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M149a Machado, Débora dos Santos Candido.


Av. Paulista : da elite ao povo : as transformações e caracteri-
-zações da apropriação do espaço / Débora dos Santos Candido
Machado. – 2014.
211 f. : il. ; 30 cm.

Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade


Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2014.
Referências bibliográficas: f. 187-191.

1. Av. Paulista. 2. Espaço público. 3. Cidade. 4. Democracia. I.


Título.

CDD 711.4098161

2
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Pós Graduação Stricto Sensu
Doutorado em Arquitetura e Urbanismo

Aluna: Débora dos Santos Candido Machado


Orientador: Abilio da Silva Guerra Neto

Avenida Paulista: da elite ao povo


As transformações e caracterizações da apropriação do espaço
público da via contemporânea

São Paulo / 2014


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BANCA EXAMINADORA
Tese de doutorado em Arquitetura e Urbanismo apresentada à faculdade
de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Professor Dr. Abilio da Silva Guerra Neto


Instituição: Universidade Presbiteriana Mackenzie

Professora Dra. Denise Antonucci


Instituição: Universidade Presbiteriana Mackenzie

Professor Dr. José Geraldo Simões Jr.


Instituição: Universidade Presbiteriana Mackenzie

Professora Dra. Marta Bogéa


Instituição: Universidade de São Paulo

Professora Dra. Ana Paula Koury


Instituição: Universidade São Judas Tadeu
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Ao meu pai, Milton Schwantes, por me despertar o amor pela vida e pela pesquisa.
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AGRADECIMENTOS terial, agradeço à Marly Lemos, secretária executiva, pela entrevista e
atenção.
Meu agradecimento à amiga e arquiteta Débora Sanches, colega
Ao meu orientador, Abílio Guerra, por ser sério e solidário comi-
de Doutorado, com quem pude dividir grandes alegrias e grandes triste-
go, agradeço imensamente todos os momentos de apoio e ensinamento
zas, sou grata por todo apoio e amizade. Também, ao colega de Douto-
nesses anos, sendo grande exemplo de professor para mim.
rado, arquiteto Adhemar Pala, por ter sempre uma fala de incentivo e se
A Professora Angélica Alvim que me recebeu no Programa de
mostrar tão amigo nesses anos, obrigada.
Pós Graduação e me concedeu a bolsa de Doutorado, sou muito grata.
Agradeço ao Grupo de pesquisa da Universidade Nove de
Agradeço também a Professora Eunice Abascal, sempre disponível como
Julho / UNINOVE, que contribuiu imensamente na produção dos dese-
coordenadora do Programa de Pós-Graduação.
nhos apresentados neste trabalho, especialmente as alunas Monique
Sou grata a Instituição Presbiteriana Mackenzie, que me possi-
Marins Martins e Elaine Consul pelo grande envolvimento.
bilitou esse estudo. Agradeço ao Mack Pesquisa, pelo apoio através da
Também sou muito grata ao amigo, arquiteto e professor da
bolsa de Doutorado e a reserva técnica que me foi contemplada.
Uninove, Tiago Seneme Franco, que contribuiu muito coordenando a
Agradeço aos professores integrantes da banca de qualificação,
produção gráfica do grupo de pesquisa, e me ajudou em tantos outros
Professora Nadia Somekh e Professor Vladimir Bartalini que trouxeram
momentos.
contribuições importantíssimas à esse trabalho.
Agradeço ao grande amigo e arquiteto Rafael Pupim, sempre dis-
Meus agradecimentos aos professores que integraram a banca
creto e solidário, obrigada pelas reflexões sobre os assuntos da pesquisa,
final. Ao Professor José Geraldo Simões Jr., que fui aluna durante a gra-
com quem pude dividir todo o processo deste trabalho e outros momen-
duação e o doutorado, à Professora Marta Bogéa, muito especial, que fui
tos de amizade.
aluna e orientanda de mestrado, a Professora Ana Paula Koury e a Pro-
Aos queridos amigos arquitetos, que compartilhei momentos feli-
fessora Denise Antonucci, todos que gentilmente aceitaram o convite.
zes e me ajudaram com palavras de apoio, agradeço muito à Karen Yukie
Agradeço à João Carlos Cauduro que forneceu material para essa
Oura, André Marques, Keli Alexandruk, Marcia Góis, Liana P. de Oliveira e
pesquisa, aos profissionais entrevistados que me passaram conhecimen-
Pedro Rodrigues.
tos de forma tão generosa, obrigada ao arquiteto José Magalhães, a
Aos amigos da vida que foram profundamente acolhedores, es-
arquiteta e paisagista Rosa Kliass, ao arquiteto e urbanista Nadir Mezera-
pecialmente no falecimento do meu pai. Minha amiga do coração, Caro-
ni, que também me concederam material para a pesquisa.
line Leonardi, que mesmo sendo médica tenta compreender arquitetura,
A Associação Paulista Viva que me recebeu e me forneceu ma-
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me ajudou em tantas situações, se preocupando comigo e com a minha
pesquisa. Agradeço ao amigo Eder Salviano, pela amizade e ao amigo
Eduardo Cruz, parceiro em todos os momentos. Meu agradecimento
pelo carinho e incentivo dos amigos Roberto Baptista e Valeria Pereira.
Ao meu marido Heitor Gondo, sempre um grande amigo, parcei-
ro, companheiro, prontamente muito disposto a me ajudar, sou muito
agradecida pela paciência e tolerância nos dias difíceis e também por
valorizar os momentos de alegria e importância pra mim.
Ao meu primo Raphael Teixeira, pela amizade, obrigada pela
colaboração na diagramação deste trabalho. Ao meu primo Alexandre
Schwantes, me ajudou orientando como usar as lentes da máquina
fotográfica. As minhas irmãs Raquel e Priscila, pela caminhada eterna, ao
meu cunhado Márcio Faria que me ajudou a entender os direitos de uso
do espaço público pelo cidadão através da Constituição Federal, e aos
meus avós queridos, Marina e Naor, que contribuíram carinhosamente a
tantas outras situações, mas que favoreceram muito esse trabalho.
A minha mãe Rosi, sempre muito firme, forte, superando os
obstáculos e sendo um exemplo pra mim, me ajudou muito de diversas
maneiras, mas a principal forma foi me dando forças diariamente, até
mesmo quando não as tinha.
Ao meu pai Milton, o meu maior agradecimento que guardo no
meu coração, com quem pude dividir parte da pesquisa, sempre me
mostrando a beleza da vida. Através da Av. Paulista, pude viver grandes
emoções, perdi meu pai no Hospital Santa Catarina e descobri uma nova
São Paulo.

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8
Avenida Paulista: da elite ao povo
As transformações e caracterizações
da apropriação do espaço público da
via contemporânea

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ÍNDICE 139 CAPÍTULO 3.
VIA CONTEMPORÂNEA, VIA DO POVO:
11 RESUMO | ABSTRACT
CARACTERIZAÇÃO ATUAL E DESDOBRAMENTOS
14 APRESENTAÇÃO
140 3.1. A democratização da avenida: chegada do metrô, acesso dos pedestres e
19 INTRODUÇÃO palco de manifestações políticas (1990 - 2014)
151 3.2. A Paulista de hoje: o reflexo da apropriação em seis áreas (na Av. Paulista)

27 CAPÍTULO 1 . 153 3.2.1. Retrato dos grafiteiros anônimos no rebaixamento da avenida


APROPRIAÇÃO DOS ESPAÇOS PÚBLICOS DA METRÓPOLE 156 3.2.2. Praça do ciclista e ciclofaixa, sonhadas e conquistadas
35 1.1. Democracia e sociedade democrática 158 3.2.3. Busca de tranquilidade no miolo da quadra da Cetenco Plaza
38 1.2. A construção da cidade democrática 160 3.2.4. Conjunto Nacional: acessível de todos os lados
44 1.3. A vida democrática no espaço público da cidade 164 3.2.5. Masp, o projeto e a realidade do museu do povo
52 1.4. Relação da arquitetura e cidade como proposta de ocupação do espaço 169 3.2.6. Praça Oswaldo Cruz, para todos ao mesmo tempo
público
174 CONCLUSÃO
63 1.5. Espaços públicos por excelência: a calçada é a vida para cidade
176 GALERIA DE FOTOS
72 1.6. O espaço subutilizado e o espaço utilizado
187 BIBLIOGRAFIA
79 CAPÍTULO 2.
191 LISTA DE IMAGENS
TRANSFORMAÇÕES DOS ESPAÇOS PÚBLICOS DA AVENIDA
203 CRÉDITOS
PAULISTA
204 ANEXOS
92 2.1. Origem da Av. Paulista: dos casarões dos Barões do Café ao boulevard
(1870-1940) ENTREVISTAS
204 ROSA KLIASS
110 2.2. O início da diversidade de usos: Calçadas, Casarões e a primeira verticaliza 206 NADIR MEZERANI
ção com uso misto residencial e empresarial (1940-1970) 207 MARLY LEMOS
209 DESENHOS DA AV. PAULISTA
125 2.3. Avenida Paulista (como templo do moderno): verticalização total, predomí 211 BANNER DO GRUPO DE PESQUISA
nio dos bancos e corporações, avenida dos automóveis, calçadas e comunica
ção visual (1971-1989)

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RESUMO Abstract
A pesquisa traz a reflexão sobre o uso dos espaços públicos da ci- The research brings to reflection the use of the public places
dade, apontando principalmente para a questão da apropriação humana in the city, specially to the human appropriation in such places, it is
desses lugares, trata-se também da evolução desses espaços ao longo de also about the evolution of the public places since it exists through the
sua existência por meio dos resultados das intervenções públicas como results of public interventions, such as changes caused by economics,
as mudanças ocorridas por transformações econômicas, sociais e políti- social and political issues that are faced by the population that live in
cas vividas pela sociedade paulistana e brasileira. Com esse intuito, foi Brasil and also in São Paulo. Focusing in this idea, it was necessary to go
necessário inicialmente tratar questões conceituais dentro das áreas de through the conception issues into the architecture, urbanism, sociology,
arquitetura, urbanismo, sociologia, filosofia e história, tais como demo- philosophy and history areas such as democracy, fair society and human
cracia, sociedade justa e apropriação humana do espaço público. appropriation if the public places.
O objeto de pesquisa foi o espaço público mais significativo de The object of the research was the most significant public place
São Paulo pela ótica do uso efetivo do espaço público, a Av. Paulista, in São Paulo considering the affective use of the public place, Avenida
reconstruindo sua trajetória histórica. Paulista, reconstructing its historical trajectory.
Trata-se em seguida da condição atual do espaço público, como It follows the discussion of the current condition of the public
esse uso vem acontecendo na cidade, e em especial na Av. Paulista, dis- space, how the use of such places are occurring in the city, specially in
cutindo assim quais são os fatores que geram a apropriação do espaço Avenida Paulista, and what are the facts that causes the appropriation of
público e principalmente o uso da Av. Paulista, símbolo de São Paulo. the public places and mainly the use of Avenida Paulista by the people,
witch is a symbol of São Paulo.

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A rua

Toda rua tem seu curso


Tem seu leito de água clara
Por onde passa a memória
Lembrando histórias de um tempo
Que não acaba

De uma rua, de uma rua


Eu lembro agora
Que o tempo, ninguém mais
Ninguém mais canta
Muito embora de cirandas
(Oi, de cirandas)
E de meninos correndo
Atrás de bandas...

Gilberto Gil e Torquato Neto, Álbum Louvação, 1967

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APRESENTAÇÃO e – aspecto principal deste trabalho – o que faz da Av. Paulista tão apro-
priada pelo povo paulistano e em muitos casos também apropriada por
pessoas que não são de São Paulo. Para o entendimento desse fenôme-
A trajetória da pesquisa desde o primeiro momento apontava
no, foi construída então uma linha do tempo da Av. Paulista, desde o seu
para a discussão da apropriação do espaço público em uma região sig-
nascimento em 1890 até os dias de hoje, 2014. Para tanto, a discussão
nificativa na cidade de São Paulo. Sob a orientação do Professor Abilio
central da pesquisa analisa as transformações da Avenida para compre-
Guerra, chegou-se a constatação de que a Avenida Paulista seria o me-
ender o poder de atração e o potencial de apropriação deste espaço
lhor trecho urbano da metrópole paulistana para tal objetivo.
público pelo povo nos dias de hoje.
Para a compreensão do tema, foram pesquisados vários autores,
No entendimento da história da Av. Paulista, foi importante ouvir
os quais forneceram as bases necessárias para a análise. Dentre eles,
as palavras dos profissionais e ler sobre o trabalho dos órgãos que contri-
estão grandes pensadores como o filósofo francês Alexis de Tocqueville,
buíram nesse processo de transformação. Entre eles estão os arquitetos,
que trata as temáticas da democracia; o filósofo judeu-alemão Walter
urbanistas, órgãos de preservação da Av. Paulista (como o Instituto Pau-
Benjamin, que discute a questão do consumismo, capitalismo e a dis-
lista Viva, Masp, Itaú Cultural e Conjunto Nacional), além de informações
torção dos valores estéticos; e o sociólogo François Ascher, que traz a
de fontes de órgãos públicos (como a EMURB e o Metrô de São Paulo).
crítica sobre o individualismo humano no urbanismo contemporâneo. Na
Importante papel na pesquisa tiveram pessoas que concederam
temática relacionada à arquitetura e ao urbanismo, importantes bases
materiais e entrevistas. Rosa Kliass, arquiteta e paisagista responsável
teóricas foram dadas pelo arquiteto holandês Herman Hertzberger, que
pelos projetos de paisagismo das calçadas da Av. Paulista, ofereceu seu
apresenta a sua reflexão sobre espaço público e espaço privado através
depoimento. O designer João Carlos Cauduro, criador do projeto de co-
do desenho e da intenção do arquiteto, bem como pela historiadora,
municação visual da Av. Paulista, além de depoimento via email, forne-
filósofa e crítica de arte Françoise Choay, com sua leitura sobre as cor-
ceu material iconográfico que está contido neste trabalho. O arquiteto e
rentes de pensamento do urbanismo do século XX, e da qual especial
urbanista Nadir Mezerani, responsável por projetos urbanísticos realiza-
interesse tem a visão de Jane Jacobs. Para a leitura dos pensamentos
dos e não realizados para Av. Paulista, concedeu entrevista pessoalmen-
brasileiros incorporados à analise estão o historiador Sérgio Buarque de
te. O arquiteto e urbanista José Magalhães Júnior, vencedor do concurso
Holanda e o sociólogo e antropólogo Heitor Frúgoli.
para revitalização da Av. Paulista, ofereceu gentilmente algumas pala-
Houve a necessidade de compreensão de toda a história da Av.
vras. E a secretária executiva Marly Lemos, representante da Associação
Paulista para que assim pudesse compreender o presente, buscando
Paulista Viva, também prestou entrevista pessoalmente, expondo o
entender o que faz da Avenida Paulista espaço tão importante na cidade
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trabalho realizado e as intenções futuras da associação. tante no sentido de ter outras referências urbanas de apropriação do
Outro recurso utilizado para o entendimento da Av. Paulista, foi espaço público, respeitando cada cidade e cultura, mas tentando enten-
o redesenho das edificações ao longo da avenida, da planta e das duas der quais são os atrativos para tornar os locais tão interessantes.
fachadas voltadas para a via no programa AutoCad. Assim foi possível A viabilização do trabalho ocorreu graças ao Programa de Pós
analisar os gabaritos de altura, as áreas livres, o adensamento, as áreas Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Instituição Presbiteriana Ma-
verdes e a setorização de usos, comparando a evolução da arquitetura ckenzie, com o apoio do Mack Pesquisa que proporcionou grande incen-
e do urbanismo ao longo das décadas e identificando como os usos, a tivo financeiro com a Bolsa de Doutorado desde o segundo semestre até
forma dos edifícios e o desenho da avenida favoreceram esse processo o final do curso, além da Reserva Técnica no valor de R$ 4.000,00 que
de popularização da avenida. Para esta etapa do trabalho, foi criado um permitiu o suprimento de gastos com diagramação, revisão e impressão
Grupo de Pesquisa com dezessete alunos na Universidade Nove de Julho, deste trabalho.
coordenado por dois professores desta Instituição, Tiago Seneme Franco A hipótese central dessa pesquisa é a razão da Av. Paulista ser tão
e a autora desta pesquisa. O método adotado foi fragmentar a Av. Paulis- visível e utilizada na cidade de São Paulo. Aponta-se para suas condições
ta em várias áreas, sendo cada aluno responsável por uma área, em cada originais, que permitiram sua sobrevivência e transformações ao lon-
trecho foi feito o redesenho das fachadas, que unidas geraram o skyline1 1
go das décadas, especialmente suas mudanças de usos. Isso acontece
da avenida. Além do Grupo de Pesquisa, foi feito também uma página na primeiramente pela sua geografia, em seguida pelo seu projeto urbano
rede social Facebook, utilizando a internet como uma ferramenta prática original, pelos loteamentos iniciais e pela existência constante e signifi-
de comunicação com os alunos da graduação, e também um bom meio cativa das calçadas. Dessa forma, a história caminha para um protagonis-
de exposição e divulgação dos trabalhos produzidos pelos próprios alu- mo constante da Av. Paulista na cidade de São Paulo.
nos, professores e outros arquitetos. A tese da pesquisa de doutorado aponta para a importância da
Havia uma inquietação de conhecer outras cidades da Europa Av. Paulista para a cidade de São Paulo. No decorrer dos anos, não hou-
para ver pessoalmente e sentir como suas avenidas e regiões são forte- ve grandes artifícios ou projetos de modificação da via alterando suas
mente apropriadas pelas pessoas, quais as razões que levaram ao uso caracterizações originais, houve sim projetos urbanos com modificações
intenso do espaço público, qual o papel da população e qual o papel do importantes como o rebaixamento da avenida para circulação de veícu-
poder público. Com esse desejo, foi criado um roteiro pelas cidades de los em 1971 e a vinda do metrô em 1990, mas mantém-se a essência do
Madrid, Porto, Barcelona, Paris, Berlim e Milão. Esse trajeto foi impor- desenho urbano do primeiro projeto com uma via retilínea e imponente

1 Entende-se o termo skyline como uma reprodução das fachadas dos edifícios formando um único dese-
sobre o espigão central da cidade com quase três quilômetros. Isso quer
nho da via em elevação, na tradução literal do inglês significa linha do horizonte.
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Av. Paulista é mais apropriada pelo povo nas calçadas do que em outras
áreas, mas que, em paralelo, existem as praças, o parque Trianon e áreas
privadas de uso público como o Masp e o Conjunto Nacional, o que vem
ao encontro com essa relevância pública que a avenida traz para cidade.
Atualmente, as atividades e alternativas que a Av. Paulista oferece já
estão enraizadas na cultura paulistana e, graças ao turismo, a avenida
já tomou um caráter de utilização nacional, trazendo pessoas de vários
locais do país e do exterior.
Sua topografia, geometria, racionalização e o projeto original
foram fundamentais para o que é hoje. O espírito paulistano tem orgu-
lho do trabalho e a paulista expressa isso, também possibilita o lazer e
o trabalho juntos, ou seja, a variedade dos usos favorece a região como
citado anteriormente.
Para a organização das etapas da pesquisa, adotou-se o método
de leitura dos autores relacionados ao tema, a análise do projeto ur-
bano, através de desenhos, memoriais e depoimentos dos arquitetos e
Fig. 1 – Divisão da Av. Paulista em áreas para cada aluno desenvolver o redesenho das fachadas. urbanistas autores dos projetos, em paralelo, essas análises foram feitas
no próprio local, onde foi possível conhecer e compreender a realidade
dizer que seu desenho original permitiu que a Av. Paulista fosse uma atual, vivenciando momentos junto com as pessoas que ali ocupam.
região de grandes possibilidades sem a interferência de um desenho De acordo com o tema de pesquisa, foram utilizados os seguintes
urbano modificativo do ponto de vista da forma. Permitiu-se mudan- materiais:
ças de usos, instalações de novas infraestruturas urbanas e constantes - bibliografia específica e complementar (livros, revistas e periódicos)
pequenas mudanças, como alterações das calçadas e dos mobiliários. É - documentos relativos aos projetos selecionados:
interessante destacar que nesse processo, a via nunca perdeu a presença a) existentes: memoriais, desenhos técnicos de projetos, documentação
forte dos espaços públicos, especialmente no que diz respeito às calça- visual (fotos e imagens) de registro históricos;
das, que tem um valor inegável para a cidade, podendo dizer até que a b) documentação visual atual, fotos e desenhos técnicos realizada pela

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pesquisadora e pelo Grupo de Pesquisa já citado; xão de possíveis soluções para cada caso.
c) viagem técnica para Europa buscando referências internacionais. As etapas de desenvolvimento da pesquisa são:
d) entrevista com os autores dos projetos pesquisados e profissionais - Em uma primeira fase, compreende-se os conceitos e os pensa-
importantes na trajetória da Av. Paulista. mentos dos autores dentro da sociologia, filosofia, história, arquitetura e
A pesquisa foi iniciada com a compreensão dos espaços públicos urbanismo, e de que forma esses conceitos possam explicar a realidade
urbanos e edificados, baseado nos autores que retratam esses assun- que está se estudando.
tos. Em seguida, é determinada a Av. Paulista como objeto de pesquisa, - Eleger os projetos arquitetônicos e urbanísticos já concretizados
e suas edificações de uso público que ilustram, através dos projetos na Av. Paulista, além da situação da própria via atualmente, baseando-se
arquitetônicos e urbanísticos, a sua configuração urbana e seu papel na nas propostas de arquitetura e urbanismo que oferecem resultados posi-
cidade. tivos do ponto de vista da apropriação do espaço público pelo homem.
Através dessa leitura do espaço urbano que efetivamente acon- - Identificar onde se pode relevantemente fazer a leitura dos
tece a vida pública, propicia a transformação da sociedade sob o olhar espaços que se abrem para a cidade, e consequentemente para a socie-
da arquitetura, contribuindo e influenciando na vida das pessoas. Após a dade compreendendo e associando aos conceitos estudados na primeira
seleção dos projetos urbanísticos da avenida e de alguns projetos arqui- etapa da pesquisa que justificam o fenômeno de transformação da socie-
tetônicos relacionados ao tema, foi feita a análise de cada um, mostran- dade através da cidade. Em contrapartida, discutem-se alguns espaços
do de forma clara e objetiva, os pontos que beneficiaram a cidade onde que não se relacionam com a cidade e também o frequente isolamento
está implantada, concluindo assim, suas influências pontuais e gerais. do ser humano, consequência desses espaços.
O trabalho também contempla estudos de projetos internacio- - Para o entendimento morfológico da avenida, buscou-se repro-
nais que mostram exemplos de espaços públicos onde a apropriação é duzir as duas fachadas da Av. Paulista em desenho técnico e perspectiva
evidente e, assim, podem ser relacionados com São Paulo, e até mesmo gerando a paisagem urbana existente do local, identificando através de
utilizados como estudos de casos para projetos no Brasil. legendas, os gabaritos de altura, usos e períodos históricos que foram
O trabalho propõe também uma discussão das possibilidades de construídos.
áreas públicas em espaços urbanos, integrados aos edifícios, onde se
pode melhorar e explorar mais intensamente essas áreas. Foram identifi-
cados casos de áreas públicas em potencial, porém subutilizadas, ociosas
e muitas vezes completamente deterioradas, permitindo, assim, a refle-

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INTRODUÇÃO
O tema da pesquisa derivou de uma reflexão sobre os espaços
públicos na cidade, mais especificamente o espaço considerado e cha-
mado público, de uso coletivo, como foram projetados e pensados pelos
arquitetos e urbanistas e, posteriormente, utilizados pela população.
Também procurou-se compreender a utilização do espaço público, de
que forma os arquitetos e urbanistas, sobretudo em países como o Bra-
sil, contribuem na sua implantação e organização.
É considerado público o espaço acessado por todos, as áreas
da cidade ou dos edifícios mantidos sob a responsabilidade do estado,
Fig. 2 – Bondes na Av. Paulista, 1936.
que deve promover a infraestrutura da cidade. Porém, com as trans-
formações, as responsabilidades vão mudando com o tempo e o poder
privado em alguns momentos tem sua participação, seja de seus pró-
prios interesses ou por questões de legislação e incentivos fiscais. Como
exemplos, podemos citar o surgimento dos bondes no início do século
passado, que pertenciam à empresa privada Light; e, atualmente, par-
te do metrô de São Paulo mantido pela iniciativa privada, como a linha
amarela pela concessionária Via Quatro. O mesmo ocorre com o sistema
de ônibus, onde temos a oscilação entre o monopólio estatal e a presen-
ça da iniciativa privada. Como a demanda da cidade é muito grande, o
poder público permite, eventualmente, que as empresas vendam servi-
ços de transporte.
Em muitos casos, moradores usam serviços privados não porque
querem, mas sim porque o serviço público oferecido não é suficiente,
caso de escolas e hospitais que atendem à população, embora insuficien- Fig. 3 – Linha amarela do metrô.
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tes para a demanda. tetura tem forte contribuição, positiva ou negativa, gerando mudanças
A arquitetura e o urbanismo recriam o desenho da cidade através nesta e na vida das pessoas. Os novos espaços construídos ou refor-
de seus projetos para os espaços públicos, da relação do edifício com a mados são, portanto, fruto de um trabalho intelectual dos arquitetos e
cidade, buscando compreender a transformação dos locais e dos indiví- urbanistas.
duos. Ambas têm o papel de abrigar as pessoas e proporcionar melhor Pode-se analisar o avanço social de uma sociedade pela ótica
qualidade de vida. de qualidade urbana, ou seja, a presença forte ou fraca dos espaços
O arquiteto Herman Hertzberger explica em seu livro Lições de públicos da cidade através de suas praças e parques, de seus edifícios
arquitetura: privados ou públicos que se abrem para ela, os calçadões como vias de
pedestres e, principalmente, suas calçadas. A maneira como a população
“O arquiteto pode contribuir para criar um ambiente que ofereça muito
mais oportunidade para que as pessoas deixem suas marcas e identifi-
usufrui desses locais pode ser consciente da necessidade de preservação
cações pessoais, que possa ser apropriado e anexado por todos como ou pode ser destrutiva tratando o local como “terra de ninguém”. Perce-
um lugar que realmente lhes pertença”.21 be-se que a existência do espaço público é um bem coletivo valorizado
pela população. Quanto mais áreas públicas existem na cidade, mais
Compreende-se então que a arquitetura é uma contribuição para
aumenta o “índice de civilidade” de uma sociedade, já que espaços de
a transformação da cidade e, consequentemente, da sociedade, criando
lazer, cultura e educação são oferecidos pelo estado de maneira igua-
o sentimento de pertencimento e buscando o que seria uma cidade com
litária, para uso público e coletivo. A proposta de oferecer espaços de
qualidade3, que sofre suas transformações ao longo do tempo de acor-
modo democrático nasce da ideia de que todas as pessoas são iguais e
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do com as necessidades do tempo. E, também, por princípios e valores


têm os mesmos direitos enquanto cidadãos: o espaço é público, mantido
novos principalmente nas questões influenciadas pela cultura, refletindo
pelo poder público. Contudo, quantidade de praças e parques definitiva-
em aspectos como a ocupação e uso da cidade, a mobilidade urbana, a
mente não atende a demanda da cidade e nem todas são conservadas
sustentabilidade e a legislação. É interessante perceber que a cidade vive
sofrendo situações de abandono.
um processo de transformação e movimento constantes, e que a arqui-
Os números a seguir se referem ao registro no ano 2000 na
2 
HERTZBERGER, Herman. Lições de arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 1999, p. 47.
cidade de São Paulo, em relação às vias: de 15323,30 km², sendo 17 mil
3 
O historiador Gian Carlo Argan reforça essa ideia dizendo que “A hipótese da cidade ideal implica o concei-
to de que a cidade é representativa ou visualizadora de conceitos ou de valores, e que a ordem urbanística metros lineares de ruas e avenidas; as calçadas somam 34 mil quilôme-
não apenas reflete a ordem social, mas a razão metafísica ou divina da instituição urbana. Daí se deduz que a
cidade moderna contrapõe-se à antiga exatamente na medida em que reflete o conceito de uma cidade que, tros de calçadas considerando os dois lados da via; isso também contabi-
não tendo uma instituição carismática, pode continuar a mudar sem uma ordem providencial e que, portan-
to, exatamente a sua mudança contínua é representativa, de modo que o que resta do antigo é interpretado,
sim, como pertencente à história, mas a um ciclo histórico já encerrado”. ARGAN, Gian Carlo. História da arte
liza calçadas em condições precárias que não permite seu uso. Portanto,
como história da cidade. 5ª edição. São Paulo: Martins Fontes, 2010, p. 74-75.
20
a cidade é mais planejada para o veículo do que para o pedestre; pode-
Crescimento da população de São Paulo
mos até afirmar que o leito carroçável, isto é, a rua – é um local público,
Ano 1900 1920 1940 1960 1980 2000
mantido pelo poder público, mas para que esse espaço seja usado como
População 240.000 579.033 2.198.096 3.825.351 8.493.226 11.253.503
circulação é necessário um automóvel; a rua é pública, mas o uso é prati- (Pessoas)

Expectativa
camente particular e individual. de vida em 33,7 34,5 50,28 64,71 67,26 74,2
São Paulo
A população, já muito grande, vem crescendo cada vez mais; em (anos)
1900 eram 240 mil pessoas, um século depois são 11 milhões, quase Tabela 1 - Crescimento da população de São Paulo.
Fontes: IBGE, SP Turis, Prefeitura de São Paulo, Organização Mobilize-se e Organização Visite São Paulo.
cinquenta vezes mais. Esse crescimento desordenado trouxe novas ne-
cessidades, por exemplo, o metrô, com cinco linhas e 64 estações, não
Avanço social de acordo com a utilização dos espaços públicos principais em São Paulo
consegue atender a enorme demanda de mobilidade urbana na última
Espaços Ano 2000
década, não acompanhando esse crescimento. Ao mesmo tempo, au- Tamanho da cidade 15323,30 Km²
menta a expectativa de vida da população que, em 1900, era de apenas Ruas e Avenidas 17 mil Km lineares
Calçadas 3 mil Km lineares
33,7 anos; em 2000 passa a ser de 74,2 anos, criando novas exigências
Praças 4577 unidades
de acessibilidade. Parques 64 unidades

O ritmo de cada situação é diferente; enquanto a população Linhas de Metrô 5 unidades


Estações de Metrô 62 unidades
paulistana cresce e se fortalece economicamente, o poder público não
População 11.253.503 pessoas
acompanha as necessidades da cidade; há falta de espaços e a desigual- Expectativa de vida em São Paulo (anos) 74,2 anos
dade aumenta. O caso do transporte público, por exemplo, faz com que Tabela 2 - Avanço social de acordo com a utilização dos espaços públicos principais em São Paulo
Fontes: IBGE, SP Turis, Sinaenco (Sindicato da Arquitetura e da Engenharia), Prefeitura de São Paulo, Metrô
se adquiram veículos por necessidade e não por luxo, em função das de Sâo Paulo, Organização Mobilize-se e Organização Visite São Paulo.

grandes distâncias e da falta de condições do transporte público.


O mapa da área urbanizada até o ano de 1881 mostra, na atual
região do centro de São Paulo, em cor vermelha, a expansão da cidade.
Deveria se prever um crescimento da população e da área física da cida-
de simultaneamente. O ideal seria o poder público, ou seja, prefeitura e
governo do estado, gerarem novas soluções de mobilidade, novas áreas
públicas, mais áreas verdes preservadas e infraestrutura urbana, antes

21
da formação de novos bairros. Mas o poder público, não dá prioridade a A busca da identificação do que é essa cidade democrática, a
essas questões. questão inicial, significa o local físico onde as pessoas são vistas como
Com o crescimento da cidade desordenado, as consequências cidadãos, exercem cidadania e dão o verdadeiro sentido à cidade.
de caráter ambiental, social e econômico são ruins, sem planejamento Quando se trata da cidade, não se pensa o acesso democrático
estratégico e equilibrado, existem, enfim, desde o seu nascimento. do município na sua totalidade, afinal existem espaços privados tam-
A cidade é pensada de maneira desigual, definida muito mais bém, mas essa democracia acontece ou deveria acontecer nos pontos
por interesses de classes, especialmente as dominantes, não estabele- efetivamente projetados para isso – o chamado espaço público –, o palco
cendo o cumprimento da democracia, quando todos deveriam ter os onde a democracia acontece.
mesmos direitos, ou seja, uma cidade dominada por poucos, mas vivida A presente pesquisa – Avenida Paulista: da elite ao povo, as
por muitos. Entende-se aqui a grande necessidade da discussão sobre transformações e caracterizações da apropriação do espaço público da
democracia, como ela acontece e é estimulada ou desestimulada pelo via contemporânea – aponta a compreensão de como as pessoas se
poder público e pelos cidadãos. Muitas correntes de pensamento dentro apropriam e se utilizam desse espaço que é público e coletivo na cidade
da filosofia e da sociologia amparam esse ideal de uma sociedade demo- de São Paulo. Contudo, procurou-se entender como a arquitetura contri-
crática exercendo seu papel na cidade. buiu ou não, e possibilitou ou não, a utilização democrática desse espaço
da cidade, identificando quais são aqueles em que a população vive e
sente como sendo dela. Para isso, foram estudadas também algumas
propostas de espaços públicos em cidades do primeiro mundo, como
Berlim, Paris, Londres, Madri, Barcelona e Milão, que exemplificam essa
civilidade através dos resultados, de atrativos e gentilezas urbanas.
Entende-se por gentilezas urbanas, em primeiro lugar, os projetos
e soluções da cidade que geram condições respeitosas para o pedestre
e para o usuário em geral, como é possível facilitar a vida das pessoas
e realmente criar condições de viver sem carro por opção; como exem-
plo mais significativo estão calçadas em boas condições e, em seguida,
o desenvolvimento do metrô e do trem urbano. Entendemos também

Fig. 4 – Mapa de Expansão da Área Urbanizada da Região Metropolita-


que novas soluções e alternativas como ciclovias e ciclofaixas podem ser
na de São Paulo de 1882 a 1914.
22
consideradas gentilezas urbanas, uma vez que levam em consideração região ideal, de acordo com nosso objetivo de discorrer sobre a apro-
não somente a mobilidade, mas ainda questões ambientais. Em relação priação do espaço público pelas pessoas. A avenida contém uma riqueza
ao automóvel é possível pensar em soluções gentis para a cidade, desde de áreas coletivas e locais convidativos, especialmente calçadas largas,
que em uma medida justa, sem desmerecer a condição dos pedestres, em que é possível observar sua apropriação e ocupação. Ocorre ainda a
por exemplo, considerando limites de velocidade coerentes com a vida facilidade de acesso a ela, seja pelo transporte público, veículos particu-
dos transeuntes, quantidade de pistas em uma mesma rua, equilibrada lares, bicicletas e até mesmo a pé, fatores intimamente ligados a infraes-
em relação à largura das calçadas. Outras questões como respeitar a trutura urbana da região. Por último, existe outra questão considerável,
história de um bairro, respeitar o gabarito de altura de uma rua também a localização próxima ao centro da cidade, fato que beneficia muito os
são gentilezas urbanas para evitar grandes condomínios com edifícios interessados; ela é muito frequentada por pessoas vindas de outros bair-
isolados sombreando pequenas residências. Existem inúmeros exem- ros, tanto os mais próximos quanto os mais afastados, graças à a acessi-
plos, mas o que realmente importa não são as macro-soluções ou micro- bilidade que o metrô cria.
-soluções, são sempre soluções gentis de acordo com a vida das pessoas. Apresentamos então a leitura da Av. Paulista a partir dos planos
Ou seja, aquilo que a cidade oferece como regiões, bairros e até mesmo urbanos e de infraestrutura, e planos paisagísticos, executados ou não,
ruas, com espaços de uso público voltados para a comunidade e popula- criando uma cronologia de reconstrução da evolução da via, através da
ção locais e turistas. linha do tempo que reconhece quatro grandes momentos.
Com essas informações, além de outras também relevantes como O primeiro período, final do século XIX, marca sua origem; uma
o histórico do lugar, a situação política, social e econômica atual, é possí- via promissora para vendas de lotes e interesses da elite paulistana da
vel dizer se a cidade denota determinada condição de civilidade por seus época. No segundo período, começam a surgir os edifícios residenciais,
valores. Esse levantamento apresenta como dados a quantidade e qua- comerciais e de serviços e a região deixa de ser exclusivamente residen-
lidade das calçadas, as praças, os parques, as áreas livres diretamente cial, iniciando sua verticalização com novas arquiteturas. Já o terceiro
ligadas aos edifícios ou não. É importante destacar que, além do poder período, é marcado por melhorias consideráveis dos espaços públicos,
público, o poder privado muitas vezes abre seus espaços para cidade e para qualificar urbanisticamente – com novos projetos para circulação
para a população, oferecendo locais para uso coletivo. Nessas situações, de veículos, calçadas e comunicação visual. A avenida, antes ocupada
essa arquitetura passa a ter um caráter público, mesmo sendo mantido por edifícios corporativos importantes, passa a receber novas sedes de
pelo poder privado. bancos, que conferem um status elevado e restritivo, transformando a
O objeto desse estudo – a Av. Paulista – localiza-se em uma região em grande centro financeiro, embora era a fase da ditadura no

23
Brasil e contribuísse para a segregação social. seguida, fazer uma observação de novas possibilidades que melhorem
Mais adiante, no quarto período, ocorre a fase mais significativa e reforcem a ideia de privilegiar o usuário no espaço público através da
da Av. Paulista do ponto de vista da apropriação do espaço público. A via relação do edifício com a cidade e o equipamento com o pedestre.
recebe o metrô da linha verde, tornando a região mais popularizada e
frequentada por todas as classes sociais, transformando-se no símbolo
da cidade de São Paulo. Esse último período chega até a atualidade e
sua maior característica é o uso intenso da população, das mais variadas
atividades, tanto por meio de eventos, como por manifestações políti-
cas, de protesto. Constata-se que a Av. Paulista foi criada para a elite da
época, mas com a geração de novos espaços públicos, explicados pos-
teriormente, a região caminhou mais de um século para uma constante
popularização e apropriação de todas as classes sociais. A Av. Paulista,
depois de suas transformações, portanto, avançou nesse século tanto
pela frequência da elite como pela do povo.
Enfim, essa reflexão busca compreender como nasce o sentimen-
to de apropriação que a população deve ter para a utilização adequada
e a preservação da arquitetura e urbanismo em área pública ou com ca-
ráter público. O trabalho discute questões como: “O que caracteriza uma
1890 – 1939 1940 – 1970 1971 – 1989 1990 – 2014
arquitetura de uso público? A população entende esse espaço como uso
público? De quem é a responsabilidade pelo cuidado e preservação do
espaço público da cidade? Qual o papel do transporte público, especial-
Origem Hoje
mente o metrô, no acesso a esses espaços?” O objetivo é aprofundar Elite Povo
o conhecimento compreendendo os atrativos do espaço público e do Barões do Café Verticalização Ditadura e automóveis Metrô, Calçadas e
Símbolo da cidade
espaço coletivo que geram claramente o desejo de apropriação nos usu- Casarões Calçadas e Comunicação Visual
Diversidade de usos Eventos e Manifestações
ários, especialmente na Av. Paulista, questionando por quê essa via teve
tanto destaque e recebeu tanta infraestrutura ao longo dos anos. E, em
Fig. 5 – Linha do tempo das transformações da Avenida Paulista.
24
Fig. 6 - Panorama da Zona Central de
São Paulo a partir do edifício Altino
Arantes.

