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ANNA KARLA TRAJANO DE ARRUDA

PRESERVAÇÃO E GESTÃO DO
PATRIMÔNIO CONSTRUÍDO:
A CONTRIBUIÇÃO DO
HERITAGE INFORMATION SYSTEM

Salvador (BA),
Julho de 2013
Universidade Federal da Bahia – UFBA
Faculdade de Arquitetura
Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo

PRESERVAÇÃO E GESTÃO DO
PATRIMÔNIO CONSTRUÍDO: A CONTRIBUIÇÃO DO
HERITAGE INFORMATION SYSTEM

Anna Karla Trajano de Arruda

Orientador: Prof. Dr. Arivaldo Leão de Amorim

Salvador - BA
Julho, 2013
Anna Karla Trajano de Arruda

PRESERVAÇÃO E GESTÃO DO
PATRIMÔNIO CONSTRUÍDO: A CONTRIBUIÇÃO DO
HERITAGE INFORMATION SYSTEM

Tese apresentada ao Programa de Pós-


graduação em Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Federal da Bahia como
requisito parcial para a obtenção do título de
Doutor em Arquitetura e Urbanismo.

Salvador – BA
Julho, 2013
Faculdade de Arquitetura da UFBA - Biblioteca

A779 Arruda, Anna Karla Trajano de.


Preservação e gestão do patrimônio construído: a contribuição do Heritage
Information System / Anna Karla Trajano de Arruda. 2013.
307 f. : il.

Orientador: Prof. Dr. Arivaldo Leão de Amorim.


Tese (doutorado) - Universidade Federal da Bahia, Faculdade de
Arquitetura, 2013.

1. Arquitetura - Monumentos - Conservação e restauração - Cachoeira (BA).


2. Patrimônio Cultural - Sistemas de informação geográfica - Cachoeira (BA). 3.
Sítios históricos - Cachoeira (BA) - Sistemas de informação geográfica. I.
Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Arquitetura. II. Amorim, Arivaldo
Leão de. III. Título.

CDU: 72.025 (813.8)


Aos Mestres, pela luz divina que me guiou
e a Kleber, in memorium
AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo dom da vida, eu dou graças sempre!

À Socorro, minha mamãe, à Gladston, meu irmão e à Maria, minha bá, agradeço o
amor da família que existe entre nós, minha fortaleza para que eu realize todos os
meus projetos de vida.

Ao meu mestre e amigo Portugal, o meu eterno carinho e gratidão por, desde do
início da minha formação como arquiteta, ter acompanhado minha trajetória
profissional e acadêmica, sempre me incentivando a superar todos os obstáculos e
desafios, e compartilhando comigo as alegrias e vitórias.

Aos meus queridos amigos da "confraria pernambucana", Miguel Pedro, Marcio


Brito, Nilton Ribas e Claudio David, pela constante torcida pelo sucesso desse
doutorado.

À CAPES, pelo importante auxílio da bolsa de doutorado durante os dois primeiros


anos do curso.

Ao meu orientador, professor Arivaldo Leão de Amorim, pela recepção e


acolhimento fazendo-me um dos integrantes do grupo de pesquisa LCAD, pelo
incondicional apoio e incentivo à minha pesquisa disponibilizando todos os recursos
possíveis, além da paciência e compreensão nos momentos de dificuldade e da
amizade construída ao longo desses quatro anos do doutorado.

Aos professores, Eugênio Lins, Gilberto Corso e José Luiz Portugal, por aceitarem
prontamente o convite de fazer parte da banca examinadora e pelas valiosas
contribuições ao trabalho na fase de qualificação da tese e a indicação de
referências bibliográficas relevantes ao longo da pesquisa. Ao professor Nivaldo
Vieira de Andrade Junior por também aceitar o convite de compor a banca
examinadora na defesa final da tese.

À Silvandira, a Telmo e Cleyton, pela simpatia e presteza com que sempre


atenderam a todos os alunos na secretaria do PPG-AU.

Aos colegas e professores do Colegiado do Curso de Graduação em Arquitetura e


Urbanismo (Curso Noturno) da FAUFBA, pelo apoio nas atividades administrativas e
docentes, possibilitando a minha dedicação à tese.
Ao IBGE - Unidade Estadual da Bahia, através da Gerencia de Geodésia e
Cartografia, e à 7a Superintendência Regional do IPHAN, pela disponibilização de
dados necessários ao desenvolvimento desta pesquisa.

Ao IPAC, por gentilmente ter cedido suas instalações Cachoeira para a hospedagem
do grupo de pesquisa nas missões de campo para levantamento de dados.

Aos amigos e professores, Artur Caldas, Mauro Alixandrini e Vivian Fernandes, do


Curso de Graduação em Engenharia de Agrimensura e Cartográfica - Departamento
de Transportes da EPUFBA, pelo companheirismo durante o desenvolvimento do
trabalho e apoio nos levantamentos de campo e processamento dos dados.

Aos colegas arquitetos, Gabriela Sampaio e Nivaldo Andrade, que diante de suas
experiências profissionais junto ao IPHAN, dedicaram parte de seu tempo a discutir
comigo e fazer reflexões sobre as questões de preservação e gestão do patrimônio,
ampliando minha visão a respeito do tema.

Aos amigos José Gleidson Dantas e Almir Queiroz pelas contribuições no


desenvolvimento do website para o HIS Cachoeira, compartilhando comigo a ideia
de aplicar novas tecnologias a favor do planejamento urbano e do patrimônio
cultural.

Aos colegas pesquisadores e bolsitas do LCAD, pela união e colaboração em todas


as atividades desenvolvidas pelo Laboratório e disponibilidade de dados de suas
pesquisas, contribuindo significativamente ao desenvolvimento desse trabalho. Em
especial, aos amigos Taís de Souza Santos, James Francis, Isa Maciel, Vanessa
Sosnierz, Bruno Leão, Aline Guimarães, Agenor Simões, Alessandro Costa, Fabiano
Mikalauskas, Natalie Groeteelars, Érica Checcucci e Ana Paula Pereira, pelo
companheirismo durante todo o percurso desse trabalho.

Enfim, a todos, muito obrigada!


"Não há realidade, só percepções..."
Roland Barthes
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System

Anna Karla Trajano de Arruda

ARRUDA, A. K. T. Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a


contribuição do Heritage Information System. 2013. 302 f. Tese (Doutorado em
Arquitetura e Urbanismo) - Faculdade de Arquitetura, Universidade Federal da
Bahia. Salvador, 2013.

RESUMO

Ao longo dos anos o patrimônio cultural, sempre associado a identidade e a


memória, passou por transformações semânticas, a medida que se ampliou a sua
compreensão para além do monumento, abrangendo não só o que é construído,
mas também valores intangíveis, como tradições, saberes e fazeres, e a própria
paisagem. Considerando especificamente o patrimônio construído, representado
pelas edificações e sítios históricos, nota-se que a sua documentação através de
inventários culturais, passou por significativas mudanças frente às possibilidades de
emprego das tecnologias digitais na identificação e conhecimento dos bens culturais,
como instrumento para a sua proteção. Nesse contexto, atualmente, agências como
a UNESCO e o ICOMOS, além de centros de pesquisa de vários países, enfatizam o
uso da tecnologia Geographic Information System (GIS) como importante ferramenta
para aquisição, armazenamento, gerenciamento, análise e visualização de dados
sobre os sítios históricos, para o desenvolvimento de um sistema de informações
culturais georreferenciadas disponibilizado na web, internacionalmente conhecido
como Heritage Information System (HIS), a fim de ser utilizado na elaboração de
programas, planos e projetos voltados à preservação e gestão do patrimônio
construído. Destarte, o presente trabalho discute a modelagem e implementação de
um HIS para os Sítios Históricos da Bahia, considerando os padrões de modelagem
CIDOC CRM e CityGML, respectivamente, nos processos de documentação do seu
conjunto arquitetônico e de geração de modelos geométricos urbanos do sítio. O
modelo conceitual do HIS foi elaborado, observando os métodos e técnicas da área
de conhecimento de Projetos e Análises de Sistemas. Para validação do modelo,
optou-se por trabalhar com um estudo de caso, sendo escolhido o Conjunto
Arquitetônico e Paisagístico da cidade de Cachoeira, tombada como Monumento
Nacional, a partir do desenvolvimento de um protótipo denominado HIS Cachoeira. A
primeira versão do HIS Cachoeira permite consultas a um banco de dados espaciais
para a visualização dos dados descritivos e arquivos multimídia das edificações, e a
realização de análises espaciais sobre o sítio históricos através da produção de
mapas temáticos, relatórios e gráficos estatísticos. O HIS Cachoeira está disponível
no website (www.acervocachoeira.ufba.br) que, após a sua avaliação e
consolidação, será publicado para atender a planejadores, técnicos e gestores
ligados aos órgãos de proteção, além de estudantes, professores, pesquisadores e
turistas interessados em conhecer o patrimônio histórico de Cachoeira. Dessa forma,
contribui-se também para uma formação cidadã que, em última análise, reflete na
preservação e conservação do conjunto arquitetônico e paisagístico da cidade.

Palavras-chave: Preservação do Patrimônio. Monumentos e Sítios Históricos.


Documentação Arquitetônica. Tecnologias Digitais. Geographic Information System.
Heritage Information System.
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System

Anna Karla Trajano de Arruda

ABSTRACT

While always associated with identity and memory, cultural heritage has undergone
semantic transformations over the years. The understanding of heritage has widened
beyond the monument, today covering not only what is built, but also intangibles
such as traditions, knowledge and practices, and the landscape itself. Looking
specifically at constructed heritage represented by buildings and historical sites, note
that the way cultural inventories are documented has undergone significant changes
due to the employment of digital technologies in the identification and understanding
of cultural property as a tool for protection. In this context, agencies such as
UNESCO and ICOMOS, along with research centers in several countries, currently
emphasize the use of Geographic Information System (GIS) technology as an
important tool for the acquisition, storage, management, analysis, and visualization of
data. The sites historical development is entered into a system of cultural
georeferenced information available on the web, internationally known as the
Heritage Information System (HIS), to be used in the development of programs,
plans and projects aimed at the preservation and management of built heritage. This
paper discusses the modeling and implementation of HIS for Historical Sites of
Bahia. The sites are documented with Architectural and 3D urban geometric models
are generated in conformance with the standards of CIDOC CRM, and CityGML,
respectively. The conceptual model of HIS was developed by observing techniques
used in the discipline of Project and Systems Analysis. In order to empirically validate
the model, we chose to work with a case study on the Architecture and Landscape of
the city of Cachoeira, a declared National Monument, using the development of a
prototype site called HIS Cachoeira. The first version of HIS Cachoeira allows for
queries in a spatial database of visualization of descriptive data and multimedia files
relating to buildings, in addition to performing spatial analysis on the historical site
through the production of thematic maps, reports and statistical charts. HIS
Cachoeira is available on the website (www.acevocachoeira.ufba.br) which, after
evaluation and consolidation, will be published to meet the needs of planners,
technicians and managers linked to protection agencies, and also the students,
teachers, researchers and tourists interested in learning about the heritage of
Cachoeira. Thus contributing to the civic education that ultimately influences the
preservation and conservation of the architecture and landscape of the city.
Keywords: Heritage Preservation. Monuments and Historical Sites. Architectural
Documentation. Digital Technologies. Geographic Information System. Heritage
Information System.
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System

Anna Karla Trajano de Arruda

RESUMEN

Con los años el patrimonio cultural, siempre estuvo asociado con la identidad y la
memoria de un lugar; sin embargo, ha sufrido transformaciones semánticas, que
ampliaron el conocimiento de la herencia más allá del monumento, y que hoy abarca
no sólo lo que se construye, sino también los valores intangibles como las
tradiciones, conocimientos, prácticas, y el propio paisaje. Considerando
específicamente el patrimonio representado por los edificios y sitios históricos, se
observa que la documentación, a través de los inventarios culturales, también ha
sufrido cambios significativos debido a la posibilidad de emplear las tecnologías
digitales en la identificación y comprensión de los bienes culturales, como una
herramienta para su protección. En este contexto, en la actualidad, los organismos
como la UNESCO y el ICOMOS, y centros de investigación de varios países, hacen
hincapié en el uso de la tecnología de Sistema de Información Geográfica (SIG)
como una herramienta importante para la adquisición, el almacenamiento, la gestión,
el análisis y la visualización de datos sobre sitios históricos, para el desarrollo de un
sistema de información cultural georeferenciada, disponibles en la web,
internacionalmente conocido como Sistema de Información del Patrimonio (HIS); con
la finalidad de ser utilizado en el desarrollo de los programas, planes y proyectos
para la conservación y gestión del patrimonio construido. Por lo tanto, este trabajo
analiza el modelado y la implementación de un HIS de Sitios Históricos de Bahia,
teniendo en cuenta el CIDOC CRM y CityGML estándar respectivamente, en los
procesos de toda la documentación de los conjuntos arquitectónicos y de creación
de modelos urbanos 3D. El modelo conceptual del HIS se ha desarrollado mediante
la observación de los métodos y técnicas en el área de Sistemas de Proyectos y
Análisis. Para validar el modelo, como objeto empírico, se optó por trabajar con un
estudio de caso, siendo seleccionado el conjunto arquitectónico y paisajístico de la
ciudad de Cachoeira, declarada Monumento Nacional, mediante el desarrollo de un
prototipo llamado HIS Cachoeira. La primera versión del HIS Cachoeira está en
desarrollo y permite las consultas a una base de datos espaciales con la
visualización de información descriptiva y archivos multimedia de los edificios,
además de realizar el análisis espacial del sitio histórico al producir mapas
temáticos, informes y los gráficos estadísticos. HIS Cachoeira está disponible en el
sitio web www.acervocachoeira.ufba.br, después de su evaluación y consolidación,
será publicado para satisfacer no sólo a los planificadores, técnicos y directivos
vinculados a organismos de protección, sino también a los estudiantes, profesores,
investigadores y turistas interesados en conocer el patrimonio histórico de
Cachoeira. De este modo, también se contribuye a la educación cívica, que refleja
en última instancia en la preservación y conservación del conjunto.

Palabras-clave: Preservación del Patrimonio. Monumentos y Sitios Históricos.


Documentación arquitectónica. Tecnologías Digitales. Sistema de Información
Geográfica. Sistema de Información sobre el Patrimonio.
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System

Anna Karla Trajano de Arruda

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADE Application Domain Extensions

AGILE Association of Geographic Information Laboratories for Europe

Agritempo Sistema de Monitoramento Agrometeorológico

AL Estado de Alagoas

ALS Airbone Laser Scanning

AM Estado do Amazonas

BA Estado da Bahia

BAHIATURSA Empresa de Turismo da Bahia S. A.

BCI Boletim de Cadastro Imobiliário

BD Banco de Dados

BDE Banco de Dados Espaciais

BID Banco Interamericano de Desenvolvimento

BIM Building Information Modeling

BNB Banco do Nordeste do Brasil

CA Código Aberto

CAD Computer-aided Design

CADIMO Cadastro Imobiliário

CADLOG Cadastro de Logradouro

CAAD Computer-aided Architectural Design

CAHL Centro de Artes, Humanidades e Letras da UFRB

CCS Centro de Ciências da Saúde da UFRB

CFP Centro de Formação de Professores da UFRB

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CAR Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional do Estado da Bahia

CASE Computer Aided Software Engineering

CE Estado do Ceará
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System

Anna Karla Trajano de Arruda

CEAB Centro de Estudos de Arquitetura na Bahia da UFBA

CETEC Centro de Ciências Exatas Tecnológicas da UFRB

CHIS Cultural Heritage Information System

CIAM Congresso Internacional da Arquitetura Moderna

CIDOC International Committee for Documentation

CIDOC CRM CIDOC Conceptual Reference Model

CIPA International Committee for Documentation of Cultural Heritage

CityGML City Geography Markup Language

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CNRC Centro Nacional de Referência Cultural

COELBA Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia

CONCAR Comissão Nacional de Cartografia

CONDER Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia

CPD Centro de Processamento de Dados da UFBA

CPR-PDU Comissão Pró-Revisão do Plano Diretor Urbano de Cachoeira

CRM Cultural Resource Management

CS-W Catalog Service

DAAD Deutscher Akademischer Austauschdienst

DBA Database Administrator

DBDG Diretório Brasileiro de Dados Geoespaciais

DEPAM Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização do IPHAN

DPHAN Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

DSM Dense Surface Modeling

EMBASA Empresa Baiana de Águas e Saneamento S. A.

EMBRATUR Empresa Brasileira de Turismo

ER Entidade-Relacionamento

EuroSDR European Spatial Data Research Network

FAUFBA Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System

Anna Karla Trajano de Arruda

FLICA Festa Literária Internacional de Cachoeira

FPACBA Fundação do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia

FIG Fédération Internationale des Geomètres

FNpM Fundação Nacional Pró-Memória

FUNCEME Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos

GDI NRW Spatial Data Infrastructure North Rhine Westphalia

GIS Geographic Information Systems

GML Geography Markup Language

GO Estado de Goiás

GPS Global System Position

GNSS Global Navigation Satellite System

GRAU Grupo de Restauração e Renovação Arquitetônica e Urbana

HBIS Historic Building Information System

HGIS Heritage Geographical Information System

HHIMS Historic Heritage Information Management System

HiMAT History of Mining Activities in the Tyrol and Adjacent Áreas: Impact on
Environment & Human Societies

HIS Heritage Information System

HTML HyperText Markup Language

IBA Inventário de Bens Arquitetônicos

IBPC Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICCROM International Centre for the Study of the Preservation and Restoration
of Cultural Property

ICOM Internacional Council of Museums

ICOM-CIDOC Documentation Standards Working Group

ICOMOS Internacional Council on Monuments and Sites

IFC Industry Foundation Classes

ILPES Instituto Latino-Americano de Planificação Econômica e Social

IMU Inertial Measurement Unit


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System

Anna Karla Trajano de Arruda

INBI-SU Inventário Nacional de Bens Imóveis e Sítios Urbanos Tombados

INCEU Inventário de Configuração de Espaços Urbanos

INDE Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais

INRC Inventário Nacional de Referências Culturais

ISO TC211 Technical Committee Geographic information/Geomatics da


International Organization for Standardization

IPAC Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia

IPAC-BA/ SIC Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia, Secretaria de


Comércio e Indústria

IPCE Inventário de Proteção do Patrimônio Europeu

IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

ISPR International Society for Photogrammetry and Remote Sensing

KIT Karlsruhe Institute of Technology

KML Keyhole Markup Language

LABGEO Laboratório de Geomensura Theodoro Sampaio da EPUFBA

LCAD Laboratório de Computação Gráfica Aplicada à Arquitetura e ao


Desenho da FAUFBA

LoD Level of Details

MA Estado do Maranhão

MEC Ministério da Educação

MDT Modelo Digital de Terreno

MG Estado de Minas Gerais

MinC Ministério da Cultura

MS Estado do Mato Grosso do Sul

NCGIA National Center for Geographic Information and Analysis

NIST Nacional Institute of Standarts and Technology

NRP Número de Referência do Patrimônio

OGC Open Geospatial Consortium

OO Orientação a Objeto

OPAS Organização Panamericana de Saúde


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Anna Karla Trajano de Arruda

PA Estado do Pará

PAC Programa de Aceleração do Crescimento

PCH Programa Integrado de Reconstrução das Cidades Históricas

PCL Projetos e Consultoria Ltda

PDA Personal Digital Assistant

PDU Plano Diretor Urbano

PDDU Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano

PDF Portable Document Format

PE Estado de Pernambuco

PI Estado do Piauí

POI Points of Interest

PPG-AU Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da


FAUFBA

PRODESCA Programa de Desenvolvimento Integrado da Cidade Monumento de


Cachoeira

PRODUR Programa de Desenvolvimento Municipal e Infraestrutura Urbana

RJ Estado do Rio de Janeiro

RS Estado do Rio Grande do Sul

SAD 69 South American Datum de 1969

SEAV Sociedad Espanhola de Arqueologia Virtual

SC Estado de Santa Catarina

SE Estado de Sergipe

SEI Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia

SGB Sistema Geodésico Brasileiro

SGBDE Sistema Gerenciador de Banco de Dados Espaciais

SICG Sistema Integrado de Conhecimento e Gestão

SIG Sistema de Informações Geográficas

SIG 3D Special Interest Group 3D

SIMEPAR Sistema Meteorológico do Paraná

SIRGAS Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas


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SMI Sistema Municipal de Informações

SNIIC Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais

SNC Sistema Nacional de Cultura

SP Estado de São Paulo

SQL Structured Query Language

SPHAN Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

SUDENE Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste

TIC Tecnologia da Informação e Comunicação

TLS Terrestrial Laser Scanning

TO Estado do Tocantins

UCGIS University Consortium for Geographic Information Science

UDMS Urban Data Management Society

UFRB Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

UML Unified Modeling Language

UTM Universal Transverse Mercator

VANT Veículo Aéreo Não Tripulado

VRML Virtual Reality Modeling Language

W3C World Wide Web Consortium

WCTS Web Coordinate Transformation Service

WSDL Webservice Description Language

WFS Web Feature Service

WPS Web Processing Service

XML eXtensible Markup Language

ZGP1 Zona com Grau de Proteção 1

ZGP2 Zona com Grau de Proteção 2


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Anna Karla Trajano de Arruda

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Diagrama da metodologia de pesquisa da tese 38

Figura 2 - Ficha de inventariação do patrimônio arquitetônico, modelo do Guidance on 49


Inventory and Documentation of the Cultural Heritage

Figura 3 - Exemplo da Ficha de Cadastro de Imóveis do IPAC - BA/SIC (frente e 61


verso)

Figura 4 - INBI-SU: ficha de características arquitetônicas, para levantamento de 64


dados

Figura 5 - INBI-SU: tela principal, versão digital 65

Figura 6 - INBI-SU: tela para cadastramento de lotes, versão digital 66

Figura 7 - INBI-SU: modelo do Formulário Geral do Sítio Urbano 67

Figura 8 - INBI-SU Tiradentes: exemplo dos dados as edificações, publicados em 69


"Série Cidades Históricas, Inventário e Pesquisa"

Figura 9 - Ficha M03.01 do Módulo Cadastro, SICG - IPHAN 71

Figura 10 - Modelo funcional do GIS 96

Figura 11 - Integração em BD e GIS: (a) arquitetura dual e (b) arquitetura integrada 98

Figura 12 - Ortofoto e elevação de uma quadra do Centro Histórico de Lençóis - BA, 102
obtidas por restituição fotogramétrica e vetorização em programas CAD

Figura 13 - Modelos geométricos da Capela Nossa Senhora da Escada, Salvador - 102


BA: (a) modelo wireframe; (b) modelo fotorrealístico

Figura 14 - Levantamento fotogramétrico digital do Centro Histórico de Nicosia - 103


Chipre: (a) ortofotos das fachadas georreferenciadas; (b) elevação da
quadra obtido por vetorização em programa CAD; (c) mapa com os
pontos das tomadas fotográficas do levantamento realizado

Figura 15 - Modelo de nuvem de pontos de edificações do Pelourinho (Salvador - 104


BA), gerado a partir de fotografias aéreas tomadas com Veículo Aéreo
Não Tripulado (VANT)

Figura 16 - Laser Scanner móvel para aplicações terrestres: (a) modelo Lynx Mobile 107
Mapper; (b) nuvem de pontos de edificação histórica e seu entorno
(localização não indicada)

Figura 17 - Nuvem de pontos do Largo do Cruzeiro e Igreja de São Francisco, 108


Salvador - BA: (a) levantamento do Largo do Cruzeiro; (b) fachada
principal da Igreja; (c) detalhes das envasaduras da fachada e do interiro
da nave principal
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System

Anna Karla Trajano de Arruda

Figura 18 - Nuvem de pontos da Basílica do Santo Sepulcro em Jerusalém - Israel: 109


(a) scanner 3D diante e visualzação dos dados obtidos; (b) interior da
Capela do Gólgota; (c) cobertura da Capela de Santa Elena; (d) interior e
detalhe das estruturas da Capela de Santa Elena

Figura 19 - Diagrama de fluxo de dados para 3D GIS 112

Figura 20 - Visualização e consulta espacial do sítio histórico e elementos 113


arqueológicos de Copan - Honduras, utilizando a ferramenta
QueryArch3D

Figura 21 - Navegação e consulta de dados na QueryArch3D, a partir de interação 113


gestual

Figura 22 - Arquitetura cliente-servidor: componentes Web GIS com ilustração em 114


azul

Figura 23 - WebGIS da cidade de Tarragona, com visualização de dados históricos 116


no Google Maps e StreetView

Figura 24 - Esquema da cloud computing (computação em nuvem) 117

Figura 25 - Arquitetura de sistema para Cloud GIS proposta por Bhat e colaboradores 119
(2011)

Figura 26 - Projeto Antakya - Turquia: interfaces do HIS, desenvolvido com a 125


ferramenta ArcGIS: (a) overlay de mapas históricos (b) modelo
geométrico do sítio; (c) consulta espacial; (d) fotografia associada a base
de dados

Figura 27 - Metamodelo do Heritage Information System - HIS 126

Figura 28 - Projeto Ancyra, Università Politecnica delle Marche - Itália: (a) formulário 128
para entrada de dados de inventário; (b) formulário para inserção de
metadados da fotografia

Figura 29 - Centro histórico de Cantù - Itália: 3D GIS com análises históricas, nível de 129
conservação e transformação dos edifícios

Figura 30 - Web GIS do Piano di Protezione del Comune di Manfredonia - Itália 129

Figura 31 - Projeto ARKAS, Portal ZRC SAZU, República da Eslovênia 130

Figura 32 - Templo de Augusto (Projeto Ancyra, Università Politecnica delle Marche - 131
Itália): (a) modelo geométrico visualizado no Google Earth; (b) modelo
publicado no 3D Warehouse Network

Figura 33 – Metaesquema do CIDOC CRM 138

Figura 34 - Projeto HiMAT: (a) principais classes CRM; (b) propriedades CRM com 140
relacionamentos entre as classes; (c) Thesaurus com as atividades de
cada classe
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System

Anna Karla Trajano de Arruda

Figura 35 - Projeto HiMAT: (a) esquema da estrutura de dados; (b) interface para 141
entrada de dados e metadados

Figura 36 - Projeto HiMAT: (a) Interface Web GIS; (b) visualização simultânea da 142
recuperação de dados: atributos, gráficos estatísticos e imagem

Figura 37 - Ilustração dos cinco níveis de detalhes definidos pelo CityGML 145

Figura 38 - Módulos do CityGML 146

Figura 39 - Modelos semânticos do LoD 0 ao LoD 4 de objetos espaciais hipotéticos: 149


modelo geométrico dos objetos e diagrama UML correspondente

Figura 40 - Modelo geométrico-topológico de objetos espaciais hipotéticos, com 151


destaque da superfície adjacente entre os sólidos

Figura 41 - Interface da ferramenta GIS com visualização bidimensional de dados 154


espaciais vetoriais e raster do sítio histórico de Plaka, no centro de
Atenas - Grécia

Figura 42 - Modelo digital de terreno com sobreposição de imagem, usado como 155
backgroud para modelagem geométrica tridimensional sítio histórico de
Plaka, centro de Atenas - Grécia

Figura 43 - Representação tridimensional dos edifícios: (a) LoD 1; (b) LoD 2 e (c) 156
LoD 3, usando a ferramenta ArcScene - ESR; (d) LoD 4 em 3D Studio
Max

Figura 44 - Hiperlink dos modelos de edifícios a arquivos externos, via mapa base e 157
MDT

Figura 45 - HIS de Sítios Históricos da Bahia: Diagrama de Contexto do Sistema 178

Figura 46 - HIS de Sítios Históricos da Bahia: Diagrama de Contexto - Subsistema 178


Registro Geral do Patrimônio

Figura 47 - HIS de Sítios Históricos da Bahia: Diagrama de Contexto - Subsistema 179


Operação

Figura 48 - HIS de Sítios Históricos da Bahia: Diagrama de Contexto - Subsistema 179


Análises Espaciais

Figura 49 - Modelo conceitual de superclasses do HIS de Sítios Históricos da Bahia, 180


no padrão CityGML

Figura 50 - Diagrama UML para modelagem de edifícios por nível de detalhes do HIS 181
de Sítios Históricos da Bahia, no padrão CityGML

Figura 51 - Termos e relações das classes e subclasses inerentes ao processo de 183


documentação do patrimônio construído, a partir do padrão CIDOC CRM

Figura 52 - Diagrama Domínio Espacial do HIS de Sítios Históricos da Bahia 184


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System

Anna Karla Trajano de Arruda

Figura 53 - Quadro de propriedades do ArcGIS Diagrammar: destaque da 185


cardinalidade do relacionamento EdifHaveDadosIPAC - HIS de Sítios
Históricos da Bahia

Figura 54 - Diagrama Entidade-Relacionamento do HIS de Sítios Históricos da Bahia 186

Figura 55 - Modelo conceitual da estrutura do website 193

Figura 56 - Limites político-administrativos do município de Cachoeira - BA 197

Figura 57 - Localização de Cachoeira, distrito sede do município 198

Figura 58 - Vista aérea da cidade de Cachoeira, 2003 199

Figura 59 - Enchente de 1948: Praça Teixeira de Freitas (antigo Pelourinho) em 200


frente ao Hotel Colombo, Cachoeira - BA

Figura 60 - Mapa dos primórdios Freguesia do Porto de Cachoeira, em destaque a 202


localização da Igreja de Nossa Senhora D'Ajuda

Figura 61 - Gravura de Mello Moraes de 1866, da Igreja de Nossa Senhora D'Ajuda 202

Figura 62 - Localização dos engenhos de cana de açúcar de Cachoeira - BA 203

Figura 63 - Convento de Santo Antônio do Paraguaçu, Cachoeira - BA: (a) estado de 204
conservação em 1982; (b) estado de conservação em 2010.

Figura 64 - Seminário de Nossa Senhora de Belém, Cachoeira - BA: (a) estado de 205
conservação em 1982; (b) estado de conservação em 2008

Figura 65 - Vila de Cachoeira, desenho aquarelado de autor desconhecido do livro de 206


Joaquim de Moreira Castro “Memória sobre as espécies de tabaco”,
publicado em 1792

Figura 66 - Casa de Câmara e Cadeia e sua ambiência - Praça da Aclamação, 207


Cachoeira - BA

Figura 67 - Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, Cachoeira - BA 208

Figura 68 - Conjunto do Carmo, Cachoeira - BA 208

Figura 69 - Chafariz Imperial, situado na Praça Dr. Milton, Cachoeira - BA 210

Figura 70 - Santa Casa de Misericórdia à esquerda, Igreja de São João ao centro e o 212
Chafariz Imperial à direita, Cachoeira - BA

Figura 71 - Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Monte, Cachoeira - BA 212

Figura 72 - Capela de Nossa Senhora do Rosarinho, Cachoeira - BA 213

Figura 73 - Ponte Imperial D. Pedro II, antigo cais do Manga, Cachoeira - BA 215

Figura 74 - Feira livre na Praça Dr. Milton, no início do século XX, Cachoeira - BA 216
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System

Anna Karla Trajano de Arruda

Figura 75 - Mercado Público, com feira livre em suas imediações, Cachoeira - BA 216

Figura 76 - Mapa com delimitação da área de atuação do Programa Monumenta, 223


Cachoeira - BA

Figura 77 - Centro de Artes, Humanidades e Letras da UFRB (antiga fábrica Leite


Alves e imóveis adjacentes), Cachoeira - BA
225

Figura 78 - Imagem de alta resolução da cidade de Cachoeira e arredores, capturada 245


pelo satélite Quick Bird, em maio de 2012

Figura 79 - Mapa da cidade de Cachoeira com delimitação dos perímetros de 246


proteção propostos pelo IPAC-BA/SIC

Figura 80 - Programa Permanente de Documentação Arquitetônica: fotografias do 251


sítio histórico de Cachoeira - BA

Figura 81 - Tomada fotogramétrica da Casa de Câmara e Cadeia de Cachoeira - BA 252

Figura 82 - Mapa das tomadas fotográficas para produção os panoramas do sítio 253
histórico de Cachoeira - BA

Figura 83 - Aplicativo ArcCatalog, ArcGIS: gerenciador de banco de dados espaciais 254

Figura 84 - Banco de dados em MS Access para cadastro dos imóveis 257

Figura 85 - Igreja de Nossa Senhora do Carmo, Cachoeira - BA: (a) fotografia da 259
fachada; (b) ortofoto gerada com Photomodeler Scanner; (c) restituição
digitalizada no AutoCAD

Figura 86 - Igreja do Monte de Cachoeira - BA: (a) fotografia da fachada; (b) posição 261
das câmeras nas tomadas fotográficas; (c) construção do modelo,
visualização em wireframe; (d) modelo fotorrealístico, produto preliminar

Figura 87 - Imagens Panorâmicas de Cachoeira - BA: (a) Largo da Igreja da Ajuda; 263
(b) Rua Ana Nery, com a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário; (c)
Rua Dr. Simões Filho, ao fundo a Igreja do Monte

Figura 88 - Estação Ferroviária de Cachoeira - BA: modelo geométrico produzido com 264
Revit Architecture

Figura 89 - Interface temporária para entrada de dados multimídia do HIS Cachoeira 265

Figura 90 - Ficha do IPAC-BA/SIC compilada para o HIS Cachoeira 266

Figura 91 - Interface básica do sistema protótipo HIS Cachoeira 267

Figura 92 - Interface da ferramenta Find (localizar) 268

Figura 93 - Interface da ferramenta Identify (identificar) 269


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System

Anna Karla Trajano de Arruda

Figura 94 - Exibição de arquivo multimídia (fotografia) do imóvel, via hyperlink 270

Figura 95 - Seleção de imóveis a partir de uma consulta estruturada 270

Figura 96 - Interface para classificação temática dos imóveis 271

Figura 97 - Mapa temático produzido utilizando-se a interface Layout do ArcGIS 272

Figura 98 - Home page do website do HIS Cachoeira 274

Figura 99 - Tela de cadastro de usuários do website do HIS Cachoeira 275

Figura 100 - Tela de atributos na interface Documentação Arquitetônica do HIS 276


Cachoeira

Figura 101 - Telas de mapa e acervo multimídia da interface Documentação 277


Arquitetônica do HIS Cachoeira

Figura 102 - Tela de busca avançada da interface Documentação Arquitetônica do 278


HIS Cachoeira

Figura 103 - Tela de edição de dados cadastrais da interface de Documentação 278


Arquitetônica do HIS Cachoeira

Figura 104 - Telas de cadastro de novos registros da interface Documentação 279


Arquitetônica do HIS Cachoeira

Figura 105 - Page MAPA, com funcionalidades GIS do HIS Cachoeira 280
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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Sistemas de inventários analisados por Sykes para a elaboração do 46


Manual on Systems of Inventorying Immovable Cultural Property
Museums and Monuments

Quadro 2 - Campos adotados por Sykes para comparação analítica entre 47


inventários

Quadro 3 - Módulos do SICG - Sistema Integrado de Conhecimento e Gestão, 70


IPHAN

Quadro 4 - Etapas para Registro do Patrimônio Cultural, ICOMOS 1996 85

Quadro 5 - Tipos de modelos para banco de dados espaciais 98

Quadro 6 - Ontologia CIDOC CRM: hierarquia de classes para documentação do 135


patrimônio

Quadro 7 - Ontologia CIDOC CRM: hierarquia de propriedades para 136


documentação do patrimônio construído

Quadro 8 - Módulos temáticos, tipos de feições e LoD associados 147

Quadro 9 - Avaliação de sistemas de informações: dimensão Usabilidade 159

Quadro 10 - Avaliação de sistemas de informações: dimensão Funcionalidade 160

Quadro 11 - Avaliação de sistemas de informações: dimensão Conteúdo 162

Quadro 12 - Sítios Históricos Urbanos Nacionais e Conjuntos Urbanos de 168


Monumentos Nacionais da Bahia, com ordem de prioridade para
ações de conservação definidas pelo MinC

Quadro 13 - Classes e subclasses do CIDOC CRM para documentação de sítios 182


históricos

Quadro 14 - Atributos da classe Limite Municipal do HIS de Sítios Históricos da 187


Bahia

Quadro 15 - Atributos da classe ZonePDDU do HIS de Sítios Históricos da Bahia 187

Quadro 16 - Atributos da classe Perímetros do HIS de Sítios Históricos da Bahia 188

Quadro 17 - Atributos da classe Quadras do HIS de Sítios Históricos da Bahia 188

Quadro 18 - Atributos da classe Lotes do HIS de Sítios Históricos da Bahia 189

Quadro 19 - Atributos da classe Edificações do HIS de Sítios Históricos da Bahia 189


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Quadro 20 - Atributos da Classe Modelos 3D do HIS de Sítios Históricos da 190


Bahia

Quadro 21 - Atributos da classe Terreno do HIS de Sítios Históricos da Bahia 190

Quadro 22 - Atributos da classe Eixos de Via do HIS de Sítios Históricos da 190


Bahia

Quadro 23 - Bens imóveis tombados isoladamente pelo IPHAN em Cachoeira - 220


BA

Quadro 24 - Síntese do conteúdo dos Relatórios Técnicos da CPL para o PDDU 231
de Cachoeira
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LISTA DE TABELA

Tabela 1 - Distribuição dos bens culturais da Bahia por território de identidade 170
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SUMÁRIO

RESUMO
ABSTRACT
RESUMEN
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE QUADROS
LISTA DE TABELAS

1 INTRODUÇÃO 31
1.1 Objetivos da Pesquisa 34
1.1.1 Objetivo Geral 34
1.1.2 Objetivos Específicos 34
1.2 Estrutura da Tese 35
1.3 Aspectos Metodológicos 36

2 REFLEXÕES SOBRE O CONCEITO DE PATRIMÔNIO CULTURAL E O PAPEL 40


DOS INVENTÁRIOS NAS PRÁTICAS DE PRESERVAÇÃO
2.1 Preservação do Patrimônio Cultural através dos Inventários no Contexto 43
Internacional
2.2 A Evolução do Conceito e Preservação do Patrimônio Cultural no Brasil 50
2.3 A Experiência Brasileira de Inventariação do Patrimônio Construído 58

3 O LUGAR DOS INVENTÁRIOS E DA DOCUMENTAÇÃO NAS CARTAS 75


PATRIMONIAIS

4 A TECNOLOGIA GEOGRAPHIC INFORMATION SYSTEMS (GIS) E A 92


DOCUMENTAÇÃO DO PATRIMÔNIO CONSTRUÍDO
4.1 Fundamentos do GIS 95
4.2 GIS - Aquisição e Tratamento de Dados 100
4.3 Estado da Arte em GIS 110
4.3.1 3D GIS 110
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4.3.2 WEB GIS 114


4.3.3 CLOUD GIS 116

5 A CONTRIBUIÇÃO DO HERITAGE INFORMATION SYSTEMS (HIS) 123


5.1 Metamodelo e Infraestrutura do HIS 126
5.2 Requisitos do HIS 132
5.3 Padrões Internacionais para Modelagem do HIS 134
5.3.1 Padrão de Modelagem CIDOC CRM 134
5.3.2 Padrão CityGML para Intercâmbio de Modelos Urbanos 143
5.4 Critérios de Avaliação de Eficiência de uma Aplicação HIS 158

6 PROPOSTA DE UM HERITAGE INFORMATION SYSTEM (HIS) PARA OS 166


SÍTIOS HISTÓRICOS DA BAHIA
6.1 Abstração do Mundo Real 166
6.1.1 Documentação e Preservação dos Sítios Históricos da Bahia 167
6.2 Projeto do HIS de Sítios Históricos da Bahia 172
6.2.1 Função Principal do Sistema 172
6.2.2 Funções Globais do Sistema 172
6.3 Modelo Conceitual do HIS de Sítios Históricos da Bahia 176
6.4 Dicionário de Dados 187
6.5 Modelo da Estrutura do Website 191

7 SÍTIO HISTÓRICO DA CIDADE DE CACHOEIRA - BAHIA, BRASIL 196


7.1 Características Gerais da Cidade de Cachoeira 196
7.2 Histórico da Cidade de Cachoeira 201
7.3 Medidas Governamentais para Preservação do Sítio Histórico de Cachoeira 218
7.4 Planejamento Local para Preservação e Gestão do Sítio Histórico de 225
Cachoeira - Plano Diretor Urbano
7.4.1 Antecedentes 225
7.4.2 Plano Diretor Urbano - Lei Municipal no 730/2006 230
7.4.3 O Plano Diretor Urbano de Cachoeira e a Proposta de um Sistema 235
Municipal de Informações (SMI)

8 IMPLEMENTAÇÃO DE UM HERITAGE INFORMATION SYSTEM PARA O SÍTIO 242


HISTÓRICO DE CACHOEIRA - HIS CACHOEIRA
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System

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8.1 Elaboração da Base de Dados Espaciais do HIS Cachoeira 242


8.1.1 Aquisição dos Dados Cartográficos, Descritivos e Multimídia 242
8.1.2 Processamento e Armazenamento dos Dados 253
8.2 Implementação do Protótipo do HIS Cachoeira 266
8.2.1 Validação da Base de Dados e Definição das Funcionalidades 266
8.2.2 Projeto e Implementação do Website 272
8.2.3 Publicação e Divulgação do Website do HIS Cachoeira 282

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS 284

REFERÊNCIAS 290
Capítulo 1
INTRODUÇÃO
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 31
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1 INTRODUÇÃO

O patrimônio cultural e a sua preservação é um tema constante nos fóruns


internacionais, promovidos pela United Nations Educational, Scientific and Cultural
Organization (UNESCO), pelo Internacional Council on Monuments and Sites
(ICOMOS) e pelo Conselho da Europa, sobretudo, a partir do início do século XX,
quando os valores e os conceitos a ele atribuídos foram se modificando (CHOAY,
2001). Da associação semântica do termo patrimônio representado pelo monumento
histórico do século XIX ao seu significado atual mais abrangente envolvendo a ideia
de paisagem cultural, a preocupação com a documentação do patrimônio sempre foi
entendida como uma das principais formas de identificação, conhecimento e
proteção, consubstanciada através dos inventários culturais.

Dentro dessa visão, os inventários foram sendo discutidos amplamente em diversos


congressos que resultaram nas Cartas Patrimoniais, a partir das quais foram
estabelecidos critérios para a sua realização - considerando inclusive a evolução das
técnicas e tecnologias disponíveis. Dentre elas, a Carta de Veneza publicada no II
Congresso Internacional de Arquitetos, em 1964, é uma das mais importantes
iniciativas nessa direção. Entre outras recomendações, essa carta estabeleceu que
os trabalhos de conservação, de restauro e de escavações deveriam sempre ser
acompanhados de documentação precisa em forma de relatórios, analíticos e
críticos, ilustrados por desenhos e fotografias. Isto significou uma mudança na
metodologia adotada para a elaboração dos inventários culturais realizados até
então.

A partir desse momento, a documentação envolvida nesses procedimentos assumiu


um patamar de maior relevância e vem adquirindo novas formas à medida que as
tecnologias digitais, notadamente as tecnologias da informação espacial,
disponibilizam novas ferramentas não só para o seu registro como também para o
seu gerenciamento e utilização. Para Gabrielli e Malinverni (2006), a documentação
de patrimônio cultural constitui uma atividade complexa voltada à coleta e
sistematização do conhecimento sobre um objeto de interesse cultural em um
processo contínuo, pois os métodos, técnicas e tecnologias para obtê-lo geralmente

introdução
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 32
Anna Karla Trajano de Arruda

mudam ao longo do tempo, assim como os objetos a serem documentados. França


e colaboradores (2004) chamam a atenção que o registro dos bens patrimoniais
existentes torna-se de crucial importância sempre que, quer por ação humana
errônea, quer por acidentes ou catástrofes naturais, é necessário à realização de
estudos históricos para a sua reconstituição ou para imprimir intervenções que
garantam a sua conservação

Por outro lado, a complexidade das tarefas próprias à preservação e à gestão dos
sítios históricos de forma integrada ao planejamento urbano das cidades, leva os
planejadores e gestores a buscar a concepção de sistemas de informações capazes
de armazenar e gerenciar dados e informações de diferentes fontes, formatos e de
diversas naturezas como dados históricos, arqueológicos, ambientais,
arquitetônicos, urbanísticos, socioeconômicos e de proteção legal, visando dar
suporte ao planejamento de suas ações e auxiliando na tomada de decisões. Ao
mesmo tempo, para Pereira e Silva (2001), a visualização cartográfica da
documentação, a partir de uma base de dados digitais, possibilita uma grande
quantidade de análises e simulações indispensáveis aos arquitetos, urbanistas,
planejadores, técnicos e pesquisadores para localizar objetos geográficos,
comparar, separar, relacionar, representar valores e indicar tendências.

Analisando as ideias expostas acima, e considerando como universo de estudo


dessa tese especificamente o patrimônio construído, coloca-se a seguinte questão:
como a documentação de edificações e de sítios históricos pode ser sistematizada a
fim de ser utilizada nos programas, planos e projetos de preservação e gestão do
patrimônio?

Para responder essa pergunta, Box (1998) sugere a criação de um sistema de


informações utilizando a tecnologia de banco de dados para catalogação e
gerenciamento da documentação sobre os bens culturais, denominado de Cultural
Resource Management (CRM). No entanto, atualmente, tornou-se comum entre as
experiências internacionais o uso da tecnologia Geographic Information System
(GIS).

A diferença entre as duas tecnologias é que o GIS associa a cada registro do banco
de dados do CRM a informação sobre sua posição geográfica, atribuindo-lhe uma

introdução
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 33
Anna Karla Trajano de Arruda

referência espacial através da sua representação cartográfica, abrindo um vasto


leque de possibilidades, como por exemplo: análises sobre as edificações e os sítios
históricos, a partir de suas características morfológicas e tipológicas, identificando as
permanências e transformações ocorridas, como também a simulação de cenários
mediante o planejamento ou projeto de novas intervenções. Os resultados das
análises são representados e visualizados em mapas temáticos e em modelos
geométricos (tridimensionais) (ARRUDA, 2003; ROCHA 2007).

O uso da tecnologia GIS é enfatizado pelos organismos internacionais pelo seu


emprego em áreas que demandam análise espacial, representação e visualização
do espaço urbano, a exemplo dos projetos voltados a preservação do patrimônio,
monitoramento e gestão de sítios históricos. A partir da tecnologia GIS, os dados
concernentes à documentação arquitetônica e urbanística dos monumentos e sítios
históricos podem ser armazenados e gerenciados a partir de sua referência espacial,
criando assim um sistema de informações culturais ou, como é conhecido
internacionalmente, um Heritage Information System (HIS).

Neste contexto, a presente tese discute o uso de tecnologias digitais para a


documentação do patrimônio construído e, em especial, da tecnologia GIS no
desenvolvimento de uma aplicação HIS para os sítios históricos da Bahia, com
vistas a finalidades diversas como planejamento, gestão, educação patrimonial,
formulação de políticas públicas em geral, conservação e preservação do
monumento e da sua memória.

Nessa investigação, a hipótese partiu da premissa de que o uso de uma aplicação


HIS pode melhorar a eficiência dos projetos e políticas para preservação e gestão do
patrimônio construído. Assim, esta tese busca responder a questões como:

 Existem padrões indicados para documentação utilizada como input no HIS?

 Quais devem ser os tipos de dados e os formatos de arquivos?

 Quais os critérios de qualidade e precisão dos dados necessários ao HIS?

 Quais metodologias de modelagem de dados podem ser adotadas para criação


do HIS?

introdução
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 34
Anna Karla Trajano de Arruda

 Quais as melhores formas de visualização dos resultados das análises e


simulações efetuadas através do HIS?

 Como compartilhar os dados e informações do HIS entre os diversos agentes


que atuam sobre o espaço urbano dos sítios históricos?

Do exposto, justifica-se a pertinência desse trabalho por considerar relevante que a


praxe de ações preservacionistas deva ser precedida de estudos aprofundados, que
forneçam subsídios ao aprimoramento das metodologias utilizadas pelo poder
público no planejamento e controle das intervenções efetuadas em áreas de
interesse histórico-cultural e, posteriormente, avaliar o grau de eficiência das
medidas adotadas.

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo Geral

Implementar um protótipo de Heritage Information System (HIS) para os sítios


históricos da Bahia, com vistas a preservação e gestão do patrimônio construído,
adotando a tecnologia GIS.

1.1.2 Objetivos Específicos

Como objetivos específicos têm-se:

 identificar as formas de documentação e a sua práxis na preservação e gestão


de sítios históricos;

 apresentar as tecnologias da informação espacial utilizadas na documentação


arquitetônica, em especial o estado da arte da tecnologia GIS;

 discutir os limites e potencialidades da adoção do HIS, como instrumento na


preservação e gestão de sítios históricos;

 elaborar o modelo de dados para um HIS para os sítios históricos da Bahia,


considerando os padrões de modelagem internacionais, e

 desenvolver o protótipo de uma aplicação HIS, a partir do estudo de caso do


sítio histórico da cidade de Cachoeira.

introdução
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 35
Anna Karla Trajano de Arruda

1.2 Estrutura da Tese

A tese ora apresentada está estruturada em nove capítulos, onde o primeiro deles
faz a INTRODUÇÃO do trabalho, com a abordagem inicial sobre o tema, e os oito
seguintes abordam as questões inerentes ao desenvolvimento da pesquisa, tal qual
descrito a seguir.

No Capítulo 2, O CONCEITO DE PATRIMÔNIO CULTURAL E O PAPEL DOS


INVENTÁRIOS NAS PRÁTICAS DE PRESERVAÇÃO, são discutidas as
transformações semânticas do conceito de patrimônio cultural e destaca-se a
importância da documentação para sua preservação, com uma abordagem
historiográfica, quanto às políticas de preservação e gestão, considerando as
influências das práticas de países europeus e a experiência nacional, tendo a priori,
os inventários culturais, como diretriz da análise.

No mesmo contexto, no Capítulo 3 - O LUGAR DOS INVENTÁRIOS E DA


DOCUMENTAÇÃO NAS CARTAS PATRIMONIAIS, trata-se da relevância dos
inventários e o papel da documentação nas normas nacionais e internacionais para
a preservação do patrimônio cultural, com destaque para as Cartas Patrimoniais,
principalmente aquelas publicadas pela UNESCO e pelo ICOMOS.

O Capítulo 4, A TECNOLOGIA GEOGRAPHIC INFORMATION SYSTEM (GIS) E A


DOCUMENTAÇÃO DO PATRIMÔNIO CONSTRUÍDO, discorre sobre o uso das
Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) para a documentação de
edificações e sítios de interesse histórico-cultural, com ênfase no estado da arte do
GIS.

No Capítulo 5, A CONTRIBUIÇÃO DO HERITAGE INFORMATION SYSTEM - HIS,


definem-se as principais características de um sistema de informações culturais para
dar suporte a ações de gestão e preservação de sítios históricos, descrevendo o seu
metamodelo, requisitos, padrões de modelagem e critérios de avaliação de
eficiência.

Na sequência, o Capítulo 6, UMA PROPOSTA DE HERITAGE INFORMATION


SYSTEM (HIS) PARA OS SÍTIOS HISTÓRICOS DA BAHIA, traz os procedimentos
efetuados no projeto, desenvolvimento e implementação de um HIS para os sítios

introdução
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 36
Anna Karla Trajano de Arruda

históricos do Estado, a partir da elaboração da modelagem geral do sistema,


incluindo o modelo da base de dados espaciais, do processo de documentação
arquitetônica e da estrutura do website para acesso ao sistema através da internet.

Chegando ao Capítulo 7, SÍTIO HISTÓRICO DA CIDADE DE CACHOEIRA – BAHIA


/ BRASIL, apresenta-se a caracterização do conjunto arquitetônico e paisagístico de
Cachoeira, em uma abordagem que identifica as ações de preservação do seu
patrimônio, escolhido dentre os sítios históricos da Bahia, como recorte empírico
para estudo de caso desta pesquisa.

A partir do conhecimento adquirido, tem-se então o Capítulo 8, IMPLEMENTAÇÃO


DE UM HERITAGE INFORMATION SYSTEM PARA O SÍTIO HISTÓRICO DE
CACHOEIRA - HIS CACHOEIRA, no qual é descrito o desenvolvimento do protótipo
de um HIS para a cidade de Cachoeira, visando a validação do modelo conceitual
elaborado.

Concluindo, são feitas as CONSIDERAÇÕES FINAIS onde são expostas algumas


reflexões sobre a práxis dos órgãos competentes pela preservação e gestão dos
sítios históricos, onde também são discutidas as contribuições e os desdobramentos
possíveis do trabalho ora apresentado.

1.3 Aspectos Metodológicos

Sendo de natureza aplicada, adotou-se nessa pesquisa um enfoque qualitativo e o


método indutivo, como método de abordagem. Como métodos de procedimento
foram adotados os métodos monográfico, histórico e etnográfico (MARCONI e
LAKATOS, 2006). As técnicas utilizadas nessa investigação foram esboçadas em
função dos objetivos estabelecidos e são descritas a seguir.

 Documentação indireta

Pesquisa documental e bibliográfica com objetivo exploratório das fontes


primárias e secundárias para construção do referencial teórico quanto: às
transformações semânticas do conceito de patrimônio cultural; às políticas de
preservação e gestão do patrimônio construído, notadamente, a partir dos

introdução
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 37
Anna Karla Trajano de Arruda

inventários culturais; e ao uso de tecnologias da informação para


documentação arquitetônica, em especial o GIS;

 Observação direta intensiva

Pesquisa para observação sistemática através da coleta de dados sobre as


experiências realizadas por órgãos do poder público, centros de pesquisa e
universidades, quanto às técnicas adotadas para documentação e
gerenciamento dos bens culturais. Análise de similares quanto as experiências
empíricas de sistemas de informações voltados à preservação e gestão do
patrimônio construído, para a caracterização do HIS;

 Experimentação

Elaboração do modelo conceitual para um protótipo de aplicação HIS,


considerando o domínio da aplicação, os dados necessários à documentação
de seus objetos de interesse e as tecnologias apropriadas à sua visualização.
Na sequência, a implementação do modelo elaborado no estudo de caso e a
avaliação de sua eficiência mediante critérios identificados no referencial
teórico.

Por fim, procedeu-se a análise dos resultados obtidos de forma a discutir os limites e
potencialidades da adoção do HIS como um instrumento para a preservação e a
gestão do patrimônio construído. O diagrama apresentado na Figura 1 representa
esquematicamente a metodologia adotada.

introdução
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 38
Anna Karla Trajano de Arruda

Figura 1 - Diagrama da metodologia de pesquisa da tese

Fonte: Elaborado pela autora.

introdução
Capítulo 2
REFLEXÕES SOBRE O CONCEITO DE
PATRIMÔNIO CULTURAL E O PAPEL DOS
INVENTÁRIOS NAS PRÁTICAS DE
PRESERVAÇÃO
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 40
Anna Karla Trajano de Arruda

2 REFLEXÕES SOBRE O CONCEITO DE PATRIMÔNIO CULTURAL E


O PAPEL DOS INVENTÁRIOS NAS PRÁTICAS DE PRESERVAÇÃO

Todo bem cultural, embora represente um passado, tem sua significação atribuída
no presente, seja pelas suas funções utilitárias ou simbólicas, que dá a ele um
caráter de objeto-portador-de-sentido, compreendido em um determinado contexto
histórico (BRASIL, 2005).

Segundo afirma Rodrigues (2012), o patrimônio cultural faz recordar o passado: é


uma manifestação, um testemunho, uma evocação, ou melhor, uma convocação do
passado. Tem, portanto, a função de (re)memorar acontecimentos importantes; daí a
relação com o conceito de memória. Por outro lado, como atributo coletivo, o
patrimônio é um elemento fundamental na construção da identidade e, ao mesmo
tempo, é a própria materialização da identidade de um grupo/sociedade. Memória,
patrimônio cultural e identidade são constructos sociais que mantém uma forte
relação, conforme preconizado por Geertz (1973 apud RODRIGUES, 2012, p. 46),
pois são sistemas de representação e de significação coletivamente construídos,
partilhados e reproduzidos ao longo do tempo. Dessa forma, a memória legitima a
identidade de um grupo, recorrendo, para isso, ao patrimônio (MARTINS, 2011 apud
RODRIGUES, 2012, p. 48).

O conceito de patrimônio cultural surge na aurora da Revolução Industrial, ao final


do século XVIII, no bojo da Revolução Francesa, instituidora de uma nova ordem
política, jurídica, social e econômica, que consolida o conceito de nação e de
nacionalidade. Torelly (2012) assinala que, na Europa, há menos de um século o
patrimônio compreendia os monumentos nacionais, considerados como tal por
critérios estéticos ou históricos. As nações do mundo ocidental demandavam um
conjunto de valores que as unificassem e que permitisse um reconhecimento mútuo
de seus cidadãos, em relação a uma simbologia comum. Os monumentos, as
grandes expressões da arquitetura religiosa, civil e militar, os espaços públicos de
intenso convívio social, assim como as obras de arte de feição erudita, formam a

o conceito de patrimônio cultural e o papel dos inventários nas práticas de preservação


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 41
Anna Karla Trajano de Arruda

memória coletiva capaz de assegurar a identidade nacional à unidade política


necessária. Dito de outra forma, houve uma legitimação social e política do que é
(ou não) patrimônio, a partir de um conjunto de símbolos sacralizados, no sentido
religioso e ideológico, que um grupo, normalmente a elite, política, científica,
econômica e religiosa, decidiu preservar como patrimônio coletivo.

Outro aspecto há ser observado é de que a obra ou o objeto elevado à condição de


bem patrimonial era isolado do uso e disponível apenas para a contemplação. De
acordo com Zanirato e Ribeiro (2006), o mesmo entendimento se aplicava aos
espaços urbanos portadores de uma arquitetura considerada artística, vistos como
monumentos históricos que não poderiam ser utilizados, nem mesmo para a
habitação. A cidade histórica destinava-se a uma função documental, por ser
testemunha das ações do homem no passado, e assim buscava-se preservar os
conjuntos urbanos antigos como se conservam os objetos de museus, na concepção
das dicotomias da cidade-monumento/cidade-documento como discute Sant´Anna
(1995).

A aceleração da urbanização no decorrer do século XX fez que a cidade passasse a


ser compreendida como um tecido vivo, composto por edificações e por pessoas,
congregando ambientes do passado que poderiam ser conservados e, ao mesmo
tempo, integrados à dinâmica urbana. A urbe tornou-se um nível específico da
prática social na qual se vêem paisagens, arquiteturas, praças, ruas, formas de
sociabilidade; um lugar não homogêneo e articulado, mas antes um mosaico muitas
vezes sobreposto, que expressa tempos e modos diferenciados de viver.

