245 980 19,92/20,64/ 21,60 16,72
P16A 4 90 290 1160 17 68 5 80 245 1225 19,28/18,24/10,89 28,5
P17A 4 80 245 980 17 68 4 80 245 980 22,08,96/19,12/19,20/20,04 20,32
P18A 4 80 245 980 17 68 5 80 245 1225 20,48 34,4
P19A 2 70 190 380 17 34 2 70 190 380 18,16 2,32
P20A 2 70 190 380 17 34 3 70 190 570 4,800/5,36/15,60/17,20 18,8
P21A 2 70 190 380 17 34 2 70 190 380 18,32/18,64 3,4
P22A 2 70 190 380 17 34 2 80 245 490 * 0
P23A 2 70 190 380 17 34 2 80 245 490 * 0
PJ1 2 90 290 580 17 34 1 70 190 190 17,12 -16,88
PJ2 3 70 190 570 17 51 1 80 245 245 * -34
PJ3 3 70 190 570 17 51 1 70 190 190 * -34
PJ4 2 90 290 580 17 34 1 80 245 245 * -17
Bloco 3 70 190 570
Inexistente 20,16/21,20/21,44 84,32
grua 1 80 245 245
TOTAL: 17940 20840 408,42
Carga Adicional Proveniente do reforço da fundação 3308,42
* Na tabela recebida da Construtora estes valores apresentaram profundidades muito pequenas e sem registro de concretagem.

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

4.7 ANÁLISE DO PERFIL DE SOLO, PROJETO E EXECUÇÃO DA FUNDAÇÃO

Neste item foi verificado se as modificações do projeto estavam relacionadas


com a proximidade dos blocos e o posicionamento dos furos de Sondagem SPT.
Escolheu-se quatro blocos para fazer uma análise mais aprofundada entre os
resultados do ensaio SPT e da sondagem geofísica, para entender a necessidade
de alteração do projeto para então a execução ser retomada. Optou-se por iniciar
este item analisando os blocos próximos aos furos de sondagem SPT.

92
4.7.1 Análise do Bloco P3A com a SPT-08

Selecionou-se este bloco para estudo, por estar a aproximadamente 4,5 m do


furo de sondagem SPT-08. Verificou-se que não houve alterações entre o projeto
inicial e o projeto executado, uma vez que o estudo realizado através da sondagem
SPT foi conclusivo ao representar o tipo de solo desta área e mostrando um solo
duro, a 18m de profundidade. Da mesma forma que, a sondagem geofísica mostrou
um solo com resistividade de 55,6 ohm.m para além de 1189 ohm.m, conforme
mostra a Figura 65. Constatou-se então, que as estacas projetadas para este bloco,
com um comprimento entre 9 e 17 metros, suportavam a carga exigida e comprovou-
se esta informação através do boletim de cravação que mostrou que as estacas
foram executadas a uma profundidade de 19,68m.

Figura 65 - Análise aprofundada do SPT-08 e Bloco P3A.

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

93
4.7.2 Análise do Bloco P8A com a SPT-08

Nesta verificação, a sondagem SPT-08 encontra-se distante do bloco P8A a


5,8 metros. No projeto inicial as estacas deste bloco estavam projetadas para uma
faixa de profundidade de 9 a 17m. e conforme mencionado acima, a sondagem SPT
apresentou um solo duro, a 18m de profundidade, chegando ao impenetrável com
23,30m. A sondagem Geofísica apresentou no local onde as estacas do P8A foram
executadas, uma pequena área de resistividade de 905 ohm.m, e no restante do
perfil praticamente a espessura toda, apresentou um solo com baixa resistividade
iniciando em 176 ohm.m até 303 ohm.m, conforme mostra a Figura 66. Como este
bloco está localizado ao lado dos blocos P11A, P12A e P13A que dariam suporte ao
elevador, foi necessário realizar o reforço da fundação deste bloco, foram
adicionadas 5 estacas, modificando os diâmetros para 80mm, além de unir-se em
bloco único aos demais blocos.