25
26
CAPÍTULO 1
Apropriação pela população dos espaços públicos da metrópole

27
28
A expansão positiva dos espaços públicos traz um benefício vida urbana e da arquitetura, os incentivos ao isolamento são inúmeros,
enorme para a sociedade ao promover a aproximação e convivência das como transporte individual particular, prédios e casas isoladas do con-
pessoas dentro do contexto urbano, como também a experiência da texto urbano, estímulo ao consumo em shoppings centers, entre outros,
vivência da diversidade. Espaços públicos e coletivos evitam o isolamen- o que somado se torna gritantemente desconfortável e impessoal.
to de pessoas que deveriam ocupar essas áreas; atualmente, um isola- Essa vida isolada é retratada no texto “Homem na Multidão”
mento bastante frequente nas metrópoles, estimulado pela arquitetura de Edgard Allan Poe, enfocando o comportamento de um homem que
enclausurada dos edifícios e por uma ideia de segurança. transita sozinho em meio à multidão e, embora cercado de gente, ele
Walter Benjamin, filósofo e sociólogo alemão do início do século permanece só. O filósofo Walter Benjamin analisa esse comportamento
XX, influenciado pelo marxismo, reconhecia o comportamento do ho- o afirmando:
mem privado:
“O texto de Poe põe em destaque a relação entre selvageria e discipli-
“Os fatos da vida interior do homem não têm por natureza esse cará- na. Seus transeuntes comportam-se como se, adaptados em autôma-
ter irremediavelmente privado, mas o adquirem unicamente quando tos, não pudessem mais exprimir-se senão de maneira automática. [...]
diminui, devido a fatos externos, a possibilidade de que sejam incor- Em suas relações com a máquina, os operários aprendem a coordenar
porados à sua experiência [...]. A indiferença brutal, a clausura insen- ‘seus próprios movimentos com aqueles uniformemente constantes
sível de cada um nos próprios interesses privados torna-se tanto mais de um autômato’. Estas palavras lançam uma luz particular sobre a
repugnante e ofensiva quanto maior é o número de indivíduos que se uniformidade, de caráter absurdo, que Poe atribui à multidão: unifor-
aglomeram em um espaço reduzido”.43 1
midade de vestir e de comportamento, e não menor uniformidade de
expressão”.52
Conforme o pensamento de Walter Benjamin, a natureza huma-
na não traz desejos de uma vida privada, mas sim de uma vida coletiva, A vida humana perde sua originalidade, remetendo a comporta-

apesar de almejar momentos de privacidade. Entretanto, a falta de expe- mentos individuais mesmo estando em um contexto povoado. Ainda que

riências coletivas e os estímulos da vida contemporânea ao cerceamento envolva muitas pessoas, a vida não é coletiva, não se detém em interes-

das pessoas, são fatores que geram a vida privada; seria interessante ses grupais e democráticos. A reflexão de Benjamin sobre o “Homem na

pensarmos que a vida é uma consequência das incitações dadas, quando Multidão” de Poe salienta a uniformidade da multidão como geradora

nos é ensinado a ser um indivíduo privado ou público. No universo da de comportamentos semelhantes, até mesmo iguais; mesmo assim, são
privados porque não são expressivos; são apenas reproduzidos individu-
4
 BENJAMIN, Walter. Sobre alguns temas em Baudelaire. In Obras escolhidas III – Charles Baudelaire: um 5 
BENJAMIN, Walter. Sobre alguns temas em Baudelaire. In Obras escolhidas III – Charles Baudelaire: um
lírico no auge do capitalismo. São Paulo: Brasiliense, 2004, p. 106 e 116. lírico no auge do capitalismo. São Paulo: Brasiliense, 2004, p. 127 e 128.
29
almente, portanto, se tornam comuns.
Benjamin destaca também o “Flâneur”, um grande observador da
vida humana que vivencia a cidade, como defendia Charles Baudelaire,
poeta e escritor crítico do século XIX avaliando que o homem urbano
precisaria vivenciar a cidade de maneira calma, buscando caminhar e
observar para assim percebê-la. Ideia contrária ao ritmo frenético das
sociedades modernas, em que não é possível refletir sobre o contexto
urbano e sim usá-lo como meio de circulação rápida:

“Havia o transeunte, que se enfia na multidão, mas havia também o


flâneur, que precisa de espaço livre e não quer perder sua privacidade.
Que os outros se ocupem de seus negócios: no fundo, o indivíduo só
pode flanar se, como tal, já se afasta da norma”.6

Distingue, esse retrato de Baudelaire, o homem que vivencia a Fig. 7 – O ”Flâneur” caminhando no ritmo da tartaruga e observando a cidade.

cidade sem pressa, sem preocupações, um “vagabundo”, um ocioso que


não se importa com a velocidade do tempo diário e com as exigências do
trabalho da vida moderna, e, sim, uma preocupação com a experiência
daquele momento. Diz até mesmo que era necessário levar uma tarta-
ruga para passear como meio de protesto contra a evolução da cidade
agitada e cheia de atrações, a fim de se desfrutar da paisagem de acordo
com a velocidade do quelônio.
Essa formulação mostra que o isolamento das pessoas em espa-
ços privados gera desconforto na convivência dentro da cidade; percebe-
-se, assim, que as pessoas se dividem em classes sociais e mostram
atitudes mais individuais e egoístas, buscando seus próprios interesses Fig. 8 – Metrô Pedro II, região central de São Paulo. É uma área bem localizada, ampla e com presença de
vegetação, porém não há áreas de convivência, existe alta concentração de moradores de rua e é uma região
e em soluções particulares, pessoais e menos coletivas. Como exemplo, perigosa. Os pedestres circulam muito em função da estação de metrô e o trânsito de veículos também é
intenso, porém não existe qualidade de espaço para pessoas vivenciarem e faltam espaços atrativos para a
população.
podemos apontar a mobilidade urbana, cada vez mais individual pelo
30
uso do automóvel e menos coletiva pelo uso do transporte público.
Em comportamentos individualizados, vive-se com pouco ou
nenhum contato com outros indivíduos; o entorno da residência passa
a ter barreiras tão rígidas e definidas, a ponto de não se estabelecer ao
redor da entrada da casa, ou da entrada do edifício alguma opção de rua
de convivência. Sem o estímulo do convívio dos que ali moram, a ideia
de privacidade e segurança gera o isolamento e a separação de classes
sociais. Esse fato se reflete claramente na apropriação ou não de locais,
muitas vezes importantes e bem situados, mas que a própria população
deixa ao abandono, ao esquecimento.
Passam a ser espaços existentes como área física, porém inexis-
tentes para a percepção humana, até se tornarem insignificantes.
Outras áreas são então valorizadas, muitas são privadas, como os
shopping centers, estabelecendo de forma definida a diferenciação entre
classes sociais, afastando aqueles que se sentem excluídos. É o caso do
bairro Alphaville em Barueri, na grande São Paulo. Seu acesso é restri-
to, não há trem ou metrô do centro para lá, o sistema de circulação de
ônibus é limitado e a maior parte dos moradores se locomove por meio
de carro particular ou ônibus coorporativo; apenas a população de baixa
renda se utiliza do transporte público. Essa conduta se reproduz em salas
comerciais, em arranha-céus ou em residências dentro de condomínios
fechados. Isso gera o mínimo de contato com a cidade, o desapego com
a região, fazendo do espaço público, como calçadas, praças e parques, Fig. 9 – Anúncio de empreendimento imobiliário de edifício residencial no bairro de Santana em
São Paulo. Estímulo à vida privativa.
apenas uma zona de passagem e não de convívio como seria desejável.
Fig. 10 – Planta do empreendimento imobiliário de edifício residencial no bairro de Santana
O comportamento do homem público resulta também do uso em São Paulo, a vida urbana caminha para a busca de praticidade, pensando nessas questões
as construtoras usam como vantagem para atrair moradores, todo o lazer privativo dentro do
do espaço de maneira pública, porém o que se percebe é um estímulo próprio condomínio. Por outro lado, é um fator que contribui para o comportamento individual,
ao contrário do convívio público em locais de uso coletivo.
31
contrário a isso. Segundo Nadia Somekh, em “Alphaville segue modelo
europeu”, a cidade nasceu para desafogar São Paulo, porém se não for
feito com um planejamento visando à infraestrutura urbana com trans-
porte coletivo unindo as cidades do entorno, da maneira que foi feita,
Alphaville se torna uma nova cidade com características de metrópole,
consequentemente com verticalização e isolamento humano.
No campo do urbanismo, Nadia Somekh argumenta:

“o bairro segue, em parte, o modelo desenvolvido em cidades inglesas


e francesas no século 20. As villes nouvelles, na França, foram criadas
como alternativas para desafogar Paris, mas com a diferença de uma
boa estrutura de transporte coletivo servindo quem se mudava para
esses locais. Sem a infraestrutura de ligação com São Paulo, Alphaville
se constituiu como uma nova cidade, reproduzindo o padrão da metró-
Fig. 11 – Vista do bairro Alphaville em Barueri, Grande São Paulo, 2011.
pole, com a consequente verticalização. O alívio para seus problemas
passa por planejamento. O fato de o bairro ter crescido e criado novas “Alphaville é uma cidade particular completa, com um grande com-
atividades é positivo, pois permite a diminuição dos deslocamentos. plexo de escritórios, um shopping center de alto nível e áreas resi-
Mas Alphaville precisa ser pensada dentro de uma perspectiva me- denciais cercadas, tudo defendido por mais de oitocentos seguranças
tropolitana, integrada a São Paulo e às cidades vizinhas. O transporte particulares”.82
coletivo estrutura isso.”71
Trata-se a questão da violência93como a principal justificativa para

o fechamento dos locais e isolamento das pessoas, adotando o enclausu-
Recorre-se mais uma vez ao comportamento individual, utilizan-
ramento das pessoas como garantia de segurança; na maioria dos casos,
do a cidade como áreas fragmentadas e privadas, sempre promovendo
um grande equívoco.
locais de interesses particulares, com acessos restritos a pessoas especí-
Com destaque na existência dos espaços públicos, esse trabalho
ficas, definidas por classes sociais, vínculos empregatícios etc. Segundo
Mike Davis, 8 
DAVIS, Mike. Planeta favela. São Paulo: Boitempo, 2006, p. 123.
9
 Segundo Teresa Caldeira, “a segurança é um dos principais elementos da publicidade e obsessão de todos
os envolvidos”. CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. Cidade de muros: crime, segregação e cidadania em São Paulo.
7 
SOMEKH, Nadia. Alphaville segue modelo europeu. Revista da Folha, São Paulo, Folha de São Paulo, 13 nov. São Paulo: Editora 34, 2000, p. 263. Na visão de Mike Davis é como se fosse uma justiça própria onde as leis
2011, p. 36. seriam diferentes para Alphaville.
32
apresenta um raciocínio da compreensão da arquitetura como um dos trajetos urbanos, por exemplo; é muito comum trabalhadores que vivem
fatores de influência na transformação da sociedade de forma positiva em bairros periféricos de São Paulo demorarem duas horas para chegar
ou negativa10, ou melhor, que gera a qualidade de espaços na cidade
1
ao trabalho devido ao trânsito congestionado, no entanto a solução de
para uso da população. Essa transformação ocorre através dos locais um grande viaduto ou uma via elevada que encurtasse essa distância
efetivamente usados e ocupados pela sociedade de maneira espontânea seria uma “grande vantagem” do ponto de vista dessas pessoas, mas
e livre. elas mesmas não se dão conta das consequências trágicas que isso possa
Pensando a cidade e a sociedade que ali vive, podemos levar essa gerar como impacto visual e prejuízo ambiental de uma solução apenas
reflexão para o campo da arquitetura e do urbanismo, quando a cidade parcial e temporária. Futuramente, vai haver outro crescimento desme-
deixa de enfrentar questões sociais, justas e democráticas, para se tornar dido e será necessária uma nova solução.
apenas um grande interesse do mercado capitalista, uma cidade para Ou seja, o que é ruim nesse caso é visto como bom; o ideal
poucos. Não propõem planejamentos estratégicos, mas criam edifícios seriam soluções abrangentes para a cidade, como uma rede de transpor-
enormes em desacordo com o tecido urbano, a custos injustos e inaces- tes diminuindo o tempo dos trajetos urbanos, a paisagem urbana pre-
síveis para imensa maioria da população, concentrando muita gente no servada assim como a qualidade ambiental e o suprimento das futuras
mesmo espaço físico, esvaziando outras partes da cidade, criando áreas demandas. Trata-se novamente do homem privado citado por Benjamin,
desconectadas do centro em regiões periféricas sem transporte público esse homem que não percebe a cidade e passa a viver sem enxergá-la
e sem qualidade ambiental, ou seja, uma cidade desequilibrada, mas realmente, apenas como se fosse um meio traçar um percurso e alcan-
que a massa112vem construindo há anos e realmente acredita que é pos- çar outro local.
sível viver nessas condições.
Essa vida urbana, muitas vezes sem qualidade, se dá princi-
palmente porque as pessoas não têm outras referências do que seria
qualidade de vida coletiva e qualidade de espaço coletivo, construindo
soluções individuais, mantendo valores equivocados em que o que é
péssimo passa a ser tolerável e até mesmo bom. O tempo gasto para os

10 
Ver VILLAÇA, Flávio. Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel, 1998.
11 
Consideram-se aqui diversos agentes responsáveis, o poder público com os governantes que criam leis
incoerentes, as grandes construtoras e empresas privadas com interesses mercadológicos e a população Fig. 12 – Av. do Estado sentido Centro de São Paulo, pista expressa de ônibus no alto, Rio Tamanduatéi em
tolerante demais com a cidade caótica. baixo, a via arterial de trânsito rápido para veículos à direita, o local é bastante agressivo visualmente.
33
Todas essas questões apontadas como valores estéticos, senso
coletivo e democracia são discutidas mais a frente. Para o entendimento
do uso que a população faz do espaço público e das relações humanas
em espaços coletivos, é preciso compreender o contexto social em que a
cidade acontece, qual o grau de democracia em que vivem, ou ao menos
desejam viver.

34
1.1. Democracia e sociedade democrática

Para o entendimento da utilização do espaço público, é preciso


compreender antes quem são os responsáveis por esses espaços, donos,
usuários e mantenedores. Dessa maneira, entende-se que o espaço é
público, ou seja, gratuito para todos, pode ser usado por todos os mora-
dores da cidade, e é mantido com dinheiro público. Tratamos aqui, por-
tanto, de uma democracia, onde todos têm direito de uso do espaço que
é público, que pressupõe a relação de liberdade política e democracia,
essa segunda como um pré-requisito para que o espaço público aconte-
Fig. 13 – Bandeira do Brasil em
preto e branco. ça, não só na espacialidade, mas, principalmente, no usufruto do espaço,
feito pela população civil12.1 1

O filósofo francês Alexis de Tocqueville, na década de 1830,


defendia a democracia baseado na sua experiência na América, onde
as “pessoas eram iguais”, apesar de existirem os ricos e os pobres, e a
maioria da sociedade era considerada homogênea, ao contrário da Eu-
ropa do século XIX onde havia desigualdade social muito grande. Dessa
maneira, ainda segundo o pensamento de Tocqueville, entende-se que:

12 
Pelo Código Civil Brasileiro, considera-se que:

“Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público inter-
no; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.

Art. 99. São bens públicos: I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;

Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conserva-
rem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.

Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legal-
mente pela entidade a cuja administração pertencerem.”

Fonte: Capítulo III – Dos Bens Públicos. Em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm.


(Acesso em 15/03/2014).
35
“Na América, todos são iguais, mas, ao mesmo tempo, todos são dife- São os próprios indivíduos que determinam as relações de cará-
rentes. Tocqueville encontra uma sociedade sem tradição, sem história, ter democrático, consequentemente público; primeiro, os governantes
sem aristocracia. Toda sociedade por ser formada pela classe média – através da criação desses espaços, que determinam as leis e também
naturalmente existem ainda os pobres e os ricos, mas no quadro geral
oferecem e mantém os espaços públicos dentro da cidade, para que os
da sociedade, ocupam um lugar periférico. Mesmo o governo está nas
cidadãos possam utilizá-los publicamente.
mãos de capacidades medianas, pois as elites aproveitam sua compe-
Platão, no período de 400 a.C., definia que ser cidadão é ter
tência para outros assuntos. No geral, todos os setores da sociedade
são relativamente homogêneos. Mas, ao mesmo tempo, reina um o direito à vida, à liberdade, à propriedade; igualdade perante à lei, à
absolutismo muito acentuado: o indivíduo de maneira independente e isonomia, ou seja, direitos e deveres iguais. Platão também clamava por
sem vínculos sociais e, em suas decisões, deve levar em conta apenas direitos civis e viver na cidade, buscando a cidade ideal, por meio de um
a si mesmo – ao contrário da Europa do século XIX, na qual a origem sistema educativo que se desdobraria em conhecimento humano14.3
familiar ainda determina grande parte da vida”.132 Criou-se assim o domínio público de um contexto ou espaço para
se exercer a cidadania dentro dele. E para Hertzberger:
Tocqueville tenta explicar que se podia ter liberdade e ao mes-
mo tempo lutar para diminuir a desigualdade, e que todos poderiam “É um apelo para se dar mais ênfase ao tratamento do domínio público,
ter direitos iguais. Onde ricos e pobres convivem, o dinheiro não mais para que este possa funcionar não só para estimular a interação social
separa as pessoas, os pobres podem votar e ter seu papel na sociedade, como também para refleti-la”.15 4

concluindo assim, que a igualdade não exclui a liberdade.


Compreendendo que entre todas as atividades exercidas no es-
Baseado nesse pensamento de democracia, durante o século XX
paço público, a mais nobre é a reflexão do indivíduo enquanto cidadão,
no Brasil ocorreram várias lutas pela democracia e igualdade social. Isso
exercendo sua civilidade no espaço público da cidade.
aconteceu de uma maneira gritante durante a ditadura militar de 1964
Herman Hertzberger faz uma analogia entre o público e coleti-
a 1985, manifestada nas ruas de diversas cidades principalmente por jo-
vo, classificando assim: “pública é uma área acessível a todos a qual-
vens que discordavam do sistema político e requisitavam uma condição
quer momento; a responsabilidade por sua manutenção é assumida
diferente, ou seja, a democracia. Esse conceito era expressado nas artes
coletivamente”.16 5

através da música, cinema, teatro, poesia e outros, podendo ser ouvido


Concluindo que o uso e o cuidado com o espaço público são
até os dias de hoje nas expressões daquele período.
14 
Ver PLATÃO. A República. São Paulo: Martin Claret, 2000.
15 
HERTZBERGER, Herman. In Lições de arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 1999, p. 64.
TOCQUEVILLE, Alexis de. A democracia na América (1835 e 1840). Apud ZSCHIRNT, Christiane. Livros: tudo
13 

que você não pode deixar de ler. São Paulo: Globo, 2006, p. 115. 16 
HERTZBERGER, Herman. In Lições de arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 1999, p. 12.
36
responsabilidades da população, pois são os habitantes que têm o com-
promisso de manter a existência desse local. De acordo com a teoria, a
condição para uma área pública ser mantida viva é uma grande troca en-
tre órgão público mantenedor e população usuária; o órgão cria, oferece
e mantém o espaço público e, em troca, a população frequenta, usa e
preserva essas áreas.
Conforme citado no início do capítulo, que o isolamento das pes-
soas gera um individualismo na cidade, o arquiteto Hertzberger acres-
centa a esse pensamento afirmando:

“O individualismo vê a humanidade apenas na relação consigo mesma,
mas o coletivismo não vê o homem de maneira nenhuma, vê apenas a
sociedade. Ambas as visões de mundo são produtos ou expressões da
mesma condição humana”.171

Podemos dizer que a sociedade democrática acontece quando


se estabelece uma responsabilidade de vida coletiva para os habitantes.
Esses personagens da democracia urbana, governo e povo, precisam
compreender seus direitos, deveres e limites dentro da cidade, vivendo
sociedades democráticas através da troca, do respeito, da igualdade, do
convívio e da justiça.

17 
HERTZBERGER, Herman. In Lições de arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 1999, p. 13.
37
1.2. A construção da cidade democrática

No contexto histórico, é interessante perceber que o compor-


tamento individualizado vem crescendo nas sociedades modernas e
contemporâneas como aponta o sociólogo François Ascher:

“Pode-se definir a individualização, em primeiro lugar, como a repre-
sentação do mundo, não a partir do grupo ao qual pertence o indiví-
duo, mas a partir da sua própria pessoa. O uso na linguagem do eu no
lugar do nós e ainda a invenção da perspectiva, que foram se impondo,
Fig. 14 – Adolescentes na praça ao
lado do Museu Nacional de Arte progressivamente, no fim da Idade Média, ilustram perfeitamente esse
Reina Sofía, em Madrid, Espanha.
processo de individualização. Podemos falar igualmente de individua-
ção, para explicar as lógicas de apropriação e domínio individuais, que
vão ocupando progressivamente o lugar das lógicas coletivas. Assim, as
sociedades modernas separam e reúnem indivíduos, e não grupos.”18 2

Através das palavras de Ascher, entende-se que esse comporta-


mento e modo de viver na sociedade atual é o resultado de uma traje-
tória de fatos que ocasionaram no ser humano de hoje a buscar a vida
individual e privada estimulada por interesses financeiros, profissionais e
particulares, etc. Mas que esse objetivo de uma vida privada vem sendo
ensinado ao longo do tempo e reflete no contexto da cidade, como será
dito à diante.
Esses espaços considerados públicos são em geral os mantidos
pelo poder público, como governo e estado, mas podem também ser de
uso público, por instituições, organizações não-governamentais, entre
outras. Influenciam na vida da sociedade, tendo como objetivo ofere-
18 
ASCHER, François. Os novos princípios do urbanismo. São Paulo: Romano Guerra, 2010, p. 22.
38
cer à população espaços de convívio e atividades relacionadas à vida estabelecendo um sentimento de pertencimento com esse local. Habi-
daquela comunidade ou de várias comunidades. Comunidade significa tantes da comunidade não deterioram o equipamento, nem mesmo o
uma população de um bairro com características, hábitos e interesses desprezam, tratam aquele espaço como uma continuação de suas casas.
em comum, como exemplo, a comunidade da favela do Heliópolis em Nele desfrutam momentos de alegria e convivência entre as famílias,
São Paulo. Entre os espaços públicos presentes no bairro, existe o CEU, sendo muitas vezes o único espaço de lazer naquela região da periferia
Centro de Educação Unificado, mantido pela Prefeitura de São Paulo, de São Paulo.
oferecendo educação, cultura e esporte, que a população utiliza de É uma relação de troca entre o órgão que o mantém – nesse caso
forma comunitária para eventos e atividades cotidianas, como reuniões o CEU, a prefeitura de São Paulo e a população do bairro de Heliópolis.
da comunidade, jogos esportivos, shows e apresentações. Dessa manei- A prefeitura oferece o complexo arquitetônico, de lazer, cultura e educa-
ra, as pessoas envolvidas protegem e preservam o edifício, se sentem ção, e a população entende isso como uma valorização da região. Essa
responsáveis pelo prédio, como um espaço que faz parte da vida delas, população usa e protege, porém a prefeitura precisa fazer as manuten-
ções para que a população continue acreditando no projeto. O mesmo
acontece no SESC19, oferecendo atividades variadas; da mesma forma a
1

população deve preservar o equipamento para o bom uso de todos. Em


outra esfera, temos o metrô de São Paulo como exemplo de transporte
público funcional e bem conservado, a população se utiliza, preserva
e reconhece que sua existência é vital para a cidade; a participação do
Governo do Estado mantenedor do metrô, no entanto, deveria fazer a
indispensável conservação para que se continue acreditando no uso do
transporte público como o melhor para a cidade. Por outro lado, existe
uma infinidade de exemplos no Brasil, de equipamentos que hoje são
pouco utilizados e muitas vezes abandonados por desinteresse da popu-

19 
O SESC, um projeto do Serviço Social do Comércio que oferece um espaço cultural e esportivo, onde aten-
de a população de São Paulo e outros estados também, como é explicado no site. “No Estado de São Paulo, o
SESC conta com uma rede de 32 unidades, em sua maioria centros culturais e desportivos. Oferece também
atividades de turismo social, programas de saúde e de educação ambiental, programas especiais para crian-
ças e terceira idade, além dos pioneiros Mesa Brasil SESC São Paulo, de combate à fome e ao desperdício de
alimentos, e Internet Livre, de inclusão digital”. Website SESC SP <http://www.sescsp.org.br/pt/sobre-o-sesc/
Fig. 15 – Skatistas no CEU Meninos. quem-somos/>. (acesso em 19/02/2013).
39
lação. Vale lembrar também a falta de cuidado e manutenção em várias
escolas públicas que sofrem com falta de recursos do Governo do Estado
de São Paulo, e consequentemente o descaso da comunidade local, que
reage deteriorando a escola e, muitas vezes a abandonando.
A EE José Gonçalves de Andrade Figueira projetada em 1986,
pelo arquiteto Paulo de Mello Bastos, localizada no município de São
Bernardo do Campo, revela uma arquitetura interessante, mas com mu-
ros altos cercando a escola e a pouca relação do edifício com seu entor-
no. A escola se tornou um edifício isolado, sem relação com o entorno e
pouco convidativo para os habitantes. Se moradores e alunos estiverem
do lado de fora não estabelecem uma relação visual com a escola e, se
estiverem do lado de dentro, não conseguem perceber a cidade. Fig. 17 – Balneário Municipal do Ipiranga em São Paulo.
Outro caso é o balneário municipal do Ipiranga; a porta de entra-
da é muito pequena e falta comunicação visual, manutenção e destaque namente, ele é muito interessante, com áreas amplas e piscinas; porém
do edifício, fazendo com que a população não entenda que o equipa- externamente é deteriorado, com os muros danificados, grades e pouca
mento é municipal e público, e deve ser usado pelos munícipes. Inter- identificação.
No caso do transporte público, um serviço municipal que se re-
flete no espaço público, resulta, especialmente nos ônibus, em manifes-
tações de revolta. Muitas vezes são alvos de ataque, de pichações e de
incêndios, como forma de expressão do descaso que a população sente
em relação ao poder público, nesse caso a prefeitura de São Paulo, que
oferece um serviço de baixa qualidade e a população se sente desrespei-
tada em relação ao investimento do dinheiro público.
No ano de 2013, por exemplo, houve uma série de manifestações
em São Paulo iniciadas por jovens, e desencadeadas pelo aumento da
tarifa do ônibus; as pessoas saíram às ruas e expressaram a indignação
Fig. 16 – EE José Gonçalves de Andrade Figueira em São Bernardo do Campo.
40
população e cria para os próprios moradores vários espaços integrados
ao mesmo tempo, incentivando o convívio e a integração com habitantes
de outros bairros. É importante considerar que o uso e os atrativos do
local fazem grande diferença na apropriação ou não de determinado es-
paço; devem ser variados e interessantes. A cidade é formada por várias
comunidades juntas, as pessoas se misturam e convivem com interesses
diferentes, porém ocupando os espaços públicos de forma coletiva. O
Parque201do Ibirapuera, exemplo bastante importante na cidade de São
Paulo, atende à metrópole e não somente o bairro do Ibirapuera, atrain-
do a população para o lazer, através de esporte e cultura.

Fig. 18 – Ônibus queimado na região do Itaim Paulista, zona leste de São Paulo, junho de 2013.

quanto ao serviço de transporte público – insuficiente e caro –, os pas-


sageiros obrigados a passar horas se deslocando para chegar ao destino.
Em casos extremos, houve vandalismo e muitos ônibus incendiados e
quebrados.
É interessante perceber situações de sucesso no cotidiano da ci-
dade; o SESC, centro cultural e esportivo, como já citado anteriormente,
tem sua origem privada, porém trata o espaço comum de maneira pú-
blica, promovendo uma nova forma de utilização e convívio, através de
lazer, esporte e cultura. O SESC Ipiranga, por exemplo, traz para o bairro
uma proposta bastante interessante de utilização pública, Em muitas
ocasiões, o edifício se torna uma extensão do Parque da Independência,
onde se localiza o Museu do Ipiranga; nos finais de semana a Rua dos Pa-
triotas é fechada e aí instalada uma feira de artesanato, roupas, comida,
20 
O sentido do parque nasceu na era industrial com a necessidade de criar lazer para o tempo ócio com
além de shows variados. Essa estratégia coletiva conta com iniciativa da maior qualidade de ar e de ambiente físico especialmente pela vegetação, contrastando com o ambiente
urbano. Ver MACEDO, Silvio Soares; SAKATA, Francine Gramacho. Parques urbanos no Brasil. São Paulo:
Imprensa Oficial, 2003, p. 7.
41
Fig. 19 – Parque da Independência, projeto
de Arsène Puttemans, 1909.

Fig. 20 – À esquerda, Vista para Praça do


Monumento da Independência.

Fig. 21 – À esquerda, Vista para Parque da


Independência e Museu do Ipiranga.

Fig. 22 – À direita, Entrada do SESC Ipiranga


pela Rua Bom Pastor.

Fig. 23 – À direita, Rua dos Patriotas, feira de


artesanato e comida ao ar livre.

42
Fig. 24 – Marquise do
Ibirapuera.

43
1.3. A vida democrática no espaço público da cidade

O trabalho apresenta alguns conceitos que serão bastante discu-


tidos para maior compreensão do assunto, já citados no próprio título
da pesquisa. O conceito de apropriação se refere ao cidadão quando se
Fig. 25 – Idosos dançando
na Avenida da Catedral, em
apodera de um espaço público ou privado de uso público, de tal maneira
Barcelona, Espanha.
que se sinta pertencente a esse local, exerça ali sua cidadania desfrutan-
do de um serviço público, mas sempre coletivamente.
Outro conceito fundamental é o significado de usuário. Esse
indivíduo chamado de usuário, não necessariamente o usuário de um
objeto, e sim, como empregado na arquitetura, refere-se ao usuário do
espaço físico da cidade, mais especificamente do espaço público, sen-
do nessa situação um cidadão que tem o direito de uso da cidade. Para
fazer a relação do usuário se apropriando do espaço público: é quem
desfruta e tem direito ao local físico. Trata-se então do indivíduo com
caráter urbano, aquele que usa a cidade, chamado também de cidadão,
porque exerce seus direitos civis e, entre eles, o uso do espaço urbano.
Compreendendo o papel do usuário, este só terá sucesso e fará
do espaço um local mantido e cuidado se houver o chamado pertenci-
mento ou sentimento de pertencer que significa o envolvimento por algo
ou pelo lugar.
Jane Jacobs, ao fazer análise crítica às grandes metrópoles,
afirma que é preciso “atrativo e eficácia”, pontuando quatro fatores que
determinam a utilização da cidade.

“Em primeiro lugar, oferecer aos transeuntes – residentes no bairro ou


não – razões concretas para utilizar as calçadas em que se situam.
44
em algum momento, podem perceber anormalidades no comportamen-
Em segundo lugar, atrair o tráfego para lugares que não possuem to de pessoas na região, por exemplo. A região se torna mais segura não
atrativos próprios, mas que se tornam assim locais de passagem vivos, pela instalação de grades e muros altos, mas sim pelo sentido de coleti-
povoados...
vidade entre vizinhos. A vida é muito interessante; quando praticada no
Em terceiro lugar, os comerciantes e proprietários de pequenos negó- espaço público se torna mais interessante ainda; são nesses momentos
cios são os melhores agentes de segurança. Detestam vitrines quebra- que as pessoas querem compartilhar, isto é, em locais com “vida”. Como
das... tornam-se seus guardiões... Jane Jacobs diz: “constitui um meio de atrair pessoas”.22 2

Em quarto lugar, a atividade dos que estão fazendo compras ou sim- Se o espaço público é o local da liberdade, todos os edifícios cria-
plesmente procurando um lugar para comer ou beber já constitui em si dos na cidade deveriam ter – entre tantos princípios – a relação do espa-
um meio de atrair outras pessoas”.211 ço externo com o espaço interno. Essa intenção traz equipamentos mais
conectados à cidade e muito mais convidativos à população, relação que
Como será indicado a diante, a calçada é o mais significativo
pode ser feita através de jardins, praças, marquises, bancos, etc. Isso já
espaço público das cidades atuais; a condição das calçadas – oferecida
pressupõe no projeto que o espaço é de todos, sendo público ou não; dá
pela população e pelo poder público – determina muito a vida urbana
percepção à população como um espaço dela também, até mesmo no
daquela região; pode-se dizer, até mesmo, que calçadas ruins ou peque-
campo visual – bastante importante – mas, principalmente, no campo
nas demais levam ao “suicídio” de uma região urbana. É importante que
espacial.
usuários se distribuam pela cidade, não se concentrem apenas em deter-
Outros espaços, como calçadas e praças, já são concebidos como
minados bairros ou avenidas criando condições de uso público em todas
espaços públicos e devem ter no seu desenho questões relativas ao uso
as partes de maneira igualitária. Com uma cidade efetivamente utilizada
da população. Como diz Hertzberger, “os verdadeiros espaços públicos
de acordo com suas potencialidades, o espaço urbano comum deverá
estavam sempre ao ar livre”.23 Nesses espaços, se estabelece pelo pró-
3

ser preservado pela população. Jacobs defende que na vida das cidades
prio povo um local das manifestações, circulações, encontros, mas tam-
os proprietários de comércios são os cuidadores da região, pois, no fun-
bém de diversão de adultos e crianças, boemia, cultura, festa e outras
do, não querem ver seus estabelecimentos deteriorados. Essa ideia vale
expressões.
também para bairros residências com áreas públicas comuns e coletivas
O cidadão, dentro do espaço público da cidade, exerce a sua ci-
como calçadas, ruas e praças. A comunidade, por viver uma condição
mais sociável, serve também para manter a segurança local; os vizinhos, 22 
CHOAY, Françoise. Atrativo e eficácia. In O urbanismo. São Paulo: Perspectiva, 1992, p. 294.
21 
CHOAY, Françoise. Atrativo e eficácia. In O urbanismo. São Paulo: Perspectiva, 1992, p. 294. 23 
HERTZBERGER, Herman. Lições de arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 1999, p. 68.
45
dadania, um direito determinado pela constituição, mas não uma obriga-
ção.24 4

Pela Constituição Federal do Brasil, todo cidadão tem direito ao


espaço público da cidade, podendo exercê-lo civilizadamente, conforme
reproduzido no Capítulo I, “Dos direitos e deveres individuais e coleti-
vos” do artigo 5º:

“IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonima-


to;

IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de


comunicação, independentemente de censura ou licença;

XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, po-


Fig. 26 – Projeto paisagístico da Praça Benedito Calixto em Pinheiros, São Paulo, arquitetos Abrahão
Sanovicz, Miranda Martinelli Magnoli e Rosa Kliass em 1967. dendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou
dele sair com seus bens;

XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais


abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não
frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local,
sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente”.255

O indivíduo pode usar ou não o espaço público e mesmo usando


pode não exercer ali atitudes civis, quando desrespeita regras, normas e
leis.
No caso de grandes cidades como São Paulo, existem inúme-
ros outros atrativos que competem com o bom uso do espaço público,

24 
O uso democrático da cidade é diferente do uso do voto, nesse caso é obrigatório, as pessoas são obriga-
das por lei a manifestar a sua vontade nas eleições.