Também se constatou nesse tempo um outro entendimento de história que centra


seu interesse antropológico no homem e em sua existência, e assim busca
contemplar todos os atores sociais e todos os campos nos quais se expressa a
atividade humana. Os entendimentos de cultura e história passaram por
significativas modificações que levaram à reformulação do conceito de patrimônio. O
valor cultural, a dimensão simbólica que envolve a forma de produção e reprodução
do espaço urbano, expressas nos modos de uso dos bens, foi incorporado à
definição do patrimônio, segundo Zanirato e Ribeiro (2006).

o conceito de patrimônio cultural e o papel dos inventários nas práticas de preservação


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 42
Anna Karla Trajano de Arruda

Assim, de um discurso patrimonial referido aos grandes monumentos artísticos do


passado, interpretados como fatos destacados de uma civilização, se avançou para
uma concepção do patrimônio entendido como o conjunto dos bens culturais,
referente às identidades coletivas. Tal compreensão, esclarecem Zanirato e Ribeiro
(2006), implicou na valorização de aspectos como as línguas, os instrumentos de
comunicação, as relações sociais, os ritos, as cerimônias, os comportamentos
coletivos, os sistemas de valores e crenças, que passaram a ser vistos como
referências culturais dos grupos humanos, como signos que definem as culturas e
que necessitam de salvaguarda.

Dentro desse novo conceito, tem-se uma distinção entre patrimônio material e
imaterial, ou, respectivamente, tangível e intangível: o primeiro diz respeito à
natureza física de edifícios, esculturas, quadros, móveis, acervos museológicos,
documentos, livros e outros objetos; o segundo é mais subjetivo, referindo-se a
manifestações culturais como representação própria dos costumes ou
conhecimentos considerados saberes e fazeres inéditos de personalidades de um
lugar. No período atual, segundo Fonseca (2005 apud LUCKOW, 2010), a UNESCO
tem desenvolvido uma série de iniciativas para a ampliação do conceito de
patrimônio cultural, mais especificamente o imaterial, dando ênfase à valorização do
patrimônio natural e da paisagem cultural.

Ao longo das transformações semânticas historicamente construídas do termo


patrimônio, considerando sempre sua relação recorrente com a memória e a
identidade, uma questão bastante relevante sempre se destacou: como identificar o
que preservar? Preserva-se o que se conhece, portanto é necessário reconhecer o
que possui significação cultural para cada cidade, região, país e também na escala
mundial. Os inventários surgem nesse entremeio como um instrumento da
preservação, uma documentação sobre o bem cultural para seu conhecimento e
entendimento visando desenvolver as ações de preservação (CARVALHO;
AMARAL, 2011). Tal questão é discutida a seguir no tópico 2.2

o conceito de patrimônio cultural e o papel dos inventários nas práticas de preservação


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 43
Anna Karla Trajano de Arruda

2.1 Preservação do Patrimônio Cultural através dos Inventários no Contexto


Internacional

Acompanhando as transformações dos conceitos e práticas patrimoniais, até chegar


aos dias atuais, de acordo com Luckow (2010), a evolução dos inventários enquanto
instrumentos de preservação do patrimônio cultural passa por dois grandes
períodos: o de consolidação, aproximadamente do início do século XIX até a década
de 1960, e de expansão, da década de 1960 até aproximadamente a década de
1980. Nos parágrafos seguintes, discorre-se sobre o transcurso seguido por eles.

O primeiro corresponde de forma geral ao período da consagração do conceito de


monumento histórico do período do Renascimento, caracterizado pelos processos e
conceitos em formação, a visão predominante do monumento como objeto isolado, e
o valor de nacionalidade como o de maior peso (CHOAY, 2001). Nesse momento, os
edifícios da antiguidade, vistos como testemunhos de arte e história, tinham a sua
documentação feita basicamente por meio de registros iconográficos.

A Revolução Francesa é considerada como um dos eventos que fundam a


modernidade, nascendo com ela a configuração atual do Estado Nacional. Não é por
acaso que surge na França, nesse momento, a primeira proposta de um inventário
de bens patrimoniais. Fazia-se necessário identificar precisamente os bens do
espólio que havia sido nacionalizado, caracterizá-los e descrever o seu real estado
de conservação. Aponta Choay (2001) que o inventário de bens patrimoniais surgiu,
como inventário de uma herança “deixada” pelas classes hegemônicas do Antigo
Regime (nobreza e clero) para a França revolucionária. Era, portanto, um
levantamento de bens já protegidos, ou melhor, que se encontravam sob a guarda
do novo Estado. A primeira iniciativa, nesta direção, foi tomada pela Assembléia
Constituinte de 1790. A sistematização e a orientação dessa coleta de dados se deu,
em 1793, com a publicação da “Instruction sur la manière d'inventorier”, por Felix
Vicq D'Azyr (PRADO, 1976 apud SANTOS, 2000).

A partir do século XIX, com a instituição dos diplomas legais em países da Europa
vinculados ao planejamento urbano para proteção dos monumentos, sítios e
paisagens naturais, o (re)conhecimento dos bens patrimoniais passou a ser feito
através de inventários em que os edifícios de interesse foram listados, selecionados

o conceito de patrimônio cultural e o papel dos inventários nas práticas de preservação


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 44
Anna Karla Trajano de Arruda

e classificados. Neste sentido, a França continuou sendo referência para os demais


países ocidentais: entre a promulgação da primeira lei francesa sobre os
Monumentos Históricos em 1887 e os últimos diplomas vinculados ao planejamento
urbano, mais de 50 leis, decretos e ordonnances foram promulgadas para organizar
e regulamentar a proteção ao patrimônio histórico, dando à chamada Inspetoria dos
Monumentos Históricos a incumbência de registrar e inventariar os monumentos
franceses (SANT’ANNA,1995).

Por outro lado, as dificuldades estavam em implementar um trabalho sistemático e


contínuo capaz de possibilitar um panorama do território nacional. Muitas nações
europeias, como a própria França, só atingiram esse objetivo após a Segunda
Guerra Mundial (1939-1945), em que muitos bens foram perdidos. Apesar de datar
de 1837 a primeira tentativa de um inventário sistemático na França, só se chegou à
consecução dessa tarefa em 1978, quando foram publicados os resultados do
Inventaire General des Monuments et des Richesses Artistiques de la France,
iniciado em 1963 com a Lei Malraux que, segundo Azevedo (1987), redimensionou o
conceito e o uso sociocultural do inventário.

A esse respeito, Olender (2010) analisa o inventário como instrumento de proteção


do patrimônio cultural francês sob duas perspectivas. A primeira é que o Inventário
Geral se apresentava como um recenseamento das potencialidades culturais e
artísticas existentes em solo francês, identificando tudo o que era considerado digno
de nota, de modo a provocar uma tomada de consciência das populações, ou seja, a
sua finalidade era estudar e classificar, de acordo com técnicas eficientes, edifícios e
objetos, de modo a inscrevê-los na memória nacional. E, a segunda é que, em
paralelo ao Inventário Geral, foi criado o Inventário Suplementar dos Monumentos
Históricos para instrumentar o Serviço de Monumentos Históricos nas ações mais
imediatas envolvendo a proteção, como o classement (como o tombamento é
denominado na França) e a restauração dos bens culturais neles catalogados.

Outra experiência significativa foi vivenciada na Inglaterra, com a instituição das


Statutory Lists que constituem inventários oficiais de monumentos isolados, com
base no seu valor histórico ou arquitetônico, iniciado em 1944. Vinculado ao
planejamento territorial, tais inventários respaldam os principais diplomas jurídicos

o conceito de patrimônio cultural e o papel dos inventários nas práticas de preservação


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 45
Anna Karla Trajano de Arruda

que formam o sistema de proteção do patrimônio inglês formado pelo Ancient


Monuments Act, de 1953, o Civic Amenities Act, de 1967, e os Town and Country
Acts, a partir dos anos 70 (SANT´ANNA, 1995).

O segundo período da evolução dos inventários, corresponde ao da expansão e


transformação dos conceitos vinculados ao patrimônio, quando passam a ser
discutidos em uma visão mais universalista, procurando abranger um maior número
de bens, que não somente os monumentos. Nesse sentido, em 1963, o Conselho
Europeu se pronuncia pela primeira vez, sobre a defesa e a valorização dos sítios e
dos conjuntos urbanos. Passam a ser realizados diversos congressos que resultam
nas Cartas Patrimoniais, sendo a primeira deste período a Carta de Veneza, de
1964. Foram também criados outros conselhos e órgãos, como o ICOMOS.

A partir de 1962, a UNESCO manifestou-se pela salvaguarda dos bens culturais,


sugerindo, através da Recomendação de Paris, que os países membros adotassem
legislação específica para este fim. Nesse mesmo ano, manifestou-se também pela
realização e uniformização dos métodos de inventário em execução pelos países
membros. Tal preocupação fez com que um dos seus órgãos, o Conselho de
Cooperação Cultural da Europa empenhasse nesta tarefa, realizando uma série de
encontros para efetivar tal recomendação.

Em 1965, com a Recomendação de Palma de Maiorca - Espanha, foram definidos


os critérios para um inventário com vista à conservação e valorização do patrimônio
que fixou o esquema metodológico para o Inventário de Proteção do Patrimônio
Europeu (IPCE), publicado em 1970, sob o título L´inventario di protezione del
patrimonio culturale. Settore dei beni immobili, elaborado pelo especialista italiano
Pietro Gazzola (BAHIA, 1975; AZEVEDO, 1998). Este inventário e os encontros
influenciaram outros países fora da Europa. Em 1970, a Colômbia foi pioneira na
América Ibérica ao criar a Divisão de Inventário do Patrimônio Cultural do Instituto
Colombiano de Cultura (AZEVEDO, 1987). O IPCE tornou-se uma das obras
paradigmáticas para a realização de inventários em todo mundo. A partir de então,
foi generalizado o uso do inventário como atividade elementar e fundamental à
instituição dos serviços públicos ligados a preservação do patrimônio.

o conceito de patrimônio cultural e o papel dos inventários nas práticas de preservação


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 46
Anna Karla Trajano de Arruda

Na Conferência do ICOMOS de 1980, são selecionados sistemas de inventários de


alguns países, para representar cada um dos continentes (Quadro 1), e é criado o
Comitê Internacional de Inventários, que elabora um manual para analisar e
comparar estes instrumentos escolhidos. O “Manual on Systems of Inventorying
Immovable Cultural Property Museums and Monuments” foi elaborado, a pedido da
organização, pela filósofa americana Meredith H. Sykes, mestre em História da Arte,
e publicado em 1984 (LUCKOW, 2010).

Quadro 1 - Sistemas de inventários analisados por Sykes para a elaboração do


Manual on Systems of Inventorying Immovable Cultural Property Museums and Monuments

PAÍS DENOMINAÇÃO DOS INVENTÁRIOS

Argentina Sistema Automatizado de Inventario y Registro de Monumentos y Sitios

Canadá Canadian Inventory of Historic Buildings

França Inventaire Général des Monuments et des Richesses Artistiques de la France

Índia Record of Protected Monuments and Sites

Itália Catalogo dei Beni Culturali

Japão Ledger of Designated Cultural Property

México Catalogación Sistema Culhuacin

Marrocos Inventaire National du Patrimoine Culturel

Nova Yorque Urban Cultural Resources Survey

Polônia System of Inventorying Historical Monuments

Zâmbia Zambia National Site Index

Fonte: Sykes (1984).

Sykes (1984) traça uma metodologia de comparação analítica dos inventários entre
si, considerando os campos indicados no Quadro 2. Note-se que, ao final a autora
apresenta como resultado da análise um diagrama comparando a natureza de cada
inventário e um gráfico em forma de grid, de difícil interpretação do seu significado
(SYKES, 1984). Entende-se que esse manual acabou por se configurar em um

o conceito de patrimônio cultural e o papel dos inventários nas práticas de preservação


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 47
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estudo preliminar para a definição de uma diretriz metodológica que uniformizasse


os inventários, visando a sua sistematização em um único modelo, proposto em
2009 pelo Conselho da Europa na publicação "Guidance on Inventory and
Documentation of the Cultural Heritage", comentada a seguir.

Quadro 2 - Campos adotados por Sykes para comparação analítica entre inventários

CAMPOS SUBCAMPOS

Nome
Tipologia e utilização
Identificação
Endereço
Localização
Coordenadas cartográficas e registro de propriedade
Propriedade

Importância
Significado
Designação oficial e outros
Designação
Legalidades

Data
Data
Comentários históricos
História
Autoria

Área e configuração
Magnitude
Descrição geral
Estilo
Descrição
Materiais e técnicas
Elementos de construção
Características imóveis
Características móveis

Bibliografia publicada

Documentação Arquivos e relatórios


Preservação das Mapas, planos e desenhos
fontes de referência Fotografias
Outras informações

Armazenamento do inventário
Sistematização
Sistematização do inventário

Fonte: Sykes (1984).

o conceito de patrimônio cultural e o papel dos inventários nas práticas de preservação


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 48
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A busca por métodos e critérios unificados para a elaboração dos inventários se


mantêm até o final do século XX e início do século XXI, através da obra “Guidance
on Inventory and Documentation of the Cultural Heritage” publicada pelo Conselho
da Europa, em 2009 (COUNCIL OF EUROPE, 2009). O texto aborda as mais
variadas questões relacionadas aos inventários e a documentação do patrimônio
cultural como o papel dos inventários, usos e tipos de inventário, o inventário como
um meio de legislação de proteção, o edifício e o conjunto, a implementação de
novas estruturas de inventariação e gestão do patrimônio, o inventário como um
processo contínuo, a propriedade e o acesso à informação, capacitação na
metodologia de inventariar e, por fim, os padrões de dados e informações com
orientações que apresentam três modelos de fichas, para serem seguidos
internacionalmente.

A primeira ficha é de indexação mínima do patrimônio arquitetônico, formada por


quatro campos obrigatórios - nome e referências, localização, tipo de função do
edifício e datação - e cinco campos opcionais - pessoas e organizações associadas
com a história do edifício, materiais e técnicas construtivas, condição física, proteção
e estatuto jurídico, e sumário histórico.

A segunda ficha é de indexação mínima para os sítios arqueológicos, também


composta pelos mesmos quatro campos obrigatórios da ficha anterior e mais três
complementares a saber: condição física, designação e status de proteção, e
sumário arqueológico.

E, finalmente, a terceira ficha é de indexação mínima para os objetos culturais, na


qual tem-se os campos com a identificação do objeto como fotografias, tipo de
objeto, medidas, materiais e técnicas construtivas, inscrições e marcações, data ou
período, fabricante, entre outros.

A título de ilustração dos modelos das fichas, compilou-se o exemplo de


inventariação do conjunto arquitetônico situado ao sul de Greenwich - Londres,
efetuada por John Bold (COUNCIL OF EUROPE, 2009), apresentada na Figura 2.

o conceito de patrimônio cultural e o papel dos inventários nas práticas de preservação


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 49
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Figura 2 - Ficha de inventariação do patrimônio arquitetônico,


modelo do Guidance on Inventory and Documentation of the Cultural Heritage

Greenwich view south, London, United Kingdom (John Bold)

Fonte: Council of Europe (2009). Adaptado pela autora.

o conceito de patrimônio cultural e o papel dos inventários nas práticas de preservação


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 50
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No entendimento de Luckow (2010), a principal transformação que marca o


momento atual está no que impulsiona essa busca por processos unificados,
metodologias e critérios básicos: os avanços da informática e a sua influência sobre
o instrumento, oferecendo diversas possibilidades principalmente no que se refere à
manipulação dos dados; como as formas de reunião dos mesmos, a disponibilização
em ambiente virtual, a troca de informações com diversos outros sistemas e, como
conseqüência, o favorecimento de pesquisas específicas. Ou seja, com a
metodologia já consolidada os estudos se voltam para a compatibilização entre a
forma de coletar os dados, armazenamento, visualização e sua disponibilização. Tal
questão entra em pauta no teor das Cartas Patrimoniais de Londres de 2009 e de
Sevilha de 2010, discutidas no Capítulo 3.

Para a contextualização das questões abordadas à realidade nacional, apresenta-se


no Tópico 2.3 a seguir um resumo dos aspectos mais significativos na relação entre
as mudanças no conceito de patrimônio ao longo do século XX e formação da
política de preservação no Brasil.

2.2 Evolução do Conceito de Preservação do Patrimônio Cultural no Brasil

Tomando o modelo francês, de caráter estatal e centralizador, como referência, no


Brasil, o conceito de patrimônio cultural foi primordialmente entendido como um
suporte da memória nacional, que se desenvolveu em torno de uma forma
planificada e regulamentada, visando ao atendimento de interesses políticos do
Estado, cujo marco histórico se dá em 1937 com o Decreto-lei no 25 e a criação do
Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN)1, a partir dos quais são
traçadas as medidas para preservar aqueles que eram os bens representativos da
cultura brasileira, elegendo notadamente o barroco colonial como ícone da

1
Da sua criação aos dias de hoje, a denominação da instituição já passou por várias mudanças ao
sabor das conjunturas políticas do governo federal, conforme indicado por Santos (2012), quais
sejam: Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), 1937 – 1946; Diretoria do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (DPHAN), 1946 – 1970; Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (IPHAN), 1970 – 1979; Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(SPHAN), 1979 – 1990; Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural (IBPC), 1990 – 1994; Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), desde 1994.

o conceito de patrimônio cultural e o papel dos inventários nas práticas de preservação


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 51
Anna Karla Trajano de Arruda

identidade nacional. Nos parágrafos seguintes, descreve-se desde os antecedentes


desse momento até a Constituição de 1988, que então promove e consolida o
conceito do termo patrimônio cultural como atualmente é entendido no Brasil. Para
essa breve narrativa histórica tomam-se principalmente como referências os textos
de Fernandes (2010) e Torelly (2012).

Em meados da primeira década do século XX, respaldados no sentimento


nacionalista, alguns setores da sociedade começaram a se preocupar em preservar
bens artísticos e arquitetônicos representativos da cultura brasileira. A discussão
acerca da preservação da memória nacional chega ao Parlamento. Entre os anos de
1917 e 1925, foram apresentadas proposições legislativas, no âmbito da Câmara
dos Deputados, com o objetivo de se criar órgãos de proteção ao patrimônio
histórico nacional.

A proposta pioneira de defesa de bens culturais partiu do Instituto Histórico e


Geográfico da Bahia, através de Wanderley Pinho, em 1917, o que bem revela o
papel que os Institutos Históricos tiveram em todo o país como guardiões pioneiros
da memória nacional. Essa proposta não previa a proteção legal do Estado. A tarefa
de preservação ficava a cargo de uma comissão de 11 membros do próprio Instituto.
Essa comissão deveria apresentar relatório anual de seu trabalho e a organizar o
programa de sua ação, bem como, no prazo de um ano, elaborar um minucioso
catálogo de tudo o que constitui o patrimônio histórico-artístico da Bahia. Essa
proposta, infelizmente, não produziu os resultados almejados.

Outra iniciativa partiu do Professor Alberto Childe, conservador de Antiguidades


Clássicas do Museu Nacional, que, em 1920, a pedido de Bruno Lobo, então
presidente da Sociedade Brasileira de Belas Artes, elaborou um anteprojeto de lei de
proteção ao patrimônio histórico do país. Por sua formação em arqueologia, Childe
deu ênfase à proteção dos bens arqueológicos. A exemplo da proposta anterior, o
anteprojeto não logrou êxito.

Em 1923, a questão da preservação do patrimônio histórico entrou novamente em


pauta, porém, vinculada diretamente ao poder federal. Luís Cedro, representante do
estado de Pernambuco, apresentou à Câmara dos Deputados um projeto para a

o conceito de patrimônio cultural e o papel dos inventários nas práticas de preservação


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 52
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criação da Inspetoria dos Monumentos Históricos dos Estados Unidos do Brasil2.


Por possuírem notável acervo de bens culturais coloniais, Bahia e Pernambuco
foram os estados pioneiros na criação de órgãos regionais de proteção ao
patrimônio histórico local. Em 1927, é criada na Bahia a Inspetoria Estadual de
Monumentos Nacionais, o mesmo ocorrendo em Pernambuco, no ano seguinte. No
entanto, as restrições impostas pela Constituição de 1891 e pelo Código Civil então
vigentes, que asseguravam o princípio do direito de propriedade, aliadas à ausência
de dispositivos de sanção aos que cometiam atentado à integridade do patrimônio,
fariam dessas Inspetorias órgãos de ação limitada na proteção de bens locais. Sua
criação, porém, revelava o desenvolvimento de uma disposição preservacionista do
poder público em dois dos estados em que os bens culturais sofriam mais
diretamente os efeitos da evasão de obras de arte para o exterior e da ação
destruidora do tempo.

Em agosto de 1930, um novo projeto de lei federal foi apresentado à Câmara por
Wanderley Pinho, agora deputado federal pela Bahia. Entretanto, sua discussão e
votação foram impedidas pelos acontecimentos políticos de outubro, que
desaguaram na Revolução de 30 e na instalação do governo provisório de Getúlio
Vargas, iniciando um processo de centralização política que levaria a formação de
um Estado de viés nitidamente autoritário.

O interesse de segmentos da sociedade pela defesa do patrimônio histórico e


artístico, manifesto durante a década de 20, com o apoio da vanguarda modernista,
só logrou sensibilizar o poder público quando esta medida passou a ser considerada
um elemento importante no amplo quadro de manipulação dos recursos simbólicos,
necessários à legitimação de uma nova ordem política instalada pelo Estado Novo.
As iniciativas oficiais começariam a dar destaque a determinados "lugares de
memória", em que ocorreram grandes feitos "heróicos" do passado. Assim é que o
Decreto no 22.928, promulgado a 12 de julho de 1933, por Getúlio Vargas, eleva a
cidade de Ouro Preto à categoria de Monumento Nacional. Pioneiramente, a nova
Constituição republicana de 1934 consagrou em seu bojo a proteção ao patrimônio

2
Dois outros projetos foram encaminhados à Câmara dos Deputados em 1924 e 1925 por
parlamentares mineiros, Augusto de Lima e Jair Lins, respectivamente, ambos sem sucesso.

o conceito de patrimônio cultural e o papel dos inventários nas práticas de preservação


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 53
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histórico e artístico nacional como princípio constitucional, nos termos do seu Art.
148:
"Cabe à União, aos Estados e aos Municípios favorecer e animar o
desenvolvimento das ciências, das artes, das letras e da cultura em
geral, proteger os objetos de interesse histórico e o patrimônio artístico
do país, bem como prestar assistência ao trabalhador intelectual."

Nesse mesmo ano, um novo decreto governamental - o de no 24.375 - iniciou a


organização de um serviço de proteção aos monumentos históricos e às obras de
arte tradicionais do país, que foi a Inspetoria de Monumentos Nacionais, chefiada
pelo então Diretor do Museu Histórico Nacional, Gustavo Barroso. A Inspetoria
contava apenas com um arquiteto, Epaminondas Vieira de Macedo, e realizou
poucas obras de conservação na cidade de Ouro Preto. Com uma curta trajetória, as
funções da Inspetoria foram posteriormente assumidas pelo SPHAN, ao ser criado
em 1937.

A proteção ao patrimônio começa a se efetivar de forma mais concreta a partir de


uma iniciativa direta do Poder Executivo, na pessoa de Gustavo Capanema, então
Ministro da Educação e Saúde do Governo Vargas. Em 1936, Capanema delegou a
Mário de Andrade, escritor e intelectual modernista, a tarefa de elaborar um
anteprojeto de lei visando à preservação do patrimônio cultural brasileiro.

O texto elaborado por Mário de Andrade era bastante avançado para a época, de
caráter inovador e visionário, pois incorporava ao conceito de patrimônio artístico as
manifestações populares e os bens culturais imateriais. Ao ser apresentado, o texto
original sofreu injunções políticas no Ministério da Educação e somente parte dele
foi posteriormente aproveitado na formulação do Decreto-Lei no 25/37, já no contexto
ditatorial do Estado Novo (1937-1945).

O Decreto-Lei no 25, assinado por Vargas em 30 de novembro de 1937, já em seu


artigo primeiro, estabelece que interessa a conservação do patrimônio histórico, sob
um conceito restrito, composto pelo "[...] conjunto de bens móveis e imóveis
existentes no país e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua
vinculação a fatos memoráveis da História do Brasil, quer por seu excepcional valor
arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico." Esse diploma legal criou

o conceito de patrimônio cultural e o papel dos inventários nas práticas de preservação


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 54
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também a figura jurídica do tombamento, como instrumento tutelar de preservação


dos bens culturais. Na opinião de Torelly (2012), uma medida inovadora e acertada
em uma sociedade cuja elite sempre foi pouco afeita a restrições ao direito pleno de
propriedade, em prejuízo de sua função social. Dessa forma, estava
institucionalizada a política federal de proteção ao patrimônio histórico e artístico
nacional.

O mesmo Decreto-Lei no 25/37 organizou os trabalhos do Serviço do Patrimônio


Histórico e Artístico Nacional - SPHAN, sob o comando de Rodrigo Mello Franco de
Andrade, passando a integrar a estrutura burocrática do Ministério da Educação e
Saúde. Na chamada fase heroica (1937-1969), o SPHAN criou um novo campo de
representações simbólicas na construção da identidade do estado-nação, em que
priorizou-se a identificação e a proteção do patrimônio edificado e arquitetônico, dos
denominados “monumentos de pedra e cal”. De acordo com Sérgio Miceli (apud
BRASIL, 2005), o legado barroco era ponto de partida de toda uma política de
revalorização daquele repertório que eles mesmos definiram como a memória
nacional. Preservaram-se as igrejas barrocas, os fortes militares, as casas-grande e
os sobrados coloniais. Estes foram os escolhidos pelo SPHAN como ícones da
nação por sua relação a fatos históricos memoráveis e, sobretudo, por suas
qualidades construtivas e estéticas. Já as senzalas, os quilombos, as vilas operárias
e os cortiços não foram preservados; foram relegados ao esquecimento ou
destruídos por não terem, no contexto dessa concepção histórica, valor que
justificasse a sua preservação.

Em nenhum momento, a sociedade como um todo apareceu como agente desse


passado. Apenas alguns dos seus segmentos como o Estado, as elites, a Igreja e
por meio não da norma cotidiana, mas do excepcional, não do coletivo, mas do
isolado, do único. Até o final de 1969, haviam sido tombados 803 bens, dentre os
quais 368 de arquitetura religiosa, 289 de arquitetura civil e 43 de arquitetura militar.
A maioria destes monumentos estão localizados nos estados de Minas Gerais, da
Bahia e de Pernambuco (BRASIL, 2005).

o conceito de patrimônio cultural e o papel dos inventários nas práticas de preservação


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 55
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A fase heróica do SPHAN, liderada por Rodrigo Mello Franco de Andrade, embora
prestigiada politicamente e tendo o concurso de profissionais qualificados e
engajados na tarefa de preservar e conservar, principalmente, o acervo
colonial/barroco brasileiro, foi condicionada por um processo estrutural, cujas forças
eram poderosas e velozes: a urbanização. Apesar das centenas de tombamentos,
desde pequenas capelas a conjuntos urbanos e cidades inteiras, e de terem sido
protegidas centenas de milhares de bens móveis de grande valor histórico e
artístico, muito se perdeu. No final do século XIX e primeiras décadas do século XX,
presenciou-se a remodelação de algumas cidades como Salvador, Recife, São
Paulo e Rio de Janeiro, que provocou o desaparecimento de significativas
edificações coloniais.

Nesse período, foram importantes para a evolução da abrangência do conceito de


patrimônio cultural, a descaracterização e a perda de qualidade dos espaços
públicos, bem como o reconhecimento de aspectos psicossociais ligados à memória
urbana, não relacionados especificamente a critérios históricos ou de
excepcionalidade, mas a referências espaciais e vivências afetivas reconhecidas
como o “espírito do lugar”. A expansão dessa percepção veio promover uma revisão
de critérios que demandou novas formulações e instrumentos capazes de abranger
a diversidade cultural do país, especialmente as manifestações das culturas
ameríndia e africana, fortemente presentes no cotidiano e no imaginário nacional e
que, até então, não tinham um reconhecimento proporcional à sua importância.

Por paradoxal que pareça, a preservação do patrimônio cultural vive, durante os


anos 1970, em plena ditadura militar, um ciclo de renovação e de ampliação
conceitual que seriam determinantes no papel do então Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) até a atualidade. Duas novas iniciativas são
tomadas complementarmente à atuação do IPHAN: foram criados o Programa
Integrado de Reconstrução das Cidades Históricas (PCH), em 1973, e o Centro
Nacional de Referência Cultural (CNRC), em 1975.

O PCH, que articula ações de quatro ministérios – Educação e Cultura,


Planejamento, Interior, e Indústria e Comércio – surge com o objetivo de coordenar a

o conceito de patrimônio cultural e o papel dos inventários nas práticas de preservação


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política do governo federal para fomentar o potencial econômico e turístico das


cidades históricas, a partir da revitalização dos monumentos que foram degradados
pela ação do tempo e pelo abandono, e incluí-los no processo de crescimento
econômico, então em curso, denominado “milagre brasileiro”. Com o PCH ampliou-
se a capacidade administrativa e financeira do IPHAN, com resultados positivos
quanto à proteção dos conjuntos urbanos beneficiados e à melhoria da qualidade da
infraestrutura e da gestão pública dos estados e das cidades participantes do
Programa, opina Torelly (2012).

No que toca ao CNRC, com sua criação promove-se uma revisão das noções de
preservação e patrimônio e agrega-se novos conceitos, como os de referência e
bem cultural. A idéia de referência cultural admite que diferentes visões possam
coexistir acerca de um bem, e que os valores e as práticas sociais a ele atribuídos o
tornem uma representação coletiva reconhecida por um grupo ou mais, pelo sentido
de identidade que desperta, transformando-o em um bem cultural. São conceitos
que foram incorporados a noção de patrimônio cultural, capazes de reconhecer
significados e de promover a salvaguarda e o acautelamento de uma variedade de
manifestações que não encontravam respaldo nos instrumentos de gestão, então
vigentes, como o tombamento. A adoção de conceito antropológico de cultura e de
referência cultural, bem como a ampliação dos objetos de especulação criativa,
oriundos das ideias e formulações do CNRC, permitiram a valorização e a releitura
dos saberes e dos fazeres tradicionais, como o artesanato, a cerâmica e a
tecelagem, mediante o conhecimento e o fomento das cadeias produtivas.

Em 1979, IPHAN, PCH e CNRC são unificados e passam a constituir a Fundação


Nacional Pró-Memória (FNpM), subordinada a um órgão normativo também criado
na mesma ocasião, a Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(SPHAN), ambas vinculadas ao Ministério da Educação e Cultura (MEC). Esta
iniciativa, além dos aspectos inerentes à racionalização administrativa e econômico-
financeira, foi realizada com a expectativa de que as diferentes visões conceituais do
IPHAN e CNRC, auxiliados pela capacidade financeira e técnica do PCH, fossem
capazes de fazer frente aos desafios de implementar uma política de preservação do
patrimônio cultural, ampliada em sua dimensão temporal e territorial, e que, além de

o conceito de patrimônio cultural e o papel dos inventários nas práticas de preservação


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 57
Anna Karla Trajano de Arruda

se integrar à vida econômica e social do país e às demais políticas públicas,


estivesse menos apegada às noções tradicionais de excepcionalidade, arte e
história. Essa nova postura tinha como objetivo conferir às manifestações culturais
um caráter dinâmico, processual e transformador. As formulações do CNRC
resgataram propostas do projeto de Mário de Andrade, até então latentes e
esparsamente desenvolvidas, e apontaram para novos rumos, mais amplos e mais
diversos, para a preservação do patrimônio cultural, em uma conjectura política que
caminhou para a redemocratização do país e se concretizou com a promulgação da
Constituição Federal de 1988.

A Carta Magna, em seus artigos 215 e 216 que tratam da cultura no âmbito
constitucional, promoveu importante atualização conceitual com o reconhecimento
da dimensão imaterial do patrimônio cultural através de inclusão dos diversos
segmentos sociais e manifestações culturais no universo identitário nacional:
incorpora-se a noção de representatividade ao conceito de patrimônio cultural e
passam a ser protegidas também às manifestações populares, indígenas e afro-
brasileiras. No que toca aos instrumentos de salvaguarda, além do inventário, o
tombamento e a desapropriação já correntes, especificamente, o Art. 216 estabelece
a criação de novos instrumentos como o registro para a proteção daqueles valores
reconhecidos como patrimônio imaterial.

Por fim, tem-se na atualidade um novo momento de ampliação sobre o conceito de


patrimônio cultural, estando em pauta a Chancela da Paisagem Cultural Brasileira,
estabelecida pela Portaria IPHAN no 127/2009. Por esta Portaria, “[...] Paisagem
Cultural Brasileira é uma porção peculiar do território nacional, representativa do
processo de interação do homem com o meio natural, à qual a vida e a ciência
humana imprimiram marcas ou atribuíram valores.”

Da Paisagem Cultural Brasileira decorre, portanto, uma diversidade de bens


culturais, frutos da relação do homem com seu meio, os quais se mantêm vivos e
preservados na medida em que seu contexto sociocultural e paisagístico se
conserva. Para a preservação deste contexto, a Portaria n o 127/2009 propõe o
chancelamento da paisagem (suporte físico) e da cultura (as relações sociais,

o conceito de patrimônio cultural e o papel dos inventários nas práticas de preservação


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 58
Anna Karla Trajano de Arruda

econômicas e simbólicas). A chancela, como esclarece Vasconcelos (2012), é um


ato administrativo que apóia-se no arcabouço jurídico já existente e em formas e
instrumentos de gestão compartilhada, através de parcerias entre o IPHAN, a
sociedade civil, a iniciativa privada e outras esferas governamentais. Isto implica no
reconhecimento por parte de entidades e grupos sociais da importância da paisagem
cultural para expressar suas identidades, preservar suas memórias coletivas e
auxiliar no desenvolvimento cultural, social e econômico.

Na opinião de Vasconcelos (2012), o conceito de paisagem cultural vem inaugurar


um novo capítulo no campo da preservação patrimonial, pondo fim à bipolaridade
existente, até então, na proteção do patrimônio mundial, que desde sua origem
esteve segregado em duas categorias: cultural e natural. Com base nesse conceito,
as relações entre o construído e o natural devem, de agora por diante, passar a
serem vistas como uma unidade indissociável dotada de valor cultural.

Para concluir a discussão em tela nesse Capítulo, aborda-se no tópico seguinte o


papel dos inventários, com ênfase ao patrimônio construído, enquanto prática de
preservação exercida pelo IPHAN, desde sua criação até os dias de hoje.

2.3 A Experiência Brasileira de Inventariação do Patrimônio Construído

Institucionalmente, a preocupação com a inventariação do patrimônio brasileiro


encontra-se presente desde os primórdios do SPHAN. Em 1939, Rodrigo Mello
Franco de Andrade já apontava para a necessidade desta ação, como pressuposto
básico para a proteção do patrimônio, quando afirmou “[...] torna-se necessário
proceder pelo país inteiro a um inventário metódico dos bens que pareçam estar nas
condições estabelecidas para o tombamento e, em seguida, realizar os estudos
requeridos para deliberar sobre a respectiva inscrição.” (ANDRADE, 1987, p. 51-52).

Neste mesmo sentido, Lúcio Costa em seu Plano de Trabalho para a Divisão de
Estudos e Tombamento da DPHAN (como passou a ser chamado o SPHAN de 1946
a 1970), escrito em 1949, ano no qual assume a direção da citada divisão, aponta

o conceito de patrimônio cultural e o papel dos inventários nas práticas de preservação


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 59
Anna Karla Trajano de Arruda

para a necessidade vital, para o bom funcionamento da instituição, da coleta de


informações para a especificação do acervo histórico-monumental de interesse
artístico que considerava a eles a incumbência de preservar. Coletas estas que se
dividiam entre aquelas de natureza técnico-artística como as de um inventário de
fotografias e plantas, somadas as decorrentes da observação direta e as
informações de natureza histórico-elucidativa (PESSOA, 2004).

Somente, porém, na década de 1970, o inventário, enquanto “inventário de


conhecimento”, desenvolve-se de forma mais estruturada no Brasil. Isto deve-se à
atuação de Paulo Ormindo de Azevedo, que implementou, a partir de 1973, o
“Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia" - com recursos da Secretaria
da Indústria e Comércio do Estado da Bahia - (IPAC-BA/SIC). Este teve influência
direta do “Inventário de Proteção do Patrimônio Cultural Europeu”, cujas diretrizes
metodológicas foram publicadas, em 1970, na Itália 3. Assim como o IPCE, o IPAC-
BA/SIC seguia a definição de “inventário de proteção” dada pela "Confrontação A",
reunião realizada em Barcelona, em 1965, que dedicou-se à elaboração de critérios
para um inventário de sítios e conjuntos históricos ou artísticos com vista à sua
conservação e valorização4. Nela definiu-se “inventário de proteção” como sendo
aquele capaz de identificar e reunir as informações indispensáveis à preservação
dos bens culturais.

O IPAC-BA/SIC, afirma Paulo Ormindo, não se restringia ao levantamento do


patrimônio já reconhecido legalmente, como faziam alguns países, pois isto
eliminava “[...] uma de suas mais importantes funções, a de recenseamento do
universo cultural mais amplo, não seletivo.” Com ele, procurava-se realizar “[...] um
cadastramento cultural sistemático do território, que pudesse servir de base ao
planejamento urbano-territorial e não apenas à preservação de alguns edifícios
isolados.” Dentre o sistema de nove fichas propostas para o IPCE, duas fichas foram

3
GAZZOLA, Pietro. L'inventario di protezione del patrimonio culturale. Settore dei beni immobili.
IPCE. Scopo e norme di esecuzione. Verona, 1970. Ver: AZEVEDO, Paulo Ormindo. “Inventário
como Instrumento de Proteção: A Experiência Pioneira do Ipac-Bahia”, In: MOTTA, Lia; SILVA,
Maria Beatriz Resende (org.) 1998, p. 64.
4
A Confrontação A, foi o primeiro – de um total de cinco – dos encontros convocados pelo Conselho
da Europa, para discutir-se a implementação da Recomendação 365, editada pelo citado
Conselho, em 1963, para orientar a "defesa e valorização dos sítios e conjuntos históricos
europeus". Idem, p. 61.

o conceito de patrimônio cultural e o papel dos inventários nas práticas de preservação


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 60
Anna Karla Trajano de Arruda

adotadas pelo IPAC - BA/SIC: a ficha de imóveis e a ficha para sítios. No total, a
coleção completa do IPAC BA/SIC é formado por sete volumes:
 Volume I - Monumentos do Município de Salvador - Bahia, 1975;
 Volume II - Monumentos e Sítios do Recôncavo - I Parte, 1978;
 Volume III - Monumentos e Sítios do Recôncavo - II Parte, 1982;
 Volume IV - Monumentos e Sítios da Serra Geral e Chapada Diamantina,
1980;
 Volume V - Monumentos e Sítios do Litoral Sul, 1988;
 Volume VI - Monumentos e Sítios das Mesorregiões Nordeste, Vale São
Franciscano e Extremo Oeste Baiano 1999 e

 Volume VII - Monumentos e Sítios da Região Pastoril, 2002.

Para o preenchimento das fichas foi elaborado um manual “Normas de Execução do


IPAC”, publicado no segundo volume do inventário em 1978 (BAHIA, 1978, Anexos).
Em linhas gerais, a ficha do IPAC-BA/SIC é composta por campos que se distribuem
graficamente de acordo com a proximidade temática. As plantas baixas, fotografias,
informações cartográficas e textos de variadas formas (análise, cronologias,
listagens e descrições) apresentam-se ladeados pelos nomes dos profissionais,
datas, códigos de controle, numerações e siglas dos órgãos responsáveis (Figura 3).
Sem perder de vista a importância desse inventário, e ainda sabendo que tem
caráter prospectivo, analisa-se que as informações gráficas são diminutas, apenas
as plantas baixas dos pavimentos em escala reduzida, fotografias do exterior e do
interior da edificação, e eventualmente, um corte e a planta de cobertura, em escala
reduzida. Isto é efetivamente um problema, pois não constituem uma fonte muita
precisa para, em situações como, por exemplo, intervenções de restauro ou
documentação expressiva para memória, em caso de perda do bem.

Em 1999, foi reeditado em formato digital e foi disponibilizado amplamente através


da internet e de CD-ROM. Atualmente, é possível ter acesso à versão digital via
download, no website do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia
(www.ipac.ba.gov.br).

o conceito de patrimônio cultural e o papel dos inventários nas práticas de preservação


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 61
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Figura 3 - Exemplo da Ficha de Cadastro de Imóveis do IPAC - BA/SIC (frente e verso)

Fonte: Bahia, Secretaria da Indústria e Comércio (1982).

o conceito de patrimônio cultural e o papel dos inventários nas práticas de preservação


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 62
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Seguindo a mesma orientação, a partir da década de 1980, multiplicaram-se dentro


do IPHAN, iniciativas de elaboração de “inventários de conhecimento”. O IPHAN
verifica a necessidade de qualificar o registro das informações como forma de
melhor desempenhar suas ações institucionais relativas à proteção dos núcleos
históricos, e facilitar o acesso e a produção de conhecimento sobre esse tipo de bem
cultural. No período de 1989 a 1994, e tendo o sítio histórico de Tiradentes como
projeto-piloto, é desenvolvido, testado e revisado um novo método de inventário,
incorporando os recursos da informática, e em especial, utilizando um banco de
dados digital.

Em 1995, como uma primeira tentativa de sistematização destas experiências com a


inventariação, é realizado o “Encontro de Inventários de Conhecimento do IPHAN”.
O processo que culmina com a elaboração do Formulário Geral do Sítio Urbano, em
1997 (MOTA; SILVA, 1998).

A partir de 2000, ocorre o aperfeiçoamento dos formulários e do banco de dados que


possibilita a elaboração da versão 2001 do Inventário Nacional de Bens Imóveis e
Sítios Urbanos Tombados, o INBI-SU. Este inventário estabeleceu três formas
complementares de abordagem do sítio urbano, necessárias à compreensão do seu
valor como patrimônio cultural (BRASIL, 2002):

 a pesquisa histórica;

 os levantamentos físico-arquitetônicos e

 as entrevistas com os moradores e usuários.

Por outro lado, considera-se que nos três volumes publicados, o inventário superou
o seu papel prospectivo para conhecimento do acervo arquitetônico e histórico do
sítio, por apresentar propostas para proteção e intervenções no seu espaço urbano,
desempenhando nesse caso um papel de instrumento para proposição de políticas
de preservação. Lastima-se que, até o momento, a base de dados de todos os
inventários até então realizados pelo IPHAN não esteja ainda disponível para o
público na web, assim como é declarado nos tópicos introdutórios dos citados
volumes.

o conceito de patrimônio cultural e o papel dos inventários nas práticas de preservação


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 63
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Complementando o INBI-SU, acontecia também o Inventário de Bens Arquitetônicos


(IBA) e o Inventário de Configuração de Espaços Urbanos (INCEU). O objetivo do
IBA era o registro sistemático dos bens imóveis tombados individualmente pelo
IPHAN, tendo em vista a organização e complementação das informações sobre os
mesmos, com o enfoque sobre o registro de exemplares arquitetônicos de tipologia
excepcional. Já o objetivo do INCEU era o de oferecer uma metodologia que,
operando nos níveis da percepção visual do espaço urbano e de sua representação
geométrica, permitisse a investigação de outras categorias de análise que compõem
a morfologia da configuração espacial do sítio. Essa investigação destinava-se,
essencialmente, a fundamentar ainda mais a normatização de intervenções em
áreas protegidas, proporcionando a técnicos e gestores dados objetivos para o
estabelecimento de parâmetros de preservação.

Em linhas gerais, a produção de tais inventários é caracterizada pela adoção de um


sistema de cadastramento classificatório, onde se dedica a cada obra uma ficha, na
qual esta é identificada, descrita, analisada e representada iconográfica e
geometricamente (desenhos, mapas, plantas e fotografias). As fichas são compostas
por informações padronizadas, dispostas em uma grade. A grade é montada em
função do agrupamento de temas que compõe o levantamento e a interpretação
crítica e histórica. As fichas são organizadas a partir de (ou visando) uma
abordagem sistêmica das manifestações urbano-arquitetônicas, seja do conjunto,
selecionado como representativo do recorte espaço-temporal, ou seja do objeto em
si, a partir, por exemplo, das características físicas e formais dos elementos de uma
obra arquitetônica como tipologia, técnicas construtivas, materiais, entre outros.
Cada campo da ficha abriga um tipo de dado, pertinente a todas as obras, o que
permite a sistematização dos dados, gerando-se então uma análise comparativa (em
termos quantitativos e qualitativos) do conjunto e de cada uma das suas partes. Um
exemplo das fichas utilizadas para o levantamento de dados para o INBI-SU é a de
"Características Arquitetônicas", apresentada na Figura 4.

o conceito de patrimônio cultural e o papel dos inventários nas práticas de preservação


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 64
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Figura 4 – INBI-SU: ficha de características arquitetônicas, para levantamento de dados

Fonte: IPHAN (2002).

o conceito de patrimônio cultural e o papel dos inventários nas práticas de preservação


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 65
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Com os avanços das tecnologia digitais ao longo dos anos 1990, o INBI-SU e seus
complementares acima citados seguiram a tendência de adotar o ambiente
computacional como suporte para gerenciar e armazenar os inventários culturais e
de consolidação de procedimentos como a inserção de desenhos digitalizados, o
uso de fotografia digital e a confecção de modelos geométricos (Figura 5). Assim, as
27 superintendências regionais do IPHAN receberam um conjunto de sistemas de
banco de dados, cada sistema correspondendo a um dos módulos dos inventários,
todos desenvolvidos com o software MS Access, tendo passado por uma etapa de
capacitação para o uso dos mesmos.

Figura 5 – INBI-SU: tela principal, versão digital

Fonte: IPHAN (2002).

Contudo, cita Nogueira (2010), esta proposta que pretendia “[...] diferir das formas
tradicionais de documentação pelo seu caráter dinâmico de atualização, participação
e disponibilização dos dados”, na prática não atendeu a estas expectativas, uma vez
que, manteve o formato de fichas, subutilizando as potencialidades das tecnologias
digitais (Figura 6).

o conceito de patrimônio cultural e o papel dos inventários nas práticas de preservação


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 66
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Figura 6 – INBI-SU: tela para cadastramento de lotes, versão digital

Fonte: IPHAN (2002).

Na análise de Tirello (2008 apud NOGUEIRA, 2010), apesar das inúmeras


“possibilidades de interfaces” disponibilizadas pelas ferramentas computacionais,
ainda hoje, os sistemas de inventário dos bens culturais mantêm seus formatos
baseados nas proposições iniciais de Lúcio Costa na década de 1930, quando do
início da atuação do SPHAN para a documentação do acervo arquitetônico nacional.

No período de 2000 a 2003, foram realizadas as pesquisas históricas do INBI-SU


nas cidades de Belém, São Luís, Recife, Olinda, Parati, Petrópolis, Área da Praça
XV no Rio de Janeiro, Alcântara, Mariana, Ouro Preto, Salvador, Cachoeira, Lençóis,
Laranjeiras, Penedo e Icó. Para cada um desses sítios, foram preenchidos quatro
formulários: I - Cadastramento de Instituições de Pesquisa; A - Levantamento de
Fontes Bibliográficas; B - Levantamento de Fontes Arquivísticas e Formulário Geral
do Sítio Urbano (Figura 7).

o conceito de patrimônio cultural e o papel dos inventários nas práticas de preservação


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 67
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Figura 7 - INBI-SU: modelo do Formulário Geral do Sítio Urbano

Fonte: IPHAN (2002).

o conceito de patrimônio cultural e o papel dos inventários nas práticas de preservação


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 68
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Dos dezesseis sítios citados, até 2007, o IPHAN havia concluído os inventários de
apenas três sítios, quais sejam: INBI-SU de Parati, INBI-SU de São Luís e INBI-SU
de Tiradentes. Tais inventários foram publicados em uma coletânea, pelo Senado
Federal, sob o título de "Série Cidades Históricas, Inventário e Pesquisa".

Cada uma dessas publicações apresenta a consolidação do conjunto de dados e


informações levantadas constituindo os seguintes tópicos:

 uma síntese histórica como subsídio para a leitura urbana;

 a análise morfológica do sítio;

 a proposta de critérios e normas de proteção a partir da setorização espacial


(com delimitação cartográfica de cada setor) relativas a condições de
desmembramento, novos lotes, novas ocupações, recuperação de volumes
antigos, intervenções em edificações antigas e novos acréscimos;

 dados resumidos dos imóveis (endereço, uso atual, uso anterior, gabarito,
área do lote, área de projeção da edificação e estado de conservação)
acompanhados de planta de localização, fotografia preto e branco ou colorida,
e, eventualmente, a planta da cobertura.

Para os imóveis de tipologia excepcional além dos dados resumidos apresenta-se


ainda as plantas de localização e de cobertura, conforme mostrado na Figura 8. De
modo geral, todos os desenhos estão em escalas extremamente reduzida e, muitas
vezes, com falhas de impressão. Note-se que essa representação diminuta, pouco
contribui para as ações de restauro e conservação, semelhante ao que foi
observado (ver página 31), em relação ao IPAC-BA/ SIC.

Outra questão a se colocar é o fato da não disponibilização desses dados em meio


digital para consultas, quer seja para a sociedade quer seja, ao menos, para os
técnicos do próprio IPHAN, indo a contrapelo do discurso de informatização
declarado no início dos anos 2000, quando da implementação do INBI-SU e demais
inventários.

o conceito de patrimônio cultural e o papel dos inventários nas práticas de preservação


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 69
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Figura 8 - INBI-SU Tiradentes: exemplo dos dados das edificações, publicados


em "Série Cidades Históricas, Inventário e Pesquisa"

Fonte: Senado Federal (2005).

Em uma nova tentativa de informatização dos inventários, desde 2007, o


Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização (DEPAM/IPHAN) vem
desenvolvendo o Sistema Integrado de Conhecimento e Gestão (SICG), com o
objetivo integrar os dados sobre o patrimônio cultural, com foco nos bens materiais,
reunindo em uma base de dados única informações sobre cidades históricas, bens
móveis e integrados, edificações, paisagens, arqueologia, patrimônio ferroviário e
outras ocorrências do patrimônio cultural do Brasil.

O SICG é constituído por um conjunto de fichas agrupadas em três módulos:


Conhecimento, Gestão e Cadastro, conforme detalhado no Quadro 3, e deve ser
complementado com o Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC),
propondo assim a base de conhecimento necessária para a construção de uma
política efetiva de proteção e difusão do patrimônio cultural (IPHAN, 2012).

o conceito de patrimônio cultural e o papel dos inventários nas práticas de preservação


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 70
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Quadro 3 – Módulos do SICG - Sistema Integrado de Conhecimento e Gestão, IPHAN


MÓDULO DESCRIÇÃO FICHAS
Visa reunir informações que contextualizem, na história e no território, os bens que são objetos de M101: Contextualização Geral
estudo. Organiza as informações provenientes de universos culturais temáticos ou territoriais. É um
M102: Contexto Imediato
Conhecimento módulo básico para se iniciar um estudo temático ou inventário de conhecimento em um dado
espaço geográfico. As informações obtidas através desse módulo são complementadas pelo M103: Informações sobre a Proteção
cadastro de bens, efetuado através das fichas do módulo de Cadastro. Existente

Traz uma abordagem sistemática do patrimônio cadastrado e protegido, estimulando estratégias de M201: Pré-setorização
gestão e valorização. Busca a articulação do processo de conhecimento, presente no Módulo 1, com
M202: Caracterização dos Setores
as necessidades de gestão do patrimônio cultural com as quais os técnicos e gestores se deparam
diariamente. Suas fichas estão voltadas para a coleta das informações necessárias à gestão do bem, M203: Averiguação e Proposição Local
seja auxiliando nas rotinas de fiscalização, na construção de normatizações e planos de
preservação, ou de diagnósticos urbanos visando a reabilitação total ou parcial de fatias dos centros M204: Diagnóstico Urbano - Lote
Gestão
históricos. M205: Diagnóstico Urbano - Quadra
O enfoque das fichas desse módulo são as áreas já protegidas, ou seja, sobre as quais o IPHAN ou M206: Diagnóstico Conservação
os demais órgãos de preservação do patrimônio cultural – nas esferas estadual e/ou municipal – têm Arquitetura Religiosa
obrigação de fazer a gestão através de normatização, ações de fiscalização, da construção de
planos e preservação, de reabilitação, entre outros. M207: Relatório Fotográfico

M300: Listagem Geral


Este módulo é composto, basicamente, por fichas relativas a bens individuais. Possui uma ficha
M301: Cadastro
padrão comum a todas as categorias do patrimônio material, denominada de Cadastro Básico, com
M302: Bem Imóvel Arquitetura
informações indispensáveis sobre o bem cultural, que permitem sua identificação e o recebimento de Caracterização Externa
um número de identificação, como uma cédula de identidade. É aplicada a todas as categorias dos
bens de natureza material (arqueológico, paleontológico, natural, bem imóvel, bem móvel e bem M303: Bem Imóvel Arquitetura
Cadastro Caracterização Interna
integrado). A partir disso é possível aprofundar os conhecimentos sobre os bens cadastrados através
do preenchimento de fichas especializadas sobre arquitetura, bens móveis e integrados, conjuntos M304: Bem Imóvel Conjuntos
rurais, patrimônio ferroviário, patrimônio naval, dentre outros. Em geral, essas fichas especializadas Arquitetônicos e Rurais
só serão preenchidas para os bens sobre os quais se recair um interesse especial de gestão ou M305: Bens Moveis e Integrados
proteção, que se destacaram no contexto, ou por sua exemplaridade ou por sua excepcionalidade. M306: Patrimônio Ferroviário
M307: Patrimônio Naval
Fonte: IPHAN (2012).

o conceito de patrimônio cultural e o papel dos inventários nas práticas de preservação


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 71
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A título de ilustração, apresenta-se o modelo da Ficha M03.01 (Figura 9), utilizada


para cadastro de um imóvel.
Figura 9 – Ficha M03.01 do Módulo Cadastro, SICG - IPHAN
1. IDENTIFICAÇÃO
1.1. Recorte Territorial (Identificação da região estudada)

1.2. Recorte Temático (Identificação do tema do estudo)

1.3. Identificação do Bem (denominação oficial, denominação popular, outras 1.4. Código Identificador
denominações) Iphan

2. LOCALIZAÇÃO DO UNIVERSO/ OBJETO DE ANÁLISE


2.1.UF 2.2.Município 2.3.Localidade 2.4.Local Específico

2.5.Endereço Completo (logradouro, nº, complemento) 2.6.Código Postal

2.7.Coordenadas Geográficas 1.1. 3.PROPRIEDADE


Datum Zona Pública 3.1. Identificação do Proprietário
Latitude Privada
Longitude Mista 3.2. Contatos
Outra
Altitude [m]
(especificar)
Erro Horiz. [m]
6.PROTEÇÃO
4. NATUREZA DO BEM 5.CONTEXTO 7. PROTEÇÃO PROPOSTA
EXISTENTE
Bem arqueológico Rural Patrimônio mundial Patrimônio mundial
Bem paleontológico Urbano Federal/ individual Federal/ individual
Entorno
Patrimônio natural Federal/ conjunto Federal/ conjunto
preservado
Entorno
Bem imóvel Estadual/ individual Estadual/ individual
alterado
Bem móvel Forma conjunto Estadual/ conjunto Estadual/ conjunto
Bem integrado Bem isolado Municipal/ individual Municipal/ individual
4.1 Classificação Municipal/ conjunto Municipal/ conjunto
Entorno de bem Entorno de bem
protegido protegido
8.ESTADO DE 9.ESTADO DE
Nenhuma Nenhuma
PRESERVAÇÃO CONSERVAÇÃO
6.1. Tipo/ legislação
Íntegro Bom 7.1 Tipo/ legislação incidente
incidente
Pouco alterado Precário
Muito alterado Em arruinamento
Descaracterizado Arruinado
10. IMAGENS (copiar quantas linhas forem necessárias)

11.DADOS COMPLEMENTARES
11.1.Informações Históricas (síntese)

11.2.Outras informações (especializadas, temáticas...)

11.3. Referencias Bibliográficas


.
1.1.1. 12. PREENCHIMENTO
12.1. Entidade 12.2. Data
12.3. Responsável
Fonte: IPHAN (2012).

o conceito de patrimônio cultural e o papel dos inventários nas práticas de preservação


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 72
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Até o momento, este sistema, segue o mesmo padrão das iniciativas anteriores e os
mesmos problemas de atualização dos dados (NOGUEIRA, 2010). Todavia, George
Alex da Guia, atual Coordenador Técnico do SICG, comenta que há fortes
diferenças conceitual e metodológica entre esse e o Sistema de Inventários:
O Sistema de inventários desenvolvido ao longo da década de 90 e metade
da de 2000 teve como foco o inventário de bens tombados. Nesta
perspectiva, o objetivo era a documentação dos bens imóveis, móveis e
integrados com vistas a ter informações necessárias para o conhecimento
do bem e subsídios para as ações de gestão. Contudo, a realidade do
“estoque” de bens protegidos não abrangia conceitualmente e
territorialmente a nova definição de patrimônio cultural estabelecida pela
Constituição Federal/88. O que se observou foi uma dificuldade de se
cadastrar bens de proteção recente como é o caso da arquitetura moderna
e até aqueles que não são artefatos urbanos como é o caso da arquitetura
indígena. Para além destas relações, a necessidade de se ampliar a
significância do patrimônio cultural em termos de representatividade e
aspectos territoriais e temáticos levou-nos a considerar outros tempos
históricos, sociais e econômicos como passíveis de proteção como é o caso
da arquitetura da imigração teuto-brasileira além dos movimentos das artes
visuais contemporâneos, como a arte moderna e contemporâneo.
O SICG introduz nas ações de identificação, proteção e gestão o conceito
de redes de proteção, onde a produção do conhecimento passa a ter um
caráter estratégico na articulação federativa de proteção e preservação do
5
patrimônio cultural.