Figura 66 - Análise aprofundada do SPT-08 e Bloco P8A.

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

94
4.7.3 Análise do Bloco P18A com a SPT-06

Analisou-se o P18A visto que, este é o bloco mais próximo de uma


sondagem. Na Figura 67 podemos observar um perfil muito heterogêneo
representado pela sondagem geofísica, em que a resistividade apresentou um
intervalo entre 250 a 788 ohm.m, e as estacas do bloco P18A foram executadas no
local onde a resistividade corresponde de 250 a 367 ohm.m, indicando um solo
menos resistivo. Segundo a sondagem SPT verificou-se a profundidade do
impenetrável à -17,30m, este furo encontra-se a uma distância de 3,90 m do bloco
P18A onde foram cravadas estacas a uma profundidade de 20,48m.
Com isso, verificou-se que o aumento da profundidade da escavação das
estacas, além do acréscimo de uma estaca de 80mm de diâmetro no bloco,
reforçando-o em 245 Tf, é justificável devido a diferença de resistividade entre
pontos muito próximos, caracterizando um solo muito heterogêneo.

Figura 67 - Análise aprofundada do SPT-06 e Bloco P18A.

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

4.7.4 Análise do Bloco P4A com a SPT-08

Verificou-se o bloco P4A, por encontrar-se afastado do furo de sondagem


SPT-08 a aproximadamente 11 metros de distância, entretanto, não houve alteração

95
no dimensionamento deste. A sondagem SPT foi realizada em uma faixa de solo
que apresentou um intervalo de resistividade muito abrangente, de 55,6 ohm.m para
além de 1189 ohm.m e a região onde foram cravadas as estacas do bloco observou-
se uma resistividade abrangendo de 270 ohm.m à 644 ohm.m conforme mostra a
Figura 68.
Portanto, uma vez que a resistividade do solo onde estavam projetadas as
estacas permaneciam dentro do intervalo da resistividade do local do SPT, entende-
se que não houve a necessidade de reforçar a fundação neste bloco.

Figura 68 - Análise aprofundada do SPT-08 e Bloco P4A

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

4.7.5 Análise do Bloco P20A com a SPT-07

Optou-se por fazer a análise da fundação deste bloco em particular pois, este
foi alterado e encontra-se distante aproximadamente 9,84 metros do furo de
sondagem (SPT-07). Neste caso, constatou-se no perfil da geofísica que a
resistividade do solo na área onde o bloco está situado, é de 391 ohm.m e ao longo
do perfil esse valor diminui, chegando a apresentar uma área ao lado do bloco com

96
valor de 49,8 ohm.m. Já o local onde foi executado o SPT, apresentou um intervalo
de resistividade entre 391 a 1542 ohm.m.
A sondagem SPT mostrou a profundidade do impenetrável à -17,10m e a
profundidade das estacas cravadas atingiu 17,20m.
Com isso, verificou-se que o ensaio SPT foi novamente realizado em solo
mais resistivo, e as estacas projetadas em solo menos resistivo conforme mostra a
Figura 69. Assim, após a execução da sondagem geofísica fez-se necessário
reforçar a fundação do bloco, e a alteração do projeto mostrou a adição de uma
estaca e duas vigas de travamento, sendo que em uma das vigas também foi
adicionado uma estaca, garantindo assim a estabilidade do bloco para suportar a
carga requerida.

Figura 69 - Análise aprofundada do SPT-07 e Bloco P20A.

Fonte: Elaboração das autoras (2020).