Fig. 27 – Roda de Choro na Praça Benedito Calixto em Pinheiros, São Paulo, aos sábados pro- 25 
Capítulo I, “Dos direitos e deveres individuais e coletivos” do artigo 5º. Fonte: http://www.planalto.gov.br/
move feira de artesanato e apresentação de roda de choro com grande público frequentador. ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm (em 15/03/2014).
46
mas pensando em como viver a cidade é preciso antes criar condições Nesse caso, trata-se da relação da mente humana com a arquitetura e
e elementos nesses locais públicos e, em seguida, manter essas áreas com o contexto urbano que ali se vivencia. Em seu livro A imagem da
adequadas para que nelas seja possível se sentir convidado, confortável cidade, Kevin Lynch descreve a construção da imagem:
e seguro. Como exemplo desse processo temos a calçada, conforme foi
“As imagens ambientais são o resultado de um processo bilateral entre
citada, que deve ser projetada suficientemente larga para atender a de- o observador e seu ambiente. Este último sugere especificidades e
manda e sem obstáculos como degraus; são necessários cuidados para relações, e o observador – com grande capacidade de adaptação e à luz
que se torne usável e segura para pedestres e cadeirantes. Mas o grande de seus próprios objetivos – seleciona, organiza e confere significado
atrativo do espaço público, como definido no texto “Atrativo e eficácia” àquilo que vê. A imagem assim desenvolvida limita e enfatiza o que
de Jane Jacobs, é sua apropriação; pessoas atraem pessoas, oferecendo é visto, enquanto a imagem em si é testada, num processo constante

sensação de segurança e de curiosidade, transformando o espaço em de interação, contra a informação perceptiva filtrada. Desse modo, a
imagem de uma determinada realidade pode variar significativamente
um local interessante para o alguém de fora, e, inicialmente, muito mais
entre observadores diferentes... um novo objeto pode dar a impressão
imaginário do que real.
de ter uma estrutura ou uma identidade sólida devido a características
Compreende-se a utilização do espaço público de maneira co-
físicas notáveis que sugerem ou impõem seu próprio padrão. Assim, o
letiva. Entretanto, sendo de uso público, levou-se em consideração as mar ou uma grande montanha pode prender a atenção de uma pessoa
formas de utilização e apropriação da cidade, entendendo que para as saída das planícies do interior, mesmo que seja tão jovem ou provincia-
atividades desenvolvidas ali, deve-se estar de acordo com a proposta do na, que nem saiba dar nome a esses grandiosos fenômenos”.261
programa de necessidades, conhecido também como programa arqui-
É importante ter a sensibilidade de propor espaços físicos que a
tetônico. O edifício deve ser convidativo, especialmente no pavimento
população consiga perceber, se a intenção for um espaço público real-
térreo, dispor de uma área de passeio confortável através das calçadas
mente utilizado; o desenho arquitetônico ou urbanístico deve traduzir
e situar-se em uma região da cidade que ofereça rede de transporte, e
isso. Muitos projetos são destinados a espaços públicos, mas propõem
infraestrutura urbana satisfatória para a população.
barreiras tão rígidas que não se percebem sua possibilidade de uso. No
Para complementar a conceituação dos termos importantes
entanto, o projeto que oferece espaços convidativos o convertem em
desse estudo, entende-se como significado da percepção humana aquilo
ambientes perceptíveis para o observador, e consequentemente, serão
que as pessoas compreendem em relação à cidade. Entende-se como
utilizados.
uma forma de conhecer o mundo, a realidade. Um processo complexo
A presença da arte na cidade também é significativa enquanto
que depende tanto do meio ambiente quanto daquele que o percebe.
26 
Em LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 2011, p. 7.
47
democrática, contribuindo também para manifestações sociais, cultu- visto e utilizado pela população. Já locais sem planejamento ou despre-
rais e estéticas, dando identidade e trazendo reflexão às pessoas. Como zados pelo poder público, consequentemente serão desprezados pela
exemplo, nas estações de metrô, obras de arte estão exposta de maneira população. As pessoas têm a sensação de que aquele local não faz parte
democrática, não são vistas de maneira intencional pela população, mas da vida delas, é apenas de algumas pessoas; ou muito pior, um espaço
suavizam aquele espaço da cidade. de ninguém.
Existem influências culturais e históricas na vida de qualquer No Centro de São Paulo houve, na década de 1970, a criação da
pessoa que geram uma reflexão própria sobre a imagem de determina- Praça Roosevelt, entre as ruas Augusta e Consolação; com linguagem da
da paisagem, mas é inegável dizer que uma imagem urbana, organizada arquitetura moderna empregou-se concreto aparente. A região é rica
e agradável, se reflete muito na qualidade de vida das pessoas, além em bares e teatros, além de um público interessado de frequentado-
de promover o uso do espaço público. A cidade é o grande espaço de res, como atores de teatro e outros profissionais, apreciadores da área.
convívio, oferecendo as mais variadas atividades, o encontro intencional Porém, o desenho da praça não favorecia a visitação, tratava-se de uma
ou casual. Um bom desenho urbano, bem planejado, faz desses espaços praça elevada que não se comunicava com a cidade, as pessoas não con-
físicos, locais do cotidiano, tornando a cidade mais prazerosa. A vida pú-
blica no contexto urbano é muito mais saudável emocionalmente do que
o individualismo tendencioso dos dias atuais.
Lynch chama a experiência coletiva de percepção da cidade de
“imagens públicas” explicando que são

“as imagens mentais comuns a vastos contingentes de habitantes de


uma cidade: áreas consensuais que se pode esperar surjam da inte-
ração de uma única realidade física, de uma cultura comum e de uma
natureza fisiológica básica”.272

Essa concepção do espaço físico urbano traz uma consequência


emocional na vida das pessoas. Se for um espaço convidativo com carac-
terísticas próprias e preservadas, como um local histórico, ou uma área
arborizada, ou mesmo com usos interessantes, naturalmente será bem
27 
LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 2011, p. 8. Fig. 28 – Praça Roosevelt na condição antiga, projeto da década de 70.
48
Fig. 29 – À esquerda acima, Praça Franklin Roosevelt e a
Catedral da Consolação ao fundo.

Fig. 30 – À esquerda abaixo, Bancos cobertos por pergo-


lado na Praça Roosevelt.

Fig. 31 – À direita, Bancos e árvores na Praça Roosevelt.


49
seguiam visualizá-la inteiramente e o local foi se deteriorando, cada vez sucesso da apropriação do espaço de um projeto urbano e a civilidade
mais ermo. Após o projeto de revitalização, independente de questões entre as pessoas. Naturalmente, é mais comum viver bem, onde cada
estéticas, a praça passou a ser um espaço amplo, aberto e visualmente cidadão estabelece sua vida, respeita o outro, entende seus direitos e
acessível, sendo esse último fator um dos mais importantes. As pesso- deveres e os aplica ao espaço público para uma vida coletiva mais aprazí-
as passaram a ver melhor o contexto da área, há também vegetação e vel.
mobiliário urbano, elementos importantíssimos para a vitalidade de um
local. Atualmente, a praça é visitada por um público de variadas idades,
oferecendo espaços múltiplos, especialmente para skatistas. Mais uma
vez e a diversidade de uso como fator determinante para a diversidade
de pessoas.
Com esses exemplos, compreende-se como se dá a percepção
do usuário em relação ao espaço físico, ou seja, quais os atrativos que
fazem com que essas pessoas se interessem por um determinado local. Fig. 32 – Av. Paulista.

Baseado nesse raciocínio, as inquietações sobre as causas da apro-


priação do espaço público são relacionadas ao objeto de estudo - a Av.
Paulista, retrato único da cidade de São Paulo e avenida ideal para esse
tema. Em São Paulo, cidade relativamente nova, a Av. Paulista teve suas
influências e referências de outras cidades do mundo. No entanto, é
importante considerar que esse fenômeno de apropriação humana no
espaço público da cidade não é exclusividade da Av. Paulista, acontece
em outros locais da cidade e em quase todas as cidades do mundo. Atra-
vés da arquitetura e do urbanismo de outras avenidas e regiões pode-se
reconhecer essa apropriação. Como Potsdamer Strabe em Berlim, a ave-
nida Champs-Élysées em Paris, a região do Paseo del Prado em Madrid, o
calçadão de La Rambla em Barcelona, a Via Dante em Milão.
Observando esses locais é possível sentir a vida pública como

50
Fig. 33 – À esquerda acima, Potsdamer Platz em
Berlim, Alemanha.

Fig. 34 – Intermediária acima, Champs-Élysées


em Paris, França.

Fig. 35 – À direita acima, Paseo del Prado em


Madrid, Espanha.

Fig. 36 – À esquerda abaixo, La Rambla em


Barcelona, Espanha.

Fig. 37 – À direita abaixo, Via Dante em Milão,


Itália.

51
1.4. Relação da arquitetura e cidade como proposta de
ocupação do espaço público

Avaliando as questões de transformação da sociedade, identi-


ficam-se os espaços públicos dentro da cidade, e como esses espaços
proporcionaram e proporcionam ainda novas realidades, abrangendo
principalmente o projeto arquitetônico e urbanístico como uma propos-
ta inicial de transformação do espaço, permitindo uma compreensão
da necessidade do local, da proposta do arquiteto e da apropriação do
espaço pelas pessoas.
Considera-se então que a arquitetura não é responsável exclusi-
Fig. 38 – Calçada da Av. Paulista, entre o vamente pela apropriação do espaço, nem mesmo pela transformação
metrô Brigadeiro e a Fiesp.
total de uma realidade social urbana, mas entende-se que a arquitetura
é inicialmente um grande fator que desencadeia um processo de melho-
ria para a cidade e para as pessoas que ali vivem. Sendo assim, analisam-
-se algumas regiões urbanas, no Brasil e na Europa, consideradas espa-
ços públicos relevantes para a cidade, apontando significativamente cada
influência, tanto nas questões de projetos arquitetônicos de edifícios
isolados, como também na busca de um entendimento dessas grandes e
pequenas áreas públicas utilizadas como espaços de convivência, circula-
ção e apropriação, envolvendo as calçadas, parques e praças e, finalmen-
te, uma compreensão dos problemas de desenvolvimento social.28 Com 1

esses espaços, e uma demarcação clara entre o que é público e privado,


busca-se sob o olhar da arquitetura, entender como o arquiteto pode

28 
O autor Herman Hertzberger, explica que esse avanço social é uma responsabilidade de todos dizendo
que o descaso com o que é público é uma acusação à sociedade, citado anteriormente em HERTZBERGER,
Herman. Lições de arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 1999, p. 47.
52
oferecer um espaço aberto à cidade e de que forma a arquitetura pode
contribuir para essa transformação.29 Essa intenção de criar espaços
1

convidativos não é sempre uma exigência de projeto, mas sim uma sen-
sibilidade do arquiteto projetista do edifício ou do urbanista projetista da
cidade de tentar, através do seu traço, criar pontos de encontro, locais
aprazíveis, de descanso ao ar livre, entre outros. É um desejo refletido
no uso coletivo, onde se acredita que assim é mais interessante viver.
Também se analisa, se a proposta arquitetônica realmente era conside-
rada uma edificação ou uma área urbana em que a população criasse um
sentimento de pertencimento, e como ela está sendo utilizada nos dias Fig. 39 – Livro “Em favor do Espaço Público: Dez anos do Prêmio Europeu de Espaço Público Urbano” que
reuni projetos durante 10 anos voltados para a valorização do espaço público na Europa.
de hoje, gerando a pergunta: atualmente essa arquitetura traz benefícios
e transformações na vida das pessoas dentro da cidade através do espa-
ço público? Nessa investigação é importante considerar como ponto de
partida que a arquitetura é implantada em uma sociedade civil democrá-
tica, mas que se revela historicamente problemática devido às transfor-
mações sociais, econômicas, políticas e de legislação urbana.
O projeto A8ernA, em Zaanstad na Holanda, apresentado através
de imagens, é uma amostra real de intervenção bem sucedida, em áreas
antes vazias e inutilizadas, e onde, posteriormente, se criou atrativos
de lazer e esporte, um espaço agradável com uma utilização efetiva da
população.
É necessário enfatizar a importância do papel do espaço público
na cidade, cada um dentro da sua especificidade, como a rua, a calçada,

29 
No ano de 2010, foi lançado um livro reunindo novas propostas de melhorias para os espaços públicos
na Europa, que apresenta não somente projetos de requalificação como também propostas de novos usos
em áreas urbanas deterioradas, como exemplo, o caso da A8ernA em Zaanstad na Holanda que criou em
baixo de um viaduto, áreas comuns com águas para canoagem, quadras esportivas e estabelecimentos de
alimentação. Ver ANGLÈS, Magda; CARRERA, Judit. In Favour of Public Space: Ten Years of the European Prize
for Urban Public Space. Barcelona: Centre de Cultura Contemporània de Barcelona/Actar, 2010. Fig. 40 – Quadra esportiva pública, projeto urbanístico A8ernA em Zaanstad na Holanda.
53
Fig. 41 – Canoagem em baixo do viaduto.

Fig. 42 – Lanchonete.

Fig. 43 – Espaço para skatistas.

Fig. 44 – Estacionamento de veículos.

54
Fig. 45 – Projeto urbano de uso do espaço público, nível
superior com as vias de circulação de automóveis e cortes.

55
a praça e o edifício, entre tantos outros, que são locais que oferecem um
sentido de vida pública para os usuários. Mas é fundamental ressaltar
que isso vem se perdendo na medida em que se criam novos núcleos ur-
banos com caráter privatizado30, como exemplo os shopping centers que,
1

além de promover como atividade principal o consumo, ainda revela


uma arquitetura fechada e sem conexão com a cidade.
O Brasil também apresenta bons projetos voltados para o uso
do espaço público em áreas vazias e subutilizadas das cidades. Em São
Paulo, o arquiteto Igor Guatelli desenvolveu o Projeto Baixios do Viaduto
do Café, na região da Bela Vista, que propõe atrativos e usos a partir de
interesses da comunidade, entre eles uma academia de ginástica, um
ringue de boxe, uma biblioteca e uma escola infantil, formando uma
praça esportiva e cultural, com um caráter público e gratuito.
Com a contribuição do ex-lutador de boxe amador Nilson Gar-
rido, o projeto trouxe na sua essência o esporte e a cultura, através de
uma proposta de possíveis usos diferenciados e, ao mesmo tempo, úteis
para esportistas, lutadores, espectadores, leitores e estudantes, com
atividades para todas as idades. O projeto respeitou a situação original e
criou elementos simples, mas com uma nova condição de uso do local.
O grande diferencial desse projeto é a ideia de se promover um
novo lugar a partir do existente, da criação de atrativos e da busca da
apropriação das pessoas no espaço que sempre existiu fisicamente, mas
praticamente inexistente aos olhos da população.
Fig. 46 – Vista do Viaduto do Café
Outro projeto bastante interessante é o Parque Linear Manzana- para o ringue de boxe.

res, do Projeto Madrid Rio na Espanha, pensado com o intuito de criar Fig. 47 – Vista da academia de
ginástica.

Fig. 48 – Biblioteca comunitária em


30 
Ver ABRAHÃO, Sérgio Luís. Espaço público: do urbano ao político. São Paulo: Annablume, 2008. baixo do viaduto.
56
Fig. 49 – Implantação, cortes e maquete do Projeto Baixios do Viaduto do Café.

57
um local aprazível para a população de Madri, o projeto Madrid Rio é
de autoria dos escritórios Mrío Arquitectos, espanhol, e West 8 Urban
Design and Landscape Architecture, holandês, ambos vencedores do
concurso, em 2005, que planejaram para a cidade um espaço agradável
com seis quilômetros de extensão, composto de parque linear propor-
cionando atividades variadas e intensa relação do equipamento com a
cidade.
A proposta buscava a revalorização do Rio Manzanares, o rebai-
xamento das vias marginais ao rio, que na década de 1960 foi pensada
como uma solução viária, mas no período do projeto já estava ultrapas-
sada. O novo parque apresentaria, entre os usos, diversos elementos
como vegetação, areia, pedras, água, construções em madeira e alvena-
ria. A proposta era de um local voltado para a população, mas que acom-
panhasse o percurso do Rio Manzanares. Isso trouxe uma vivência de
ligação do homem com o espaço que é publico, uma vez que o parque
não se fecha para a cidade com grades, é um local permanentemente
aberto. Foi constatado pelos arquitetos e posteriormente pela população
que a região era um grande potencial para espaços livres e públicos.
O grande diferencial nesse projeto é sua diversidade de usos;
existe a relação visual com a água do rio, porém existem também pontos
que abrigam espelhos d’água e trechos formando apenas uma lâmina de
água, onde as pessoas, especialmente as crianças, podem se divertir e se
refrescar no verão.
Outro elemento importante é a vegetação; além de um caráter
contemplativo, cria sombra para os pontos de descanso como bancos,
Fig. 50 – Imagens da maquete
eletrônica do Projeto Baixios mesas, cadeiras, etc. Existem diversos atrativos para crianças, como brin-
do Viaduto do Café.
58
Fig. 51 – Parque Linear do Rio
Manzanares, em Madrid, Espanha.
59
quedos educativos em madeira, árvores e água; para o público jovem, o
parque oferece uma ciclovia que recebe também patinadores, corredo-
res e pedestres; para o turista, que procura conhecer a cidade e desfru-
tar de espaços multiuso.

Fig. 52 – Ciclovia do Parque Linear do Rio


Manzanares.

Fig. 53 – Vegetação e elementos em


madeira com caráter lúdico.

Fig. 54 – Passarela de circulação perpendicular


ao rio.

Fig. 55 – Café e bar.

Fig. 56 – Passarela metálica perpendicular ao


rio, arquiteto Dominique Perrault.

60
Fig. 57 – Lâmina de
água para crianças.
61
Fig. 58 – Criação de túneis ao longo do Rio Manzanares.

Fig. 59 – Foto aérea Rio Manzanares.

Fig. 60 – Projeto do Parque Linear do Rio Manzanares.

62
1.5. Espaços públicos por excelência: a calçada é a vida
para cidade

Com a explanação dos conceitos, usa-se aqui o significado do


espaço considerado público através de uma área muito relevante para
a cidade, a calçada. Como a área pública mais significativa da cidade, é
através dela que acontece a circulação democrática na cidade, ou seja,
onde todas as pessoas circulam na mesma condição. Entende-se, então,
que a calçada é uma via pavimentada destinada ao uso do pedestre,
conhecida como passeio público; também pode ser utilizada por outros
meios que não sejam veículos, como bicicleta, skate e cadeira de rodas;

Fig. 61 – Edifício Center3 e


mas deve sempre ser pensada como um espaço que proteja o pedestre
a calçada da Av. Paulista.
e, ao mesmo tempo, promova uma circulação agradável através de pavi-
mentação adequada aos limites de desníveis.
Por meio da calçada é que as pessoas acessam os edifícios e
equipamentos ligados ao transporte público, como estações de ônibus,
de trem e metrô, pontos de ônibus e passarelas. Utilizando esse espaço
de circulação, as pessoas passam a ter contato com o mobiliário urba-
no; a qualidade do espaço público se revela por seus pontos de ônibus,
telefones públicos, bancos, luminárias, postes, bancas de jornal, e da
vegetação, muitas vezes presente com árvores e canteiros. Referindo-se
a preservação desses mobiliários, a população também deve se preocu-
par em mantê-los para que possam usufruir de sua qualidade.
As imagens apresentam duas situações distintas, primeiramente
a calçada da Catedral da Sé, na região central de São Paulo; uma edifi-
cação emblemática para a cidade, porém com passeio público estreito
63
e problemas no piso expondo ao perigo os pedestres, além da grade
que impede a continuidade da calçada com o edifício. Já a outra ima-
gem retrata a calçada da Avenida Paulista, bastante ampla e com maior
presença de mobiliário urbano; o Conjunto Nacional que estabelece uma
área permeável, com um único material de piso, um trecho plano onde a
calçada e o pavimento térreo se tornam uma superfície contínua e única.
Outro dado importante quanto à análise da calçada refere-se
a sua largura; quanto maior for à área entre a rua e o edifício, maior
será o conforto de quem circula nela. Assim, concluímos que, se uma
calçada é larga, muitas pessoas podem circular nela ao mesmo tempo,
promovendo mais convívio e mais qualidade ao espaço; o pedestre pode
contemplar a paisagem e admirar os edifícios vivenciando mais a cidade.
Fig. 62 – Calçada da catedral da Sé.
Por outro lado, em uma calçada estreita, as pessoas circulam atentas aos
veículos, esbarram umas nas outras, perdendo a possibilidade de viven-
ciar a cidade de maneira agradável.
O espaço de circulação que privilegia o pedestre, portanto, é
fundamental na vida da cidade; por essa razão, algumas áreas urbanas
criaram ruas destinadas aos pedestres, o chamado calçadão, via espe-
cífica e exclusiva para pedestre, com uma qualidade ímpar de espaço
urbano, sem a competição desleal do pedestre com o automóvel. Em
muitas situações, o calçadão encaminha o acesso ao transporte público,
estações e terminais; em outras é uma via que atravessa o miolo da qua-
dra, oferecendo além da passagem, a possibilidade de novos comércios,
áreas de estar e convívio com bancos e outros mobiliários e até mesmo
novos acessos aos edifícios.
A arquitetura é responsável por tornar o pavimento térreo uma Fig. 63 – Calçada do
Conjunto Nacional.
64
Fig. 64 – Calçadão para
pedestres no centro de
São Paulo, Rua Barão de
Itapetininga. 65
Fig. 65 – Corte esquemático da calçada estreita e corte esquemático da calçada larga mostrando os elemen-
tos possíveis.

continuidade da calçada, não estabelecendo barreiras rígidas e favo- de muros altos, grades imensas agredindo a paisagem e trazendo uma
recendo a visualização do edifício para quem circula na calçada. Essas sensação clara da separação entre o público e o privado. Cabe pensar à
áreas, que chamamos de espaços permeáveis, nem sempre são espaços arquitetura, que a relação do edifício com a cidade inicia-se na frontei-
públicos, porém, em alguns casos, se tornam público por não haver ne- ra do lote com a calçada; através do desenho arquitetônico definem-se
nhuma demarcação de grade ou limite entre a calçada e o lote. O arqui- essas questões que, evidentemente, não estabelecem todo o comporta-
teto Hertzberger aponta esses espaços como intervalo, explicando que mento humano, mas que criam indutores para utilização desse espaço.
são criados como: É muito discrepante a realidade de se circular em áreas peque-
nas sem um campo visual e, em áreas mais amplas, com fluidez. Os
“espaços intermediários que, embora do ponto de vista administrati-
vo possam pertencer quer ao domínio público quer ao privado, sejam
desenhos mostram situações onde a calçada e os edifícios se relacionam
igualmente acessíveis para ambos os lados, isto é, quando é inteira- (primeira imagem); entende-se o edifício até o limite da calçada e, se a
mente aceitável, para ambos os lados, que o ‘outro’ também possa área de passeio é estreita, o pedestre como observador não consegue
usá-lo”.311 perceber a cidade com clareza, sentindo-se também inseguro devido à
proximidade com os veículos. Na segunda imagem, mantém-se o mes-
Existem edifícios que estabelecem limites simbólicos com vegeta-
mo edifício, considerando a calçada maior, sendo três vezes o tamanho
ção, bancos, muros ou cercas baixas, mas existem também arquiteturas
da outra; nessa proposta, o passeio permite a presença de mobiliários
que propõem limites bem definidos entre o edifício e a calçada, através
urbanos, com assento e vegetação, contribuindo ao observador perceber
31 
HERTZBERGER, Herman. Lições de arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 1999, p. 40.
muito mais a paisagem urbana e andar com mais conforto. Quanto ao
66
distanciamento dos veículos, essa situação faz com que indivíduo viva o que seriam as Olimpíadas de Barcelona de 1992, a prefeitura da cidade buscou
espaço público com muito mais tranquilidade. um novo desenho para o bairro que sediaria os jogos. Desenvolvidos pelos
Discutindo a questão inicial, identifica-se claramente que a ar- arquitetos Josep Martorell, Oriol Bohigas, David Mackay e Albert Puigdomène-
quitetura é responsável por essa transformação, pois é através do dese- ch, os projetos seriam realizados por meio de um novo planejamento urbano
nho arquitetônico que a cidade toma forma e oferece possibilidades de e estratégico, pensando em macro e micro soluções, buscando novos investi-
usos. Nem sempre os interesses particulares ou financeiros promovem mentos para a região e evitando decadência econômica.
a criação de espaço público, porém constata-se que a arquitetura pode As soluções de caráter “macro” estavam relacionadas aos planos ur-
contribuir significativamente na configuração de novos espaços públicos, banos, viários e de infraestrutura. Já as soluções de caráter “micro” referiam-
como também na recuperação e na reabilitação desses espaços. -se à escala do pedestre como uma proposta de novos usos para moradores
Como citado anteriormente, um grande atrativo para o espaço e visitantes do bairro. A requalificação das áreas de circulação como calçadas,
público é o número de pessoas circulando, que atraem outras pessoas. novos mobiliários urbanos e criação de atrativos ao longo do calçadão da praia,
No livro Morte e vida de grandes cidades, Jane Jacobs explica: consequentemente, iria gerar a apropriação do espaço público do bairro.
É importante ressaltar que esse projeto urbanístico promoveu situa-
“A calçada deve ter usuários transitando ininterruptamente, tanto
para aumentar na rua o número de olhos atentos quanto para
induzir um número suficiente de pessoas de dentro dos edifícios
da rua e observar as calçadas. Ninguém gosta de ficar na soleira
de uma casa ou na janela olhando uma rua vazia. Quase ninguém
faz isso. Há muita gente que gosta de entreter-se, de quando em
quando, olhando o movimento da rua”.32 1

A calçada é vital para cidade; demarca momentos de vida públi-


ca, a convivência com outros, a percepção do entorno o sentimento de
pertencimento.
Barcelona sempre teve destaque do ponto de vista urbano, espe-
cialmente pelas boas soluções projetuais. Em função do grande evento
Fig. 66 – Cidade Olímpica com
edifícios e pista de skate, em
Barcelona, Espanha.
32 
JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. 3ª edição. São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 36.
67
Fig. 67 – À direita acima, Acesso do calçadão para a praia.

Fig. 68 – À direita abaixo, Praia de nudismo, em Barcelona,


Espanha.

Fig. 69 – À esquerda acima, Bancos de concreto na calçada


da praia.

Fig. 70 – À esquerda abaixo, Praia e peças de design no


mar.
68
ções dentro da escala do pedestre e que seu sucesso tornou a região
urbana muito mais frequentada e utilizada pela população. Questão fun-
damental no aspecto de apropriação do espaço público, pois, para que
a apropriação da população aconteça são necessários atrativos no local
para todas as idades, uma paisagem agradável, pistas para caminhada,
assentos e pontos de descanso e contemplação.
Outro trecho interessante como espaço de apropriação humana
é a Rambla Del Mar, uma via para pedestre aberta permanentemente
que avança ao mar e cria uma relação do homem muito próxima com
a natureza. Essa região tem um cenário muito rico atraindo visitantes
regularmente.
No caso de Barcelona, a paisagem natural favorece muito a
qualidade de vida, mas o projeto como promotor da utilização do espaço
público é fundamental e determinante na maneira das pessoas lidarem
com a vida pública e urbana. A natureza favorece muito, porém é através
do projeto urbano, paisagístico e até mesmo arquitetônico, que a quali-
dade e a vida coletiva serão possíveis.

Fig. 71 – Calçada larga, em Barcelona, Espanha. Foto da


autora, 2012.

Fig. 72 – Pedestres caminhando na calçada e Rambla Del Mar


ao fundo. Foto da autora, 2012.

Fig. 73 – Pedestres, praticantes de corrida e ciclistas na


calçada.
69
Fig. 74 – À esquerda acima, Contemplação da paisagem da região no calçadão.

Fig. 75 – À esquerda abaixo, Barcos.

Fig. 76 – À direita acima, Relação do homem com a natureza pelo contato com a água, sol e
animais na Rambla Del Mar.

Fig. 77 – À direita abaixo, Pedestre utilizando a calçada e Rambla Del Mar ao fundo.
70
Fig. 78 – Foto aérea da Cidade Olímpica.

Fig. 79 – Implantação do Projeto Cidade Olímpica.

Legenda:
Verde - Demolição do bairro de Icaria;
Amarelo - Bairro Ribera no século XVIII;
Vermelho - Abertura Via Laietana no século XX.
71
1.6. O espaço subutilizado e o espaço utilizado

A praça tem um papel muito importante como continuação da


calçada; em muitos casos, funciona como uma área de circulação ape-
nas, já em outros tem o caráter de um local para convivência e contem-
plação da paisagem.33 1

Se pensarmos que o sentido da praça34 é ter um espaço urbano


2

livre e público, destinado ao convívio e lazer da população, acessível a


todos os cidadãos e inacessível para veículos, podemos dizer que a pra-
ça, socialmente, é muito importante.
A praça em frente ao Terminal Rodoviário da Barra Funda em São
Paulo poderia ser uma área com grande potencial de apropriação huma-
Fig. 80 – Praça Cel. Fernando
Prestes e Metrô Tiradentes. na. Isso se deve a sua localização privilegiada entre o terminal e a Rua
Tagipuru, também oferecendo muita vegetação, presença de mobiliário
e um calçamento razoavelmente bom. Porém, a praça é vista como um
problema no contexto urbano, requerendo manutenção e cuidados. Os
responsáveis, no caso, a prefeitura, avaliam o local como um problema
do ponto de vista da apropriação e tratam a região de forma isolada
através de cercas no entorno da praça. Considera-se mais vantajoso o
seu fechamento através de uma cerca, uma ideia errónea de conserva-
ção, que pretende substituir a manutenção ao invés de criar um local
agradável de permanência e contemplação.
A região, formando um grande complexo, com o Memorial da

33 
SUN, Alex. Convívio e exclusão no espaço público: questões de projeto da praça. Tese de Doutorado. Orien-
tador Miranda Maria Esmeralda Martinelli Magnoli. São Paulo: FAU USP, 2004.
34 
Ver MACEDO, Silvio Soares e SAKATA; ROBBA, Fabio. Praças brasileiras. São Paulo: Imprensa Oficial, 2003,
p. 9.
72
Fig. 81 – À esquerda, Foto aérea do Terminal Barra Funda, São Paulo.

Fig. 82 – À direita, Acesso a praça do Terminal Barra Funda.

Fig. 83 – Abaixo, Situação atual com cercas da praça do Terminal


Barra Funda, vista pela Rua Tagipuru.

73
América Latina e o Terminal Rodoviário da Barra Funda, traz um fluxo A partir da década de 1990, começou a se pensar um desenho
de pessoas muito grande. É possível constatar que a praça na frente novo para a área urbana central de Berlim, com uma arquitetura de
do Terminal não tem necessidade de atrair pessoas para a utilização impacto envolvendo regiões como Potsdamer Platz, Pariser Platz e Ale-
do edifício do terminal, que envolve estações de metrô e trem além de xander Platz. Esse novo movimento é marcado por grandes corporações
ônibus municipais e intermunicipais; a procura por transporte já oferece multinacionais, nova paisagem urbana, e a revitalização de áreas comer-
atração. É um grande equívoco pensar que somente os proprietários35 1
ciais. Foram envolvidos vários profissionais de urbanismo e arquitetura
cuidam dos seus espaços públicos de acordo com interesses particulares por meio de concursos internacionais; entre os grandes nomes estão
como comércio e consumo. Seria muito mais saudável para cidade, que Norman Foster, Dominique Perrault, Aldo Rossi e Santiago Calatrava. A
as pessoas passassem a valorizar suas áreas comuns e as oferecessem estação de metrô Potsdamer Platz foi desenvolvida de 1991 a 2001 pelos
à cidade democraticamente. A praça da Barra Funda proporcionaria escritórios de arquitetura Hilmer & Sattler, Hermann + Öttl e Moder-
um local de descanso e encontro, além de contemplação agradável em son &Freiesleben Sociedad de Arquitectos, todos alemães. A região da
diversos horários do dia e da noite - uma gentileza urbana. Potsdamer Platz, totalmente destruída durante a II Guerra, contou com
Na situação anterior, a população poderia até se apropriar da importantes arquitetos como Helmut Jahn, autor do Sony Center, Renzo
praça, mesmo não sendo convidativa, não havia bancos, luminárias, etc. Piano e Christoph Kohlbecker com o edifício de escritório de 18 pavimen-
Porém, na situação atual, isso piorou muito; com o fechamento por meio tos localizado na Potsdamer Straβe, um edifício comercial de sete pavi-
de grades, a praça se tornou inacessível e fez a paisagem urbana mais mentos assinado por Richard Rogers, o edifício sede do Banco Berliner
desagradável; a falta de uso também consiste em um fator destruidor do Volksbank projetado por Arata Isozaki e Steffen Lehmann, e outros pro-
espaço. jetos de prédios de arquitetos como José Rafael Moneo, Ulrike Lauber &
Na Alemanha, após a queda do Muro de Berlim, a cidade passou Wolfram Wöhr, todos oriundos da Europa, Estados Unidos e Japão.
por diversas transformações e a questão urbanística também sofreu A leitura dessa proposta mostra que, mesmo em soluções urba-
com isso. No centro da cidade foi proposta uma requalificação urbana nas de grande força e transformação, a escala do pedestre é fundamen-
e ambiental, interligação com a infraestrutura existente, especialmen- tal, deve ser mantida e solucionada pensando em apropriações simples
te quanto à questão viária e transporte, em busca de desenvolvimento e de qualidade. O caso do Potsdamer Platz é bastante rico, apesar de
econômico. especifico; o número de atrativos para o público, desde elementos
simples como áreas de circulação das calçadas e espaços da praça para
Nesses casos, considera-se como os proprietários, tanto as autoridades governamentais como prefeitura caminhada, ou bicicleta, têm acessos facilitados pelo metrô e a presen-
35 

e estado, como também moradores, comerciantes, empresários, instituições educacionais, culturais e religio-
sas.
74
ça de usos interessantes para a população com novos comércios, bares
e restaurantes. O desenho da região, bem contemporâneo, apresenta
algumas características similares à Av. Paulista do ponto de vista de uso;
a acessibilidade e a diversidade de programas trouxeram a diversidade
de pessoas e grande número de frequentadores.

Fig. 84 – À esquerda acima, Paisagem


urbana da região do Potsdamer Platz.

Fig. 85 – À esquerda abaixo, Rua inter-


na, região do Potsdamer Platz.

Fig. 86 – À direita acima, Acesso facilita-


do para ciclistas.

Fig. 87 – À direita abaixo, Praça interna


com comércios.

75
Fig. 88 – Praça central do Potsdamer Platz, espaço
intensamente utilizado.

76
Fig. 89 – Foto aérea do Potsdamer Platz. Fig. 90 – Implantação do Projeto Potsdamer Platz.

77
78
CAPÍTULO 2
Transformações dos espaços públicos da avenida paulista

79
80
No início do século havia ainda um predomínio das classes altas 1992. Seguiu-se Fernando Henrique Cardoso – com uma fase de privati-
com o governo que se estabelecera desde a Proclamação da República, zações no Brasil. Mas foi em 2003 que a esquerda assume com o então
em 15 de novembro de 1889 até a Revolução de 1930. Com a posse de presidente Luis Inácio Lula da Silva que, entre os seus projetos, se voltou
Getúlio Vargas no poder, estabeleceu-se um pensamento mais voltado para as questões do nordeste brasileiro; em seguida a primeira presiden-
para todas as classes sociais, Getúlio era chamado de “o pai dos po- te mulher no país Dilma Rousseff, desde, 2011 até a atualidade.
bres”; Esse período conhecido como “era Vargas”, prevaleceu até o ano O povo brasileiro não sabia votar e sofreu muito com diversos go-
de 1946. Na Segunda República, Getúlio Vargas, eleito, se manteve no vernos; hoje, o país ainda deixa muito a desejar em relação à educação e
cargo; anos depois a presidência passou para Juscelino Kubitschek que, outros serviços públicos como saúde, transporte e espaços coletivos de
entre seus projetos, criou uma cidade, – transferindo a capital brasileira lazer, mas vem aprendendo a votar, já evoluiu e tem que evoluir muito
do Rio de Janeiro para Brasília. Essa época deu grande destaque para mais para a diminuição da desigualdade social e o exercício da democra-
a arquitetura e, principalmente, para o urbanismo que representavam cia.
pensamentos vanguardistas. Essas transformações políticas no país influenciaram as cidades e
De 1964 a 1985, o regime militar se instalou no Brasil, tornando seus espaços públicos, que sempre foram de expressão política e social.
profundamente difícil a liberdade de expressão; diversas manifestações Pensando na utilização adequada desses espaços sob vários aspectos,
artísticas sofreram muita censura, vários músicos, poetas, jornalistas e pode-se considerar que a região metropolitana de São Paulo mais sig-
críticos do governo foram exilados, presos e até mortos. Foi um período nificativa é a Av. Paulista. Desde a década de noventa, ela abriga três
de muitos movimentos de protestos com uma série de manifestações estações de metrô que valorizam o transporte público e conduzem a
artísticas, exemplificadas na música “Podres Poderes”361de Caetano Ve- população de maneira mais democrática para o local. Esta via compre-
loso, gravada em 1984. Após essa fase cruel, marcada pela luta popular ende vários prédios residenciais, comerciais e de serviços, com diversos
por democracia, culminando no movimento “Diretas Já” emerge a Nova usos, como cultura, lazer e arte. Entre eles, o Conjunto Nacional, um
República. Inicialmente, e por acaso, com a direita no poder na figura de edifício comercial bastante frequentado, cuja arquitetura interessante e
José Sarney, e depois Fernando Collor – que sofreu um impeachment em inovadora com um volume residencial de vários pavimentos e áreas de
convívio e consumo no pavimento térreo com exposições, café, livrarias,
36
 Caetano se refere aos governantes daquele período como “Podres Poderes” e fala em sua música cinemas, entre outros, e como será dito à frente.
“Enquanto os homens exercem / Seus podres poderes / Motos e fuscas avançam / Os sinais vermelhos / E
perdem os verdes / Somos uns boçais...” Ele retrata essa fase como seu protesto a política da época e como Há também na Avenida, edificações de abertura pública, caso do
a ditadura militar enxergava o povo, manifestando que toda essa condição de repressão iria causar muito
sofrimento e morte a população dizendo “Ou então cada paisano / E cada capataz / Com sua burrice fará
/ Jorrar sangue demais / Nos pantanais, nas cidades / Caatingas e nos gerais”, era a luta desleal contra o
MASP, Museu de Arte de São Paulo, organizado sobre um grande vão li-
sistema político.
81
Fig. 1 – À esquerda acima, Quadro de Benedito Calixto em 1893 retratando a
Proclamação do Brasil em 15 de novembro de 1889.

Fig. 2 – À esquerda abaixo, Presidente Getúlio Vargas.

Fig. 3 – À direita acima, Juscelino Kubitschek e Lúcio Costa.

Fig. 4 – À direita intermediária, Oscar Niemeyer e Juscelino Kubitschek.

Fig. 5 – À direita abaixo, Inauguração de Brasília.