Ainda segundo George, a expectativa é que o SICG interaja com o Sistema Nacional
de Informações e Indicadores Culturais (SNIIC), previsto pelo Ministério da Cultura
(MinC), dentro do Sistema Nacional de Cultura (SNC).

Do ponto de vista tecnológico, a solução adotada optou pelo uso de uma ferramenta
de Sistema de Informações Geográficas (SIG) do tipo software livre como o i3Geo6,
obedecendo ao Decreto Federal no 6.666/2008, de 27 de novembro de 2008, que
institui a Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (INDE)7 e as Resoluções da

5
GUIA, George Alex da. Entrevista concedida a Anna Karla Trajano de Arruda. Salvador, em 10 de
junho de 2012.
6
i3GEO é um aplicativo desenvolvido pelo Ministério do Meio Ambiente para o acesso e análise de
dados geográficos. Baseado em software livre, principalmente o Mapserver, utiliza como plataforma
de funcionamento, navegadores comuns, como o Internet Explorer e o Firefox. Seu objetivo é
difundir o uso de geoprocessamento e implementar uma interface genérica para acesso aos dados
geográficos existentes em instituições públicas.
7
Este Decreto instituiu, no âmbito do Poder Executivo Federal, a Infraestrutura Nacional de Dados
Espaciais (INDE), com o objetivo de:

o conceito de patrimônio cultural e o papel dos inventários nas práticas de preservação


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 73
Anna Karla Trajano de Arruda

Comissão Nacional de Cartografia (CONCAR). A disponibilização das informações


ao público será por meio de webservices, utilizando a linguagem de programação
Java. Até junho de 2012, estava em desenvolvimento a identidade visual do sistema
e a interface inicial para visualização geográfica dos dados do Módulo de Cadastro
Básico - Ficha M03.01 apresentada acima.

Pelo exposto, observa-se que o uso de tecnologias da informação como suporte a


fim de cumprir as determinações da Constituição para uma política pública de
cultura, superou o seu status de uma tendência observado no século passado e
concretiza-se nesse início de século a partir das geotecnologias ou, como é
conhecido internacionalmente, do Geographic Information System (GIS), como um
instrumento de apoio à preservação e à gestão do patrimônio cultural.

Uma vez estabelecida as transformações do conceito de patrimônio cultural, a


evolução dos inventários para o (re)conhecimento e proteção dos bens culturais,
destaca-se no Capítulo 3, as relações entre os inventários como instrumento de
documentação, principalmente dos edifícios e sítios históricos, nas normas nacionais
e internacionais voltadas à salvaguarda do patrimônio, e as mudanças
metodológicas que teve frente ao uso das inovações tecnológicas, ocorridas em seu
decurso.

I - promover o adequado ordenamento na geração, no armazenamento, no acesso, no


compartilhamento, na disseminação e no uso dos dados geoespaciais de origem federal, estadual,
distrital e municipal, em proveito do desenvolvimento do país;
II - promover a utilização, na produção dos dados geoespaciais pelos órgãos públicos das esferas
federal, estadual, distrital e municipal, dos padrões e normas homologados pela Comissão Nacional
de Cartografia - CONCAR; e
III - evitar a duplicidade de ações e o desperdício de recursos na obtenção de dados geoespaciais
pelos órgãos da administração pública, por meio da divulgação dos metadados relativos a esses
dados disponíveis nas entidades e nos órgãos públicos das esferas federal, estadual, distrital e
municipal.
o
§ 1 Para atingir os objetivos dispostos neste artigo, será implantado o Diretório Brasileiro de Dados
Geoespaciais - DBDG, que deverá ter no Portal Brasileiro de Dados Geoespaciais, denominado
“Sistema de Informações Geográficas do Brasil - SIG Brasil”, o principal meio para o acesso aos
dados, seus metadados e serviços relacionados.

o conceito de patrimônio cultural e o papel dos inventários nas práticas de preservação


Capítulo 3
O LUGAR DOS INVENTÁRIOS E DA
DOCUMENTAÇÃO NAS
CARTAS PATRIMONIAIS
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 75
Anna Karla Trajano de Arruda

3 O LUGAR DOS INVENTÁRIOS E DA DOCUMENTAÇÃO NAS


CARTAS PATRIMONIAIS

Os conceitos e teorias sobre a preservação dos bens culturais e a busca por


metodologias e técnicas que garantam a salvaguarda do patrimônio há muito é
objeto de estudos e sua importância se torna cada vez maior. Os inventários surgem
neste entremeio como um instrumento de preservação, constituindo a
documentação do bem cultural para conhecimento com vistas a definição das ações
necessárias para sua proteção.

Além das legislações nacionais, é importante destacar a existência de várias


convenções, declarações, resoluções, recomendações e cartas, resultantes de
reuniões relacionadas ao patrimônio cultural, realizadas em diferentes épocas e
várias partes do mundo por organismos multilaterais como UNESCO, ICOMOS,
ICOM, Conselho da Europa e Congressos Internacionais da Arquitetura Moderna –
CIAM. A esses vários documentos se convencionou chamar de Cartas Patrimoniais
e, quando analisadas em conjunto, representam a evolução do pensamento e das
ações preservacionistas, refletindo a influência dos teóricos do Restauro como
Villolet-Le-Duc, John Ruskin, Cesare Brandi, Camilo Boito e Gustavo Giovanonni, ao
longo do tempo (IPHAN, 1995)8.

Para fins dessa tese, foram identificadas um total de aproximadamente 70


documentos. Destacam-se a seguir, aquelas que suas importâncias são mais
evidentes na documentação através dos inventários e demais formas de registro,
seja como método ou como instrumento de proteção, através da discussão sobre as
mudanças e avanços introduzidos.

Como ponto de partida, tome-se a Carta de Atenas da Sociedade das nações


Unidas (1931) que já ressaltava a necessidade de execução de inventários dos
monumentos, munido de informações gerais sobre eles e levantamentos fotográficos
para a formação de uma documentação de caráter internacional a ser depositado,

8
A esse respeito, ver IPHAN (1995) , Silva (2005), Oliveira ( 2009).

o lugar dos inventários e da documentação nas cartas patrimoniais


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 76
Anna Karla Trajano de Arruda

disponibilizado e publicado no Escritório Nacional dos Museus de cada Estado-


membro, tal como é descrito no Parágrafo VII - da Conservação dos Monumentos e
a Colaboração Internacional, item c:

1o - Cada Estado, ou as instituições criadas ou reconhecidamente


competentes para esse trabalho, publique um inventário dos
monumentos históricos nacionais, acompanhado de fotografia e de
informações (grifo nosso);

2o - Cada Estado constitua arquivos onde serão reunidos todos os


documentos relativos a seus monumentos históricos;

3o - Cada Estado deposite no Escritório Nacional de Museus suas


publicações;

4o - O escritório consagre em suas publicações artigos relativos aos


procedimentos e aos métodos gerais de conservação dos monumentos
históricos; (ICOM, Carta de Atenas, 1931 p. 4.)

A Recomendação de Nova Delhi (UNESCO,1956) estabeleceu o regime de


competência para as pesquisas arqueológicas e medidas que visassem tornar
eficazes os atos de preservação e restauro, a cargo do Estado e da regulamentação
de suas ações sob forma de Leis Nacionais. Recomendou a criação de museus e
órgãos que se dediquem a essa atuação. Em seus princípios gerais, é destacada a
importância da documentação contendo mapas para a localização dos monumentos
identificados nas pesquisas arqueológicas, elaborados por profissionais com a
formação especializada para tal, conforme indicado no item “Órgãos de proteção às
pesquisas arqueológicas”:
Esse serviço, encarregado da administração geral das atividades
arqueológicas deveria prover, em colaboração com os institutos de
pesquisa e as universidades, o ensino de técnicas das escavações
arqueológicas. Este serviço deveria também criar uma documentação
central, com mapas que se refiram a seus monumentos móveis ou
imóveis, assim como uma documentação junto a cada museu
importante, de acervos cerâmicos, iconográficos, etc. (UNESCO,
Recomendação de Nova Delhi, 1956 p. 3, grifo nosso).

o lugar dos inventários e da documentação nas cartas patrimoniais


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 77
Anna Karla Trajano de Arruda

O Conselho de Cooperação Europeu, em 1962, uniformizou internacionalmente o


método de inventários criando o Inventário do Patrimônio Cultural Europeu, que
desenvolveu uma ficha para o registro dos monumentos e a identificação dos sítios,
conforme já comentado no Capítulo 2.

Já a Carta de Veneza (1964), publicada no II Congresso Internacional de Arquitetos


e Técnicos em Restauração, estabeleceu diretrizes contemporâneas para a
intervenção em monumentos, sítios e entornos. Dessa reunião surgiu ainda o
ICOMOS (Comitê Internacional de Monumentos e Sítios) e o ICCROM (Comitê
Internacional para a Conservação e Restauração de Monumentos), duas
organizações de especialistas que passariam a colaborar diretamente com a
UNESCO na consecução de suas recomendações9. Não se apropriando do termo
inventário, todavia, demonstra a importância da constituição da documentação e na
publicação dos trabalhos de restauração, conservação e arqueologia, com relatórios
analíticos e críticos de todas as etapas dos trabalhos realizados sobre os
monumentos (reflexo das ideias difundidas por Boito em 1880), a serem
disponibilizados aos pesquisadores. A importância dada à documentação é
explicitada em seu Artigo 16o, a saber:

Os trabalhos de conservação, de restauração e de escavação serão


sempre acompanhados de uma documentação precisa sob a forma
de relatórios analíticos e críticos, ilustrados com desenhos e
fotografias. Todas as fases dos trabalhos de desobstrução,
consolidação, recomposição e integração, bem como os elementos
técnicos e formais identificados ao longo dos trabalhos serão ali
consignados. Essa documentação será depositada nos arquivos de um
órgão público e posta à disposição dos pesquisadores; recomenda-se
sua publicação. (UNESCO, Carta de Veneza, 1964, p. 4, grifo nosso).

Até este momento, os inventários são tratados de maneira complementar ao


processo metodológico das ações de preservação, porém já se entendia a sua

9
O Congresso de Veneza entendeu que a conservação e restauro dos monumentos constituem uma
disciplina que reclama a colaboração de todas as ciências – influência da Teoria do Restauro
Científico de Gustavo Giovannoni, e do momento metodológico de Cesare Brandi.

o lugar dos inventários e da documentação nas cartas patrimoniais


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 78
Anna Karla Trajano de Arruda

importância para a criação da documentação, principalmente analítica, do


monumento isolado.

Ainda em 1964, a Conferência de Paris da UNESCO, considerando que cada Estado


tem o dever de proteger o patrimônio constituído pelos bens culturais existentes em
seu território dos perigos decorrentes de ações de contrabando, assinalou
regulamentações destinadas à adoção de medidas internacionais visando proibir e
impedir a transferência ilícita de bens culturais. As medidas recomendadas nessa
Conferência promoveram a identificação e Inventário Nacional dos Bens Culturais
(teoria de Viollet-Le-Duc) e, no caso do Brasil, a fase de Rodrigo Melo Franco de
Andrade já havia ultrapassado a realização do simples inventário, ocupando-se de
construir e identificar o que era esse acervo patrimonial, e efetivar o seu
tombamento.

Quatro anos depois, na XV Sessão da Conferência Geral da Organização das


Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, em Paris, é publicada a
"Recomendação de Obras Públicas ou Privadas", cujo princípio geral coloca que as
medidas de preservação dos bens culturais10 deveriam se estender à totalidade do
território do Estado e não se limitar a determinados monumentos e sítios. Parte da
premissa que os bens culturais são todos inventariados, independente ou não de
protegidos por lei, e ressalta a importância da atualização dos inventários. No caso
de não existirem esses inventários, recomenda criá-los, cabendo a prioridade a um

10
"Para os efeitos da presente recomendação, a expressão bens culturais aplica-se a:
a) Bens imóveis, como os sítios arqueológicos, históricos ou científicos, edificações ou outros
elementos de valor histórico, científico, artístico ou arquitetônico, religiosos ou seculares, incluídos
os conjuntos tradicionais, os bairros históricos das zonas urbanas e rurais e os vestígios de
civilizações anteriores que possuam valor etnológico. Aplicar-se-á tanto aos imóveis do mesmo
caráter que constituam ruínas ao nível do solo como os vestígios arqueológicos ou históricos
descobertos sob a superfície da terra. A expressão bens culturais se estende também ao entorno
desses bens.
b) Bens móveis de importância cultural, incluídos os que existem ou tenham sido encontrados
dentro dos bens imóveis e os que estão enterrados e possam vir a ser descobertos em sítios
arqueológicos ou históricos ou em quais quer outros lugares.
A expressão bens culturais engloba não só os sítios e monumentos arquitetônicos, arqueológicos e
históricos reconhecidos e protegidos por lei, mas também os vestígios do passado não
reconhecidos e protegidos, assim como os sítios e monumentos recentes de importância artística ou
histórica". (UNESCO, Recomendação Paris, 1968, p. 4)

o lugar dos inventários e da documentação nas cartas patrimoniais


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 79
Anna Karla Trajano de Arruda

levantamento minucioso e completo dos bens culturais situados em locais em que


obras públicas ou privadas os ameacem. E ainda,
Os Estados Membros deveriam dar a devida prioridade às medidas
necessárias para garantir a conservação in situ dos bens culturais
ameaçados por obras públicas ou privadas e manter-lhes, assim, a
continuidade e significação histórica. Quando imperiosa necessidade
econômica ou social impuser o translado, o abandono ou a destruição
de bens culturais, os trabalhos de salvamento deveriam sempre
compreender um estudo minucioso desses bens e o registro
completo dos dados de interesse. (UNESCO, Recomendação Paris,
1968, p. 4, grifo nosso).

Na sequência das discussões, a Declaração de Amsterdã (Conselho da Europa,


1975) colocou a importância da organização do inventário das construções, dos
conjuntos arquitetônicos e dos sítios, como uma ação facilitadora da coordenação,
em oposição à sobreposição, entre as regras básicas de planejamento e as regras
especiais de proteção. Destaca, também, a importância da difusão dos inventários
para as autoridades regionais e locais responsáveis pelo ordenamento do espaço
urbano, a fim de utilizá-los como referência para a conservação de bens tombados.
Tais ideias são colocadas em relevo na Carta, conforme observa-se a seguir:

Os urbanistas devem reconhecer que os espaços não são equivalentes


e que convém tratá-los conforme as especificidades que lhes são
próprias. O reconhecimento dos valores estéticos e culturais do
patrimônio arquitetônico deve conduzir à fixação dos objetivos e das
regras particulares de organização dos conjuntos antigos. Não basta
sobrepor as regras básicas de planejamento às regras especiais de
proteção aos edifícios históricos, sem uma coordenação.
A fim de tornar possível essa integração, é conveniente organizar o
inventário das construções, dos conjuntos arquitetônicos e dos
sítios, o que compreende a delimitação das zonas periféricas de
proteção. Seria desejável que esses inventários fossem largamente
difundidos, [...] a fim de chamar sua atenção para as construções e
zonas dignas de serem protegidas. Tal inventário fornecerá uma base
realista para a conservação, no que diz respeito ao elemento
qualitativo fundamental para a administração dos espaços.
(UNESCO, Declaração de Amsterdã, 1975, p. 4, grifo nosso).

o lugar dos inventários e da documentação nas cartas patrimoniais


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 80
Anna Karla Trajano de Arruda

A partir desse ponto, entende-se que os inventários passam a ser tratados de


maneira, não apenas mais explícita, mas também a desempenhar um papel de
instrumento de planejamento dado a sua importância e complexidade observadas na
Recomendação de Nairóbi (UNESCO, 1976). Por essa Recomendação, os
inventários devem ser tomados como uma medida técnica que leva em
consideração não somente o bem cultural isoladamente, mas todo um conjunto, uma
área urbana espacial, para fins da salvaguarda dos conjuntos históricos e de sua
função na vida contemporânea. A Recomendação vai além do levantamento
analítico ou quantitativo do patrimônio, quando sugere que é necessário entender a
evolução urbana através de “[...] dados arqueológicos, históricos, arquitetônicos,
técnicos e econômicos” para sua proteção, incluindo os espaços públicos, privados
e os espaços livres e sua vegetação, conforme explicitado:

Dever-se-ia estabelecer, nos níveis nacional, regional ou local, uma


relação dos conjuntos históricos ou tradicionais e sua ambiência a
serem salvaguardados. Essa relação deveria indicar prioridades para
facilitar uma alocação racional dos limitados recursos disponíveis para
fins de salvaguarda.

Deveria ser feita uma análise de todo o conjunto, inclusive de sua


evolução espacial, que contivesse os dados arqueológicos,
históricos, arquitetônicos, técnicos e econômicos. Deveria ser
produzido um documento analítico destinado a determinar os imóveis ou
os grupos de imóveis a serem rigorosamente protegidos, conservados
sob certas condições, ou, em circunstancias absolutamente
excepcionais e escrupulosamente documentadas, destruídos, o que
permitiria às autoridades suspender qualquer obra incompatível com
esta recomendação. Além disso, deveria ser realizado, com a mesma
finalidade, um inventário dos espaços abertos, públicos e privados,
assim como da sua vegetação. (UNESCO, Recomendação de Nairóbi,
1976, p. 7, grifo nosso).

A Recomendação de Nairóbi ressalta ainda que devem ser considerados não


somente o levantamento das características arquitetônicas, mas um estudo das
estruturas sociais, econômicas, culturais e técnicas, integrando o contexto urbano, a
animação urbana, o cotidiano, as atividades econômicas e culturais, as relações

o lugar dos inventários e da documentação nas cartas patrimoniais


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 81
Anna Karla Trajano de Arruda

sociais, problemas urbanos e de infraestrutura para a elaboração de planos de ação


de preservação trazendo o entendimento do sítio urbano.

Frente aos diferentes graus de degradação e possibilidade de intervenção sobre um


bem, a Carta de Burra (1980), publicada pelo Conselho Internacional de
Monumentos e Sítios – ICOMOS, traz a definição e especificidades das ações de
conservação, manutenção, preservação, a restauração, a reconstrução e adaptação.
Embora não cite o termo inventário, ressalta a importância da elaboração de
documentação enquanto memória, ao ser realizada qualquer uma desses tipos de
intervenções em um bem, conforme recomendado:

Artigo 23o – Qualquer intervenção prevista em um bem deve ser


precedida de um estudo dos dados disponíveis, sejam eles materiais,
documentais ou outros. Qualquer transformação do aspecto de um
bem deve ser precedida da elaboração, por profissionais, de
documentos que perpetuem esse aspecto com exatidão.

Artigo 24o – Os estudos que implicam qualquer remoção de elementos


existentes ou escavações arqueológicas só devem ser efetivados
quando forem necessários para a obtenção de dados indispensáveis à
tomada de decisões relativas à conservação, do bem e/ou à obtenção
de testemunhos materiais fadados a desaparecimento próximo ou a se
tornarem inacessíveis por causa dos trabalhos obrigatórios de
conservação ou de qualquer outra intervenção inevitável.

Artigo 25o – Qualquer ação de conservação a ser considerada deve ser


objeto de uma proposta escrita acompanhada de uma exposição de
motivos que justifique as decisões tomadas, com provas documentais
de apoio (fotos, desenhos, amostras, etc.). (ICOMOS, Carta de Burra,
1980, p. 4 e 5, grifo nosso).

Com vistas à salvaguarda das cidades históricas, frente as ameaças de degradação,


de deterioração e até mesmo de destruição sob o efeito do tipo de urbanização
advindo a partir da era industrial, a Carta de Washington (ICOMOS, 1986) reforça as
relações entre o planejamento da salvaguarda das cidades e bairros históricos, e o
planejamento urbano do restante da cidade, trazidas a luz pela Recomendação de
Nairóbi. Menciona que ambos devem ser precedidos de estudos multidisciplinares e

o lugar dos inventários e da documentação nas cartas patrimoniais


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 82
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extrapolando a realização dos inventários para a elaboração de documentação mais


ampla e detalhada que subsidie, principalmente, a elaboração dos planos de
salvaguarda, como se segue:
O plano de salvaguarda deve compreender uma análise dos dados,
particularmente arqueológicos, históricos, arquitetônicos, técnicos,
sociológicos e econômicos e deve definir as principais orientações e
modalidades de ações a serem empreendidos no plano jurídico,
administrativo e financeiro. O plano de salvaguarda deverá empenhar-
se para definir uma articulação harmoniosa entre os bairros
históricos e o conjunto da cidade. O plano de salvaguarda deve
determinar as edificações ou grupos de edificações que devam ser
particularmente protegidos, os que devam ser conservados em certas
condições e os que, em circunstâncias excepcionais, possam ser
demolidos. Antes de qualquer intervenção, as condições existentes
na área deverão ser rigorosamente documentadas. (ICOMOS, Carta
de Washington, 1986, p. 2, grifo nosso).

Fortalecendo a importância de inventários para sítios urbanos, a Carta de Petrópolis


(1987), cita que devem ser estes considerados como parte dos procedimentos de
sua preservação com a mesma importância do seu registro de tombamento e das
normas urbanísticas, aspecto esse que ficou instituído aqui no Brasil com a
promulgação da Constituição de 1988. Tal questão já foi abordada no Capítulo 2.

Com vistas a IX Assembleia Geral do ICOMOS em Lausanne (1990), a Declaração


de São Paulo em 1989, chamou a atenção para os avanços tecnológicos e suas
potencialidades frente a demanda dos levantamentos de dados e colocou as
seguintes reflexões:
Que, em decorrência do progresso tecnológico, é possível estabelecer
por sensoriamento remoto, aerofotogrametria, reprodução a laser,
microscopia eletrônica e outros meios, os levantamentos de
grandes e pequenas áreas naturais críticas, cuja defesa é
indispensável, indissociável da conservação dos sítios históricos
urbanos e rurais e fundamentais no estudo territorial e fundiário dos
espaços urbanos.
Que os sistemas de tecnologia avançada prestam os trabalhos de
restauro em todos os níveis, inclusive materiais, um grau de

o lugar dos inventários e da documentação nas cartas patrimoniais


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 83
Anna Karla Trajano de Arruda

precisão essencial a manutenção da substância original dos


acervos artísticos e documentais, dos monumentos e do
patrimônio urbano edificado. (ICOMOS, Declaração de São Paulo,
1989, p. 1, grifo nosso).

A Carta de Lausanne dedicou-se à proteção e à gestão do patrimônio arqueológico,


por este ser testemunho essencial sobre as atividades humanas do passado. Por
essas razões dentre outras, à proteção do patrimônio arqueológico, nesta Carta
colocou-se a necessidade da colaboração efetiva entre os especialistas de
diferentes disciplinas e a cooperação dos órgãos públicos, dos pesquisadores, das
empresas privadas e do grande público. Em consequência, enunciou princípios
aplicáveis ao inventário, prospecção, escavação, documentação, pesquisa,
preservação, conservação, reconstituição, informação, exposição e apresentação ao
público e uso do patrimônio arqueológico, tanto quanto a definição das qualificações
necessárias aos encarregados de sua proteção. No que toca aos inventários,
estabelece:
Art. 4o A proteção ao patrimônio arqueológico deve fundar-se no
conhecimento, o mais completo possível, de sua existência, extensão e
natureza. Os inventários gerais de potencial arqueológico
constituem, assim, instrumentos de trabalho essenciais para
elaborar estratégias de proteção ao patrimônio arqueológico.

Ao mesmo tempo, os inventários constituem fontes primárias de


dados para a pesquisa e os estudos científicos. A compilação de
inventários deve ser considerada como um processo dinâmico
permanente. Resulta disso também que os inventários devem integrar a
informação em diferentes níveis de precisão e de fiabilidade, uma vez
que o conhecimento, mesmo superficial, pode fornecer um ponto de
partida de proteção. (ICOMOS, Carta de Lausanne, 1990, p. 3, grifo
nosso).

A Conferência de Nara (UNESCO, 1994), discute autenticidade como o principal


fator de atribuição de valores ao patrimônio cultural, já incorporando as mudanças
conceituais imprimidas ao termo e discutidas no capítulo anterior. A Conferência
afirma que, o entendimento da autenticidade é papel fundamental dos estudos
científicos nos planos de conservação e restauração e nos procedimentos de

o lugar dos inventários e da documentação nas cartas patrimoniais


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 84
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inscrição utilizados pela Convenção do Patrimônio Mundial, relacionados a uma


grande variedade de pesquisas e fontes de informação sobre seu contexto cultural e
sua evolução através do tempo. O que significa dizer que a documentação é
elemento imprescindível para julgar a autenticidade de um bem cultural.

Em sua XI Assembleia realizada na Bulgária, em 1996, o ICOMOS apresentou texto


com os princípios para o registro (aqui entendido como sinônimo de documentação)
de monumentos, conjuntos e sítios históricos, em um nível de pormenorização que
permita:

 proporcionar informação ao processo de identificação, compreensão,


interpretação e apresentação do patrimônio, e para promover o envolvimento
do público;

 proporcionar o registro permanente de todos os monumentos, grupos de


edifícios e sítios históricos que estão em risco de serem destruídos ou
alterados, seja proveniente de eventos naturais ou de atividades antrópicas;

 proporcionar informação aos administradores e aos planejadores em nível


nacional, regional ou local, para exercerem políticas de controle e tomarem
decisões bem fundamentadas no âmbito do planejamento e do
desenvolvimento de programas de gestão e de manutenção, assim como as
obras construção.

Neste ponto, chama-se a atenção de que, embora preconizados ao final do século


passado, os princípios acima continuam contemporâneos às questões atuais de
preservação e valorização do patrimônio em sua relação urbana, e encerram uma
das questões chaves que configuram o universo de discussão desta tese - a praxe
de ações preservacionistas, precedida de estudos aprofundados que forneçam
subsídios para o aprimoramento das metodologias utilizadas pelo poder público ao
planejar e controlar as intervenções efetuadas em áreas históricas.

Em linhas gerais, os princípios para o registro do patrimônio cultural indicados nessa


XI Assembleia, podem ser sintetizados em três etapas: Planejamento do Registro;
Definição do Conteúdo do Registro; e Gestão, Disseminação e Partilha do Registro,
conforme classificados no Quadro 4.

o lugar dos inventários e da documentação nas cartas patrimoniais


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 85
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Quadro 4 – Etapas para Registro do Patrimônio Cultural, ICOMOS 1996

ETAPAS DESCRIÇÃO

1. Antes de serem preparados novos registros, devem ser procuradas e examinadas as


fontes de informações existentes, para se determinar a sua adequação.
2. Os métodos de registro e o tipo de documentação produzida devem ser apropriados à
Planejamento natureza do patrimônio, aos objetivos do registro, ao contexto cultural, e à disponibilidade
do Registro financeira e de outros recursos.
3. Os métodos referidos podem incluir descrições e análises escritas, fotografias (aéreas
ou terrestres), fotografia retificada, fotogrametria, observação geofísica, mapas, plantas
cotadas, desenhos e esboços, réplicas ou outras tecnologias tradicionais e modernas.
1. Todos os registros devem ser identificados por:
a) Nome do edifício, conjunto ou sítio;
b) Um número de referência único;
c) Data da compilação do registro;
d) Nome da organização que procedeu ao registro;
e) Referências cruzadas com os registros e relatórios de edifícios relacionados, com a
documentação fotográfica, gráfica, textual ou bibliográfica, e com os registros
arqueológicos e ambientais.
2. Deve ser rigorosamente mencionada a localização e a extensão do monumento,
conjunto ou sítio histórico. Em áreas urbanas, pode ser efetuado através de descrições,
mapas, plantas ou fotografias aéreas, ou pode ser suficiente um endereço ou a referência
de uma rua. Nas áreas rurais, a referência pode ser um mapa ou a triangulação com
pontos conhecidos.
Definição do 3. Os registros devem incluir, entre outras, as seguintes informações:
Conteúdo do a) o tipo, a forma e as dimensões, as características interiores e exteriores, conforme
Registro apropriado, monumento ou sítio;
b) a natureza, a qualidade, o significado cultural, artístico e científico do patrimônio e
dos seus componentes;
c) a tecnologia tradicional e a tecnologia moderna, os elementos representativos ou
amostras dos materiais de construção, assim como os ofícios empregados na sua
construção e manutenção;
e) as evidências para o estabelecimento da data da origem, da autoria, da propriedade,
bem como do desenho, da extensão, do uso e da decoração originais;
f) as evidências para o estabelecimento da história dos seus usos, dos acontecimentos
associados, das alterações estruturais e decorativas, e do impacto das forças externas,
humanas ou naturais;
g) a história da gestão, manutenção e reparações;
i) uma avaliação da condição atual do patrimônio e de sua ambiência (relações visuais
e funcionais entre o objeto e seu entorno imediato), e
k) uma avaliação dos conflitos e dos riscos provenientes de causas humanas e
naturais, e provenientes da poluição ambiental ou dos usos do terreno adjacente.
1. Os registros originais devem ser preservados em arquivos seguros, e o ambiente do
arquivo deve garantir a permanência da informação e a sua defesa contra a degradação,
Gestão, de acordo com normas internacionalmente reconhecidas. Deve ser guardada uma cópia de
Disseminação segurança completa desses registros numa localização segura e separada.
e Partilha de 2. Devem estar facilmente disponíveis registros atualizados, se possível no sítio, para
Registros finalidades de investigação sobre o patrimônio, de gestão, de manutenção e de prevenção
dos desastres.
3. O formato dos registros deve ser normalizado, e os registros devem ser indexados,
sempre que possível, para facilitar a troca e a retribuição de informação ao nível local,
nacional e internacional.
4. A reunião, a gestão e a distribuição da informação registrada exigem, sempre que
possível, a compreensão e o uso adequado de tecnologia da informação atualizada.
5. A localização dos registros deve ser pública. Sempre que apropriado, deve ser
disseminado e publicado um relatório com os principais resultados de qualquer registro.

Fonte: Araújo (2007).

o lugar dos inventários e da documentação nas cartas patrimoniais


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 86
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Em comemoração aos seus 60 anos de criação, o Instituto do Patrimônio e Artístico


Nacional - IPHAN promoveu em Fortaleza, em 1997, o Seminário "Patrimônio
Imaterial: Estratégias e Formas de Proteção", para o qual foram convidados, e
estiveram presentes, representantes de diversas instituições públicas e privadas, da
UNESCO e da sociedade. Nessa ocasião, foi publicada uma Carta onde afirmou-se
que, em nível nacional, cabe ao IPHAN identificar, documentar, proteger, fiscalizar,
preservar e promover o patrimônio cultural brasileiro. Para o cumprimento dessas
competências, a Carta de Fortaleza propõe e recomenda:
2 - Que o IPHAN, através do seu Departamento de Identificação e
Documentação, promova, juntamente com outras unidades vinculadas ao
Ministério da Cultura, a realização do inventário desses bens culturais
em âmbito nacional, em parceria com instituições estaduais e municipais
de cultura, órgãos de pesquisa, meios de comunicação e outros;
3 - Que o Ministério da Cultura viabilize a integração do referido
inventário ao Sistema Nacional de Informações Culturais;
4 - Que seja criado um grupo de trabalho no Ministério da Cultura, sob a
coordenação do IPHAN, com o objetivo de desenvolver os estudos
necessários para propor a edição de instrumento legal, dispondo sobre a
criação do instituto jurídico denominado registro, voltado especificamente
para a preservação dos bens culturais de natureza imaterial. (IPHAN, Carta
de Fortaleza, 1997, p. 2, grifo nosso).

Ainda durante a sessão plenária do citado evento recomendou-se que fosse


constituído um banco de dados acerca das manifestações culturais passíveis de
proteção, tornando a difusão e o intercâmbio das informações ágil e acessível. Esta
recomendação deu origem a metodologia e modelo de banco de dados digital do
conjunto de inventários culturais, divulgados a partir do ano 2000, e ao SICG -
Sistema Integrado de Conhecimento e Gestão, atualmente em desenvolvimento pelo
DEPAM - Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização do IPHAN, já
discutidos no Capítulo 2.

A Conferência Geral da UNESCO, realizada em 2003 em Paris, publica Carta na


qual põe em relevo a preservação das informações e expressões criativas que se
elaboram, distribuem, utilizam e se conservam cada vez mais em meio eletrônico, e
que dão lugar a um novo tipo de legado: o patrimônio digital. São considerados
patrimônio digital os recursos de caráter cultural, educativo, científico, administrativo
e, ao mesmo tempo, informação técnica e jurídica, entre outros, que se geram

o lugar dos inventários e da documentação nas cartas patrimoniais


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 87
Anna Karla Trajano de Arruda

diretamente em formato digital ou se convertem a este a partir de material analógico


já existente. Os objetos digitais podem ser textos, bases de dados, imagens
estáticas ou dinâmicas, áudios ou páginas web, entre outros muitos formatos
possíveis dentro de um vasto repertório de diversidade crescente.

Note-se que, a partir dessa carta, tem-se uma mudança na abordagem dada a
documentação. A ênfase não é mais quanto à sua relevância para a proteção e
preservação do patrimônio cultural. Tal ideia já está consolidada. A atenção volta-se
ao meio em que ela é tratada e disponibilizada, como pode ser observado no teor
das Cartas de Quebéc (2008) e de Londres (2009) apresentadas a seguir.

O ICOMOS destaca a importância da comunicação como parte primordial em um


processo de conservação mais amplo. Reconhece que, de forma implícita, cada ato
de conservação de patrimônio - dentro de todas as tradições culturais do mundo - é
por sua natureza um ato comunicativo. Indo ao encontro dessa premissa, a Carta de
Quebéc (ICOMOS, 2008) preconiza os princípios básicos de interpretação e
apresentação como elementos essenciais dos esforços de conservação do
patrimônio, e como uma ferramenta básica para a apreensão e compreensão dos
sítios históricos pelo público em geral, quais sejam:

 Princípio 1: Acesso e Compreensão;


 Princípio 2: Fontes de Informação;
 Princípio 3: Atenção ao Entorno e ao Contexto;
 Princípio 4: Preservação da Autenticidade;
 Princípio 5: Plano de Sustentabilidade;
 Princípio 6: Preocupação com a Inclusão e a Participação, e
 Princípio 7: Importância a Investigação, Formação e Avaliação

Na continuidade das discussões pelos organismos internacionais e grupos de


pesquisadores sobre o caráter digital assumido pelo patrimônio em decorrência as
tecnologias empregadas na sua documentação, tais princípios são recorrentes na
Carta de Londres na qual os mesmos são tratados com mais profundidade quanto à
questão da visualização, e na Carta de Sevilha (2011) que detalha a aplicação na

o lugar dos inventários e da documentação nas cartas patrimoniais


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 88
Anna Karla Trajano de Arruda

preservação e divulgação do patrimônio arqueológico, conforme será colocado logo


adiante.

O detalhamento de cada um desses princípios apresentado na Carta de Quebéc


visa atingir, além daqueles sempre perseguidos para preservação do patrimônio
construído, objetivos como: desenvolver diretrizes técnicas e profissionais,
apropriadas e sustentáveis em seu contexto social, para a interpretação e a
apresentação do patrimônio cultural, incluindo as tecnologias, a investigação e a
formação; e facilitar a participação e a inclusão social na interpretação do patrimônio
cultural, tornando possível o compromisso dos agentes implicados e das
comunidades associadas no desenvolvimento e implementação de programas
interpretativos. Entende-se que esses aspectos induzem que o conhecimento dos
meios utilizados para a interpretação e apresentação do patrimônio precisam ser de
domínio tanto do poder público quanto da sociedade, para que ambos atuem como
agentes de preservação a partir de uma interação efetiva entre si.

Ainda relacionado à questão digital, a CIPA - International Committee for


Documentation of Cultural Heritage, um dos comitês científicos do ICOMOS, tem
promovido o uso adequado da representação digital, apoiando os fóruns de
discussão relacionados a esse tema, a exemplo da Carta de Londres, publicada pelo
Centre for Computing in the Humanities do King's College London, e a Carta de
Sevilha.
A Carta de Londres (2009) trata da visualização digital empregada em um variado
número de contextos ligados à investigação, divulgação e preservação do patrimônio
cultural. Indica um conjunto de princípios gerais para o uso de métodos de
visualização digital em relação a integridade intelectual, confiabilidade,
documentação, sustentabilidade e acesso a ela, levada a cabo como um trabalho
tecnicamente rigoroso. Por princípio, a criação e divulgação de representações
digitais devem ser pensadas de modo a contribuir com o máximo de possibilidades
para melhorar o estudo, a compreensão, a interpretação, a conservação e a gestão
do patrimônio cultural. Neste sentido, elas oferecem a possibilidade de observar as
transformações ao longo do tempo, de ampliar, modificar e/ou manipular objetos
virtuais, de integrar em sistemas compartilhando dados e informações, e finalmente

o lugar dos inventários e da documentação nas cartas patrimoniais


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 89
Anna Karla Trajano de Arruda

de efetuar a sua divulgação e publicação de forma ampla e irrestrita, para qualquer


pessoa interessada, não só na escala local, mas também em escala mundial
(DENARD, 2009).

Todas as estratégias de visualização digital devem considerar seu imenso potencial


para melhorar o acesso ao patrimônio cultural, na medida em que muitas vezes este
patrimônio torna-se inacessível, por motivos econômicos, políticos, ambientais, ou
simplesmente porque o objeto representado foi perdido, destruído, encontra-se em
processo de reconstrução ou restauração ou está em perigo por problemas de
degradação do bem.

Partindo dos princípios da Carta de Londres e aprofundando mais a questão da


visualização digital do patrimônio, foi publicada em 2011 a Carta de Sevilha, como
resultado dos trabalhos realizados em fóruns e eventos, capitaneados pela
Sociedad Espanhola de Arqueologia Virtual - SEAV. O foco dessa carta é definir os
princípios a partir dos quais se deve estabelecer uma estrutura e abordagem
científica adequadas para o uso de ferramentas digitais na representação e
visualização do patrimônio arqueológico, que nesse documento apresenta-se como
Arqueologia Virtual11. Por esta Carta, a Arqueologia Virtual é entendida como uma
disciplina científica que visa pesquisar e desenvolver maneiras de representação
digital para a gestão do patrimônio arqueológico (SEAV, 2011). Ademais da
autenticidade, do rigor histórico e da importância da formação e da avaliação
propagados nas cartas anteriores, a Carta de Sevilha também preconiza que
princípios como a clareza de propósitos, a interdisciplinaridade, a
complementaridade, a eficiência e a transparência científica devem estar presentes
em qualquer projeto de Arqueologia Virtual.

Para Grande e Lopez-Menchero (2011) a Arqueologia Virtual germina em um campo


longe do alcance das cartas e recomendações internacionais que criaram regras

11
O conceito de arqueologia virtual foi proposto pela primeira vez por Paul Reilly, em 1990,
descrevendo-o como "[...] um conjunto de técnicas computacionais que permitem a visualização
em 3D e representação virtual realística de objetos e edifícios dos quais não há mais vestígios ou
encontram-se em mau estado de conservação dificultando ou mesmo impedindo a sua
interpretação." (GRANDE; LOPEZ-MENCHERO, 2011, p. 2).

o lugar dos inventários e da documentação nas cartas patrimoniais


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 90
Anna Karla Trajano de Arruda

específicas no domínio da investigação, conservação, restauro e divulgação do


patrimônio arqueológico convencional. Para estes autores, apenas alguns
profissionais têm sido capazes de extrapolar os princípios orientadores e
recomendações dessas cartas para os novos projetos arqueológicos virtuais: é
preciso entender que quando as ferramentas digitais são aplicadas nas melhores
condições, o produto resultante passa muito além do objetivo principal de ver o que
não mais existe. Em última análise, Grande e Lopez-Menchero (2011) afirmam que
um novo caminho se abre para a pesquisa, registro, preservação e divulgação, onde
a linguagem universal da imagem torna-se a chave para a gestão integrada e eficaz
do patrimônio arqueológico e, pode-se dizer em última análise, de forma mais ampla
para o patrimônio construído como um todo.

Pelo exposto, considerando a importância que as tecnologias digitais assumiram na


documentação do patrimônio, aborda-se no Capítulo 4 o estado da arte das
tecnologias atualmente utilizadas.

o lugar dos inventários e da documentação nas cartas patrimoniais


Capítulo 4
A TECNOLOGIA
GEOGRAPHIC INFORMATION SYSTEMS (GIS)
E A DOCUMENTAÇÃO DO PATRIMÔNIO
CONSTRUÍDO
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 92
Anna Karla Trajano de Arruda

4 A TECNOLOGIA GEOGRAPHIC INFORMATION SYSTEMS (GIS) E A


DOCUMENTAÇÃO DO PATRIMÔNIO CONSTRUÍDO

O conhecimento e a documentação são essenciais para proteger e promover o


patrimônio cultural com toda a sua identidade, autenticidade e significado,
preservando no primeiro instante a sua memória como meio de salvaguarda para as
gerações futuras. Zanirato (2010) chama a atenção que, muitos dos lugares
considerados pela UNESCO como patrimônio natural e cultural da humanidade se
encontram ameaçados ou em risco de desaparecimento por motivos relacionados a
guerras e conflitos políticos; questões étnicas e religiosas; tráfico ilícito e
negligência; alterações decorrentes de catástrofes naturais; contaminação pelo
turismo massivo e mal organizado; expansão dos centros urbanos e falta de
recursos financeiros para protegê-los.

Por outro lado, como discute Amorim (2007, 2012), o registro documental é um
aspecto importante na salvaguarda do patrimônio existente e na preservação de sua
memória, diante da impossibilidade de preservação física de todos os exemplares
arquitetônicos significativos, seja em virtude de ações humanas decorrentes de
negligência (frequentes incêndios em edificações históricas), imperícia (ações de
conservação inadequadas) ou vandalismo (destruição de edificações inteiras), que
não são de forma alguma ocorrências raras ou isoladas; seja, ratificando a ideia
posta acima por Zanirato, em virtude de acidentes ou catástrofes naturais como o
que ocorreu com a cidade histórica de Áquila (Itália) em 2009, com o centro histórico
do porto de Valparaíso (Chile) e com a cidade de São Luiz de Paraitinga (Brasil), em
2010, apenas para citar alguns casos mais recentes. Tais fatos impõem a
necessidade de produção da documentação detalhada e precisa dos monumentos,
que passa a desempenhar um papel decisivo na preservação da memória, além de
se constitui em instrumento básico nas ações e projetos de conservação e restauro,
reitera Amorim (2012).

Atualmente, as organizações internacionais usam o termo "Documentação do


Patrimônio Cultural", que indica um trabalho interdisciplinar onde vários especialistas
envolvidos no estudo aprofundado sobre um objeto de interesse empenham-se em

a tecnologia Geographic Information Systems (GIS) e a documentação do patrimônio construído


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 93
Anna Karla Trajano de Arruda

coletar, interpretar e compartilhar os dados e os resultados de suas interpretações


sobre uma plataforma comum, a fim de permitir uma compreensão geral do objeto
em si e uma integração das informações obtidas (RINAUDO et al. 2007, SEKER et
al. 2010).

Para Gabrielli e Malinverni (2006), a documentação de patrimônio cultural constitui


uma atividade complexa voltada à coleção completa do conhecimento sobre um
objeto de interesse cultural, em um processo sem fim, pois os instrumentos para
obtê-lo geralmente mudam ao longo do tempo, e os objetos a serem documentados,
bem como as premissas conceituais e o domínio técnico dos profissionais
envolvidos no processo de documentação também se modificam continuamente.
Ainda segundo Amorim (2007, 2012), a forma de se realizar o registro de um
monumento tem passado por significativas mudanças frente ao avanço das
tecnologias digitais, dando lugar a um conceito mais amplo de documentação
arquitetônica, entendido como o processo sistemático de aquisição, tratamento,
indexação, armazenamento, recuperação, disponibilização e divulgação de dados e
informações, e seus metadados, sobre as edificações e os sítios em que estão
inseridas, para os mais variados fins.

Por outro lado, a complexidade das tarefas próprias à preservação e gestão de sítios
históricos leva planejadores e gestores à busca de sistemas de informações para
gerenciar os monumentos, as intervenções sobre estes, e o acervo documental dos
mesmos, considerando dados de natureza histórica, arqueológica, ambiental,
arquitetônica, urbanística, econômica, social e legal, a fim de, através da construção
de uma base de dados consistentes, promoverem suas ações de maneira eficiente e
eficaz.

De acordo com Moura (2003), as últimas décadas do século XX foram marcadas por
grandes modificações no âmbito da inovação tecnológica, refletindo positivamente
na disponibilização de recursos computacionais que auxiliam planejadores nas
tarefas de aquisição, armazenamento, análise e visualização de dados relativos ao
ambiente urbano.

a tecnologia Geographic Information Systems (GIS) e a documentação do patrimônio construído


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 94
Anna Karla Trajano de Arruda

Indo ao encontro de tais questões, o CIPA enfatiza o uso da tecnologia GIS quer
seja em projetos voltados para a documentação arquitetônica, quer seja em
intervenções que demandam análise espacial, representação e visualização das
estruturas urbanas para preservação e gestão do patrimônio construído. Petrescu
(2007) em relatório apresentado ao CIPA, aponta várias experiências empregando
GIS para o gerenciamento do patrimônio cultural realizadas em diferentes países
como, por exemplo: Austrália, Áustria, Alemanha, África do Sul, Eslováquia,
Espanha, Grécia, Iraque, Itália, Japão, Marrocos, Reino Unido, República Tcheca,
România, entre outros, que vão desde o nível local, contemplando o regional até o
nacional.

Com sua gênese nos Estados Unidos, durante as duas últimas décadas do século
passado, fundamentos e teorias sobre GIS foram formulados e difundidos por
estudiosos, pesquisadores e profissionais, notadamente, ligados ao National Center
for Geographic Information and Analysis (NCGIA) e ao University Consortium for
Geographic Information Science (UCGIS). Nos dias atuais, essas instituições
mantêm-se como expoentes nas pesquisas e trabalhos de níveis mais avançados
em relação ao GIS, envolvendo temas como sistemas complexos de simulação de
dinâmica geográfica; computação e visualização geoespacial; ontologia e web-
semântica, GIS de alto desempenho para arquiteturas distribuídas e/ou
colaborativas; GIS de código aberto e aplicações de Cyber GIS.

Organização congênere ao UCGIS, na Europa destaque-se a Association of


Geographic Information Laboratories for Europe (AGILE) cujo enfoque é promover o
ensino acadêmico e de pesquisa em GIS na Europa, através do desenvolvimento de
atividades em rede de seus membros12. Em conjunto com o Open Geospatial
Consortium (OGC), atua na investigação sobre interoperabilidade geoespacial no
âmbito da European Spatial Data Research Network (EuroSDR). A AGILE discute no
contexto europeu os mesmo temas que as instituições americanas, além de
promover em suas conferências anuais a discussão sobre temas como infraestrutura
de dados espaciais; integração, fusão, geração automática e multiescala de

12
A AGILE surgiu das discussões empreendidas pela EGIS Conferences e do European Science
Foundation GISDATA Scientific Programmes.

a tecnologia Geographic Information Systems (GIS) e a documentação do patrimônio construído


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 95
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informações espaciais; serviços baseados em localização e aplicativos móveis e


redes; sistemas geoespaciais e tecnologias de informação com uso colaborativo;
GIS e aplicações em tempo real; GIS 3D e GIS - Web Services, dentre outros.

Tomando como referência a produção técnica e científica das instituições acima


citadas, o CIPA e o Conselho da Europa tem lançado publicações com orientações
no desenvolvimento e implementação do GIS para o gerenciamento de bens
culturais, a exemplo de "Generic GIS Template for the Management of Heritage
Objects: a pratical guide to GIS implementation" (RINAUDO, BILGIN, 2007); na
incorporação do GIS aos sistemas de inventários, como "Guidance on inventory and
documentation of the cultural heritage" (COUNCIL OF EUROPE, 2009); e no uso de
tecnologias da informação para apresentação e visualização do patrimônio, a partir
de realidade virtual e reconstruções 3D em "Basic Guidelines for Cultural Heritage
Professionals in the Use of Information Technologies" (BRIZARD et al., 2007). Dessa
forma, discute-se ao longo deste Capítulo os fundamentos e o estado da arte do GIS
na documentação do patrimônio construído.

4.1 Fundamentos do GIS

Em uma breve revisão bibliográfica a respeito da tecnologia GIS, é entendido como


um sistema de informações formado por uma base de dados geográficos
referenciados, projetado a partir de procedimentos e técnicas que permitem ao
usuário a aquisição, o gerenciamento, a manipulação, a análise, a visualização e
comunicação de dados espaciais sobre lugares, atividades, eventos e fenômenos do
mundo real, para o conjunto particular de uma aplicação (BURROUGH;
McDONNELL, 1998; GOODCHILD, 2006; TOMLISON, 2007).

O desenvolvimento de tecnologias de informação como o GIS, afirma Prado e


colaboradores (2000), oferece oportunidades de melhorar enormemente o processo
de tomada de decisões e a resolução de problemas no domínio espacial. Isto se dá
em virtude das funções básicas inerentes aos GIS, como: o armazenamento, a
recuperação e a atualização de dados espaciais; as análises espaciais do mundo
real, a partir da recuperação, cruzamento e a visualização dos dados no espaço

a tecnologia Geographic Information Systems (GIS) e a documentação do patrimônio construído


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 96
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geográfico, tanto através representação cartográfica como mapas, globos e imagens


de satélite, como também através de tabelas, gráficos e relatórios, sejam impressos,
em tela ou compartilhados em meio digital. Esta característica do GIS é
representada por um modelo funcional proposto por Tomlison (2007), apresentado
na Figura 10.

Figura 10 – Modelo funcional do GIS

Fonte: Tomlison ( 2007).

As principais análises espaciais em um GIS são efetuadas a partir das relações


topológicas de pertinência, contiguidade, conectividade e adjacência, existentes
entre as primitivas geométricas (ponto, linha e polígono) que representam os
objetos, e as operações espaciais baseadas em inferências estatísticas, álgebra de
mapas, overlays cartográficos, (re)classificação cartográfica ou tematização,
determinação de distâncias e a identificação de vizinhança (ARRUDA, 2003). Além
dessas, com o GIS também é possível realizar análises mais complexas com base
em estatística espacial, geoestatística, representação de incerteza e modelagem
dinâmica (DRUCK et al., 2004).

a tecnologia Geographic Information Systems (GIS) e a documentação do patrimônio construído


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 97
Anna Karla Trajano de Arruda

Os dados espaciais podem estar em formato vetorial ou formato raster (matricial),


conforme o domínio da aplicação. Em ambos os casos, por definição, segundo
Robinson e colaboradores (1995) e Burrough e Mcdonnell (1998), os dados
espaciais descrevem os objetos do mundo real em termos de:

 sua posição, identificada a partir de um sistema de coordenadas conhecido;

 um conjunto de atributos, informando suas características quantitativas e


qualitativas;

 suas interrelações, em função das relações topológicas inerentes a geometria


escolhida para representar os objetos do mundo real e,

 um valor relacionado ao instante ou intervalo de tempo, do evento ou


fenômeno analisado.

Câmara (2001) descreve que a característica de armazenar a geometria dos objetos


geográficos e de seus atributos em uma associação unívoca é uma condição básica
do GIS, evidenciando o relacionamento da representação de objetos gráficos com os
seus correspondentes dados alfanuméricos, em um Banco de Dados (BD). Existem,
a princípio, duas formas de interação entre os GIS e os BD, que são a arquitetura
dual e a arquitetura integrada. A arquitetura dual, apresentada na Figura 11a,
armazena as componentes espaciais dos objetos separadamente dos atributos: a
componente alfanumérica é armazenada em uma estrutura de dados relacional e a
componente espacial é armazenada em arquivos gráficos. A arquitetura integrada,
mostrada na Figura 11b, consiste em armazenar tanto a componente espacial
quanto a alfanumérica em um Banco de Dados Espaciais (BDE). A principal
vantagem da adoção de uma arquitetura integrada é a possibilidade de utilização
dos recursos de um Sistema Gerenciador de Banco de Dados Espaciais (SGBDE)
para controle e manipulação de objetos espaciais e dos atributos a partir da gerência
de transações, controle de redundância, uso de linguagens próprias de consulta,
garantindo a integridade do sistema.

a tecnologia Geographic Information Systems (GIS) e a documentação do patrimônio construído


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 98
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Figura 11 – Integração em BD e GIS: (a) arquitetura dual; (b) arquitetura integrada

(a) (b)

GIS GIS

ATRIBUTOS
ATRIBUTOS

MAPAS BDE

Fonte: HESS (2009). Adaptado.

Para o desenvolvimento de uma aplicação com a tecnologia GIS, faz-se necessário


a elaboração do modelo de dados que representará os objetos do mundo real.
Usualmente, para o GIS são adotados modelos baseado em Entidade-
Relacionamento (ER), em Orientação a Objeto (OO) ou em Código Aberto (CA).
Hess (2009) faz um apanhado na literatura dos vários modelos conhecidos, cujo
resultado é compilado no Quadro 5 abaixo:

Quadro 5 – Tipos de modelos para banco de dados espaciais

APLICAÇÃO MODELO REFERÊNCIA

GMOD Pires (1997)


GeoOOA Kösters (1997)
MADS Parent (1998)
Baseada em Abrantes (1998)
GeoOMT
Orientação a Objeto
OMT-G Borges (1999)
Perceptory Bédard (1999)
GeoFrame-T Lisboa (1999); Vargas (2001)

Modul-R Bédard (1996)


Baseada em Entidade –
GISER Shekhar (1997)
Relacionamento
Geo-ER Hadzilacos (1997)

Baseada em Código Aberto GML Open GIS Consortium (2007)

Fonte: Hess (2009).

a tecnologia Geographic Information Systems (GIS) e a documentação do patrimônio construído


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 99
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Uma vez concluída a modelagem, a etapa seguinte é de implementação da


aplicação, a partir de um ou mais programas, conforme o caso, com os quais
desenvolva-se o modelo lógico do sistema. Geralmente são desenvolvidos em níveis
sofisticados, constituídos de módulos, podendo executar as mais diversas
funcionalidades (MAGUIRE et al., 1999). Em Steiniger e Bocher (2008), e Steiniger e
Weibel (2009), encontram-se indicadas as ferramentas GIS tanto para a categoria de
programas de código aberto13 e como de programas proprietários14, dentre os quais
pode-se citar como mais conhecidas, respectivamente, GvSIG, Quantun GIS, o
MapInfo Professional e o ArcGIS.

Dos tradicionais mapas, listas e tabelas impressos, convertidos para meio digital e
utilizados como fontes para aquisição de dados na década de 80, passou-se, diante
dos avanços tecnológicos da década de 90, para o uso de dados adquiridos a partir
de levantamentos fotogramétricos, topográficos e geodésicos com equipamentos
digitais, incluindo receptores GPS/GNSS, imagens orbitais de sensoriamento remoto
e de radar.

Hoje, todas as fontes de dados anteriormente citadas são utilizadas e a elas já está
consolidado também o uso de dados adquiridos a partir das tecnologias 3D Laser
Scanning e com dispositivos móveis, além dos pacotes de dados disponíveis na
web, que configuram o estado da arte para aquisição de dados a ser utilizada em
GIS. A este respeito, apresenta-se a seguir uma descrição dessas tecnologias com
exemplos do seu uso para documentação arquitetônica.

13
Software de código aberto, também chamados de software livre, permitem a modificação de suas
estruturas de indexação e o conhecimento de todo o seu código, para sua adequação a fim de
atender a aplicação a ser desenvolvida. Dentre as ferramentas livres, as mais conhecidas estão o
Linux, Apache, Mozzila e a família Google.
14
Software proprietário é aquele cuja cópia, redistribuição ou modificação são em alguma medida
restritos pelo seu criador ou distribuidor. Normalmente, a fim de que se possa utilizar, copiar, ter
acesso ao código-fonte ou redistribuir, deve-se solicitar permissão ao proprietário, ou pagar para
poder fazê-lo: será necessário, portanto, adquirir uma licença, tradicionalmente onerosa, para
cada uma destas ações. Alguns dos mais conhecidos programas proprietários são o Microsoft
Windows, o Microsoft Office, o RealPlayer, o Adobe Photoshop, o Mac OS, o WinZip, algumas
versões do UNIX, entre outros.

a tecnologia Geographic Information Systems (GIS) e a documentação do patrimônio construído


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 100
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4.2 GIS - Aquisição e Tratamento de Dados

Para fins de documentação arquitetônica, as tecnologias da informação que


atualmente têm sido amplamente adotadas na aquisição e tratamento de dados são:
a Topografia Automatizada, a Cartografia Digital, a Modelagem Digital Terreno, a
Fotogrametria Digital, a Modelagem Geométrica Tridimensional, as Tecnologias
Computer-aided Design / Building Information Modeling (CAD/BIM) e o 3D Laser
Scanning, afirma Amorim (2007). Em Nogueira (2010), encontra-se uma revisão das
várias experiências nacionais e internacionais utilizando essas tecnologias para
documentação do patrimônio construído, inclusive com sua veiculação via web. Por
outro lado, a partir da análise dos trabalhos publicados em vários eventos
associados à questão do patrimônio cultural, planejamento urbano e tecnologias de
geoinformação, a exemplo do CIPA, EUROMED HERITAGE (promovido pela União
Europeia, com enfoque na região do Mediterrâneo) e Urban Data Management
Society (UDMS), e o International Society for Photogrammetry and Remote Sensing
(ISPRS), respectivamente, observe-se que as tecnologias acima citadas são
também tecnologias utilizadas para aquisição de dados espaciais para aplicações
GIS, sejam eles na escala urbana, ou na da edificação, uma vez que os objetos aos
quais se referem são elementos do espaço geográfico. Notadamente, dentre tais
tecnologias têm tido destaque a Fotogrametria Digital e o 3D Laser Scanning, sobre
as quais discorre-se a seguir.

 Fotogrametria Digital

Segundo Koatz (2007), a aplicação da Fotogrametria Digital na Arquitetura recebeu


um notável impulso em direção à simplificação e redução de custos quando os
novos programas passaram a permitir o uso de câmeras fotográficas produzidas
pelos fabricantes tradicionais, no lugar das custosas e sofisticadas câmeras
métricas, e cujas imagens passaram a ser processadas em computadores pessoais
ao invés do emprego de restituidores que custam centenas de milhares de dólares.
Isso simplificou as tarefas como a medição direta, com trena e croquis, de
edificações cujo grau de complexidade e dimensões dificultaria enormemente a

a tecnologia Geographic Information Systems (GIS) e a documentação do patrimônio construído


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 101
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tarefa, evitando interpretações ou interpolações que eventualmente surgem no


trabalho realizado à mão.