97
5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES

5.1 Conclusões

Este trabalho teve o intuito de ressaltar a importância do uso das sondagens


para o reconhecimento do solo, a fim de, proporcionar o dimensionamento preciso
de fundações para obras civis, visando mitigar as incertezas e desta forma reduzir
os riscos e custos do empreendimento.
A forma mais usual de estudo utilizada é a sondagem à percussão, método
amplamente conhecido e difundido no país. Esta forma de análise é de baixo custo
se comparado aos demais métodos de investigações geológicas, representando um
valor irrisório, caso a obra apresente problemas com a fundação, devido a falta de
conhecimento do subsolo.
Neste estudo de caso, verificou-se que a quantidade de sondagens realizadas
no local da obra, foram insuficientes para verificar o tipo de solo heterogêneo
presente na região, além de, não atender a NBR 8036 referente a quantidade de
furos executados.
Ao iniciar a execução da fundação, a construtora encontrou alguns matacos
de rocha no solo e decidiu realizar um estudo mais abrangente do solo em questão
por meio da sondagem geofísica, método da eletrorresistividade que proporcionou a
determinação das propriedades resistivas das camadas do solo no intervalo de 7
metros de profundidade entre as cotas -6,42 e -13,42m.
Constatou-se que o uso da Sondagem Geofísica é uma técnica que apresenta
vantagens, pela praticidade na execução tornando possível conhecer o subsolo
através de um perfil contínuo, além de ser uma técnica não invasiva e que permite
leituras a várias profundidades e varreduras de grandes áreas.
Na correlação entre SPT e Geofísica realizada no item 4.4 verificou-se que as
sondagens SPT-08 e SPT-09 comparadas as linhas Geofísicas A, B e C
apresentaram resultados coerentes entre si e representaram semelhanças na
classificação do solo. O comparativo entre as sondagens SPT-06 e SPT-07
mostraram inconsistências entre os perfis, entretanto, acredita-se que por se tratar
de um solo muito heterogêneo, estes furos de sondagem possam ter encontrados
possíveis blocos rochosos no local onde foram realizados e como a sondagem
98
geofísica não abrangeu a mesma extensão do perfil da SPT, não pôde-se confirmar
esta informação.
Concluiu-se ainda, que a investigação do solo com a aplicação da Sondagem
SPT aliada a Geofísica, apesar de apresentar algumas divergências nos perfis, para
a maioria das informações consultadas, foi uma metodologia eficaz. Serviu para
mapear os blocos de rocha que as sondagens SPT não verificaram, demonstrando
que o solo de fundação possuía alguns materiais com baixa capacidade de suporte.
Além de determinar um solo heterogêneo, possibilitando verificar o posicionamento e
a profundidade dos blocos de rocha presentes na região estudada, e com isso
coletaram-se dados qualitativos do solo, reavaliados pelo projetista que promoveu o
reforço da fundação onde julgou necessário. Logo constatou-se que as sondagens
SPT-06 e 07 foram de fato executadas em locais onde o solo possuía maior
resistência não representando fielmente a estratigrafia do solo.
Entre a fase do projeto inicial e a execução da obra, houve um reforço em
alguns blocos da fundação, aumentando diâmetro, o número de estacas e o
comprimento das mesmas. Para os blocos PJ2 e PJ3 houve uma diminuição no
número de estacas, porém foi acrescentado nas proximidades e interligado por vigas
de travamento um novo bloco(Grua), com 3 estacas de 70 mm e 01 de 80 mm.
Quantificou-se um aumento médio, de 408,5 metros de estacas hélice contínua,
resultando no aumento da capacidade de carga da fundação de 3308 Tf.
Durante a análise das modificações do projeto em relação as sondagens SPT
e o Perfil Geofísico, verificou-se mais uma vez a heterogeneidade do solo devido
apresentação de diferentes resultados tanto para blocos próximos à SPT, quanto
para blocos distantes. E constatou-se que, a variação na resistividade do solo foi
determinante para a decisão do reforço nas fundações,
Por fim, concluiu-se que a realização de sondagens para reconhecimento do
solo para projetos de fundações é imprescindível, visto que, seu dimensionamento
depende dos parâmetros da classificação do mesmo. E que os resultados obtidos
neste trabalho, ilustram os ganhos que a correlação entre a SPT e a Sondagem
Geofísica representam para a investigação geológica e geotécnica, permitindo
ampliar a caracterização do solo, utilizando-se destas duas técnicas de investigação
de campo.