82
Fig. 6 – À esquerda acima, Ditadura em São Paulo em 1968.

Fig. 7 – À esquerda abaixo, Manifestação dos Cem Mil contra a ditadura militar em 1968 com Gilberto Gil,
Torquato Neto e Nana Caymmi .

Fig. 8 – À direita acima, “Amanhã vai ser outro dia”37 , o povo reivindicando a eleições “Diretas já”.
1

Fig. 9 – À direita abaixo, Chico Buarque de Holanda em manifestação contra a Ditadura Militar.

37
 O compositor Chico Buarque nesse período, fez a música “Apesar de você”, que traz exatamente a revolta
do povo sem democracia dizendo “Hoje você é quem manda / Falou, tá falado / Não tem discussão”, ele se
referia ao estado que reprimia o povo, em seguida manifestava sua letra “Você que inventou esse estado /
E inventou de inventar / Toda a escuridão” mas defendia o povo com uma palavra de esperança “Apesar de
você / Amanhã há de ser / Outro dia”.
83
Fig. 10 – À esquerda acima, Presidente Fernando Collor.

Fig. 11 – À direita acima, Movimento dos “Caras Pintadas” com o povo nas ruas
lutando pelo Impeachment do Presidente Fernando Collor em 1992.

Fig. 12 – À esquerda abaixo, A esquerda no poder no Brasil, primeiro o Presi-


dente Lula em 2003 por oito anos e depois a primeira presidente mulher Dilma
Rousseff desde 2011, o país vive doze anos com a nova conduta da presidência.
84
vre no pavimento térreo, utilizado como espaço multiuso para atividades sem necessariamente estar dentro dele. Já no Conjunto Nacional, é pos-
culturais, feiras e outras manifestações. sível acessar o edifício nas áreas que são públicas no nível do pavimento
Ao longo de seu trajeto, encontram-se outras galerias de arte e térreo, pois a calçada traz essa continuidade de maneira muito evidente,
centros culturais, tais como a Casa das Rosas, a FIESP e o Itaú Cultural. não gerando nenhum obstáculo com degraus e grades.
O Centro Cultural Casa das Rosas brinda a população também
de forma pública; por ser gratuito e com áreas abertas, oferece possi-
bilidade de atravessar a quadra através do lote, circulando pelos seus
jardins, usando a praça interna como área de descanso ou para encontro
e café; também permite acesso aos eventos e shows de poesias, músicas
e danças, um local amplo e aconchegante. Também na Av. Paulista, o
Itaú Cultural, apesar de privado, é um centro cultural de acesso público,
instalado em um edifício com exposições e biblioteca no nível térreo e
escritórios no volume verticalizado. Além de tantos pontos importan-
tes para cidade de São Paulo no aspecto público, a Av. Paulista também
oferece seu mobiliário urbano com bancos, pontos de ônibus, telefones
públicos e bancas de jornal, reforçando a característica de espaço de
utilização pública.
Existe um ponto na Av. Paulista importante a ressaltar – a largura Fig. 13 – Calçada contínua e larga do Conjunto Nacional.

da calçada principal que oferece ao pedestre um passeio mais contínuo,


amplo e agradável. Essa calçada larga conta com galerias de passagem Outro fator relevante da Av. Paulista é a topografia; apesar de ela
no miolo da quadra, gerando uma ocupação na cidade mais pública e co- estar no espigão da montanha, entre os bairros se formam dois vales,
letiva, onde pode-se compreender a relação do espaço com o lugar38 . A 1 um em direção ao centro da cidade e outro em direção a zona oeste, a
calçada também tem função de elo entre as pessoas e a edificação, onde avenida é aparentemente plana por ter seus prédios todos com o pavi-
sentem-se convidadas a circular e entrar nos edifícios, caso do MASP, mento térreo no mesma cota. Entretanto, os fundos dos lotes são volta-
cuja calçada se liga ao vão livre e as pessoas passam a ocupar o edifício dos para a Alameda Santos e Rua São Carlos do Pinhal que têm acesso
38
 Discussão dos conceitos de espaço e lugar em MONTANER, Josep Maria. A modernidade superada: arqui-
por uma cota muito mais baixa e, em alguns casos, com desnível bastan-
tetura, arte e pensamento do séc. XX. Barcelona: Gustavo Gili, 1981, p. 31.
85
te considerável. Outro ponto importante é a sua linearidade, proporcio- população paulistana. Essa apropriação aconteceu de forma intencional
nando uma vista continua e um ponto de fuga muito interessante. pelos criadores e mantenedores da avenida e pela sociedade paulista-
Essa questão geográfica da avenida desde a sua origem apre- na, mas é necessário destacar que somente através do sentimento de
senta, portanto, uma solução excepcional, além de ser plana e larga, já propriedade a população ocupa publicamente a avenida, fato que nem
possibilitou lotes grandes na sua fundação. sempre arquitetos e governantes conseguem proporcionar.
A simplicidade no pavimento térreo, onde o pedestre que circula A Av. Paulista oferece, hoje, a possibilidade de uma reflexão de
na calçada pode alcançar o espaço de uso público dentro do edifício, traz vida em sociedade e a ocupação com atividades que levam ao progresso
uma discussão interessante do ponto de vista de apropriação do espaço e ao desenvolvimento pessoal e coletivo. A arquitetura, naturalmente,
público. Destaca-se na Av. Paulista um grande suporte físico de infraes- não é a única responsável por isso, embora contribua de forma muito
trutura urbana, mobilidade e diversidade de usos; sua localização não clara; esse fator decorre da junção de três determinantes: a sociedade, o
está exatamente no centro da cidade, mas ela configura uma centralida- estado e a arquitetura.
de urbana que a torna muito atraente para população. A importância do uso é um fator essencial para a apropriação
Outro fator refere-se à paisagem urbana coerente devido ao urbana, funciona como um atrativo permanente; no caso da Av. Paulista,
gabarito de altura harmônico, com altura aproximada de cerca de vinte a região é extremamente rica em usos, oferecendo comércios, bares,
andares. Por último fator, destaca-se a comunicação visual que traz cla- bancos, instituições escolares, hospitais e galerias de arte. O segundo
reza e organização para os pedestres e motoristas. ponto importante é o acesso à via; a presença do metrô favorece a apro-
É importante ressaltar que a Av. Paulista é uma via muito simbóli- priação de pessoas de outros bairros e até de outros municípios. Esses
ca e de referência para cidade, em que a população se apropria de forma fatores geram um resultado positivo, o aumento de pedestres graças à
pública e coletiva através de eventos, manifestações, comemorações, diversidade de uso. Hoje a Av. Paulista apresenta um fluxo muito grande
além do próprio uso diário que criou uma rotina e um costume para a de pessoas e a tendência é aumentar.
A trajetória de 120 anos da Av. Paulista acompanha o desenvol-
vimento do país, influenciada por diversos momentos políticos que, de
alguma maneira, se refletiram na condição da região Em muitos momen-
tos da história é o centro financeiro do país e a avenida mais utilizada
pelo paulistano.
Existem diversas grupos sociais que se apropriam da Av. Paulista,
Fig. 14 – Croqui apresentando a geografia da Av. Paulista e a situação atual.
86
Fig. 15 – Planta e fachadas da Av. Paulista.
87
Fig. 16 – Acesso a Av. Paulista, acesso pelo
rebaixamento, ao fundo a Praça do Ciclista.
88
uma região muito atrativa para diversas situações, seja de trabalho, estu- usos inexistentes como uma biblioteca pública, por exemplo, cuja proxi-
do, lazer e cultura, conforme vimos. Entre essas tribos urbanas, citamos midade e aceso seriam bastante positivo para o paulistano.
as mais destacadas; atualmente, o grupo que vem tomando mais força É realmente considerável a variação de atrativos existentes; é
é o dos ciclistas, devido à topografia, uma pista de circulação exclusiva perfeitamente possível viver na região e transitar a pé ou por transporte
em horários pré-determinados. A esquina da Av. Paulista com a Rua público para outros bairros. As atividades comerciais, os serviços e os
Consolação foi transformada na Praça do Ciclista39. Outro grupo também 1
espaços culturais fazem da avenida um local de muita vida, onde se pode
presente e visível são os skatistas, formado em geral por adolescentes morar e ter acesso a todas as necessidades básicas. A riqueza de usos é
que se apropriam da Praça Oswaldo Cruz e fazem ali seus obstáculos de primordial para a vitalidade de uma via, é através dela que esta se torna
manobras. Diariamente, em diferentes horários, é possível notar a con- atrativa. O metrô facilita muito a chegada à região e também o acesso
vivência pacífica entre pedestres, trabalhadores, policiais e adolescentes para outros bairros, muito vantajoso para quem mora ou trabalha ali.
se divertindo com seus skates.
Constatam-se dois grandes e principais fatores que fazem da Av.
Paulista bastante frequentada, estando entre as vias mais populares de APROPRIAÇÃO DA AV. PAULISTA EM NÚMEROS QUANTIDADE

São Paulo. O primeiro é a variedade de usos, e o segundo é a existência


Pessoas que Circulam / Dia 1.500.000
de áreas de circulação de pedestre, ou seja, as calçadas, praças e áreas Pessoas que Residem / Moradores 5.000
Quantidade de travessias de pedestres 20
permeáveis dos edifícios.
Quantidade de Quadras 18
A tabela a frente mostra o quanto a via é movimentada, efeti- Total M² Área da Av. Paulista 626.000
Pessoas que utilizam Ônibus - Média / Dia 313.169
vamente acessada pelo pedestre e servida por transporte público. As Ônibus que trafegam pela Av. Paulista - Média / Dia 184
Quantidade de Linhas de Ônibus - Média/Dia 30
linhas de ônibus e as estações de metrô são as principais responsáveis
Pontos de Ônibus na Av. Paulista 14
pelo acesso de pessoas, com exceção dos moradores da região que a Pessoas que usam Metrô - Média/Dia - 3 Estações 137.000
Pessoas que usam Metrô - Média/Dia - BRIGADEIRO 42.000
acessam a pé. Pessoas que usam Metrô - Média/Dia - TRIANON-MASP 39.000
Pessoas que usam Metrô - Média/Dia - CONSOLAÇÃO 56.000
Não se pode negar a riqueza de usos da Avenida Paulista; nela
Tabela 3 - Apropriação da Av. Paulista em números.
funcionam várias empresas e sua diversidade é bastante conveniente Fonte: Associação Paulista Viva, disponível em <http://www.associacaopaulistaviva.org.br/site/perimetro-
-pro-paulista.php> (acesso em 20/01/2013).
para o consumo, busca de serviços e lazer. A tabela mostra essa varieda-
de de locais e o entendimento que a via pode melhorar, propondo ainda
39
 Ver MONFERDINI, Juliana Aoun. Práticas e possibilidades na Avenida Paulista. Dissertação de mestrado.
Orientador Abilio Guerra. São Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2013.
89
USOS DA AV. PAULISTA Centro Cultural 11
EDIFÍCIOS CULTURAIS
Cinema 3
Av. Paulista QTDE
RESIDÊNCIAS Prédio Residencial 15
Academia de Ginástica 1
Agência de Turismo e Casas 2 Tabela 4 - Tabela explicativa das quantidades de usos na Av. Paulista “Perímetro Pró Pau-
de Câmbio
lista”. Fonte: Associação Paulista Viva, disponível em <http://www.associacaopaulistaviva.
Cafeteria 8 org.br/site/perimetro-pro-paulista.php> (acesso em 20/01/2013).
Casa Noturna 1

Estacionamento 29
Farmácia 9
Galeria Comercial 11
Prédio Comercial 73
COMÉRCIOS Lanchonete 15
Livrarias e Papelaria 6
Loja de Roupa / Vestuário 26
Restaurante 6
Salão de Beleza 1
Shopping 2
Loja de produtos diversos 19
Gráfico 1 - Espaços públicos da Av. Paulista de acesso livre.
Meio de Hospedagem 2
Calçadas - 10,20%; Ruas - 60,33%; Espaços Livres - 7,66%; Parques - 21,81%.
Supermercado 1 Fonte: Construído pela autora (15/09/2014).
Videolocadora 1
Museu 1
Teatro 5
Prédio Misto 3
Agência bancária 46
Clínica e laboratório 1
SERVIÇO
Clube 1
Consulado 20
Emissora de Rádio 17
Cartório 1
Fórum 3
Faculdade / Universidade 4
Escola / Colégio 2
INSTITUIÇÕES ESCOLARES Hospital / Maternidade 1
E RELIGIOSAS
Igreja 1
Istituto 1
Parque 2
ESPAÇOS PÚBLICOS
Praça 3 Fig. 17 – Praça do Ciclista, esquina da Av. Paulista com a Rua Consolação. 90
Fig. 18 – Grupo de ciclistas pedalando na Av. Paulista. Fig. 20 – Adolescente fazendo manobra na Praça Oswaldo Cruz.

Fig. 19 – Praça Oswaldo Cruz. Fig. 21 – Bares e vida noturna da Av. Paulista. 91
2.1. Origem da Av. Paulista: dos casarões dos Barões
do Café ao boulevard (1870-1940)

A Av. Paulista revela interessantes mudanças ao longo de sua


existência, com interferências políticas, econômicas, culturais e urbanís-
ticas. Caracterizando o primeiro período, de 1870 a 1940, o charme dos
palacetes da época com a presença forte dos barões do café, que viviam
em residências projetadas em amplos terrenos arborizados.
O ano de 1890 marca o início do primeiro período da Av. Paulista,
planejada pelo engenheiro uruguaio Joaquim Eugênio de Lima40 ; com re- 1

cursos próprios e interesses particulares, a avenida, portanto, foi criada


pela iniciativa privada. Ele escolheu o nome da avenida e proferiu uma
frase que ficou registrada na história: “Será então Paulista, em home-
nagem aos paulistas!”. Esse nome “Paulista” favorece muito a avenida,
principalmente nas décadas posteriores em que ele marca uma terri-
Fig. 22 – Av. Paulista em direção
à Consolação, 1902.
torialidade em que os habitantes se sentem, de verdade, na parte mais
paulistana de São Paulo.
A região da Av. Paulista era uma trilha por onde passavam as
boiadas e Joaquim Eugênio de Lima desenvolveu um desenho de via com
o intuito de lotear e vender os terrenos para a elite paulistana, especial-
mente para os grandes comerciantes do café. É interessante destacar
que seu projeto foi muito generoso, pois mesmo não prevendo os futu-
ros projetos para Av. Paulista, o engenheiro criou uma via que permitiu e

40
 Joaquim Eugênio de Lima era um empreendedor da época, antes construiu o Viaduto do Chá, mas foi
no projeto da Av. Paulista que ele gastou todo o dinheiro que tinha para lotear a via, o que lhe trouxe muito
retorno financeiro mais tarde.
92
ainda permite tantas transformações sem perder a sua essência.
A avenida foi pensada com uma forma linear, relativamente plana
entre os futuros bairros Jardins e Bela Vista. Em 1891, o logradouro é
oficialmente entregue ao público, com uma calçada ampla e arborizada,
feita dentro da escala do pedestre com mobilidade através de bonde e
automóveis da época.
Nasce o Boulevard41 Av. Paulista, a primeira avenida asfaltada e
1

arborizada da cidade, ocupada como área residencial dos “Barões do


Café” e imigrantes ricos. As casas foram projetadas por arquitetos es-
trangeiros aqui radicados, que romperam com o lote colonial e utiliza-
ram novas técnicas como o tijolo. Em 1900, havia cerca de 50 casas, com
grades de ferro, recuo de 10 metros, porão alto e mais um pavimento
Fig. 23 – Imagem de Jules Martin, retratando a inauguração da Avenida Paulista , projeto do engenheiro
com todas as funções da casa. Joaquim Eugênio de Lima.

Anos mais tarde, em 1908, o Prefeito Antônio Prado alarga o pas-


arquiteto Ramos de Azevedo. Arquiteto muito atuante no desenvolvi-
seio e transforma o calçamento de pedregulho em asfalto; é o primeiro
mento da arquitetura paulistana da época, Ramos de Azevedo projeta
período de utilização dos recuos dos edifícios.
a Casa das Rosas, com uma riqueza de jardins e saída para as duas vias,
Com gabaritos de altura em média de dois pavimentos, os edifí-
a Av. Paulista e a Alameda Santos. Essa casa foi destinada a sua própria
cios e mansões eram residências, baseados em uma arquitetura eclética
filha.
com referências historicistas nacionais e internacionais. As décadas de
Atualmente, a Casa das Rosas é um dos poucos exemplares que
1910 e 1920 foram muito fortes marcadas, principalmente, pela pre-
restaram na Av. Paulista. Patrimônio histórico, foi transformada em
sença dos Barões do Café, que instalaram ali suas moradias um local
Centro Cultural e ainda preserva os jardins, os acessos pelas duas vias, é
nobre de São Paulo para a época, com uma bela vista da cidade. Os
muito frequentada por admiradores de poesia e música.
lotes amplos e muito arborizados permitiam casas amplas e áreas livres,
A Avenida Paulista no início era basicamente residencial, atraia
destacando-se a residência da Família Matarazzo, projeto dos arquitetos
grande interesse por parte da elite paulistana, por todo seu luxo da
italianos Giulio Saltini e Luigi Mancini e a Casa das Rosas, projetada pelo
época. Entretanto, outros usos também foram implantados para suprir

 Boulevard é um termo francês para indicar uma via aprazível, com amplitude e mais de uma pista.
41 as necessidades da população. Em 1906, foi construído o Hospital Santa
93
Fig. 24 – Casa das Rosas, projeto de arquiteto Ramos de Azevedo.

Fig. 25 – Av. Paulista do início do século XX, região bastante arborizada.

Catarina, projetado pelo arquiteto Maximilian Hehl; em 1919 foi constru-


ída a Escola Estadual Rodrigues Alves, também projetada por Ramos de com seu formato linear muito favorável e em uma cota alta, era possível
Azevedo; em 1935, foi feito o Parque Trianon de grande significado nesse admirar a paisagem da cidade; essas vantagens promoviam eventos fre-
período como área de lazer e encontro. Como citado anteriormente, a quentados pela sociedade da época.
Av. Paulista dispõe de diversos usos, mas isso não é uma transformação Adiante, apresentamos plantas e fotos dos casarões presentes na
recente; no começo do século começam aparecer edifícios que não são Av. Paulista no início do século. São os grandes palacetes gabando-se de
residenciais. Nesse período, na própria via, já existiam eventos públicos, muito glamour e riqueza dos barões do café.
como corridas de automóveis e desfiles de carnaval, o que demonstra Nessa época, o que ditava a arquitetura nem sempre era a qua-
quanto a região estimulava o povo a utilizá-la em grandes aglomerações. lidade física dos espaços e distribuição coerente das circulações, mas
Morar na Av. Paulista era símbolo de riqueza, não era acessível a sim, uma arquitetura com muitos ornamentos, uma somatória de estilos
todos para viver, mas era atraente para as famílias abastadas que deseja- de edifícios residenciais imponentes e destacados nos lotes amplos e
vam mudar da região do centro ou do interior de São Paulo. Além disso, arborizados.
94
Fig. 26 – À esquerda acima, Hospital Santa Catarina, 1919.

Fig. 27 – À esquerda intermediária, Escola Estadual Rodrigues Alves, 1935.

Fig. 28 – À esquerda abaixo, Parque Trianon, 1935.

Fig. 29 – À direita, Casarões da Av. Paulista.


95
MAPEAMENTO
DOS CASARÕES
A4 + A4 QUE ABRE

96
A Residência Horácio Belfort Sabino, construída em 1903, em
estilo Art Nouveau e projetada por Victor Dubugras, era localizada no
quarteirão entre a Av. Paulista, a Rua Augusta, Alameda Santos e a Rua
Padre João Manuel, onde atualmente está o Conjunto Nacional. Esse
terreno era uma chácara de lazer da família Sabino, na época moradores
na Rua General Jardim, no bairro Vila Buarque. Media um hectare, tinha
pomar, horta e até mesmo uma vaca que produzia leite para as crianças.
O programa da residência de Horácio Sabino era no pavimento
térreo; compunha-se de grande sala de jantar, sala de visitas e sala de

Fig. 31 – Implantação, pavimento térreo e primeiro pavimento da Residência Horácio Sabino.

Legenda

Térreo: 1 – Entrada / 2 – Vestíbulo / 3 – S. Visitas / 4 – S. Jantar / 5 – Jardim de Inverno / 6 – Sale-


ta / 7 – Copa / 8 – Costura e refeição das crianças / 9 – Cozinha / 10 – Criadas / 11 – Dispensa

1º Pavimento: 1- Escritório / 2 – Dormitório / 3 – Dorm. Casal / 4 – Quarto de vestir / 5 – Banhei-


Fig. 30 – Residência Horácio Sabino. ro / 6 – Banho / 7 – Alpendre / 8 – Terraço.

97
A Residência Nicolau Moraes Barros trazia uma arquitetura inter-
na mais simples, era projeto de 1911 do arquiteto Ramos de Azevedo.
Implantado no meio dos jardins, o casarão era acessado por dois portões
voltados para a Av. Paulista e mais dois portões voltados para Rua São
Carlos do Pinhal.
Seu projeto tinha uma circulação mais simplificada, com acesso
principal pelo vestíbulo, à esquerda o escritório, à direita uma saleta e
à frente a sala de visitas com abertura para a sala de jantar. Aos fundos,
o banheiro e área de banho separada, copa, despensa e cozinha. No
pavimento superior concentravam-se os dormitórios, banheiro e área de
banho. Percebe-se que se inicia um pensamento um tanto mais práti-
co em relação à primeira residência quanto à funcionalidade, porém a
necessidade de ornamentos na fachada ainda era considerada muito
importante.

Fig. 32 – Imagens internas da Residência Horácio Sabino.

costura. Havia também a entrada social e mais à frente o jardim de inver-


no, grande novidade naquele momento, a copa com acesso a uma saleta
e à área externa por uma escada de serviço; aos fundos ficava a cozinha,
o ambiente das criadas (as empregadas domésticas da época) e a dispen-
sa. No primeiro pavimento, acessava-se inicialmente o alpendre, para
esquerda o terraço e escritório, em seguida uma sequencia de dormitó-
rios, ao final a direita havia o banheiro e outro ambiente para banho. Fig. 33 – Residência Nicolau
Moraes Barros.
98
Fig. 34 – Implantação, pavimento térreo e primeiro pavimento da Residência
Nicolau Moraes Barros.

Legenda

Térreo: 1 - Vestíbulo / 2 - Gabinete (dep. saleta) / 3 - S. Visitas / 4 - S. Jantar /


5 - Escritório / 6 - Lavabo / 7 - Banheiro / 8 - Cozinha / 9 - Despensa / Copa.

1º Pavimento: 1 - Dormitório / 2 - Banheiro / 3 - Banheiro


99
Fig. 35 – À esquerda, Francisquinha Nogueira de Moraes Barros
na sala de entrada em 1957, moradora da Residência Nicolau
Moraes Barros.

Fig. 36 – À direita abaixo, Crianças da família de Nicolau Moraes


Barros no Parque Trianon.

Fig. 37 – À direita acima, Francisquinha Nogueira de Moraes


Barros entre as hortênsias dos jardins da residência.
100
Já um exemplar da arquitetura neocolonial, a Residência Numa que participassem do corso pudessem descansar; no dia-a-dia as janelas
de Oliveira, apresentava uma proximidade com o colonial tradicional permaneciam abertas para quem quisesse contemplar a escultura La
português. Foi proposta no ano de 1916, pelo arquiteto português Ricar- Délivrance.
do Severo e construído pelo escritório de Ramos de Azevedo. Era ideali-
zada como sobrado com porão, na esquina da Av. Paulista com a Alame-
da Campinas, e com os fundos para Alameda Santos; também contava
com muitos jardins e na frente havia a escultura Iguaçu de Magalhães
Corrêa.
Também a arquitetura era mais simplificada apesar dos telhados
com amplos beirais, telhas de porcelana, ornamentos decorativos em
todas as fachadas e azulejos revestindo as paredes.
No desenho interno, havia um grande hall central, que destina-
da para um lado, lavabo, quarto e sala de costura, já para o outro a sala
de visitas, sala de jantar e sala de música; aos fundos copa, cozinha,
despensa e ambiente das criadas, e com uma entrada independente, o
escritório.
No pavimento superior, acessado pela escada à esquerda es-
tavam dois dormitórios dos filhos, sendo um com terraço, espaço de
banho e o ateliê de pintura; à direita, o dormitório do casal, quarto da
governanta, banho, pequena copa e rouparia, aos fundos um solário e à
frente um terraço. No porão ficava o quarto dos empregados, a lavande-
Fig. 38 – Fachadas da Residência Numa de Oliveira.
ria, rouparia, adega, despejo, sala de estudos e banheiro completo. Esse
projeto deixa claro a estratégia de manter um elemento central que é a
escada, e através dessa o acesso para todos os ambientes.
Uma ação bastante interessante em relação ao uso da residên-
cia: a família abria o casarão nos dias de carnaval para que os amigos

101
Na esquina da Av. Paulista com a Rua Ministro Rocha Azevedo, a
arquitetura da residência René Thiollier, também chamada de Vila For-
tunata42 mantinha também as características de uma época com muitos
1

adornos e ornamentos que manifestavam a condição financeira dos no-


bres e ricos da época. Construída em 1903 e usada primeiramente como
casa de campo da família que morava na Rua XV de Novembro, o edifício
era situado no canto do terreno em meio a uma grande vegetação que
já existia ali; essa parte alta com mata grande era chamada de Caaguaçu
pelos índios. Mesmo depois da edificação demolida, a mata foi preser-
vada, o filho do proprietário Alexandre Honoré Marie Thiollier, vendeu o
imóvel colocando uma cláusula no contrato que proibia o desmatamento
da vegetação; mais tarde os jardins foram tombados pelo Condephaat.
Atualmente, o local abriga o Parque Mário Covas mantido pela iniciativa
privada.
O proprietário René Thiollier se formou em direito, e era um
intelectual que deu grande contribuição à sociedade; em seu palacete
havia uma biblioteca onde ele se reunia com outros intelectuais como
Fig. 39 – Implantação, pavimento térreo e
pavimento superior da Residência Numa de Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Guilherme de Al-
Oliveira.
meida, Monteiro Lobato e Tarsila do Amaral. Entre as suas contribuições,
Legenda:
a maior possivelmente foi ser um dos idealizadores da Semana de Arte
Térreo: 1 - Living / 2 – Escritório / 3 – Lavabo / 4
– Banho / 5 – Dormitório / 6 – S. Costura / 7 – S.
Música / 8 – S. Visita / 9 – S. Jantar / 10 – Copa
Moderna de 1922.
/ 11 – Cozinha / 12 – Despensa / 13 – Criada.
A arquitetura interna da Residência René Thiollier se organizava
1º Pavimento: 1 – Vestir / 2 – Dormitório / 3 –
Banheiro / 4 – Ateliê de Pintura / 5 – Solarium / de maneira simples; na fachada principal havia o acesso para o vestí-
6 – Rouparia / 7 – Pequena Copa / 8 – Dormi-
tório da Governante / 9 – Dormitório de Casal /
10 – Terraço.
42
 Após problemas de saúde, René Thiollier foi para Europa se tratar e alugou a residência para uma família
que esperava o quarto filho, cujo nome viria ser Roberto Burle Marx que nasceu em 1909. Mais tarde seu pai,
em 1912, que possuía um curtume faliu e a família toda se mudou para o Rio de Janeiro. SANTOS, Thiago. A
vida de Roberto Burle Marx. In Parque Burle Marx <http://www.sefaz.es.gov.br/painel/BMBio01.htm> (em
15/03/2014).
102
bulo, à esquerda o escritório e à direita a sala, adiante uma grande sala Fig. 40 – À esquerda, Fachada principal
da Residência René Thiollier.
de jantar e a sala da proprietária, aos fundos a cozinha, copa, despensa Fig. 41 – À direita, Implantação, pavi-
mento térreo e pavimento superior da
e banheiro de empregados. Já no pavimento superior, estava o hall de Residência René Thiollier.

acesso a um grande dormitório cercado por varanda nas fachadas princi- Legenda:

pal e lateral permitindo a visão dos jardins. Havia mais três dormitórios, Térreo: 1 - Vestíbulo / 2 – Escritório /
3 – Sala / 4 – W.C. / 5 – S. Senhora /
6 – Jantar / 7 – Cozinha / 8 – Copa / 9
uma rouparia e um banheiro. - Despensa

1º Pavimento: 1 – Hall / 2 – Rouparia /


3 – Banho / 4 – Dormitório.

103
No estilo Art Nouveau, criada por Victor Dubugras em 1916, a
residência Baronesa de Arary era ampla e apresentava um número maior
de banheiros, o pavimento térreo contava com um hall central, salas de
música, visitas e jantar, e também cozinha com os ambientes de apoio
como copa, despensa, serviço; havia ainda um quarto de hóspedes e um
escritório. No pavimento superior, o acesso principal era central e aten-
dia a dormitórios e toaletes.

Fig. 42 – À esquerda acima, Sr. René Thiollier na sala de visitas da Vila Fortunata.

Fig. 43 – À direita acima, Fachadas da Residência Baronesa de Arari.

Fig. 44 – Abaixo, Desenho da Residência Baronesa de Arari.


104
Fig. 45 – Implantação, pavimento tér-
reo e pavimento superior da Residência
Baronesa de Arari.

Legenda:

Térreo: 1 - Vestíbulo / 2 – Lavabo - wc


/ 3 – S. Música / 4 – S. Visitas / 5 – S.
Jantar / 6 – Saleta de Jantar / 7 – Hall /
8 – Copa / 9 - Cozinha / 10 – Despensa
/ 11 – Serviço / 12 – Hóspede / 13 –
W.C. / 14 – Escritório.

1º Pavimento: 1 – Copa / 2 – Banho /


3 – Toalete / 4 – Dormitório.
105
Outro projeto em estilo Art Nouveou, a residência Egidio Pinot-
ti Gamba, projetada pelo arquiteto Eduardo Loschi;. apresentava, em
1905, organograma básico mantendo as áreas sociais e a dispensa e co-
zinha separados, ao fundo, no pavimento térreo. No primeiro pavimento
estavam as áreas privativas com dormitórios e banheiros e uma sala que
dava acesso ao terraço.

Fig. 47 – Implantação, pavimento térreo, primeiro pavimento e porão da Residência Egidio Pinotti Gamba.

Legenda

Térreo: 1 - Vestíbulo / 2 – Gabinete / 3 – S. Visitas / 4 – Escritório / 5 – Sala / 6 – Sala de Jantar / 7 – Cozinha /


8 – Despensa / 9 - W.C.

1º Pavimento: 1 – Sala / 2 – Dormitório / 3 – Toalete / 4 – Banheiro / 5 - W.C. / 6 – Terraço.

Porão: 1 – Adega / 2 – Engomaderia / 3 – Lavanderia / 4 – W.C.


Fig. 46 – Residência Egidio Pinotti Gamba.

106
A residência Franco de Mello, ainda presente na Av. Paulista hoje,
foi construída em 1905, pelo construtor licenciado Antônio Fernandes
Pinto e apresenta todas as características da época. Sua planta é ampla,
com 35 cômodos; atualmente a residência é usada para feiras, eventos e
gravações de filmes, sofrendo uma condição de precariedade por moti-
vos particulares da família devido às questões da herança e dos custos
para restauração, uma vez que a casa se tornou patrimônio histórico
tombado desde 1992 e não pode ser demolida.

Fig. 49 – Fachada do Casarão Franco de Mello, vista pela Av. Paulista.

O Mapa das vias da época apresenta o contexto que a Av. Paulista


estava inserido; com uma condição muito menor e com muito menos
pessoas, a cidade se resumia a poucas vias.
Fig. 48 – Casarão Franco de Mello, ainda existente na Av. Paulista, 1920.
Com a queda da Bolsa de Nova York em 1929, muitos Barões
do Café perderam suas fortunas, e abandonaram a Av. Paulista. Nesse
momento, outros interessados começaram a viver na avenida – entre
eles os imigrantes – era uma época em que muitos italianos e libaneses
107
Fig. 51 – Quadro “Operários” de Tarsila do Amaral em 1933, ela retrata a diver-
sidade da população de São Paulo e a característica de povo trabalhador, era a
expressão artística através da pintura traduzindo o momento sócio-econômico que
a cidade vivia.

vieram para o Brasil,43 tornando-se grandes industriais. Acreditavam que


1

seria possível acompanhar a fase de desenvolvimento do país, especial-


mente em São Paulo que era um local promissor e cheio de oportunida-
des para quem chegava. Apesar desses novos moradores, muitos lotes

Fig. 50 – Mapa das vias da época.


foram vendidos e receberam edifícios residenciais para a classe média e
Legenda edifícios comerciais para a chegada de empresas. Começa então o novo
Vias Casarões período da Av. Paulista, sua verticalização. A cidade de São Paulo como
j Av. Paulista 1 Horácio Sabino 15 Chácara de Carvalho uma grade locomotiva do país inicia um novo momento político; em
k Av. Higienópolis 2 Baronesa de Arari 16 José de Souza Queiroz
l Av. São Luis 3 René Thiollier 17 Waldomiro P. Alves 1930, Getúlio Vargas assumiu a presidência, criando novas leis trabalhis-
m Av. São João 4 J. Borges Figueiredo 18 Elias Chaves
n Rua Brigadeiro Tobias
o Rua Florêncio de Abreu
5
6
Vila Matarazzo
Nicolau M. Barros
19
20
Olívia Guedes Penteado
Barão de Piracicaba II
tas.
p Rua General Jardim 7 Numa de Oliveira 21 A. de Toledo Lara
q Av. Brig. Luis Antonio 8 Adolfo A. Pinto 22 Cel. C. Teixeira de Carvalho 43
 O artigo “Essa Gente Paulista”, publicado no Portal do Governo do Estado de São Paulo, traz algumas
r Av. Liberdade 9 Cassio D. Veridiana 23 Numa de Oliveira palavras sobre a imigração no Brasil até a metade do século XX: “Eles aqui foram acolhidos porque a província
10 D. Veridiana 24 Hermann Buchard paulista necessitava de mão-de-obra para a lavoura cafeeira e, hoje, estima-se que São Paulo seja a terceira
11 Vila Penteado 25 Ramos de Azevedo maior cidade italiana do mundo, a maior cidade japonesa fora do Japão, a terceira maior cidade libanesa fora
12 A. Alves Lima 26 Condessa de Parnaíba do Líbano, a maior cidade portuguesa fora de Portugal e a maior cidade espanhola fora da Espanha.” PORTAL
13 Antonio de S. Queiroz 27 M. Lopes de Oliveira DO GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Essa Gente Paulista <www.saopaulo.sp.gov.br/conhecasp/gente-
14 Frederico de S. Queiroz 28 Nicolau de S. Queiroz -paulista> (acesso em 04/02/2014).
108
LINHA DO TEMPO
DO PRIMEIRO PERÍODO
CASARÕES
A4 + A4 QUE ABRE
109
2.2. O início da diversidade de usos: Calçadas, Casarões
e a primeira verticalização com uso misto residencial e
empresarial (1940-1970)

Essa periodização da Av. Paulista registra o segundo contexto com


três décadas, de 1940 a 1970, é um novo momento arquitetônico e urba-
nístico quando se pensa a modernização da cidade, o início da verticali-
zação e construção de edifícios modernistas significativos até hoje como
o MASP, Museu de Arte Moderna e o Conjunto Nacional. O contexto
histórico era outro, sob o governo de Getúlio Vargas e uma nova orga-
nização política nacional, vários arquitetos começam a criar um novo
desenho para os edifícios, muitos escritórios de arquitetura se destacam
e trazem o uso do concreto armado com grandes vãos, vários pavimen-
tos e formas ousadas. A cidade se transforma e a Av. Paulista acompanha
isso, trata-se de uma cidade com automóveis, empresas, milhares de
pessoas e um grande potencial econômico.
É um período marcado por um desenho urbano também mo-
dernista44 e uma proposta de fazer da via um local com edifícios emble-
1

máticos para cultura paulistana. De 1943 a 1945, acontece a 2ª Guerra


Mundial e passa-se a estabelecer novas regras sociais trazendo muitos
trabalhadores da zona rural para cidade, aumenta o valor dos imóveis,
44
 A arquitetura moderna é uma proposta alternativa de gestão de cidade, distinta em três elementos: 1.
“Uma nova abordagem integral da projeção do ambiente construído, que recusa a distinção entre as duas
abordagens tradicionais, a técnica e a artística... Os mestres da arquitetura moderna combinam a liberdade
do artista com a objetividade do técnico.” 2. “Maior amplitude produz maior liberdade de projeção do novo
ambiente e a queda do formalismo eclético permite recuperar as relações com o passado, enriquecendo
simultaneamente a pesquisa histórica e a projetual.” 3. “A completa disponibilidade do terreno para um perí-
odo limitado constitui a condição para poder efetuar uma nova planta na cidade, cientificamente controlada
e livremente imaginada, adaptada, portanto, às necessidades dos usuários.” BENEVOLO, Leonardo. A cidade e
Fig. 52 – Rebaixamento da Av. Paulista. o arquiteto. São Paulo: Perspectiva, 1991, p. 101.
110
a cidade passa a se verticalizar e consequentemente inicia-se também a
verticalização na Av. Paulista.
A Avenida Paulista inicia o seu primeiro processo de populariza-
ção, ainda muito discreto, se em 1930 a via era de Casarões dos Barões
do Café, foram durante as décadas de 40 e 50 que se instalam os gran-
des edifícios luxuosos, em seguida os edifícios funcionalistas, podemos
citar: Ed. Anchieta (1941), Ed. Nações Unidas (1953), Conjunto Nacional Fig. 54 – Edifício Anchieta, projetado por
MM Roberto, 1941.
(1956), Ed. Paulicéia (1956) e Ed. Quinta Avenida (1959). Mas, a partir 451

da década de 1960 passam a existir os edifícios de classe média. Um


avanço de tecnologias permitiram a verticalização da avenida, somado a

Fig. 53 – Início da verticalização da Av. Paulista.