A Fotogrametria Digital é um processo ótico e numérico que permite extrair das


fotografias de um objeto a sua geometria: formas e dimensões, com a qualidade e
precisão requeridas. Permite obter uma série de produtos a partir de fotografias
tomadas do objeto, podendo ser usada para a documentação precisa de pequenos
objetos, de edificações ou mesmo de áreas urbanas, a depender do tipo de foto
(terrestre, aérea ou orbital) e da técnica utilizada, cujos resultados podem ser
modelos tridimensionais do objeto ou imagens ortogonais em escala, restituições ou
desenhos em CAD, com ou sem curvas de nível ou pontos cotados, sobre os quais
se podem fazer medições de alta precisão.

Sobre este tema, Groetelaars (2004) faz uma ampla revisão dos sistemas
fotogramétricos e seu estado da arte, o qual foi adotado como uma das principais
referências nessa pesquisa. Para uma compreensão geral, a autora esclarece que,
no desenho arquitetônico das fachadas, a restituição fotogramétrica digital
compreende o cadastramento de seus elementos arquitetônicos, mediante a
produção de fotos retificadas, ortofotos e desenhos (2D) executados a partir de
fotografias. Este processo corrige as deformações perspectivas, decorrentes das
projeções cônicas, existente nas fotografias, em uma imagem com as mesmas
propriedades de uma vista ortográfica, como as provenientes das projeções
cilíndricas ortogonais. A partir da identificação de características geométricas ou de
pontos homólogos nas várias fotografias é possível obter coordenadas (x, y, z), fotos
retificadas e ortofotos que, uma vez inseridas como pano de fundo em um editor de
desenho vetorial a exemplo do AutoCAD, traçam-se as feições de interesse para o
desenho de elevações e modelos geométricos 3D (Figuras 12 e 13).

Uma vez criado o modelo geométrico, é possível a aplicação de texturas a cada uma
das superfícies. A textura pode ser obtida diretamente do objeto fotografado,
aumentando o grau de realismo e permitindo uma simplificação da modelagem
geométrica do objeto. A aplicação de texturas dispensa, a depender da finalidade, a
modelagem de parte dos detalhes do objeto. O modelo geométrico (3D) criado pode

a tecnologia Geographic Information Systems (GIS) e a documentação do patrimônio construído


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 102
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ser exportado para outros programas, tais como: software de renderização15,


animação e simulação computacional, usando a tecnologia de Realidade Virtual para
sua visualização.

Figura 12 - Ortofoto e elevação de uma quadra do Centro Histórico de Lençóis - BA,


obtidas por restituição fotogramétrica e vetorização em programas CAD

Fonte: Groetelaars (2004).

Figura 13 - Modelos geométricos da Capela Nossa Senhora da Escada, Salvador - BA:


(a) modelo wireframe; (b) modelo fotorrealístico

(a)

(b)

Fonte: Groetelaars (2004).

15
Palavra que deriva do inglês: rendering, termo genérico que designa acabamento.

a tecnologia Geographic Information Systems (GIS) e a documentação do patrimônio construído


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 103
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De forma semelhante, dentre as experiências internacionais de documentação


arquitetônica de centros históricos que adotam a Fotogrametria Digital, pode-se citar
os trabalhos de Bartoš e colaboradores (2011) e de Patias e colaboradores (2011),
apresentado na Figura 14.
Figura 14 - Levantamento fotogramétrico do Centro Histórico de Nicosia - Chipre:
(a) ortofotos das fachadas georreferenciadas; (b) elevação da quadra obtida por vetorização; (c)
indicação das estações das tomadas fotográficas do levantamento

(a)

(b)

(c)

Fonte: Patias e colaboradores (2011).

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 104
Anna Karla Trajano de Arruda

Todo esse processo, ainda segundo Groetelaars e Amorim (2012), tornou-se mais
simples com o surgimento da técnica Dense Sterero Matching16, realizada por
programas como o PhotoModeler Scanner e o Autodesk 123D Catch, dentre outros,
que trabalham com o princípio da estereoscopia para criação de nuvens de pontos e
consequente geração de outros tipos de modelos.
Figura 15 - Modelo de nuvem de pontos de edificações do Pelourinho (Salvador - BA),
gerado a partir de fotografias tomadas com Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT)

Fonte: UNB; LCAD, 2012. Elaboração: Bruno Leão de Brito.

16
Dense Stereo Matching (HULLO et al., 2009) é uma técnica de obtenção de nuvens de pontos por
processamento digital de imagens fotográficas mais recente que o 3D Laser Scanning. Também
conhecida como Dense Surface Modeling (DSM) ou Photo-based Scanning (WALFORD, 2009).
O princípio de funcionamento do DSM consiste na correlação automática de conjuntos de pixeis
homólogos em fotos distintas para obtenção das coordenadas tridimensionais de pontos contidos na
superfície dos objetos fotografados, gerando assim, o modelo geométrico de nuvem de pontos. Para
a realização desse processo é necessário que a superfície a ser representada tenha alguma textura
ou que ela seja sinalizada com alvos artificiais, para possibilitar ao algoritmo fazer a correlação dos
pixeis nas várias fotografias e encontrar as coordenadas tridimensionais dos mesmos, gerando as
nuvens de pontos. O estudo do DSM faz parte do universo de pesquisa da tese de doutorado da
professora Natalie Johanna Groetelaars, ora em desenvolvimento no PPG-AU/FAUFBA.

a tecnologia Geographic Information Systems (GIS) e a documentação do patrimônio construído


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 105
Anna Karla Trajano de Arruda

 3D Laser Scanning

Comumente, as tecnologias disponíveis para documentação de edificações,


conjuntos arquitetônicos e sítios históricos eram o cadastramento através do registro
em croqui com o emprego da medição direta, com ou sem apoio topográfico, para a
determinação das grandezas angulares e lineares, ou através da restituição
fotogramétrica de fotografias aéreas ou terrestres. Amorim e Chudak (2005)
observam que, apesar desses processos serem precisos e confiáveis eles são por
demais lentos e caros, quando a edificação ou sítio a serem documentados são
complexos e há um grande número de detalhes a serem levantados, ou ainda,
quando é necessário um detalhamento acurado, como, por exemplo, nos projetos de
restauração. Para aplicações no campo da arquitetura e documentação do
patrimônio histórico, além da geometria, são importantes informações de reflectância
das superfícies e também das cores para a completa descrição do objeto em estudo.
A tecnologia Laser Scanning surge como uma alternativa promissora para preencher
as lacunas deixadas pelas outras tecnologias, seja pela velocidade com que é
realizada a coleta de dados, seja pela precisão e minúcia dos detalhes registrados.

Tomando como base a tecnologia Light Detection and Ranging, o 3D Laser


Scanning é um sistema de sensoriamento remoto17 ativo formado por um conjunto
de varredura ótico-mecânico que emite pulsos laser utilizados para determinar a
distância existente entre o sensor e a superfície, permitindo a captura automática de
grande quantidade de dados em curto espaço de tempo (WEHR; LOHR, 1999). O
3D Laser Scanning é um sistema automatizado para a aquisição de dados, tanto no
que se refere ao levantamento de áreas urbanas (Airbone Laser Scanning - ALS) ou
ao levantamento de edificações individuais (Terrestrial Laser Scanning - TLS)18.

17
Sensoriamento Remoto pode ser definido de maneira geral, como uma tecnologia empregada para
estudar as características dos objetos usando dados obtidos de um ponto de observação remoto.
Em um contexto mais específico, é a extração de informações da superfície terrestre a partir de
imagens obtidas de vários tipos de sensores transportados em aeronaves e satélites (WOLF;
DEWITT apud SOUZA, 2001).
18
O ALS é um sistema aerotransportado, apoiado por um Sistema de Posicionamento Global (Global
System Position – GPS) e por um Sistema de Medição Inercial (Inertial Measurement Unit – IMU).
Uma imagem de varredura a laser é obtida sobrevoando a região de interesse e redirecionando o
feixe laser transversalmente à direção do voo, de maneira a obter uma cobertura da área. Por meio
da medição da trajetória do pulso do sistema laser, e adicionando as medições dos sistemas GPS e
IMU, são obtidas as coordenadas de cada pulso no instante em que o alvo foi atingido, seja um

a tecnologia Geographic Information Systems (GIS) e a documentação do patrimônio construído


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 106
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Assim, pode ser aplicado na modelagem geométrica de objetos, de pequenas ou


grandes dimensões (elementos decorativos, edificações, áreas urbanas), simples ou
extremamente complexos, e, com precisão que varia do submilímetro a alguns
centímetros, onde suas superfícies são representadas através de um conjunto de
dados chamados point cloud (nuvem de pontos) e um ou mais atributos associados
ao mesmo. A maioria das aplicações requer a conversão do modelo básico de
“nuvem de pontos” em desenhos ou em modelos geométricos mais complexos, do
tipo superfície ou sólido.

Com este conjunto de dados obtidos, unidos por um pós-processamento em


software adequado, é possível visualizar o modelo de nuvem de pontos, constituída
por uma grande quantidade de pontos no espaço tridimensional. A utilização desses
sistemas laser acelerou a elaboração de Modelos Digitais de Terreno (MDT), antes
realizados apenas pelo processo fotogramétrico ou topográfico.

Há vários métodos empregados para transformar a nuvem de pontos em outros


produtos, que vão depender do objeto e da aplicação desejada. É possível ajustar
primitivas tridimensionais (ex: planos, cilindros e esferas) comuns em programas
CAD para a nuvem de pontos. Programas como o Cyclone da empresa Leica e
3Dipsos da Mensi, permitem esse processamento. Muitos objetos arquitetônicos, no
entanto, são irregulares e não podem usar essa técnica de modelagem, sendo mais
adequada a representação da forma através de uma malha triangular. Em ambos os
casos, primitivas tridimensionais ou malha triangular, é desejável a visualização
fotorrealística do produto final, que pode ser obtida através do mapeamento das
texturas nas superfícies criadas (BARBER et al., 2001 apud Groetelaars, 2004).

Uma variação do TLS muito utilizada atualmente é o 3D Laser Scanning móvel, para
levantamentos topográficos e mapeamento de aglomerados urbanos, cujo sistema
composto por laser scanner, GPS e sistema inercial, com todos os sensores é

terreno, uma edificação, árvores, ou qualquer tipo de feição terrestre (WEHR; LOHR, 1999). O TLS
é um sistema similar ao ALS, em que a principal diferença entre eles refere-se a plataforma sob a
qual repousa o equipamento. O equipamento laser scanner terrestre é composto basicamente por
três unidades: o próprio scanner – geralmente fixado em um tripé; um microcomputador portátil que
funciona como unidade de controle, e uma bateria que fornece energia para o scanner (WEHR;
LOHR, 1999). Para mais detalhes sobre os fundamentos da tecnologia 3D Laser Scanning ver
Bradalise (2008), Optech (2005), Wutke (2006).

a tecnologia Geographic Information Systems (GIS) e a documentação do patrimônio construído


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 107
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integrado em um único equipamento portátil que é acoplado a automóveis,


realizando a varredura durante o percurso previamente definido (Figura 16).

Figura 16 - Laser Scanner móvel para aplicações terrestres: (a) modelo Lynx Mobile Mapper; (b)
nuvem de pontos de edificação histórica e seu entorno (localização não indicada)

(a)

(b)

Fonte: http://metrocubicoengenharia.com.br/?page_id=153. Acesso em 30 mar. 2013.

Como exemplo de documentação arquitetônica utilizando a tecnologia 3D Laser


Scanning, pode-se citar o Projeto 3D Virtual Pelourinho19 (Amorim 2004, 2007),
iniciado durante a 1st International Conference on 3D Laser Scanning Technologies

19
Disponível em: <http://archive.cyark.org/salvador-da-bahia-intro>. Acesso em: 18 abr. 2011.

a tecnologia Geographic Information Systems (GIS) e a documentação do patrimônio construído


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 108
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for Heritage Documentation20, realizado pelo Laboratório de Computação Gráfica


Aplicada à Arquitetura e ao Desenho (LCAD) da UFBA, com a participação da
Universidade de Ferrara, além de outras instituições. Este projeto destaca-se por ser
um trabalho pioneiro, dentre as experiências nacionais no uso dessa tecnologia
(Figura 17).

Figura 17 – Modelos geométricos em nuvem de pontos no Centro Histórico de Salvador - BA:


(a) Largo do Cruzeiro de São Francisco; (b) Exterior da Igreja de São Francisco; (c) Detalhes da
fachada; (d) Nave principal da igreja
(a) (b)

(c) (d)

Fonte: Acervo LCAD (2007)

Dentre as experiências internacionais tem-se os trabalhos de Agapiou e


colaboradores (2010), Haala; Kada (2010) e Galizia; Santagati (2011). Destaca-se
também o trabalho de Tucci; Bonora (2011) quanto ao levantamento da Basílica do

20
Patrocinado pela Kacyra Family Foundation e apoio da empresa Santiago e Cintra.

a tecnologia Geographic Information Systems (GIS) e a documentação do patrimônio construído


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 109
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Santo Sepulcro em Jerusalém - Israel, um dos ícones históricos do cristianismo


(Figura 18), além de muitos outros.

Figura 18 – Nuvem de pontos da Basílica do Santo Sepulcro em Jerusalém - Israel: (a) 3D laser
scanner e nuvem de pontos resultante; (b) interior da Capela do Gólgota; (c) exterior da Capela de
Santa Elena; (d) interior e detalhe das estruturas da Capela de Santa Elena

(a)

(b) (c)

(d)

Fonte: Tucci e Bonora (2011)


Como é fácil notar, tanto a tecnologia 3D Laser Scanning como a Fotogrametria
Digital ampliaram as possibilidades para aquisição de dados tridimensionais, o que
levou o GIS a novos patamares quanto a análises e, principalmente, a visualização
do contexto espacial nas aplicações desenvolvidas. Tal questão, é abordada na
discussão a respeito do estado da arte da tecnologia GIS, tratada na seção 4.3.
a tecnologia Geographic Information Systems (GIS) e a documentação do patrimônio construído
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 110
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4.3 Estado da Arte em GIS

Nos dias atuais, o estado da arte em GIS não reside tanto nas discussões teórico-
conceituais, mas nos avanços ocorridos com as tecnologias adotadas para produção
dos dados espaciais em todas as suas etapas: aquisição, processamento,
modelagem, análises, visualização e disponibilização, de forma a extrair o máximo
de informações e otimizar seu uso para as mais variadas aplicações. Nesse sentido,
confirmando a tendência apontada por Rocha (2007), destacam-se o 3D GIS, o
WebGIS e a Cloud GIS, abordados a seguir.

4.3.1 3D GIS

De uma representação do espaço geográfico utilizando-se uma projeção em duas


dimensões a partir das cartas topográficas em papel ou dos mapas digitais, o GIS
passou a representação em três dimensões, tornando a navegação mais intuitiva e
aproximando a visualização do espaço apresentada mais próximo da sua forma real.

No domínio geoespacial, modelos geométricos (3D) têm recebido considerável


atenção a partir de diferentes perspectivas notadamente, quanto a captura dos
dados, visualização, modelagem e gestão de dados 3D para um aprimoramento das
aplicações GIS.

Progressos significativos ocorreram na última década em termos de captura de


dados 3D como o mapeamento móvel, triangulação aérea para imagens oblíquas,
técnicas de texturização semi-automatizada, permitiram a produção e incorporação
de modelos geométricos fotorrealísticos ao GIS (ELWANNAS, 2011). Observa-se a
tendência de integração do Sensoriamento Remoto, Fotogrametria Digital e 3D
Laser Scanning a partir do uso de múltiplos sensores, a fim de aumentar a robustez
e a produtividade do processo de aquisição de dados, e a consolidação de métodos
para geração automática de modelos de terreno a partir de imagens aéreas ou de
varredura a laser.

A reconstrução de objetos 3D, principalmente edificações, atingiu um nível de


produção semi-automática bastante satisfatório, com destaque para um aspecto

a tecnologia Geographic Information Systems (GIS) e a documentação do patrimônio construído


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 111
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cada vez mais importante que é a eficiente aquisição, correção e atribuição de


texturas a esses objetos (GRÜN et al., 2002; HAALA; BRENNER, 2001).

Por outro lado, nos últimos anos viu-se o surgimento das primeiras soluções
operacionais baseadas na web para a visualização de modelos geométricos de
cidades. Soluções avançadas de software, juntamente com poderosos
processadores gráficos 3D para computadores pessoais e redes de comunicação de
dados em alta velocidade, gradualmente, transformaram a geovisualização, antes
apenas ao alcance de especialistas, em uma aplicação de grande acesso para
usuários dos mais diversos perfis.

No que toca a modelagem e o gerenciamento de objetos espaciais tridimensionais,


observa-se o incremento da capacidade dos Sistemas Gerenciadores de Banco de
Dados Espaciais (SGBDE) desde a integração e gestão dos diferentes tipos de
dados espaciais (ortoimagens e MDT, objetos fotorrealísticos, Points of Interest
(POI), animações, hiperlinks, entre outros), quanto a resolver problemas de topologia
(OOSTEROM et al., 2002) e de visualização, considerando o volume de
armazenamento que pode chegar a terabytes, como chama a atenção Nebiker
(2003). Ao mesmo tempo, padrões tais como o City Geography Markup Language21
(CityGML) foram desenvolvidos para o melhor aproveitamento dos modelos
geométricos de cidades de forma a serem compartilhados por vários usuários. E,
finalmente, o avanço em tecnologias para visualização web também contribuíram
enormemente para uma utilização generalizada do 3D GIS.

Nesse contexto, Elwannas (2011) propõe um metadiagrama de fluxo de dados para


aplicações 3D GIS, observando desde a diversidade de dados de diferentes
formatos, a sua integração em subsistemas que não só armazenam, mas também
aferem a qualidade dos dados, e sua distribuição em diferentes soluções de
visualização e sistemas de simulação (Figura 19).

21
Uma abordagem mais detalhada sobre o CityGML é apresentada no Capítulo 5.

a tecnologia Geographic Information Systems (GIS) e a documentação do patrimônio construído


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 112
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Figura 19 - Diagrama de fluxo de dados para 3D GIS

Fonte: Elwannas (2011). Adaptado pela autora.

Como exemplos de aplicações 3D GIS voltadas a documentação do patrimônio,


pode-se citar os trabalhos de Costamagna e Spanò (2011), Yan e Limin (2011) e,
em especial o de Richards-Rissetto e colaboradores (2012), onde o autor descreve o
"MayaArch3D Project: The Case Study at Copan, Honduras". Em 1980, o sítio
histórico de Copan tornou-se Patrimônio Mundial da UNESCO e é um dos principais
destinos turísticos em Honduras. Iniciado em 2009, MayaArch3D Project reuniu
historiadores de arte e arqueólogos, cientistas da computação e especialistas em
sensoriamento remoto para desenvolver o protótipo de uma ferramenta WebGIS 3D
chamado QueryArch3D (AGUGIARO et al., 2011; SCHWERIN et al., 2011), que
possibilita a visualização e consulta espaciais a partir de modelos geométricos,
ligados a dados arqueológicos que são acessados durante a navegação em um
ambiente de realidade virtual (Figura 20 e 21).

a tecnologia Geographic Information Systems (GIS) e a documentação do patrimônio construído


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 113
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Figura 20 - Visualização e consulta espacial do sítio histórico e elementos arqueológicos


de Copan - Honduras, utilizando a ferramenta QueryArch3D

Fonte: Richards-Rissetto e colaboradores (2012).

Figura 21 - Navegação e consulta de dados na QueryArch3D, a partir de interação gestual

Fonte: Richards-Rissetto e colaboradores (2012).

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4.3.2 WEB GIS

Atualmente, além da tradicional ambiente desktop22 e do ambiente de


desenvolvimento23, ganhou força o ambiente servidor on-line, onde um conjunto de
serviços padronizados para GIS como, por exemplo, geocodificação, mapeamento e
consultas, entre outros, estão disponíveis na web.

O Web GIS, também conhecido como Web-based GIS, é uma ferramenta GIS que
usa a internet como um importante componente para acessar, distribuir, analisar e
visualizar dados com diferentes módulos. Tem-se uma arquitetura cliente-servidor
(Figura 22) usando, comumente, um banco de dados relacional espacial onde todos
os dados são reunidos e geridos diretamente pela aplicação implementada em um
browser HTML na web (RINAUDO et al., 2007). Os usuários não precisam de
software específico para utilizar esses sistemas, que podem ser acessados desde
computadores de mesa e notebooks a uma variedade de dispositivos móveis e sem
fio, como telefones celulares, Personal Digital Assistant (PDA), Ultra Mobile PC e
receptores GPS/GNSS (KOKALJ et al., 2006).

Figura 22 - Arquitetura cliente-servidor: componentes Web GIS com ilustração em azul

Fonte: Kokalj e colaboradores (2006).

22
Ambiente desktop ou standalone é aquele em que o usuário desenvolve uma aplicação, trabalha
exclusivamente com o software instalados em seu computador de mesa ou notebook.
23
Ambiente de desenvolvimento é aquele em os analistas responsáveis pela produção de software
ou aplicações, geralmente conectados em rede, combinam um conjunto de outras ferramentas
como componentes de função individuais para criar novos produtos.

a tecnologia Geographic Information Systems (GIS) e a documentação do patrimônio construído


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 115
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As primeiras aplicações Web GIS apresentavam a disseminação de mapas


estáticos, depois passaram a apresentar mapas interativos com identificação de
atributos e opções de navegação como pan e zoom, e na sequência vieram as
aplicações com alternativa de seleção de overlays cartográficos (planos de
informações, camadas ou feições) para diferentes escalas de visualização
(DRAGICENVIC, 2004; KRAAK; BROWN, 2001). Hoje, o Web GIS permitem a
criação e análise e publicação de dados espaciais, através da internet sem a
necessidade de um aplicativo desktop GIS tradicional, inclusive agregando recursos
para exibição de dados multimídia e compartilhamento com outros sistemas de
informações, através de webservices24, conforme afirma Kulawiak e colaboradores
(2010).

Além das funcionalidades comuns a um desktop GIS, uma aplicação web ainda deve
prever os serviços de metadados e de suporte a multiusuários, considerando que há
uma variação tanto no nível de conhecimento e de interesse do usuário, como na
política de segurança para os diferentes conjuntos de dados acessados, de acordo
com cada perfil de usuário. Por exemplo, de um lado, há os usuários comuns,
precisando de informações gerais sobre a região ou objetos de interesse, e, de
outro, há usuários experientes cujo trabalho diário está ligado a informações mais
técnicas que de um website de mapeamento da internet pode proporcionar. Kokalj e
colaboradores (2006), sugere que, a partir de uma página principal (home page) haja
uma página webGIS distinta para cada um dos níveis de usuários, em que se
diferem em relação ao conjunto de ferramentas disponíveis, o grau de
disponibilidade de dados (escala, conjunto de camadas), o grau de generalização

24
Segundo o W3C (World Wide Web Consortium) um web service define-se como: um sistema de
software projetado para suportar a interoperabilidade entre máquinas sobre rede. Tem uma relação
descritiva em um formato machine-processable, especificamente WSDL (Webservice Description
Language). Web Service é uma solução utilizada na integração de sistemas e na comunicação
entre aplicações diferentes. Com esta tecnologia é possível que novas aplicações possam interagir
com aquelas que já existem e que sistemas desenvolvidos em plataformas diferentes sejam
compatíveis. Cada aplicação pode ter a sua própria "linguagem", que é traduzida para uma
linguagem universal, o formato XML (eXtensible Markup Language). A sintaxe XML usada nas
tecnologias web services especifica como os dados são representados genericamente, definindo
como e com que qualidades de serviço os dados são transmitidos, pormenoriza como os serviços
são publicados; eles decodificam as várias partes do XML para interagir com as várias aplicações.
É uma tentativa de organizar um cenário cercado por uma grande variedade de diferentes
aplicativos, fornecedores e plataformas. O W3C, OASIS são as instituições responsáveis pela
padronização dos web services. Empresas como a IBM e a Microsoft, duas das maiores do setor
de tecnologia da informação, apoiam o desenvolvimento deste padrão.

a tecnologia Geographic Information Systems (GIS) e a documentação do patrimônio construído


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 116
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dos dados, o grau de precisão e acurácia dos dados, escalas mínima e máxima
disponíveis, o número de categorias de dados disponíveis, o conjunto de atributos
de exibição e medidas de segurança diferentes (acesso público ou proteção de login
e senha).

Exemplos de Web GIS voltados ao patrimônio construído podem ser encontrados


nos trabalhos de Duran e colaboradores (2004), Gregory e Ell (2007), Trigkas e
colaboradores (2010) e Ramos e colaboradores (2010). Neste último, descreve-se a
experiência do desenvolvimento de um Web GIS pelo Departamento de Engenharia
da Informática e Matemática e o Instituto Catalã de Arqueologia Clássica, ambos da
Universitat Rovira i Virgili na Espanha, para visualização de dados históricos da
cidade de Tarragona (Figura 23).

Figura 23 - Web GIS da cidade de Tarragona, com visualização de dados históricos


no Google Maps e StreetView

Fonte: Ramos e colaboradores (2010).

4.3.3 CLOUD GIS

A cloud computing (computação em nuvem), ou simplesmente cloud como tem sido


chamada, é vista como tendência de se estabelecer um novo paradigma para os

a tecnologia Geographic Information Systems (GIS) e a documentação do patrimônio construído


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 117
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sistemas de suporte de informação. A Nacional Institute of Standarts and


Technology (NIST) define “cloud” como um sistema distribuído que possibilita
acesso, de modo conveniente e sob demanda, a um conjunto de recursos
computacionais configuráveis (por exemplo, redes, servidores, armazenamento,
aplicações e serviços) que podem ser rapidamente contratados e disponibilizados
com o mínimo de interação gerencial junto a um provedor desse tipo de serviços
(ARAÚJO et al, 2012).

A cloud mostra-se como uma plataforma computacional de compartilhamento que


provisiona hardware, software, aplicações e administra forma centralizada processos
sob demanda. O armazenamento de dados é feito através de serviços que poderão
ser acessados a qualquer hora, de qualquer lugar do mundo, não havendo,
normalmente, necessidade de instalação de programas ou de armazenar dados. O
acesso aos programas, serviços e arquivos é remoto e distribuído, através da
internet, daí a alusão à nuvem (Figura 24).

Figura 24 - Esquema da cloud computing

Fonte: Sam Johnston (2009).

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Em linhas gerais, o processamento dos dados que ora era realizado separadamente
em cada estação de trabalho de uma arquitetura stand alone, agora concentra-se
em um serviço com uma infraestrutura computacional de comunicação entre o centro
de processamento de dados e os usuários finais, partindo de um único lugar e
distribuído a toda internet.

Até então, a cloud era um recurso somente utilizado entre serviços de profissionais
da própria área de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). Hoje, porém, de
forma global, mostra-se eficaz as mais diversas aplicações cujos serviços são
intermediados virtualmente na web a partir de plataformas computacionais
centralizadas. Bhat e colaboradores (2011 apud ARAÚJO et al., 2012), afirmam que
por ser um tipo de aplicação que consome grandes quantidades de recursos
computacionais, tanto no armazenamento quanto no processamento dos dados
geográficos, o GIS se beneficia muito da tecnologia cloud computing.

A possibilidade do Cloud GIS tem levantado discussões quanto a ideia de atualizar


as aplicações de GIS "convencionais", a fim de proporcionar vasta gama de serviços
para os usuários em todo o mundo, ao utilizar uma plataforma computacional com
diversos recursos, aplicações e processos de forma virtual e com acesso rápido e
simples, reduzindo o grande custo investido nos dispositivos que acessar e utilizar a
geoinformação. Organizações globais como ESRI e Cloud GIS Ltda. assumiram
esse novo paradigma e oferecem serviços sob demanda para os seus usuários.

Bhat e colaboradores (2011) propõe uma arquitetura hipotética de sistema para o


GIS Cloud, ainda não experimentada, formada por dois componentes principais, que
são: a Cloud GIS Web Interface e o servidor GIS (Figura 25). Por essa arquitetura, o
Cloud GIS pode ser implementado em qualquer infraestrutura da nuvem, confiável e
segura, a exemplo da Amazon EC2 e S3, Microsoft Windows Azure, Windows Server
Hyper-V e IBM Cloud. O sistema Cloud GIS será acessado através de Cloud GIS
Web Interface ou pelos sistemas internos de computadores localizados nas
organizações provedoras de GIS Services.

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Figura 25 - Arquitetura de sistema para Cloud GIS proposta por Bhat e colaboradores (2011)

Fonte: Bhat e colaboradores (2011). Adaptado.

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Detalhando a proposta de Bhat e colaboradores (2011), em relação ao Cloud GIS


Web Interface, a ideia é fornecer aos usuários uma interface flexível, robusta e de
baixo custo baseada na Web 2.0 e tecnologias associadas, com atualizações de
conteúdo em tempo real, personalização do usuário e interatividade completa para
produção de mapas on line com interligação a informações como textos, áudios,
vídeos, entre outros. No que toca ao servidor GIS, a proposta é ter recursos de
computação escalonáveis que gerenciem o compartilhamento de bases de dados e
serviços, a partir de uma infraestrutura com alto poder de processamento,
distribuídos em cinco níveis ou camadas que são:

 Interface de Comunicação Cloud GIS - interface de comunicação do Servidor


GIS composta de componentes lógicos (Module1, Module2...Module(n) e
Service1, Service2...Service(n)). Essa camada é responsável por gerenciar e
controlar todos os processos de comunicação entre as camadas dentro do
sistema GIS Cloud e a comunicação entre o sistema GIS Cloud e o mundo
exterior.

 Repositório Cloud GIS - camada de repositório de dados que, através de uma


API - Application Programming Interface (Programação de Interface para
Aplicações), unifica a comunicação entre o sistema Cloud GIS e o SGBD
espacial utilizado no gerenciamento do banco de dados espaciais do sistema
- a exemplo dos software DB2, PostGIS, Oracle Spatial e SQL Server 2008,
em relação a todos os processos, mecanismos e procedimentos utilizados
para armazenar e acessar dados espaciais e dados não-espaciais, inclusive
metadados como auxílio a decisão dos usuários.

 Utilitários Cloud GIS - nesta camada tem-se um conjunto de programas


utilitários para apoiar a otimização e o funcionamento contínuo do sistema
Cloud GIS como um todo. Os utilitários incluem o sistema de registro,
conversão de dados, compressão de dados e outros GIS services focado para
pesquisa de endereços, mapeamento, roteamento, geocodificação e
navegação.

 Interface Lógica Cloud GIS - esta camada atua como o "coração" do sistema
Cloud GIS e contem toda a lógica que forma a base do sistema, ou seja, para

a tecnologia Geographic Information Systems (GIS) e a documentação do patrimônio construído


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 121
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processamento de tarefas complexas, lógica de apresentação, lógica de


negócio e lógica de acesso a dados do sistema Cloud GIS. Os módulos
lógicos específicos serão responsáveis para fornecer recursos avançados
para os usuários GIS criar e importar dados espaciais, não-espaciais e
temporais no sistema Cloud GIS. Os mecanismos de autenticação e
autorização de usuários também são tratados nesse nível para reforçar a
segurança dos dados e as restrições de privacidade.

 Interface de Configuração Cloud GIS - nesta camada é feita a configuração do


sistema, de forma que alteração em qualquer componente do sistema Cloud
GIS irá resultar em uma mudança na configuração como um todo. Tem
ligação com os módulos lógicos que monitoram a mudança de estado, de
forma a garantir a sua consistência e de desempenho.

Por fim, haja vista que esta tecnologia ainda está em estágio de consolidação, até o
momento, não foram identificadas experiências nacionais ou internacionais voltadas
ao patrimônio cultural empregando a Cloud GIS, para um melhor entendimento de
seus limites e potencialidades na preservação e gestão de edifícios e sítios
históricos.

a tecnologia Geographic Information Systems (GIS) e a documentação do patrimônio construído


Capítulo 5
A CONTRIBUIÇÃO DO
HERITAGE INFORMATION SYSTEMS (HIS)
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 123
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5 A CONTRIBUIÇÃO DO HERITAGE INFORMATION SYSTEMS (HIS)

As agências internacionais como a UNESCO, o Conselho Europeu, entre outras,


periodicamente promovem fóruns de discussões quanto ao estabelecimento das
melhores práticas e recursos para gerir e preservar o patrimônio cultural
(MEDEIROS et al., 2006). Entre esses recursos, destaca-se o uso da tecnologia GIS
na produção de sistemas de informações culturais georreferenciadas, ou como é
internacionalmente conhecido o Heritage Information System (HIS)25, segundo
afirma Gabrielli e Malinverni (2006).

A partir da análise de vários trabalhos publicados ao longo da última década,


observa-se que o HIS não se configura necessariamente como um sistema de
informações cadastrais das edificações de um sítio histórico, haja vista que, segundo
a Fédération Internationale des Geomètres (FIG), o termo cadastro designa
unicamente as informações relacionadas ao levantamento dos limites territoriais de
parcelas, sejam elas urbanas ou rurais (FIG, 1995). O HIS diferencia-se
principalmente pelo caráter histórico inerente aos dados dos quais sua base de
dados é formada, como pode constatado nos trabalhos de Arca e colaboradores
(2012); Chias e colaboradores (2006); Duran e colaboradores (2004); He e Cui
(2011); Kokalj e colaboradores (2006); Maiellaro e Lerario (2005); Nayci e
colaboradores (2003); Rui (2008); Tolba (2007); Toz e Duran (2004); Rinaudo e
colaboradores (2007) e Zottoli (2009).

Conceitualmente, entende-se o HIS como um sistema de informações


georreferenciadas sobre a documentação do patrimônio construído, voltado à
proteção, preservação e gestão de sítios históricos, utilizado como ferramenta de
apoio a projetistas e por especialistas de planejamento e tomadores de decisão em
suas áreas de trabalho, através do qual realize-se:

 inventariação de bens imóveis, a fim de auxiliar nas decisões relativas à sua


preservação, restauração e possível reutilização;
25
Eventualmente, encontra-se variações do termo HIS como CHIS - Cultural Heritage Information
System, HGIS - Heritage Geographical Information System, HBIS - Historic Building Information
System e HHIMS - Historic Heritage Information Management System, aplicadas ao mesmo
conceito.

a contribuição do Heritage Information Systems (HIS)


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 124
Anna Karla Trajano de Arruda

 estudos de evolução da ocupação espacial e paisagem do sítio, tendo como


base sua cartografia histórica;

 zoneamento de áreas de proteção associado a estratégias de desenvolvimento


urbano;

 identificação de edifícios sob risco de degradação, demolidos ou em ruínas com


vistas a sua reconstrução ou reabilitação, conforme determinado por
especialistas em restauro;

 análise para aprovação e fiscalização de projetos de intervenções em bens


imóveis tombados ou inseridos em áreas protegidas;

 documentação para apoiar o tombamento de bens imóveis, ou outro instituto de


proteção, como também em processos judiciais relativos a conservação de um
bem;

 documentação para captação de recursos financeiros para obras de


conservação;

 estudos de roteiros turísticos históricos e atividades educativas para


reconhecimento da significância do patrimônio e sua memória;

 modelos preditivos e simulação de cenários para estudos de percepção da


paisagem, frente a dinâmica de transformações do espaço urbano de um sítio, e

 publicação e distribuição de dados sobre o patrimônio construído para outros


usuários (professores, pesquisadores, estudantes, profissionais da área de
turismo, viajantes, etc.).

Em uma arquitetura híbrida, o HIS utiliza um banco de dados espaciais para


armazenamento e gerenciamento dos dados que representam as feições
geográficas e seus atributos em um mapa base ou em um modelo digital de terreno,
reconhecidas a partir de um identificador único, através do qual são indexados os
dados não-espaciais derivados da documentação arquitetônica constituída dos
inventários e arquivos multimídia (textos, hipertextos, fotografias, fotos retificadas,
ortofotos, mosaicos fotográficos, ortofotomosaicos, imagens de satélites, desenhos,
ilustrações, modelos geométricos (3D), vídeos, áudios, animações, panoramas

a contribuição do Heritage Information Systems (HIS)


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 125
Anna Karla Trajano de Arruda

interativos, bibliografia entre outros) armazenados em um banco de dados


multimídia.

A título de exemplo, cita-se o Projeto Antakya - Turquia (NAYCI et al., 2003),


inserido em estudos do programa de mestrado em Restauração e Conservação
Urbana da Faculdade de Arquitetura, da Middle East Technical University, na
Turquia, a partir do HIS desenvolvido (Figura 26) foi definida uma proposta para
uma política de preservação geral para a área de estudo e intervenções físicas para
edifícios individuais: as categorias de intervenções foram definidas de acordo com a
condição dos conjuntos de edifícios classificados durante as análises e fase de
avaliação dos mesmos. Além disso, por meio das consultas aos dados espaciais, de
acordo com as inferências estabelecidas para identificar os problemas e
potencialidades durante a fase de avaliação do sítio, algumas áreas foram definidas
como "zonas de projetos especiais", para as quais ações de conservação foram
detalhadas de acordo com suas condições.

Figura 26 - Projeto Antakya - Turquia, interfaces do HIS, desenvolvido com a ferramenta ArcGIS:
(a) overlay de mapas históricos (b) modelo geométrico do sítio; (c) consulta espacial;
(d) fotografia associada a base de dados

(a) (b)

(c) (d)

Fonte: Nayci et al. (2003).

a contribuição do Heritage Information Systems (HIS)


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 126
Anna Karla Trajano de Arruda

Ainda tomando como referência os trabalhos acima citados, são discutidos nos
tópicos a seguir as características inerentes ao HIS, quanto a seu metamodelo,
infraestrutura de implementação, requisitos a serem atendidos, padrões de
modelagem e critérios de avaliação de eficiência do sistema.

5.1 Metamodelo e Infraestrutura do HIS

Para cumprir o seu papel, o HIS caracteriza-se por uma estrutura modular de
subsistemas interligados entre si, a partir do Número de Referência do Patrimônio
(NRP) dos bens cadastrados em sua base de dados, conforme apresentado na
Figura 27 (NAGLIC, 2003).

Figura 27 - Metamodelo do Heritage Information System - HIS

Fonte: Naglic (2003). Revisado e atualizado pela autora.

a contribuição do Heritage Information Systems (HIS)


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 127
Anna Karla Trajano de Arruda

Por esse metamodelo, tem-se o desenvolvimento progressivo dos subsistemas que


o constituem, permitindo sua fácil manutenção, flexibilidade para adição de novos
subsistemas e ligações a outros sistemas de informações afins. Os módulos ou
subsistemas são:

 Registro Geral do Patrimônio (Documentação Arquitetônica) - subsistema no


qual defini-se o NRP de cada bem como identificador único26 a ser utilizado por
todos os órgãos administrativos e serviços de proteção do patrimônio. Nele, tem-
se um formulário unificado de registro para entrada e atualização dos dados
derivados da documentação arquitetônica (Figura 28).

 Referências Documentais - subsistema no qual tem-se os dados de


regulamentação legal de proteção sobre cada unidade do patrimônio e outras
referenciais existentes, como fontes bibliográficas e documentação arquivística.

 Preservação e Gestão - subsistema que dá suporte ao gerenciamento de dados


correspondentes a financiamento de obras de conservação, permissões para
escavações arqueológicas, processos de proteção legal dos bens e
procedimentos ligados ao sistema de planejamento físico-territorial do sítio
histórico.

 Informações Geográficas - subsistema para representação, análise e


visualização dos edifícios, monumentos ou sítios no espaço geográfico, em uma
visão sistemática do patrimônio construído para comunicação de dados históricos
(Figura 29) no contexto ambiental mais geral - relações espaciais entre objetos
patrimoniais, o ambiente natural e o uso e ocupação do solo. Sua base de dados
consiste de feições próprias do domínio do patrimônio cultural (zonas de proteção
e geometria dos bens inventariados) e feições cadastrais do espaço urbano
(topografia, unidades territoriais, planos urbanísticos, sistema viário, entre
outros), a exemplo do que é apresentado na Figura 30, referente ao Piano di
Protezione del Comune di Manfredonia - Itália.

26
Corresponde ao Object_ID de uma feição, entidade ou objeto em um sistema de informações, e
serve de chave primária quando trabalha-se com banco de dados espaciais.

a contribuição do Heritage Information Systems (HIS)


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 128
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Figura 28 - Projeto Ancyra, realizado pela Università Politecnica delle Marche - Itália: (a) formulário
para entrada de dados de inventário; (b) formulário para inserção de metadados da fotografia

(a)

(b)

Fonte: Gabrielli; Malinverni (2006).

a contribuição do Heritage Information Systems (HIS)


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 129
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Figura 29 - Centro histórico de Cantù - Itália: 3D GIS com análises espaciais


sobre diferentes aspectos das edificações

Fonte: BRUNAMA, 2006. Disponível em: <http://www.ricercaitaliana.it/prin/unita_op_en-


2004087132_004.htm>. Acesso em: 25 nov. 2012.

Figura 30 - Web GIS do Piano di Protezione del Comune di Manfredonia - Itália

Fonte: Città di Manfredonia, 2012. Disponível em: <http://www.comune.manfredonia.fg.it./


webgis/home.htm>. Acesso em: 30 nov. 2012.

a contribuição do Heritage Information Systems (HIS)


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 130
Anna Karla Trajano de Arruda

Para a realização das tarefas citadas, especialistas e usuários comuns lançam mão
do HIS para efetuar mapeamentos temáticos, análises espaciais a partir de objetos
bidimensionais e tridimensionais, gerar e visualizar modelos geométricos urbanos
(3D), divulgar dados e informações utilizando webservices (Figura 31), e
compartilhar dados via internet como, por exemplo, para aplicações do tipo Google
Maps, Google Earth e 3D Warehouse Network, conforme apresentado na Figura 32
(GABRIELLI; MALINVERNI, 2006; SARI; KARABORK, 2011). Embora ao longo da
pesquisa não tenham sido identificadas experiências do tipo, nota-se a tendência
atual de compartilhamento de dados e aplicações sobre o patrimônio cultural em
cloud imprimindo um caráter colaborativo ao HIS, haja vista ser este o tema de uma
das sessões especiais do XXIV Simpósio Internacional da CIPA, que ocorrerá em
setembro de 2013, em Strasbourg - França (www.cipa2013.org).

Figura 31 - Projeto ARKAS, Portal ZRC SAZU, República da Eslovênia

Fonte: Portal ZRC SAZU. Disponível em: <http://www.zrc-sazu.si/en>. Acesso em: 17 mar. 2012.

a contribuição do Heritage Information Systems (HIS)


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 131
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Figura 32 - Templo de Augusto (Projeto Ancyra, Università Politecnica delle Marche - Itália): (a)
modelo geométrico visualizado no Google Earth; (b) modelo publicado no 3D Warehouse Network.

(a)

(b)

Fonte: Gabrielli; Malinverni (2006).

a contribuição do Heritage Information Systems (HIS)


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 132
Anna Karla Trajano de Arruda

Do ponto de vista de infraestrutura, Zhu e colaboradores (2008), prevê para a


implementação do HIS os seguintes recursos computacionais: equipamentos para
aquisição e armazenamento de dados, servidor de dados, estações de trabalho com
ferramenta GIS, estações de trabalho com as aplicações de planejamento urbano,
servidor de Web GIS, servidor web, software do tipo firewall, entre outros. Tais
recursos devem suportar não só a integração e o compartilhamento dos dados e
informações, mas também garantir a consistência, reutilização e expansibilidade do
sistema como um todo. A esse respeito, a fim de atender ao que indica Zhu e
colaboradores (2008), deve-se adotar a arquitetura cliente-servidor e seus
componentes Web GIS, não esquecendo de observar o fluxo de dados de
aplicações 3D GIS, ambos aspectos tratados no Capítulo 4.

5.2 Requisitos do HIS

Para cumprir o seu papel, enquanto ferramenta de apoio as ações de proteção,


preservação e gestão do patrimônio construído, o HIS deve atender aos seguintes
requisitos funcionais e não-funcionais27, seja do ponto de vista dos usuários finais,
seja do ponto de vista dos profissionais responsáveis pelo desenvolvimento e
implementação da aplicação:

 Requisitos Não-Funcionais:
a. compilar dados do inventário para a base de atributos dos dados
espaciais, para fins de análises espaciais;
b. controlar o acesso e a edição dos dados dos inventários e arquivos
multimídia, conforme perfil do usuário.

27
Requisitos são objetivos ou restrições estabelecidas por clientes e usuários do sistema que definem
as suas diversas propriedades. Os requisitos de software são, obviamente, aqueles dentre os
requisitos de sistema que dizem respeito a propriedades da ferramenta computacional utilizada. Um
conjunto de requisitos pode ser definido como uma condição ou capacidade necessária que o
software deve possuir para que o usuário possa resolver um problema ou atingir um objetivo, ou
para atender as necessidades ou restrições da organização ou dos outros componentes do sistema.
Os requisitos funcionais são a descrição das diversas funções que clientes e usuários querem ou
precisam que o software ofereça. O termo função é usado no sentido genérico de operação que
pode ser realizada pelo sistema, seja através comandos dos usuários, ou seja, pela ocorrência de
eventos internos ou externos ao sistema. Requisitos não-funcionais são as qualidades globais de
um software, como manutenibilidade, usabilidade, desempenho, custos e várias outras.
Normalmente estes requisitos são descritos de maneira informal, de maneira controversa (por
exemplo, o gerente quer segurança, mas os usuários querem facilidade de uso) e são difíceis de
validar.

a contribuição do Heritage Information Systems (HIS)


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 133
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 Requisitos Funcionais:

a. localizar uma edificação ou qualquer outro elemento do sítio histórico no


contexto geográfico;

b. associar a documentação arquitetônica ao dado espacial, a partir de sua


indexação utilizando-se o NRP (Object_Id);

c. identificar as características quantitativas e qualitativas de uma edificação


ou qualquer outro elemento do sítio histórico;

d. visualizar as diferentes representações em 2D e 3D ou tipos de


documentos, das estruturas arquitetônicas;

e. permitir controle de zoom e pan nas visualizações;

f. disponibilizar interfaces para armazenar dados inventariados dos bens


culturais;

g. atualizar os dados dos inventários armazenados;

h. cadastrar e armazenar arquivos multimídias e seus metadados;

i. efetuar o cruzamento de dados dos inventários;

j. recuperar dados dos inventários e arquivos multimídia por meio de filtros;

k. efetuar as consultas sobre a base de dados multimídia por meio de


linguagem SQL;

l. atualizar automaticamente o resultado das consultas e análises espaciais,


mediante qualquer alteração na base de dados;

m. disponibilizar dados na web para visualização em outras aplicações, sejam


elas GIS ou não;

n. mostrar os relacionamentos entre os dados (tabelas);

o. efetuar hiperlinks com outras bases de dados disponíveis na web;

p. gerar gráficos estatísticos e relatórios a partir dos dados armazenados, e

q. gerar arquivos de impressão das fichas dos inventários, mapas, modelos


geométricos, desenhos e demais informações produzidas no HIS.

a contribuição do Heritage Information Systems (HIS)


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 134
Anna Karla Trajano de Arruda

5.3 Padrões Internacionais para Modelagem do HIS

Na modelagem de um HIS, Zakrajsek e Vodeb (2011) apontam a existência de


vários padrões internacionais que podem ser adotados como, por exemplo, o
Conceptual Reference Model; o SPECTRUM; o Europeana Semantic Elements
Specifications; Dublin Core Metadata Element Set; Simple Knowledge Organization
System; ISO/TC 211 Geographic Information/Geomatics; o Open Geospatial
Consortium Standards; e o INSPIRE EU Directive28. Frente as indicações da
publicação Guidance on Inventory and Documentation of the Cultural Heritage do
Council of Europe (2009) e diante dos trabalhos analisados no decorrer da pesquisa,
considerou-se como mais pertinentes para serem aqui abordados o Conceptual
Reference Model e o ISO/TC 211 Geographic Information/Geomatics, com destaque
para o padrão CityGML.

5.3.1 Padrão de Modelagem CIDOC CRM

Para aplicações relativas à documentação do patrimônio cultural, em seu sentido


mais amplo, tem-se como referência o CIDOC Conceptual Reference Model (CIDOC
CRM). O CIDOC CRM é uma ontologia criada para facilitar a integração, mediação e
intercâmbio entre fontes heterogêneas de informações sobre o patrimônio cultural.
Desenvolvida pelo International Committee for Documentation (CIDOC) do ICOM, o
trabalho de elaboração do CRM se iniciou em 1996 sob os auspícios do ICOM-
CIDOC Documentation Standards Working Group. A partir de 2000, o
desenvolvimento do CRM foi oficialmente delegado pelo ICOM-CIDOC ao CIDOC
CRM Special Interest Group, em colaboração com o ISO Working Group
ISO/TC46/SC4/WG9, aprovando esse modelo como padrão internacional ISO
21127:2006 (ICOM, 2010), estando vigente a versão 5.0.2.

Em seu escopo, o CIDOC CRM fornece definições semânticas e uma estrutura


formal para descrever os conceitos implícitos e explícitos e as relações usadas na
documentação do patrimônio cultural (ICOM, 2010). Destina-se a ser uma linguagem

28
Para mais detalhes sobre cada um dos padrões citados, ver Digital Cultural Content: guidelines for
geographic information, em Zakrajsek e Vodeb (2011).

a contribuição do Heritage Information Systems (HIS)


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 135
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comum para interação entre os usuários conhecedores do domínio, os projetistas e


desenvolvedores no processo de modelagem conceitual de um sistema de
informações. A estrutura semântica do CIDOC CRM contém 90 classes identificadas
por um código iniciado com a letra ‘E’, e 148 propriedades identificadas por um
código iniciado com a letra ‘P’ dispostas em hierarquias, conforme noções de
participação, estrutura, localização, avaliação e identificação, finalidade, motivação,
entre outros (ICOM, 2010). Desse universo, foram selecionadas 24 classes e suas
respectivas subclasses e propriedades pertinentes ao domínio da documentação
arquitetônica, no que toca a sua componente espaço-temporal, e por conseguinte ao
HIS, sendo apresentadas nos Quadros 6 e 7 a seguir.

Quadro 6 – Ontologia CIDOC CRM: hierarquia de classes para documentação do patrimônio

CÓDIGO SUPERCLASSE, CLASSES E SUBCLASSES


E1 CRM Entity
E2 - Temporal Entity
E3 - - Condition State
E5 - - - Event
E7 - - - - Activity
E16 - - - - - - Measurement
E70 - - Thing
E72 - - - Legal Object
E18 - - - - Physical Thing
E19 - - - - - Physical Object
E26 - - - - - Physical Feature
E27 - - - - - - Site
E44 - - - - - - Place Appellation
E45 - - - - - - - Address
E46 - - - - - - - Section Definition
E47 - - - - - - - Spatial Coordinates
E48 - - - - - - - Place Name
E28 - - - - Conceptual Object
E55 - - - - - Type
E39 - - Actor
E74 - - - Group
E40 - - - - Legal Body
E52 - Time-Span
E53 - Place
Fonte: ICOM (2010). Adaptado pela Autora.

a contribuição do Heritage Information Systems (HIS)


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 136
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Quadro 7 – Ontologia CIDOC CRM: hierarquia de propriedades para documentação do patrimônio construído
PROPERTY ID PROPERTY NAME ENTITY – DOMAIN ENTITY - RANGE
P1 is identified by (identifies) E1 CRM Entity E41 Appellation
P48 - has preferred identifier (is preferred identifier of) E1 CRM Entity E42 Identifier
P78 - is identified by (identifies) E52 Time-Span E49 Time Appellation
P87 - is identified by (identifies) E53 Place E44 Place Appellation
P131 - is identified by (identifies) E39 Actor E82 Actor Appellation
P2 has type (is type of) E1 CRM Entity E55 Type
P137 - exemplifies (is exemplified by) E1 CRM Entity E55 Type
P4 has time-span (is time-span of) E2 Temporal Entity E52 Time-Span
P5 consists of (forms part of) E3 Condition State E3 Condition State
P14 - - carried out by (performed) E7 Activity E39 Actor
P16 - used specific object (was used for) E7 Activity E70 Thing
P33 - - used specific technique (was used by) E7 Activity E29 Design or Procedure
P20 had specific purpose (was purpose of) E7 Activity E5 Event
P21 had general purpose (was purpose of) E7 Activity E55 Type
P44 has condition (is condition of) E18 Physical Thing E3 Condition State
P46 is composed of (forms part of) E18 Physical Thing E18 Physical Thing
P56 - bears feature (is found on) E19 Physical Object E26 Physical Feature
P49 has former or current keeper (is former or current keeper of) E18 Physical Thing E39 Actor
P50 - has current keeper (is current keeper of) E18 Physical Thing E39 Actor
P55 - has current location (currently holds) E19 Physical Object E53 Place
P58 has section definition (defines section) E18 Physical Thing E46 Section Definition
P62 depicts (is depicted by) E24 Physical Man-Made Thing E1 CRM Entity
P67 refers to ( is referred to by) E89 Propositional Object E1 CRM Entity
P70 - documents (is documented in) E31 Document E1 CRM Entity

a contribuição do Heritage Information Systems (HIS)


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 137
Anna Karla Trajano de Arruda

PROPERTY ID PROPERTY NAME ENTITY – DOMAIN ENTITY - RANGE


P71 - lists (is listed in) E32 Authority Document E55 Type
P129 - is about (is subject of) E89 Propositional Object E1 CRM Entity
P138 - represents (has representation) E36 Visual Item E1 CRM Entity
P86 falls within (contains) E52 Time-Span E52 Time-Span
P88 consists of (forms part of) E53 Place E53 Place
P89 falls within (contains) E53 Place E53 Place
P101 had as general use (was use of) E70 Thing E55 Type
P104 is subject to (applies to) E72 Legal Object E30 Right
P114 is equal in time to E2 Temporal Entity E2 Temporal Entity
P115 finishes (is finished by) E2 Temporal Entity E2 Temporal Entity
P116 starts (is started by) E2 Temporal Entity E2 Temporal Entity
P117 occurs during (includes) E2 Temporal Entity E2 Temporal Entity
P118 overlaps in time with (is overlapped in time by) E2 Temporal Entity E2 Temporal Entity
P119 meets in time with (is met in time by) E2 Temporal Entity E2 Temporal Entity
P120 occurs before (occurs after) E2 Temporal Entity E2 Temporal Entity
P121 overlaps with E53 Place E53 Place
P122 borders with E53 Place E53 Place
P125 used object of type (was type of object used in) E7 Activity E55 Type
P32 - used general technique (was technique of) E7 Activity E55 Type
P130 shows features of (features are also found on) E70 Thing E70 Thing
P39 - measured (was measured by) E16 Measurement E1 CRM Entity
P41 - classified (was classified by) E17 Type Assignement E1 CRM Entity
P40 - observed dimension (was observed in) E16 Measurement E54 Dimension
P148 has component (is component of) E89 Propositional Object E89 Propositional Object

Fonte: ICOM (2010). Adaptado pela Autora

a contribuição do Heritage Information Systems (HIS)


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 138
Anna Karla Trajano de Arruda

Doerr (2003) esclarece que, no processo de modelagem a partir do CIDOC CRM


qualquer instância de uma classe pode ser identificada a partir de uma denominação
(Appellations) como, por exemplo, os nomes, rótulos, títulos ou qualquer outro
vocábulo usado no contexto histórico. Ou ainda, todas as instâncias de uma classe
podem ser categorizadas por tipos (Types), para uma distinção terminológica
adicional. Frequentemente, os tipos servem como variações (Range) das
propriedades que se referem, em geral, as coisas de certo tipo, como por exemplo,
“esse monumento é tombado” em contraste com "esse monumento é tombado em
nível federal".

Observando o metaesquema do CIDOC CRM, as entidades temporais (Temporal


Entities) e os eventos correlatos são colocados no centro do modelo, conforme
mostrado na Figura 33. Nota-se que os eventos são definidos como entidades que
agregam lugares (Places), objetos conceituais e objetos físicos (Conceptual Objects
e Physical Stuff), atores (Actors) e intervalo de tempo (Time-Spans).

Figura 33 – Metaesquema do CIDOC CRM

Fonte: Doerr (2003). Adaptado.

a contribuição do Heritage Information Systems (HIS)


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 139
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A indicação do CIDOC CRM para modelagem do HIS reside no fato de que os dados
espaciais, ao qual estão associados os dados históricos dos edifícios, monumentos
e sítios, estão incluídos no nível conceitual "Lugares" e estabelece conexões com as
classes “Entidades Físicas” e “Entidades Temporiais”. Por princípio, "Objetos
Físicos" estão localizados em "Lugares" e "Entidades Temporiais" ocorre em
"Lugares". Daí, é possível estabelecer as relações espaço-temporais necessárias ao
HIS para atender requisitos como o de produção de modelos preditivos e simulação
dinâmica de cenários urbanos.

A universalidade do CIDOC CRM são cada vez mais aceitas pelos profissionais do
patrimônio, que estão tomando conhecimento da existência desse padrão
internacional (GÉNÉREUX; NICCOLUCCI, 2006). Algumas aplicações, estão
disponíveis no website (http://cidoc.ics.forth.gr/uses_applications.html) do CIDOC
CRM. No que toca as aplicações voltadas ao patrimônio construído, poucas
experiências foram identificadas ao longo da pesquisa, a saber: Hiebel e
colaboradores (2010), Myers e colaboradores (2012) e English Heritage (2012).

Muito embora discutam o uso do CIDOC CRM a partir de estudos de caso, na


verdade, nenhum dos trabalhos citados descreve metodologicamente o modelo
conceitual elaborado e apresenta o resultado de sua implementação, salvo Hiebel e
colaboradores (2010), do qual lança-se mão para exemplificar, em linhas gerais,
esse padrão de modelagem no projeto intitulado The History of Mining Activities in
the Tyrol and Adjacent Áreas: Impact on Environment & Human Societies (HiMAT),
com ênfase ao patrimônio arqueológico, em um consórcio da Universidade de
Innsbruck na Áustria, em conjunto com as Universidade da Basiléia, na Suíça,
Universidades de Frankfurt e Tübingen, e o Deutschen Bergbau-Museum, na
Alemanha, descrito a seguir.