99
5.2 Sugestões de trabalhos futuros

Como sugestões de trabalhos futuros indicamos:


• A análise do cronograma físico financeiro desta obra, visando
quantificar o acréscimo no custo e tempo de execução devidos as
alterações da fundação.
• O estudo de outros métodos de sondagens a fim de, complementar a
sondagem a percussão.
• Verificação do redimensionamento das fundações que foram
modificadas.

100
REFERÊNCIAS

ABGE- Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental. Geologia de


engenharia e ambiental – Métodos e técnicas. 1ª Impressão, 2017. Disponível
em: https://www.abge.org.br/downloads/capitulo-1.pdf. Acesso em abril 2020.

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8036:


Programação de Sondagens de simples reconhecimento dos solos para
fundações de edifícios. Brasil. 1983.

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122: Projeto


e execução de fundações. Brasil. 2010.

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 1625:.


Estacas pré-fabricadas de concreto - Requisitos. Brasil. 2014.

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9603:


Sondagem a trado - Procedimento. Brasil. 2015.

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6484: Solo -


Sondagem de simples reconhecimento com SPT - Método de ensaio. Rio de
Janeiro, 2020.

AGUIAR, Marcos Fábio Porto de, et. al. Análise de movimentos em encostas
naturais através de monitoramento por instrumentação – caso Coroa Grande – RJ.
Revista Tecnologia Fortaleza, Fortaleza, v. 26, n. 1, p. 46-71, jun. 2005. Disponível
em: https://periodicos.unifor.br/tec/article/view/109. Acesso em: abr. 2020.

ALMEIDA, Gil Carvalho Paulo de. Caracterização Física e Classificação dos


Solos. Juiz de Fora: Universidade Federal de Juiz de Fora, Faculdade de
Engenharia Departamento de Transportes, 2005.

ALVARENGA, Natália Lacerda, et. al. Estudo de Viabilidade de fundação


profunda para edifício comercial de 12 andares. V Seminário Científico do
Unifacig. Sociedade, Ciência e Tecnologia. N. 5, 2019. Disponível em:
http://www.pensaracademico.unifacig.edu.br/index.php/semiariocientifico/issue/view/
52. Acesso em: mai. 2020.

ARAÚJO, Cintia Milena Silva de, et.al. Especificações e procedimentos de


sondagem à percussão de simples reconhecimento – SPT. Revista Fundações e
Obras Geotécnicas. Ano 6, n. 68, p.40-48, mai. 2016. Disponível em:
https://sites.google.com/site/naresifundacoesegeotecnias/109-artigo---especificacao-
e-procedimentos-de-sondagem-a-percussao-de-simples-reconhecimento---spt.
Acesso em: abr.2020.

ARAÚJO, André Luiz de. Utilização de Eletrorresistividade para Auxílio da


Caracterização dos Maciços do Túnel da PCH Dores de Guanhães. Escola de
Minas da Universidade Federal de Ouro Preto, 2018.

101
BARBOSA, Emílio Eduardo Moreira. Estimativas do teor de umidade empregando o
método GPR: uma avaliação comparativa em experimentos de laboratório e campo.
Revista Brasileira Geofísica. São Paulo, v.28, n.4, 2010. Disponível em:
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-261X2010000400012. Acesso em maio, 2020.

BRADY, Nyle C; WEIL, Raymond. Elementos da Natureza e Propriedades dos


Solos. São Paulo: Bookman, 2000.

BRADY, Nyle C; WEIL, Raymond. Elementos da Natureza e Propriedades dos


Solos. São Paulo: Bookman, 2013.

BRITO, Hermando. Influência de Fatores Geológicos e Mecânicos no


Rendimento de Sondagem Rotativa em Itabiritos. 2013. Dissertação de Mestrado
- Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2013.

BRITO, Waléria Daiany L. de; GOMES, Claudemir. Fundação e Geotecnia: Métodos


de investigação geológica e geotécnica da fundação de barragens de concreto.
Revista do CEDS. Nº 9. 2018. Disponível em:
http://sou.undb.edu.br/ceds/revista?utm_source=direto. Acesso em: mar. de 2020.