45
 Cf. FRÚGULI JUNIOR, Heitor. Centralidade em São Paulo: trajetórias, conflitos e negociações na metrópo-
le. São Paulo: Edusp, 2000, p. 117. Fig. 55 – Edifício Anchieta acima e rebaixamento da Av. Paulista em baixo.
111
Fig. 56 – À esquerda, Edifício Nações Unidas.

Fig. 57 – À direita acima, Detalhe da fachada do Ed. Nações Unidas.

Fig. 58 – À direita abaixo, Desenho gráfico do Ed. Nações Unidas.


112
Fig. 59 – À esquerda acima, Pavimento térreo do Edifício Quinta Avenida.

Fig. 60 – À direita acima, Vista frontal do Ed. Quinta Avenida.

Fig. 61 – Abaixo, Desenho gráfico do Ed. Quinta Avenida.


113
Fig. 62 – À esquerda, Edifício Paulicéia.

Fig. 63 – À direita acima, Detalhe dos caixilhos do Ed. Paulicéia.

Fig. 64 – À direita abaixo, Desenho gráfico do Ed. Paulicéia.


114
Fig. 65 – À esquerda, Ed. Fiesp.

Fig. 66 – À direita acima, Pavimento térreo do Edifício Fiesp.

Fig. 67 – À direita abaixo, Desenho gráfico do Edifício Fiesp.


115
grande influência da Arquitetura Moderna. Outro grande acontecimento vertical dividido em três partes; a primeira com 47 apartamentos medi-
que marcou esse período foi em 1969, com o início do projeto estrutu- do de 180 a 890 metros quadrados; as outras duas partes, com unidades
ral para o Metrô de São Paulo, pelo Escritório de Engenharia Figueiredo de escritórios. Em 1958 foi inaugurado apenas o volume horizontal, o
Ferraz. Essas mudanças começaram a serem planejadas já como novas vertical foi finalizado em 1962. Nesse intervalo funcionou o restaurante
propostas para a mobilidade urbana da época. Fasano, bastante requintado que recebeu personalidades como Fidel
Os edifícios passam a ter um gabarito de altura maior com uma Castro e Juscelino Kubitschek. Mais tarde surgiu o Cine Astor, cinema
média de dez pavimentos, assinados por grandes arquitetos, entre eles mais famoso e moderno de São Paulo. Já na década de 1970, o Conjunto
David Libeskind com o Edifício Multifuncional Conjunto Nacional; Pedro Nacional, vivia no abandono e sofreu um incêndio. Uma nova adminis-
Paulo M. Saraiva e Miguel Juliano com o Edifício Quinta Avenida; Lina Bo tração passou a conservar o edifício e em 2005 ele foi tombado pelo
Bardi com o Masp e Rino Levi com o Ed. Fiesp. Patrimônio Histórico.
Em 1955, inaugurou-se o Conjunto Nacional46 propondo comér- 1

cio, escritório e apartamentos residenciais. Uma integração interessante


do espaço externo com o espaço interno, um local privado mas de uso
coletivo constante com acesso pelas quatro ruas, uma praça interna
coberta e diversos comércios no nível térreo, especialmente café, livraria
e cinema, como foi descrito anteriormente.
Era um edifício muito inovador para época, além de propor uma
arquitetura modernista, o uso do concreto armado, e um programa de
necessidades amplo, de uma diversidade riquíssima.
A iniciativa de criar o Conjunto Nacional foi do empresário ar-
gentino José Tijurs, que pretendia criar uma “pequena cidade” dentro
da cidade. David Libeskind, um arquiteto jovem de 26 anos, propôs
um equipamento múltiplo ocupando toda a quadra com 14.600m² e
150.000m² de área construída, reunindo diversos serviços e comércios
no bloco horizontal; acima da galeria, em outra edificação, um volume

 BRASIL, Luciana Tombi. David Libeskind: ensaio sobre as residências unifamiliares. São Paulo: Romano
46

Guerra/Edusp, 2007. Fig. 68 - Esquina da com a Rua Padre João Manoel, 1954.
116
Fig. 69 – Acima, Perspectiva do Conjunto Nacional. Fig. 71 – Corte transversal.

Fig. 70 – Abaixo, Desenhos da entrada do Conjunto Nacional. Fig. 72 – Planta do pavimento térreo do Conjunto Nacional.
117
Atualmente a galeria do Conjunto Nacional mantém 66 estabele-
cimentos entre lojas, academia de ginástica, cinema l e a livraria Cultura,
essa última criada em 1969, tornando-se o maior e mais importante
comércio do conjunto, responsável pelo maior número de frequenta-
dores dessa área. O pavimento térreo é uma grande praça coberta com
exposições de arte, mas é, principalmente, um local de passagem per-
mitindo atravessar a quadra em todos os sentidos. Também mantém o
mesmo piso em mosaico português preto e branco nas áreas externas e
internas, oferecendo uma qualidade muito grande ao edifício na relação
da arquitetura com a cidade, nesse desenho que permite a continuidade
fluida da calçada para o edifício.
O Conjunto Nacional atende 15 mil pessoas morando ou traba-
lhando e mais 30 mil circulando diariamente, apesar de se tratar de uma
obra privada. Conclui-se, portanto, que a diversidade de uso e a facili-
dade de acesso sempre gera uma apropriação do espaço, e nesse caso,
também uma grande troca.
Havia um Belvedere projetado por Ramos de Azevedo na década
de 1910, onde as pessoas permaneciam para contemplar a paisagem,
mas foi demolido para dar lugar ao museu. O Museu de Arte de São
Paulo surgiu anteriormente no edifício dos Diários Associados, por inicia-
tiva do jornalista Assis Chateaubriand e o do crítico de arte Pietro Maria
Bardi.
Era necessário um museu expressivo para São Paulo. A arquiteta
Lina Bo Bardi foi então a responsável pelo projeto arquitetônico do novo
edifício do MASP. Sendo um projeto bastante significativo, com uma
Fig. 73 – Conjunto Nacional na década de 1960.
estrutura protendida para o vão livre de 74m, recorde na época, (1961
Fig. 74 – Conjunto Nacional nos dias de hoje.
118
Fig. 75 – Desenhos do Conjunto Nacional.
119
a 1963) executada pelo Escritório de Engenharia Figueiredo Ferraz. Em
1968, o MASP foi inaugurado, uma concepção expressiva até hoje, volta-
da para população de São Paulo, oferecendo ampla área pública aberta
no térreo. Seu acervo, o mais importante da América Latina compõe-se
de oito mil peças entre as quais, telas de Renoir, Manet, Monet, Cézan-
ne, Degas, Van Gogh, Toulouse-Lautrec; também arte brasileira moderna
representada por Di Cavalcanti, Portinari e Anita Malfatti entre outros.
Além do acervo, o edifício oferece biblioteca, filmoteca, videoteca, cur-
sos de artes, serviços educativos e restaurantes.
Anos mais tarde, o MASP tomou um caráter de palco para mani-
festações como o Movimento Caras Pintadas que lutou pelo impeach-
ment do Presidente Fernando Collor, em 1992.
A Av. Paulista foi diminuindo seu caráter exclusivamente residen-
cial, apresentando outros usos. Surgem edifícios de escritório, e as novas
galerias de arte. Grande parte dos usuários são trabalhadores que não
vivem na avenida, mas que passam a vivenciar muito a região, atraídos
também pelo surgimento de uma vida noturna, especialmente influen-
ciada pela Rua Augusta47. 1

47
 A Rua Augusta surgiu em 1875 como trilha de circulação de bondes; mais tarde começou a apresentar
um espaço multifuncional trazendo frequentadores como artistas, intelectuais e políticos, mas sempre foi um
local de diversidade. Nos anos 1950, surgiram lojas e restaurantes sofisticados que atraíram a alta sociedade;
nas décadas de 1960 e 1970, a juventude ocupava a região rumo às boates que ali existiam: Picolino, Majestic
e Marachá. Na década de 1980, houve a migração dos shoppings centers que trouxeram a sua decadência,
pois ela era mantida por lojas de rua. Começou a desvalorização imobiliária e as calçadas foram tomadas por
prostitutas. Em 2005, foi inaugurada a balada Club Vegas, o que revitalizou a vida noturna, também surgiram
outras casas noturnas como Inferno e Sarajevo, novas lojas, centros culturais e cinemas, a rua passou a
Fig. 76 – Antiga região do Trianon. reviver. O trecho da Rua Augusta descrito refere-se ao sentido centro, que apresentou uma vida noturna e
a concentração da diversidade de tribos urbanas. Já do outro lado, sentido Jardins, a rua concentra lojas e
Fig. 77 – Início das obras do Masp. restaurantes caros, também há cinemas, e os frequentadores tem maior poder aquisitivo.
120
Fig. 81 - Cidade de São Paulo dos anos 60 e obra do Masp.

Fig. 78 – Engenheiro Figueiredo Fer-


raz, Lina e equipe expondo o processo
de estrutural do Masp.

Fig. 79 – Obra do Masp vista pela Av.


Paulista.

Fig. 80 – Obra vista da Av. Paulista.


121
Fig. 82 – À esquerda acima, Rua Augusta, local de vida noturna.

Fig. 83 – À esquerda abaixo, Desenhos do Masp.

Fig. 84 – À direita acima, Masp , fachada Posterior.

Fig. 85 – À direita abaixo, Pavimento térreo no vão do Masp.


122
Fig. 86 – Masp.
123
LINHA DO TEMPO
DO SEGUNDO PERÍODO
VERTICALIZAÇÃO
A4 + A4 QUE ABRE
124
2.3. Avenida Paulista (como templo do moderno):
verticalização total, predomínio dos bancos e corpora-
ções, avenida dos automóveis, calçadas e comunicação
visual (1971-1989)

Com essa nova demanda da Av. Paulista, a região passou, na


década de 1950, a exigir mudanças. Foram aprovadas leis que permitiam
construções de estabelecimentos comerciais, hospitais, edifícios educa-
cionais, órgãos de imprensa, cinemas e teatros. O número de frequenta-
Fig. 87 – Av. Paulista vista pelo dores aumentou e a região começa a apresentar os primeiros problemas
rebaixamento da via.
de mobilidade urbana; por inciativa da prefeitura de São Paulo foi pen-
sado, desde o final da década de 1950, o alargamento da avenida com o
aumento das pistas em 10 metros de cada lado em direção aos recuos
dos edifícios, passando a avenida a ter 48 metros de largura. A solução
foi transformar a calçada em pista para automóveis e ônibus, e trazer as
calçada para dentro dos lotes, avançando em relação aos recuos origi-
nais dos edifícios.
Essa proposta de aumento das pistas de veículos era a solução
que a prefeitura julgava plausível e foi efetivamente construída mais
tarde, na década de 1970, não sendo simples de ser executada, espe-
cialmente pelos edifícios que tinham suas entradas com escadarias e
rampas; entretanto, houve diversas reformas e adaptações para corrigir
esses acessos.
O projeto de alargamento da Av. Paulista resultou na desapro-
priação de várias áreas dos pavimentos térreos dos edifícios. Com esse

125
ser um reflexo da modernidade com o uso do concreto aparente, alguns
edifícios apresentavam uma estética brutalista,48 lançada por arquitetos
1

modernos que utilizavam novas tecnologias.


Em relação ao espaço urbano, ocorrera maior valorização do
automóvel, a cidade é pensada muito mais para ser circulada por carros
do que por pedestres; nessa fase são feitas propostas de alargamento e
rebaixamento da avenida, como será visto adiante. Não se pode esque-
cer que a década de 1960 foi dominada pela ditadura militar e é nesse
contexto histórico que a cidade foi pensada e construída, muito mais
para as classes dominantes, e propostas com menos força para os pedes-
tres.
Apesar dos diversos projetos de arquitetura e urbanismos pro-
postos na Av. Paulista, é interessante apontar também a relevância do
Brasil no cenário da arte mundial; por influência das bienais, a região da
Av. Paulista passa a expor arte brasileira e internacional, oferecendo ex-
posições e eventos culturais. A via também era muito frequentada pelos
jovens de classe média e alta; a Av. Paulista e a Rua Augusta transfor-
Fig. 88 – Acima, Alargamento da Av. Paulista na década de 1970.
mavam-se em locais de encontro e boemia da época, com vida noturna,
Fig. 89 – À esquerda abaixo, Jornal Folha de São Paulo noticiando as desapropriações dos edifícios que sofre-
riam o alargamento da Av. Paulista em 14/03/1972. bares, boates e teatros.
Fig. 90 – À direita abaixo, Galerias subterrâneas da Av. Paulista. O terceiro período, ainda dentro da modernidade, aponta a
crescente verticalização chegando no seu limite, não havendo mais lotes
fato, conduziu também ao domínio público do subsolo de vários prédios,
vazios e gabaritos baixos. Ergueram-se vários arranha-céus para bancos e
que atualmente são locais ociosos, não foram usados e se mantém assim
grandes empresas, um novo centro empresarial, exigindo 80% de am-
até hoje quando poderiam ser convertidos em espaços para comércio,
galerias de artes e outros serviços.
48
 O movimento brutalista aconteceu entre as décadas de 1950 e 1960 com a intenção de propor edifícios
Por outro lado, esse período se caracteriza por um avanço arqui- com o sistema construtivo aparente, especialmente o concreto armado. Considerava desnecessário ornamen-
tos e adereços, pensava-se um arquitetura verdadeira, Le Corbusier na Europa seguia esses princípios; no
tetônico e os edifícios traduzem esse novo momento. A avenida passa a Brasil, mas especificamente em São Paulo, entre os arquitetos influenciados por esse pensamento destacam-
-se Vilanova Artigas, Paulo Mendes da Rocha, Rino Levi e Hans Broos.
126
pliação das redes da TELESP e LIGHT.
Em razão do aumento da população e de trabalhadores, por-
tanto, de muita concentração de pessoas na região, criaram-se projetos
para a circulação de automóveis particulares.
É importante destacar que as décadas de 1960, 1970 e parte dos
anos de 1980 sofreram determinações da ditadura militar, com muitas
decisões tomadas pela direita graças à prevalência da tecnocracia.
Com o objetivo de manter a qualidade da via, em 1971 foi feito
um projeto urbanístico chamado Projeto Nova Paulista, do urbanista
Nadir Mezerani Curi em parceria com Escritório Figueiredo Ferraz Enge-
nharia. O projeto propunha duas pistas, uma superior para pedestres e
uma inferior para o tráfego de veículos. O rebaixamento da via teve iní-
cio, porém nunca foi concluído. A ideia era criar um grande calçadão no
pavimento térreo de maneira que os carros transitassem por um túnel
de três km ao longo da Av. Paulista.

Fig. 92 – Acima, Desenhos do projeto para Nova Paulista.

Fig. 91 – Projeto urbano Nova Paulista. Fig. 93 – Abaixo, Maquete do projeto Nova Paulista.
127
Fig. 94 – Período de execução da obra Nova Paulista. Fig. 96 – Av. Paulista e o rebaixamento da via.

Fig. 95 – Resultado do projeto Nova Paulista. Fig. 97 – Trecho rebaixado da Av. Paulista.
128
A ideia do projeto proposto articulava a via superior como cir-
culação de pedestre e, a inferior, aos veículos em geral, como carros
e ônibus. Em 1973, o trânsito compreendia 70.000 veículos e 170.000
moradores. A Paulista começava a se caracterizar como centro de servi-
ços bancários e grandes edifícios de empresas; era necessário se pensar
um novo modelo urbano para a região, mas por questões financeiras e
políticas, as obras da Nova Paulista foram paralisadas.
Segundo Nadir Mezerani, o projeto da Nova Paulista traria uma
qualidade de vida muito maior para o pedestre com acesso exclusivo e
circulação de veículos através de uma via subterrânea; ele defendia:

“O Projeto Nova Paulista, requer execução em ‘túnel’ para veí-


Fig. 98 – Cortes do projeto Nova Paulista. culos e corredor exclusivo de coletivos integrados às galerias inferiores
de pedestres, comércio e serviços, liberando a pretendida ‘Esplanada’
Nessa época, a Av. Paulista passou por uma obra de alargamento arborizada, garantindo acesso restrito às garagens dos edifícios e faixa
da via determinado pela prefeitura de São Paulo que propunha melho- central especifica para veículos de emergências na superfície. A ‘Espla-
res condições de circulação por automóveis. Essa iniciativa fez como nada’ arborizada contextualiza as galerias de pedestres sob os atuais

que muitos edifícios precisassem reformar as entradas e acessos para se passeios públicos, recuperando os espaços públicos sob usos indevi-
dos, propostas defendidas pelos escritórios há décadas. Esta solução
adequar ao novo recuo.
recupera o objetivo principal de separação das diferentes funções da
Houve também nesse período, uma necessidade de se repensar a
Avenida garantindo a necessária ambientação urbanística”.49 1

mobilidade urbana, em função da aquisição de mais automóveis. De-


pois de 1973, a pista da Av. Paulista, que media anteriormente 28 me- Em 1973, solicitado pela Empresa Municipal de Urbanização
tros, passou a ter 48 metros de largura; segundo a Associação Paulista (EMURB), foram desenvolvidos dois projetos integrados, o de comu-
Viva, muitas áreas subterrâneas eram consideradas perdidas, pois eram nicação visual e o primeiro projeto paisagístico de rua para São Paulo,
públicas embora de utilização particular dos edifícios. A alegação era especialmente para as calçadas da Av. Paulista. De autoria da arquiteta
que esses espaços subterrâneos poderiam ter novos usos culturais e de paisagista Rosa Kliass, esse projeto propunha um desenho que trouxesse
educação. 49
 MEZERANI, Nadir. Nova Paulista <www.nadirmezerani.blogspot.com.br/2012/06/nova-paulista-em-gale-
ria.html> (acesso em 27/03/2013).
129
na sua totalidade uma ideia de unidade para o calçamento da via, ou Na segunda fase entra o metrô”.502
seja, a paginação do piso totalmente voltado para uma linguagem única
Também se pensou em ambientes de descanso, com abrigos e
e própria para a Av. Paulista. Planejou-se então, uma solução provisória,
bancos, quiosques de venda de flores e outros produtos, ou seja, solu-
mas sem desperdícios, pois, havia o projeto do rebaixamento da aveni-
ções práticas na escala do pedestre. Em 1974, a avenida passou a ter
da, ou seja, árvores não poderiam ser de espécies muito grandes com
toda sua fiação de transmissão de energia, telefone e TV subterrâneas,
raízes longas devido ao túnel em baixo; o recurso seriam vasos grandes
eliminando a fiação aérea aparente, o que contribui muito para paisa-
para vegetação.
gem urbana da região.
Esse período foi o primeiro em que se pensou em locais para
Em paralelo ao projeto de paisagismo, houve o projeto de comu-
travessia de pedestres na Av. Paulista, de maneira disciplinada e segura,
nicação visual e mobiliário urbano da Avenida, do arquiteto João Carlos
com um desenho de piso que dissesse isso ao pedestre; foram feitas
Cauduro que, em parceria com o projeto da arquiteta Rosa Kliass, foi
marcações para cada cruzamento de ruas, com mosaico português, um
proposto em 1974 como uma nova linguagem para os frequentadores. A
material pertencente à cultura brasileira, prático para instalação, manu-
tentativa era integrar todas as informações necessárias para circulação
tenção e possível de reuso, como disse Rosa Kliass:
e para os usuários da via. Também era necessário pensar em soluções
“Basicamente uma calçada pra circulação, mas tem a circulação prin- resistentes a intempéries e com qualidade ambiental. Rosa Kliss assim
cipal que é a de pedestre, tem a intervenção de carros, de veículos constatou a importância do mobiliário urbano:
cruzando, e as passagens de pedestres nas ruas que foi um elemento
muito importante. E a gente estipulava a largura de passagem de pe- “O efeito foi local, a Av. Paulista passou a ter vida própria, um lugar a

destre, três, quatro pessoas que iam ao mesmo tempo pra atravessar, ser um novo endereço, não era endereço de prédio, mas endereço de

quando chegou ao Conjunto Nacional e no Center 3, o ‘riacho passou a rua, atraente e desfrutável. Você ia pra lá, comprava um sorvete, sen-

ser um rio’, eu não podia fazer passagem pra três pessoas, fica aquele tava pra tomar, de repente senta do seu lado alguém com quem você

monte de gente pra atravessar, então nós fizemos aquilo que está hoje conversa, quer dizer, é uma possibilidade de troca que você cria, o que

para passagem de pedestre. Aquilo foi uma discussão incrível, porque é o espaço urbano, onde acontecem as relações”.51 3

o pessoal do trânsito não queria fazer, eles achavam que ia atrapalhar


Até a década de 1970, a circulação na Av. Paulista era muito con-
o trânsito, atrapalhar os carros. Dai foi interessante, porque houve
fusa, havia muitas placas em uma única esquina e eram frequentes os
uma acomodação, tinha uma largura, eles não queriam fazer, dai nós
50
 Em entrevista pessoalmente concedida a autora em 28/02/2012. A entrevista está na íntegra nos anexos
diminuímos, mas logo depois ela foi alargada, eles mesmo alargaram. desse trabalho.
51
 Em entrevista pessoalmente concedida a autora em 28/02/2012. A entrevista está na íntegra nos anexos
desse trabalho.
130
Fig. 99 - Calçamento da Av. Paulista,
projeto de Rosa Kliass.
131
Fig. 100 – Situação anterior ao pro-
jeto de Comunicação Visual.
132
Fig. 101 – Projeto de abrigo de pedestre.

Fig. 102 – Projeto de comunicação visual


Fig. 103 – Comunicação visual
para os totens da Av. Paulista.
e escala humana.

Fig. 104 – Comunicação visual


e mobiliário da Av. Paulista.

133
tido de vida pública, dos mobiliários urbanos, das áreas públicas como
calçadas e praças onde esses mobiliários sejam alocados. Há a necessi-
dade de que as pessoas se sintam confortáveis e respeitadas e tenham o
desejo de usar os equipamentos urbanos.
Nessa época, havia um pensamento novo para a arquitetura
paulistana, ainda influenciada pela arquitetura moderna; novos edifícios
com novas tecnologias e com um maior gabarito de altura passaram a
surgir. Muitas empresas construíram suas sedes na Av. Paulista, o que
trouxe muitos investimentos privados para a região. Especialmente a
década de 1970, quando houve uma nova proposta para as calçadas e a
construção de mais de vinte novos edifícios.
Além dos usos citados, a Av. Paulista passou a ser muito atraente
para as empresas bancárias e multinacionais. Assim, muitos edifícios
Fig. 105 – Projeto geral de comunicação visual e mobiliário, de Cauduro Martino. eram comerciais e de escritório e a população mesclava moradores,
trabalhadores, artistas, turistas e boêmios. A avenida era também um
palco de manifestações, as pessoas expunham ali suas reivindicações,
acidentes com veículos e pedestres, causados pela falta de sinalização.
com caráter político e social, embora no próximo período essa frequên-
A solução de comunicação visual do arquiteto João Carlos Cau-
cia aumente.
duro em parceria com Ludovico Martino, foi a criação de totens concen-
A visão da população brasileira em relação a Av. Paulista a dis-
trando várias informações, tanto para motoristas como para pedestres.
tinguia como um centro financeiro da cidade e, consequentemente do
Os totens apresentam os semáforos e também os nomes das ruas, já o
Brasil. Havia-se a ideia de que trabalhar ali era resultado de sucesso e
que estavam nas esquinas indicam o nome da via transversal; os coloca-
progresso, consequência também de muitas empresas e bancos terem
dos no canteiro central indicam a rua do próximo cruzamento.
se mudado para a avenida. Esse espírito predomina até nos dias de hoje;
É muito bonito pensar a cidade como um local de encontro e
as pessoas também associam a região como um local de trabalhadores
convivência, os projetos que propõem isso são muito mais interessantes
resgatando o espirito e a valorização forte que o paulistano impõe ao
para a cidade, ao contrário daqueles que desejam o uso adensado, com
trabalho.
edifícios verticalizados em todos os lotes. É necessário entender o sen-
134
Fig. 106 – Av. Paulista após a instalação dos tótens.
135
Fig. 108 – Av. Paulista de hoje.

Fig. 109 – Travessia de pedestre.

Fig. 110 – Totem na calçada, edifício Paulicéia ao fundo.

Fig. 107 – Imagens da Av. Paulista


na década de 1970 com a propos-
ta de comunicação visual.
136
LINHA DO TEMPO
DO terceiro PERÍODO
VERTICALIZAÇÃO
A4 + A4 QUE ABRE
137
138
CAPÍTULO 3
Via contemporane, via do povo:
caracterização atual e desdobramentos

139
3.1. A democratização da avenida: chegada do metrô,
acesso dos pedestres e palco de manifestações políti-
cas (1990 - 2014)

No quarto período, o transporte público foi ativado com a im-


plantação do metrô, especialmente pela construção da linha verde
passando pela Av. Paulista. O novo acesso à via permitiu maior frequ-
ência à avenida, em diversos horários, diminuindo o uso do automóvel.
No ano de 1990, inauguram-se as estações Brigadeiro, Trianon e Con-
solação, gerando importantes transformações na mobilidade urbana da
região. Dois anos mais tarde, o escritório do urbanista Nadir Mezerani
desenvolve um reestudo para o Projeto da Nova Paulista propondo uma
esplanada para pedestres, considerando agora a existência do metrô e
das estações; propôs ainda um túnel semiaberto com ruas transversais e
interconexões viárias às principais.
Na época era indiscutível a necessidade de se pensar soluções
urbanas para a Av. Paulista, considerando que nesses quarenta anos a
população cresceu e o número de veículos aumentou consideravelmen-
te. Nadir Curi Mezerani e o Engenheiro João Antonio Del Nero defen-
diam que a via também se transformasse em um local de manifestações
públicas, grandes eventos e comemorações, reforçando ainda mais uma
revalorização ambiental.
Com o número crescente de interessados pela Av. Paulista, o me-
trô contribuiu para popularizar seu trajeto, atraindo mais pedestres do
que automóveis. Consequentemente, a Av. Paulista se tornou um local
Fig. 1 – Metrô Brigadeiro.
140
de grandes e frequentes manifestações políticas e eventos diversos. rebaixadas, canteiros centrais e bancos para a Praça Oswaldo Cruz. Foi
Em 1996, foi criado um concurso da Prefeitura para Revitalização proposto em um novo modelo de mobiliário urbano, incluindo pontos
da Av. Paulista em parceria com Instituto Paulista Viva. O arquiteto e de ônibus, bancas de jornal, guaritas para policiamento e quiosques de
urbanista José Magalhães foi o vencedor, porém o projeto não foi con- informações turísticas e vendas de flores. As esculturas foram reposicio-
cretizado. A ideia era levar os ônibus para a faixa da esquerda criando nadas quando necessário com destaque para o Índio Pescador na Praça
um corredor e facilitando o trânsito; bancas de jornal e cabines telefôni- Oswaldo Cruz.
cas iriam para o canteiro central favorecendo, assim, as calçadas laterais Paralelo a esse projeto, por iniciativa da Associação Paulista Viva,
para os pedestres. Nesse canteiro haveria uma cobertura transparente foi apresentado o Projeto Primavera na Paulista acrescentando floreiras
no passeio público. O projeto visava a racionalização do transporte públi- ao longo da via.
co, a criação de novas praças, o redesenho da Praça Oswaldo Cruz e uma Em 2007, outro reestudo para o Projeto Nova Paulista contou
maior integração do MASP com o Parque Trianon. com parceria do escritório Figueiredo Ferraz Engenharia. Ainda hoje se
Ainda surgiram novos edifícios com uma arquitetura contemporâ- pensa concretizar o projeto plenamente e, através de outros estudos,
nea, mas a via já era um tecido urbano bastante consolidado. apresentar o resgate do uso dos espaços públicos nos subsolos; acres-
A Av. Paulista contou posteriormente com estudos e implantação centando-se na área de estudos, as interconexões viárias com as Aveni-
de projetos urbanos menores como calçadas e floreiras, e a ligação do das Nove de Julho, Praça Osvaldo Cruz e Avenida Vinte e Três de Maio.
metrô da linha amarela com a linha verde promovendo um acesso maior Também se consideram outras avenidas, entre elas e a reurbanização da
de quem vem pelo trem da grande São Paulo. Rua Vergueiro, Domingos de Moraes e Rua Major Natanael.
Foi desenvolvido no ano de 2001, também pelo arquiteto José A Avenida Paulista havia se tornado tão significativa que foi eleita
Magalhães, o projeto para as calçadas da Av. Paulista, destinando áreas pelos paulistanos como símbolo da cidade de São Paulo, ou seja, o quê
amplas para pedestre e calçamento em concreto. Com o projeto Calça- mais tinha de paulistano em São Paulo onde se concentrava o trabalho
das Avenida Paulista, o escritório recebeu o Prêmio Cauê. e o lazer. Com utilização cada vez mais frequente, a avenida também foi
O projeto paisagístico da Avenida se configura em dois momen- palco de manifestações como a dos “Caras Pintadas” contra o Governo
tos, o primeiro em 1973 e o segundo para as calçadas em 2003, ambos Collor e eventos festivos como a Parada do Orgulho Gay e a comemora-
de autoria da arquiteta Rosa Kliass. Nesse novo momento se pensou em ção do Ano Novo.
árvores variadas e definitivas distribuídas homogeneamente em toda Na última década, poucos edifícios foram erguidos, porém não
a extensão da via; instalação de rampas de acesso à deficiente, guias necessariamente empresas únicas, a grande maioria para salas comer-
141
Fig. 2 – À esquerda acima, Croqui do projeto
de Revitalização da Av. Paulista.

Fig. 3 – À esquerda abaixo, Capa sobre o


projeto vencedor do concurso de Revitaliza-
ção da Av. Paulista.

Fig. 4 – À direita, Reportagem sobre o proje-


to vencedor do concurso.

142
Fig. 5 – Calçada da Av. Paulista. Fig. 6 – Material para Calçada da Av. Paulista. Fig. 7 – Calçada da Av. Paulista, o Masp ao fundo.

Fig. 8 – Projeto Premiado Menção Honrosa. Fig. 9 – Perspectiva da proposta para as calçadas da Avenida Paulista, Prêmio Cauê.
143
Fig. 11 – Reestudo do Projeto
Nova Paulista, 2007.

Fig. 10 – Projeto paisagístico para o calçamento da Av. Paulista, paisagista Rosa Kliass, 2003. Fig. 12 – Vistas do reestudo do Projeto Nova Paulista, 2007.
144
Fig. 13 – Imagens da maquete eletrônica do reestudo do Projeto Nova Paulista, 2007.
145
Fig. 14 – Estudos para Av. Paulista, Nadir Mezerani.
146
ciais e escritórios. Por outro lado, criaram-se nesse período, muitos
centros culturais e galerias de arte conforme já vimos anteriormente,
ensejando a presença da arte na avenida e na cidade, oferecendo isso de
forma democrática.
O uso da avenida continua sendo muito variado e a população
cada vez mais diversificada, inclusive com mais manifestações políticas,
especialmente no ano de 2002 por uma grande agitação e greve dos
professores da rede pública. E recentemente, no ano de 2013, várias
manifestações contra o aumento da tarifa de ônibus, cuja redução foi
conquistada pelo povo. E diversos protestos da juventude para o uso
correto do dinheiro público.

Fig. 16 – Parada do Orgulho Gay em frente ao MASP, 2013.

Fig. 15 - Ponto de encontro e cultura da cidade, manifestação no vão do Masp. Fig. 17 – Cadeirantes na São Silvestre, Av. Paulista, 2012.
147
Fig. 18 – Ano Novo na Av. Paulista.

148
Fig. 19 – Manifestações na Av. Paulista pelo aumento da tarifa do ônibus. Fig. 20 – Cartazes da manifestação na Av. Paulista pela tarifa de ônibus, Fig. 21 – Av. Paulista é palco de manifestações.
ao fundo, Ed. Fiesp.

A Avenida Paulista é hoje a representação clara de uma via de


todos, pela presença intensa de espaços públicos, por ser acessível,
confortável, especialmente as calçadas, com uma diversidade de usos, e
de pessoas, com interesses variados. É, sem dúvida, o grande símbolo,
considerado “cartão-postal” da cidade e, popularmente, chamada de “a
praia dos paulistas”.

149
LINHA DO TEMPO
DO quarto PERÍODO
paulista hoje
A4 + A4 QUE ABRE
150
3.2. A Paulista de hoje: o reflexo da apropriação em
seis áreas (na Av. Paulista)

Com o intuito de entender as áreas livres e ocupadas pela po-


pulação, identificam-se áreas da avenida que permitem a utilização de
maneira pública e coletiva através de circulações no miolo da quadra,
integração do espaço público e espaço privado, presença de mobiliários
urbanos, especialmente assentos em bancos públicos, continuidade da
calçada e multifuncionalidade dos edifícios.
A leitura desses espaços trata da identificação e reflexão de locais
Fig. 22 – Exposição de grafite no
rebaixamento da Av. Paulista.
e pessoas sozinhas ou em grupos, cujo apego e acesso são visíveis. São
pontos naturalmente democráticos que, favorecidos por um desenho
arquitetônico e urbanístico, propiciaram a formação de grupos sociais,
encontro de pessoas, paulistanos ou turistas, momentos em família,
diversão de crianças e adolescentes. São os usuários da cidade, cidadãos
que exercem seu papel e onde, de alguma forma, é possível se sentir
parte desse pedaço e exercer o direito à cidade.
São essas as ações: retrato dos grafiteiros anônimos no rebai-
xamento da avenida; Praça do ciclista e ciclofaixa, sonhadas e conquis-
tadas; Busca de tranquilidade no miolo da quadra da Cetenco Plaza;
Conjunto Nacional: acessível de todos os lados; Masp, o projeto e a
realidade do museu do povo; Praça Oswaldo Cruz, para todos ao mesmo
tempo.
Para a reflexão sobre esses locais da Av. Paulista, recorremos a
diversos reconhecimentos mencionados anteriormente, como o ver-

151
dadeiro sentido da democracia e o comportamento da sociedade no
espaço público. Para tanto, o autor mais citado aqui é o arquiteto holan-
dês Herman Hertzberger que, em seu livro Lições de Arquitetura, discute
diversas questões a respeito do uso justo do espaço público.

Fig. 23 – Foto aérea da Av. Paulista. Fig. 24 - Mapeamento das áreas de apropriação pública.

152
estes fizeram sua arte em homenagem ao Centenário da Imigração Japo-
3.2.1. Retrato dos grafiteiros anônimos no rebaixamento nesa, como afirma a arquiteta Carla Caffé:
da avenida
“O buraco da Av. Paulista se tornou lugar tradicional para os grafiteiros
que em 2007 se reuniram e fizeram em 48 horas, uma homenagem
A ligação da zona oeste com a Av. Paulista foi planejada na década em parceria com a prefeitura, ao centenário da imigração japonesa no
de 1970 como parte do projeto Nova Paulista, do urbanista Nadir Mezera- Brasil.
ni, o qual não foi construído totalmente. Esse trecho mantém a circulação
E como toda manifestação artística exposta ao público e ao ar livre
exclusiva de veículos, e, atualmente, apresenta o trabalho de grafiteiros,
corre seus riscos, já houve várias outras interferências de pichadores
com as paredes tomadas por desenhos coloridos de mais variadas lingua- e outros grafiteiros por cima. Mas de alguma maneira, cada um teve o
gens e mensagens. Nessas paredes, contam-se histórias dos que acreditam seu momento nas paredes e o espaço torna-se democrático para cada
deixar sua marca registrada ali e trazem sua manifestação para a cidade. É artista como pensa Walter Nomura:
um local muito conhecido e vivenciado há anos pelos grafiteiros, onde, de
Para mim, o grafite é a liberdade de sair pelas ruas e pintar o que qui-
tempos em tempos, essas expressões urbanas se renovam.
ser. Nesse caso, acho que nem é grafite. Eu chamaria de arte urbana.”521
Significa o reflexo da apropriação do espaço por eles nas paredes bicicleta, algumas com sucesso outras não, inclusive com acidentes e
subterrâneas do via. Claro que não houve ali um cuidado e uma seleção de mortes de ciclista, a Av. Paulista se tornou ideal para circulação de bici-
obras a serem expostas. O grafite pressupõe a utilização democrática do cleta pela topografia plana e continua.
espaço onde os grafiteiros se organizam entre si e promovem suas men- Os grupos de ciclistas vêm conquistando cada vez mais espaço na
sagens através de desenhos e pinturas. Existem outros pontos de grafite cidade, e na Avenida Paulista eles aparecem mais, reforçando a ideia

na Av. Paulista, mas ali acontece de uma maneira muito democrática o uso de “rua reconquistada” conforme define Hetzberger. Eles transitam
em grupos ou sozinhos, mas manifestam ali a sua vontade de percorrer
do espaço; a região é conhecida por eles e já se tornou um ponto clássico
livremente a cidade. E mostram quanto é difícil transitar de carro nos
para o grafite em São Paulo. Constantemente se assiste moradores de rua
dias de hoje em São Paulo.
dormindo nesse espaço e dificilmente se vê grafiteiros trabalhando, prin-
Depois de várias manifestações, exibindo-se até mesmo sem roupa, de-
cipalmente porque eles preferem a madrugada, mas os motoristas que senharem no chão, colocarem bicicletas expostas como se fossem obras
transitam na via rebaixada podem contemplar a “exposição gratuita” dos de arte, os ciclistas dominaram e denominaram a praça situada entre
grafites. a Av. Paulista e a Rua da Consolação como a Praça do Ciclista, exata-
Fig. 25 – Vista aérea do rebaixamento da Av. Paulista.
Em 2008 foi feita uma parceria entre a prefeitura e os grafiteiros;
 CAFFÉ, Carla. Grafite (libreto). In Av. Paulista. Cosac Naify, 2009, p. 35.
52

153
Fig. 26 – Via rebaixada da Av. Paulista sentido Zona Oeste. Foto da autora, 2011. Fig. 28 – Grafite “Centenário da Imigração Japonesa”, sentido Paraíso. Foto da autora, 2011.

Fig. 27 – Exposição de grafite permanente. Foto da autora, 2011. Fig. 29 – Grafite nos muros e abertura acima para a avenida.