No HiMAT, a modelagem conceitual do sistema de informações foi feita em três


etapas de trabalho que vão desde a definição do escopo com a identificação das
classes de CRM pertinentes a aplicação, a identificação de suas propriedades e a
especificação de um thesaurus sobre as classes que formam o modelo (Figura 34).

a contribuição do Heritage Information Systems (HIS)


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 140
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Figura 34 - Projeto HiMAT: (a) principais classes CRM; (b) propriedades CRM com relacionamentos
entre as classes; (c) Thesaurus com as atividades correspondentes a cada classe

(a)

(b)

(c)

Fonte: Hiebel e colaboradores (2010).

a contribuição do Heritage Information Systems (HIS)


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 141
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Em seguida, foi definido o esquema da estrutura de dados, criado o repositório web


com o SGBDE Oracle APEX para administrar todo o conteúdo da base de dados e
uma interface para efetuar a entrada dos dados espaciais, não-espaciais e seus
metadados (Figura 35). Observe-se que, para acessar o portal do HiMAT
(http://www.uibk.ac.at/himat/index.html.en), há um controle de usuários em que é
solicitado uma senha aos integrantes do consórcio ou associados.

Figura 35 - Projeto HiMAT: (a) esquema da estrutura de dados;


(b) interface para entrada de dados e metadados

(a)

(b)

Fonte: Hiebel e colaboradores (2010).

a contribuição do Heritage Information Systems (HIS)


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 142
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Para visualização e recuperação dos dados, foi utilizada a ferramenta ArcGIS/


ArcGIS Server, fabricada pela empresa Esri Company, para a customização de uma
interface Web GIS (Figura 36) com um mapa base contendo a localização de todos
os objetos (sítios arqueológicos, no caso) e das funcionalidades de identificação,
geração de gráficos estatísticos e links para arquivos multimídia.

Figura 36 - Projeto HiMAT: (a) Interface Web GIS; (b) visualização simultânea da
recuperação de dados: atributos, gráficos estatísticos e imagem

(a)

(b)

Fonte: Hiebel e colaboradores (2010).

a contribuição do Heritage Information Systems (HIS)


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 143
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Para a implementação de um modelo definido com base do CIDOC CRM faz-se


necessário adotar um dos padrões internacionais, a exemplo do CityGML: um
modelo de dados aberto e gratuito, baseado em eXtensible Markup Language (XML)
para a representação, o armazenamento, a visualização e o intercâmbio de modelos
urbanos. Tal questão é tratada no tópico 5.3.2.

5.3.2 Padrão CityGML para Intercâmbio de Modelos Urbanos

Na última década, a maioria dos modelos digitais de cidades em 3D, inclusive de


sítios históricos, foram produzidos como modelos puramente geométricos, a
exemplo de padrões como o Keyhole Markup Language (KML), Virtual Reality
Modeling Language (VRML) ou X3D, usados apenas para fins de visualização, sem
que fossem observados seus aspectos semânticos e topológicos, indispensáveis a
diversas aplicações onde são necessárias consultas temáticas, análises e
mineração de dados espaciais sobre as estruturas urbanas e a paisagem, como no
caso do HIS. Nesse contexto, em 2002, o Special Interest Group 3D (SIG 3D), do
Spatial Data Infrastructure North Rhine Westphalia - GDI NRW, na Alemanha,
realizou experiências com um modelo ao qual denominou de CityGML. Trata-se de
um esquema para a versão Geography Markup Language 3.1.1 (GML3), um padrão
internacional extensível para a troca de dados espaciais que faz parte da série ISO
19100 publicada pelo Technical Committee Geographic information/Geomatics da
International Organization for Standardization (ISO TC211)30. O CityGML também é
compatível com os padrões da OGC de serviços para acesso, processamento,
catalogação e georreferenciamento de dados espaciais via web, como
respectivamente o Web Feature Service (WFS), Web Processing Service (WPS), o
Catalog Service (CS-W), o Web Coordinate Transformation Service (WCTS).

30
Dentre as normas que formam a série ISO 19100, são adotadas pelo CityGML as seguintes:
 ISO/TS 19103/2005 - Conceptual schema language (units of measure, basic types);
 ISO 19107/2003 - Spatial schema (spatial geometry and topology);
 ISO 19108/2002 - Temporal schema (temporal geometry and topology, temporal reference)
 ISO 19109/2005 - Rules for application schemas (features);
 ISO 19115/2005 - Metadata;
 ISO 19111/2007 - Spatial referencing by coordinates (coordinate reference systems);
 ISO 19123/2003 - Schema for coverage geometry and functions (coverages, grids).

a contribuição do Heritage Information Systems (HIS)


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 144
Anna Karla Trajano de Arruda

Em 2004, o CityGML foi levado a discussão em nível internacional no âmbito de


fóruns como European Spatial Data Research Organization e o 3D Information
Modelling Working Group do OGC, que adotou a versão 1.0.0 do CityGML, como um
padrão oficial para a produção de modelos urbanos em agosto de 2008.
Atualmente, a maioria dos usuários utiliza a versão CityGML 2.0.0, aprovada no final
de 2011.

Como citado anteriormente, o CityGML é um modelo de dados aberto e gratuito,


baseado em XML para a representação, o armazenamento, a visualização e o
intercâmbio de modelos numéricos (ou digitais) de cidades em 3D. Nele, são
definidas a geometria, a semântica, a topologia e a aparência (ou aspecto) dos
objetos mais relevantes em contextos urbanos ou regionais, que podem ser
representados através de cinco diferentes, consecutivos e bem definidos níveis de
detalhes (Level of Details - LoD), que vão do LoD 0 ao LoD 4, conforme a seguir:

 o LoD 0 é comumente utilizado na representação do meio físico


correspondente a escala de macroplanejamento, a partir do modelo digital do
terreno. Eventualmente, os edifícios são representados por polígonos
horizontais, correspondentes a sua projeção no terreno. Pode haver ou não
mapeamento de textura sobre a superfície do terreno (Figura 37a).

 o LoD 1 ou modelo de blocos, como é conhecido representa as construções


dentro do limite do espaço geográfico das cidades, generalizado sua forma
como poliedros simples, inclusive utilizando planos horizontais para representar
os telhados e as coberturas (Figura 37b).

 o LoD 2 é empregado para representar uma parte da cidade em escala de


bairro, onde as edificações apresentam a geometria da cobertura e de outros
elementos maiores, como varandas e escadas, modelados contemplando a
geometria dos principais que compõem o objeto real (Figura 37c).

 o LoD 3 é o nível mais detalhado para a forma externa ou aparência dos


objetos, com a representação das aberturas (portas e janelas) e aplicação de
texturas (Figura 37d).

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 145
Anna Karla Trajano de Arruda

 o LoD 4 apresenta o maior nível de detalhe, com a representação do mobiliário


urbano e do interior das edificações. A resolução das imagens a partir das
quais são mapeadas as texturas para esse nível de detalhe é tal que,
praticamente, todas as características dos objetos são visualizadas em sua
completude (Figura 37e).

Figura 37 - Ilustração dos cinco níveis de detalhes definidos pelo CityGML

LoD 0

LoD 1 LoD 2

LoD 3 LoD 4

Fonte: Gröger; Kolbe; Czerwinski (2007).

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 146
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Em um conjunto de dados CityGML, o mesmo objeto pode ser representado em


diferentes níveis de detalhes simultaneamente, permitindo a análise e a visualização
do mesmo objeto em relação a diferentes escalas: com o aumento da escala, os
objetos são modelados com maior nível de detalhes tanto em relação à geometria
quanto à semântica associada ao mesmo.

O CityGML é funcionalmente dividido em módulos, conforme mostrado na Figura 38,


fornecendo as definições de diferentes conjuntos temáticos como Building
(edificações), Bridge (pontes), Tunnel (túneis), Relief (relevo - MDT), LandUse (uso
do solo), CityFurniture (mobiliário urbano), Vegetation (vegetação), WaterBody
(corpos d' água), Transportation (transporte/ sistema viário), além de CityGML Core
(núcleo da aplicação), CityObjectGroups (grupos de objetos urbanos), Generics
(objetos em geral), Appearance (aparência/aspecto) nos quais são definidas as
estruturas que são relevantes e que podem ser aplicadas a todos os módulos
temáticos31.

Figura 38 - Módulos do CityGML

Fonte: Special Interest Group 3D (2008).

31
Para acesso aos diagramas Unified Modeling Language (UML) de cada módulo temático do
CityGML, ver "CityGML UML Diagrams as Contained in CityGML Encoding Standard Version 1.0.0,
OGC Doc. No. 08-007r1".

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 147
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Na versão 2.0.0, atualmente em uso, também foram definidos os tipos de feições


que compõem cada módulo temático e os níveis de detalhes associados a estes,
conforme indicado no Quadro 8. Os módulos temáticos podem ser combinados
arbitrariamente em agregações, conforme especificidades de cada aplicação. Uma
determinada combinação de módulos é chamado de Profile.

Quadro 8 - Módulos temáticos, tipos de feições e níveis de detalhes associados

MÓDULOS TEMÁTICOS TIPOS DE FEIÇÕES LoD


Core CityObject LoD 0 – 4
ReliefFeature
MassPointRelief
Relief RasterRelief LoD 0 – 4
TINRelief
BreaklineRelief
Building LoD 0 – 4
BoundarySurface LoD 2 – 4
Opening (door, window) LoD 3 – 4
BuildingInstallation LoD 2 – 4
Building
BuildingPart LoD 0 – 4
BuildingFurniture LoD 4
Room LoD 4
IntBuildingInstallation LoD 4
Tunnel LoD 1 – 4
BoundarySurface LoD 2 – 4
Opening (door, window) LoD 3 – 4
TunnelInstallation LoD 2 – 4
Tunnel
TunnelPart LoD 1 – 4
TunnelFurniture LoD 4
HollowSpace LoD 4
IntTunnelInstallation LoD 4
Bridge LoD 1 – 4
BoundarySurface LoD 2 – 4
Opening (door, window) LoD 3 – 4
BridgeInstallation LoD 2 – 4
Bridge IntBridgeInstallation LoD 4
BridgePart LoD 1 – 4
BridgeFurniture LoD 4
BridgeRoom LoD 4
BridgeConstructionElement LoD 1 – 4

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 148
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MÓDULOS TEMÁTICOS TIPOS DE FEIÇÕES LoD


Road LoD 0 – 4
Track LoD 0 – 4
TrafficArea LoD 2 – 4
Transportation
Railway LoD 0 – 4
Square LoD 0 – 4
AuxiliaryTrafficArea LoD 2 – 4

WaterBody LoD 0 – 4
WaterGroundSurface LoD 2 – 4
Water Body
WaterClosureSurface LoD 2 – 4
WaterSurface LoD 2 – 4
SolitaryVegetationObject
Vegetation LoD 0 – 4
PlantCover
CityFurniture CityFurniture LoD 1 – 4
LandUse LandUse LoD 1 – 4
Group CityObjectGroup LoD 0 – 4
GenericCityObject
Generics LoD 0 – 4
GenericAttribute

Fonte: Gröger e Plümer (2012).

No que toca ao modelo semântico, o CityGML adota a série ISO 19100 no processo
de modelagem das informações geográficas, incluindo tanto as propriedades
espaciais e não-espaciais dos objetos nele definido. Tais objetos constituem
abstrações do mundo real, modelados por classes em um formalismo usando
diagramas UML para descrever os modelos conceituais das feições que os
compõem32. Com a UML criam-se as hierarquias de especialização e de agregação
dessas feições e de suas classes para cada um dos níveis de detalhes (Figura 39).

No caso do HIS, note-se que seguindo o formalismo do padrão CityGML é possível


chegar ao LoD4 com a uma modelagem por pavimento ou unidade imobiliária de
uma edificação, inclusive com vistas a realização de um cadastro multifinalitário,
instrumento técnico importante no planejamento urbano para compreensão da
dinâmica de transformações que ocorrem no ambiente construído.

32
Para uma apresentação completa sobre detalhes de CityGML, incluindo as classes, diagramas
UML e esquemas XML para todos os modelos semânticos com ilustrações e exemplos, ver
GRÖGER e colaboradores, 2012.

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 149
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Figura 39 - Modelos semânticos do LoD 0 ao LoD 4 de objetos espaciais:


a esquerda modelo geométrico dos objetos e a direita o diagrama UML correspondente

LoD 0

LoD 1

LoD 2

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 150
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LoD 3

LoD 4

Fonte: Gröger e Plümer (2012).

Para a modelagem geométrica e topológica, dentre as normas da série ISO 19100, o


CityGML adota como referência especificamente a ISO 19107, em que as feições
são representadas geometricamente pela conhecida Boundary Representation
(FOLEY et al., 1995 apud GRÖGER; PLÜMER, 2012): feições volumétricas tais
como edifícios são representados por sólidos, que são definidos por suas superfícies

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 151
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limitantes. Dessa maneira, relações topológicas entre formas tridimensionais são


estabelecidas e cada superfície torna-se um objeto com identificação. Na Figura 40,
apresenta-se um exemplo da classe compositesurface33: um edifício (sólido s1) e
uma garagem (sólido s2) são representados por prismas. Observe-se que, os
sólidos têm uma superfície comum (su1, azul), o que permite estabelecer uma
relação topológica de adjacência entre as construções. Note-se que, em uma
aplicação, tanto as propriedades da geometria da classe Building definidas do
lod1solid ao lod4solid como, respectivamente, as propriedades correspondentes as
suas relações topológicas em cada LoD serão adicionados ao modelo de dados.

Figura 40 - Modelo geométrico-topológico de objetos espaciais, com destaque das superfícies


adjacente entre os sólidos

Fonte: Gröger e Plümer (2012).

Na modelagem geométrica das feições, as coordenadas 3D absolutas devem ser


dada de forma explícita e pertencer a um sistema de referência mundial, a exemplo
do WGS 84, seja em coordenadas geográficas ou cartesianas. O
georreferenciamento de cada objeto facilita a integração de conjuntos de dados da
aplicação do respectivo datum geodésico e as possíveis transformações de
coordenadas, caso se façam necessárias. Ambas as restrições facilitam a
compatibilidade do modelo geométrico do CityGML com bancos de dados espaciais,
como Oracle Spatial ou PostGIS, por exemplo.

Além de propriedades espaciais e semânticas, a aparência ou aspecto das feições


também são passíveis de modelagem no CityGML. Para definir um aspecto e
mapeá-lo em superfícies, dois tipos de procedimentos podem ser aplicados: o

33
CompositeSurface é uma das classes de geometrias previstas na ISO 19107. Nela, as superfícies
devem ser isomorfas e estar topologicamente conectadas a uma primitiva da mesma dimensão,
fechando completamente o volume. Para mais detalhes, ver Kolbe (2008).

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 152
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primeiro caso é o uso de texturas parametrizadas, que são mapeados na superfície


da parede ou do teto, a exemplo de imagens da fachada ou das superfícies do
telhado definidos para se obter uma visualização fotorealística da edificação; e, o
segundo caso, é o uso de texturas a partir de produtos fotogramétricos ou de
sensoriamento remoto georreferenciados, que são projetadas na superfície do
modelo, como por exemplo, uma imagem orbital estendida sobre a superfície do
modelo do terreno. Estes procedimentos são similares aos mencionados no Capítulo
4, no item 4.2 Fotogrametria Digital.

O CityGML também permite que referências externas sejam associadas ao modelo


ou uma parte específica dele, através de uma Application Domain Extensions (ADE)
definida em um esquema XML extra e importado para o modelo. Isto é importante
para a documentação arquitetônica pois permite que registros existentes, como
cadastros e inventários sejam armazenados junto a base de dados do HIS.

Atualmente, há muitas ferramentas comerciais ou produzidas em universidades,


visualisadores ou serviços web que suportam o CityGML fornecendo interfaces de
importação e exportação, para ferramentas CAD e GIS. Em Gröger e Plümer (2012),
encontra-se uma lista dos programas mais utilizados. Dentre eles, como ferramentas
também adotadas para documentação arquitetônica e para desenvolvimento do HIS,
destaca-se o Google Sketchup, que possui plugins para exportar modelos gerados
no formato CityGML, e o ArcGIS10 da ESRI, que possui recursos para importar
modelos do CityGML para aplicações GIS.

Muitas vezes, modelos digitais de cidades são representados em padrões ou


formatos 3D da gráfica digital, como o X3D (ISO, 2005a), VRML (ISO, 2004), PDF
3D, ou 3DS Max/3D Studio MAX, ou de acordo com os padrões e formatos de
geovizualização como KML (WILSON, 2008) ou COLLADA (BARNES et al., 2008).
No caso dos formatos de arquivos KML e COLLADA, estes podem ser importados
por ferramentas GIS e incorporados a base de dados da aplicação.

Por outro lado, a modelagem de edifícios e seu interior é também o objetivo das
tecnologias BIM e CAAD. Para troca de dados relativos aos modelos produzidos por
essas tecnologias e o CityGML, adota-se o padrão ISO chamado Industry
Foundation Classes (IFC), em sua versão 2x (ISO, 2005b).

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 153
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Hijatzi e colaboradores (2011), esclarece que o IFC é um formato orientado a objeto,


com classes semânticas e interoperáveis, o que lhe dá a capacidade de integração
com o CityGML e o GIS: ao realizar a conversão do modelo IFC para o CityGML, a
geometria e a semântica do modelo são preservadas, sendo necessário apenas que
as classes IFC sejam mapeadas para as classes correspondentes no CityGML.
Uma vez convertidos os dados, a fase seguinte envolve a adição de outras
informações ao modelo. Isto é feito editando-se diretamente o arquivo XML e
acrescentando os atributos necessários a aplicação. Para aplicações voltadas ao
patrimônio construído, a exemplo do HIS, os atributos como, "ano de construção",
"ano de restauro" e "ano de demolição" são importantes para documentar a
cronologia das alterações sofridas por uma parte do edifício ou pela construção
como um todo; esses são então acrescentados aos atributos já predefinidos para
cada classe de objetos, passando a integrar o modelo. Após os acréscimos e ajustes
feitos ao modelo CityGML, o conjunto de dados pode ser importado/exportado para
o HIS, utilizando uma ferramenta GIS, conforme já explicado anteriormente. Maiores
detalhes sobre o processo de integração de dados IFC/BIM e GIS, com a indicação
de técnicas e ferramentas computacionais, pode ser visto em Berlo e Laat (2011).

Como exemplo de aplicações de modelos digitais de cidades que adotam o CityGML


e estando dentro do escopo desta tese, descreve-se a seguir o estudo de caso
apresentado em Kaskampas e colaboradores (2011) para o sítio histórico de Plaka,
no centro da cidade de Atenas na Grécia, desenvolvido para a documentação de
edifícios pertencentes ao Ministério da Cultura.

Atenas é habitada desde 3.500 a. C. e, ao longo de todo esse tempo, sucederam


períodos de ascensão e declínio tornando-se um lugar com várias mudanças em seu
sítio histórico. Uma grande quantidade de monumentos e ruínas podem ser
encontrados espalhados por Atenas e em seu entorno, cada uma lembrando uma
época histórica diferente. Especialmente em Plaka, pode-se ver a Ágora Antiga,
construções romanas como a Biblioteca de Adriano e o Odeon de Herodes Atticus,
igrejas do período bizantino e edifícios construídos durante a ocupação turca. Hoje,
Plaka tornou-se uma área turística e por isso vários imóveis sofreram adaptações
para atender a demanda dos visitantes.

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 154
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Neste caso em particular, o HIS também está sendo usado para a gestão dos
imóveis de propriedade do Ministério da Cultura, com o acompanhamento da
situação atual e tomada de decisão quanto às medidas adequadas de intervenção
para salvaguardar os edifícios. Para compor a base de dados espaciais da
aplicação, foram tomados como referência medições de campo e imagens aéreas e
terrestres do local, tanto na produção do mapa base (Figura 41) como do MDT que
serviu como background para a criação do modelo virtual 3D (Figura 42).

Figura 41 - Interface da ferramenta GIS com visualização bidimensional de dados espaciais


vetoriais e raster do sítio histórico de Plaka, no centro de Atenas - Grécia

Fonte: Kaskampas e colaboradores (2011).

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 155
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Figura 42 - Modelo digital de terreno com sobreposição de imagem, usado como backgroud
para modelagem tridimensional sítio histórico de Plaka, centro de Atenas - Grécia

Fonte: Kaskampas e colaboradores (2011).

O modelo inclui informações qualitativas e quantitativas relacionadas às edificações


como uso, propriedade, status legal, importância histórica ou arquitetônica, entre
outros. Os edifícios foram descritos em cinco diferentes níveis de detalhes, do LoD 0
ao LoD 4 (Figura 43), de acordo com critérios específicos: os edifícios de
propriedade do Ministério da Cultura da Grécia foram representados em maior nível
de detalhes - LoD 4, enquanto que os outros edifícios em sua vizinhança foram
modelados para o LoD 3. Durante a modelagem, uma variedade de ferramentas
foram utilizadas. Em particular, a digitalização de dados e edição foi realizada com
AutoCAD, Photoshop CS3, Archis e Stereo Soft Kit (pacotes fotogramétricos),
enquanto o 3D Studio Max e Google SketchUp 6.0 foram utilizados para a
modelagem das edificações. Finalmente, o ArcInfo 9.3 foi utilizado para o
desenvolvimento GIS 3D, com sua visualização através do módulo ArcScene.

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Figura 43 - Representação tridimensional dos edifícios: (a) LoD 1; (b) LoD 2 e


(c) LoD 3, usando a ferramenta ArcScene - ESR; (d) LoD 4 em 3D Studio Max

(a) (b)

(c)

(d)

Fonte: Kaskampas e colaboradores (2011).

Nos modelos dos edifícios de propriedade do Ministério da Cultura foram


adicionados hiperlinks a arquivos não armazenados na base de dados do HIS,
através de uma ferramenta pop-up HTML, para complementar a documentação do
sítio de Plaka, como pode ser visto na Figura 44.

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 157
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Figura 44 - Hiperlink dos modelos de edifícios a arquivos externos, via mapa base e MDT

Fonte: Kaskampas e colaboradores (2011).

Outras experiências com uso do CityGML em aplicações HIS podem ser


encontradas nos trabalhos publicados por Alamouri e Kolbe (2009); Dore e Murphy
(2012); Fai e colaboradores (2011); Limp e colaboradores (2010); e Manferdini e
Remondino (2010).

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 158
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5.4 Critérios de Avaliação de Eficiência de uma Aplicação HIS

Segundo Serafeimidis (1997), a avaliação de um sistema de informação é um


julgamento de valor, levado a cabo por uma ou mais pessoas em uma organização,
com um objetivo específico, em um estágio específico de um ciclo de vida de um
sistema, com o uso de um método específico. Contudo, Vilella (2003) chama a
atenção de que pode ser observada uma verdadeira profusão de estudos referentes
à avaliação tanto de sistemas de informações como de sites, sejam eles realizados
por institutos ou por organizações especializadas, da TIC ou da Biblioteconomia, ou
mesmo por representantes do meio acadêmico. A autora ainda afirma que são
vários os modelos teóricos propostos na literatura e que mesmo com o grande
avanço na identificação de dimensões de análise, não houve, no entanto, uma
sistematização das variáveis de forma a ser possível a definição de um padrão de
avaliação de sistemas de informação.

Buscando suprir essa lacuna, Vilella (2003) – partindo dos parâmetros utilizados em
três estudos básicos e de metodologias de outros autores – fez uma uniformização
da linguagem de tais estudos, adequando-os às sub-características da usabilidade,
funcionalidade e conteúdo, constantes na NBR 13.596/96. Para cada dimensão, a
autora elaborou um quadro contendo os parâmetros com os critérios e seus
respectivos pesos, aplicando a estudos de casos para a avaliação de portais
estaduais de Governo Eletrônico na web34.

O trabalho de Villela (2003) apontou para a necessidade da avaliação contemplar,


desde as dimensões básicas do portal, analisando os aspectos voltados para a
usabilidade (Quadro 9), até o cumprimento dos requisitos propostos através de sua
funcionalidade (Quadro 10), além de aspectos voltados para a qualidade e a
confiabilidade das informações, ou seja, do seu conteúdo (Quadro 11).

34
Nos estudos de Vilella (2003) foram avaliados os portais dos estados do Amapá, Bahia, Mato
Grosso, Rio de Janeiro e Paraná.

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 159
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Quadro 9 - Avaliação de sistemas de informações: dimensão Usabilidade

PARÂMETRO CRITÉRIOS
1. Existe uma adequação de estilos de fonte e outros atributos de
formatação de texto, como tamanhos, cores, etc. ao conteúdo da página;
2. Os caracteres encontram-se o mais legíveis possível, levando-se em
conta a utilização de contraste e cores de plano de fundo;
3. A área de navegação principal está alocada em um local bastante
destacado, permitindo sua imediata identificação;
4. Os termos utilizados para definir as opções de navegação de categorias
são claros, sendo as categorias diferenciáveis entre si;
5. Os ícones de navegação são utilizados de forma a efetivamente ajudar os
usuários a reconhecer imediatamente uma classe de itens;
Inteligibilidade 6. Os links são claramente diferenciados, de forma a tornar fácil a
compreensão de seu conteúdo;
7. Instruções genéricas, que não são reveladoras para a navegação, a
exemplo de “Clique aqui”, ou “Veja mais”, ou “Mais links”, no lugar de um
nome de link não estão presentes;
8. A presença de links é indicada claramente;
9. Caso um link acione um aplicativo de áudio ou vídeo, de mensagens de e-
mail ou outro aplicativo qualquer, há indicação explícita do que acontecerá;
10. Componentes da interface com o usuário como por exemplo, menus,
caixas de texto ou listas de seleção são utilizados respeitando-se as suas
características funcionais.
1. Recursos para facilitar a navegação como por exemplo, mapas do
website,
indicadores de novas informações disponíveis, ferramentas de busca etc.,
estão disponíveis e são facilmente identificáveis;
2. Recursos para facilitar a apreensão do funcionamento da aplicação como
por exemplo, seções de ajuda e FAQ estão disponíveis e são facilmente
identificáveis;
Apreensibilidade
3. Instruções de uso são fornecidas: instrução sobre necessidade de uso de
browser específico, por exemplo;
4. Instruções essenciais aparecem antes que os links requeiram a interação
do usuário;
5. Existe indicação da existência de uma interface humana disponível para
dar
suporte à utilização, caso necessário.
1. A rolagem horizontal da página a 800 x 600 (tamanho de janela
predominante na época da execução deste trabalho), é evitada;
2. Os elementos mais críticos da página estão visíveis na primeira tela de
Operacionalidade conteúdo, sem rolar verticalmente, no tamanho de janela predominante (800
x 600);
3. O layout permite o ajustamento do tamanho da homepage a diversas
resoluções de tela;

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 160
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PARÂMETRO CRITÉRIOS
4. Os logotipos são utilizados criteriosamente;
5. Itens estão agrupados na área de navegação, de modo que as categorias
semelhantes ou relacionadas estão próximas entre si;
6. Não estão disponíveis áreas de navegação diferentes para o mesmo tipo
de links, fato que cria dificuldades para o estabelecimento de significado;
7. São permitidos links coloridos para indicação dos estados visitados e não
visitados;
8. O acesso direto às tarefas de alta prioridade é oferecido na homepage;
9. A URL é clara ou não apresenta dificuldade de digitação para o usuário;
10. O conteúdo do portal pode ser acessado através de outras mídias, como
celulares ou palm-tops, informando isso aos usuários;
12. O portal oferece recursos especiais para acesso de pessoas portadoras
de deficiência.
Fonte: Vilella (2003).

Quadro 10 - Avaliação de sistemas de informações: dimensão Funcionalidade

PARÂMETRO CRITÉRIOS
1. O portal oferece informações e viabiliza a prestação de serviços públicos
on-line;
2. O portal funciona como um ambiente de promoção da comunicação em
dois sentidos;
i. (Por comunicação em dois sentidos entende-se o real diálogo entre
governo e cidadãos, com verdadeira possibilidade de participação,
através de soluções a exemplo de fóruns, etc.).
3. O portal oferece espaços de cooperação, a exemplo de salas de discussão
e chats;
4. O portal incentiva a criação de comunidades de interesses específicos, que
Adequação ajudem os usuários a interagir em conversações e negociações com outros
usuários e com o governo;
5. Estão disponíveis aplicações colaborativas para compartilhamento de
documentos;
6. O usuário pode criar uma visão personalizada do conteúdo do portal;
7. O portal agrega recursos de CRM, oferecendo uma interface adequada às
demandas mais frequentes do usuário;
8. O portal destina espaço para a disseminação de notícias sobre as
atividades do Governo;
9. O portal destina espaço para a disseminação de informações sobre
políticas públicas

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PARÂMETRO CRITÉRIOS

1. O portal oferece informações e formulários on-line (formulários disponíveis


para download) que podem ser impressos para a execução de serviços que
só podem ser acessados nos locais físicos;
2. O portal viabiliza a realização de pesquisas de informações (acesso a
bases de dados);
3. O portal possibilita a troca de valores entre o usuário e o Governo, ou seja,
permite transações formais de pagamento de taxas ou recebimento de
reembolsos on-line;
4. O portal pode avisar ao usuário quando um novo conteúdo de seu
interesse foi inserido;
5. O portal provê uma interface unificada para oferta de informações e
serviços governamentais cujo esquema de classificação das informações é o
espelhamento da estrutura hierárquica departamental do Governo;
Acurácia
6. O portal provê uma interface unificada para oferta de informações e
serviços governamentais cujo esquema de classificação das informações se
baseia em uma estrutura de assuntos ou temas;
7. O portal provê uma interface unificada para oferta de informações e
serviços governamentais cujo esquema de classificação das informações se
baseia em grupos de audiência;
i. (Por grupos de audiência entende-se, por exemplo, cidadãos
sênior,jovens, etc.).
8. O portal provê uma interface unificada para oferta de informações e
serviços governamentais cujo esquema de classificação das informações se
baseia em life-events.
i. (Por life-events entende-se “fatos da vida” , como por exemplo,
perda da carteira de identidade, ou nascimento de um filho, etc.)

1. O portal congrega informações de diferentes websites, não se


configurando como um catálogo de links;
Interoperabilidade 2. Está disponível um mecanismo de busca que facilite a requisição de
informações mais exatas e específicas;
3. O portal provê acesso a fontes de dados heterogêneas, de forma
transparente para o usuário.

Conformidade 1. O portal está estruturado de acordo com uma política de desenvolvimento


estabelecida pelo Governo.

Segurança de 1. O portal especifica uma política de privacidade e segurança dos dados


Acesso fornecidos pelos usuários;
2. O portal utiliza recursos de criptografia e website seguro.

Fonte: Vilella (2003).

a contribuição do Heritage Information Systems (HIS)


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 162
Anna Karla Trajano de Arruda

Quadro 11 - Avaliação de sistemas de informações: dimensão Conteúdo.

PARÂMETRO CRITÉRIOS
1. Uma visão geral do portal é oferecida: propósito/missão do portal,
apropriados à missão geral da entidade/órgão;

Abrangência/ 2. O escopo do portal está claramente colocado: tipo e origem da


Cobertura e informação, público, datas de cobertura, etc;
Propósito 3. Os serviços e informações oferecidos estão descritos no portal;
4. Existem links para outras fontes de informação sobre os assuntos
abordados;
5. Existe indicação de que o conteúdo está disponível em outros idiomas.
1. Conteúdo está atualizado. Isso pode ser avaliado através das datas de
última atualização das páginas e também buscando por informação que
se sabe que foi tornada disponível recentemente;
Atualidade
2. Datas da última atualização aparecem nas páginas de conteúdo mais
substantivo.
Metadados são providos através de <metatags> em linguagem HTML.
Metadados 1. Metatags apropriados são oferecidos, por exemplo, título, autor,
descrição, palavras-chave;
2. Cada página recebe título corretamente.
1. Está claro quem tem a responsabilidade pela precisão da informação
apresentada;
Correção 2. Referências a fontes de informação são feitas de forma precisa;
3. Erros de digitação, grafia e gramática e outras inconsistências não
estão presentes.
1. Informações sobre copyright são fornecidas: identifica a propriedade
intelectual do website e condições para estabelecimento de links, por
exemplo;
2. A menção das fontes de informação apresentada é um procedimento
Autoridade/ padrão;
Copyright
3. O responsável pela página está claramente identificado;
4. Existe um meio de verificar a legitimidade da página, como um número
de telefone ou endereço postal, através do qual se possa estabelecer
contato para mais informações (um endereço de e-mail não é o
suficiente).
1. O conteúdo da página inicial (homepage) está de acordo com o
propósito/missão;
Objetividade 2. O conteúdo se adequa às necessidades do público-alvo;
3. O conteúdo é escrito em estilo de linguagem clara e consistente que
está de acordo com o público-alvo;
4. A informação está livre de publicidade.

Fonte: Vilella (2003).

a contribuição do Heritage Information Systems (HIS)


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 163
Anna Karla Trajano de Arruda

Provavelmente, a definição de usabilidade mais conhecida é a de Nielsen (1993


apud SCHIMIGUEL et al., 2005): usabilidade está relacionada ao aprendizado,
eficiência, na realização da tarefa de memorização, minimização de erros e
satisfação subjetiva do usuário. Entretanto, a definição formal de usabilidade da ISO
9241-11 Guidance on Usability (1998), é dada pela capacidade de um produto ser
usado por usuários específicos para atingir objetivos específicos com eficácia,
eficiência e satisfação, em um contexto específico de uso. No que toca a
funcionalidade, segundo a ISO/IEC FCD 9126-1 (apud DIAS, 2003) é a capacidade
do software prover funções que atendam a necessidades expressas e implícitas,
quando usado nas condições especificadas. E, em relação ao conteúdo de um
documento designa aquilo que ele transmite ao usuário por meio de linguagem
natural, texto, imagens, sons, filmes, animações.

Especificamente em relação ao HIS, até então, não foi identificada na literatura


qualquer referência quanto aos critérios e métodos para avaliação da eficiência de
uma aplicação com essas características. Até mesmo em relação a aplicações GIS
em geral, existem poucas a exemplo do trabalho de Mendonça e Delazari (2012),
onde os autores discutem menos a eficiência de sistema e mais o desempenho da
ferramenta de GIS como o ArcGIS, o gvSIG, o SPRING e o Quantum GIS, na
execução das funcionalidades requeridas pela aplicação.

Por analogia, os conceitos e dimensões formulados por Vilella (2003) podem ser
considerados no caso de aplicações Web GIS. Bernardo e Hipólito (2000 apud
SCHIMIGUEL et al., 2005) realizaram testes de usabilidade sobre a interface do
Sistema Nacional de Informações Geográficas do governo de Portugal (SNIG), para
adequá-lo a usuários especialistas e não-especialistas. Schimiguel e colaboradores
(2005) avaliaram a usabilidade das aplicações Web GIS dos portais do Sistema de
Monitoramento Agrometeorológico (Agritempo), da Fundação Cearense de
Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME) e do Sistema Meteorológico do
Paraná (SIMEPAR) da perspectiva do usuário, verificando que o design das
interfaces não atendem a diversidade de usos e os perfis dos usuários na internet.
Já Dias e Genilhu (2007), utilizaram para analisar a pertinência de construtos de
usabilidade para os websites que oferecem funcionalidades comuns ao GIS, como o

a contribuição do Heritage Information Systems (HIS)


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 164
Anna Karla Trajano de Arruda

<www.maplink.com.br>, o <http://maps.google.com> e o <www.apontador. com.br>.


Assim como os autores acima citados, também nessa tese adota-se, no que couber,
as dimensões, os parâmetros e os critérios estabelecidos por Vilella (2003) para
avaliar a eficiência do HIS.

a contribuição do Heritage Information Systems (HIS)


Capítulo 6
PROPOSTA DE UM
HERITAGE INFORMATION SYSTEM (HIS)
PARA OS SÍTIOS HISTÓRICOS DA BAHIA
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 166
Anna Karla Trajano de Arruda

6 PROPOSTA PARA UM HERITAGE INFORMATION SYSTEM (HIS)


PARA OS SÍTIOS HISTÓRICOS DA BAHIA

O desenvolvimento de um sistema de informações envolve não só a modelagem da


base de dados espaciais, que no caso do HIS já foi abordada no Capítulo 5.
Também faz-se necessário a definição dos seus componentes, da função de cada
destes e do projeto da sua interface. É durante esse processo que ocorre a
abstração e captura da estrutura fundamental do domínio da aplicação do mundo
real (SÁ, 2001). Nesse contexto, para fins da modelagem do protótipo do HIS para
os Sítios Históricos da Bahia, adotou-se uma combinação das técnicas da disciplina
de Projeto e Análise de Sistema propagadas por Yordan e Argila (1999), baseado
em um modelo híbrido de Análise Orientada a Objeto e Entidade-Relacionamento34,
com os padrões de modelagem do CIDOC CRM e CityGML. Além disso, considerou-
se também a experiência apresentada por Rocha (2007), na sua dissertação
"Visualização Urbana Digital: Sistema de Informações Geográficas e Históricas para
o Bairro do Comércio - Salvador", e por Montenegro e Dantas (2010) no artigo "A
Construção de Sistemas de Informações Georreferenciadas para Inventários de
Sítios Históricos Urbanos Nacionais em Pernambuco".

6.1 Abstração do Mundo Real

A primeira etapa da modelagem, a abstração do Mundo Real, representa a


percepção do projetista de sistema sobre o comportamento da aplicação. Diante de
uma realidade complexa, ao abstrair, o projetista exclui os aspectos sem relevância
para o estudo em questão, isolando apenas aqueles que realmente importam,
reduzindo a complexidade do problema e, consequentemente, definindo o universo a
ser tratado (MACIEL, 2003). Para o escopo dessa tese, o universo envolve toda a

34
O método já foi adotado pela autora em sua dissertação de mestrado para o desenvolvimento de
uma aplicação voltada à análise do ambiente construído (ARRUDA, 2003), publicada como capítulo
do livro "Sistemas de Información Geográfica aplicados a Estudios Urbanos: Experiências
Latinoamericanas", pelo Lincoln Institute of Land Policy (2006). A validade dessa técnica ficou
comprovada mediante inúmeros experimentos realizadas em dissertações e teses defendidas por
pesquisadores e professores do Programa de Pós-Graduação em Ciências Geodésicas e
Tecnologias da Geoinformação (http://www.ufpe.br/cgtg/index.html), do Departamento de
Engenharia Cartográfica da Universidade Federal de Pernambuco.

um heritage information system (his) para os sítios históricos da Bahia


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 167
Anna Karla Trajano de Arruda

discussão posta nos Capítulos 2, 3, 4 e 5, quanto a documentação e o uso de


tecnologias da informação na preservação e gestão do patrimônio construído, sendo
aqui enfocado especificamente os sítios históricos da Bahia.

6.1.1 Documentação e Preservação dos Sítios Históricos da Bahia

O patrimônio histórico da Bahia é formado por um vasto acervo, onde se destacam


núcleos urbanos preservados e sua arquitetura civil, religiosa e militar, que
perpassam cinco séculos de história do “Novo Mundo”, representativos dos diversos
momentos políticos, econômicos e sociais que forjaram o país, a exemplo do
primeiro momento de posse e conquista do território – representado pelos conjuntos
Porto Seguro, Santa Cruz de Cabrália, Trancoso e Salvador; do ciclo da cana de
açúcar e do tabaco – Cachoeira, São Félix e Maragogipe; do ciclo do ouro, no século
XVIII – Jacobina e Rio de Contas; do ciclo do diamante, no século XIX – Lençóis,
Mucugê e Igatu (AMORIM; GROETELAARS; LINS, 2009).

Em vista disso, sempre foi objeto de intervenção das políticas federais e estaduais
para sua preservação. As primeiras iniciativas de inventariação foram tomadas pela
antiga SPHAN para proteção do patrimônio através do tombamento e o
levantamento realizado em toda a sua extensão pelo IPAC-BA/SIC; na sequência,
houveram as ações de recuperação de monumentos integrada às políticas de
desenvolvimento econômico e regional, com ênfase no turismo, promovidas pelo
Programa de Cidades Históricas e pela instituição dos inventários culturais do INBI-
SU; e, nesses últimos anos, tem recebido atenção do Programa Monumenta e do
Programa de Aceleração do Crescimento de Cidades Históricas (PAC Cidades
Históricas).

Especificamente em relação ao Programa Monumenta, o MinC instituiu em 2005 um


grupo de trabalho formado por técnicos desse Programa e do IPHAN para efetuar
uma classificação dos vários núcleos urbanos do território brasileiro em Sítios
Históricos Urbanos Nacionais e Conjuntos Urbanos de Monumentos Nacionais, e
posteriormente definir uma ordem de prioridade dentre eles para que fossem
aplicados recursos para realização de ações de conservação. No total, foram
catalogados 101 núcleos urbanos, dentre os quais 20 deles encontram-se na Bahia.

um heritage information system (his) para os sítios históricos da Bahia


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 168
Anna Karla Trajano de Arruda

No Quadro 12, são indicados os sítios e conjuntos urbanos da Bahia e sua posição
na ordem de prioridade em relação aos demais núcleos do território nacional.

Quadro 12 - Sítios Históricos Urbanos Nacionais e Conjuntos Urbanos de Monumentos Nacionais da


Bahia, com ordem de prioridade para ações de conservação definidas pelo MinC

ORDEM DE
PRIORIDADE
MUNICÍPIO CLASSIFICAÇÃO DENOMINAÇÃO PARA
CONSERVAÇÃO
Conjunto Arquitetônico e Paisagístico de o
Cachoeira Sítio histórico 8 lugar
Cachoeira
o
Salvador Sítio histórico Centro Histórico de Salvador 10 lugar
o
Salvador Conjunto Urbano Pilar (Igreja Pilar) 10 lugar
Praça Cairú (Forte São Marcelo/Alfândega à o
Salvador Conjunto Urbano 10 lugar
Praça Cairú)
Conjunto Arquitetônico e Paisagístico de o
Lençóis Sítio histórico 26 lugar
Lençóis
o
Porto Seguro Sítio histórico Município de Porto Seguro 30 lugar
Conjunto Arquitetônico, Urbanístico e o
Monte Santo Sítio histórico 35 lugar
Paisagístico da serra do Monte Santo
Jaguaripe (Igreja Matriz Nossa Senhora
o
Jaguaripe Conjunto Urbano Ajuda/Casa de Câmara e Cadeia/Casa do 44 lugar
Ouvidor)
o
Rio de Contas Sítio histórico Conjunto Arquitetônico de Rio de Contas 51 lugar
Santa Cruz Conjunto Arquitetônico e Paisagístico da o
Sítio histórico 56 lugar
Cabrália Cidade Alta de Santa Cruz Cabrália
Nazaré (Igreja Matriz Nossa Senhora
o
Nazaré Conjunto Urbano Nazaré/Igreja Nossa Senhora Conceição/Igreja 59 lugar
Nossa Senhora de Camamu)
Conjunto Arquitetônico e Paisagístico de o
Mucugê Sítio histórico 63 lugar
Mucugê
Mont Serrat (Forte Mont Serrat/Igreja e Mosteiro o
Salvador Conjunto Urbano 68 lugar
Mont Serrat)
Santo Amaro (Igreja Matriz Nossa Senhora da
o
Santo Amaro Conjunto Urbano Purificação/Casa de Câmara e Cadeia/Santa 71 lugar
Casa)
Barra (Forte Santo Antônio da Barra/Forte o
Salvador Conjunto Urbano 73 lugar
Santa Maria/Igreja Santo Antônio da Barra)
Penha (Igreja Nossa Senhora da Penha/Antigo o
Salvador Conjunto Urbano 74 lugar
Palácio Verão)
o
Salvador Conjunto Urbano Bonfim (Igreja Senhor do Bonfim/casario) 78 lugar
Maragogipe (Igreja Matriz São o
Maragogipe Conjunto Urbano 81 lugar
Bartolomeu/Casa de Câmara e Cadeia)
Conjunto Arquitetônico, Urbanístico e o
Itaparica Sítio histórico 82 lugar
Paisagístico de Itaparica
São Joaquim (Casa Pia e Colégio dos Órfãos o
Salvador Conjunto Urbano 92 lugar
de São Joaquim/casa à Av. Frederico Pontes)

Fonte: Brasil (2005).

um heritage information system (his) para os sítios históricos da Bahia


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 169
Anna Karla Trajano de Arruda

Sob a coordenação da arquiteta Jurema Machado, atuando então como consultora


do Programa Monumenta, para efetuar tal classificação foi adotado um conjunto de
critérios de elegibilidade e utilizado o Banco de Dados dos Sítios Históricos Urbanos
Nacionais e Conjuntos Urbanos de Monumentos Nacionais, em MS Access,
disponibilizado pelo próprio IPHAN (BRASIL, 2005). A partir da ordem de prioridades
estabelecidas, recursos foram liberados para a realização de obras de conservação
e restauro dos bens materiais dos núcleos urbanos eleitos. No momento de
execução, as intervenções tiveram também a participação do Instituto do Patrimônio
Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) para o acompanhamento e fiscalização das
obras (IPAC-BA, 2011).

Por outro lado, com os com vistas à implantação do Sistema Estadual de Cultura, o
IPAC também em conjunto com o IPHAN, mapeou o patrimônio histórico baiano
distribuindo-o nos 26 territórios de identidade35, quantificando o número de
municípios que possuem bens tombados e bens registrados, pelo Estado e pela
União (Tabela 1). O mapa resultante desse trabalho encontra-se publicado no
website do Instituto (http://www.ipac.ba.gov.br/wp-content/uploads/2012/04/mapa_
pat_cult.pdf). Observar que o patrimônio material da Bahia esta distribuído, onde 127
(cento e vinte e sete) municípios possuem sítios arqueológicos; 172 (cento e setenta
e dois) bens entre monumentos, edifícios isolados e conjuntos são tombados pelo
Estado e 187 (cento e oitenta e sete) são tombados pela União. Apesar de
protegidos e da disponibilidade de recursos pelo governo federal, não significa que
todos esses bens sejam apropriadamente preservados, haja vista o estado de
degradação, falta conservação ou mudanças expressivas da sua forma arquitetônica
ou mesmo da paisagem do sítio, como pode ser visto em vários casos, seja na
capital ou nas cidades do interior do estado.

35
Na Bahia, em um processo iniciado em 2003, foram revelados 26 territórios de Identidade. Essa
territorialização do estado foi construída com a participação efetiva da sociedade civil, de
representantes dos governos Estadual e Federal e de organização sociais e não governamentais.
Atualmente, os territórios baianos buscam estruturar-se enquanto unidade de planejamento das
políticas nos diferentes níveis de governo. O território de Identidade é entendido como um espaço
físico, geralmente continuo, caracterizado por elementos sociais, econômicos, ambientais e
políticos que definem um importante grau de coesão entre os que vivem e trabalham nesse
espaço, favorece uma visão integradora dos atores sociais, dos mercados e das políticas públicas
e, por consequência, uma valorização dos recursos e dos potenciais das populações locais nos
processos de desenvolvimento (Coordenação Executiva dos Territórios de Identidade da Bahia -
CET, on-line: <http://www.territoriosdabahia.org.br/index.php>. Acesso: 5 maio 2013).

um heritage information system (his) para os sítios históricos da Bahia


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 170
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Tabela 1 - Distribuição dos bens culturais da Bahia por território de identidade


NO DE BENS
NO DE MUNICÍPIOS
TOMBADOS
NO TOTAL núcleo
núcleo NO DE BENS
TERRITÓRIO DE bens bens bens histórico e
DE com histórico REGISTRADOS
IDENTIDADE tombados tombados registrados conjunto
MUNICÍPIOS acervo tombado Estado União PELO ESTADO
pelo pela pelo arquitetônico
arqueológico pelo
Estado União Estado tombados
Estado
pela União
Irecê 20 19 1 0 0 0 0 1 0 0
Velho Chico 16 10 0 0 0 0 0 0 0 0
Chapada Diamantina 23 12 7 5 0 0 5 16 10 0
Sisal 20 2 1 1 0 0 1 1 0 0
Litoral Sul 27 4 2 1 0 0 0 4 1 0
Baixo Sul 14 2 2 2 0 0 0 5 6 0
Extremo Sul 21 5 0 2 0 0 2 0 3 0
Itapetinga 13 3 0 0 0 0 0 0 0 0
Vale do Jequiriçá 21 1 0 0 0 0 0 0 0 0
Sertão do São Francisco 10 9 1 0 0 0 0 1 0 0
Oeste Baiano 14 6 0 0 0 0 0 0 0 0
Bacia do Paramirim 9 4 1 0 0 0 0 1 0 0
Sertão Produtivo 19 8 3 1 0 1 0 16 1 0
Piemonte do Paraguaçu 14 6 4 0 0 1 0 4 0 0
Bacia do Jacuípe 14 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Piemonte da Diamantina 9 5 1 1 0 0 0 2 2 0
Semiárido Nordeste II 18 3 1 0 0 1 0 1 0 0
Litoral Norte e Agreste Baiano 22 7 4 1 0 0 0 4 1 0
Portal do Sertão 17 0 3 0 0 0 0 19 0 0
Vitória da Conquista 24 1 1 0 0 0 0 1 0 0
Recôncavo 20 2 11 9 2 0 2 22 53 2
Médio Rio de Contas 16 2 0 0 0 0 0 0 0 0
Bacia do Rio Corrente 11 6 0 0 0 0 0 0 0 0
Itaparica 6 3 0 0 0 0 0 0 0 0
Piemonte Norte do Itapicuru 9 1 1 0 0 0 0 0 0 0
Metropolitano de Salvador 10 6 3 4 3 1 12 74 110 3
Total 417 127 47 27 5 4 22 172 187 5

Fonte: IPAC (2013). Disponível em: <http://www.ipac.ba.gov.br/wp-content/uploads/2012/04/mapa_pat_cult.pdf>. Acesso: 5 maio 2013.

um heritage information system (his) para os sítios históricos da Bahia


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 171
Anna Karla Trajano de Arruda

Muito embora todo o acervo dos sítios históricos e conjuntos urbanos acima citado
tenha sido objeto do IPAC-BA/SIC e do conjunto de inventários culturais do INBI-SU,
observa-se que os bens culturais que formam os sítios históricos e conjuntos
urbanos da Bahia, semelhante aos demais do países, seguem hoje sem uma
documentação sistematizada que permita, efetivamente, não só a sua identificação,
mas também a utilização de tal conhecimento para promover políticas de
preservação e gestão, "com a participação de todos os atores sociais" - discurso
recorrente no escopo das políticas públicas federais, como o Sistema Nacional de
Cultura (citado no Capítulo 3), e seus subsistemas estaduais e municipais, e dos
programas voltados a conversação do patrimônio como o Programa Monumenta e o
PAC Cidades Históricas, e porque não citar também os Planos Diretores de
Desenvolvimento Urbano (PDDU) municipais.

Na realidade, tais inventários e eventuais bancos de dados produzidos para projetos


específicos, como no caso de classificação dos Sítios Históricos Urbanos Nacionais
e Conjuntos Urbanos de Monumentos Nacionais, não se efetivaram como sistemas
ou mesmo como uma base de dados sólida, consistente e atualizada para subsidiar
as ações de preservação e gestão desse patrimônio e tão pouco converter-se em
uma fonte de informação para a sociedade, com vistas a sua memória. Apesar de
preconizar tais propósitos, quiçá o Sistema Integrado de Conhecimento e Gestão
(citado no Capítulo 3) alcance esse êxito. Afinal, certamente não foi por falta de
recursos ou conhecimento técnico que nenhuma dessas experiências teve sucesso,
mas sim de um compromisso político maior seja do Estado, seja da sociedade com o
patrimônio nacional.

Considerando tais questões, acredita-se que é possível contribuir para a mudança


desse quadro com a adoção de tecnologias digitais e a implementação de um
sistema de informações culturais recuperando, no que couber, a documentação até
então produzida e disponibilizando uma solução computacional que pode
transformar-se em um instrumento técnico e de participação pública para
preservação do patrimônio construído. Vale ressaltar que, não se quer aqui assumir
o papel e a responsabilidade das esferas governamentais ou da sociedade, mas
apenas oferecer uma alternativa ao que a práxis tem demonstrado não ser eficaz ou

um heritage information system (his) para os sítios históricos da Bahia


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 172
Anna Karla Trajano de Arruda

eficiente em seu longo cotidiano. Dessa forma, tem-se a seguir a elaboração do


modelo conceitual de um HIS para os sítios históricos da Bahia.

6.2 Projeto do HIS para os Sítios Históricos da Bahia

6.2.1 Função Principal do Sistema

O sistema deverá localizar, identificar e exibir a configuração espacial do sítio


histórico e bens imóveis que compõem o seu patrimônio construído, a partir dos
dados referentes a sua documentação, disponíveis nos inventários culturais do
IPAC-BA/SIC, INCEU e INBI-SU, e no acervo do Programa Permanente de
Documentação do Patrimônio Arquitetônico do Estado da Bahia. Em função desses
mesmo dados, o sistema deverá realizar análises espaciais com vistas ao
planejamento, gerenciamento e monitoramento de intervenções urbanísticas
voltadas a preservação e gestão dos sítios históricos da Bahia.

6.2.2 Funções Globais do Sistema

O sistema tem suas funções globais definidas pelos dados de entrada, dados de
saída, recursos computacionais, funcionalidades mínimas, restrições e
pressupostos, cuja descrição tem-se a seguir.

I. Dados de Entrada

O HIS para os Sítios Históricos da Bahia deverá possuir uma base de dados
multimídia constituída por dados coletados em fontes primárias e secundárias, a
partir de levantamentos in loco e junto a órgãos públicos ligados ao patrimônio,
quais sejam:

 dados cartográficos: planta cadastral disponibilizada pelo IPHAN, mapas


publicados no IPAC-BA/SIC, imagem orbital de alta resolução e demais
documentos cartográficos disponíveis correspondentes a cada sítio;

 dados do cadastro imobiliário e de logradouros, informados pelas


prefeituras municipais;

um heritage information system (his) para os sítios históricos da Bahia


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 173
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 dados urbanísticos do PDDU do município, se houver;

 dados descritivos publicados no IPAC-BA/SIC;

 dados do INBI-SU referentes à edificação e sua implantação no lote,


informados pelo IPHAN;

 dados do INCEU referente a percepção visual do sítio, informados pelo


IPHAN;

 dados multimídia do acervo digital do Programa Permanente de


Documentação do Patrimônio Arquitetônico do Estado da Bahia:
fotografias, ortofotos, panoramas, modelos geométricos, desenhos, vídeos,
textos e outros.

II. Dados de Saída

Os dados de saídas do sistema terão como conteúdo as informações sobre as


edificações e a configuração urbana dos sítios históricos, sua localização
espacial e os resultados das análises realizadas. Esse conteúdo estará
disponível nos displays das estações de trabalho e nos dispositivos móveis -
via internet, e poderão ser impressos em forma de relatórios, mapas temáticos,
desenhos e imagens.

III. Funcionalidades Mínimas

As funcionalidades a serem implementadas no protótipo HIS de Sítios


Históricos da Bahia deverão atender ao conjunto de requisitos explicitado no
Capítulo 5, podendo ser desenvolvido em módulos, destacando-se como
principais funcionalidades as seguintes:

 gerenciar uma base de dados espaciais, composta por arquivos em


formato raster e vetorial;

 gerenciar a integração de dados dos inventários culturais existentes, com


dados dos cadastros municipais, para compor os dados descritivos da base
de dados espaciais;

um heritage information system (his) para os sítios históricos da Bahia


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 174
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 cadastrar e indexar os dados multimídia a base de dados espaciais;

 permitir a atualização da base de dados espaciais e seus respectivos


dados descritivos;

 realizar análises espaciais, inclusive o cruzamento de dados dos bens


imóveis e perímetros de proteção com os dados urbanísticos de
zoneamento urbano;

 indicar a legislação de proteção pertinente a cada bem imóvel tombado;

 permitir a visualização e acesso aos dados multimídia;

 gerar e visualizar MDT do sítio histórico e modelos tridimensionais dos


bens imóveis;

 gerar mapas temáticos relativos aos bens imóveis e ao sítio histórico,


gerados a partir de consultas e análises espaciais;

 gerar gráficos e relatórios, a partir de consultas e análises realizadas no


sistema e,

 disponibilizar os produtos gerados, no que couber, na web para


disseminação das informações.

IV. Recursos Computacionais

O processo de documentação arquitetônica e produção da base de dados


espaciais se desenvolverão utilizados os recursos computacionais do LCAD,
quais sejam:

 microcomputadores, conectados ao servidor de banco de dados


hospedado no Centro de Processamento de Dados (CPD) da UFBA;

 programas computacionais para fotogrametria digital e modelagem


geométrica como o PhotoModeler Scanner, Sketchup e AutoCAD;

 ferramentas GIS da plataforma ArcGIS, notadamente os aplicativos ArcGis


Diagrammer para a modelagem do banco de dados espaciais do sistema,
ArcCatalog para a construção do banco de dados espaciais, ArcMap para

um heritage information system (his) para os sítios históricos da Bahia


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 175
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edição cartográfica e teste das funcionalidades de análises espaciais,


geração de mapas gráficos, relatórios e visualização de arquivos
multimídia, e ArcGIS On-line para disponibilização do sistema na web e
compartilhamento de dados na cloud;

 rede lógica intranet da UFBA para alimentação do sistema e internet para


publicação em website.

No que toca aos programas acima indicados, estes foram escolhidos pela
disponibilidade de licenças, know-how da equipe de pesquisadores do LCAD
em sua operação e, principalmente, no caso da ferramenta GIS com o objetivo
de utilizar apenas um pacote de software para evitar um grande número de
conversões, reduzindo a possibilidade de perda da qualidade dos dados.

V. Usuários do Sistema

Em linhas gerais, os usuários do HIS de Sítios Históricos da Bahia são


compostos por dois grupos distintos: o grupo de produtores de dados e
mantenedores do sistema, no qual se enquadram a equipe de pesquisadores
do LCAD e a equipe técnica do CPD/ UFBA, e o grupo de consumidores de
dados que, por estar disponível na web, vão desde os planejadores, gestores,
técnicos e especialistas em patrimônio, passando pela comunidade acadêmica
(pesquisadores, professores e estudantes), e o público em geral, como turistas,
empreendedores, e principalmente a população local.