CAPUTO, Homero Pinto. Mecânica dos Solos e suas Aplicações. Rio de Janeiro:
Afiliada, 2016.

CERQUEIRA, Hélio Marcio Lopes; et al. Estudo de acurácia da automatização de


piezômetros tipo Casagrande em barragens. XVIII Congresso Brasileiro de
Mecânica dos solos e Engenharia Geotécnica. (COBRAMSEG): 19 a 22 de outubro,
Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, 2016.

CERQUEIRA, Hélio Márcio Lopes de. Critérios de projeto para instrumentação


piezométrica de diversas estruturas geotécnicas de mineração. 2017.
Dissertação (Mestrado em Geotecnia) - Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro
Preto, 2017.

CHIOSSI, Nivaldo. Geologia de engenharia. São Paulo: Oficina de Textos, 2013.

CINTRA, José Carlos A; AOKI, Nelson; ALBIERO, José Henrique. Fundações


Diretas: Projeto Geotécnico. São Paulo: Oficina de Textos, 2011.

CINTRA, José Carlos A; AOKI, Nelson; ALBIERO, José Henrique. Fundações por
estacas: Projeto Geotécnico. São Paulo: Oficina de Textos, 2014.

COELHO, Nuno F. B. Eléctrodos de Terra. 2011. 110f. Mestrado Integrado em


Engenharia Electrotécnica e de Computadores Major Energia, Faculdade de
Engenharia da Universidade do Porto - FEUP, Porto, 2011.

DAS, Braja M. Fundamentos de Engenharia Geotécnica. São Paulo: Cip, 2011.

DEINFRA – IN 07. Instrução Normativa para execução de Sondagem Rotativa.


Santa Catarina. 1994.

102
DELATIM, Ivan José. Classificação de sondagens (trado, percussão, rotativa e
mista) para a apresentação em perfis individuais de sondagens: curso
examinado sob a perspectiva de ensino e de pensamento geológico. 2017. 138
f. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual de Campinas, Instituto de
Geociências, Campinas, 2017.

DNIT- Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte. Manual de


Pavimentação. 3ª Edição, 2006. Disponível em:
http://www1.dnit.gov.br/arquivos_internet/ipr/ipr_new/manuais/Manual%20de%20Pav
imenta%E7%E3o_05.12.06.pdf. Acesso em: abril 2020.

FERREIRA, Ademir Martins e GONÇALVES, Thales Vinícius Assis Gonçalvez.


Estacas cravadas pré-moldada de concreto: procedimentos para escolha e
execução. Revista Pensar Engenharia, v. 2, n. 1, jan. 2014. Disponível em:
http://revistapensar.com.br/engenharia/artigo/no=a125.pdf. Acesso em: maio 2020.

FONSECA, Alessandra da Rocha. Auscultação por instrumentação de barragens


de terra e enrocamento para geração de energia elétrica - Estudo de caso das
barragens da UHE São Simão. 2003. 158 f. Dissertação (Mestrado em Geotecnia) -
Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2003.

GALVÃO, Bianca Borba et al. Importância da sondagem SPT na construção civil:


tipos de sondagens, seus métodos e utilidades. Pesquisa e Ação, v. 5, n. 2, Jun.
2019.

GANDOLFO, Otávio Coaracy Brasil. Ensaios Geofísicos. Revista Notícias da


Construção, 2012.

HACHICH, Waldemar; et al. Fundações: Teoria e prática. São Paulo: Editora Pini.
1998.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Manual Técnico de


Pedologia. 2ª Edição, 2007. Disponível em:
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv37318.pdf. Acesso em: abril 2020.

LAGO, Alexandre Lisboa, et al. Aplicação integrada de métodos geofísicos em uma


área de disposição de resíduos sólidos urbanos em Bauru-SP. Revista Brasileira
de Geofísica, São Paulo, v. 24, n. 3, jul./set. 2006.

LEPSCH, Igor F. 19 Lições de pedologia. São Paulo: Oficina de Textos, 2011.