154
Fig. 30 – Dois sentidos do rebaixamento da Av. Paulista.
155
Além da Praça do Ciclista, foi determinada pela prefeitura a faixa
3.2.2. Praça do ciclista e ciclofaixa, sonhadas e exclusiva para bicicletas, com horários pré-determinados especialmente
conquistadas aos domingos, tornando a avenida cada vez mais atraente e dominada
pelos ciclistas.
Após inúmeras tentativas de transitar na avenida de bicicleta,
algumas com sucesso outras não, inclusive com acidentes e mortes de
ciclista, a Av. Paulista se tornou ideal para circulação de bicicleta pela
topografia plana e contínua.
Os grupos de ciclistas vêm conquistando cada vez mais espaço
na cidade, e na Avenida Paulista eles aparecem mais, reforçando a ideia
de “rua reconquistada”53 conforme define Hetzberger. Eles transitam em
1

grupos ou sozinhos, mas manifestam ali a sua vontade de percorrer livre-


mente a cidade. E mostram quanto é difícil transitar de carro nos dias de
hoje em São Paulo.
Depois de várias manifestações, exibindo-se até mesmo sem rou-
pa, desenharem no chão, colocarem bicicletas expostas como se fossem Fig. 31 – Praça do Ciclista.

obras de arte, os ciclistas dominaram e denominaram a praça situada


entre a Av. Paulista e a Rua da Consolação como a Praça do Ciclista,
exatamente sobre o trecho do rebaixamento da avenida. Como se em
cima pertencesse aos ciclistas e, em baixo, aos grafiteiros. Na praça, eles
se encontram, descansam, deixam suas mensagens em papel, desenho,
cantando, gritando... plantando até uma horta para todos. Tudo porque
se afirmam defensores de uma vida sustentável, sem carro, econômica e
saudável.

53
 Nas palavras de Herman Hertzbergan, “a rua é de novo concebida como o que deve ter sido originalmen-
te, ou seja, um lugar onde o contato social entre os moradores pode ser estabelecido como uma sala de estar Fig. 32 – Ciclista pedalando na Av. Paulista.
comunitária.” HERTZBERGER, Herman. Lições de arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 1999, p. 48.
156
Fig. 33 – Ciclofaixa.

157
tanto, em criar espaços intermediários que, embora do ponto de vista
3.2.3. Busca de tranquilidade no miolo da quadra da administrativo possam pertencer quer ao domínio publico quer ao

Cetenco Plaza domínio privado, sejam igualmente acessíveis para ambos os lados, isto
é, quando é inteiramente aceitável, para ambos os lados, que o outro
também possa usá-lo55.”
Projetada pelos arquitetos Rubens Carneiro Vianna e Ricardo
2

Severas, surgiu uma área livre com a proposta de circulação no miolo de Mas não é um espaço livre para se fazer o que quiser a qualquer
quadra, o trecho da Av. Paulista entre as ruas Ministro Rocha Azevedo e hora; um morador de rua ou um skatista não são bem vindos. As pessoas
Peixoto Gomide, ou seja, a quadra aberta do Cetenco Plaza, que ofere- devem se comportar como usuários de acordo com o local.
ce áreas de circulação entre os edifícios; rodeada de árvores e bancos
discretos, a praça oferece à cidade um espaço privado com uso público e
coletivo.
Nas palvras de Abílio Guerra, “o resultado final é uma grande
permeabilidade disponível ao pedestre, que pode andar pelo interior
dos terrenos privados, sem maiores obstáculos54.” É uma área que forma 1

nitidamente a continuação da calçada com o interior da quadra e dos


lotes, bastante agradável por ser ampla, limpa e bem cuidada.
Entretanto, é importante reforçar que o Cetenco Plaza é um lugar
privado, tem suas regras controladas por seguranças e câmeras, mas é
receptivo às famílias que passeiam com crianças durante o dia, casais
que se encontram e pessoas que aproveitam o local com tranquilidade.
Exprime-se aqui a ideia de “intervalo”, mencionado por Herman Hertz-
Fig. 34 – Foto aérea do Cetenco Plaza.
berger:

“O conceito de intervalo é a chave para eliminar a divisão rígida entre


áreas com diferentes demarcações territoriais. A questão está, por-

54
 GUERRA, Abilio. Quadra aberta. Uma tipologia urbana rara em São Paulo. Projetos, São Paulo, ano 11,
n. 124.01, Vitruvius, abr. 2011 <http://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/11.124/3819>. (acesso em 55
 Análise do público e privado em HERTZBERGER, Herman. Lições de arquitetura. São Paulo: Martins Fon-
05/11/2011). tes, 1999, p. 40.
158
Fig. 35 – Cetenco Plaza, vista pela Av. Paulista. Foto: Abílio Guerra Fig. 37 – Praça interna, esquina da Avenida Paulista e Alameda Ministro Rocha Azevedo.

Fig. 36 – Acesso ao Cetenco Plaza pela Av. Paulista. Fig. 38 – Vista pela Alameda Ministro Rocha Azevedo.

159
externa com a área interna, que Hertzberger chama de “intervalo”, ex-
3.2.4. Conjunto Nacional: acessível de todos os lados plica a necessidade de uma barreira leve e discreta para que as pessoas
possam passar por esse trajeto de maneira natural:
Situado na Av. Paulista, entre as esquinas da R. Augusta e a da
“A soleira fornece a chave para a transição e a conexão de área com
R. Pe. João Manuel, o Conjunto Nacional é um edifício que contempla demarcações territoriais divergentes e, na qualidade de um lugar por
comércio, serviço e residência no mesmo complexo. Projetado pelo Arq.º direito próprio, constitui, essencialmente, a condição espacial para o
David Libeskind, em uma época que a legislação permitia usar o terreno encontro e o diálogo entre áreas de ordens diferentes”.561
na sua totalidade, como área construída, o edifício oferece um espaço
Nesse caso do Conjunto Nacional, pode se dizer que a área públi-
privado, mas de uso público aberto à cidade, proporcionando uma co-
ca da calçada integrada à área privada do edifício através do nível térreo,
nexão clara entre o externo e o interno com locais atrativos e ambientes
é a praça coberta do complexo multifuncional e faz o papel do “interva-
convidativos através de áreas de estar e descanso.
lo”.
A acessibilidade ao local é facilitada e muito democrática, prin-
E segundo Hertzberger:
cipalmente em relação ao metrô; conta com entradas pelas quatro vias
que cercam o conjunto e é possível cruzar a quadra por dentro do edifí- “A concretização da soleira como intervalo significa, em primeiro lugar
cio, funcionando também como uma galeria comercial de passagem. e acima de tudo, criar um espaço para as boas-vindas e as despedidas,
Entender como o edifício do Conjunto Nacional se abre para cida- e, portanto, é a tradução em termos arquitetônicos da hospitalidade.

de é uma leitura muito prazerosa; mesmo com a quadra toda edificada, a Além disso, a soleira é tão importante para o contato social quanto as
paredes grossas para a privacidade. Condições para a privacidade e
arquitetura transmite uma ideia de quadra aberta gerando a apropriação
condições para manter os contatos sociais com os outros são igualmen-
por diversos grupos sociais com diferentes interesses, tanto de consumi-
te necessárias”.572
dores, mas principalmente de pessoas que circulam e se encontram. O
equipamento tem diversos usos, mas há a identificação de áreas comuns Apesar de ser um espaço privado, muitas vezes o pavimento
que integram os volumes no pavimento térreo, especialmente onde exis- térreo transforma-se em área pública. O mais interessante no Conjunto
te uma praça central coberta. A calçada também é muito importante por Nacional, do ponto de vista do espaço público, é a continuidade que a
ser bastante larga e contar com mobiliário urbano, especialmente nos calçada mantém com o edifício, construído na década de cinquenta. Seu
pontos de ônibus e bancas de jornal. 56
 Análise do público e privado em HERTZBERGER, Herman. Lições de arquitetura. São Paulo: Martins Fon-
Como dito anteriormente, essa questão de integração da área tes, 1999, p. 32.

 HERTZBERGER, Herman. Lições de arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 1999, p. 35.
57

160
piso de mosaico português revestindo o térreo era muito comum no Bra-
sil; anos mais tarde, na década de setenta, o projeto da paisagista Rosa
Kliass propôs esse tipo de mosaico em toda a extensão da Av. Paulista.
Com o passar do tempo, a prefeitura preferiu utilizar o concreto para as
calçadas como uma maneira de minimizar as manutenções. E foi nesse
momento que o Conjunto Nacional não permitiu a mudança, mantendo
sua calçada que não faz parte do projeto original do edifício, mas é com-
pletamente coerente com a arquitetura moderna. Hoje, tem-se a impres-
são que foi proposital a continuidade da calçada para a praça interna do
Conjunto Nacional, ambas na mesma cota e em mosaico português.
A ideia de um criar uma galeria de comércios, especialmente no
nível do pavimento térreo, já era uma prática no século XIX, permane-
cem como a Galleria Vittorio Emanuele, em Milão na Itália.

“O conceito de galeria contém o princípio de um novo sistema de


Fig. 39 – Foto aérea do Conjunto Nacional.
acesso no qual a fronteira entre o público e o privado é deslocada e,
Fig. 40 – Conjunto Nacional, ao fundo, Av. Paulista sentido Paraíso.
portanto, parcialmente abolida; em que, pelo menos do ponto de vista
espacial, o domínio privado se torna publicamente mais acessível”.581

Construída no século XIX, a galeria de comércios Vittorio Emanue-


le perdura até os dias de hoje, o que comprova o quanto é interessante
a existência de espaços de uso público na cidade, mesmo em um edifício
privado.
Apesar da forma muito diferente, relacionando a Galeria Vittorio
Emanuele com o edifício do Conjunto Nacional, do ponto de vista do uso
comercial, pode-se afirmar que são dois equipamentos de muito suces-

58
 O conceito de galeria de comércio segundo Herman Hertzberger. HERTZBERGER, Herman. Lições de arqui-
tetura. São Paulo: Martins Fontes, 1999, p. 35.
161
so. Como ensina Hertberger,

“as galerias serviam em primeiro lugar para explorar os espaços inte-


riores abertos, e eram empreendimentos comerciais afinados com a
tendência de abrir áreas de venda para um novo publico de comprado-
res. Desse modo, surgiam circuitos de pedestres no núcleo das áreas
das lojas”.591

São vários fatores que fazem do Conjunto Nacional, um passeio


comercial e cultural, considerado por muitos arquitetos como o melhor
equipamento da Av. Paulista do ponto de vista da arquitetura. É um lazer
para amantes da arquitetura, interessados em livrarias, cinemas e expo-
sições ou descanso na praça. São opções para transeuntes da Av. Paulis-
ta, para os moradores do conjunto, trabalhadores, visitantes e turistas
em geral.
O Conjunto Nacional – um projeto arquitetônico de grande quali-
dade – mantém-se até hoje com êxito, o que denota uma intenção clara
e uma vitalidade longa.

Fig. 41 - Galleria Vittorio Emanuele,


em Milão na Itália.

Fig. 42 – Acesso à galeria de comér-


cios.

Fig. 43 – Passagem interna com acesso


59
  HERTZBERGER, Herman. O acesso público ao espaço privado. In Lições de arquitetura. São Paulo: Martins
para outra via. Fontes, 1999, p. 74.
162
Fig. 44 – Pontos de ônibus na calçada do Conjunto Nacional.
163
espaço público no seu vão, de acesso público e coletivo como queria Lina
3.2.5. Masp, o projeto e a realidade do museu do povo Bo Bardi:

“Eu procurei apenas, no Museu de Arte de São Paulo, retomar certas


Com o uso oficial de museu de arte, projetado pela arquiteta Lina posições. Até procurei (e espero que aconteça) recriar um ‘ambiente’
Bo Bardi, entre a esquina da R. Peixoto Gomide e a R. Otávio Mendes, o no Trianon. E gostaria que lá fosse o povo, ver exposições ao ar livre
MASP, Museu de Arte de São Paulo, foi construído para ser o “Museu do e discutir, escutar música, ver fitas. Até crianças, ir brincar no sol de
Povo” como dizia Lina: manhã e da tarde”.612

“Procurei uma arquitetura simples, uma arquitetura que pudesse co- Apesar da falta de manutenção, nesse espaço acontecem inúme-
municar de imediato aquilo que, no passado, se chamou monumental, ras atividades; ao final do térreo existe um banco de concreto onde as
isto é, o sentido de coletivo, da Dignidade Cívica. [...] O tempo é um es-
pessoas descansam, se encontram e contemplam a paisagem. Hertzber-
piral. A beleza em si não existe. Existe por um período histórico, depois
ger explica a relação de público e privado:
muda o gosto, depois vira bonito de novo. Eu procurei apenas o Museu
de Arte de São Paulo, retomar certas posições. Não procurei a beleza, “Embora a expressão da relatividade dos conceitos de interior e exte-
procurei a liberdade. Os intelectuais não gostavam, o povo gostou: rior seja antes de tudo uma questão de organização espacial, o fato de
Sabe quem fez isso? Foi uma mulher!!.”601 uma área tender para uma atmosfera mais parecida com a da rua ou
mais parecida com a de um interior depende especialmente da qualida-
Depois da ousadia da época em construir um edifício com um de do espaço.
vão livre de 74 metros de extensão, em concreto armado, dentro dos Além disso, se as pessoas reconhecerão a área em questão como
princípios da arquitetura moderna, a área do térreo foi explorada em interior ou exterior, ou como alguma forma intermediária, depende em
vários aspectos. O primeiro é a extensão da calçada se conectando com grande parte das dimensões, da forma e da escolha dos materiais”.623
o térreo do MASP, mantendo uma relação com a Avenida Paulista, e mais
Como mencionado no início do trabalho, o arquiteto pode con-
além, uma continuidade ainda maior com o Parque Trianon do outro
tribuir através do seu projeto arquitetônico para uma maior utilização
lado da via, mantido com a vegetação original da Mata Atlantica.
da população no espaço físico do edifício, seja esse espaço público ou
É um edifício privado, construído em um terreno doado pela
privado. Pode até mesmo ocorrer o processo inverso, quando o arqui-
prefeitura de São Paulo, mas oferece – por princípio do projeto – um
61
 Escritos de Lina em FERRAZ, Marcelo (org.) Lina Bo Bardi. São Paulo: Instituto Lina Bo Bardi e P.M. Bardi,
2008, p. 102.
60
 Palavras de Lina Bo Bardi, em BARDI, Lina Bo; EYCK, Aldo Van. Museu de Arte de São Paulo. São Paulo:
Instituto Lina Bo Bardi e P.M. Bardi, 1997, p. 12.  HERTZBERGER, Herman. Lições de arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 1999, p. 83.
62

164
Fig. 47 – Museu de Arte Moderna de São Paulo.

Fig. 45 – Acima, Foto aérea do Masp com o Parque Trianon a frente.

Fig. 46 – Abaixo, Ponto de encontro e cultura da cidade.

165
teto projeta um equipamento que é de uso público, mas não é utilizado
publicamente.
Pode se tratar de decisões projetuais muitas vezes equivocadas,
como ocorreu com a primeira versão da Praça Roosevelt no centro de
São Paulo. No vão do Masp ocorrem eventos comerciais como feiras
livres aos finais de semana, e ambulantes vendendo seus produtos a
qualquer hora. Também acontecem manifestações artísticas e culturais,
exposições de obras de arte, instalações, apresentações musicais, como
também eventos comemorativos. Por muito tempo houve comemora-
ções de jogos de futebol de times paulistanos, mais tarde proibidas por
mau comportamento da torcida.
Outra situação que acontece muito na Av. Paulista e se inicia es-
pecialmente no vão do MASP são os protestos políticos, onde as pessoas
reivindicam seus direitos. Por exemplo, no ano de 2013, em São Paulo,
aconteceram vários protestos contra o aumento da tarifa do ônibus e
muitos deles passaram pelo vão do MASP.
Do ponto de vista da integração do espaço público com o espaço
privado, o projeto do MASP é perfeito, pois contempla a utilização total
do pavimento térreo 24h por dia, ou seja, um espaço privado, mas de
uso público permanente.
Hertzberger explica:

“Ao selecionar os meios arquitetônicos adequados, o domínio privado


Fig. 48 – Acima, Ideia de Lina para o circo Piolin, um espaço de convivência. .
pode se tornar menos parecido com uma fortaleza e ficar mais acessí-
Fig. 49 – Abaixo, Circo Piolin implantado, desejo de Lina.
vel, ao passo que, por sua vez, o domínio público, desde que se torne
mais sensível às responsabilidades individuais e a proteção pessoal
daqueles que estão diretamente envolvidos, pode se tornar mais inten-

166
Fig. 50 – Acima, Av. Paulista sentido Paraíso,
MASP e Parque Trianon.

Fig. 51 – À esquerda abaixo, Vão livre do


MASP.

Fig. 52 – À direita abaixo, Parque Trianon.


167
samente usado e, portanto mais rico”.631

Por essa ótica de Hertzberger, o projeto de Lina Bo Bardi é muito


assertivo nas questões de uso do espaço pela população. Lina sempre
teve uma visão antropológica e social da arquitetura, defendendo pro-
jetos voltados para o uso democrático da população e, dessa maneira,
ela realmente consegue através do desenho arquitetônico propor um
espaço democrático por excelência, em que as pessoas usam a hora que
quiserem para desenvolver atividades das mais variadas entendendo
que aquele espaço é de uso do povo.

Fig. 53 – Movimentos populares no vão livre.

 HERTZBERGER, Herman. Lições de arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 1999, p. 82.
63

168
Há também uma sensação de segurança no local, pelo número
3.2.6. Praça Oswaldo Cruz, para todos ao mesmo de pessoas circulando, sensação que se fortalece com a cabine da polícia
tempo civil.
Atualmente, os frequentadores da praça tem a possibilidade de
Com localização favorecida, a Praça Oswaldo Cruz situa-se no contemplar o grafite com 52 metros de altura, de autoria do muralista
início da Av. Paulista, bairro do Paraíso. Ponto de encontro entre os ado- Kobra, na lateral do Edifício Ragi, em homenagem a Oscar Niemeyer,
lescentes, e trabalhadores da região, é bastante frequentada e utilizada falecido em 5 de dezembro de 2012, aos 104 anos.
hoje em dia. Nas palavras de Kobra, a escolha da Av. Paulista tem a ver com
Apesar de algumas pichações e falta de manutenções, é um local sua importância para a cidade:
agradável com piso e bancos de concreto, grandes áreas de passeio,
“Eu sou paulistano e amo a minha cidade. Então, para mim, a Avenida
árvores e canteiros ajardinados. A Praça Oswaldo Cruz é convidativa pela Paulista é um dos locais mais importantes da cidade e um dos pontos
sua localização, entre a Av. Paulista e a Rua Treze de Maio; de fácil acesso turísticos que eu mais gosto e admiro, além de ser um dos cartões
pelo metrô, é muito conveniente para os adolescentes skatistas que se postais do Brasil... É uma honra muito grande ver que hoje a street art
encontram para fazer suas manobras nas áreas livres e sobre as muretas consegue ocupar um espaço na avenida que é cartão postal da cida-
dos jardins. de. É uma forma de democratizar a arte, e eu me sinto muito feliz em

Nessas condições, a Praça Oswaldo Cruz tem uma função muito relação a isso. Estou com 37 anos, mas comecei a pintar sozinho com
12 anos de idade, sou autodidata. E por conta de toda a trajetória de
importante no bairro e até na cidade ao estabelecer um ponto de reu-
pichação, grafite e hoje muralismo, eu levei mais de 20 anos para che-
nião, repetindo Herman Hertzberger: “este pequeno espaço público,
gar nesse momento de pintar a lateral de um grande prédio numa das
como local de encontro para pessoas com interesses comuns, cumpre
mais importantes avenidas. Eu estou muito emocionado e orgulhoso
uma importante função social”,64 promovendo o encontro de pessoas e
1
desse trabalho”.652
grupos sociais em diversos horários, especialmente durante o almoço e
fim de tarde, muito trabalhadores se reúnem descansando nos bancos; à A Av. Paulista emociona à todos e recebe diversas interpretações;

noite, os adolescentes praticam manobras de skate no piso de concreto como a do muralista que vê na avenida um local onde é possível de-

amplo e sem obstáculos, além de tantos outros indivíduos com diferen- mocratizar a arte, onde a expressão gráfica urbana se torna acessível à

tes interesses que por ali transitam. 65


 Informações retiradas da entrevista do artista Kobra para o site Guia da Semana. Fonte: ALMEIDA, Anna
Thereza de. Eduardo Kobra fala sobre mural de Niemeyer na Paulista. In Guia da Semana <www.guiadasema-
64
 Análise do público e privado em HERTZBERGER, Herman. Lições de arquitetura. São Paulo: Martins Fon- na.com.br/artes-e-teatro/noticia/entrevista-eduardo-kobra-o-muralista-dono-do-rosto-de-niemeyer-na-av-
tes, 1999, p. 32. -paulista> (em 15/03/2014).
169
Fig. 55 – Praça Oswaldo Cruz, usuários e frequentadores variados.

Fig. 56 – Skatistas na Praça Oswaldo Cruz, local muito frequentado por esses usuários.

Fig. 54 – Foto aérea da Praça Oswaldo Cruz.

170
Fig. 57 – Bancos da Praça Oswaldo Cruz. Foto da autora, 2013.

Fig. 58 – Faixa de pedestres para acessar a Praça Oswaldo Cruz.

Fig. 59 – Adolescente skatistas observando a praça.

171
Fig. 60 – Praça Oswaldo Cruz e a vista para o mural em homenagem a Oscar Niemeyer.

Fig. 61 – Mural em homenagem a Oscar Niemeyer. Fig. 62 – O trabalho do muralista Eduardo Kobra homenagiando o arquiteto Oscar Niemeyer.

172
173
CONCLUSÃO torna a igualdade, ou seja, a pluralidade de pessoas faz da avenida cada
vez mais inclusiva e, ao mesmo tempo, gera um comportamento natural
de aceitação entre os indivíduos.
Pensando em como a população se apropria do espaço público,
A localização da avenida, próxima à região central da cidade, dis-
compreende-se que é possível conseguir satisfação quando se cria um
põe de acesso fácil através do metrô, e circulação prazerosa na calçada
interesse pelo local, desenvolvendo o sentimento de pertencimento,
larga; portanto, a região é muito frequentada por pedestres, que chegam
desde que bem cuidado, tanto pela poder público como pela população.
através de transporte público e mesmo por caminhadas de pequenas
A pesquisa compreende que a apropriação do espaço público se dá pela
distâncias. Essa vivência dos frequentadores é extremamente saudável
população considerando os fatores que seguem.
para a cidade, e entre os vários benefícios, estaria a diminuição do uso
Os espaços públicos e espaços privados são atrativos quando pro-
do automóvel gerando menos poluição e menos congestionamento na
jetados pelos arquitetos com ambientes convidativos através de áreas
via, caso houvesse mais transporte público evitaria a competição desleal
de estar e descanso, e visualmente agradáveis por sua forma expressiva
do automóvel contra o pedestre. Por fim, a vivência e aproximação que
e pela presença de elementos naturais como pedras, vegetação e água;
as pessoas estabelecem com a cidade, não apenas como expectadores
criando integração com a arte, através de obras de pinturas, esculturas,
através do vidro do carro, do ônibus ou da janela do apartamento, mas
fotografias. Quando os edifícios oferecem na área interna e externa es-
personagens urbanas se apropriando da cidade, exercendo um de seus
paços multifuncionais, que podem se transformar em pontos de encon-
direitos como cidadão - o acesso a cidade. A calçada já nasceu significa-
tros, locais de eventos artísticos e manifestações políticas.
tiva, desde a sua criação, mesmo para a elite foi pensada como um local
A diversidade de usos e o desenvolvimento de atividades coleti-
público para o “desfile” dos moradores ricos da região; serviam como
vas para população com propostas ligadas à cultura através de eventos
ponto de encontro e onde os espectadores assistiam às corridas de auto-
festivos, apresentações musicais, feiras de rua, exposições de arte, entre
móveis na década de 1920. Ao longo do tempo, o sentido e a configura-
outras atividades, se torna um pretexto pontual para que as pessoas
ção dessas calçadas se transformaram, mas mantiveram a medida larga
se interessem pela região. Na Av. Paulista é a diversidade de opções de
que se mantém até hoje, com novos mobiliários de acordo com as novas
usos, sejam residenciais ou comerciais, que trazem as mais variadas
demandas, e com uma condição sensacional de abrigar um número con-
pessoas com diversos interesses por essa grande atração. É onde os
siderável de pedestres, criando uma condição de uso coletivo do espaço
usuários podem morar, trabalhar, estudar, passear, consumir, se divertir,
e exercendo a democracia na cidade.
até mesmo desenvolver mais de uma dessas atividades no mesmo dia,
Sua morfologia urbana favorece muito tudo isso; já que a via é
sentindo-se dentro de um ambiente democrático, onde a diferença se
174
plana, trazendo muito conforto para os usuários; a forma é linear, ofe- ainda continuaram morando nela, mas atraiu o interesse de empresas
recendo continuidade e a dimensão do que é a avenida para o pedes- que trouxeram muitos trabalhadores usuários da avenida, e também
tre; domínio visual, trazendo também a paisagem urbana por meio da pessoas em busca de comércios, compras e serviços, o que gerou um au-
maioria dos edifícios com a mesma altura e mesmo recuo. E por último, mento de frequentadores. Mais tarde, surgiu, no terceiro momento, uma
está posicionada em uma cota alta da cidade, revelando boas paisagens preocupação principal com a circulação de automóveis que desencadeou
através dos edifícios. projetos urbanos; e também questões secundárias sobre a circulação de
A Av. Paulista sofre pouco com violência e depredação do seu es- pedestres com projetos paisagísticos e de comunicação visual para evitar
paço e equipamento público, se comparados aos efeitos de violência na acidentes.
cidade de São Paulo. Constatou-se também a conscientização da preser- Mas foi no quarto período, com a chegada do metrô, que a Av.
vação do espaço, que gerou uma identidade com o local. Paulista se consagra a “avenida do povo”; nesse momento, a via se torna
É possível, portanto, qualificar a Av. Paulista como uma via con- democrática, acessível, com variedade de usos e diversidade de pessoas,
temporânea, não que seja uma avenida com edifícios de arquitetura gerando uma utilização diária e intensa e consequentemente, apropria-
contemporânea, ou que o seu desenho urbano seja contemporâneo, ções de grupos sociais cada vez mais distintos como manifestantes políti-
mas que ela se organizou para os dias de hoje: oferecendo diversos usos, cos ou de reivindicações diversas, eventos festivos de ano novo, orgulho
a presença do espaço público intensa e a acessibilidade ao local facilita- gay, corridas esportivas, grupos de ciclistas, skatistas, boêmios e turistas
da. A Av. Paulista tornou-se muito atrativa, diversificada, interessante e em geral.
popular, uma via contemporânea porque nela se exercem a democracia Dessa maneira, entende-se que o futuro com o quinto período
e o acesso justo. da Av. Paulista será de mais popularização se continuar com a diversida-
Conclui-se então que a Av. Paulista nasceu para elite paulistana, de de usos, e que o caminho para a democratização é condição da via
mas suas intervenções, propostas e transformações, intencionais ou não, especialmente para o pedestre valorizando as calçadas e o transporte
foram tornando-a cada vez mais popular. Ou seja, todos os períodos fo- público.
ram marcados por propostas que de alguma maneira refletiram em uma Foi através de 120 anos que a Av. Paulista caminhou da extrema
maior apropriação da população; no primeiro momento com a edifica- elite para a via mais popularizada e respeitada de São Paulo, o que acon-
ção de mansões – a via não tinha um espírito democrático –, havia uma teceu graças às alternativas e opções que oferece; a variedade da aveni-
vivência pública apenas por motivo de circulação ou eventos festivos, da trouxe a variedade de frequentadores. Pode-se dizer que, nos dias de
como o carnaval por exemplo. No segundo período, muitos paulistanos hoje, a Av. Paulista respira o espirito da diversidade.

175
GALERIA DE FOTOS
“A cidade só faz sentido se existe uma sociedade democrática.”66 1

Abilio Guerra

66
 Palavras de Abilio Guerra, ditas durante a orientação da pesquisa no Ed. João Calvino, pós-graduação da
Universidade Prebisteriana Mackenzie.
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da, ampla e com presença de vegetação, porém não há áreas de convivência,
existe alta concentração de moradores de rua e é uma região perigosa. Os pe-
destres circulam muito em função da estação de metrô e o trânsito de veículos
Capa também é intenso, porém não existe qualidade de espaço para pessoas viven-
ciarem e faltam espaços atrativos para a população. Fonte: Google Street View,
Estação Brigadeiro. Foto da autora, 2012. disponível em <http://maps.google.com.br> (acesso em 09/01/2014).
Estação Trianon com cartazes da manifestação pela tarifa de ônibus, ao fundo,
Ed. Fiesp. Foto: Pedro de Alcântara Neto, 2013. Fig. 9 – Anúncio de empreendimento imobiliário de edifício residencial no bair-
Estação Consolação. Foto da autora, 2014. ro de Santana em São Paulo. Estímulo à vida privativa. Fonte: Lopes Consultoria
de Imóveis, disponível em <http://www.lopes.com.br/ficha-imovel-lancamen-
to/lps/even/sp/sao-paulo/norte/vila-ester-(zona-norte)/apartamento/boreal-
Capítulo 1 -santana/3734> (acesso em 03/11/2013).
Fig. 1 – Divisão da Av. Paulista em áreas para cada aluno desenvolver o redese- Fig. 10 – Planta do empreendimento imobiliário de edifício residencial no bairro
nho das fachadas. Grupo de Pesquisa – Análise de Paisagem Urbana: Um olhar de Santana em São Paulo, a vida urbana caminha para a busca de praticidade,
sobre a Av. Paulista na atualidade e a relação do edifício com a cidade / Unino- pensando nessas questões as construtoras usam como vantagem para atrair
ve. Mapa produzido por Tiago Franco, 2012. moradores, todo o lazer privativo dentro do próprio condomínio. Por outro
lado, é um fator que contribui para o comportamento individual, ao contrário
Fig. 2 – Bondes na Av. Paulista, 1936. Fonte: Museu Virtual do Transporte, do convívio público em locais de uso coletivo. Fonte: <http://cidadesaopaulo.
disponível em <http://www.museudantu.org.br/QSaoPaulo.htm> (acesso em olx.com.br/lancamento-even-santana-4-dorm-lazer-completp-nivea-7740-
03/03/2014). -2303-iid-418321779> (acesso em 03/11/2013).
Fig. 3 – Linha amarela do metrô. Foto: Clóvis Ferreira. Fonte: Via Quatro, dispo- Fig. 11 – Vista do bairro Alphaville em Barueri, Grande São Paulo, 2011. Foto:
nível em <http://www.viaquatro.com.br/imprensa/banco-imagens> (acesso em Robinson Alvarenga. Fonte: Revista Folha de São Paulo. São Paulo, p. 36 – 36,
03/03/2014). 13 novembro 2011.
Fig. 4 – Mapa de Expansão da Área Urbanizada da Região Metropolitana de São Fig. 12 – Av. do Estado sentido Centro de São Paulo, pista expressa de ônibus
Paulo de 1882 a 1914. Fonte: Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano no alto, Rio Tamanduatéi em baixo, a via arterial de trânsito rápido para veí-
– Emplasa. Adaptação: Secretaria Municipal de Planejamento – Sempla. 2002 / culos à direita, o local é bastante agressivo visualmente. Fonte: Google Street
2003. View, disponível em <http://maps.google.com.br> (acesso em 11/03/2014).
Fig. 5 – Linha do tempo das transformações da Avenida Paulista. Produzido pela Fig. 13 – Bandeira do Brasil em preto e branco. Fonte: <http://sportv.globo.
autora. 2013. com/platb/marianabrochado/2012/02/02/convocacao-da-selecao-brasileira-
-de-natacao-para-o-evento-teste-e-sul-americano/bandeira-brasil/> (acesso
Fig. 6 - Panorama da Zona Central de São Paulo a partir do edifício Alti- em 11/03/2014).
no Arantes. Foto: Jonathan Olsson. Fonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/
Ficheiro:Brazil_-_SP.jpg> (acesso em 09/01/2014). Fig. 14 – Adolescentes na praça ao lado do Museu Nacional de Arte Reina Sofía,
em Madrid, Espanha. Foto da autora, 2012.
Fig. 7 – O ”Flâneur” caminhando no ritmo da tartaruga e observando a cidade.
Foto: Autor desconhecido. Fonte: The Urban Flâneur Guidebook, disponível Fig. 15 – Skatistas no CEU Meninos. Fonte: <http://www.encontraipiranga.com.
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191
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Foto da autora, 2008. (acesso em 17/01/2014).

Fig. 17 – Balneário Municipal do Ipiranga em São Paulo. Fonte: Prefeitura de Fig. 29 – Praça Franklin Roosevelt e a Catedral da Consolação ao fundo. Foto da
São Paulo, disponível em <http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/ autora, 2014.
esportes/piscinas_municipais/index.php?p=884>.
Fig. 30 – Bancos cobertos por pergolado na Praça Roosevelt. Foto da autora,
Fig. 18 – Ônibus queimado na região do Itaim Paulista, zona leste de São Paulo, 2014.
junho de 2013. Foto: Eduardo Anizelli. Fonte: Folha de São Paulo, disponível em
<http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/06/1294932-menores-quei- Fig. 31 – Bancos e árvores na Praça Roosevelt. Foto da autora, 2014.
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Fig. 32 – Av. Paulista. Foto da autora, 2014.
Fig. 19 – Parque da Independência, projeto de Arsène Puttemans, 1909. Fonte:
MACEDO, Silvio Soares e SAKATA, Francine Gramacho. Parques Urbanos no Fig. 33 – Potsdamer Platz em Berlim, Alemanha. Foto da autora, 2012.
Brasil. São Paulo, Imprensa Oficial, 2003. p. 175.
Fig. 34 – Champs-Élysées em Paris, França. Fonte: <http://dicasparisemfoco.
Fig. 20 – Vista para Praça do Monumento da Independência. Foto da autora, blogspot.com.br/2011/01/champs-elysees-e-muito-mais-do-que-uma.html>
2012. (acesso em 25/11/2012).

Fig. 21 – Vista para Parque da Independência e Museu do Ipiranga. Foto da Fig. 35 – Paseo del Prado em Madrid, Espanha. Foto da autora, 2012.
autora, 2012.
Fig. 36 – La Rambla em Barcelona, Espanha. Foto da autora, 2012.
Fig. 22 – Entrada do SESC Ipiranga pela Rua Bom Pastor. Foto da autora, 2012.
Fig. 37 – Via Dante em Milão, Itália. Foto da autora, 2012.
Fig. 23 – Rua dos Patriotas, feira de artesanato e comida ao ar livre. Foto da
autora, 2012. Fig. 38 – Calçada da Av. Paulista, entre o metrô Brigadeiro e a Fiesp. Foto da
autora, 2012.
Fig. 24 – Marquise do Ibirapuera. Foto da autora, 2013.
Fig. 39 – Livro “Em favor do Espaço Público: Dez anos do Prêmio Europeu de
Fig. 25 – Idosos dançando na Avenida da Catedral, em Barcelona, Espanha. Foto Espaço Público Urbano” que reuni projetos durante 10 anos voltados para a
da autora, 2012. valorização do espaço público na Europa. Fonte: ANGLÈS, Magda e CARRERA,
Judit. In Favour of Public Space: Ten Years of the European Prize for Urban Public
Fig. 26 – Projeto paisagístico da Praça Benedito Calixto em Pinheiros, São Paulo, Space. Barcelona: Centre de Cultura Contemporània de Barcelona and ACTAR,
arquitetos Abrahão Sanovicz, Miranda Martinelli Magnoli e Rosa Kliass em 2010. Capa e Mapeamento dos projetos, pág. 6 e 7.
1967. Fonte: MACEDO, Silvio Soares e ROBBA, Fabio. Praças Brasileiras. São
Paulo, Imprensa Oficial, 2003. p 301. Fig. 40 – Quadra esportiva pública, projeto urbanístico A8ernA em Zaanstad na
Holanda. Fonte: ANGLÈS, Magda e CARRERA, Judit. In Favour of Public Space:
Fig. 27 – Roda de Choro na Praça Benedito Calixto em Pinheiros, São Paulo, aos Ten Years of the European Prize for Urban Public Space. Barcelona: Centre de
sábados promove feira de artesanato e apresentação de roda de choro com Cultura Contemporània de Barcelona and ACTAR, 2010. p. 119.
grande público frequentador. Fonte: <http://vilamundo.org.br/2010/09/as-com-
pras-nos-brechos-da-vila-mada/> (acesso em 23/03/2014). Fig. 41 – Canoagem em baixo do viaduto. Fonte: ANGLÈS, Magda e CARRERA,
Judit. In Favour of Public Space: Ten Years of the European Prize for Urban Public
Fig. 28 – Praça Roosevelt na condição antiga, projeto da década de 70. Fonte: Space. Barcelona: Centre de Cultura Contemporània de Barcelona and ACTAR,
192
2010. p. 114 e 115.
Fig. 52 – Ciclovia do Parque Linear do Rio Manzanares. Foto da autora, 2012.
Fig. 42 – Lanchonete. Fonte: ANGLÈS, Magda e CARRERA, Judit. In Favour of
Public Space: Ten Years of the European Prize for Urban Public Space. Barcelona: Fig. 53 – Vegetação e elementos em madeira com caráter lúdico. Foto da auto-
Centre de Cultura Contemporània de Barcelona and ACTAR, 2010. p. 118. ra, 2012.