VI. Restrições e Pressupostos do Sistema

Para este estudo de caso, considera-se como pressupostos:

 a existência de uma base de dados espaciais digital atualizada, que tem


como feições a representação de edificações, lotes, quadras, praças, eixo
de vias, limites de bairros ou localidades, zoneamento, hidrografia e
cobertura vegetal, todos com suas respectivas toponímias;

um heritage information system (his) para os sítios históricos da Bahia


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 176
Anna Karla Trajano de Arruda

 a digitalização e atualização dos dados do IPAC-BA/SIC, criando uma série


temporal para fins estudo de evolução urbana e monitoramento das
transformações espaciais frente as pressões das diferentes forças
socioeconômicas que historicamente incidem sobre os sítios históricos em
geral;

 a integração do sistema com a base de dados do INBI-SU e do INCEU, ou


conforme o caso, com a base do SICG.

O sistema aplicativo pode, entretanto, apresentar restrições, caso os dados


referentes ao patrimônio construído existentes de cada sítio histórico
apresentem imprecisões ou inconsistências as quais não possam ser
verificadas e corrigidas. Tal procedimento visa à diminuição das incertezas e
resultados diferentes da realidade no momento da realização de transações no
sistema pelos usuários. Além disso, também é imprescindível a manutenção
permanente da rede lógica da UFBA, a fim de garantir o fluxo contínuo e com
velocidade adequada de transmissão dos dados.

6.3 Modelo Conceitual do HIS para os Sítios Históricos da Bahia

Considerando as informações obtidas durante o processo de abstração do mundo


real, é possível compreender a lacuna existente nos órgãos das três esferas de
governos que atuam no conjunto arquitetônico e paisagístico dos sítios históricos da
Bahia, quanto à possibilidade de se ter uma ferramenta que auxilie os planejadores
e os gestores públicos em relação à tomada de decisões, à manipulação e à
atualização dos dados, dando condições ao aumento da eficiência e da rapidez na
realização das atividades de rotina relacionadas ao planejamento urbano e à
preservação. Nesse sentido, pode-se citar como exemplos: análise e aprovação de
projetos; intervenções de conservação e restauro; captação de recursos para
manutenção da infraestrutura urbana; estabelecimento de parcerias para
desenvolvimento econômico local e ações de educação patrimonial,
disponibilizando um canal para manter um diálogo com a população e facilitar seu

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 177
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acesso à informação, como forma de apropriação do patrimônio histórico e


preservação de sua memória.

Diante disso, foi definido o escopo do sistema protótipo proposto para o HIS, sendo
este composto por três subsistemas, a saber:

 Subsistema Registro Geral do Patrimônio (Documentação Arquitetônica) -


cadastra, armazena e atualiza os dados de documentação dos bens imóveis,
integra os dados do IPAC-BA/SIC e INBI-SU, indexa os dados multimídia,
interage com o Subsistema Análise Espacial para georreferenciar os registros
referentes aos bens imóveis.

 Subsistema Análises Espaciais - armazena, processa e recupera dados das


bases espaciais produzidas pelo LCAD e o PDDU de Cachoeira. Comunica-se
com o Subsistema Operação, cria e atualiza os relacionamentos da base de
dados espaciais com os dados do Subsistema Registro Geral do Patrimônio.
Realiza consultas estruturadas, classificações e operações espaciais
solicitadas ao sistema. Exibe os mapas temáticos e modelos volumétricos
resultantes da análise, permite a impressão e o compartilhamento de dados
com outras aplicações web.

 Subsistema Operação - é responsável pelas transações entre os usuários e os


demais subsistemas: realiza cadastro do usuário, solicita senha de acesso,
autoriza o acesso, administra o nível de acesso por usuário, autoriza ou
restringe alteração nas bases de dados espaciais. O acesso é precedido da
comparação entre a versão da estação de trabalho e os registros existentes no
servidor. Também recupera dados descritivos e multimídia dos bens imóveis do
Subsistema Registro Geral do Patrimônio e os fornece ao Subsistema Análises
Espaciais, e ainda os disponibiliza para visualização e download no website.

A análise estruturada para a modelagem do sistema protótipo inicia-se com a


construção das ferramentas básicas que são os diagramas de contexto, nos quais
podem ser observadas as comunicações entre o sistema, os agentes externos -
IPAC, IPHAN, Prefeitura Municipal, LCAD e usuários do website, assim como o fluxo
de dados entre os mesmos.

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 178
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Assim, o diagrama de contexto indicado na Figura 45 apresenta de forma global o


sistema, enquanto que nas Figuras 46, 47 e 48 tem-se os diagramas de contexto,
respectivamente, do Subsistema Registro Geral do Patrimônio, Subsistema Análise
Espacial e do Subsistema Operação.

Figura 45 – HIS para os Sítios Históricos da Bahia: Diagrama de Contexto do Sistema


Solicita dados
do PDDU
PREFEITURA
MUNICIPAL
Solicita dados
Solicita dados
cadastrais das
do INBI SU, Atualiza
IPHAN INCEU e SICG
edificações Disponibiliza dados
dados
patrimônio arquitetônico
Fornece dados do USUÁRIOS
INBI SU, Fornece dados WEBSITE
Atualiza solicitados
INCEU e SICG Responde a
dados
consulta

Consulta dados
HIS SÍTIOS HISTÓRICOS patrimônio
Solicita dados do arquitetônico
IPAC - BA/SIC DA BAHIA
m
Sistema de Informações Culturais do
Patrimônio Construído Solicita dados
IPAC patrimônio
arquitetônico

Solicita
Compartilha dados espaciais
Fornece dados do dados espaciais
IPAC - BA/SIC
Fornece
arquivos
USUÁRIOS
Solicita Solicita multimídia CLOUD GIS
dados arquivos Fornece
espaciais multimídia Atualiza dados espaciais
dados

LCAD / UFBA
BASE DE DADOS ESPACIAIS
ACERVO MULTIMÍDIA

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 46 – HIS para os Sítios Históricos da Bahia: Diagrama de Contexto - Subsistema Registro
Geral do Patrimônio

IPHAN
USUÁRIOS
WEBSITE
Atualiza Fornece Solicita dados
dados os dados do INBI SU, Solicita
IPAC INCEU e documentação
Solicita dados das edificações
SICG
do IPAC - BA/SIC Disponibiliza
Fornece documentação
os dados
SUBSISTEMA
REGISTRO GERAL DO PATRIMÔNIO
(DOCUMENTAÇÃO ARQUITETÔNICA)
Atende a
Solicita dados solicitação
cadastrais Solicita mapa de
das edificações localização da
Atende a
solicitação edificação
Solicita SUBSISTEMA
PREFEITURA arquivos Responde a ANÁLISE ESPACIAL
MUNICIPAL multimída solicitação
Atualiza
dados
LCAD/ UFBA

Fonte: Elaborado pela autora.

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 179
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Figura 47 – HIS para os Sítios Históricos da Bahia: Diagrama de Contexto - Subsistema Operação

Defini perfil
de usuário USUÁRIOS
WEBSITE
Solicita visualização
SUBSISTEMA dos dados espaciais
Autoriza acesso
ANÁLISES ESPACIAIS aos dados Solicita acesso
a dados

Atende a Efetua cadastro


solicitação no website

SUBSISTEMA
OPERAÇÃO
Solicita visualização
dos arquivos
Solicita download
dos arquivos

Disponibiliza arquivos
para visualização
SUBSISTEMA
Disponibiliza arquivos REGISTRO GERAL DO
para download PATRIMÔNIO
(DOCUMENTAÇÃO ARQUITETÔNICA)

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 48 – HIS para os Sítios Históricos da Bahia: Diagrama de Contexto - Subsistema Análises
Espaciais

Visualiza
SUBSISTEMA dados espaciais
OPERAÇÃO USUÁRIOS
Solicita WEBSITE
dados
Analisa sítio
Solicita dados de histórico
PREFEITURA zoneamento -PDDU Responde a
solicitação Produz mapas
MUNICIPAL temáticos

Fornece os Disponibiliza
modelos urbanos
dados solicitados SUBSISTEMA
ANÁLISES ESPACIAIS
Solicita
dados espaciais Solicita
Compartilha
dados espaciais
Atualiza dados
dados espaciais
LCAD/ UFBA
Solicita USUÁRIOS
dados descritivos CLOUD GIS
da edificação Responde a
solicitação
Fornece
dados espaciais
SUBSISTEMA
REGISTRO GERAL DO PATRIMÔNIO
(DOCUMENTAÇÃO ARQUITETÔNICA)

Fonte: Elaborado pela autora.

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 180
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Além do estudo realizado durante a abstração do mundo real, o conhecimento


adquirido através dos padrões de modelagem do CityGML e do CIDOC CRM
permitiu que fosse realizada a modelagem do conjunto das classes abstratas e
classes das concretas que fazem parte do sistema, assim como dos objetos, em
termos de seus atributos, relacionamentos e processos.

Na Figura 49, tem-se o modelo conceitual das classes que formam a base de dados
do HIS para os Sítios Históricos da Bahia, definidas conforme o padrão CityGML.

Figura 49 - Modelo conceitual de superclasses do HIS para os Sítios Históricos da Bahia,


no padrão CityGML

Sistema Viário Edificações Terreno


<<Transportation>> <<Building>> <<Relief>>

Corpos Hídricos Vegetação


<<WaterBody>> <<Vegetation>>

<<importar>>

HIS de Sítios Históricos


da Bahia
<<importar>> <<Application Schema>> <<importar>>

PDDU - Zoneamento Documentação Arquitetônica


<<LandUse>> <<ExternalReference>>

Fonte: Elaborado pela autora.

Em relação à modelagem dos edifícios, considerando os dados disponíveis


atualmente no acervo do LCAD, é possível obter modelos geométricos (3D) com
nível de detalhe correspondente ao LoD 3. O esquema UML apresentado na Figura
50, considera a modelagem de edificações compostas por mais de uma construção.

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Figura 50 - Diagrama UML para modelagem de edifícios por nível de detalhes do HIS para os Sítios
Históricos da Bahia, no padrão CityGML

Edificações
+Codigo : char
LoD 0 +Uso : char LoD 1
tic: gml: superfície +No_Paviment : int sd: gml: sólido
+Estado_Conserva : char
+Epoca_Construc : char
+Tombamento : char

LoD 2 consiste de partes


(consistsOfBuildingParts)
bp2: Edif_Secundaria:Edificações : Edificações bp3:Edif_Secundaria : Edificações
Codigo : char Codigo : char
Uso : char Uso : char
No_Paviment : int No_Paviment : int
Estado_Conserva : char Estado_Conserva : char
Epoca_Construc : char Epoca_Construc : char
Tombamento : char Tombamento : char
bp1:Edif_Principal : Edificações
Codigo : char
Uso : char
su1: gml:superfície No_Paviment : int su2: gml:superfície
Estado_Conserva : char
Epoca_Construc : char
Tombamento : char
su3: gml:sólido su4: gml:solido
LoD 3 delimitado por
(boundedBy)

rs1: Telhado_Edif_Principal ws1: Paredes_Edif_Principal


+Estrutura_BIM : char +Estrutura_BIM : char
su6: gml:superfície
+Cobertura_BIM : char +Espessura_BIM : decimal
+Declividade_BIM : int +Acabamento_Interno_BIM : char
+Acabamento_Externo_BIM : char

su5: gml:multisuperfícies

d: Porta w: Janela
+Dimensão_BIM : decimal +Dimensão_BIM : decimal
+Área_BIM : decimal +Área_BIM : decimal
+Material_BIM : char +Material_BIM : char

su7: gml:multisuperfícies su8: gml:multisuperfícies

Fonte: Elaborado pela autora.

Na superclasse Documentação, aplicou-se o padrão do CIDOC CRM para definição


das classes e subclasses, com a indicação dos termos pertinentes ao processo de
documentação do patrimônio construído (Quadro 13). Na Figura 51, estabelece-se
as relações entre os termos identificados.

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Quadro 13 - Classes e subclasses do CIDOC CRM para documentação de sítios históricos

HIERARQUIZAÇÃO DOS TERMOS EM CLASSES E SUBCLASSES

1. Classe: E2 Time Entity - Documentação Arquitetônica de Sítios Históricos


Subclasses:
E5 Events - Documentação Arquitetônica do Sítio Histórico de Cachoeira
E7 Activities - Levantamentos
E55 Type - Levantamentos: pesquisa histórica, físico-arquitetônico, dados socioeconômicos,
mapeamento, cadastro, fotografia, fotogrametria, sensoriamento remoto.
E32 Condition State - Status do processo de documentação
E52 Time-Span: Data do levantamento; duração de tempo da documentação

2. Classe: E53 Place - Nome do Município


Subclasses:
E44 Place Appellation: Exemplo: Cachoeira
E45 Address: Endereço postal
E46 Section Definition: Perímetros; Zoneamento
E47 Spatial Coordinates: Sistema de Coordenadas Geográficas ou Cartesianas
E48 Place Name: Exemplo: Conjunto Arquitetônico e Paisagístico de Cachoeira

3. Classe: E18 Physical Things - Bens Imóveis, Sítios Históricos


Subclasses:
E19 Physical Objects - Monumentos, Edifícios isolados, Conjuntos arquitetônicos

E26 Physical Features - Representação geométrica a partir de mapas/ modelos geométricos


tridimensionais dos bens/ sítios.
E27 Site - Lugares: Praças, Largos, Chafariz, Mercado Público, Estação Ferroviária, entre
outros.

4. Classe: E28 Conceptual Object - Inventários, documentos multimídia


Subclasse:
E55 Type - Fichas, Croquis, Mapas, Fotografias, Ortofotos, Desenhos, Modelos geométricos
3D, panoramas, vídeos, textos.

5. Classe: E39 Actor - Órgãos públicos;

Subclasse:
E74 Group - IPHAN, IPAC, MONUMENTA, Prefeitura Municipal, LCAD/FAUFBA
a
E40 Legal Body - 7 Superintendência Regional do IPHAN

Fonte: Elaborado pela autora.

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Figura 51 - Termos e relações das classes e subclasses inerentes ao processo de documentação do patrimônio construído, a partir do padrão CIDOC CRM

Fonte: Elaborado pela autora.

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Dando continuidade à elaboração do modelo de dados, na Figura 52, apresenta-se o


diagrama de domínio espacial no qual são indicadas as classes e suas respectivas
representações seja por primitivas geométricas e superfícies correspondentes as
feições espaciais que compõem banco de dados geográficos do sistema, que
também armazena dados em estrutura raster (matricial) como imagens orbitais e
alguns produtos fotogramétricos.

Figura 52 – Diagrama Domínio Espacial do HIS para os Sítios Históricos da Bahia

Legenda

Polígono Volume Relação (tabela)

Linha MDT (Superfície TIN) Relacionamento

Fonte: Elaborado pela autora.

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No diagrama acima, observe-se que também estão indicadas as relações (dados


tabulares) as quais comporão os atributos das respectivas feições, assim como os
relacionamentos entre elas. Para tal, utilizou-se a ferramenta CASE (Computer
Aided System Engeneering) ArcGIS Diagrammar que, concomitantemente, a
definição das classes possibilita a criação das chaves primárias de cada feição e
demais atributos que seja necessário estarem encapsulados nas bases de dados
das feições. No que toca aos relacionamentos, no ArcGIS Diagrammar a
cardinalidade dos relacionamentos não é indicada através de notações no diagrama,
e sim como uma instrução em um menu de propriedades referente a cada feição
(Figura 53). A favor da clareza do modelo elaborado, a cardinalidade dos
relacionamentos está indicada no diagrama Entidade-Relacionamento, apresentado
na Figura 54. Nele, foram explicitados os principais atributos e indicadas as ligações
entre as bases de dados de sistemas cadastrais como o Cadastro de Logradouro
(CADLOG) e o Cadastro Imobiliário (CADIMO), comumente existente nas prefeituras
municipais.
Figura 53 – Menu de propriedades do ArcGIS Diagrammar: destaque da cardinalidade do
relacionamento EdifHaveDadosIPAC - HIS para os Sítios Históricos da Bahia

Fonte: Elaborado pela autora.

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Figura 54 – Diagrama Entidade-Relacionamento do HIS para os Sítios Históricos da Bahia

LimiteMunic
1
1 +Geocodigo : int
* +Perimetro : float *
+Area : float
ZonePDDU +NomeMunic : string
Parametros Perimetros
+ZonaCod_ID : char
+ZonaCod_ID : char 1 +Perimet_ID : char
+ZonaDenomina : char Modelos 3D
+CoefUtil : decimal 1 +Perimetro : float
+Perimetro : float
+TxOcup : decimal 1 1 +Denomina : char +Modelo_ID : int
+Area : float
+Rfront : decimal +LoD1 : char
MDT
+RLesq : decimal +LoD2 : char
+Curvas_ID : int *
+RLdir : decimal +LoD3 : char
+Rpost : decimal +Hierarquia : char +LoD4 : char
1
+Gabarito : int +Cota : decimal
*
+LimNPav : int
Edificações DadosSICG
+Edif_ID : int
1 *
Quadras +Perimetro : float
1 +Area : float DadosINBISU
1 1 +Quadra_ID : int +IPAC_ID : char
* +Perimetro : float 1 *
* +INBISU_ID : char
+Area : float 1 +INCEU_ID : char DadosINCEU
EixosVias +AnoInicio : Date +SICG_ID : char 1 1 *
1 +CodLog_ID : int +AnoFim : Date +Uso : char
+LogradNome : char +Periodo : char DadosIPAC
+NumPavim : int
+Perimetro : float
CAD_LOGRADOUROS +EstadoConserv : char
+NomeAntigo : char 1 * +EpocConstr : char
+CodLog_ID : int +TipoVia : char Subtipo Multimidia
+StausTombo : char
+Pavim : char 1 * +Codigo : char
Lotes +LivroTombo : char
+IluminPulic : char +Fotografia : int
Praças +GrauProtIPAC : char
+AbastAgua : char +Lote_ID : int
+NumIPAC : char +Ortofoto : int
+RedeEsgoto : char +Quadra_ID : int +Perimetro : float
+CodMultimidia : char +Desenho : int
+Drenagem : char +Denomina : char +Area : float
+Modelo : int
+ColetaLixo : char +Endereco : char
1 1 +Panorama : int
+LimopaPublica : char +Bairro_Local : char
+Video : int
+AnoInicio : Date +Ocupacao : char 1
CAD_IMOBILIARIO +Texto : int
+AnoFim : Date CAD_IMOBILIARIO +Fechamento : char
+Periodo : char +CadImo_ID : int +NumEdifica : int +CadImo_ID : int

Fonte: Elaborado pela autora.

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6.4 Dicionário de Dados

Uma vez definidas as classes, elaborou-se o dicionário de dados com a descrição de


cada uma delas e de seus atributos (Quadros 14 a 22), conforme apresentado
abaixo.

 LIMITE MUNICIPAL:
Descrição: classe abstrata delimita a área do município, comporta-se como
fronteira em relação aos municípios adjacentes.

Quadro 14 - Atributos da classe Limite Municipal do HIS para os Sítios Históricos da Bahia
Nome Tipo Tamanho Descrição
Código identificador do município definido pelo
Geocodigo Inteiro 10
IBGE
Perimetro Float Variável Valor correspondente ao perímetro do município
Valor correspondente à área territorial do
Area Float Variável
município
Nome Munic Texto Variável Nome do município
Fonte: Elaborado pela autora.

 ZONEPDDU:
Descrição: Classe abstrata formada pelos objetos Zonas Urbanas, que
armazenam e atualizam os atributos correspondentes aos parâmetros
urbanísticos de cada zona urbana definida no PDDU.

Quadro 15 - Atributos da classe ZonePDDU do HIS para os Sítios Históricos da Bahia


Nome Tipo Tamanho Descrição
ZonaCod_ID Texto Variável Código identificador da zona urbana
Valor correspondente ao perímetro da zona
Perimetro Float Variável
urbana
Valor correspondente a área territorial da
Área Float Variável
zona urbana
ZonaDenomina Texto Variável Denominação da zona urbana
CoefUtil Decimal 3 Coeficiente de utilização
TxOcup Decimal 3 Taxa de Ocupação
Rfront Decimal 3 Recuo Frontal
RLesq Decimal 3 Recuo Lateral Esquerdo
RLdir Decimal 3 Recuo Lateral Direito
Gabarito Inteiro 1 Altura máxima permitida da edificação
Número de pavimentos máximo permitido
LimNPav Inteiro 1 da edificação
Fonte: Elaborado pela autora.

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 PERÍMETROS:
Descrição: classe abstrata formada pelos objetos Perímetros de Proteção,
delimita as áreas do sítio histórico com diferentes níveis de proteção,
conforme definidas pelo IPAC e pelo IPHAN.

Quadro 16 - Atributos da classe Perímetros do HIS para os Sítios Históricos da Bahia


Nome Tipo Tamanho Descrição
Código identificador do perímetro de
Perimet_ID Texto Variável
proteção

Perimetro Float Variável Valor correspondente ao perímetro

Denomina Texto Variável Denominação do perímetro de proteção

Fonte: Elaborado pela autora.

 QUADRAS:
Descrição: classe concreta formada pelo conjunto de lotes e edificações. Sua
representação é uma poligonal fechada delimitada pelo alinhamento das
edificações ou pelo meio-feio. Tem como subtipo a classe Praça.

Quadro 17 - Atributos da classe Quadras do HIS para os Sítios Históricos da Bahia


Nome Tipo Tamanho Descrição
Quadra_ID Inteiro Variável Código identificador da quadra

Valor correspondente ao perímetro da


Perimetro Float Variável
quadra

Valor correspondente a área territorial da


Area Float Variável
quadra

Ano de conformação da quadra no tecido


AnoInicio Data 4
urbano

Ano de extinção ou remodelação da


AnoFim Data 4
quadra no tecido urbano

Periodo Texto 10 Período histórico correspondente

Fonte: Elaborado pela autora.

 LOTES:
Descrição: classe concreta representada por uma poligonal fechada que
delimita a área do imóvel, seja ele com ou sem construção.

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Quadro 18 - Atributos da classe Lotes do HIS para os Sítios Históricos da Bahia


Nome Tipo Tamanho Descrição
Lote_ID Inteiro Variável Código identificador do lote
Perimetro Float Variável Valor correspondente ao perímetro do lote
Area Float Variável Valor correspondente à área territorial do lote
Endereco Texto Variável Endereço do imóvel
Bairro_Local Texto Variável Bairro ou localidade do imóvel
Ocupacao Texto Texto Existência de construções no lote
NumEdifica Inteiro 2 Número de construções no lote
Fechamento Texto Texto Tipo de material utilizado na divisa do lote
AnoInicio Data 4 Ano de conformação do lote no tecido urbano
AnoFim Ano de desmembramento ou remembramento do lote
Data 4
no tecido urbano
Periodo Texto 10 Período histórico correspondente

Fonte: Elaborado pela autora.

 EDIFICAÇÕES:
Descrição: classe concreta representada por uma poligonal fechada que
delimita a porção construída do imóvel.

Quadro 19 - Atributos da classe Edificações do HIS para os Sítios Históricos da Bahia


Nome Tipo Tamanho Descrição
Edif_ID Inteiro Variável Código identificador da edificação
Perimetro Float Variável Valor correspondente ao perímetro da edificação
Area Float Variável Valor correspondente à área territorial da edificação
IPAC_ID Texto 15 Código identificador da ficha do IPAC - BA/ SIC
INBISU_ID Texto Variável Código identificador da ficha do INBISU
INCEU_ID Texto Variável Código identificador da ficha do INCEU
SICG_ID Texto Variável Código identificador da ficha do SICG
Uso Texto Variável Uso da edificação
NumPavim Inteiro 2 Número de pavimentos da edificação
EstadConserva Texto Variável Estado de conservação da edificação
EpocConstr Texto Variável Época de construção da edificação
StatusTombo Texto 10 Nível de Tombamento da edificação
LivroTombo Texto Variável Registro no Livro de Tombo do IPHAN
GrauProtIPAC Texto 5 Grau de Proteção do IPAC - BA/ SIC
NumIPAC Texto 15 Número de cadastro no IPAC - BA/ SIC
CodMultimidia Texto Variável Código identificador do acervo multimídia
correspondente
Fonte: Elaborado pela autora

 MODELOS 3D (LoD 1, LoD 2, LoD 3, LoD 4):


Descrição: classe concreta composta pelos modelos geométricos
tridimensionais das edificações, visualizados com diferentes níveis de
detalhes.

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 190
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Quadro 20 - Atributos da Classe Modelos 3D do HIS para os Sítios Históricos da Bahia


Nome Tipo Tamanho Descrição
Código identificador do modelo geométrico da
Modelo_ID Inteiro Variável
edificação
LoD 1 Texto Variável Modelo geométrico com nível de detalhe LoD 1
LoD 2 Texto Variável Modelo geométrico com nível de detalhe LoD 2
LoD 3 Texto Variável Modelo geométrico com nível de detalhe LoD 3
LoD 4 Texto Variável Modelo geométrico com nível de detalhe LoD 4

Fonte: Elaborado pela autora.

 TERRENO (MDT):
Descrição: classe concreta representa o relevo do sítio, a partir de uma
superfície TIN (Triangular Irregular Network).

Quadro 21 - Atributos da classe Terreno do HIS para os Sítios Históricos da Bahia


Nome Tipo Tamanho Descrição
Curvas_ID Inteiro 5 Código identificador das curvas de nível
HierarquiaCurvas Texto 15 Classificação hierárquica das curvas de nível
CotasCurvas Decimal 5 Valor correspondente a cota da curva de nível
Fonte: Elaborado pela autora.

 EIXOS DE VIA:
Descrição: classe abstrata formada pelo traçado do sistema viário, armazena
dados da hierarquia viária e dos indicadores de serviços urbanos.

Quadro 22 - Atributos da classe Eixos de Via do HIS para os Sítios Históricos da Bahia
Nome Tipo Tamanho Descrição
CodLog_ID Inteiro Variável Código identificador da via
Perimetro Float Variável Valor correspondente ao perímetro da via
Largura Inteiro longo Variável Valor correspondente à largura da via
LogradNome Texto Variável Nome atual do logradouro
NomeAntigo Texto Variável Nome antigo do logradouro
AnoInicio Data 4 Ano de conformação da via no tecido urbano
AnoFim Data 4 Ano de mudança do traçado da via
Periodo Texto 10 Período histórico correspondente
TipoVia Texto Variável Classificação hierárquica da via
Pavim Texto Variável Tipo de pavimentação
IluminPublic Texto Variável Existência de iluminação pública
AbastAgua Texto Variável Existência de rede de abastecimento d´água
RedeEsgoto Texto Variável Existência de rede de esgoto
Drenagem Texto Variável Existência de drenagem de águas pluviais
ColetaLixo Texto Variável Existência de coleta de lixo
LimpaPublica Texto Variável Existência de limpeza pública

Fonte: Elaborado pela autora

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6.5 Modelo da Estrutura do Website

O ciclo do desenvolvimento de um website compreende o planejamento, a


implementação e a publicação (MARTINEZ, 2002, apud NOGUEIRA, 2010). A fase
planejamento inclui as etapas de análise de requisitos, especificação de conteúdo e
de especificação de layout. A fase de implementação envolve a criação do protótipo,
programação e testes das funcionalidades, bem como sua avaliação e validação do
para publicação. A etapa de distribuição engloba a publicação e a divulgação do
website para o público alvo.

Os requisitos principais para o planejamento do website são a definição dos usuários


ou público alvo, das funcionalidades e definição das metas de usabilidade. Dentre os
usuários do website, foram definidos dois grupos:

i. Do gerenciamento do sistema, produção da base de dados e alimentação do


conteúdo: tem-se o Database Administrator (DBA), ou seja, o administrador do
sistema, responsável pelo gerenciamento de todas as transações, o cadastro e
controle dos privilégios de acesso dos usuários "consumidores", a integridade da
base de dados, entre outros, que no momento encontra-se sob a tutela de um
profissional contratado; e o gerente do projeto, responsável pela produção da
base de dados espacial e multimídia e seu upload, além da alimentação de
conteúdo dos links e pages que compõem o website, que no caso em questão é
a própria doutoranda;

ii. Da consulta e consumo de dados e informações: envolve os técnicos de órgãos


de patrimônio com enfoque em preservação e gestão de edificações e sítios
históricos; os acadêmicos, como pesquisadores, professores e estudantes, com
enfoque em documentação arquitetônica e educação patrimonial; e os visitantes,
interessados em geral em conhecer o patrimônio cultural da cidade, com
enfoque no turismo. Cada categoria de usuários acima citada, terá um perfil de
acesso diferenciado aos dados, com características condizentes aos fins para os
quais serão utilizados. Por exemplo: um pesquisador é um tipo de usuário cujo
perfil lhe permitir realizar o download de modelos geométricos em arquivos CAD,
diferente de um visitante que só poderá visualizá-los no website ou fazer
download do mesmo como arquivos de imagem com extensão JPG.

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 192
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Para a definição das funcionalidades e das metas de usabilidade foram


consideradas as análises de websites semelhantes e considerando também o know-
how daqueles já produzidos por pesquisadores do LCAD, principalmente a
experiência do website do Projeto de Documentação Arquitetônica de Rio de Contas
<http://www.acervoriodecontas.ufba.br>, produto da dissertação do professor
Fabiano Mikalauskas de Souza Nogueira.

As funcionalidades inicialmente previstas para o website HIS para os Sítios


Históricos da Bahia são:

 quanto a documentação arquitetônica - o acesso, a visualização, a impressão


e o download da ficha do imóvel e dos arquivos da base de dados multimídia
digital, e

 quanto ao GIS - o acesso, a visualização, o cruzamento de dados, produção


de mapas temáticos e download da base de dados espaciais, em dualidade
com a documentação arquitetônica.

Cada uma dessas bases de dados está armazenada em um repositório em


separado, por isso foi necessária a elaboração de um sistema próprio para o
comprimento de ambas funções.

Na arquitetura de informação deste website, além da organização da base de dados,


o conteúdo foi segmentado e relacionado em:

 informações gerais: de caráter institucional, apresenta informações sobre o


projeto, slideshow, links com temas afins, instituições as quais o website está
vinculado e instituições de fomento que apoiam o projeto;

 seções principais: são os serviços específicos do website que permitem o


acesso aos componentes do acervo e ao HIS;

 serviços secundários: caracterizadas pelas funções de busca, metadados e


downloads, e

 serviços de comunicação: funções de cadastro e atendimento ao usuário, e


newsletter.

Do acima exposto, chegou-se ao modelo conceitual da estrutura do website para


HIS para os Sítios Históricos da Bahia, conforme apresentado na Figura 55.

um heritage information system (his) para os sítios históricos da Bahia


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 193
Anna Karla Trajano de Arruda

Figura 55 - Modelo conceitual da estrutura do website do HIS de Sítios Históricos da Bahia

TÍTULO DO WEBSITE

SLIDESHOW
(Enfoques, Acervo Digital, Mapas, News, etc)
APRESENTAÇÃO
TEXTO (Informações Gerais/Histórico)

Acervo Digital DOCUMENTAÇÃO – Link: Home ‘Acervo Digital’.


(Base de Dados Multimídia)
Sobre o Projeto Contato
(Link: SOBRE O SITE ) (Link: FALE CONOSCO)

PLANEJAMENTO E GESTÃO – Link: Home ‘Banco de Dados + GIS’.

INDEX ENFOQUES EDUCAÇÃO – Link: Home ‘Banco de Dados + GIS’.

TURISMO – Link: Home ‘Acervo Digital + GIS’.


Cadastro Login
(Link: REGISTRE-SE) (Link: LOGIN)
GIS Apoio
(Análises Espaciais)
Realização

Créditos
Base de Dados Base de Dados OUTROS
Gráfica Não-Gráfica Mala direta

Links (sites afins)

Redes Sociais
GERENTE – Responsável pelo conteúdo do site

TÉCNICO – De órgãos de patrimônio com foco em planejamento, preservação e gestão de edifícios e sítios históricos
USUÁRIOS
ACADÊMICO – Pesquisadores, professores e estudantes, com foco em documentação arquitetônica e educação patrimonial

VISITANTE – Interessados em geral, em conhecer o patrimônio cultural da cidade. Foco no turismo e empreendimentos

Fonte: Elaborado pela autora.

um heritage information system (his) para os sítios históricos da Bahia


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 194
Anna Karla Trajano de Arruda

Uma vez concluída a elaboração do projeto do HIS, segue-se então nos Capítulos 7
e 8, relativos à sua implementação, apresentando um estudo de caso para o sítio
histórico de Cachoeira, como forma de validar o modelo concebido. As etapas
adotadas no processo de modelagem são interdependentes, e apesar de
consecutivas, não são consideradas como acabadas, prontas. Isso porque durante a
construção de qualquer sistema de informações, muitas vezes, faz-se necessário
ajustes e revisões devidas, em um processo iterativo até que se tenha condição para
proceder, finalmente, a sua implementação. Além disso, o modelo aqui proposto
permite também que o HIS seja desenvolvido em etapas, conforme uma ordem de
prioridade pré-estabelecida ou a disponibilidade de dados e recursos
computacionais de cada sítio histórico documentado.

um heritage information system (his) para os sítios históricos da Bahia


Capítulo 7
SÍTIO HISTÓRICO DA
CIDADE DE CACHOEIRA,
BAHIA - BRASIL
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 196
Anna Karla Trajano de Arruda

7 SÍTIO HISTÓRICO DA CIDADE DE CACHOEIRA - BAHIA, BRASIL

Em continuidade ao Programa Permanente de Documentação do Patrimônio


Arquitetônico do Estado da Bahia com o uso das Tecnologias Digitais, que vem
sendo realizado pelo Laboratório de Computação Gráfica Aplicada à Arquitetura e ao
Desenho (LCAD) da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia
(FAUFBA), que já documentou parcialmente os sítios históricos de Salvador, Lençóis
e Rio de Contas, elegeu-se para o estudo de caso da aplicação HIS para os sítios
históricos da Bahia, o conjunto arquitetônico e paisagístico do município de
Cachoeira - BA. Este sítio foi escolhido como recorte empírico, haja vista o destaque
de seu acervo no patrimônio nacional, e que não possui uma documentação
sistematizada e atualizada, ainda que recentemente tenha sido contemplado com
ações do governo federal para conservação do seu patrimônio construído. Corrobora
também para a sua escolha, ser o sítio histórico de Cachoeira objeto do projeto de
pesquisa intitulado "Patrimônio Arquitetônico, Documentação e Tecnologias Digitais",
decorrente de acordo de cooperação acadêmica entre o LCAD/FAUFBA/UFBA e o
Karlsruhe Institute of Technology (KIT), na Alemanha, no âmbito do PROJETO
PROBRAL 311/09, financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES) e o Serviço Alemão de Intercambio Acadêmico (Deutscher
Akademischer Austauschdienst - DAAD), sendo os trabalhos de campo,
equipamentos e outros recursos financiados pelo Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), através do Edital Universal 2009.

Frente ao acima exposto, delineia-se neste capítulo um perfil do sítio histórico de


Cachoeira, desde sua caracterização geral, passando pela revisão do processo de
ocupação e consolidação do espaço urbano, e observando-se as intervenções
promovidas pelo governo federal para a preservação do patrimônio.

7.1 Características Gerais da Cidade de Cachoeira

O município de Cachoeira está situado na Região Leste do Estado da Bahia, à


margem esquerda do rio Paraguaçu, encravado em um vale, inserido na região

sítio histórico da cidade de Cachoeira - Bahia, Brasil


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 197
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geográfica de Santo Antônio de Jesus. Limita-se a Norte com o município de


Conceição da Feira; a Leste, com o município de Santo Amaro; ao Sul, com o
município de Maragogipe; e a oeste com o município de São Félix (Figura 56).

Figura 56 - Limites político-administrativos do município de Cachoeira – BA

LEGENDA
REGIÃO METROPOLITANA DE SALVADOR
REGIÃO DO RECÔNCAVO SUL
CACHOEIRA

Fonte: Malha de municípios, Censo 2007 - IBGE. Elaborado pela autora.

Segundo dados do IBGE (2010), o município de Cachoeira tem uma extensão


territorial de 395,211 km² e uma população de 32.026 habitantes - divididos
equitativamente entre a zona urbana (16.387 habitantes) e a zona rural (15.639
habitantes) - com uma densidade demográfica de 81,04 hab./km² (IBGE, 2010).

Ao longo do seu processo de formação territorial e administrativa, o município de


Cachoeira passou por várias mudanças de ordem econômica e demográfica que
resultaram em uma significativa redução do seu território para o limite político-
administrativo atual. No trabalho "Aspectos do desenvolvimento regional no
Recôncavo Sul Baiano: o caso do Município de Cachoeira – Bahia – Brasil",

sítio histórico da cidade de Cachoeira - Bahia, Brasil


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 198
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Fonseca (2006) faz uma descrição cronológica desse processo, frente as


transformações socioeconômicos e políticas peças quais passou o município desde
sua ocupação.

Sede político-administrativa do município, a posição geográfica da cidade de


Cachoeira é dada pelas coordenadas 12 36' 36” de latitude a Sul do Equador e 38
57' 57” de longitude a Oeste de Greenwich (Figura 57), distando aproximadamente
110 km da capital baiana, com acesso pela BR 324 e depois pela BA 026.
Consoante à verificação feita pela Secção de Nivelamento do Conselho Nacional de
Geografia, que cravou chapa à esquerda da porta principal da Estação da Viação
Férrea Federal Leste Brasileiro, a altitude na sede municipal é de 8,00 m, chegando
a cotas de até 200 m de altitude (IBGE, 1958).

Figura 57 – Localização de Cachoeira, distrito sede do município

Fonte: Acervo LCAD - Imagem Quick Bird, 2012. Elaborado pela autora.

sítio histórico da cidade de Cachoeira - Bahia, Brasil


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 199
Anna Karla Trajano de Arruda

Cachoeira situa-se à margem esquerda do rio Paraguaçu, sobre um terraço fluvial


entre o cais, que conquistou espaço ao rio, e a encosta do vale. O sítio físico é
cortado pelos riachos Caquende e Pitanga, tendo a serra do Timborá à margem
esquerda do rio Paraguaçu, e a Sudeste pela baía do Iguape (ANDRADE, 2011).
Tais fatores, associados ao tipo de solo predominantemente argiloso e argilo-
arenoso e ao clima tropical úmido, com precipitações anuais que variam de uma
mínima de 800 mm a uma máxima de 1.700 mm, favoreceu frequentes alagamentos
da cidade nos períodos de cheias do rio Paraguaçu, dos séculos XVIII, XIX e XX
(FONSECA, 2006).

Em uma rápida análise da morfologia urbana, observa-se que Cachoeira possui um


traçado desenvolvido segundo uma matriz linear paralela ao rio, com trama de ruas
irregulares, que se acomodam ao relevo acidentado e que, tentacularmente, durante
os séculos, foi ocupando as partes mais elevadas do terreno (Figura 58), situando-
se ali os largos e praças, os edifícios religiosos e civis de maior destaque. Tal
configuração produz visuais que valorizam as edificações, apresentando-as em
diversas perspectivas.

Figura 58 - Vista aérea da cidade de Cachoeira, 2003

Fonte: Acervo PCL (2003).

sítio histórico da cidade de Cachoeira - Bahia, Brasil


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 200
Anna Karla Trajano de Arruda

Tal forma de ocupação deu-se não só pelo significado simbólico de controle e poder
político-econômico desses espaços em relação ao terrapleno do restante da cidade,
como também para proteger tais construções e todo o casario das recorrentes
enchentes que acabam sempre por danificá-las (Figura 59), e pela necessidade de
conquistar terras para crescimento da cidade configurando, ao longo dos séculos, o
seu processo de expansão.

Figura 59 - Enchente de 1948: Praça Teixeira de Freitas (Antigo Pelourinho)


em frente ao Hotel Colombo, Cachoeira - BA

Fonte: Fotografia de Manoel Cewani. Disponível em: <http://vapordecachoeira.blogspot.com.


br/2010/10/uma-enchente-em-cachoeira-vista-pelas.html>. Aceso em: 7 maio 2013.

Toda a historiografia do processo de povoamento e ocupação da cidade encontra-se


descrita nas obras "Introdução ao estudo da evolução urbana de Cachoeira" e
"Estudo da Evolução Urbana: Cachoeira nos Séculos XIX e XX", produzidas pelo
Centro de Estudos de Arquitetura na Bahia - CEAB/FAUFBA, através de registros
escritos, mapas e ilustrações. O volume faz parte das publicações do Programa de
Desenvolvimento Integrado da Cidade Monumento de Cachoeira - PRODESCA
(1976-1979), realizado em um convênio entre o Ministério da Educação e a UFBA.
Diante disso, tomou-se tais obras, juntamente com Fonseca (2006) já acima citada,
os "Termos de Arrematação de Obras da Cachoeira 1758-1781" de Américo Simas

sítio histórico da cidade de Cachoeira - Bahia, Brasil


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 201
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Filho (Org.), de 1973; e a Enciclopédia dos Municípios Brasileiros - Volume XX


(IBGE, 1958); como principais referências, para apoio da narrativa da síntese
histórica de Cachoeira, apresentada no tópico 7.2.

7.2 Histórico da Cidade de Cachoeira

Em dezembro de 1531, a expedição de Martim Afonso de Souza saiu de Portugal,


aportando na Baía de Todos os Santos em janeiro de 1532, com a incumbência de
estimular o cultivo da cana-de-açúcar e a sua indústria. O Recôncavo Baiano, que
começava a ser explorado, possuía terras propícias a essa cultura, sendo portanto,
escolhido para a instalação dos primeiros engenhos. Entre os que formavam a
expedição de Martim Afonso de Sousa, estava o fidalgo Paulo Dias Adôrno que aqui
permaneceu.

Por volta de 1561, Adôrno foi contemplado com a sesmaria que compreendia a
região ribeirinha do rio Paraguaçu, com terras que ficam entre os riachos Caquende
e Pitanga. Homem de posses, logo deu início à cultura açucareira, em um terrapleno
à margem esquerda do rio, onde sem dificuldades poderiam aportar as embarcações
para o carregamento do açúcar, que era levado para Salvador a fim de ser
exportado. Logo o canavial começou a desenvolver-se no solo massapê e em pouco
tempo foram feitas as primeiras colheitas, e com elas a instalação de engenhos para
a produção do açúcar. Assim, teve início o povoamento da Freguesia do Porto de
Cachoeira, que começou a crescer para tornar-se mais tarde, a cidade de
Cachoeira, uma das mais tradicionais na história do Brasil.

Nesse espaço de tempo, após duros combates entre portugueses e índios


tupinambás, começaram a surgir as construções que seriam utilizadas pelos
colonizadores. Inicialmente, foi construída a casa da fazenda e, como Adôrno era
católico, em seguida foi erigida uma capela, sob a invocação de Nossa Senhora do
Rosário. Anos depois, a ermida foi transformada na Igreja de Nossa Senhora
D’Ajuda, em cujo entorno se formou a povoação (Figura 60 e 61). A nova Igreja
Matriz de Nossa Senhora do Rosário foi erigida em uma das ruas mais próximas ao
porto, hoje denominada de rua Ana Nery.

sítio histórico da cidade de Cachoeira - Bahia, Brasil


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 202
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Figura 60 - Mapa dos primórdios Freguesia do Porto de Cachoeira, em destaque a localização


da Igreja de Nossa Senhora D'Ajuda, Cachoeira - BA

Fonte: PRODESCA (1976).

Figura 61 - Gravura de Mello Moraes de 1866 da Igreja de Nossa Senhora D'Ajuda, Cachoeira - BA

Fonte: IPAC (1982).

A importância política e econômica do local contribuiu para a rápida elevação à


categoria de “Freguesia do Porto de Cachoeira” em 1674. Nessa época, o
Recôncavo havia se tornado rico, graças aos plantios do fumo e da cana-de-açúcar.
Nos arrabaldes da freguesia se instalaram fidalgos portugueses atraídos pelo solo
massapê e construíram outros engenhos, como por exemplo, o Engenho Campina,
Engenho da Ponta, Engenho Velho e Engenho Vitória, com seus sobrados, capelas
e igrejas, conforme pode ser visto na Figura 62.

sítio histórico da cidade de Cachoeira - Bahia, Brasil


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 203
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Figura 62 - Localização dos engenhos de cana de açúcar de Cachoeira - BA

Sobrado do Engenho Campina

Sobrado e Fábrica do Engenho Vitória

Sobrado do Engenho Velho Sobrado do Engenho da Ponta

Fonte: Fotografias - IPAC (1982). Mapa: elaboração Agenor Simões, 2013.

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 204
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Além dos fidalgos com seus engenhos, os jesuítas também contribuíram para a
ocupação do território, que ainda era habitado pelos índios, com a criação do
povoado de Santiago do Iguape e o início das obras de catequese.

Já em 1649, houve também a chegada dos franciscanos, em um povoado às


margens do Rio Paraguaçu, que mais tarde passou a chamar-se São Francisco do
Paraguaçu. Instalou-se lá o convento de nome Santo Antonio do Paraguaçu, cuja
sua pedra fundamental foi lançada em 4 de fevereiro de 1658 e sua conclusão foi
em 1686 (Figura 63). Segundo Flexor (2010, p. 50), "[...] o convento de Santo
Antônio do Paraguaçu foi o segundo conjunto franciscano construído na América
portuguesa após a custódia do Brasil separar-se da província de Santo Antônio de
Portugal, em 1647."

Figura 63 - Convento de Santo Antônio do Paraguaçu, Cachoeira - BA:


(a) estado de conservação em 1982; (b) estado de conservação em 2010

(a)

(b)

Fonte: IPAC (1982); FLEXOR (2010).

sítio histórico da cidade de Cachoeira - Bahia, Brasil


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 205
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Fora dos muros do convento, foi construído pequeno hospital para prestar
assistência aos desamparados. O hospital recebeu o título de Hospital de Nossa
Senhora de Belém e prestou grande assistência durante a epidemia de febre
amarela, em 1686, que, iniciada em Salvador, espalhou-se pelo Recôncavo. Após o
falecimento de Frei Bernardo da Conceição, seu idealizador, em setembro de 1727,
e não havendo quem o substituísse, o hospital foi transferido para a sede de
Cachoeira e entregue aos religiosos de São João de Deus, recebendo o título de
Hospital São João de Deus, estando até hoje conservado.

Outra incursão foi a dos jesuítas que ocorreu em 1686, quando foi fundado pelo
padre Alexandre de Gusmão, o Seminário de Belém, no distrito de Belém de
Cachoeira, local escolhido pelo seu clima aprazível. Com esmolas que recebera de
diversas partes, o padre jesuíta construiu também a Igreja de Nossa Senhora de
Belém (Figura 64).
Figura 64 - Seminário de Nossa Senhora de Belém, Cachoeira - BA:
(a) estado de conservação em 1982; (b) estado de conservação em 2008

(a) (b)

Fonte: IPAC (1982); SOUZA (2008).

Cachoeira tornou-se centro econômico da região do Recôncavo Baiano por abrigar


parte significativa da cultura açucareira baiana da época e configurar um entreposto
comercial importante para as rotas do açúcar e outros gêneros alimentícios, couro,
ouro e outros metais preciosos, provenientes do restante do Recôncavo Baiano, dos
sertões e das minas, facilitando seu transporte para Salvador (ANDRADE, 2011;
FLEXOR, 2007).

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 206
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No ano de 1693, já se tem noticia do crescimento de Cachoeira: "[...] além de ser um


porto donde se embarca tudo que vem do sertão para esta cidade, está hoje um
povoado muito grande" e "vários bandeirantes, capitães-mores e até governadores e
vice-reis passaram por Cachoeira vindos dos sertões..., essa freguesia é o ponto
donde vem parar todos os viageiros das minas de outras vilas" (cf. MEC/PDI --
Cachoeira, item 7.4.1).

De acordo com Fonseca (2006), buscando atender às necessidades de povoamento


das terras, D. João de Lencastro, o trigésimo segundo governador, em carta régia
datada de 1693, ordenou a criação de vilas e povoados. Como consequência dessa
medida foi criada a Vila e Freguesia de Nossa Senhora do Rosário do Porto da
Cachoeira (Figura 65), em 29 de janeiro de 1698, conforme “Têrmo da Criação da
Vila da Cachoeira, por ordem de El-rei”, registrado no livro da Câmara, página 3,
verso, autenticado pelo Secretário da Prefeitura da Cachoeira, Antônio Lopes de
Carvalho Sobrinho, a 29 de abril de 1891.

Figura 65 - Vila de Cachoeira em desenho aquarelado de autor desconhecido, no livro de


Joaquim de Moreira Castro “Memória sobre as espécies de tabaco”, publicado em 1792

Fonte: FLEXOR (2007).

sítio histórico da cidade de Cachoeira - Bahia, Brasil


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 207
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Segundo lê-se no Termo, sob concordância dos moradores da vila e circunvizinhos,


“[...] configura-se como sítio marcando a criação da Vila o terrapleno em frente ao
porto de mar, no qual foi erigido um pelourinho que, por devoluto, servira de praça
para o uso público dos moradores" - hoje a Praça Teixeira de Freitas; “[...] e lugar da
praça da parte de terra onde fica um altosinho a respeito de ficar a cadeia livre de
alguma inundação de águas pode haver", referindo-se a Casa da Câmara e Cadeia
(PREFEITURA MUNICIPAL DE CACHOEIRA, 1891 apud FONSECA, 2006).

A Casa de Câmara e Cadeia, também chamada de Paço Municipal, situada no largo


da Praça da Aclamação, tornou-se então o locus do Centro Administrativo do
Município (Figura 66).

Figura 66 - Casa de Câmara e Cadeia e sua ambiência - Praça da Aclamação, Cachoeira - BA

Fonte: Acervo LCAD (2009).

Além da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário (Figura 67), cuja construção
iniciou-se no final do século XVII e se estendeu até a metade do século XVIII, outro
marco da arquitetura religiosa que se destaca nesse período é o Conjunto do
Carmo, formado pela Igreja da Ordem Primeira, o Convento e a Ordem Terceira,
construído entre os anos de 1715 e 1722 (Figura 68).

sítio histórico da cidade de Cachoeira - Bahia, Brasil


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 208
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Figura 67 - Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, Cachoeira - BA

Fonte: Acervo LCAD (2009).

Figura 68 - Conjunto do Carmo, Cachoeira - BA

Fonte: Acervo LCAD (2009).

sítio histórico da cidade de Cachoeira - Bahia, Brasil


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 209
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O rio Paraguaçu se caracterizou no período como a grande via de ligação com


Salvador, sendo intenso o movimento de primitivas embarcações (FONSECA, 2006).
A navegação, desde a sua foz na Baía de Todos os Santos até o Porto da Cachoeira
e as condições geográficas favoráveis, foram determinantes para fazer dessa Vila a
principal via de acesso das mercadorias europeias para o sertão baiano, e vice-
versa. Esse fluxo constante, estabelecendo a conexão entre o transporte terrestre e
fluvial, situava a Vila como pólo de destaque e de importância estratégica do seu
porto para o desenvolvimento econômico do estado e do país.

Além disto, a partir de 1700 partiam de Cachoeira estradas com destino ao Sul do
País e também para outras regiões da Bahia, dando à cidade a condição de
entreposto privilegiado naquela época, transformando-a em um núcleo dos mais
importantes de todo o estado. Ao final do século XVII, três caminhos terrestres
partiam ou convergiam para Cachoeira: o caminho de Belém de Cachoeira; o
caminho para a região das Minas passando pela Chapada Diamantina; e a Estrada
Real do Gado, passando por Feira de Santana, até chegar ao Piauí, principal fonte
de abastecimento de gado do Nordeste (FONSECA, 2006).

Nesse sentido, Milton Santos (1998, apud FONSECA, 2006) afirma que, por sua
condição de nó de confluência entre diversas rotas de entrada para o sertão do país,
Cachoeira destacava-se do ponto de vista da hierarquia urbana com reflexos inter-
regionais, estabelecendo-se assim a primeira geração de sub-regiões hierárquicas
do Recôncavo, tendo base o transporte fluvial. Por tudo isso, entende-se que tais
aspectos imprimiram nesse período a condição de centralidade a Cachoeira, que
perdurou até meados do século XX.

Diante do quadro de progresso que vivia a Vila de Cachoeira, refletido não somente
pelo movimento crescente no seu porto, mas também pelas evidências de uma
aristocracia rural com fazendas, de opulento empório com diversos gêneros de
negócios e pelos sobrados residências de ricos portugueses, urgia a necessidade da
construção do cais na Vila. Diante desses fatos, em outubro de 1702, o Senador da
Câmara da Vila fixou o prazo de 30 dias, ao Capitão João Rodrigues Adôrno, para
que iniciasse a construção do cais, com o apoio de uma ponte para embarque e

sítio histórico da cidade de Cachoeira - Bahia, Brasil


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 210
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desembarque. Somente no século XX efetuar-se-ia a sua conclusão, ficando


conhecido como Cais dos Arcos. (PRODESCA, 1976).

Ainda dentro dessa visão de adequação da Vila, a Câmara deliberou implantar a


canalização da água para os seus moradores, cuja autorização deu-se em março de
1781, para que fosse construído um aqueduto fechado, trazendo as águas do
Riacho Pitanga, vindo pela levada do Chafariz, canalizando-se até o centro da Vila
(Figura 69). A execução de obras de infraestrutura do espaço urbano incluiu também
o calçamento das vias de saída da cidade que se dirigiam a Capoeiruçu e a Belém
de Cachoeira.

Figura 69 - Chafariz Imperial, situado na Praça Dr. Milton, Cachoeira - BA

Fonte: Acervo de Erivaldo Brito. Disponível em: <https://www.facebook.com/ fotosantigasdoreconca


vo>. Acesso em: 3 mar. 2013.

O século XIX foi sem dúvida a continuidade do apogeu da Vila de Nossa Senhora do
Rosário do Porto da Cachoeira, registrando-se a existência de dezenas de
engenhos, um fluxo crescente de pessoas em busca de aquisição de mercadorias
perante a sua condição de importante empório de abastecimento para longínquas

sítio histórico da cidade de Cachoeira - Bahia, Brasil


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 211
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povoações e resolução de demandas jurídicas, e um comércio intenso e


surpreendente que fazia da Vila um ponto convergente de toda a produção agrícola
de seu entorno. Nesse período, Cachoeira era o segundo núcleo populacional da
Bahia. Em seu movimentado centro comercial apareciam os produtos de importação
vindos sobretudo da Europa e os de exportação nacional: transportados pelos
tropeiros, o algodão, o café e diversos cereais, acrescidos do couro, mantinham um
mercado permanente entre a capital e o sertão, fazendo de Cachoeira a Meca de
negociantes das mais diversas procedências. A cultura do fumo, introduzida em
1760, fortalecia a Vila, que rapidamente transformou-se no principal centro de
escolha, enfardamento e manufatura do produto do Estado.

Todos esses aspectos aceleraram fortemente o progresso de Cachoeira, produzindo


constantes apelos para sua elevação à condição de cidade. Ao lado disso, a
intrepidez e audácia de seus filhos, na luta contra os portugueses para a
Independência do Brasil, tendo como data mais importante o dia 25 de junho de
1822, antecipava o Grito do Ipiranga proclamando o Príncipe Dom Pedro I como
regente, credenciava a Vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto da Cachoeira a
ser reconhecida, depois de Salvador, como a mais importante cidade do Brasil. Por
sua liderança política em decorrência das lutas da Independência, obteve a condição
de sede da Junta Governativa e, pouco depois, de Governo Provisório. Em 1837, foi
mais uma vez sede do Governo, por ocasião da Sabinada. Diante desses
argumentos, as autoridades do Império decidiram elevar a Vila à condição de
cidade, conferida pela lei provincial de número 43, de 13 de março de 1837, que
outorgou-lhe também o título honorífico de Heroica.

Os séculos XVIII e XIX foram de muita prosperidade para Cachoeira, razão pela qual
foram construídos solares, conventos, igrejas e sobrados, tendo a influência do
barroco nos seus traços característicos. Isto contribuiu para formar, no Recôncavo,
um dos conjuntos arquitetônicos mais apreciáveis, caracterizando-se como o mais
antigo complexo urbano do Brasil, decorrente da cultura do açúcar e de sua
exportação, e do apogeu da recém introduzida cultura do fumo. Nesse período, a
Vila ganha o Hospital São João de Deus da Santa Casa de Misericórdia e, com ele,
o surgimento de mais uma praça, a Praça do Hospital (atual Praça Dr. Milton)
(Figura 80).

sítio histórico da cidade de Cachoeira - Bahia, Brasil


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 212
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Figura 70 - Santa Casa de Misericórdia à esquerda, Igreja de São João ao centro


e o Chafariz Imperial a direita, Cachoeira - BA

Fonte: Acervo de Jomar Lima. Disponível em: <http://jomarlimafot.blogspot.com.


br/2010/08/ cachoeira-memorias.html>. Acesso em: 20 mar. 2013.
Na segunda metade do século XIX, a cidade se expande para além do riacho
Pitanga e, de forma mais intensa, entre este e a Igreja de Nossa Senhora da
Conceição do Monte (Figura 71), e do lado contrário, além do Caquende. A
expansão de toda esta área urbana de Cachoeira nasceu em função do negro e
muitas vezes do seu culto ao candomblé.

Figura 71 - Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Monte, Cachoeira - BA

Fonte: Acervo de Jomar Lima. Disponível em: <https://www.facebook.com/


fotosantigasdoreconcavo>. Acesso em: 9 abr. 2013.

sítio histórico da cidade de Cachoeira - Bahia, Brasil


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 213
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Como marcos da ocupação desse território pode-se citar:

 a Capela de Nossa Senhora do Rosarinho, do alto de um monte (Figura 72),


indica o estabelecimento dos negros, que antes viviam nos engenhos e
começaram a chegar a cidade face ao processo de libertação vivido pelos
escravos.

Figura 72 - Capela de Nossa Senhora do Rosarinho, Cachoeira – BA: estado de


conservação antes e depois da restauração realizada pelo IPHAN em 2009

Fonte: Acervo de Jomar Lima. Disponível em: <http://jomarlimafot.blogspot.com.


br/2010_08_01_archive.html>. Acesso em: 21 mar. 2013.

sítio histórico da cidade de Cachoeira - Bahia, Brasil


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 214
Anna Karla Trajano de Arruda

 a Capela da Conceição dos Pobres no Caquende que, como sugere o nome,


atraíra para as suas proximidades os menos favorecidos.
 o Alto do Chafariz, que foi ocupado, foi urbanizado por aguadeiros, vendedores
de água.

 o Abatedor, que era um quilombo chamado de Galinheiro, pois era ocupado por
negros da nação Bruce que aqui no Brasil se chamavam “Galinhas”.