LEPSCH, Igo F. Formação e conservação dos solos. São Paulo: Oficina de


Textos, 2010.

LIMA, Valmiqui Costa; LIMA, Marcelo Ricardo de. Formação do Solo. 2019.
Disponível em: http://www.mrlima.agrarias.ufpr.br/SEB/arquivos/formacao_solo.pdf .
Acesso em: 10 abril. 2020.

103
MAGALHÃES, Paulo Henrique Lourenço. Avaliação dos Métodos de Capacidade
de Carga e Recalque de Estacas Hélice Contínua Via Provas de Carga. 2005.
243 f. Dissertação de Mestrado.– Departamento de Engenharia Civil e Ambiental.
Universidade de Brasília, Brasília, DF, 2005.

MARCELINO, Tânia Helena, et al. GPR para a verificação do nível d’água


subterrânea em transição Floresta Amazônica e Cerrado. Acta Amazônica, v.35,
n.3, p.367-374. 2005. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0044-
59672005000300010

NETO, Arthur Ayres. Uso da sísmica de reflexão de alta resolução e da sonografia


na exploração mineral submarina. Brazilian Journal of Geophysics, v. 18, n.3,
2000.

OLIVEIRA, Antônio Manoel dos Santos; BRITO, Sérgio Nartan Alves de. Geologia
de engenharia. São Paulo: Associação Brasileira de Geologia de Engenharia, 1998.

OLIVEIRA, Antônio Manoel dos Santos; MONTICELI, João Jerônimo. Geologia de


engenharia e ambiental. São Paulo: Associação Brasileira de Geologia de
Engenharia, 2017.

PINHEIRO, Rinaldo J.B. et. al. Avaliação da Condutividade Hidráulica das Unidades
Geológico-Geotécnicas de Santa Maria (RS) com a Utilização de Piezômetros.
Anuário do Instituto de Geociências, Rio de Janeiro, v. 41, n. 1, p. 212-221. 2018.
Disponível em: http://dx.doi.org/10.11137/2018_1_212_221. Acesso em: abr. 2020.

PLANAL TECNOLOGIA – Serviços e Engenharia. São Paulo. Acesso em: maio


2020. Disponível em: http://planalservicos.com.br/servico/medicao-de-
eletrorresistividade-er-ohmmapper.

REBELLO, Yopanan C. P. Fundações: guia prático de projeto, execução e


dimensionamento. 3. ed. São Paulo: Zigurate, 2008.

SANTA CATARINA. Companhia Catarinense de Águas e Saneamento. Resolução nº


194 de 13 de março de 1997. Manual de Execução de Sondagens e o Manual
para Serviços Topográficos. Disponível em:
http://www.casan.com.br/ckfinder/userfiles/files/Documentos_Download/manual_son
dagem.pdf. Acesso em: mar. 2020.

SANTOS, Humberto Gonçalves dos et al. Sistema Brasileiro de Classificação de


Solos. Brasília: Embrapa, 2006.

SCHNAID, Fernando; ODEBRECHT Edgar. Ensaios de Campo e suas aplicações


na engenharia de fundações. São Paulo: Oficina de Textos, 2000. 189 p.

SCHNEIDER, Nelson. Execução de Estacas Raiz. 2019. Disponível em:


https://nelsoschneider.com.br/estacas-raiz/. Acesso em maio de 2020.

104
SILVA, Carlos Medeiros. Energia e Confiabilidade Aplicadas aos
Estaqueamentos Tipo Hélice Contínua. 2011. 311 f. Tese de Doutorado em
Geotecnia - Universidade de Brasília, Faculdade de Tecnologia, Brasília, 2011.

VELLOSO, Dirceu de Alencar; LOPES, Francisco de Rezende. Fundações:


Critérios de Projeto, Investigação do Subsolo, Fundações Superficiais,
Fundações Profundas. São Paulo: Oficina de Textos, 2010.

105
ANEXOS

106
ANEXO A – PERFIS DE SONDAGEM À PERCUSSÃO.

107
108
109
110
111
112

Você também pode gostar