Fig. 43 – Espaço para skatistas. Fonte: ANGLÈS, Magda e CARRERA, Judit. In Fig. 54 – Passarela de circulação perpendicular ao rio. Foto da autora, 2012.
Favour of Public Space: Ten Years of the European Prize for Urban Public Space.
Barcelona: Centre de Cultura Contemporània de Barcelona and ACTAR, 2010. p. Fig. 55 – Café e bar. Foto da autora, 2012.
118.
Fig. 56 – Passarela metálica perpendicular ao rio, arquiteto Dominique Perrault.
Fig. 44 – Estacionamento de veículos. Fonte: ANGLÈS, Magda e CARRERA, Judit. Foto da autora, 2012.
In Favour of Public Space: Ten Years of the European Prize for Urban Public
Space. Barcelona: Centre de Cultura Contemporània de Barcelona and ACTAR, Fig. 57 – Lâmina de água para crianças. Foto da autora, 2012.
2010. p. 119.
Fig. 58 – Criação de túneis ao longo do Rio Manzanares. Fonte: <http://infraes-
Fig. 45 – Projeto urbano de uso do espaço público, nível superior com as vias de truturaurbana.pini.com.br/solucoes-tecnicas/14/artigo256211-4.aspx> (acesso
circulação de automóveis e cortes. Fonte: Website AECCAFÉ <http://www10. em 25/03/2013).
aeccafe.com/blogs/arch-showcase/2011/04/28/a8erna-in-zaanstad-the-ne-
therlands-by-nl-architects/plans-sections/> (acesso em 24/03/2013). Fig. 59 – Foto aérea Rio Manzanares. Fonte: Google Street View, disponível em
<http://maps.google.com.br> (acesso em 26/03/2013).
Fig. 46 – Vista do Viaduto do Café para o ringue de boxe. Foto: Roberto Cattani.
Fonte: Vitruvius, disponível em < http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/ Fig. 60 – Projeto do Parque Linear do Rio Manzanares. Fonte: <http://www.
arquitextos/08.094/155> (acesso em 24/03/2013). infraestruturaurbana.com.br/solucoes-tecnicas/14/artigo256211-1.asp> (acesso
em 25/03/2013).
Fig. 47 – Vista da academia de ginástica. Foto: Igor Guatelli. Fonte: Vitru-
vius, disponível em <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitex- Fig. 61 – Edifício Center3 e a calçada da Av. Paulista. Foto da autora, 2011.
tos/08.094/155> (acesso em 24/03/2013).
Fig. 62 – Calçada da catedral da Sé. Fonte: Google Street View, disponível em
Fig. 48 – Biblioteca comunitária em baixo do viaduto. Foto: Igor Guatelli. Fonte: <http://maps.google.com.br> (acesso em 14/09/2011).
Vitruvius, disponível em <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitex-
tos/08.094/155> (acesso em 24/03/2013). Fig. 63 – Calçada do Conjunto Nacional. Foto da autora, 2011.

Fig. 49 – Implantação, cortes e maquete do Projeto Baixios do Viaduto do Café. Fig. 64 – Calçadão para pedestres no centro de São Paulo, Rua Barão de Itapeti-
Fotos: Igor Guatelli. Fonte: Vitruvius, disponível em <http://www.vitruvius.com. ninga. Foto da autora, 2011.
br/revistas/read/arquitextos/08.094/155> (acesso em 24/03/2013).
Fig. 65 – Corte esquemático da calçada estreita e corte esquemático da calçada
Fig. 50 – Imagens da maquete eletrônica do Projeto Baixios do Viaduto do Café. larga mostrando os elementos possíveis. Produzido pela autora. 2012.
Fotos: Igor Guatelli. Fonte: Vitruvius, disponível em <http://www.vitruvius.com.
br/revistas/read/arquitextos/08.094/155> (acesso em 24/03/2013). Fig. 66 – Cidade Olímpica com edifícios e pista de skate, em Barcelona, Espa-
nha. Foto da autora, 2012.
Fig. 51 – Parque Linear do Rio Manzanares, em Madrid, Espanha. Foto da auto-
ra, 2012. Fig. 67 – Acesso do calçadão para a praia. Foto da autora, 2012.
193
Rua Tagipuru. Fonte: Google Street View, disponível em <http://maps.google.
Fig. 68 – Praia de nudismo, em Barcelona, Espanha. Foto da autora, 2012. com.br> (acesso em 14/09/2011).

Fig. 69 – Bancos de concreto na calçada da praia. Foto da autora, 2012. Fig. 84 – Paisagem urbana da região do Potsdamer Platz. Foto da autora, 2012.

Fig. 70 – Praia e peças de design no mar. Foto da autora, 2012. Fig. 85 – Rua interna, região do Potsdamer Platz. Foto da autora, 2012.

Fig. 71 – Calçada larga, em Barcelona, Espanha. Foto da autora, 2012. Fig. 86 – Acesso facilitado para ciclistas. Foto da autora, 2012.

Fig. 72 – Pedestres caminhando na calçada e Rambla Del Mar ao fundo. Foto da Fig. 87 – Praça interna com comércios. Foto da autora, 2012.
autora, 2012.
Fig. 88 – Praça central do Potsdamer Platz, espaço intensamente utilizado. Foto
Fig. 73 – Pedestres, praticantes de corrida e ciclistas na calçada. Foto da autora, da autora, 2012.
2012.
Fig. 89 – Foto aérea do Potsdamer Platz. Foto: Fonte: Google Street View, dis-
Fig. 74 – Contemplação da paisagem da região no calçadão. Foto da autora, ponível em <http://maps.google.com.br> (acesso em 26/03/2013).
2012.
Fig. 90 – Implantação do Projeto Potsdamer Platz. Fonte: Revista AU, disponível
Fig. 75 – Barcos. Foto da autora, 2012. em <http://www.revistaau.com.br/arquitetura-urbanismo/142/artigo21835-3.
asp> (acesso em 25/03/2013).
Fig. 76 – Relação do homem com a natureza pelo contato com a água, sol e
animais na Rambla Del Mar. Foto da autora, 2012.
Capítulo 2
Fig. 77 – Pedestre utilizando a calçada e Rambla Del Mar ao fundo. Foto da
autora, 2012. Fig. 1 – Quadro de Benedito Calixto em 1893 retratando a Proclamação do Bra-
sil em 15 de novembro de 1889. Fonte: <http://educacao.uol.com.br/album/
Fig. 78 – Foto aérea da Cidade Olímpica. Fonte: Google Street View, disponível proclamacao-da-republica_album.htm#fotoNav=2> (acesso em 30/03/2013).
em <http://maps.google.com.br> (acesso em 26/03/2013).
Fig. 2 – Presidente Getúlio Vargas. Fonte: <http://www.novomilenio.inf.br/fes-
Fig. 79 – Implantação do Projeto Cidade Olímpica. Fonte: <http://www.ub.edu/ tas/bras2b18.htm> (acesso em 30/03/2013).
geocrit/b3w-895/b3w-895-9.htm> (acesso em 25/03/2013).
Fig. 3 – Juscelino Kubitschek e Lúcio Costa. Fonte: <http://www.istoe.com.br/
Fig. 80 – Praça Cel. Fernando Prestes e Metrô Tiradentes. São Paulo. Fonte: reportagens/66012_OS+TRES+PAIS+DE+BRASILIA> (acesso em 30/03/2014).
<http://en.wikipedia.org/wiki/Tiradentes_(S%C3%A3o_Paulo_Metro)> (acesso
em 14/03/2011). Fig. 4 – Oscar Niemeyer e Juscelino Kubitschek. Fonte: <http://noticias.uol.
com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2012/12/06/colegas-que-trabalharam-
Fig. 81 – Foto aérea do Terminal Barra Funda, São Paulo. Fonte: Google Street -com-niemeyer-em-brasilia-lamentam-morte-do-arquiteto.htm> (acesso em
View, disponível em <http://maps.google.com.br> (acesso em 14/03/2011). 30/03/2014).

Fig. 82 – Acesso a praça do Terminal Barra Funda. Foto: Fonte: Google Street Fig. 5 – Inauguração de Brasília. Fonte: <http://www.jblog.com.br/harmonia.
View, disponível em <http://maps.google.com.br> (acesso em 14/09/2011). php?itemid=20744> (acesso em 30/03/2014).

Fig. 83 – Situação atual com cercas da praça do Terminal Barra Funda, vista pela Fig. 6 – Ditadura em São Paulo em 1968. Foto: Cristiano Mascaro. Fonte:
<http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/politica-cia/post-do-leitor-a-volta-
194
-dos-militares-nao-e-solucao-nunca-foi-jamais-sera-nao-se-cura-um-doente- Fig. 17 – Praça do Ciclista, esquina da Av. Paulista com a Rua Consolação. Fonte:
-aplicando-veneno-na-veia-dele/> (acesso em 30/03/2014). <http://www.boliviacultural.com.br/ver_noticias.php?id=1113> (acesso em
27/03/2013).
Fig. 7 – Manifestação dos Cem Mil contra a ditadura militar em 1968 com
Gilberto Gil, Torquato Neto e Nana Caymmi . Fonte: <http://dissentirecontravir. Fig. 18 – Grupo de ciclistas pedalando na Av. Paulista. Fonte: <http://www.
blogspot.com.br/2012/07/os-sucessos-e-fracassos-de-regime.html> (acesso em mobilize.org.br/noticias/3701/prefeitura-estuda-solucao-para-circulacao-de-
31/03/2014). -ciclistas-na-av-paulista.html> (acesso em 27/03/2013).

Fig. 8 – “Amanhã vai ser outro dia”, o povo reivindicando a eleições “Diretas já”. Fig. 19 – Praça Oswaldo Cruz. Foto da autora, 2013.
Fonte: <http://quandovocemenosespera.blogspot.com.br/2009/04/amanha-
-vai-ser-outro-dia.html> (Acesso em 31/03/2014). Fig. 20 – Adolescente fazendo manobra na Praça Oswaldo Cruz. Foto da autora,
2013.
Fig. 9 – Chico Buarque de Holanda em manifestação contra a Ditadura Militar.
Fonte: <http://www.zun.com.br/censura-musical-na-ditadura-militar/> (acesso Fig. 21 – Bares e vida noturna da Av. Paulista. Foto da autora, 2013.
em 31/03/2014).
Fig. 22 – Av. Paulista em direção à Consolação, 1902. Foto: Guilherme Gaensly.
Fig. 10 – Presidente Fernando Collor. Fonte: <http://fotos.noticias.bol.uol.com. Fonte: HOMEM, Maria Cecília Naclério. O palacete paulistano e outras formas
br/entretenimento/2012/06/15/o-mundo-ha-20-anos---o-que-mudou-da-eco- de morar da Elite Cafeeira. São Paulo, Martins Fontes, 1996. p. 186.
92-ate-a-rio20.htm?fotoNav=1#fotoNav=4> (acesso em 31/03/2014).
Fig. 23 – Imagem de Jules Martin, retratando a inauguração da Avenida Paulista
Fig. 11 – Movimento dos “Caras Pintadas” com o povo nas ruas lutando pelo , projeto do engenheiro Joaquim Eugênio de Lima. Fonte: http://theurbane-
Impeachment do Presidente Fernando Collor em 1992. Fonte: <http://noticias. arth.wordpress.com/2009/01/24/parabens-sao-paulo-455-anos/ (acesso em
r7.com/brasil/noticias/ha-20-anos-caras-pintadas-invadiam-as-ruas-do-pais- 27/03/2013).
-pedindo-a-saida-de-collor-20120929.html> (acesso em 31/03/2014).
Fig. 24 – Casa das Rosas, projeto de arquiteto Ramos de Azevedo. Fonte: Asso-
Fig. 12 – A esquerda no poder no Brasil, primeiro o Presidente Lula em 2003 ciação Paulista Viva, disponível em http://www.associacaopaulistaviva.org.br/
por oito anos e depois a primeira presidente mulher Dilma Rousseff desde site/modelo-galeria.php?codigo=18 (em 27/03/2013).
2011, o país vive doze anos com a nova conduta da presidência. Foto: Fabio
Rodrigues Pozzebom. Fonte: Blog da Comunicação, disponível em <http://www. Fig. 25 – Av. Paulista do início do século XX, região bastante arborizada. Fonte:
blogdacomunicacao.com.br/o-governo-lula-de-a-a-z/> (acesso em 31/03/2014). Associação Paulista Viva, disponível em http://www.associacaopaulistaviva.org.
br/site/modelo-galeria.php?codigo=19 (em 27/03/2013).
Fig. 13 – Calçada contínua e larga do Conjunto Nacional. Foto da autora, 2011.
Fig. 26 – Hospital Santa Catarina, 1919. Fonte: Estadão, disponível em <http://
Fig. 14 – Croqui apresentando a geografia da Av. Paulista e a situação atual. blogs.estadao.com.br/edison-veiga/2011/12/06/avenida-paulista-comple-
Produzido pela autora. 2014. ta-120-anos-na-quinta/> (em 27/03/2013).

Fig. 15 – Planta e fachadas da Av. Paulista. Produzido pelo Grupo de Pesquisa Fig. 27 – Escola Estadual Rodrigues Alves, 1935. Fonte: Associação Paulista Viva,
– Análise de Paisagem Urbana: Um olhar sobre a Av. Paulista na atualidade e a disponível em http://www.associacaopaulistaviva.org.br/site/modelo-galeria.
relação do edifício com a cidade / Uninove, 2014. php?codigo=20 (em 27/03/2013).

Fig. 16 – Acesso a Av. Paulista, acesso pelo rebaixamento, ao fundo a Praça do Fig. 28 – Parque Trianon, 1935. Fonte: Associação Paulista Viva, disponível em
Ciclista. Foto da autora, 2011. http://www.associacaopaulistaviva.org.br/site/modelo-galeria.php?codigo=20
(em 27/03/2013).
195
São Paulo, Martins Fontes, 1996. p. 222.
Fig. 29 – Casarões da Av. Paulista. Fonte: SOUKEF, Antonio. Avenida Paulista
Avenue, a síntese da metrópole. São Paulo: Dialeto – Latin American Documen- Fig. 39 – Implantação, pavimento térreo e pavimento superior da Residência
tary, 2002. p. 28 e 29. Numa de Oliveira. Fonte: HOMEM, Maria Cecília Naclério. O palacete paulista-
no e outras formas de morar da Elite Cafeeira. São Paulo, Martins Fontes, 1996.
Fig. 30 – Residência Horácio Sabino. Fonte: HOMEM, Maria Cecília Naclério. p. 220.
O palacete paulistano e outras formas de morar da Elite Cafeeira. São Paulo,
Martins Fontes, 1996. p. 202. Fig. 40 – Fachada principal da Residência René Thiollier. Fonte: HOMEM, Maria
Cecília Naclério. O palacete paulistano e outras formas de morar da Elite Cafe-
Fig. 31 – Implantação, pavimento térreo e primeiro pavimento da Residência eira. São Paulo, Martins Fontes, 1996. p. 227.
Horácio Sabino. Fonte: HOMEM, Maria Cecília Naclério. O palacete paulistano
e outras formas de morar da Elite Cafeeira. São Paulo, Martins Fontes, 1996. p. Fig. 41 – Implantação, pavimento térreo e pavimento superior da Residência
200. René Thiollier. Fonte: HOMEM, Maria Cecília Naclério. O palacete paulistano e
outras formas de morar da Elite Cafeeira. São Paulo, Martins Fontes, 1996. p.
Fig. 32 – Imagens internas da Residência Horácio Sabino. Fonte: HOMEM, Maria 226.
Cecília Naclério. O palacete paulistano e outras formas de morar da Elite Cafe-
eira. São Paulo, Martins Fontes, 1996. p. 203. Fig. 42 – Sr. René Thiollier na sala de visitas da Vila Fortunata. Fonte: HOMEM,
Maria Cecília Naclério. O palacete paulistano e outras formas de morar da Elite
Fig. 33 – Residência Nicolau Moraes Barros. Fonte: HOMEM, Maria Cecília Cafeeira. São Paulo, Martins Fontes, 1996. p. 228.
Naclério. O palacete paulistano e outras formas de morar da Elite Cafeeira. São
Paulo, Martins Fontes, 1996. p. 216. Fig. 43 – Fachadas da Residência Baronesa de Arari. Fonte: HOMEM, Maria Ce-
cília Naclério. O palacete paulistano e outras formas de morar da Elite Cafeeira.
Fig. 34 – Implantação, pavimento térreo e primeiro pavimento da Residência São Paulo, Martins Fontes, 1996. p. 237.
Nicolau Moraes Barros. Fonte: HOMEM, Maria Cecília Naclério. O palacete
paulistano e outras formas de morar da Elite Cafeeira. São Paulo, Martins Fon- Fig. 44 – Desenho da Residência Baronesa de Arari. Fonte: HOMEM, Maria Ce-
tes, 1996. p. 216. cília Naclério. O palacete paulistano e outras formas de morar da Elite Cafeeira.
São Paulo, Martins Fontes, 1996. p. 237.
Fig. 35 – Francisquinha Nogueira de Moraes Barros na sala de entrada em 1957,
moradora da Residência Nicolau Moraes Barros. Fonte: HOMEM, Maria Cecília Fig. 45 – Implantação, pavimento térreo e pavimento superior da Residência
Naclério. O palacete paulistano e outras formas de morar da Elite Cafeeira. São Baronesa de Arari. Fonte: HOMEM, Maria Cecília Naclério. O palacete paulista-
Paulo, Martins Fontes, 1996. p. 217. no e outras formas de morar da Elite Cafeeira. São Paulo, Martins Fontes, 1996.
p. 236.
Fig. 36 – Crianças da família de Nicolau Moraes Barros no Parque Trianon. Fon-
te: HOMEM, Maria Cecília Naclério. O palacete paulistano e outras formas de Fig. 46 – Residência Egidio Pinotti Gamba. Fonte: HOMEM, Maria Cecília Na-
morar da Elite Cafeeira. São Paulo, Martins Fontes, 1996. p. 218. clério. O palacete paulistano e outras formas de morar da Elite Cafeeira. São
Paulo, Martins Fontes, 1996. p. 242.
Fig. 37 – Francisquinha Nogueira de Moraes Barros entre as hortênsias dos jar-
dins da residência. Fonte: HOMEM, Maria Cecília Naclério. O palacete paulista- Fig. 47 – Implantação, pavimento térreo, primeiro pavimento e porão da Resi-
no e outras formas de morar da Elite Cafeeira. São Paulo, Martins Fontes, 1996. dência Egidio Pinotti Gamba. Fonte: HOMEM, Maria Cecília Naclério. O pala-
p. 218. cete paulistano e outras formas de morar da Elite Cafeeira. São Paulo, Martins
Fontes, 1996. p. 243.
Fig. 38 – Fachadas da Residência Numa de Oliveira. Fonte: HOMEM, Maria Cecí-
lia Naclério. O palacete paulistano e outras formas de morar da Elite Cafeeira. Fig. 48 – Casarão Franco de Mello, ainda existente na Av. Paulista, 1920. Foto
196
fornecida pela Residência Franco de Mello, 2005. lista/interesting/ (acesso em 21/06/2014).

Fig. 49 – Fachada do Casarão Franco de Mello, vista pela Av. Paulista. Foto da Fig. 61 – Desenho gráfico do Ed. Quinta Avenida. Produzido pelo Grupo de Pes-
autora, 2005. quisa – Análise de Paisagem Urbana: Um olhar sobre a Av. Paulista na atualida-
de e a relação do edifício com a cidade / Uninove, 2014.
Fig. 50 – Mapa das vias da época. Fonte: HOMEM, Maria Cecília Naclério. O pa-
lacete paulistano e outras formas de morar da Elite Cafeeira. São Paulo, Martins Fig. 62 – Edifício Paulicéia. Foto da autora, 2011.
Fontes, 1996. p. 224.
Fig. 63 – Detalhe dos caixilhos do Ed. Paulicéia. Foto Pedro Kok. Fonte: Flicker,
Fig. 51 – Quadro “Operários” de Tarsila do Amaral em 1933, ela retrata a diver- disponível em http://www.flickriver.com/photos/tags/arquiteturamodernapau-
sidade da população de São Paulo e a característica de povo trabalhador, era a lista/interesting/ (acesso em 21/06/2014).
expressão artística através da pintura traduzindo o momento sócio-econômico
que a cidade vivia. Fonte: PORTAL DO GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Fig. 64 – Desenho gráfico do Ed. Paulicéia. Produzido pelo Grupo de Pesquisa
Essa Gente Paulista, disponível em <www.saopaulo.sp.gov.br/conhecasp/gente- – Análise de Paisagem Urbana: Um olhar sobre a Av. Paulista na atualidade e a
-paulista> (acesso em 04/02/2014). relação do edifício com a cidade / Uninove, 2014.

Fig. 52 – Rebaixamento da Av. Paulista. Foto da autora, 2011. Fig. 65 – Ed. Fiesp. Foto: Foto Pedro Kok. Fonte: Flicker, disponível em http://
www.flickriver.com/photos/tags/arquiteturamodernapaulista/interesting/
Fig. 53 – Início da verticalização da Av. Paulista. Fonte: Associação Paulista Viva, (acesso em 21/06/2014).
disponível em http://www.associacaopaulistaviva.org.br/site/modelo-galeria.
php?codigo=18 (em 27/03/2013). Fig. 66 – Pavimento térreo do Edifício Fiesp. Foto da autora, 2011.

Fig. 54 – Edifício Anchieta, projetado por MM Roberto, 1941. Foto Hugo Se- Fig. 67 – Desenho gráfico do Edifício Fiesp. Produzido pelo Grupo de Pesquisa
gawa. Fonte: Vitruvius, disponível em <http://www.vitruvius.com.br/revistas/ – Análise de Paisagem Urbana: Um olhar sobre a Av. Paulista na atualidade e a
read/arquitextos/06.065/413> (acesso em 21/06/2014). relação do edifício com a cidade / Uninove, 2014.

Fig. 55 – Edifício Anchieta acima e rebaixamento da Av. Paulista em baixo. Foto Fig. 68 - Esquina da com a Rua Padre João Manoel, 1954. Fonte: BRASIL, Lucia-
da autora, 2011. na Tombi. David Libeskind: ensaio sobre as residências unifamiliares. São Paulo,
Editora Romano Guerra / Edusp, 2007, p. 34.
Fig. 56 – Edifício Nações Unidas. Foto da autora, 2011.
Fig. 69 – Perspectiva do Conjunto Nacional. Fonte: BRASIL, Luciana Tombi.
Fig. 57 – Detalhe da fachada do Ed. Nações Unidas. Foto Pedro Kok. Fonte: David Libeskind: ensaio sobre as residências unifamiliares. São Paulo, Editora
Flicker, disponível em http://www.flickriver.com/photos/tags/arquiteturamo- Romano Guerra / Edusp, 2007, p. 34.
dernapaulista/interesting/ (acesso em 21/06/2014).
Fig. 70 – Desenhos da entrada do Conjunto Nacional. Fonte: BRASIL, Luciana
Fig. 58 – Desenho gráfico do Ed. Nações Unidas. Produzido pelo Grupo de Pes- Tombi. David Libeskind: ensaio sobre as residências unifamiliares. São Paulo,
quisa – Análise de Paisagem Urbana: Um olhar sobre a Av. Paulista na atualida- Editora Romano Guerra / Edusp, 2007, p. 34.
de e a relação do edifício com a cidade / Uninove, 2014.
Fig. 71 – Corte transversal. Fonte: BRASIL, Luciana Tombi. David Libeskind:
Fig. 59 – Pavimento térreo do Edifício Quinta Avenida. Foto da autora, 2011. ensaio sobre as residências unifamiliares. São Paulo, Editora Romano Guerra /
Edusp, 2007, p. 38.
Fig. 60 – Vista frontal do Ed. Quinta Avenida. Foto Pedro Kok. Fonte: Flicker,
disponível em http://www.flickriver.com/photos/tags/arquiteturamodernapau- Fig. 72 – Planta do pavimento térreo do Conjunto Nacional. Fonte: BRASIL,
197
Luciana Tombi. David Libeskind: ensaio sobre as residências unifamiliares. São São Paulo: Instituto Lina Bo Bardi e P.M. Bardi, 2008, p. 111.
Paulo, Editora Romano Guerra / Edusp, 2007, p. 38.
Fig. 85 – Pavimento térreo no vão do Masp. Fonte: Associação Paulista Viva,
Fig. 73 – Conjunto Nacional na década de 1960. Fonte: BRASIL, Luciana Tombi. disponível em <http://www.associacaopaulistaviva.org.br/site/modelo-galeria.
David Libeskind: ensaio sobre as residências unifamiliares. São Paulo, Editora php?codigo=19> (em 27/03/2013).
Romano Guerra / Edusp, 2007, p. 34.
Fig. 86 – Masp. Foto da autora, 2012.
Fig. 74 – Conjunto Nacional nos dias de hoje. Foto da autora, 2011.
Fig. 87 – Av. Paulista vista pelo rebaixamento da via. Foto da autora, 2011.
Fig. 75 – Desenhos do Conjunto Nacional. Produzido pelo Grupo de Pesquisa –
Análise de Paisagem Urbana: Um olhar sobre a Av. Paulista na atualidade e a Fig. 88 – Alargamento da Av. Paulista na década de 1970. Fonte: <http://
relação do edifício com a cidade / Uninove, 2014. noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/imoveis-e-decoracao/2011/10/20/
mais-um-casarao-na-avenida-paulista-em-sp-sera-demolido.htm> (acesso em
Fig. 76 – Antiga região do Trianon. Fonte: Associação Paulista Viva, dispo- 03/03/2014).
nível em <http://www.associacaopaulistaviva.org.br/site/modelo-galeria.
php?codigo=19> (em 27/03/2013). Fig. 89 – Jornal Folha de São Paulo noticiando as desapropriações dos edifícios
que sofreriam o alargamento da Av. Paulista em 14/03/1972. Fonte: Desapro-
Fig. 77 – Início das obras do Masp. Fonte: FERRAZ, Marcelo (org.) Lina Bo Bardi. priações para a Nova Paulista. Folha de São Paulo, 14 mar. 1972. Disponível em
São Paulo: Instituto Lina Bo Bardi e P.M. Bardi, 2008, p. 102. http://acervo.folha.com.br/ (acesso em 03/03/2014).

Fig. 78 – Engenheiro Figueiredo Ferraz, Lina e equipe expondo o processo de Fig. 90 – Galerias subterrâneas da Av. Paulista. Fonte: <http://g1.globo.com/No-
estrutural do Masp. Fonte: FERRAZ, Marcelo (org.) Lina Bo Bardi. São Paulo: ticias/SaoPaulo/0,,MUL788138-5605,00.html> (acesso em 15/03/2014).
Instituto Lina Bo Bardi e P.M. Bardi, 2008, p. 102.
Fig. 91 – Projeto urbano Nova Paulista. Material fornecido pelo arquiteto Nadir
Fig. 79 – Obra do Masp vista pela Av. Paulista. Fonte: FERRAZ, Marcelo (org.) Mezerani, 2014.
Lina Bo Bardi. São Paulo: Instituto Lina Bo Bardi e P.M. Bardi, 2008, p. 104.
Fig. 92 – Desenhos do projeto para Nova Paulista. Material fornecido pelo ar-
Fig. 80 – Obra vista da Av. Paulista. Fonte: FERRAZ, Marcelo (org.) Lina Bo Bardi. quiteto Nadir Mezerani, 2014.
São Paulo: Instituto Lina Bo Bardi e P.M. Bardi, 2008, p. 102.
Fig. 93 – Maquete do projeto Nova Paulista. Fonte: Nadir Mezerani <http://
Fig. 81 - Cidade de São Paulo dos anos 60 e obra do Masp. Fonte: FERRAZ, Mar- blog.basekit.com.br/conheca-o-projeto-nova-paulista-de-1970/> (acesso em
celo (org.) Lina Bo Bardi. São Paulo: Instituto Lina Bo Bardi e P.M. Bardi, 2008, 27/03/2013).
p. 103.
Fig. 94 – Período de execução da obra Nova Paulista. Fonte: Nadir Mezerani <
Fig. 82 – Rua Augusta, local de vida noturna. Fonte: <http://www.cidadedesao- http://www.nadirmezerani.blogspot.com.br/2012/06/nova-paulista-em-galeria.
paulo.com/sp/br/o-que-visitar/atrativos/pontos-turisticos/3308-rua-augusta> html> (acesso em 27/03/2013).
(acesso em 30/01/2014).
Fig. 95 – Resultado do projeto Nova Paulista. Fonte: Nadir Mezerani < http://
Fig. 83 – Desenhos do Masp. Produzido pelo Grupo de Pesquisa – Análise de www.nadirmezerani.blogspot.com.br/2012/06/nova-paulista-em-galeria.html >
Paisagem Urbana: Um olhar sobre a Av. Paulista na atualidade e a relação do (acesso em 27/03/2013).
edifício com a cidade / Uninove, 2014.
Fig. 96 – Av. Paulista e o rebaixamento da via. Fonte: Nadir Mezerani < http://
Fig. 84 – Masp, fachada Posterior. Fonte: FERRAZ, Marcelo (org.) Lina Bo Bardi. www.nadirmezerani.blogspot.com.br/2012/06/nova-paulista-em-galeria.html>
198
(acesso em 27/03/2013). p. 98.

Fig. 97 – Trecho rebaixado da Av. Paulista. Fonte: Nadir Mezerani < http://www. Fig. 106 – Av. Paulista após a instalação dos tótens. LONGO JÚNIOR, Celso
nadirmezerani.blogspot.com.br/2012/06/nova-paulista-em-galeria.html> (aces- Carlos. Design Total Cauduro Martino 1967 – 1977. Dissertação de mestrado.
so em 27/03/2013). Orientador Bruno Roberto Padovano. São Paulo: FAU USP, 2007.
p. 92.
Fig. 98 – Cortes do projeto Nova Paulista. Fonte: Nadir Mezerani < http://www.
nadirmezerani.blogspot.com.br/2012/06/nova-paulista-em-galeria.html> (aces- Fig. 107 – Imagens da Av. Paulista na década de 1970 com a proposta de co-
so em 27/03/2013). municação visual. LONGO JÚNIOR, Celso Carlos. Design Total Cauduro Martino
1967 – 1977. Dissertação de mestrado. Orientador Bruno Roberto Padovano.
Fig. 99 – Calçamento da Av. Paulista, projeto de Rosa Kliass. Fonte: KLIASS, São Paulo: FAU USP, 2007.
Rosa Grena. Rosa Kliass: Desenhando paisagens, moldando uma profissão. São p. 93.
Paulo: Editora Senac, 2006. p. 135.
Fig. 108 – Av. Paulista de hoje. Foto da autora, 2013.
Fig. 100 – Situação anterior ao projeto de Comunicação Visual. Fonte: LONGO
JÚNIOR, Celso Carlos. Design Total Cauduro Martino 1967 – 1977. Dissertação Fig. 109 – Travessia de pedestre. Foto da autora, 2013.
de mestrado. Orientador Bruno Roberto Padovano. São Paulo: FAU USP, 2007.
p.89. Fig. 110 – Totem na calçada, edifício Paulicéia ao fundo. Foto da autora, 2012.

Fig. 101 – Projeto de abrigo de pedestre. Fonte: LONGO JÚNIOR, Celso Carlos.
Design Total Cauduro Martino 1967 – 1977. Dissertação de mestrado. Orienta- Capítulo 3
dor Bruno Roberto Padovano. São Paulo: FAU USP, 2007.
p.89. Fig. 1 – Metrô Brigadeiro. Foto da autora, 2012.

Fig. 102 – Projeto de comunicação visual para os totens da Av. Paulista. Fonte: Fig. 2 – Croqui do projeto de Revitalização da Av. Paulista. Fonte: MAGALHÃES,
LONGO JÚNIOR, Celso Carlos. Design Total Cauduro Martino 1967 – 1977. Dis- José. Projetos Urbanos <http://www.magalhaeseassociadosarquitetos.com/ur-
sertação de mestrado. Orientador Bruno Roberto Padovano. São Paulo: FAU banismo> em (12/02/2013).
USP, 2007.
p. 90 e 91. Fig. 3 – Capa sobre o projeto vencedor do concurso de Revitalização da Av.
Paulista. Fonte: AVENIDA Paulista, as ideias vencedoras do concurso para seu
Fig. 103 – Comunicação visual e escala humana. Fonte: LONGO JÚNIOR, Celso redesenho. Projeto Design, São Paulo, Edição 200, p. 68 – 69, setembro 1996.
Carlos. Design Total Cauduro Martino 1967 – 1977. Dissertação de mestrado.
Orientador Bruno Roberto Padovano. São Paulo: FAU USP, 2007. Fig. 4 – Reportagem sobre o projeto vencedor do concurso. Fonte: AVENIDA
p. 90 e 91. Paulista, as ideias vencedoras do concurso para seu redesenho. Projeto Design,
São Paulo, Edição 200, p. 68 – 69, setembro 1996.
Fig. 104 – Comunicação visual e mobiliário da Av. Paulista. Av. Paulista. In Cau-
duros Associados. <http://www.cauduroassociados.com.br/site/portfolio.aspx> Fig. 5 – Calçada da Av. Paulista. Fonte: MAGALHÃES, José. Projetos Urba-
(em 27/03/2013). nos <http://www.magalhaeseassociadosarquitetos.com/urbanismo> em
(12/02/2013).
Fig. 105 – Projeto geral de comunicação visual e mobiliário, de Cauduro Marti-
no. LONGO JÚNIOR, Celso Carlos. Design Total Cauduro Martino 1967 – 1977. Fig. 6 – Material para Calçada da Av. Paulista. Fonte: MAGALHÃES, José. Proje-
Dissertação de mestrado. Orientador Bruno Roberto Padovano. São Paulo: tos Urbanos <http://www.magalhaeseassociadosarquitetos.com/urbanismo>
FAU USP, 2007. em (12/02/2013).

199
Fig. 7 – Calçada da Av. Paulista, o Masp ao fundo. Fonte: MAGALHÃES, José.
Projetos Urbanos <http://www.magalhaeseassociadosarquitetos.com/urbanis- Fig. 18 – Ano Novo na Av. Paulista. Foto da autora, 2013.
mo> em (12/02/2013).
Fig. 19 – Manifestações na Av. Paulista pelo aumento da tarifa do ônibus. Foto:
Fig. 8 – Projeto Premiado Menção Honrosa. Fonte: MAGALHÃES, José. Projetos Pedro de Alcântara Neto, 2013.
Urbanos <http://www.magalhaeseassociadosarquitetos.com/urbanismo> em
(12/02/2013). Fig. 20 – Cartazes da manifestação na Av. Paulista pela tarifa de ônibus, ao fun-
do, Ed. Fiesp. Foto: Pedro de Alcântara Neto, 2013.
Fig. 9 – Perspectiva da proposta para as calçadas da Avenida Paulista, Prêmio
Cauê. Fonte: MAGALHÃES, José. Projetos Urbanos <http://www.magalhaeseas- Fig. 21 – Av. Paulista é palco de manifestações. Foto: Pedro de Alcântara Neto,
sociadosarquitetos.com/urbanismo> em (12/02/2013). 2013.

Fig. 10 – Projeto paisagístico para o calçamento da Av. Paulista, paisagista Rosa Fig. 22 – Exposição de grafite no rebaixamento da Av. Paulista. Foto da autora,
Kliass, 2003. Fonte: KLIASS, Rosa Grena. Rosa Kliass: Desenhando paisagens, 2011.
moldando uma profissão. São Paulo, Editora Senac, 2006. p. 136 e 137.
Fig. 23 – Foto aérea da Av. Paulista. Fonte: Google Street View, disponível em
Fig. 11 – Reestudo do Projeto Nova Paulista, 2007. Fonte: MEZERANI, Nadir. <http://maps.google.com.br> (acesso em 05/11/2011).
Nova Paulista <www.nadirmezerani.blogspot.com.br/2012/06/nova-paulista-
-em-galeria.html> (acesso em 27/03/2013). Fig. 24 - Mapeamento das áreas de apropriação pública. Fonte: Google Street
View, disponível em <http://maps.google.com.br> (acesso em 05/11/2011).
Fig. 12 – Vistas do reestudo do Projeto Nova Paulista, 2007. Fonte: MEZERANI,
Nadir. Nova Paulista <www.nadirmezerani.blogspot.com.br/2012/06/nova- Fig. 25 – Vista aérea do rebaixamento da Av. Paulista. Fonte: Google Street
-paulista-em-galeria.html> (acesso em 27/03/2013). View, disponível em <http://maps.google.com.br> (acesso em 05/11/2011).

Fig. 13 – Imagens da maquete eletrônica do reestudo do Projeto Nova Paulista, Fig. 26 – Via rebaixada da Av. Paulista sentido Zona Oeste. Foto da autora,
2007. Fonte: MEZERANI, Nadir. Nova Paulista <www.nadirmezerani.blogspot. 2011.
com.br/2012/06/nova-paulista-em-galeria.html> (acesso em 27/03/2013).
Fig. 27 – Exposição de grafite permanente. Foto da autora, 2011.
Fig. 14 – Estudos para Av. Paulista, Nadir Mezerani. Fonte: MEZERANI, Nadir.
Nova Paulista <www.nadirmezerani.blogspot.com.br/2012/06/nova-paulista- Fig. 28 – Grafite “Centenário da Imigração Japonesa”, sentido Paraíso. Foto da
-em-galeria.html> (acesso em 27/03/2013). autora, 2011.

Fig. 15 - Ponto de encontro e cultura da cidade, manifestação no vão do Masp. Fig. 29 – Grafite nos muros e abertura acima para a avenida. Foto da autora,
Fonte: FERRAZ, Marcelo (org.) Lina Bo Bardi. São Paulo: Instituto Lina Bo Bardi e 2011.
P.M. Bardi, 2008. p. 115.
Fig. 30 – Dois sentidos do rebaixamento da Av. Paulista. Foto da autora, 2011.
Fig. 16 – Parada do Orgulho Gay em frente ao MASP, 2013. Foto: Nelson An-
toine, Fonte: <http://blogay.blogfolha.uol.com.br/2013/06/01/por-que-ir-na- Fig. 31 – Praça do Ciclista. Foto da autora, 2011.
-parada-gay-de-sao-paulo/> (acesso em 01/06/13).
Fig. 32 – Ciclista pedalando na Av. Paulista. Fonte: http://bikeloversworld.
Fig. 17 – Cadeirantes na São Silvestre, Av. Paulista, 2012. Foto: Daniel Teixeira. blogspot.com.br/2013/08/adote-uma-bicicleta-mude-de-vida.html (acesso em
Fonte: <http://blogs.estadao.com.br/bate-pronto/comeca-a-sao-silvestre/> 15/02/2014).
(acesso em 01/06/13).
200
Fig. 33 – Ciclofaixa. Foto da autora, 2013.
Fig. 45 – Foto aérea do Masp com o Parque Trianon a frente. Fonte: Goo-
Fig. 34 – Foto aérea do Cetenco Plaza. Fonte: Google Street View, disponível em gle Street View, disponível em <http://maps.google.com.br> (acesso em
<http://maps.google.com.br> (acesso em 05/11/2011). 05/11/2011).