Durante o século XIX, Cachoeira prosperou em todos os aspectos, inclusive no que


toca ao sistema de transporte. Em outubro de 1819, foi inaugurado o serviço de
navegação a vapor entre Cachoeira e a capital da Província, com a chegada do
primeiro barco batizado pelo nome de "Catarina Paraguaçu". Após uma interrupção
que durou cerca de 20 anos, o serviço foi restabelecido em janeiro de 1839,
segundo Milton Santos (1979 apud RIBEIRO, 2006), e, em agosto de 1854, as
viagens se ampliam com a chegada de mais um barco, o "Vapor de Cachoeira".
Dada a importância da Bahia, e particularmente de Cachoeira, para a economia do
País, por seu vigoroso comércio exportador, por diversas vezes, o governo imperial
firmou contratos para preservação e melhoria desse transporte, subsidiando essa
atividade.

Outra intervenção estruturante em termos de transporte, foi a construção da Estrada


de Ferro Paraguaçu, em abril de 1864, autorizada pela Lei Geral do Império,
estabelecendo a conexão dessa modalidade ao transporte fluvial já existente. Mais
tarde, convertida em Estrada de Ferro Central da Bahia, ligaria Cachoeira à
Chapada Diamantina, com um ramal para Feira de Santana. Assim, em dezembro
de 1876 foi inaugurado o tráfego ferroviário entre Cachoeira e Feira de Santana e,
em julho de 1885, a ligação ferroviária entre Cachoeira e São Félix, através da ponte
sobre o Rio Paraguaçu construída pela companhia inglesa The Paraguassu Steam
Tram Road Company Limited, que recebeu o nome de Ponte Imperial Pedro II
(Figura 73).

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 215
Anna Karla Trajano de Arruda

Figura 73 - Ponte Imperial D. Pedro II, antigo cais do Manga, Cachoeira - BA

Fonte: Acervo de Vadinho Martins. Disponível em: <https://www.facebook.com/fotosantigasdoreconca


vo>. Acesso em: 15 mar. 2013.

O início do século XX traz grandes obras públicas para Cachoeira, destacando-se a


implantação do novo sistema de abastecimento de água. Outras obras de relevância
nesse período foram a construção do Mercado Público, sendo transferida para os
seus arredores a feira livre que antes acontecia na Praça Dr. Milton (Figura 74 e 75),
e a construção do Matadouro Público, iniciado em 1916, sendo inaugurado
solenemente em julho de 1917 e considerado, na época, um dos melhores do
interior do Estado (FONSECA, 2006).

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 216
Anna Karla Trajano de Arruda

Figura 74 - Feira livre na Praça Dr. Milton, no início do século XX, Cachoeira - BA

Fonte: Acervo de Vadinho Martins. Disponível em: <http://www.facebook.com/fotosantigasdo


reconcavo>. Acesso em: 15 mar. 2013.

Figura 75 - Mercado Público, com feira livre em suas imediações, Cachoeira - BA.

Fonte: <http://www.jfparanagua.com.br/blog/?p=4654>. Acesso em: 15 mar. 2013.

sítio histórico da cidade de Cachoeira - Bahia, Brasil


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 217
Anna Karla Trajano de Arruda

Além da condição de entreposto que a cidade ostentava, sua economia diversifica-


se com outros empreendimentos: implanta-se a Serraria Vacarezza, em 1927, e no
início dos anos 30, destaca-se a Usina Vitória do Paraguaçu com excelente
desempenho na produção de aguardente. Entre os anos 1936 e 1937, instalam-se
os dois dos mais importantes empreendimentos fabris de Cachoeira: as fábricas
Leite Alves, que produziam cigarrilhas, e a Suerdieck, fabricante de charutos.
Juntas, beneficiavam um contingente significativo de pessoas através de empregos
diretos e indiretos, em decorrência do incremento que proporcionava ao comércio
local.

Ainda na primeira metade do século XX, implantava-se a Fábrica de Calçados Rio


Negro, a Indústria de Bebidas Paraguaçu, um Curtume e a Fábrica de Papel Tororó,
originária da antiga indústria de tecidos São Carlos, fundada no século XIX. Em
1944, instala-se um Alambique no Caquende que sobreviveria até 1971, registrando-
se que no final do século ainda funcionavam as fábricas Poker e Bernardo
Rodemberg, que produziam charutos e cigarrilhas.

Em relação aos serviços urbanos, tem-se um melhoramento da iluminação pública,


precária desde o início do século XIX, mesmo com a introdução dos lampiões a
querosene em agosto de 1888, foi mais uma vez transformada em 1906, utilizando-
se iluminação a base de acetileno. Assim também em relação aos Correios,
implantado em 1912, substituindo os serviços de mensageiros e os favores dos
capitães dos navios. O telégrafo, de 1875, com ligação para Salvador, Maragogipe,
Nazaré e Santo Amaro, foi substituído pelo serviço de telefonia foi inaugurado em
1923, com pontos instalados no Paço Municipal, na casa de detenção e em
residências de nobres. Investimentos públicos de caráter estruturante foram
aplicados em Cachoeira como a construção da barragem de Pedra do Cavalo, a
cerca de 2 Km à montante da sede municipal, concluída em 1985, com objetivos
múltiplos como o abastecimento de água da Região Metropolitana de Salvador,
irrigação, geração de energia elétrica e proteção das cidades a jusante, através do
controle das enchentes (CACHOEIRA, 2004).

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 218
Anna Karla Trajano de Arruda

Por outro lado, iniciando a segunda metade do século XX, fatores internos e,
principalmente, externos fizeram com que o quadro de riqueza e desenvolvimento da
cidade mudasse completamente. Em 1940 surgiu a economia petrolífera na Bahia,
com ações produtivas concentradas nos municípios adjacentes à capital do Estado.
Sua crescente vitalidade atingiu diretamente o Recôncavo Sul e também Cachoeira,
que teve sua dinâmica econômica reduzida em função do fechamento de diversas
fábricas e do declínio das culturas açucareira e fumageira (FLEXOR, 2007). Com a
implantação da BR-324, no início da década de 30, ligando Salvador a Feira de
Santana, por sua vez, faz com que Cachoeira não seja mais o elo de comunicação
do norte de Minas ao sul do Piauí. Na década de 70, a construção da BR-101 e a
ligação, por ferry-boat, de Salvador com a ilha de Itaparica desviam da cidade todos
os trajetos rodoviários até então efetuados com a região sul do Estado. Enfim, a
navegação e a ferrovia que foram, no passado, os meios de comunicação e forças
motrizes do desenvolvimento de Cachoeira foram encerrados definitivamente em
1967, passaram a ser superados pelo incremento do transporte rodoviário.

Frente a essa conjuntura, a cidade entra em decadência com a estagnação de sua


economia, perda de população e consequente processo de degradação do seu
patrimônio em função do abandono e arruinamento ao que ficaram sujeitos os seus
bens.

7.3 Medidas Governamentais para Preservação do Sítio Histórico de


Cachoeira

Na década de 1960, o panorama mundial evidenciava o interesse de diversos


organismos internacionais, no tocante à proteção do patrimônio histórico e cultural
existente no mundo. Ao mesmo tempo, havia tendências de uma forte expansão do
turismo, no plano internacional, estando o Brasil em condições desfavoráveis em
relação a outros países da América Latina, mesmo a despeito do seu forte potencial
com dotações naturais, e a sensível melhoria de sua infraestrutura, como, por
exemplo, o desenvolvimento dos transportes. Diante desse cenário, o país passou a
valorizar as diversas modalidades de turismo e, naquela década, foi criada a
Empresa Brasileira de Turismo (EMBRATUR), em 1966. O SPHAN foi reestruturado

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 219
Anna Karla Trajano de Arruda

e transformado em IPHAN, em 1969. No plano estadual, em 1961, foi criado o


Conselho do Patrimônio Histórico e Artístico da Bahia, em sintonia com o plano
federal, e a Empresa de Turismo da Bahia S/A (BAHIATURSA), em 1968.

No tocante especificamente ao Recôncavo Sul da Bahia, região em que se insere


Cachoeira, estudos anteriores desenvolvidos por uma comissão do Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID), composta de órgãos como o Instituto
Latino-Americano de Planificação Econômica e Social (ILPES), a Organização
Panamericana de Saúde (OPAS), a Superintendência de Desenvolvimento do
Nordeste (SUDENE) e o Banco do Nordeste do Brasil (BNB), em seu relatório final
recomendaram a criação do Conselho de Desenvolvimento do Recôncavo da Bahia,
atual Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (CONDER).
Nesse mesmo relatório, a comissão que indicou o turismo como uma das atividades
estratégicas e de extrema relevância para o desenvolvimento socioeconômico da
região, destacou também Cachoeira que, ao lado de Salvador, capital do estado,
constituía-se como área importante diante do valor histórico, cultural e artístico de
seu patrimônio arquitetônico.

Diante dessa evidência, a partir de 1971 foi elaborado o Plano de Turismo do


Recôncavo, revelando a preocupação do Governo do Estado com a questão do
desenvolvimento econômico e social da região, haja vista que, nesse período,
conforme destacou-se anteriormente, o declínio econômico de Cachoeira já era
bastante acentuado. Esse plano propunha-se a oferecer subsídios com vistas à
elaboração de diretrizes para a área do turismo regional, baseando-se em
indicadores que apontavam para seu efetivo crescimento nos âmbitos nacional e
internacional. Cachoeira, incluída entre as cidades potenciais para a atividade
estratégica do turismo, fora tombada em 1971, ano dos preparativos para a
comemoração do sesquicentenário da Independência do Brasil, pelo seu passado
histórico e pela imponência de sua arquitetura barroca, através do IPHAN, sob o
título de Conjunto Arquitetônico e Paisagístico de Cachoeira, sendo inscrito no Livro
de Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico sob o nº 49, e foi distinguida com
o título de "Cidade Monumento Nacional", pelo Decreto Federal no 68.045, de 13 de
janeiro de 1971, pelo presidente Emílio Garrastazu Médici.

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 220
Anna Karla Trajano de Arruda

Em seguida, foi assinado um convênio pelo Ministério da Educação e Cultura,


Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e a Universidade Federal da
Bahia, representada pela Faculdade de Arquitetura, quando foram feitos estudos
para revalorização da sede do município e restauração em parte do seu conjunto
arquitetônico. Portanto, o documento presidencial que lhe outorgou o título previa
medidas efetivas para restabelecer a vitalidade econômica do município, visto que
se dirigia para a rota do turismo cultural com a restauração e utilização do seu
patrimônio arquitetônico. Com vistas a cumprir tal propósito, Cachoeira foi inserida
no Programa Integrado de Reconstrução das Cidades Históricas (PCH),
implementado pelo governo federal no período de 1973 a 1983, já mencionado no
Capítulo 6.

Muito embora até hoje não haja uma delimitação oficial do seu perímetro, na área
que encerra núcleo original da cidade, foram tombados isoladamente 27 bens
imóveis (Quadro 23), que junto com os povoados quilombolas e os terreiros de
Candomblé formam o seu patrimônio material. Além disto, Cachoeira possui também
importante patrimônio imaterial reconhecido internacionalmente, como a Irmandade
da Boa Morte, como as chulas e as filarmônicas, entre outros.

Quadro 23 - Bens imóveis tombados isoladamente pelo IPHAN em Cachoeira - BA


O
N DE
TIPOLOGIAS DENOMINAÇÃO
TOMBAMENTO
Capela de Nossa Senhora da Ajuda 198-T-39
Capelas Capela do Engenho Velho 231-T-40
Capela do Hospital de São João de Deus 248-T43
Casa de Oração da Ordem Terceira do Carmo 181-T-38
Casa a praça Dr. Aristides Milton, onde se reuniam os
200-T-39
partidários da Independência
Casa à rua Benjamin Constant nº1 243-T-41
Residências
Casa à rua Benjamin Constant nº 17 ou Casa na Ladeira da
244-T43
Cadeia
Casa à rua Ana Nery nº 4 246-T – 41
Casa à rua Benjamin Constant nº 2 249-T-41
Igreja do Seminário de Belém 122-T-38
Igreja e Convento do Carmo 182 -T38
Igreja da Ordem Terceira do Carmo 181-T-38
Igrejas Matriz de Nossa Senhora do Rosário 198-T-39
Igreja e Ruínas do Convento de Santo Antônio do
280-T-41
Paraguaçu
Matriz de Santiago 575-T-58

sítio histórico da cidade de Cachoeira - Bahia, Brasil


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 221
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O
N DE
TIPOLOGIAS DENOMINAÇÃO
TOMBAMENTO

Prédio à rua Sete de Setembro nº 34 201-T-39


Prédio da rua Ana Nery nº 1 203-T-39
Prédio á praça da Aclamação nº4 ou Museu Regional 204-T-39
Prédios
Prédio à rua Ana Nery nº 7 205-T-39
Prédio à rua Treze de Maio nº 13 268-T-41
Prédio do antigo Engenho Vitória 284-T-41
Sobrado à rua Ana Nery nº 2 245-T-41
Sobrados Sobrado à rua Ana Nery nº 25 247-T43
Sobrado do Engenho Embiara 269-T-41
Chafariz Chafariz da praça Dr. Aristides Milton 199-T39
Jardim Jardim do Hospital São João de Deus 202-T-39
Espaço Cívico Paço Municipal, Casa de Câmara e Cadeia 199-T-39

Fonte: Brasil (2005).

A profunda crise financeira que se abateu sobre o país na década de 1980 impediu a
continuidade do PCH, que só foi retomado em 1999, com a implantação do
Programa Monumenta, financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento e
apoiado tecnicamente pela UNESCO. A proposta foi de agir de forma integrada,
promovendo obras de restauração e recuperação dos bens tombados e imóveis
privados, localizados em 26 (vinte e seis) sítios históricos tombados 36. Objetivo a ser
alcançado com a geração de recursos para o equilíbrio financeiro das atividades
desenvolvidas e que mantenham conservados os imóveis da área do projeto,
tornando mais fácil a manutenção das características originais dos bens, sem que
fossem necessários futuros aportes de recursos públicos. Uma das estratégias para
atingir essa meta foi estabelecer novos usos para os imóveis e monumentos
recuperados. Além disso, o Monumenta também contemplou atividades de
capacitação de mão-de-obra especializada em restauro, formação de agentes locais
36
As cidades escolhidas para participar do Programa Monumenta de acordo com a
representatividade histórica e artística, levando em consideração a urgência das obras de
recuperação. Foram: Alcântara (MA), Belém (PA), Cachoeira (BA), Congonhas (MG), Corumbá
(MS), Diamantina (MG), Goiás (GO), Icó (CE), Laranjeiras (SE), Lençóis (BA), Manaus (AM),
Mariana (MG), Natividade (TO), Oeiras (PI), Olinda (PE), Ouro Preto (MG), Pelotas (RS), Penedo
(AL), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Cristóvão (SE), São
Francisco do Sul (SC), São Paulo (SP), Serro (MG). Entre o acervo selecionado estão centenas
de monumentos como museus, igrejas, fortificações, casas de câmara e cadeia, palacetes,
conjuntos escultóricos, conventos, fortes, ruas, logradouros, espaços públicos e edificações
privadas em todas as áreas tombadas pela União.

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 222
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de cultura e turismo, promoção de atividades econômicas e programas educativos,


do necessário envolvimento e responsabilidade da comunidade.

Especificamente em Cachoeira, a área total do projeto corresponde a


aproximadamente 10,5 ha (Figura 76), estimando-se um total de 1.200 domicílios,
correspondendo a cerca de 6.000 habitantes. Os imóveis apresentavam-se em um
estado geral de conservação regular, havendo, todavia, alguns em estado de ruína.
Perfazendo um total de R$ 37.600.000,00, investidos entre 2003 e 2009, foi um dos
municípios que mais recebeu recursos do Monumenta (DIOGO, 2009), utilizados na
recuperação dos seguintes bens:

 Obras em Monumentos (17 imóveis):


- Capela Nossa Senhora D’Ajuda
- Conjunto do Carmo, Igreja da Ordem Primeira e Casa de Oração da Ordem
Terceira
- Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário
- Paço Municipal (Casa de Câmara e Cadeia)
- Casa natal de Ana Nery (rua Ana Nery n° 7)
- Imóvel da rua Benjamin Constant n° 17
- Imóvel da rua Ana Nery n° 2
- Imóvel da rua Sete de Setembro n° 34
- Imóvel da rua 13 de Maio n° 13
- Imóvel da rua Ana Nery n° 25,
- Imóvel da praça da Aclamação n° 4,
- Igreja do Rosarinho e Cemitério dos Pretos,
- Igreja Nossa Senhora do Monte,
- Quarteirão Leite Alves,
- Nova sede da Fundação Hansen

 Obras em Imóveis Privados (28 imóveis):


- Hotel Colombo
- Conjunto de Sobrados da Santa Casa Misericórdia
- Sobrados da Praça da Aclamação
- Sobrados da Praça do Mercado

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 223
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Figura 76 - Mapa com delimitação da área de atuação do Programa Monumenta, Cachoeira - BA

Fonte: LCAD (2013). Elaboração: Agenor Simões e Alessandro Costa.

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 224
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No montante acima indicado, incluem-se também investimentos com obras em


espaços públicos em logradouros de Cachoeira e orla de São Félix como o
embutimento da fiação elétrica; projetos como oficinas de marcenaria e pintura
artística na Escola Belém de Cachoeira; cursos de guias de turismo; qualificação de
mão-de-obra em carpintaria, estucaria, cantaria e ferraria; promoção cultural de
festas tradicionais como a Festa da Boa Morte e ações voltadas ao patrimônio
imaterial como o plano de salvaguarda do Samba de Roda do Recôncavo Baiano.

Quanto a novas dinâmicas de desenvolvimento local, na primeira década dos anos


2000, destaca-se a articulação do Monumenta com o Ministério da Educação para a
implantação da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Criada pela
Lei no 11.151 de 29 de julho de 2005, a UFRB oferece 31 cursos de graduação, 10
cursos de mestrado, 2 cursos de doutorado, distribuídos a partir de uma
configuração multicampi entre quatro cidades, a saber:

 Cruz das Almas, com o Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas (CETEC);

 Santo Antônio de Jesus, com o Centro de Ciências da Saúde (CCS);

 Amargosa, com o Centro de Formação de Professores (CFP), e

 Cachoeira, com o Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL).

Para abrigar as instalações do CAHL, foi revitalizado o conjunto de casarões do


Quarteirão Leite Alves que encontravam-se em estado de arruinamento. O CAHL
oferece 8 cursos de graduação, 2 cursos de especialização e 1 curso de mestrado
(Figura 77). Quando estiver com todos os cursos plenamente ativos, tem prevista
uma população acadêmica de 2.120 estudantes, 260 professores e funcionários
(UFRB, 2009). Hoje, são contabilizados um total de 1.774 estudantes, com 355 de
37
vagas ociosas (20% das vagas ofertadas não foram preenchidas) . Dos estudantes
matriculados 1065 (60%) moram fora do perímetro da cidade, o mesmo ocorrendo
com os professores, só que em maior proporção 207 (80%). Essa dinâmica, apesar
de aparentemente estar estimulado a economia local com a abertura de novos

37 a
Dados apresentados pela diretora do CAHL, Prof Georgina Gonçalves em palestra proferida em
22 de agosto de 2012, no Auditório Mastaba da FAUFBA.

sítio histórico da cidade de Cachoeira - Bahia, Brasil


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 225
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bares, restaurantes, lojas, pousadas, hotéis e outros estabelecimentos, estão


resultando em fortes pressões sobre o sítio histórico e seu conjunto arquitetônico.

Figura 77 - Centro de Artes, Humanidades e Letras da UFRB


(antiga fábrica Leite Alves e imóveis adjacentes), Cachoeira - BA

Fonte: Fotografia de Carlos Augusto e Guto Jads. Disponível em: <http://cachoeiraexpansao.


blogspot.com.br/2010/05/cachoeira-ufrb-promove-forum-para.html>. Acesso em: 20 maio 2013.

7.4 Planejamento Local para Preservação e Gestão do Sítio Histórico de


Cachoeira - Plano Diretor Urbano

7.4.1 Antecedentes

Como discutido no tópico 7.3, a partir da década de 1970, o governo estadual


estabeleceu o turismo como uma de suas prioridades e para a qual foram definidas
as grandes políticas, estratégias e programas através do Plano de Turismo do
Recôncavo. Dentro de uma visão economicista, foi estabelecido como objetivo geral
a preservação e valorização do patrimônio artístico, histórico, cultural e natural da
Bahia, como elementos essenciais na qualificação do produto turístico do Estado.
Indo ao encontro dessa política, tem-se a criação do PCH, com o objetivo de

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 226
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revitalizar monumentos históricos e criar infraestrutura turística em diversas cidades


brasileiras com sítios históricos tombados, dentre as quais Cachoeira.

Nesse contexto, o Ministério da Educação e Cultura (MEC), em julho de 1976,


estabeleceu um convênio de caráter multi-institucional para a elaboração do
Programa de Desenvolvimento Integrado da Cidade Monumento de Cachoeira
(PRODESCA). O aspecto multi-institucional do PRODESCA caracterizou-se pela
participação de instituições das três esferas governamentais e algumas entidades
privadas, das quais coube a UFBA o papel de unidade executora do Programa,
representada pela Faculdade de Arquitetura. Como principais atores do convênio,
figuraram: na esfera federal, o IPHAN como representante do MEC; em nível
estadual, a Fundação do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (FPACBA, atual
Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia - IPAC), e a BAHIATURSA; e no
âmbito local, a Prefeitura Municipal de Cachoeira e a Santa Casa de Misericórdia.

Em seu escopo, o PRODESCA tinha como meta "[...] a simultânea restauração do


físico monumental e o desenvolvimento sócio-econômico e cultural com força
equivalente, ou maior, àquela existente no passado da cidade." (cf. MEC/PDI -
Cachoeira, 1976 item 1.4.1). Para isso, tinha uma abordagem multissetorial
integrada, haja vista que propunha atuar em um número crítico de setores, como
saúde, educação, sistema de administração pública, sistema produtivo e mercado, e
criar fatores infraestruturais, como estradas, comunicação e energia elétrica. Cita
como ações previstas para atingir seus objetivos:

 a complementação do Plano Diretor da Cidade de Cachoeira;

 a complementação do Levantamento Cadastral dos Monumentos de


Cachoeira e projetos especiais para a recuperação daqueles considerados
mais valiosos;

 a descoberta de novas fontes e preservação de informações históricas


atualmente (à época) conhecidas;

 a incentivo à pesquisa das obras artísticas existentes;

 o estímulo ao desenvolvimento da criatividade artística;

sítio histórico da cidade de Cachoeira - Bahia, Brasil


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 227
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 a difusão do significado da Arte Barroca de Cachoeira, entre a população em


geral e, principalmente, entre os jovens que se destinem profissão de guias
turísticos;

 a formação de recursos humanos e organização de prestação de serviços no


setor de saúde, com o estabelecimento de programas de medicina
simplificada nas áreas urbanas e rurais;

 a propagação da tecnologia e a formação dos recursos humanos necessários


ao estabelecimento de pequenas empresas, e

 a assessoria em administração aos órgãos públicos municipais, as pequenas


empresas privadas já estabelecidas ou recém criadas e às cooperativas
urbanas e rurais.

A FAUFBA capitaneou a execução desse convênio, em virtude das pesquisas


históricas que o Centro de Estudos de Arquitetura na Bahia (CEAB) já realizava
sobre a cidade desde 1968. O trabalho constou de um inventário preliminar das
áreas prioritárias, com documentação fotográfica de todos os imóveis e informações
sucintas sobre os mesmos. Na sequência, o CEAB, em 1969 e 1970, através de
atividades desenvolvidas no âmbito da disciplina de Arquitetura no Brasil, ministrada
na FAUFBA, manteve e desenvolveu o seu interesse por Cachoeira, inclusive
fornecendo oportunos subsídios para a Indicação 08/69 - Projeto Cachoeira,
aprovada pelo Conselho Estadual de Cultura, em 14 de outubro de 1969, em que
consta:
I - Que o Conselho Estadual de Cultura elabore um
Programa de estudos e pesquisas sobre a Cidade de
Cachoeira e sua área de influência, a serem executados,
mediante Convênios, preferentemente assinados entre o
Governo do Estado - Secretaria de Educação de Cultura e
órgãos universitários específicos, visando ao conhecimento
integrado da gênese e da evolução da cidade e sua região,
no sentido de propiciar elementos ao Poder Público para, de
um lado, resguardar a herança cultural recebida das
gerações pretéritas em suas manifestações autênticas e, de
outro, possibilitar o desenvolvimento regional.

Em abril de 1971, Prof. Américo Simas Filho - Coordenador do CEAB, em


companhia do Prof. Mario Mendonça de Oliveira, então Diretor da Faculdade de
Arquitetura, foram até o Reitor Roberto Santos, a quem expuseram a ideia de

sítio histórico da cidade de Cachoeira - Bahia, Brasil


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 228
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realizar dois empreendimentos que iriam ao encontro a Indicação 08/69 e seriam da


maior valia, sob os auspícios da UFBA, a saber:

1 - Publicação do I Volume dos Documentos do Arquivo


Público Municipal de Cachoeira, iniciativa de alta
significação;
2 - Preparação da planta semi-cadastral de Cachoeira38,
pois o Mapa-Básico é fundamental para qualquer trabalho
de defesa da Cidade-Monumento Nacional, em
consequência a justo e oportuno decreto federal.

O Reitor acolheu favoravelmente as proposições e com o consentimento do Sr.


Ariston Mascarenhas, então prefeito de Cachoeira, o trabalho foi levado a cabo. Em
cumprimento ao primeiro ponto foi publicada, em 1973, a obra "Termos de
Arrematação de Obras da Cachoeira 1758-1781" (SIMAS, 1973). No que toca a
planta semi-cadastral, esta foi concluída em um momento posterior, no âmbito do
PRODESCA.

Outro fato importante foi o convênio firmado com o IPHAN, em 1972, no qual ficou o
Departamento III da FAUFBA encarregado da elaboração do Plano Urbanístico de
Cachoeira, enquanto o CEAB ficou responsável pelos estudos da Evolução Histórica
da Cidade. O Departamento III da FAUFBA confiou ao Grupo de Restauração e
Renovação Arquitetônica e Urbana (GRAU) a realização do Plano Urbanístico. Para
o cumprimento de suas atribuições, o GRAU buscou a colaboração de outros órgãos
da UFBA, especialmente o Departamento de Geografia do Instituto de Geociências,
que realizou as análises referentes ao meio físico e socioeconômico da cidade e de
seu território. Os estudos tiveram início em janeiro de 1973, após a liberação dos
recursos, sob a coordenação do arquiteto e professor Paulo Ormindo David de
Azevedo.

Logo após iniciado o PRODESCA, já em 1976, no âmbito do Programa foi publicado


o volume intitulado "Plano Diretor", com os resultados dos trabalhos realizados pelo
GRAU e pelo CEAB. Esse volume traz como conteúdo:

 Plano Urbanístico de Cachoeira


- Explicação

38
Infelizmente, não obteve-se êxito durante o levantamento bibliográfico quanto à identificação da
planta semi-cadastral de Cachoeira, citada no texto.

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 229
Anna Karla Trajano de Arruda

 Análise da Realidade Urbana


- Introdução

 Projeto: Plano Diretor da Cidade de Cachoeira


- Subprojeto: O espaço geográfico de Cachoeira
- Subprojeto: Introdução ao estudo da evolução urbana

 Projeto: Recuperação Física da Cidade Monumento de Cachoeira


- Subprojeto: Estudo Sócio-Econômico

O estudo da evolução urbana de Cachoeira iniciado no "Subprojeto: Introdução ao


estudo da evolução urbana", abrange os séculos XVI, XVII e XVII, descrevendo
desde o povoamento do território ao apogeu do desenvolvimento urbano da cidade,
condizentes com o contexto socioeconômico e político da época. Salvo algumas
considerações feitas no item "Subprojeto: o espaço geográfico de Cachoeira", não
foi identificado nesse volume a proposição de diretrizes urbanísticas ou de qualquer
outra ordem que fossem, para cumprir a meta traçada pelo PRODESCA.

Em 1979, foi publicado, sob o título de “Introdução ao Estudo da Evolução Urbana:


Cachoeira nos Séculos XIX e XX”, um segundo volume em que é relatado o final do
apogeu da cidade, o início do seu declínio e a sua decadência. Ao final, apresenta
elucubrações sobre as possibilidades, a época, de sua recuperação, frente às
intervenções do Governo Federal com o PCH, em convergência com o Plano de
Turismo do Recôncavo, e o Plano de Valorização de Recursos Hídricos da Bacia do
Paraguaçu, da Secretaria do Saneamento e Recursos Hídricos, no âmbito do
convênio Governo do Estado.

Importante se faz ressaltar que, as publicações resultantes do PRODESCA


constituem atualmente uma documentação sobre a cidade de Cachoeira que em
muito contribui para a sua memória, sendo também referência para os mais diversos
estudos e pesquisas, sejam de caráter histórico, sociológico, antropológico,
arquitetônico, urbanístico, a exemplo dessa tese. A documentação produzida foi
compilada e sistematizada, a partir da investigação de diversas fontes bibliográfica,
iconográficas e cartográficas, encontradas no Arquivo Público Municipal de
Cachoeira, no Arquivo Público do Estado da Bahia e no Arquivo Histórico Nacional,
dentre outros.

sítio histórico da cidade de Cachoeira - Bahia, Brasil


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 230
Anna Karla Trajano de Arruda

Fruto do criterioso trabalho realizado pelo CEAB, observa-se o uso de dados


estatísticos, fotografias e mapas ao longo de ambos os volumes sobre a evolução
urbana de Cachoeira. Os dados estatísticos, organizados em tabelas, quadros e
gráficos, têm suas fontes corretamente indicadas. As fotografias estão todas
indexadas ao longo do texto e apresentadas em anexo, assim como os mapas
temáticos em que é representada a ocupação e expansão da cidade. Considera-se
que qualquer proposta para preservação do sítio histórico deve tomar conhecimento
dessa documentação e levar em conta a sua relevância, a fim de que as
intervenções mantenham a identidade do patrimônio construído de Cachoeira.
Infelizmente, não foi o que ocorreu na elaboração do Plano Diretor Urbano (Lei
Municipal no 730/2006), como pode ser observado no tópico a seguir.

7.4.2 Plano Diretor Urbano - Lei Municipal no 730/2006

Assim como centenas de outras cidades brasileiras, em atendimento à lei federal


10.257 de 10 de julho de 2001, conhecida como Estatuto da Cidade39, Cachoeira
deveria elaborar seu plano diretor, no qual ficasse definida a política urbana a ser
adotada para promover o desenvolvimento do município, a partir daquele momento.

O Plano Diretor Urbano (PDU) de Cachoeira foi aprovada em 10 de outubro de


2006, regulamentado pela Lei Municipal no 730/2006. Para sua elaboração foi
contratado o serviço de consultoria junto à Projetos e Consultoria Ltda (PCL), que
iniciou as atividades em novembro de 2003 e entregou os produtos decorrentes da
consultoria em outubro de 2004 (CACHOEIRA, 2004). Os recursos disponibilizados
para a contratação se originaram de convênio entre a Prefeitura de Cachoeira e a
Companhia de Ação Regional (CAR), do Governo do Estado da Bahia, no âmbito do
Programa de Desenvolvimento Municipal e Infraestrutura Urbana (PRODUR).

39
O Estatuto da Cidade regulamenta o capítulo "Política Urbana" da Constituição brasileira, que
estabelece, em seu artigo 41, que todas as cidades com mais de 20.000 habitantes (inciso I) ou
aquelas integrantes de áreas de especial interesse turístico (inciso IV) devem obrigatoriamente ter
um plano diretor, tendo por princípios básicos o planejamento participativo e a função social da
propriedade.

sítio histórico da cidade de Cachoeira - Bahia, Brasil


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 231
Anna Karla Trajano de Arruda

De abrangência municipal, foram pesquisados e analisados os aglomerados urbanos


cujos critérios adotados pela consultoria foram sedes distritais e localidades com
mais de 500 habitantes, com relevância turística, ambiental, econômica ou histórica,
especificamente: o distrito de Cachoeira, o distrito de Iguape, o distrito de Belém, a
localidade de São Francisco do Paraguaçu, a localidade de Acutinga, e a localidade
de Capoeiroçu.

Ao longo do processo de elaboração do PDU, a PCL apresentou como produtos três


relatórios técnicos, conforme descrito no Quadro 24.

Quadro 24 - Síntese do conteúdo dos Relatórios Técnicos da PCL para o PDDU de Cachoeira

PRODUTO DESCRIÇÃO

Trata do diagnóstico da realidade municipal, dividido em seis capítulos:


. o Capítulo 1, traz a descrição do processo de mobilização junto aos diversos
seguimentos sociais para o processo participativo e os resultados das consultas
públicas, em que houve a definição do escopo do Plano Estratégico, do Projeto
de Cidade e do Pacto Territorial, produtos parciais que compõem esse PDU.
. os Capítulos 2, 3, 4 e 5, respectivamente, apresentam estudos temáticos
quanto aos cenários geo-ambiental, histórico-cultural, atividades turísticas e
econômicas do município.
Relatório . o Capítulo 6, consiste de estudos urbanísticos, desde a caracterização físico-
Técnico 1
ambiental até os exercícios analíticos (grifo nosso), integrando todas as
disciplinas e consolidando os cenários apresentados nos capítulos anteriores, a
partir da análise dos seguintes aspectos: Localização, Acessos e sistema viário,
Pavimentação, Energia e iluminação, Saneamento (água, esgoto e drenagem),
Zoneamento ambiental (declividades do relevo, corpos d'água, áreas verdes,
entre outros), Uso do solo, Praças, Equipamentos sociais e Tipologias
habitacionais. Tais estudos formam a principal base de informações necessárias
para o desenvolvimento do Plano Diretor, principalmente o Partido Urbanístico e
o Modelo de Desenvolvimento Espacial.

Formado por quatro volumes a saber: Volume I – Participação da Comunidade


Relatório e Diagnósticos Focalizados; Volume II – Desenvolvimento Municipal; Volume III
Técnico 2 – Ordenação Espacial das Aglomerações Urbanas; e Volume IV – Caderno
Especial Patrimônio Histórico).

Trata da legislação municipal, apresentando as minutas de projetos de lei e


seus respectivos anexos, para: a Lei Orgânica do Município; a Lei do Plano
Diretor Urbano; a Lei do Código de Obras; a Lei do Parcelamento do Solo
Relatório
Técnico 3 Urbano; a Lei de Preservação do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Cultural e
Turístico do Município; a Lei do Código de Meio Ambiente; e a Lei de
Regulamentação da Progressividade do Imposto Sobre a Propriedade Predial e
Territorial Urbana - IPTU.

Fonte: Cachoeira (2004).

sítio histórico da cidade de Cachoeira - Bahia, Brasil


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 232
Anna Karla Trajano de Arruda

A PCL coloca como preâmbulo que na elaboração de Planos Diretores Urbanos


existe a predefinição de objetivos e orientações metodológicas que "[...] reforça o
referencial conceitual dos trabalhos, deixando claro o que se quer dos planos
diretores, dividindo em duas as áreas de trabalho essenciais: a que recorre ao
planejamento estratégico e aquela voltada para o planejamento físico-ambiental. Na
primeira, predomina a participação, calcada na vivência dos cidadãos/moradores. Na
segunda, predomina a técnica, baseada em informações secundárias e análises
espaciais.” No que toca a essa segunda questão, a empresa consultora ressalta
como um dos seus papéis "[...] construir um produto final tecnicamente consistente e
exequível, legitimado pela participação popular, tornando-o capaz ainda de
reproduzir e concretizar os anseios e interesses da coletividade local."

Fortes críticas foram feitas por pesquisadores e profissionais da área tanto ao


processo de sua elaboração quanto ao produto final apresentado, principalmente no
que toca as questões de planejamento físico-ambiental e participação popular. Para
entender melhor os fatos, buscou-se o depoimento de técnicos da 7a
Superintendência Regional do IPHAN - (7a S.R./IPHAN) que atuavam na época,
notadamente o então superintendente, o arquiteto Eugênio de Ávila Lins e o
arquiteto Nivaldo Vieira de Andrade Junior, que atuou na revisão do Plano. A seguir,
são apresentados aspectos dos seus relatos.

Em julho de 2006, um grupo de representantes da sociedade civil de Cachoeira


solicitou à 7a Superintendência Regional do IPHAN, responsável pela atuação do
órgão no Estado da Bahia, colaboração no processo de análise e discussão das
minutas de lei que compunham o PDU de Cachoeira, pois notou que as minutas de
lei apresentavam diversos equívocos e falhas, tanto no que se referia à
compreensão dos problemas e potencialidades existentes nos núcleos urbanos do
município quanto em relação às diretrizes estabelecidas. A legitimidade desse grupo
foi reconhecida pela Câmara Municipal de Cachoeira, e passou a se chamar
Comissão Pró-Revisão do Plano Diretor Urbano de Cachoeira - CPR-PDU.

Atendendo ao pleito, o Superintendente disponibilizou uma equipe de técnicos do


IPHAN com as mais diversas formações (arquitetos-urbanistas, antropólogos,
sociólogos, entre outras). Esta equipe realizou reuniões abertas na sede do

sítio histórico da cidade de Cachoeira - Bahia, Brasil


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 233
Anna Karla Trajano de Arruda

Escritório Técnico do IPHAN em Cachoeira, que eram divulgadas durante as


audiências públicas realizadas pela Câmara de Vereadores, nas quais os técnicos
do IPHAN buscavam decodificar a linguagem técnica do PDU para termos mais
acessíveis a compreensão da população em geral, ao que se seguia uma discussão
com a intensa participação de todos os presentes.

Das cinco minutas de lei que compunham o PDU de Cachoeira, a mais importante,
abrangente e complexa era inquestionavelmente a Lei do Plano Diretor Urbano, que
estabelecia as diretrizes, estratégias e objetivos que norteariam todo o
desenvolvimento urbano do município, além de definir um zoneamento para a
cidade, estabelecendo respectivos índices urbanísticos, instrumentos de política
urbana permitidos e outros parâmetros.

Muito embora a PCL apresentasse, em seus relatórios técnicos, um discurso


ressaltando à importância da participação popular no processo de planejamento
urbano, os membros da CPR-PDU não reconheciam que isso tivesse ocorrido, pois
muitas questões levantadas pela população não haviam sido incorporadas ao PDU.
Ao que parece, as audiências públicas realizadas durante o processo de elaboração
do PDU visavam tão somente uma legitimação do plano com o intuito de dar-lhe um
caráter participativo, mas sem de fato ter havido legitimidade no processo.

Durante o processo de revisão do PDU de Cachoeira foi constatado que a minuta


apresentava vários equívocos, tanto na percepção espacial da cidade-sede e dos
distritos como nas diretrizes apresentadas; ao longo do texto, a impressão é de que
se trata de um PDU genérico, aplicável a qualquer cidade e que desconsidera
completamente as especificidades de Cachoeira, segundo afirma o arquiteto Nivaldo
Andrade, acrescentando ainda que "[...] isto fica evidenciado pelo total
desconhecimento (ou ausência de compromisso) com a condição de patrimônio
nacional da cidade de Cachoeira e que, embora encontre-se protegida em nível
federal, nunca houve qualquer delimitação, por parte do IPHAN, de zonas de
proteção rigorosa, zonas de proteção simples ou de quaisquer outras zonas no que
se refere à preservação do conjunto tombado." A minuta da Lei do PDU citava tal
zoneamento em seu artigo 31, inciso III:

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 234
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[...] considera-se o zoneamento de proteção do patrimônio histórico e


arquitetônico efetuado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (IPHAN), o qual abrange na íntegra toda a área formal da
Cidade, localizada abaixo do sopé das encostas, e identifica áreas de
proteção rigorosa, a qual [sic] abrange todo [sic] a área central da
Cidade, além de um conjunto de áreas em seu entorno, definidas como
áreas de proteção simples.

Tal indicação foi também proposta no “Anexo IV da Lei do Plano Diretor Urbano –
Desenvolvimento Espacial – Modelagem Urbana – Cachoeira”, onde na planta
intitulada “Zoneamento”, consta uma “Zona do Centro Histórico – Proteção Rigorosa”
reduzida a uma pequena mancha do tecido urbano, e uma “Zona Mista –
Preservação Simples”, correspondente a outra ainda menor. A questão torna-se
ainda mais grave, chama a atenção o arquiteto Nivaldo Andrade, pois não foram
definidos índices urbanísticos para a “Zona do Centro Histórico”, o que é
fundamental para preservar a configuração arquitetônica e paisagística responsável
pelo tombamento de Cachoeira como patrimônio nacional.

Outro exemplo que se destaca é a clara discrepâncias em termos de zoneamento e


estabelecimento de parâmetros urbanísticos para as áreas definidas como “Zona
Especial de Interesse Social”, “Zona de Hotelaria de Grande Porte” e “Zona de
Território de Culto Afro”, em uma clara ameaça à boa prática urbanística, à
qualidade ambiental urbana e à preservação do sítio tombado. Os índices definidos
para “Zona Especial de Interesse Social”, se aplicados, poderiam provocar um
processo de favelização de uma significativa parte do sítio tombado. Em relação as
“Zonas de Hotelaria de Grande Porte”, são propostas em trechos de massa verde da
encosta, o que causaria um grande impacto ambiental e transformaria radicalmente
a paisagem urbana, haja vista que a vegetação ali existente é fundamental e
funciona como cenário para o conjunto edificado. No que toca a “Zona de Território
de Culto Afro”, os terreiros de candomblé acabariam por se tornar simples elementos
de atração turística, sofrendo uma completa descaracterização de sua
espacialidade.

O arquiteto Nivaldo Andrade observa também que os técnicos da PCL deixaram de


lado aspectos importantes, como o "desvio ferroviário" de Cachoeira e São Félix,
cujo projeto foi elaborado contemporaneamente ao PDU pelo Departamento

sítio histórico da cidade de Cachoeira - Bahia, Brasil


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 235
Anna Karla Trajano de Arruda

Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), do Ministério dos Transportes. De


acordo com Nivaldo Andrade, o projeto do "desvio ferroviário" causa grandes
interferências na infraestrutura urbana da sede do município, interromper vetores de
expansão urbana como a Ladeira da Cadeia e, principalmente, desconsiderar o
impacto ambiental e paisagístico que a implantação do mesmo provocará em
ambas as cidades.

Após a análise técnica acima descrita, uma 2 a minuta da Lei do PDU foi elaborada
pela CPR-PDU e pelos técnicos do IPHAN, retificando os vários equívocos
encontrados na 1a minuta, e contemplando as diversas contribuições coletadas nas
reuniões e audiências públicas. A nova minuta da Lei foi entregue e apresentada à
Câmara de Vereadores de Cachoeira e à população em geral, em reunião aberta
realizada na sede do Legislativo Municipal, em de 5 de outubro de 2006, tendo sido
votada e aprovada, cumprindo assim os prazos estabelecidos pelo Estatuto da
Cidade.

Como já preconizava a Carta de Washington (1986), comentada na página 52, é


necessário manter uma estreita relação entre o planejamento da salvaguarda do
patrimônio histórico e o planejamento urbano do restante da cidade. Nota-se que a
legislação urbanística e as políticas públicas voltadas para preservação são
instrumentos dos mais relevantes. Nesse sentido, um PDU como de Cachoeira que,
em um primeiro momento, se apresentou cheios de falhas, equívocos e
discrepâncias, como afirma o arquiteto Nivaldo Andrade, "[...] poderia comprometer
de forma irreversível a sua configuração urbana, arquitetônica e paisagística,
perdendo o que confere a ela e a outras cidades históricas o seu valor cultural."

7.4.3 O Plano Diretor Urbano de Cachoeira e a Proposta de um Sistema


Municipal de Informações (SMI)

Outro aspecto que se quer discutir, por estar também diretamente relacionado ao
escopo dessa tese, é quanto a proposição pela PCL no Relatório 2, de implementar
um "Balcão de Informações", como ponto de partida para a implementação de um
Sistema Municipal de Informações (SMI), composto pelo conjunto de dados
coletados e processados durante a elaboração do PDU assim pelo seus produtos
sítio histórico da cidade de Cachoeira - Bahia, Brasil
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 236
Anna Karla Trajano de Arruda

finais. A finalidade da proposição do "Balcão de Informações" é assim enunciada no


texto:
O Balcão de Informações proposto será intimamente ligado ao Plano Diretor
elaborado, sendo este âncora para montagem do Sistema Municipal de
Informações, projeto mais amplo e significativo. Tal planejamento objetiva
fornecer meios que possibilitem ao Governo Municipal imprimir uma forma
de gestão que garanta uma melhoria significativa na qualidade dos serviços
e no aumento de sua eficiência operacional.

Em linhas gerais, para definir a estrutura do SMI, a consultoria faz uma explanação
sobre Sistemas de Informações Geográficas (SIG) como uma tecnologia derivada da
combinação das tecnologias CAD e Banco de Dados, citando em seu texto como
exemplo a ferramenta AutoCAD Map, da empresa Autodesk. Embora coloque como
elementos importantes do SMI as informações, a constituição e a montagem das
bases de dados, para cada um desses elementos não faz mais do que observações
superficiais, sem nenhuma recomendação mais criteriosa sobre as questões
técnicas a eles inerente, como pode-se verificar nos trechos transcritos a seguir.

INFORMAÇÃO
O grau de utilização e o potencial do sistema de geoprocessamento
dependerá dos dados inseridos no banco de dados e da possibilidade
dos mesmos serem transformados em informações. É importante
chamar a atenção para o fato de que as informações disponíveis e o seu
grau de atualização dependerão de como será alimentado o sistema. Ou
seja, é fundamental a definição de rotinas de coleta de dados para que
se traduza a realidade da forma mais fiel possível. Outro fato importante,
refere-se ao acesso a informações, que seria totalmente controlada,
fazendo com que cada tipo de cliente do sistema tenha acesso apenas a
determinados tipos de informações.

CONSTITUIÇÃO DA BASE DE DADOS


A formação de uma base de dados objetiva fornecer subsídios para se
conhecer as condições de um determinado contexto ou setor da
administração, o que será possível mediante levantamento dos dados e
informações disponíveis nos órgãos estaduais correlatos, além de
aplicação de pesquisas e cadastro específicos em campo. Os dados
levantados em escritório e em campo deverão ser consolidados e
analisados. Especial atenção deverá ser dada a análise do Plano Diretor
e as possíveis modificações decorrentes da implementação de suas
recomendações. A base de dados espacial se constitui na essência
deste projeto pois dela depende a precisão dos resultados apresentados
pelos modelos inseridos no sistema de geoplanejamento e dos produtos
derivados. Portanto, é justificável que se concentre grande parte dos
esforços a serem realizados neste trabalho na produção da base
cartográfica adequada a utilização SIG e na consistência do banco de
dados associado.

sítio histórico da cidade de Cachoeira - Bahia, Brasil


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 237
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MONTAGEM DA BASE DE DADOS


Para a montagem da Base de Dados deverão ser feitos:
. Levantamento de Dados Primários
Deverão ser levantadas informações nos órgãos oficiais (IBGE, SEI,
Secretarias de Governo, etc.), planos e projetos existentes, implantados
ou em fase de implantação. Os dados coletados serão sistematizados,
consolidados e analisados para que seja planejada a sua inserção no
sistema.
. Cadastramentos
O cadastro dos elementos físicos (de caráter essencialmente espacial) é
fundamental para o geoplanejamento, pois eles servem de referência
para espacialização dos dados coletados nas demais etapas da
montagem do Sistema de Informações Municipais. Uma inconsistência
na qualidade desta informação comprometeria todo o processo e
consequentemente a qualidade dos produtos finais apresentados pelo
sistema. Por este motivo devem ser utilizados os recursos tecnológicos
mais adequados a cada situação: registro fotográfico, cadastro de
campo, posicionamento por satélite, etc. garantindo a integridade da
informação.
. Pesquisas Qualitativas e Quantitativas
Esses elementos subsidiarão a criação de sistemas de indicadores,
capazes de oferecer informações para controle de diversos programas e
projetos, tornando o gestor apto a tomar decisões e gerar diretrizes e
ações adequadas para alcançar os resultados esperados.

Os únicos pontos que tangenciam a questão técnica são o que toca nos
procedimentos para montagem da base de dados, fazendo referência à digitalização
e georreferenciamento de dados; e o que toca na configuração dos recursos
computacionais necessários (hardware, software, rede de transmissão de dados)
para implementação do SMI. Acredita-se que, a época, os recursos de hardware
especificados atenderiam do desempenho desejado e estariam dentro da
capacidade de investimento da prefeitura. Quanto ao software recomendado como
ferramenta GIS, foi indicado o AutoCAD Map, sob a justificativa de que o corpo
técnico da prefeitura já possuía um conhecimento prévio da ferramenta, frente ao
uso do AutoCAD "padrão"; que teria menor custo comparado ao ArcView e melhor
performance comparado ao MapInfo e ao Spring. Ainda usa o argumento de que o
AutoCAD Map seria uma ferramenta adotada pela EMBASA e pela COELBA,
respectivamente, as concessionárias responsáveis pelos serviços de abastecimento
d'água e coleta de esgoto sanitário, e energia elétrica do Estado, identificadas como
possíveis parceiras na implantação do SMI.

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 238
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No item PRODUTO FINAL DO PDU PARA O BALCÃO DE INFORMAÇÕES, é


informado que em anexo as publicações correspondentes aos relatórios técnicos,
encontra-se "um CD contendo todos os textos e tabelas (componentes dos
cenários), bases cartográficas, mapas temáticos, cartogramas, projetos estratégicos
e legislação componentes do PDU, além de filmes e fotografias de campo e
panorâmicas (resultantes do vôo da PCL)". Tal material não foi identificado na
documentação do plano. O que acompanha o Relatório Técnico 2, é um conjunto de
11 pranchas com versão em miniatura dos dados supracitados. Sem o acesso aos
dados brutos, não é possível avaliar com mais critério a qualidade, precisão e
acurácia desses, e consequentemente também dos produtos a partir deles gerados.
A respeito dos produtos, fez-se uma análise considerando o processo de sua
elaboração descrito no corpo do Relatório, ao que se concluiu o quão superficiais
são as informações sobre a "produção da base cartográfica", sem a indicação da
fonte de aquisição de dados (órgão público ou concessionária de serviços públicos
que disponibilizou) do que é chamado de "planta urbana", do meio em que foi
disponibilizada - em digital ou analógico (em papel), e de suas características
cartográficas: feições topográficas representadas, sistema de referência, sistema de
projeção, escala, data de produção/atualização, enfim, sem qualquer metadados
indicado.

Corrobora para falta de confiabilidade do mapa base resultante, a descrição sucinta


e imprecisa quanto aos denominados "Levantamento de campo", "Levantamento
cadastral por GPS" e "Levantamento fotográfico aéreo", sem nenhuma especificação
dos métodos e equipamentos adotados na sua execução. Não sendo isto suficiente,
outros problemas do ponto de vista cartográfico foram identificados nos mapas
temáticos produzidos a partir dessa base e são colocados a seguir.

Os mapas apresentados Relatórios Técnicos 1 e 2 figuram como ilustrações para


espacializar os mais diversos temas abordados nesses relatórios, haja vista que os
principais elementos do layout cartográfico encontram-se ausentes, ou seja, não há
carimbo, orientação, malha de coordenadas, indicação da base de referência, do
sistema geodésico e de projeção, escala numérica; eventualmente, observa-se uma
escala gráfica e a legenda.

sítio histórico da cidade de Cachoeira - Bahia, Brasil


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 239
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Além disto, os relatórios são apresentados no tamanho A3, cuja diagramação ao


lado de textos e fotografias prejudica a legibilidade das informações expressas nos
mapas, como, por exemplo, os limites das regiões definidas nos Zoneamentos.
Excepcionalmente, alguns mapas que compõem os anexos do Projeto de Lei do
Plano Diretor (Relatório Técnico 3), a exemplo do sub-produto Partido Urbanístico,
são apresentados em pranchas individuais, mas também sem todos os elementos
pertinentes ao layout cartográfico.

Independente do tema, o mapa base tem apenas e tão somente as feições que
representam a malha urbana (quadras) e a hidrografia, conforme o caso, do distrito
ou localidade que está sendo estudado. Para os estudos urbanísticos que tratam de
uso do solo, equipamentos sociais e tipologias habitacionais é imprescindível a
representação das edificações. Isto é mais uma lacuna encontrada.
Especificamente, para o tema de "Avaliação do estado de conservação e das formas
arquitetônicas das edificações de Cachoeira", verifica-se uma incoerência no uso do
mapa base associado ao que se pretendia ser um mosaico fotográfico de cada face
de quadra. Esse "mosaico" é utilizado para a classificação das edificações dentre 12
classes, onde foram reunidas a um só tempo variáveis quantitativas e qualitativas
definidas em uma tabela a parte, e representadas por símbolos completamente
esdrúxulos a simbologia cartográfica conhecida. Para o distrito sede Cachoeira, o
mapa base foi dividido em 28 poligonais, sem indicação dos critérios de sua
delimitação, com o estudo temático feito por face de quadra, resultando em uma
visão fragmentada do estado de conservação do conjunto urbano.

Neste ponto, já é possível verificar que o compromisso com a técnica colocado a


princípio no discurso da consultoria é algo questionável, e que indica que deve-se
utilizar com ressalva qualquer dos produtos elaborados, não sendo adequados para
formar a base de dados de um sistema de informações com foi proposto a princípio.

Por fim, entende-se que foi perdida uma grande oportunidade de prover o município
de um instrumento com dados e informações relevantes a serem utilizadas na
análise de processos de intervenções no seu conjunto arquitetônico e urbanístico,
seja pela própria prefeitura, seja pelo o IPHAN e o IPAC. E mais, estabelecer uma
maior interação com a população, que teria um meio mais efetivo de conhecimento
das possibilidades de conservação do patrimônio em solicitações como projetos de

sítio histórico da cidade de Cachoeira - Bahia, Brasil


Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 240
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reforma, tombamento, assistência técnica e, principalmente, para participar dos


processos decisórios em relação ao planejamento e gestão da cidade como um
todo.

Uma vez conhecido o domínio da aplicação explicitado no Capítulo 6 e as


características do sítio histórico de Cachoeira aqui apresentadas, tem-se o Capítulo
8, a seguir, o desenvolvimento do HIS Cachoeira.

sítio histórico da cidade de Cachoeira - Bahia, Brasil


Capítulo 8
IMPLEMENTAÇÃO DE UM
HERITAGE INFORMATION SYSTEM PARA
O SÍTIO HISTÓRICO DE CACHOEIRA -
HIS CACHOEIRA
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 242
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8 IMPLEMENTAÇÃO DE UM HERITAGE INFORMATION SYSTEM


PARA O SÍTIO HISTÓRICO DE CACHOEIRA - HIS CACHOEIRA

Considerando o modelo conceitual do HIS concebido para os sítios históricos da


Bahia e as características específicas do conjunto arquitetônico e paisagístico de
Cachoeira, descreve-se a seguir as etapas cumpridas na implementação do
protótipo do HIS Cachoeira, a saber:

 Elaboração da base de dados espaciais do HIS;

 Implementação das funcionalidades do HIS em ambiente desktop;

 Projeto e implementação do website para disponibilização do HIS na internet, e

 Publicação e divulgação do HIS Cachoeira.

8.1 Elaboração da Base de Dados Espaciais do HIS Cachoeira

Para a elaboração da base de dados espaciais do HIS Cachoeira, considerou-se ao


mesmo tempo, o modelo conceitual elaborado com base no CIDOC CRM e a
metodologia já consolidada para documentação arquitetônica pelo LCAD, conforme
descrita por Groetelaars (2004), Rocha (2007) e Nogueira (2010). O processo de
documentação e a consequente produção da base de dados espaciais foi efetuada a
partir da aquisição de dados cartográficos, dados descritivos e dados multimídia, que
após processados foram armazenados um banco de dados espaciais.

8.1.1 Aquisição dos Dados Cartográficos, Descritivos e Multimídia

I. Planta Cadastral Planialtimétrica do Centro Urbano de Cachoeira

A planta cadastral do Centro Urbano de Cachoeira foi disponibilizada para essa


pesquisa na forma de arquivos vetoriais do tipo CAD pela 7a Superintendência
Regional do IPHAN, denominados CachoeiraBaseOriginal_IPHAN_v14.dwg e
Base_Cachoeira.dwg.

implementação do heritage information system para o sítio histórico de Cachoeira - HIS Cachoeira
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 243
Anna Karla Trajano de Arruda

O primeiro arquivo consiste de um mosaico composto por quatro folhas, produzido


em julho de 1997, resultante da restituição de fotografias aéreas (sem referência
temporal de sua aquisição), pela empresa de aerolevantamentos FOTOMAPA, com
vistas a compor o cadastro imobiliário da cidade, conforme descrito em seu carimbo,
que está sendo considerado como única fonte de metadados do arquivo. De forma
geral, a partir do metadados de um arquivo, pode-se analisar e avaliar se os dados
atender ou não a finalidade de um projeto. Especificamente, o carimbo do arquivo
em questão não traz informações suficientes para que se tenha confiabilidade
nesses dados, pois não há nenhuma indicação do sistema de referência geodésico
em que foram produzidos, além de indicar a escala de 1:20.000, o que não é
condizente para produção de documentos cartográficos com fins cadastrais e com o
nível de detalhes das feições topográficas representadas, chegando a objetos como
postes de iluminação pública. Para esclarecer tais dúvidas, técnicos do IPHAN foram
consultados, entretanto não souberam dar maiores informações.

O segundo arquivo trata-se de uma atualização expedita do anterior, realizada em


junho de 2003, pela equipe técnica do IPHAN. Na ocasião, foram digitalizadas as
novas edificações e editados aqueles casos em que foi observado o
desmembramento ou remembramento de lotes. Essa atualização tinha como
finalidade a elaboração de mapas temáticos quanto ao uso do solo, número de
pavimentos, estado de conservação e época da construção das edificações que
compuseram estudos para delimitação de zonas com diferentes graus de proteção,
até hoje não foram concluídos. Observa-se no carimbo dessa segunda planta, a
indicação da escala de 1:2.500, alterada meramente para adequar o layout de
impressão em função do formato do papel.