Fig. 35 – Cetenco Plaza, vista pela Av. Paulista. Foto: Abílio Guerra GUERRA, Fig. 46 – Ponto de encontro e cultura da cidade. Fonte: FERRAZ, Marcelo (org.)
Abilio. Quadra aberta. Uma tipologia urbana rara em São Paulo. Projetos, São Lina Bo Bardi. São Paulo: Instituto Lina Bo Bardi e P.M. Bardi, 2008. p. 115.
Paulo, ano 11, n. 124.01, Vitruvius, abr. 2011 <http://vitruvius.com.br/revistas/
read/projetos/11.124/3819>. (acesso em 05/11/2011). Fig. 47 – Museu de Arte Moderna de São Paulo. BARDI, Lina Bo e EYCK, Aldo
Van. Museu de Arte de São Paulo. São Paulo. Instituto Lina Bo Bardi e P.M.
Bardi, 1997. p. 03.
Fig. 36 – Acesso ao Cetenco Plaza pela Av. Paulista. Foto: Abílio Guerra GUER-
RA, Abilio. Quadra aberta. Uma tipologia urbana rara em São Paulo. Projetos, Fig. 48 – Ideia de Lina para o circo Piolin, um espaço de convivência. Fonte:
São Paulo, ano 11, n. 124.01, Vitruvius, abr. 2011 <http://vitruvius.com.br/revis- Fonte: FERRAZ, Marcelo (org.) Lina Bo Bardi. São Paulo: Instituto Lina Bo Bardi e
tas/read/projetos/11.124/3819>. (acesso em 05/11/2011). P.M. Bardi, 2008. p. 113.

Fig. 49 – Circo Piolin implantado, desejo de Lina. Fonte: FERRAZ, Marcelo (org.)
Fig. 37 – Praça interna, esquina da Avenida Paulista e Alameda Ministro Rocha Lina Bo Bardi. São Paulo: Instituto Lina Bo Bardi e P.M. Bardi, 2008. p. 113.
Azevedo. Foto: Abílio Guerra GUERRA, Abilio. Quadra aberta. Uma tipologia
urbana rara em São Paulo. Projetos, São Paulo, ano 11, n. 124.01, Vitruvius, abr. Fig. 50 – Av. Paulista sentido Paraíso, MASP e Parque Trianon. Foto da autora,
2011 <http://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/11.124/3819>. (acesso em 2011.
05/11/2011).
Fig. 51 – Vão livre do MASP. Foto da autora, 2008.

Fig. 38 – Vista pela Alameda Ministro Rocha Azevedo. Foto: Abílio Guerra Fig. 52 – Parque Trianon. Foto da autora, 2011.
GUERRA, Abilio. Quadra aberta. Uma tipologia urbana rara em São Paulo. Pro-
jetos, São Paulo, ano 11, n. 124.01, Vitruvius, abr. 2011 <http://vitruvius.com.br/ Fig. 53 – Movimentos populares no vão livre. Fonte: FERRAZ, Marcelo (org.)
revistas/read/projetos/11.124/3819>. (acesso em 05/11/2011). Lina Bo Bardi. São Paulo: Instituto Lina Bo Bardi e P.M. Bardi, 2008. p. 114.

Fig. 39 – Foto aérea do Conjunto Nacional. Fonte: Google Street View, disponí- Fig. 54 – Foto aérea da Praça Oswaldo Cruz. Fonte: Google Street View, disponí-
vel em <http://maps.google.com.br> (acesso em 05/11/2011). vel em <http://maps.google.com.br> (acesso em 07/03/2013).

Fig. 40 – Conjunto Nacional, ao fundo, Av. Paulista sentido Paraíso. Foto da Fig. 55 – Praça Oswaldo Cruz, usuários e frequentadores variados. Foto da
autora, 2011. autora, 2013.

Fig. 41 - Galleria Vittorio Emanuele, em Milão na Itália. Foto da autora, 2012. Fig. 56 – Skatistas na Praça Oswaldo Cruz, local muito frequentado por esses
usuários. Foto da autora, 2013.
Fig. 42 – Acesso à galeria de comércios. Foto da autora, 2012.
Fig. 57 – Bancos da Praça Oswaldo Cruz. Foto da autora, 2013.
Fig. 43 – Passagem interna com acesso para outra via. Foto da autora, 2012.
Fig. 58 – Faixa de pedestres para acessar a Praça Oswaldo Cruz. Foto da autora,
Fig. 44 – Pontos de ônibus na calçada do Conjunto Nacional. Foto da autora, 2013.
2011.
201
Fig. 59 – Adolescente skatistas observando a praça. Foto da autora, 2013.
1. A diversidade do paulistano.
Fig. 60 – Praça Oswaldo Cruz e a vista para o mural em homenagem a Oscar 2. Exposição de grafite permanente.
Niemeyer. Foto: ALMEIDA, Anna Thereza de. Eduardo Kobra fala sobre mural de 3. Pichação no telefone público.
Niemeyer na Paulista. In Guia da Semana <www.guiadasemana.com.br/artes- 4. A pressa do paulistano.
-e-teatro/noticia/entrevista-eduardo-kobra-o-muralista-dono-do-rosto-de-
-niemeyer-na-av-paulista> (em 15/03/2014). Pág. 180
.
Fig. 61 – Mural em homenagem a Oscar Niemeyer. Foto: ALMEIDA, Anna 1. A noite de Ano Novo
Thereza de. Eduardo Kobra fala sobre mural de Niemeyer na Paulista. In Guia 2. Grafite na composição da paisagem urbana.
da Semana <www.guiadasemana.com.br/artes-e-teatro/noticia/entrevista-
-eduardo-kobra-o-muralista-dono-do-rosto-de-niemeyer-na-av-paulista> (em Pág. 181
15/03/2014).
1. Av. Paulista, do Paraíso para Consolação.
Fig. 62 – O trabalho do muralista Eduardo Kobra homenagiando o arquiteto Os- 2. Observando a cidade.
car Niemeyer. Fonte: <http://aldeiatem.com/blog/?p=10245> (em 01/03/2013). 3. Calçadas lotadas de dia.
4. Pista de skate a noite.
Galeria de Fotos Pág. 182
Todas as fotos são da autora e apresentadas no sentido horário. 1. O casarão em forma de agência bancária.
2. Avenida da executiva.
Pág. 176 3. Ver a cidade.
4. Trecho “Brigadeiro”.
1. Passageiros aguardando ônibus na calçada do Conjunto Nacional 5. A avenida de todas as idades.
2. Estação Trianon e Ed. Fiesp.
3. Espaço multiuso na calçada do Parque Trianon, ao fundo o Masp. Pág. 183
Pág. 177 1. Competição de patins na marquise do Ibirapuera.
2. Parque da Independência, história, jardim e esporte.
1. Mesas e cadeiras na calçada, preparação para o movimento noturno. 3. Túnel da Praça Roosevelt fechado para veículos.
2. Bares e trabalhadores. 4. Skate e patins no concreto.
3. Esquina, pedestre e ciclista aguardam.
4. Av. Paulista com Al. Ministro Rocha Azevedo, pedestres na faixa. Ao Pág. 184
fundo, edifício projetado por Rino Levi.
1. Skate junto ao monumento do Parque da Independência.
Pág. 178 2. Adolescentes se encontram na praça da Casa da Música em Porto.
3. Jovens descansam no gramado da Plaza do Oriente em Madrid.
1. Av. Paulista, da Consolação para o Paraíso. 4. Desenhando a paisagem no Museu do Ipiranga.
2. Av. Paulista da velocidade.
3. Shopping Center 3, decorações de natal. Pág. 185
4. Táxi, Ed. Paulicéia ao fundo. 1. “A better world”, estação de metrô em Milão.
2. Torre Eiffel 24h em Paris.
Pág. 179
202
3.
4.
Festa na praça da Catedral de Barcelona.
Bar ao ar livre em Berlim recebe pássaros. CRÉDITOS
Pag. 186
Capa: Débora Machado
1. O caminho que me leva.
Fotos da Av. Paulista Texto / fonte: Chaparral Pro

Projeto gráfico: Débora Machado

Diagramação: Débora Machado e Raphael Teixeira

Revisão de Texto: Haifa Sabbag

Fotografias entre capítulos: Débora Machado

Desenho gráfico: Produzido pelo Grupo de Pesquisa – Análise de Paisagem


Urbana: Um olhar sobre a Av. Paulista na atualidade e a relação do edifício com
a cidade / Uninove, 2014.

Fontes: Calibri 24 (título), Calibri 14 (subtítulo), Calibri 12 (corpo texto),


Calibri 8 (legenda e nota de rodapé) e Calibri 11 ( bibliografia e lista de
imagem).

203
ANEXOS houvesse um bloqueio, as pessoas não podiam atravessar por aqui, elas
só ia atravessar no lugar onde estava demarcado que era pra atravessar,

1. Entrevistas
então a primeira vez que se fez passagens de pedestres infinitas em São
Paulo, não existia isso, as pessoas atravessavam principalmente nas es-
Paisagista Rosa Kliass [28/02/2013]
quinas...ai então nós tínhamos que por plantas, nós tínhamos três tipos
de containers, um que ia receber a vegetação menor, quase que rasteira,
Débora Machado: Para o desenvolvimento do Projeto Paisagístico da
uma outra que seria para os arbustos e uma outro onde ia ser planta-
Av. Paulista, quais foram as suas condicionantes de projeto?
do árvores. Essa árvore vinha do viveiro, era plantada nesse container,
Rosa Kliass: Tinha um projeto de passar um via subterrânea ao longo
a hora que fosse pra fazer a reforma, tirava do container e plantava no
de toda a Av. Paulista, mas obviamente não era uma coisa que ia ser
chão. Era um raciocínio, do provisório sem desperdício, tinham grandes
feito do dia pra noite. E o prefeito naquela ocasião queria fazer algu-
áreas de bloqueio, nós iriamos por esses containers, aqui ia ter uma ár-
ma coisa na Av. Paulista, embelezar a Av. Paulista. E quando nós fomos
vore, aqui ia ter um arbusto, nós enchemos isso de sinasita que era argila
chamados para fazer isso era a Emurb, nós não pudemos fazer nada que
expandida, deu inclusive uma cor, e tem a vantagem de ser um elemento
seja definitivo, cavar, plantar árvores que depois vão ser arrancadas,
drenante, então ficou o chão de sinasita, aquela cor de terra, os vasos
então quisemos fazer alguma coisa que fosse realmente provisória, o
pretos em cima com a vegetação verde.
caráter desse primeiro projeto foi esse, o mosaico português era um ma-
terial muito fácil de ser removido, recomposto e ao mesmo tempo era
DM: Em sua opinião, qual a importância do mobiliário urbano na trans-
um material que permitia desenhos livres.
formação da região?
RK: O efeito foi local, a Av. Paulista passou a ter vida própria, um lugar
DM: Quais foram os elementos fundamentais que você considerou ne-
a ser um novo endereço, não era endereço de prédio, mas endereço de
cessário nesse projeto e por quê?
rua, atraente e desfrutável. Você ia pra lá, comprava um sorvete, sentava
RK: A vegetação que não tinha nada, tivemos que plantar, fazer uma
pra tomar, de repente senta do seu lado alguém, com quem você con-
coisa que aparecesse, ao mesmo tempo nós mandamos fabricar con-
versa, quer dizer, é uma possibilidade de troca que você cria, o que é o
tainers de plástico, essas caixas pra plantas, todas circulares que era a
espaço urbano, onde acontece as relações.
forma mais fácil de se fazer. A primeira coisa, tinha a calçada larga, então
a gente tinha uma área que era de pedestre, mas a gente queria sepa-
DM: De que maneira foi pensada a presença da vegetação na Av. Paulis-
rar os automóveis dos pedestres, separar de maneira física mesmo, que
204
ta? tinha aquela Praça do Índio, e nós tratamos essas duas áreas.
RK: A primeira foi aquela provisória, mas depois realmente já quando
foi definitivamente que nós já pudemos plantar árvores, escolhemos DM: Qual a importância de se propor um projeto de calçada da via,
plantas, não é planta nativa, plantas que fazem parte da paisagem urba- sendo essa tão emblemática, do ponto de vista de promover o uso do
na de São Paulo, por exemplo, a Tipuana. espaço público?
RK: Enobrece o espaço e cria uma respeitabilidade, é a mesma coisa de
DM: A escolha do mosaico português como material foi feita preservan- você estar no metrô. Porque o metrô é tão limpo? Porque você não vê
do áreas já existentes ou existem também outros fatores? nada jogado no chão? Porque se tiver alguma coisa jogada no chão, tem
RK: Primeiro porque é um elemento tradicional, segundo que ele é pra que cate imediatamente, então você esta passando num lugar que não
essa questão de mobilidade, de provisoriedade era o ideal. Porque o tem lixo, você não tem vontade de jogar um papel no chão. O metrô é
mosaico português, você desmonta tudo e remonta. Uma coisa inte- um dos exemplos, foi o respeito pelo benefício que estavam fazendo e
ressante que eu posso te contar, o Burle Marx fez os jardins do Banco também por essa questão da manutenção que é muito importante.
Safra na esquina da Augusta com a Av. Paulista, fez os jardins no térreo
e tratou o térreo todo e ele saiu com o desenho do térreo pra calçada. E DM: Nesse projeto, houve a intenção de se projetar áreas de permanên-
aquilo integrou, ele considerou a calçada que estava feita, aquele mosai- cia?
co português, pra nós é uma confirmação que o Burle Marx deu para o RK: Sim, eu tenho a impressão que onde tinha hospital, ali foi criada
nosso projeto. uma área maior, Santa Catarina, alguns pontos foram pensados, o espa-
Não teve influencia, mas foi uma coisa muito interessante. ço está lá para as pessoas usarem.

DM: De que maneira foi pensado o projeto na região do Parque Trianon DM: Qual a relação que o paisagismo pode estabelecer com a presença
e na Praça Oswaldo Cruz? do metrô e as estações?
RK: O Trianon foi já no definitivo, havia era um complexo, Trianon e RK: São realmente marcos de destino, agora está tudo em concreto.
Masp, então aquilo tinha um estudo integrado. E o Trianon inclusive tem
toda a questão das calçadas ligadas com a passagem de pedestres, era DM: O projeto também tinha como objetivo promover o uso do espaço
confuso, era complicado, mas nós consideramos. Nós fizemos um pro- público? Se sim, por quê?
jeto especial para a Praça Oswaldo Cruz, tinha a Praça Oswaldo Cruz e RK: Foi uma coisa muito importante, porque na verdade foi o primeiro
205
projeto de rua de São Paulo, nunca teve um projeto de rua. Então foi um com a condição urbanística criada pela população existente.
marco muito importante.
DM: Como foi resolvido a questão do edifícios que estavam no limite do
Urbanista Nadir Mezerani [18/02/2013] lote?
NM: Inaugurado um trecho, esse projeto executivo já estava pronto,
Débora Machado: Quais as razões que levaram a decisão de criar o eu tive que reformar várias entradas de prédios, porque as rampas dos
projeto de rebaixamento da via? prédios invadiam as calçadas antigas. Quando foi alargada a Av. Paulista,
Nadir Nezerani: A avenida do automóvel é interessante ao governo e isso quando ele já era prefeito, ai alguns prédios tinham que recuar as
ai que eles tem o seu lucro, mas por outro lado eles dizem que o auto- entradas das garagens, algumas a gente conseguiu, outras não consegui-
móvel é péssimo, fica entre o que é o bom para um lado e o que é não mos. Por exemplo, tem um prédio, Ed. Quinta Avenida, tem um pedaço
tão bom para o outro. Com o alargamento da avenida, ela adquiriu uma da rampa que está no recuo de 10 metros, mas eu achei que não deveria
ligação viária importante, era época de se fazer esses trabalhos, porque e aceitaram a ideia que nessa época que a gente tinha um certo grau res-
foi da lógica ou da filosofia da década de 50, 60. São Paulo teve Faria peito, os arquitetos tinham uma respeitabilidade, a própria marquise da
Lima, Prestes Maia...como o Prestes Maia tentou imaginar, era uma ver- Gazeta que tinha em frente invadia a rua, eu mandei cortar para ficar só
dadeira Europa, não era bem isso que aconteceu. Em 1966, a prefeitura no alinhamento da calçada.
fez esse traçado de alargamento, simultaneamente, 1966 e 1967 ela soli-
citou que também fosse rebaixada no projeto. O trabalho da Paulista foi DM: Qual a proposta para o pavimento térreo da Av. Paulista, seria uma
dado para o escritório Figueiredo Ferraz em 1966 e o escritório solicitou grande via para pedestres?
para que eu fizesse um desenho das obras. NM: O projeto começou com o nível do térreo voltado para o pedestre
e também veículos, mas a maior parte dos veículos seria no rebaixa-
DM: Quais foram os elementos principais que você julgou necessário e mento, na proposta seguinte, a ideia era criar um grande calçadão para
porque? pedestres.
NM: Essa ideia de rebaixamento que até então era em taludes, grama-
dos, que nem é a avenida rebaixada, eu acabei fazendo a proposta que DM: Essas áreas do subsolo estariam ligando a via de veículos com os
não deixasse a avenida cortada, que de um prédio para o outro você lotes vazios?
teria que dar a volta de acordo com a condição do sistema viário e não NM: Não, o acesso seria pela calçada do térreo.
206
DM: Nos lotes vazios seriam propostos novos usos? Associação Paulista Viva [12/03/2014]
NM: Sim, como na Europa, com restaurantes e comércios subterrâneos. Secretária Executiva Marly Lemos

Débora Machado: Qual a maior função da Associação Paulista Viva em


DM: O projeto do “calçadão da paulista” também fazia parte da Nova relação a Av. Paulista?
Paulista. Era previsto áreas de permanência? Marly Lemos: Manter a qualidade da Av. Paulista, é uma iniciativa privada
NM: Então eu fiz o miolo dos quarteirões entre cada rua, ter aquele que vive por associados.

miolinho como passagem de pessoas, com isso nasceu esse desenho das
DM: Qual o motivo do surgimento da Av. Paulista? Desde quando?
pistas de cima em balanço pra eu reaproveitar mais o espaço, somou
ML: Foi na fase de degradação da avenida, final de 1980, por iniciativa de
mais 6,5m de balaço de cada lado, acabou tendo 13m a mais. Você tem Maluf e Olavo Setubal, a proposta era de recuperação da avenida enfrentando
os problemas de falta de segurança, calçadas, iluminação, etc.
essa somatória de superfícies para serem usadas e nessa época a gente
já comentava que no tempo, no ano 2000, que pra gente nós estávamos DM: Qual a participação da Associação nos projeto urbanos e arquitetônicos
em 1968, ela transformar-se-ia em uma esplanada, naquela época a da Av. Paulista?

gente já tinha essa sequencia que no futuro um dia quem sabe vinha a ML: Discutimos várias questões, acessibilidade, segurança, polícia militar,
floreiras, projeto social, etc.
ser feito.
DM: A Associação Paulista Viva reconhece a Av. Paulista como a via mais
significativa do ponto de vista do uso do espaço público? O que faz para manter
DM: Como foi pensado o reestudo em 2007? Mantém-se o usos dos isso?
espaços do subsolo? ML: Sim é a relação de pertencimento. Eles nos ligam para avisar tudo que
NM: Sim, porém com um grande calçadão no nível do térreo. acontece, como buraco na rua e falta de luz. As pessoas se sentem parte da Av.
Paulista.

DM: Qual o resultado do rebaixamento que está hoje? DM: Quais são os problemas enfrentados na conservação da avenida?
NM: A obra realmente foi feito um pedacinho, e nada disso prosseguiu ML: Cada época é um problema diferente, hoje temos a droga, o craqui. A
prefeitura criou uma lei para proteger os músicos, mas não regulamentou, o
a não ser a construção da avenida que foi interrompida com as funda- camelô é ilícito e se disfarça de artista, não paga imposto, traz sujeira, traz
ções feitas. O primeiro trecho foi inaugurado em 1971, o mesmo autor bandido de contrabando por traz.

do projeto da parte de engenharia foi nomeado prefeito.


DM: Como são planejados os eventos na Av. Paulista?
ML: São três eventos permitidos por ano, a Parada Gay, São Silvestre e Ano
207
Novo. Os outros eventos apresentaram problemas e foram proibidos.

DM: O que o metrô representa para Av. Paulista?


ML: Traz a maior diversidade, é uma avenida de tudo, da cultura, escritórios,
economia criativa, comércios, lojas, bares, restaurantes, enfim, gente 24h.

DM: Como se dá o comportamento das tribos? Skate, Gays, Boemia, etc...


ML: Lidamos muito bem, a Av. Paulista é democrática, recebe todo mundo,
homofobia tem em todo lugar. Tudo que acontece na Av. Paulista toma uma
proporção enorme.

DM: Quais são os projetos atuais?


ML: Temos projetos educacionais e de meio-ambiente. Temos um programa
na TV Estadão chamado “Pensar Paulista”.

DM: uais são os projetos futuros?


ML: Tentaremos usar as galerias subterrâneas, temos 20mil metros quadrados
de área desapropriada, poderiam ser usos interessantes.

208
2. Desenhos da Av. Paulista

Produzido pelo Grupo de Pesquisa – Análise de Paisagem Urbana: Um olhar


sobre a Av. Paulista na atualidade e a relação do edifício com a cidade / Unino-
ve, 2014.

209
210
2. Banner de Apresentação no Evento X Encontro de Ini-
ciação Científica da Uninove

Produzido pelo Grupo de Pesquisa – Análise de Paisagem Urbana: Umz olhar


sobre a Av. Paulista na atualidade e a relação do edifício com a cidade / Unino-
ve, 2013.

211
212
Mapeamento dos Casarões da Av. Paulista

Belvedere do Trianon Res. Von Büllow Horácio Espíndola


(Atual Masp) (Atual Ed. Paulicéia) (Atual TV e Teatro Gazeta, Fundação Casper Líbero)

Res. Família Cardoso de Almeida Res. Gabriela Dumont Villares Casarão Herculano de A. Prado Casarão José Borges de Figueiredo Casarão Egidio Pinotti Gamba
(Atual Ed. Panamericano) (Atual Ed. Central Park) (Atual Banco Central do Brasil) (Atual Elijass Stand Center) (Atual Ed. Nações Unidas)
(Atual Ed. Naçoes Unidas)

Residência Moritz Rotschild Horácio Sabino Residência Baronesa de Arari Residência Numa de Oliveira Casarão Abrão Andraus Casarão Azevedo Marques Casa das Rosas
(Atual Ed. Eloy Chaves) (Atual Conj. Nacional) (Atual Ed. Barão de Arari) (Atual Ed. Milan) (Ed. Santa Emilia)

Casarão Franco de Mello Villa Fortunata Nagib Salem


(Atual Parque Mario Covas) (Atual Fiesp)

Reprodução dos Casarões da Av. Paulista do primeiro período. Todas as imagens foram retiradas do Jornal Estadão. Fonte: Avenida Paulista - 120 anos de
transformações. Jornal Estadão, São Paulo, 7 dez. 2011. Infográficos. Disponível em http://www.estadao.com.br/especiais/avenida-paulista---120-anos-de-
transformacoes,154549.htm (acesso em 26/01/2014).
Linha do Tempo – 1º Período / 1890 a 1939
1890 1897 1903 1905 1906 1908 1914 1919 1922 1924 1925 1928

URB. Projeto de vias e URB. Alargamento do URB. Presença forte


lotes. Eng.º Joaquim passeio e calçamento dos casarões dos
Eugênio de Lima. de pedregulho. Pref. Barões do Café.
Antonio Prado.

ARQ. Residência ARQ. Fundado o ARQ. Residência ARQ. Inaugurado o ARQ. Inaugurada a ARQ. Projeto da Casa
ARQ. Início da construção Matarazzo. Arq. Instituto Pasteur. Franco de Mello. Arq. Hospital Santa Escola Estadual das Rosas. Arq.
dos Casarões dos Barões do Giulio Saltini e Arq.º Arq. Carlos Antonio Fernandes Pinto Catarina. Arq. Rodrigues Alves Arq. Ramos de Azevedo
Café. Luigi Mancini. Milanese. e Arq.º Marc Rubin. Maximilian Hehl. Ramos de Azevedo.

F.HIST. Início da 1ª F.HIST. Fundação da F.HIST. Semana de


Grande Guerra Bauhaus. Arte Moderna no
Mundial. (Término em Teatro Municipal
1918). de São Paulo.

EVE. Desfile de EVE. Corrida de EVE. Primeira corrida


carnaval. automóvel, uma de São Silvestre,
prática muito mantida até hoje.
comum na década
de 1920.
1929 1930 1935 1938 1939

URB. Presença forte dos URB. Parque Siqueira URB. Túnel 9 de Julho
casarões dos Barões do Campos (Trianon). (sob o Parque Trianon
Café. Arq.º Paul Villon, Arq. e Masp). Prefeito Eng.
Burle Marx e Arq.º Francisco Prestes
Clovis Olga. Maia.

ARQ. Construída a
Casa das Rosas. Arq.
F.HIST. O Eng. Prestes Ramos de Azevedo.
F.HIST. Queda do F.HIST. Fundação da F.HIST. Início da 2ª
preço do café com a Maia elabora o Plano de Universidade de São Grande Guerra
quebra da bolsa de Avenidas, que propõe Paulo – USP. Mundial. (Término em
Nova York. uma ampla reformulação 1945).
da planta da cidade, além
de novas vias destinadas
ao transporte coletivo, o
plano prevê a criação de
grandes parques, como o
Ibirapuera.

F.HIST. Getúlio Vargas


assume a presidência do
país.

URB. – Urbanização / ARQ. – Arquitetura / F. HIST. – Fatos Históricos / EVE. – Grandes Eventos
Linha do Tempo – 2º Período / 1940 a 1970
1940 1941 1943 1950 1951 1952 1953 1954 1956 1957 1958 1959 1961 1962

URB. Início da URB. Nessa URB. Projeto de


verticalização da avenida. década, São alargamento da Av.
Influência da Arquitetura Paulo se torna a Paulo, foi pensado
Moderna. maior metrópole e construído por
brasileira. iniciativa da
prefeitura de São
Paulo.

ARQ. Ed. Anchieta. ARQ. Ed. Saint - ARQ. Edifícios Chipre ARQ. Edifício ARQ. Edifício ARQ. Ed. Savoy. ARQ. Edifício ARQ. Início das ARQ. Edifício Quinta ARQ. Ed. Milan. Arq. ARQ. Banco Itaú.
Arquitetos Marcelo, Honoré. Arq. e Gibraltar. Arq. Três Marias. Nações Escritório Ramos multifuncional do obras dos MASP. Avenida Arq. Pedro Jacques Pilon. Arq. Rino Levi,
Maurício e Milton João Artacho Giancarlo Palanti. Arq. Abelardo Unidas. Arq. de Azevedo e Arq. Conjunto Nacional. Arq. Paulo M. Saraiva e Arq. Roberto
Roberto. Jurado. Reidy de Abelardo Severo Villares. David Libeskind. Arq. Miguel Juliano. Ed. Scarpa. Arq. Cerqueira César
Souza. Reidy de Jorge Nasser. e Arq. Luis
F.HIST. I Bienal F.HIST. Ed. Dumont Adams. Roberto C.
Souza.
Internacional de São Inauguração do Arq. Plinio Adams. Ed. Grande Avenida.
Franco.
Paulo. Parque do Arq. Lucjan Korngold
F.HIST. 2ª
Ibirapuera. Edifício Paulicéia Arq. e Arq. Abelardo
Guerra
Projeto do Arq. Jaques Pilon e Arq. Gomes de Abreu.
Mundial.
Oscar Niemeyer. Giancarlo Gasperini.

F.HIST. Juscelino
Kubitschek assume a
presidência e inicia a
construção de Brasília.
1963 1964 1965 1966 1967 1968 1969

URB. Projeto URB. Inauguração da


Estrutural para Linha Azul do metrô.
o Metrô de
São Paulo.
Escritório de
Eng.
Figueiredo
Ferraz.

ARQ. Estrutura ARQ. Ed. Maria ARQ. Ed. Parque ARQ. Ed. Numa De ARQ. Ed. Loouis ARQ. Nascimento do ARQ. Fiesp. Arq.º
protendida: José. Construtora Avenida. Escritório Oliveira. Arq. Pasteur. Arq. MASP, com uma Rino Levi.
vão de 74m no Riskalah. Aflalo e Gasperini. Severo Villares. Paulo Taufic ampla área pública no
MASP, recorde Camasmie. pavimento térreo. Ed. Barão de Ouro
para época. Ed. Avenida Paulista. Arq. Lina Bo Bardi. Branco. Arq.º
F.HIST. Início da Arq. Lucjan Korngold F.HIST. Salvador Candia
Escritório de
Ditadura Militar no e Abelardo Gomes Movimento Banco Panamericano.
Eng.
Brasil. de Abreu. Tropicália, novo Arq. Sidônio Porto e Ed. Santa Felipa. Arq.º
Figueiredo
pensamento Rocha Diniz. Ramos de Azevedo e
Ferraz.
política, busca Arq.º Severo Villares.
de mudanças Ed. Ouro Verde.
Construtora Alberto F.HIST. Movimento
culturais e
Nagib Riskallah. Brutalista, décadas de
transformações
1950 e 1960, proposta
estéticas e
de edifícios com o
políticas da
sistema construtivo
época.
aparente,
especialmente o
concreto armado.

URB. – Urbanização / ARQ. – Arquitetura / F. HIST. – Fatos Históricos / EVE. – Grandes Eventos
Linha do Tempo – 3º Período / 1971 – 1989
1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1980 1981 1982 1983

URB. Projeto Nova URB. Primeiro projeto URB. Projeto de URB. Inaugurada a
Paulista, proposta de paisagístico para as Comunicação Visual linha Vermelha
rebaixamento da via. calçadas da Av. Paulista, para o Metrô de São (Leste-Oeste).
urbanista Nadir paisagista Rosa Kliass. Paulo. Designer João
Mezerani. Carlos Cauduro.

ARQ. Ed. Barão de Serro ARQ. Torre da ARQ. Edifício Olivetti. ARQ. Edifício Pedro ARQ. Ed. Asahi. Arq. ARQ. Ed. Barão de ARQ. Ed. Eluma. ARQ. Ed. ARQ. Banco ARQ. Ed. Justiça ARQ. Edifício
ARQ. Ed. Winston Paulista. Arq.º Arq. Telésforo Cristofani Biagi. Arq. Mauricio Paulo Casé e Arq.º Itatyaia. Arq. Gomes de Arq. Charles Itautec. Central do Federal. Arq.
Azul. Arq. Roger Zmekhol. 407.
Churchill. Arq.º Edson Jorge Zalszupin e Kogan e Arq.º Luis Luis Acioli. Almeida Fernandes. Bosworth. Arq. Brasil. Arq. Miriam Nabus Escritório
Ed. Paulista I. Arq. Musa e Arq.º Jaci Arq. José, ARQ. Ed. Paulista 475. Andrade Mattos Dias Salvador Helio Ferreira Maluf e Arq.º Aflalo e
Telésforo Cristofani. Hargreaves. Gugliotta Construtora Toda ARQ. Ed. Nova ARQ. Ed. Barão De Candia. Pinto. Shinobu Kuze. Gasperini.
ARQ. Ed. Viking. Arq. Avenida. Arq. Roger Cristina. Arq. Roberto
Ed. Central Park. Arq. ARQ. Ed. Patrimônio ARQ. Estrutura
ARQ. Ed. Francisco Beck. Zmekhol. Sister.
Sidônio Porto e Arq.º Paulista. Arq. Roger protendida: vão de
Theobaldo de
Rocha Diniz. Zmekhol. 74m no MASP, ARQ. Ed. Conde Andréa
Nigris. Arq. Rino
recorde para época. Matarazzo. Arq. Roger
Levi.
ARQ. Ed. Mário Wallace Escritório de Eng. Zmekhol.
Cochrane. Arq. Carlos Figueiredo Ferraz.
Bratke. ARQ. Ed. 2000. Arq.
ARQ. Banco Mauricio Kogan.
ARQ. Ed. Barão de Mercantil do Brasil.
Amparo. Arq. Salvador Arq. Jorge Zalszupin ARQ. Edifício Top
Candia. e Arq. José Center. Arq. Jorge
Gugliotta. Salzupin e Arq.º José
ARQ. Banrisul. Arq.º Sami Guagliotta.
Bussab e Arq. Satoru
Nagai.

ARQ. Ed. Eloy Chaves.


Arq. Antonieta Chaves
Cintra Gordinho.
1984 1985 1986 1987 1988

ARQ. TRF. Ed. Cetenco ARQ. Ed. José Martins ARQ. Agência Banco Edifício FUNCEF. Arq. ARQ. Edifício Nassib
Plaza. Arq. Rubens Borges. Safra. Arq. Sidônio Samuel e Arq. José Mofarrej. Arq. Emilio
Carneiro Viana e Arq.º Porto. Magalhães. Guedes Pinto.
Ricardo Sievres.
Banco Itaú- Unibanco. Banco Sudameris.
ARQ. Consulado Geral Arq. Ricardo Julião. Escritório Aflalo e
F. HIST. Término da
da Itália. Arq. Ditadura Militar no Gasperini.
Gilberto del Sole e Brasil.
Arq. Ricoy Torres. Banco Safra. Arq.
Mauricio Kogan.
F. HIST. Comício das Ed. Citibank. Escritório
Diretas Já, na Praça da Aflalo e Gasperini.
Sé.

URB. – Urbanização / ARQ. – Arquitetura / F. HIST. – Fatos Históricos / EVE. – Grandes Eventos
Linha do Tempo – 4º Período / 1990 – 2014
1990 1992 1993 1996 1997 2000 2001 2002 2003 2007 2008

URB. Inauguração do URB. Reestudo do URB. Concurso para URB. Prêmio Cauê, URB. Projeto Primavera URB. Outro
Metrô da Linha Verde no projeto Nova Paulista Revitalização da Av. referente ao projeto na Paulista, criação de reestudo para o
trecho da Av. Paulista. considerando o metrô. Paulista. 1º Lugar – Calçadas Avenida floreiras. Instituto Projeto Nova
Urbanista Nadir Arq. José Magalhães. Paulista. 1º Lugar – Arq. Paulista Viva. Paulista Urbanista
Mezerani. José Magalhães. Nadir Mezerani e o
Segundo Projeto escritório
Paisagístico para as Figueiredo Ferraz.
calçadas da Av. Paulista e
nova proposta para ARQ. Torre João
ARQ. Edifício Parque ARQ. Ed. São Luiz ARQ. Projeto de Praça Oswaldo Cruz. Arq. Salem. Arq.º
Cultural Paulista, (junto a ARQ. Edifício Pedro Biagi. Gonzaga. Arq.º recuperação Rosa Kliass. Jorge Munif
Casa das Rosas.) Arq. Julio Arq.º Mauricio Kogan e ARQ. Demolição da Edson Musa e Arq.º estrutural do MASP.
Abussamra.
Neves e Paisagismo de Arq. Luis Andrade Mattos Residência Matarazzo. Jaci Hargreaves. Escritório de
Brule Marx Dias Engenharia
ARQ. Ed. Bela Figueiredo Ferraz. ARQ. Ed. Alberto
Bongiglioli. Arq. Julio F.HIST. Comemorações
ARQ. Torres Jorge Flores ARQ. Instituto Itaú Paulista. Arq.º
Neves. da vitória do Penta
e Luis Simões. Arq. Julio Cultural. Arq.º Ernest Francisco Beck e Ary
F.HIST. - Grande Campeonato do Brasil na
Neves. Mange. de Queiroz Barros.
manifestação e greve Copa do Mundo.
dos professores na
F.HIST. - A Avenida ARQ. Ed. Bradesco
Av. Paulista.
Paulista foi eleita pelos Seguroes. Arq.º Luis
paulistanos como símbolo Paulo Conde.
da cidade de São Paulo.
ARQ. Edifício Top Center.
Arq.º Jorge Salzupin e
Arq.º José Guagliotta. ARQ. - Ed. CYK - Com.
Yerchanik Kissajikian.
F.HIST. - Manifestação Arq. Mauricio Kogan.
dos "Caras Pintadas"
contra o Governo Collor.
EVE. - Primeira EVE. - Corrida de São
Marcha para Jesus. Silvestre - deficientes.
EVE. - Primeira
Parada do Orgulho
Gay.
2009 2010 2011 2012 2013 2014

URB. Implantação da Linha


de Metrô Amarela,
cruzando com a estação
Consolação.

URB. Inauguração do
Parque Mário Covas.

ARQ. Ed. Paulista ARQ. Ed. Elijass


500 - Jorj Petrus Kliksmanis. Arq.º Julio
Kalman. Neves.

ARQ. Edifício Santa F. HIST. F. HIST. Grandes F. HIST. Copa do


Catarina. Arq.º Ruy Otake. manifestações contra Mundo de futebol
Comemoração da o aumento da tarifa no Brasil.
ARQ. Ed. Bela Paulista. eleição do Prefeito de ônibus, o qual foi
Arq.º Francisco Beck e Fernando Haddad conquistado.
Arq.º Ary de Queiroz para São Paulo.
Barros. F. HIST. Diversas
manifestações da
ARQ. Ed. Center 3. Arq.º
juventude em busca
Ruy Otake.
do uso correto do
dinheiro público.

URB. – Urbanização / ARQ. – Arquitetura / F. HIST. – Fatos Históricos / EVE. – Grandes Eventos

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