Diante do exposto, discute-se que, em vista do ano de produção indicado no


carimbo, cogita-se que esta planta cadastral esteja no sistema de referência SAD 69
e projeção UTM, por ser esse o Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) oficial a época.
Contudo, seria necessário o levantamento de pontos de controle para o
georreferenciamento das plantas a esse SGB e avaliação dos resultados obtidos.

implementação do heritage information system para o sítio histórico de Cachoeira - HIS Cachoeira
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 244
Anna Karla Trajano de Arruda

Frente aos problemas acima relatados, buscou-se outra fonte de dados cartográficos
disponível. Em contato com a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais
da Bahia (SEI), que está realizando e atualizando a cobertura cartográfica do
estado, a partir de aerofotogrametria. Em virtude dos habituais problemas de forte
nebulosidade que ocorre nas áreas litorâneas do Nordeste Brasileiro, verificou-se
em março de 2011 que o recobrimento ainda não havia contemplado a cidade de
Cachoeira. Diante da desatualização da planta cadastral, e não havendo outra fonte
de dados disponível, decidiu-se então pela aquisição de imagens orbitais de alta
resolução para produção de um mapa base que atenda a finalidade do HIS
Cachoeira.

No que toca ao MDT, superfície de referência para os modelos geométricos


urbanos, esse será elaborado em um momento mais adiante, quando forem obtidos
dados altimétricos para sua produção.

II. Imagem Orbital QuickBird, 2012

Após consultas as empresas atuantes no mercado de Sensoriamento Remoto e


constatado que nenhuma possui cenas de acervo de Cachoeira, foi definida a
contratação de serviços para a aquisição por programação de uma imagem orbital
de alta resolução do satélite Worldview-2 (Digital Globe), com as bandas (Red,
Green, Blue e Infravermelho próximo), incluindo-se o processamento digital de
fusão, equalização, georreferenciamento e reprojeção do produto final ao SIRGAS
2000, para projeções geográficas e UTM.

A contratação foi efetuada em novembro de 2011, no âmbito do Programa


Permanente de Documentação do Patrimônio Arquitetônico do Estado da Bahia com
o Uso das Tecnologias Digitais, citado anteriormente, com recursos provenientes do
Edital Universal 2009 do CNPq, sob a expectativa de aproveitar a "janela de sol" do
período de verão dos meses de dezembro a fevereiro para a captura da cena.

Em virtude das altas temperaturas ocorridas no período, houve uma maior


evaporação da água e uma concentração de nuvens, dificultando o imageamento.

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 245
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Passados três meses, para aumentar as chances de aquisição da cena, aceitou-se a


alternativa de aquisição de imagens do satélite Quick Bird. Apenas no início de maio
de 2012 é que se logrou êxito no imageamento com a captura de uma cena, sem a
presença de nuvens (Figura 78). Os arquivos correspondentes a imagem raster da
cena foram entregues no formato GEOTIFF.

Figura 78 - Imagem de alta resolução da cidade de Cachoeira e arredores, capturada pelo satélite
Quick Bird, em maio de 2012

Fonte: Acervo LCAD - Imagem Quick Bird, 2012.

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 246
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III. Mapa dos Perímetros de Proteção do IPAC-BA/ SIC

Completando os dados cartográficos do mapa base, foi selecionado o mapa dos


perímetros de proteção que compõe o IPAC-BA/ SIC (Figura 79), definidos na época
pelas suas características artísticas, históricas e paisagísticas, como proposição
para um futuro zoneamento40, quais sejam:

 Grau de Proteção 1 - GP1


abrange os monumentos que devem ser conservados integralmente. Possui
uma área de aproximadamente 20 ha, e

 Grau de Proteção 2 - GP2


corresponde ao território de ambiência dos monumentos do GP1, onde
qualquer alteração em suas edificações só pode ser feita sob o controle da
autoridade competente. Tem aproximadamente 38 ha de área.

Figura 79 - Mapa da cidade de Cachoeira com delimitação dos perímetros de proteção


propostos pelo IPAC-BA/SIC

Perímetro com Grau de Proteção 1 - GP1


Perímetro com Grau de Proteção 2 - GP2

Fonte: IPAC (1982). Adaptado pela autora.

Este mapa encontra-se disponível apenas em meio analógico, impresso no tamanho


A4; não foi identificado o memorial descritivo das poligonais, que correspondem aos
perímetros, para se proceder a um desenho mais preciso das mesmas.

40
Os perímetros indicados no mapa não têm caráter normativo, fazem parte de um estudo propositivo
desenvolvido no âmbito do IPAC-BA/SIC.
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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 247
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IV. Inventários Culturais - IPAC-BA/ SIC, do INBI-SU e do INCEU

No que toca aos inventários culturais - IPAC-BA/SIC, do INBI-SU e do INCEU,


disponibilizados, foram analisadas cada uma das fichas. Frente ao grande volume
de dados previsto em cada ficha e a repetição de campos em várias delas, optou-se
por selecionar aqueles que são os mais relevantes para as análises.

Na seleção, foi considerado como critério a identificação dos campos de interesse


comuns aos órgãos estadual e federal de proteção, e, ao mesmo tempo, também
utilizados como variáveis para o planejamento urbano. Os dados selecionados
comporão os atributos das feições lotes e edificações do mapa base, quais sejam:

 Município

 Distrito

 Denominação

 Endereço

 Sobre o lote:
- dimensões aproximadas: largura e profundidade
- áreas: área ocupada e área permeável
- ocupação
- número de edificações
- fechamento do lote
 Sobre as edificações:
- uso
- número de pavimentos
- estado de conservação
- época construção
 Da proteção do bem:
- nível de tombamento
- grau de proteção IPAC
- IPAC no BR (número de cadastro do imóvel inventariado)
- inscrição no livro de tombo do IPHAN

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 248
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Para atualização dos dados dos inventários citados, foi criada uma ficha simplificada
com os campos selecionados, para ser utilizada no levantamento feito in locu, onde
basicamente foram coletados dados de uso do solo, estado de conservação e
número de pavimentos. Em relação aos demais dados acima listados, esses foram
coletados nos próprios inventários.

A coleta dos dados foi realizada com a participação de alunos das disciplinas ARQ
A46 - Planejamento Urbano e Regional (Oficina de Projeto V) e ARQ A50 – Estudos
Socioambientais, acompanhados dos seus professores Arivaldo Leão de Amorim e
Jacileda Cerqueira Santos, e ARQ A75 – Introdução ao Geoprocessamento
(ministrada pela doutoranda), todas integrantes da grade curricular do Curso de
Graduação em Arquitetura e Urbanismo (noturno) da FAUFBA. A ideia por trás da
participação dos estudantes foi unir a experiência de documentação do patrimônio
arquitetônico, desenvolvida no LCAD, de modo a dotar estas disciplinas do
conhecimento teórico e uso aplicado de seu ferramental tecnológico de última
geração, haja vista que o GIS foi adotado nessas disciplinas para desenvolvimento
de seus conteúdos.

Os estudantes receberam treinamento em sala de aula quanto ao preenchimento da


ficha e o concomitante registro fotográfico da fachada de cada edificação levantada.
Concluída a etapa de capacitação, partiu-se para o trabalho de campo, sendo a
coleta de dados realizada no período de junho a agosto de 2012. A área do sítio
histórico foi previamente subdividida pelo número de alunos e sorteada entre eles.
Em seguida, foram distribuídas fichas de cadastro simplificado, um mapa índice
constando a localização de todas as quadras da sede de Cachoeira e um mapa das
quadras que seriam levantadas por cada discente. No total, foram cadastradas
aproximadamente 2.000 (duas mil) edificações41.

V. Dados Descritivos - Cadastros Municipais

Muito embora tenham sido feitos vários contatos, no período de julho a dezembro de
2012, e solicitado oficialmente dados dos Cadastro de Logradouros (CADLOG) e do
Cadastro Imobiliário (CADIMO) à Prefeitura Municipal de Cachoeira, até então as
41
Para mais detalhes, ver Arruda; Santos; Amorim (2012).
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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 249
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únicas informações disponibilizadas foram uma listagem impressa com o nome dos
logradouros e o modelo do Boletim de Cadastro Imobiliário (BCI).

Diante disso, optou-se por incluir nos atributos das feições lotes e edificações um
campo correspondente a sua inscrição municipal, a fim de que, em momento
oportuno, possa ser usado como indexador junto a base de dados do CADIMO,
importando seus campos para o HIS. Medida semelhante tomou-se em relação aos
dados do CADLOG, para alimentar a base de dados da feição eixo de vias.

VI. Dados Multimídia

Quanto à coleta dos dados multimídias, estes foram capturados ou compilados de


fontes de diversas naturezas como documentos textuais, croquis, desenhos
arquitetônicos, vídeos, mas principalmente derivaram-se de levantamentos
fotográficos e fotogramétricos, com apoio de medição direta. Sobre cada fonte de
dados tem-se:

 Textos

Como primeiras informações textuais coletadas a compor a base de dados


multimídia do HIS Cachoeira, considera-se as próprias fichas e mapas dos
inventários culturais. Outra fonte importante são as publicações do IPHAN, como
as obras escritas ou organizadas pela Professora Maria Helena Flexor, a exemplo
do livro "O Conjunto do Carmo de Cachoeira". Também foram identificadas
monografias e dissertações, produzidas por alunos de graduação e pós
graduação, da UFBA e da UFRB. E, por fim, em agosto de 2012, buscou-se
realizar um levantamento junto ao Arquivo Público Municipal, mas infelizmente
encontrava-se em processo de reestruturação e não foi possível o acesso ao seu
acervo.

 Desenhos arquitetônicos

Em visita à 7a Superintendência Regional do IPHAN, além dos dados


cartográficos, verificou-se que em seu acervo técnico há um conjunto de desenhos
arquitetônicos (plantas, seções, elevações e detalhes construtivos)
correspondentes aos bens tombados e outras edificações que foram objetos de

implementação do heritage information system para o sítio histórico de Cachoeira - HIS Cachoeira
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 250
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revitalização através do Programa Monumenta. Esses documentos são


disponibilizados apenas impressos, sendo necessária a sua conversão para digital
e posterior compilação dos dados.

 Áudios, filmes e vídeos

A principal fonte de aquisição de dados multimídia em áudio, filmes e vídeos foi a


internet. Nela, foram encontrados material jornalístico sobre eventos culturais em
Cachoeira como o Festival de Jazz, Festival de Documentários, Festival Bahia Afro
Filme, Festa Literária Internacional de Cachoeira (FLICA), Festa da Boa Morte,
Festa de Nossa Senhora da Ajuda, entre outros, para os quais o conjunto
arquitetônico serve de cenário, criando e fortalecendo uma relação de simbiose
entre a população local, turistas e visitantes com o sítio histórico, ou seja, entre o
patrimônio edificado e as manifestações imateriais. Além disso, também foi
identificado material produzido pelo Ponto de Cultura Terreiro Cultural e outros
publicados por visitantes e turistas como forma de registrar sua passagem e
estadia na cidade, a semelhança do que faziam os viajantes em seus diários nos
séculos passados de ocupação e apogeu de Cachoeira. Mudam-se os meios, mas
a prática mesmo que intuitiva de documentação permanece. A seguir, listam-se
alguns exemplos:

 Secom Bahia - Notícias: Lula e Wagner inauguram campus da UFRB em


Cachoeira
https://www.youtube.com/watch?v=uAssLOtecio, publicado em 26 maio 2009
 Os Tincoãs - Homenagem a cidade de Cachoeira no Recôncavo Baiano
https://www.youtube.com/watch?v=WkCUnqKTc_c, publicado em 25 jan. 2010
 Andrea Rebouças - Narrativas de viagem sobre Cachoeira e São Felix
CACHOEIRA E SÃO FÉLIX 1
https://www.youtube.com/watch?v=EYu813S5Qec, publicado em 17 set. 2008
CACHOEIRA E SÃO FÉLIX 2
https://www.youtube.com/watch?v=kLgoUBWz_Yc,publicado em 18 set. 2008
CACHOEIRA E SÃO FÉLIX 3
https://www.youtube.com/watch?v=ayCT8U9g4Xg, publicado em 19 set. 2008
 Tradições Brasil - Documentários
FESTA DA NOSSA SENHORA DA BOA MORTE BLOCO 1
https://www.youtube.com/watch?v=MJjOgpTbxPc, publicado em 21 fev. 2011
FESTA DA NOSSA SENHORA DA BOA MORTE BLOCO 2
https://www.youtube.com/watch?v=1QGWDMB7ym0, publicado em 21 fev. 2011
FESTA DA NOSSA SENHORA DA BOA MORTE BLOCO 3
https://www.youtube.com/watch?v=AKGDk0iSDFI, publicado em 21 fev. 2011

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 251
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 Levantamentos fotográficos e fotogramétricos

Desde a formulação do Programa Permanente de Documentação Arquitetônica o


LCAD, vem realizando registros fotográficos periódicos do sítio histórico de
Cachoeira, onde se identificam momentos diferentes do conjunto arquitetônico
antes e depois das intervenções do Programa Monumenta sobre alguns de seus
edifícios (Figura 80). Atualmente, o acervo já conta com mais de 5.000 (cinco mil)
fotografias de Cachoeira.
Figura 80 - Programa Permanente de Documentação Arquitetônica:
fotografias do sítio histórico de Cachoeira - BA

Fonte: Acervo LCAD (2012).

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Além disso, no período de 2009 a 2011, missões de campo foram realizadas a


Cachoeira junto com um grupo de professores e pesquisadores do Karlsruhe
Institute of Technology (KIT)42, para efetuar o levantamento fotogramétrico de
alguns monumentos como a Casa de Câmara e Cadeia (Figura 81), a Igreja do
Monte e a Ordem 3a do Carmo, em uma transferência de know-how quanto a
técnicas de fotogrametria terrestre aplicadas a documentação arquitetônica. Na
ocasião, foi utilizada a câmera reflex Nikon D300, com resolução nominal de 12
megapixels, dotada de objetivas com distância focal de 12 e 20 mm, que foi
devidamente calibrada antes de efetuar a tomada fotográfica.
Figura 81 - Tomada fotogramétrica da Casa de Câmara e Cadeia de Cachoeira - BA

Fonte: Acervo LCAD (2011).

42
A participação da missão alemã se deu em virtude de um convênio de cooperação universitária
entre o LCAD/UFBA e o IPF/KIT, no âmbito do PROJETO PROBRAL 311/09 – CAPES/DAAD –
Patrimônio Arquitetônico, Documentação e Tecnologias Digitais.
implementação do heritage information system para o sítio histórico de Cachoeira - HIS Cachoeira
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 253
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Na oportunidade, outros conjuntos de fotografias foram capturados para a produção


de panoramas internos e externos dessas edificações, como também de diferentes
outros pontos da cidade (Figura 82). Nesse caso, utilizou-se uma câmera compacta
Nikon Coolpix P6000, com resolução de 13,5 megapixels, usada com objetiva de 35
mm. Detalhes sobre o planejamento e processo da tomada fotográfica são descritos
em Santos e Amorim (2010).
Figura 82 - Mapa das tomadas fotográficas para produção os panoramas do
sítio histórico de Cachoeira - BA

Fonte: Acervo LCAD (2010-2012). Elaboração: Taís de Souza Santos.

8.1.2 Processamento e Armazenamento dos Dados

I. Dados Cartográficos

O mapa base do HIS será utilizado na produção dos mapas temáticos, a partir dos
quais comumente se faz a leitura da morfologia urbana, análises das transformações
que o espaço urbano sofre ao longo do tempo e eventos dos eventos que nele
ocorre; como referência espacial na elaboração dos modelos geométricos urbanos
e, complementando, para indexação dos arquivos multimídia a base de dados
espaciais. Principalmente, em função da produção dos mapas temáticos, que
necessitam de uma representação bidimensional para a sua visualização adequada,
entendeu-se que era pertinente georreferenciar a planta cadastral do IPHAN à
imagem orbital e partir daí proceder a uma atualização de suas feições.

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 254
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Para realizar o georreferencimento, contou-se com a colaboração dos professores


Vivian Fernandes e Mauro Alexandrini, e seus bolsistas, do Curso de Graduação em
Engenharia de Agrimensura e Cartográfica da Escola Politécnica da UFBA.
O procedimento foi efetuado a partir do levantamento de pontos de controle em
campo para georreferenciar a planta cadastral e a imagem em um mesmo sistema
de referência - o Sistema de Referência Geocêntrico das Américas materializado no
ano 2000, na projeção Universal Transverse Mercator (SIRGAS 2000 UTM), com a
mesma precisão posicional para ambos: em campo, através da tecnologia Global
Positioning System (GPS), foram levantados 10 pontos de controle com receptor
Promark2 através do método estático, com permanência de 20 minutos em cada
ponto. Uma estação base foi implantada na Praça da Aclamação e processada com
duas estações da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo em Salvador43.

Para o processamento dos dados foi utilizado o software Ashtech Solutions. Com os
pontos de controle, em um procedimento conduzido pelo Prof. Mauro Alexandrini,
usando o software Envi para identificar na imagem os pontos homólogos, efetuou-se
o georreferenciamento da banda pancromática, que tem melhor resolução espacial
em relação às multiespectrais (Red, Green, Blue). O mesmo processo foi efetuado
em relação à planta cadastral.

Uma vez concluído o georreferenciamento, foi criado um banco de dados espaciais


(geodatabase) para o qual foram importados a imagem e os dados vetoriais, usando
o aplicativo ArcCatalog do ArcGIS (Figura 83).

43
Todos os equipamentos e software utilizados são de propriedade do Laboratório de Geomensura
Theodoro Sampaio (LABGEO) da Escola Politécnica da UFBA.

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Figura 83 - Aplicativo ArcCatalog, ArcGIS: gerenciador de banco de dados espaciais

Fonte: Elaborado pela autora.

Na sequência, procedeu-se a edição cartográfica das feições tendo a imagem como


background, através da digitalização em tela, obtendo um mapa base na escala
1:10.000. Para a edição foi utilizado o aplicativo ArcMap, também pertencente a
plataforma ArcGIS, seguindo-se os seguintes passos:

 filtro das feições referentes aos planos de informação (overlays cartográficos)


de edificações, lotes, quadras, eixos de vias e toponímias;

 edição dos planos de informações lotes e edificações, para atualizar a


representação do parcelamento do solo;

 edição dos planos de informação de edificações, lotes, quadras, eixos de


vias, para validação das primitivas geométricas a fim de evitar possíveis erros
de topologia, e

 codificação dos dados espaciais com seus respectivos identificadores, para o


importação dos dados descritivos e hiperlink dos arquivos multimídia.

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Diante de experiências anteriores, a exemplo da aplicação GIS desenvolvido na


dissertação de mestrado para análises espaciais do ambiente construído, tinha-se a
expectativa de utilizar como código identificador dos imóveis (lotes e edificações), o
seu número de inscrição do cadastro imobiliário. Haja vista que, a Prefeitura
Municipal de Cachoeira até o momento não disponibilizou dados análogos a esse
dos seus cadastros, foi então criado um Código_ID considerando a seguinte sintaxe
Q999FN, onde:

 Q999 - número da quadra


 F - caractere alfanumérico referente à face da quadra
 N - caractere alfanumérico referente ao imóvel, conforme toponímia do imóvel
indicada no mapa base. Quando não há qualquer valor no mapa, codifica-se
como SN1, SN2, SN3, ..., por face de quadra.

Este mesmo Código_ID é utilizado no banco de dados, detalhado no item a seguir,


como chave primária dos registros que contém os dados descritivos e os arquivos
multimídia, para associá-los as suas correspondentes feições na base de dados
espaciais do HIS, convertendo-os sem seus atributos.

Já em relação ao mapa contido no IPAC - BA/SIC com a delimitação dos perímetros


de proteção, foi adotado como procedimento de conversão do dado, a digitalização
dos perímetros diretamente sobre o mapa base, a partir da análise visual do traçado
urbano, considerando as estruturas morfológicas reconhecidas em ambos os mapas.
Complementando a base de dados, também foram inseridos os planos de
informações referentes ao limite municipal e aos setores censitários, disponíveis no
website do IBGE.

Desde já, esclarece-se que, as medidas métricas de área, perímetro e distâncias,


calculadas a partir do mapa base, só serão armazenadas em campos
correspondentes a variáveis utilizadas para planejamento, monitoramento e gestão
do espaço urbano, servindo como ordem de grandeza na elaboração de planos e
programas de forma geral. É incoerente, por exemplo, o armazenamento de tais
medidas tomadas a partir do mapa base como um dado cadastral das edificações a
ser utilizado para intervenções físicas como o restauro, haja vista que, seguramente,

implementação do heritage information system para o sítio histórico de Cachoeira - HIS Cachoeira
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 257
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não possuem a precisão necessária para esse fim, além de divergirem daquelas
registradas no cadastro imobiliário municipal, instrumento importante para a gestão
da cidade.

II. Dados Descritivos

Em um primeiro momento, para armazenar os dados descritivos levantados e


indexar os arquivos multimídia (com os seus metadados), foi produzido um banco de
dados com o software MS Access (Figura 84) em arquitetura standalone, no qual
foram cadastrados 1.200 registros, do total de aproximadamente 3.500 edificações.
Esse banco foi usado para a entrada de dados, enquanto estava sendo modelado o
banco de dados MySQL, em estrutura cliente-servidor para web instalado no
servidor da UFBA que, após concluída a modelagem, foi feita a migração dos dados
já cadastrados. Desse ponto em diante, a entrada de dados se dá diretamente
através do HIS Cachoeira.

Figura 84 - Banco de dados em MS Access para cadastro dos imóveis

Fonte: Elaborado pela autora.

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III. Dados Multimídia

A base de dados multimídia do HIS Cachoeira é constituída por dados


fotogramétricos como ortofotos e fotos retificadas, desenhos de restituição das
fachadas, fotografias atuais e históricas, modelos geométricos das principais
edificações, panoramas fotográficos dos espaços urbanos e do interior de algumas
edificações, além de vídeos e textos, e outros elementos que possam agregar valor
à representação do sítio histórico e a sua interpretação. Para o processamento dos
dados levantados e obtenção dos multimídias acima citados, foram adotados
procedimentos concernentes a cada tipo de dado, a saber:

 Fotografias e Produtos Fotogramétricos

Ainda durante os levantamentos fotográfico e fotogramétrico, as fotografias


foram organizadas em diferentes repositórios, conforme as técnicas a serem
aplicadas em seu processamento para a obtenção dos mais variados produtos
como fotos retificadas, ortofotos, ortomosaicos, desenhos técnicos, modelos
geométricos em diferentes níveis de detalhes e panoramas.

No que toca especificamente ao registro fotográfico das fachadas realizado pelos


estudantes, em função da sua pouca experiência com as técnicas da etapa de
aquisição de dados da documentação arquitetônica, em muitos casos foi
necessário efetuar novas tomadas fotográficas, com melhores ângulos e redução
de interferências (problemas de sombras, carros estacionados diante da
edificação, entre outros), que permitissem uma melhor leitura dos valores
histórico e estético de cada uma das edificações. Essas novas tomadas
fotográficas foram efetuadas pelo Prof. Arivaldo Leão de Amorim, perfazendo um
total de 3075 fotografias, das quais 1617 já foram indexadas.

Dentre as edificações de destaque do conjunto arquitetônico, algumas foram


selecionadas para, a partir da restituição das fotografias, serem produzidas fotos
retificadas e ortofotos utilizando o software Photomodeler Scanner, e os
desenhos técnicos das fachadas (Figura 95), através de vetorização usando o
software AutoCAD. Essa tarefa foi realizada por bolsistas de iniciação científica e
alunos de curso de extensão, adotando técnicas de Fotogrametria Arquitetônica,
orientados pela Prof. Natalie Groetelaars, também pesquisadora do LCAD.
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Figura 85 - Igreja de Nossa Senhora do Carmo, Cachoeira - BA: (a) fotografia da fachada;
(b) ortofoto gerada com Photomodeler Scanner; (c) restituição digitalizada no AutoCAD

(a)

(b)

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(c)

Fonte: Acervo LCAD (2012). Elaboração: Fernanda Maitam

De forma similar, também foi usado o Photomodeler Scanner para produzir o


modelo geométrico da Igreja do Monte. Todavia, sua modelagem não foi
concluída, porque as condições espaciais ao redor da igreja não permitiram
campos visuais adequados, ocasionando alguns vazios no modelo (Figura 86),
como pode ser observado na parte inferior da torre e a inexistência do telhado
pela impossibilidade de capturar fotografias que permitissem a visualização
adequada da cobertura (KUO; AMORIM, 2010).

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Figura 86 - Igreja do Monte de Cachoeira - BA: (a) fotografia da fachada; (b) posição das
câmeras nas tomadas fotográficas; (c) construção do modelo, visualização
em wireframe; (d) modelo fotorrealístico, produto preliminar

(a) (b)

(c)

(d)

Fonte: Acervo LCAD (2010). Elaboração: Vanessa Sosnierz.

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Todos os produtos fotogramétricos são armazenados no banco de dados em seu


formato original e também em PDF, o qual é disponibilizado para visualização e
download aos usuários, facilitando o compartilhamento desse tipo de dado. Os
arquivos originais editáveis serão disponibilizados a aqueles usuários que os
solicitarem via e-mail e o objetivo for justificado.

 Panoramas

Esta categoria de dados é constituída pela imagem panorâmica, ou seja, o


mosaico formado pelas fotografias originais e o panorama propriamente, ou seja,
a projeção desta imagem a partir de um sistema de projeção definido. Estas
imagens embora bidimensionais e estáticas, quando visualizadas em software
específico, induzem no espectador a sensação de tridimensionalidade e
movimento (NOGUEIRA, 2010). Outra característica importante dos panoramas
para a documentação do patrimônio construído é a possibilidade de criar tour
virtuais, oferecendo ao observador um modelo dinâmico e interativo com a
simulação de um "passeio" pelo sítio histórico, por um percurso pré-definido, a
semelhança dos city tours feito pelos visitantes e turistas, porém de modo
virtual. Uma outra aplicação significativa do panorama é a possibilidade de uso
como uma interface gráfica hipermídia para visualização de informações sobre
as edificações, visto que podem ser associados aos objetos vistos nos
panoramas hotspots com links para os diversos tipos de documentos.

Na documentação do sítio histórico de Cachoeira, a elaboração desses produtos


ficou a cargo da bolsista Taís de Souza Santos, atividade de seu projeto de
iniciação científica. A aluna utilizou uma superfície cilíndrica para a projeção e
“costura” das imagens, através dos programas Panorama Plus da Serife, e o
Panorama Maker da ArcSoft (Figura 87), disponibilizando-os no formato .mov. O
armazenamento no banco de dados é feito pela sua codificação e indexação aos
registros das edificações de destaque em sua área de abrangência.

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Figura 87 - Imagens Panorâmicas de Cachoeira - BA: (a) Largo da Igreja da Ajuda;


(b) Rua Ana Nery, situada a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário;
(c) Rua Dr. Simões Filho, ao fundo a Igreja do Monte

(a)

(b)

(c)

Fonte: Acervo LCAD (2010). Elaboração: Taís de Souza Santos.

Após a construção dos panoramas, foi montado o tour virtual, sobre o mapa
base, onde foram destacadas as edificações tombadas, localizadas e
identificadas as estações das tomadas fotográficas, correspondentes aos
panoramas previamente processados. A resolução final dos panoramas foi
reduzida para possibilitar a integração destes ao tour virtual. O programa
utilizado na construção do tour virtual foi o Tourweaver da Easypano (SANTOS;
AMORIM, 2010). Um exemplo de um tour virtual de Cachoeira pode ser visto no
website do LCAD (http://www.lcad.ufba.br/cachoeira/).

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 264
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 Desenhos Arquitetônicos e Modelos Geométricos


No que toca aos desenhos arquitetônicos, muito embora o procedimento mais
comum para converter o material impresso para digital seja é o de scanning, na
falta de um equipamento para grandes formatos (pranchas em tamanho A2 e
maior), optou-se pela sua digitalização. Muito embora seja um procedimento
mais demorado, a decisão de seguir esse método teve como critério realizar um
experimento de modelagem da edificação com uma ferramenta CAD-BIM - o
Revit Architecture, e integrar toda a documentação obtida ao HIS (plantas,
seções, elevações, modelos geométricos, planilhas com quantitativos, entre
outros). Para isso, foi escolhida a estação ferroviária, objeto do trabalho final de
graduação da aluna Taís de Souza Santos, membro do grupo de pesquisa do
LCAD. O modelo geométrico obtido com nível de detalhe LoD 3, incluindo as
intervenções proposta pela aluna, pode ser visto na Figura 88.

Figura 98 - Estação Ferroviária de Cachoeira - BA: modelo geométrico produzido


com Revit Architecture

Fonte: Acervo LCAD (2013). Elaboração: Taís de Souza Santos.

 Áudios, filmes e vídeos

Em relação aos filmes, vídeos e áudios coletados, não foi necessário proceder a
nenhum tipo de processamento, sendo feita a sua entrada direta no banco de
dados já vinculando-o com o registro correspondente a feição gráfica a partir da
inserção do seu código identificador, além do seu endereço na internet e dos
seus metadados (Figura 89). Para garantir a disponibilidade permanente dessas
mídias, foi feito o download dos arquivos e armazenado no banco de dados
como backup, tendo os devidos cuidados em relação ao copywright.
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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 265
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Figura 89 - Interface temporária para entrada de dados multimídia do HIS Cachoeira

Fonte: Elaborado pela autora.

 Textos

Para o armazenamento das fichas e mapas dos inventários culturais, efetuou-se


a compilação dos seus dados através da digitalização e reeditoração de seu
conteúdo (Figura 90), gravando-os no formato Portable Document Format (PDF),
o mesmo da maioria dos documentos textuais coletados. A opção por esse
processo ao invés da digitalização via scanner, foi para preservar a publicação
original que já mostrava-se bastante desgastada. Eventualmente, esse
procedimento pode ser adotado no caso de documentos impressos avulsos.
No que toca as publicações do IPHAN, as monografias e dissertações, essas
encontravam-se em formato PDF e foram diretamente indexados no banco de
dados, descrevendo-se os seus metadados com as informações seguindo o
padrão definido por Nogueira (2010). Vale salientar que a sua efetiva publicação
no HIS, está condicionada a autorização de seus autores ou dos detentores dos
direitos sobre ela. Quando no processo permanente de manutenção e
atualização do HIS, documentos que se encontravam em arquivo de formato de
texto (DOC, TXT, RTF) também serão convertidos para o formato PDF, e assim
como os áudios, filmes e vídeos, tendo-se os devidos cuidados em relação ao
copywright

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 266
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Figura 90 - Ficha do IPAC-BA/SIC compilada para o HIS Cachoeira

Fonte: IPAC (1982); Acervo LCAD (2012). Elaboração: Agenor Simões e Paulo Oliveira.

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8.2 Implementação do Protótipo do HIS Cachoeira

A implementação desse primeiro módulo do protótipo do HIS Cachoeira é feita em


duas etapas: a primeira, descrita nos itens a seguir, é desenvolvida em ambiente
desktop para validar a base de dados espaciais produzida e definir as
funcionalidades da ferramenta GIS que atenderam aos requisitos definidos no
modelo conceitual; e a segunda etapa, é a migração dessa base de dados espaciais
para um servidor de dados para internet, o desenvolvimento do website contendo
toda a documentação e a customização da ferramenta WEB GIS para realização on-
line das consultas e análises espaciais.

8.2.1 Validação da Base de Dados e Definição das Funcionalidades

Ao serem armazenados no geodatabase, os planos de informações passam a se


chamar Features Class e adquirem propriedades a partir das quais são efetuadas as
consultas e análises espaciais através da interface do ArcMap. Nele, é feita também
a visualização dos seus atributos e arquivos multimídia, e produzidos os mapas
temáticos (Figura 91).

Figura 91 - Interface básica do sistema protótipo HIS Cachoeira

Fonte: Elaborado pela autora.

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Para cumprir os requisitos e realizar as análises espaciais, segue a apresentação de


como o ArcMap atendeu as demandas esperadas, a saber:

a) Localizar um imóvel por endereço e para a posição do imóvel selecionado

É usada a interface da função Find (localizar). Informa-se o endereço completo ou


parte dele, tomando como referência para a consulta a feature class Edificações. O
sistema lista os imóveis que possuem o endereço indicado (Figura 92).

Figura 92 - Interface da ferramenta Find (localizar)

Fonte: Elaborado pela autora.

b) Exibir os atributos cadastrados de um imóvel

É fundamental para as análises técnicas a recuperação de dados descritivos dos


imóveis. A função que atende a essa demanda é o Identify (Identificar), através de
um botão que, após ativado, seleciona o imóvel de interesse e o sistema recupera o
registro na base de dados e depois o exibe, dinamicamente, uma lista com a
identificação do imóvel e todos os atributos lá armazenados (Figura 93).

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Figura 93 - Interface da ferramenta Identify (identificar)

Fonte: Elaborado pela autora.

c) Exibir um arquivo multimídia do imóvel

Este requisito é atendido pelo recurso Hyperlink que estabelece uma ligação entre
um arquivo multimídia armazenado externamente a base de dados e a feature class
no mapa. No estudo em questão, foram estabelecidos hyperlinks entre os imóveis e
fotografias de suas fachadas, indicando o “caminho” em que os respectivos arquivos
estão armazenados no computador. Uma vez ativa essa ferramenta, ao clicar sobre
a feature com o mouse, é exibida a fotografia do imóvel (Figura 94).

d) Selecionar um ou mais imóveis a partir de seus atributos

Para realizar a seleção de um imóvel ou mais imóveis, a partir de seus atributos é


necessário lançar mão de consultas estruturadas disponíveis na função Select by
Attributes (seleção por atributo), baseada em critérios estabelecidos em uma
inferência feita ao sistema a partir de instrução SQL. No exemplo, mostrado na
Figura 95, são destacados com contorno em azul-ciano os imóveis que atendem
simultaneamente aos dois critérios: ter “uso residencial” e possuir “2 pavimentos”.
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Figura 94 - Exibição de arquivo multimídia (fotografia) do imóvel, via hyperlink.

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 95 - Seleção de imóveis a partir de uma consulta estruturada

Fonte: Elaborado pela autora.

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e) Gerar mapas temáticos

Para a geração de mapas temáticos, o ArcGIS possui uma função chamada


Symbology com a qual é possível realizar a classificação temática dos imóveis,
em intervalos de classe a partir os seus atributos, aplicando símbolos diferentes
para cada grupo ou intervalo de classe. Das análises espaciais, é o mapeamento
temático que melhor possibilita a leitura de morfologia urbana e características
formais do sítio histórico. A Figura 96 mostra a interface na qual são os mapas
temáticos são gerados, aplicando-se diferentes critérios de classificação
cartográfica às feições.

Figura 96 - Interface para classificação temática dos imóveis

Fonte: Elaborado pela autora.

O exemplo mostra o agrupamento temático dos imóveis a partir do atributo


‘estado de conservação’. Cores foram aplicadas às classes para ressaltar a
informação em análise no mapa.

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f) Imprimir mapas

Para impressão dos mapas produzidos, utiliza-se o display de layout que possui uma
interface com um conjunto de funções voltadas à produção de arquivos para
impressão, constando todos os elementos básicos de um documento cartográfico: a
legenda, as escalas gráfica e numérica, a indicação do norte geográfico, a
quadrícula de coordenadas e o carimbo (Figura 97).

Figura 97 - Mapa temático produzido utilizando-se a interface Layout do ArcGIS

Fonte: Elaborado pela autora.

8.2.2 Projeto e Implementação do Website

Para o projeto do website no qual será vinculado o HIS Cachoeira foi contratado um
webdesigner, para quem foi apresentado o modelo conceitual elaborado. Ao
profissional foi especificado que o website tem como pressuposto que o mesmo
deve estar adequado para navegação nos browsers Internet Explorer, Google

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Chrome e Mozilla Firefox. Além disso, foram definidas as suas principais


características visuais, a saber:
 O layout das telas foi elaborado na proporção para displays com resolução
1024 x 768 pixeis;

 A tela utiliza apenas barra de rolagem vertical para otimizar a navegação;

 Adotou-se a combinação de cores monocromáticas e tons pastéis com o


objetivo de destacar as janelas principais, enfatizando o seu conteúdo;

 As telas mantêm a mesma identidade visual, alterando seu conteúdo


conforme a page de interesse.

O website é composto pelas pages HOME, ACERVO, MAPA, LINKS, SOBRE O


PROJETO e FALE CONOSO. Durante a fase de projeto do website, houve a
preocupação de atender aos critérios de usabilidade, funcionalidade e conteúdo,
conforme estudado em Vilella (2003), como, por exemplo, a escolha das cores e
tipos de fontes utilizadas relacionadas com a facilidade de leitura e a adoção de uma
linguagem simples para os campos de conteúdo geral, a exemplo da page HOME, e
uma linguagem mais técnica onde esta é requerida como na page MAPA. A seguir,
detalha-se cada uma das pages, ao mesmo tempo que se explana sobre seus
conteúdos, funcionalidades e navegabilidade.

Na page HOME, tem-se uma apresentação geral do website com informações sobre
o sítio histórico de Cachoeira, complementadas por um slideshow que mostra pontos
de destaque do seu conjunto arquitetônico e de sua paisagem, e por um mapa com
a localização de Cachoeira em relação a capital. Nesse mapa, também são
indicados os sítios históricos de Lençóis e Rio de Contas, já contemplados pelo
Programa Permanente de Documentação Arquitetônica, com link direto para os seus
respectivos websites. Além disso, esclarece que tipos de dados e ferramentas o
website oferece, e a que público está direcionado; e ainda traz no rodapé a
indicação sobre quem é o responsável, endereço e contatos, e oferece a opção do
usuário receber newsletters (Figura 98). Na HOME estão disponíveis os links para
acesso direto as demais pages do website.

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Figura 98 - Home page do website do HIS Cachoeira

Fonte: Elaborado pela autora. Webdesign: Ivan Torres (2012).

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Já na page ACERVO, encontra-se a interface para interação com os dados


descritivos e arquivos multimídia correspondentes a cada edificação (bem imóvel)
inventariado. Para ter acesso a esses dados, o usuário é solicitado a preencher um
pequeno cadastro, indicando um login e senha (Figura 99).

Figura 99 - Tela de cadastro de usuários do website do HIS Cachoeira

Fonte: Elaborado pela autora. Webdesign: Ivan Torres (2012).

Ao informar a sua atividade (professor, pesquisador, estudante, profissional do


patrimônio, gestor público, visitante), o sistema automaticamente lhe atribui o perfil
correspondente ao nível de privilégios para acesso e manipulação dos dados on-
line. De forma geral, todos os usuários têm acesso aos produtos finais da
documentação, seja a partir de sua visualização em tela, impressão ou download.
De acordo com o seu perfil, para acesso aos dados brutos (sem o tratamento
efetuada), o usuário é orientado a enviar um e-mail com sua solicitação. Nesse
primeiro momento, a exceção do administrador do sistema e a equipe de produção
de dados, todos os usuários cadastrados estão com privilégios simples de visitante.

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Concluído o cadastro, usuário é então direcionado para a tela Documentação


Arquitetônica, que está organizada em blocos:

 o primeiro bloco é composto pelos dados de denominação e localização do


bem, dados correspondentes ao lote, dados correspondentes a edificação e
dados quanto a sua proteção (Figura 100);

Figura 100 - Tela de atributos na interface Documentação Arquitetônica do HIS Cachoeira

Fonte: Elaborado pela autora. Webdesign: Ivan Torres (2012).

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 o segundo bloco traz a localização do bem no mapa base, através da


interface do ArcGIS Online, com ferramentas básicas para navegação e
visualização de atributos, entre outras (Figura 101);

 o terceiro bloco corresponde ao acervo multimídia do bem, que é classificado


e apresentado em diferentes abas, indicando a quantidade de registros
disponíveis e apresentado um thumbnail (miniatura) do conteúdo do arquivo
com links para sua visualização e para acesso aos seus metadados (Figura
101).
Figura 101 - Telas de mapa e acervo multimídia da interface
Documentação Arquitetônica do HIS Cachoeira

Fonte: Elaborado pela autora. Webdesign: Ivan Torres (2012).

Na tela de Documentação Arquitetônica, além dos botões para navegação nos


registros, ele dispõe de um botão para efetuar consultas com a indicação BUSCA
AVANÇADA em uma nova tela que lhe é apresentada (Figura 102). Conforme o
interesse, é possível recuperar informações tendo como critérios as palavras-
chaves, os atributos ou o tipo de mídia. O resultado da busca é apresentado logo
abaixo da janela de diálogo, com uma lista dos registros que atendem a solicitação.

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Figura 102 - Tela de busca avançada da interface Documentação Arquitetônica do HIS Cachoeira

Fonte: Elaborado pela autora. Webdesign: Ivan Torres (2012).

Já para a equipe de produção de dados, além das funcionalidades acima descritas,


a tela Documentação Arquitetônica também possui os botões ALTERAR REGISTRO
e EXCLUIR REGISTRO para edição dos dados cadastrados (Figura 103).

Figura 103 - Tela de edição de dados cadastrais da interface de Documentação Arquitetônica


do HIS Cachoeira

Fonte: Elaborado pela autora. Webdesign: Ivan Torres 2012).

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 279
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Ainda nessa mesma interface, tem-se o menu GERENCIAR - opção DADOS, que
direciona a tela CADASTRO para a inserção de novo registro com o seu código
identificador, preenchimento dos dados descritivos e indexação dos arquivos
multimídia (Figura 104).

Figura 104 - Telas de cadastro de novos registros da interface


Documentação Arquitetônica do HIS Cachoeira

Fonte: Elaborado pela autora. Webdesign: Ivan Torres (2012).

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 280
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Passando para a page MAPA, tem-se o work frame do ArcGIS Online, onde estão
disponíveis as funcionalidades para as consultas e análises espaciais, produção e
visualização dos mapas temáticos (Figura 105), semelhantes ao modo desktop
apresentado no tópico anterior. O ArcGIS Online possui algumas limitações em
relação aos webservices, o que no momento está limitando o desenvolvimento de
todas as funcionalidades e customização final da interface, a exemplo da
visualização da imagem orbital e restrição na quantidade de features class (no
máximo 1000 feições) por plano de informação. Para solucionar esses problemas,
foi solicitado a Imagem Geosistemas LTDA, representante da Esri no Brasil, a
disponibilidade de uma licença educacional do ArcGIS Sever (aplicativo para
provedor de dados espaciais e webservices) usado para o desenvolvimento de
aplicações dedicadas como o HIS Cachoeira.

Figura 105 - Page MAPA, com funcionalidades GIS do HIS Cachoeira

Fonte: Elaborado pela autora. Webdesign: Ivan Torres (2012).

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Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 281
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As três demais pages LINKS, SOBRE O PROJETO e FALE CONOSCO, trazem


conteúdos complementares, mas também importantes. A page LINKS apresenta
uma lista de outros websites voltados ao patrimônio histórico de forma geral, sejam
eles publicados por universidades, centros de pesquisa ou instituições públicas,
nacionais ou internacionais. A page SOBRE O PROJETO traz objetivos do website
Cachoeira e sua interface com o Programa de Documentação. Por fim, a page
FALE CONOSCO disponibiliza um canal de comunicação dos usuários com a
equipe responsável pelo website para envio de solicitações, críticas e contribuições.

As ferramentas computacionais adotadas para a implementação do website


respeitam os pré-requisitos utilizados pelo CPD/UFBA, em relação a sua plataforma
tecnológica, e têm as seguintes especificações:

 o Sistema de Gerenciamento de Dados Multimídia - foi utilizada a linguagem


de marcação HTML44 para construção das pages, criação de links e
visualização de conteúdo. Para o desenvolvimento do banco de dados
multimídia foi usado o MySQL45; como linguagem de programação foi
empregado o PHP46 para acesso e controle do sistema, e as bibliotecas
JQuery47 e Javascript48 para exibição dos objetos da janela "acervo
multimídia" (ver descrição adiante); todos sob o gerenciamento do servidor
web Apache para controle das transações.

 o Web GIS - está sendo desenvolvido, inicialmente, com o ArcGIS Online com
uma interface para visualização, consultas e produção de mapas temáticos.
Contudo, a versão default disponibilizada gratuitamente pela Esri apresentou
as seguintes limitações: restringe a publicação de imagens raster, a exemplo

44
O HTML (abreviação para a expressão inglesa HyperText Markup Language, que significa
Linguagem de Marcação de Hipertexto) é uma linguagem de marcação utilizada para produzir
páginas na web.
45
O MySQL é um sistema de gerenciamento de base de dados (SGBD), que utiliza a linguagem SQL
(Linguagem de Consulta Estruturada, do inglês Structured Query Language) como interface.
46
O PHP - Hypertext Preprocessor, é uma linguagem de programação interpretada em livre,
comumente utilizada para gerar conteúdo dinâmico para páginas web.
47
O JQuery é uma biblioteca JavaScript cross-browser desenvolvida para simplificar os scripts client
side que interagem com o HTML.
48
JavaScript é uma linguagem para escrita ou programação de scripts, baseada em ECMAScript
padronizada pela Ecma International nas especificações ECMA-262[2] e ISO/IEC 16262, e é
atualmente a principal linguagem para programação client-side em navegadores web.

implementação do heritage information system para o sítio histórico de Cachoeira - HIS Cachoeira
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 282
Anna Karla Trajano de Arruda

da imagem orbital de Cachoeira, diferentes daquelas armazenadas em sua


biblioteca original; gerencia feições com no máximo 1.000 (mil) registros,
correspondendo a pouco mais de 1/3 do número total de edificações
existentes no sítio histórico, dificultando assim as análises espaciais; e a
customização para a visualização 3D e outros webservices para atender aos
requisitos definidos para o HIS. Para superar essas limitações, é indicado o
uso do ArcGIS Server pois, além de um servidor de dados espaciais, também
é um provedor de serviços web que oferece Applications Programming
Interface (API) e Software Development Kit (SDK) que seguramente
solucionarão os problemas acima citados. Esforços estão sendo feitos para
aquisição de licença educacional dessa ferramenta e capacitação para seu
uso.

8.2.3 Publicação e Divulgação do Website do HIS Cachoeira

Para publicação e divulgação deste website, foi criado o domínio virtual www.
acervocachoeira.ufba.br, seguindo o padrão definido para o Portal ArqDoc Bahia, e
está hospedado CPD da UFBA, onde fica armazenada toda a base de dados do HIS
Cachoeira, bem como as ferramentas as soluções para o seu funcionamento.

Inicialmente, a divulgação do website se dará com os alunos das disciplinas dos


vários cursos da Faculdade de Arquitetura, notadamente, ARQA46 - Planejamento
Urbano e Regional e ARQA50 – Estudos Socioambientais e ARQA75 – Introdução
ao Geoprocessamento, ARQA08 – Tecnologias Digitais na Documentação do
Patrimônio Arquitetônico e ARQ739 – Laboratório de Projeto Auxiliado Por
Computador, para ser utilizados em suas atividades. Na sequência, será ampliada
para a comunidade acadêmica, via mailing list, através dos contatos do LCAD, da
FAUFBA e da UFBA. Outro espaço de divulgação serão os fóruns de discussão
sobre o patrimônio cultural e geotecnologias.

Finalmente, para uma avaliação de sua eficiência enquanto instrumento de


preservação e gestão, o HIS Cachoeira será apresentado a Prefeitura Municipal de
Cachoeira, ao IPAC, ao IPHAN e à comunidade cachoeirana para conhecimento,
bem como, sejam feitas críticas e contribuições para o seu aprimoramento.

implementação do heritage information system para o sítio histórico de Cachoeira - HIS Cachoeira
Capítulo 9
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 284
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9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A elaboração dessa tese apoiou-se nas áreas de conhecimento das Tecnologias da


Informação e Comunicação (TIC) e do Patrimônio Cultural, para fundamentar a
proposta para implementação de um sistema de informações culturais
georreferenciadas disponível na web, denominado de Heritage Information System
(HIS), como uma aplicação voltada à preservação e à gestão de sítios históricos.
Para alcançar esse objetivo foi necessário apreender os conceitos relacionados ao
patrimônio cultural, as formas adotadas para sua documentação ao longo da
história, principalmente no que se refere aos inventários culturais e a adoção de
tecnologias que terminaram por influenciar em mudanças metodológicas desse
processo. Também foi necessário desenvolver um modelo conceitual de dados,
considerando os padrões internacionais, capaz de representar a abstração do
domínio da aplicação para os sítios históricos da Bahia, tendo ainda como premissa
o uso da tecnologia GIS na sua implementação. Para validar o modelo conceitual
elaborado, foi escolhido o sítio histórico de Cachoeira como estudo de caso. O
trabalho concentrou-se na construção da base de dados espaciais, no
desenvolvimento e publicação do website (www.acervocachoeira.ufba.br), no qual
estão disponíveis dados e informações sobre a documentação do patrimônio
construído da cidade de Cachoeira, permitindo a realização de análises espaciais e
visualização urbana do sítio para os mais diversos fins.

Da análise feita a partir da fundamentação teórica desta tese, coloca-se como crítica
que apesar de tomar como referência os modelos europeus para a produção de
inventários culturais, as orientações postas nas Cartas Patrimoniais e as propostas
metodológicas difundidas pela UNESCO, ICOMOS e o Conselho da Europa, mesmo
considerando que os avanços tecnológicos ocorridos contribuem significativamente
para documentação do patrimônio e a longa experiência do IPHAN, não entende-se
porque até hoje no Brasil os dados e informações sobre os monumentos e sítios
históricos (que são coletados, recoletados, compilados e recompilados) são
predominantemente disponibilizados em publicações impressas que dificilmente
chegam as escolas, bibliotecas e arquivos públicos, universidades e centros de
pesquisas, museus e livrarias. Nem mesmo suas versões digitais são de fácil acesso
considerações finais
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 285
Anna Karla Trajano de Arruda

ao público, sejam estudantes, professores e pesquisadores ou a sociedade em


geral, via web ou qualquer outro meio digital. Essa deveria ser a primeira e
permanente medida daquilo que se tem chamado de educação patrimonial, visto que
são recursos públicos gastos e que usados dessa forma contribuem muito pouco
como instrumento para tomada de decisão e para a preservação da memória.

Outro aspecto que se observa é de que, além dos institutos legais como o
tombamento de bens materiais e o registro de bens imateriais, as ações de
preservação se concentram prioritariamente em vultuosos investimentos financeiros
aplicados em obras de conservação, restauração ou revitalização, que são por
deveras relevantes, mas é preciso não esquecer que os administradores e
planejadores em nível nacional, regional ou local, devem exercer políticas de
preservação e tomar decisões bem fundamentadas, a partir de dados e informações
atualizadas e o mais precisa possível. Para isso é que foram realizados o INBI-SU
e seus congêneres, e que vem sendo formulado o SICG, sem ainda uma perspectiva
mais concreta de sua implementação. Enquanto isso, vai se fazendo "as coisas a
moda antiga...".

Por outro lado, a execução de obras não são suficientes para manter e preservar o
patrimônio arquitetônico. O envolvimento e interação com o público oferecendo-lhe o
acesso à informação a fim de que se identifique com a importância cultural do
patrimônio e crie com ele uma identidade é outro meio de valorizar e preservar a
memória. Isso pode acontecer não só através da educação patrimonial que, além de
trabalhar o patrimônio ainda fisicamente presente nos espaços urbanos, deve
também reportar-se ao acervo bibliográfico a respeito desse patrimônio, bem como
daquele não mais existente. Além disso, é necessário disponibilizar um meio efetivo
para a disseminação dos dados e informações sobre edificações e sítios históricos à
população, a fim de que essa possa reconhecer os valores culturais e interagir com
os órgãos de proteção, contribuindo de forma efetiva nos processos decisórios
quanto à gestão do patrimônio construído. Dessa forma, cumprir-se-ia os princípios
colocados na XI Assembléia do ICOMOS (1996), destacados no Capítulo 3 dessa
tese.

considerações finais
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 286
Anna Karla Trajano de Arruda

Frente a essas questões, buscou-se apreender os padrões de modelagem CityGML


e CIDOC CRM, recomendados pelos organismo internacionais, integrando-os de
forma a elaboração de um HIS que atenda aos diferentes aspectos acima
mencionados. Mesmo observando-se que, não se tenha identificado experiências
similares com o mesmo nível de complexidade, acredita-se que o modelo conceitual
formulado para o HIS dos Sítios Históricos da Bahia, contemplou os diversos
aspectos inerentes a um sistema de informações culturais, desde o processo de
documentação arquitetônica para a produção de sua base de dados, a definição dos
fluxos de dados e das funcionalidades para a realização de análises espaciais e a
simulação de modelos geométricos urbanos, o acesso a diferentes perfis de
usuários a partir de um conjunto de ferramentas GIS para aplicações na web.

Como características mais relevantes do modelo elaborado destacam-se a sua


flexibilidade quanto a inclusões ou eventuais ajustes em seus componentes a fim de
adequá-lo as especificidades de cada sítio histórico, e a possibilidade de sua
implementação em etapas, de forma gradativa, seja quanto ao nível de
representação do espaço - bidimensional e tridimensional - de acordo com os dados
disponíveis, seja quanto à customização em relação aos diferentes perfis de
usuários, sem prejuízos a sua eficiência. Isto ficou comprovado com o
desenvolvimento do protótipo para o sítio histórico de Cachoeira - o HIS Cachoeira.

No caso do HIS Cachoeira, por limitações de custo e de tempo, foram


implementadas no website (www.acervocachoeira.ufba.br) apenas as
funcionalidades relativas a documentação arquitetônica, as análises espaciais
bidimensionais e a visualização dos arquivos multimídia, atendendo aos requisitos
mais gerais de uma aplicação dessa natureza e ao interesse comum dos vários tipos
de usuários. As funcionalidades referentes à visualização de modelos geométricos
urbanos e à disponibilização de dados em um servidor Cloud GIS, deverão ser
desenvolvidas a posteriori, como desdobramento deste trabalho, quando tenha-se
realizado avaliações dessa etapa de implementação do sistema.

Ao hospedar este website em servidores no Centro de Processamento de Dados


(CPD) da UFBA, ressalta-se a importância do envolvimento da Universidade
Federal da Bahia no zelo e na proteção dos dados do patrimônio arquitetônico
considerações finais
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 287
Anna Karla Trajano de Arruda

digital do estado da Bahia, conforme as determinações da Carta para Preservação


do Patrimônio Digital da UNESCO.

Como contribuição desse trabalho, pode-se citar que com o desenvolvimento do HIS
Cachoeira, tem-se armazenado em um único sistema de informações os dados
históricos, os dados cadastrais atuais e os dados de zoneamento urbano, com suas
respectivas representações espaços-temporais. Com isso, produtos como mapas
temáticos, tabelas e gráficos estatísticos resultantes de análises espaciais, podem
ser produzidos para auxiliar a tomada de decisão quando da elaboração de
programas, planos e projetos urbanísticos de forma integrada aos planos de
preservação do conjunto arquitetônico e paisagístico de Cachoeira, e no processo
de revisão do Plano Diretor e da legislação urbanística do município. Mas,
sobretudo, entende-se que o sistema aqui proposto e parcialmente implementado,
deverá ser uma ferramenta a serviço do desenvolvimento urbano e cultural da
cidade de Cachoeira.

Do ponto de vista acadêmico, entende-se que a experiência adquirida pelos alunos


do curso noturno de graduação em Arquitetura e Urbanismo da FAUFBA quanto à
sua capacitação no uso aplicado das tecnologias da informação espacial através do
HIS Cachoeira, proporcionará a esses estudantes uma formação e prática
profissional mais completa, contribuindo de forma decisiva para a compreensão da
importância de um trabalho multi e interdisciplinar, e da relevância das tecnologias
digitais na práxis dos órgãos públicos responsáveis pela preservação do patrimônio,
bem como do planejamento urbano.

Ainda nesse contexto, observando-se que um dos aspectos críticos em um sistema


de informações é a atualização da sua base de dados, continuar-se-á com a
experiência junto aos alunos das disciplinas Planejamento Urbano e Regional (ARQ
A46) e Introdução ao Geoprocessamento (ARQ A75) do "curso noturno" para, ao
tempo em que novos estudantes são capacitados, tenha-se anualmente uma
atualização dos dados e informações do HIS Cachoeira. Com isso, novas
funcionalidades podem ser desenvolvidas, de modo a torná-lo mais abrangente e
eficaz, para o monitoramento das transformações da configuração espacial do sítio
histórico frente à dinâmica das mudanças socioeconômicas decorrentes das
considerações finais
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 288
Anna Karla Trajano de Arruda

políticas empregadas para o desenvolvimento urbano de Cachoeira, a exemplo do


que vem acontecendo após a implantação do Centro de Artes, Humanidades e
Letras, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, que tem repercutido sobre
o espaço urbano e consequentemente, em última análise, pode contribuir para
alteração da imagem da cidade.

Concluindo, considera-se como desdobramentos dessa tese, que a metodologia


empregada para a elaboração do HIS Cachoeira será adotada no desenvolvimento
de um sistema de informações culturais similar para Mucugê, o próximo sítio
histórico objeto do Programa Permanente de Documentação do Patrimônio
Arquitetônico do Estado da Bahia (citado no Capítulo 7), haja vista a
contemplação de recursos através do Edital Universal n o 14/2012 do MCTI/CNPq.
Em momento oportuno, os websites resultantes da documentação arquitetônica dos
sítios históricos de Lençóis (www.projetolencois.ufba.br) e Rio de Contas
(www.acervoriodecontas.ufba.br) deverão também migrar para o HIS dos Sítios
Históricos da Bahia, um dos elementos integrantes do Portal de Documentação
do Patrimônio Arquitetônico do Estado da Bahia (www.arqdoc.ufba.br), que
encontra-se na etapa de projeto.

Finalmente, ciente da importância da avaliação e crítica pelos órgãos de proteção do


patrimônio, o IPHAN e o IPAC, e do envolvimento da Prefeitura Municipal de
Cachoeira para compreender o potencial dessa tecnologia como um instrumento de
planejamento e controle urbano da cidade, contatos serão mantidos com
representantes dessas três instâncias de governo para a apresentação do HIS
Cachoeira. Em correspondente grau de relevância, estratégias serão construídas
para sua apropriação pela população cachoeirana, pela comunidade acadêmica e
pelo público em geral, através de uma ampla divulgação.

considerações finais
Referências
Preservação e Gestão do Patrimônio Construído: a contribuição do Heritage Information System 290
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