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PARTE I – BURGUESES E PROLETÁRIOS

A história humana sempre esteve pautada pela luta de classes, disputada de um lado
pela classe dominante e opressora e, de outro, pela classe oprimida e dominada. Nem
sempre este contraste é tão perceptível, estando muitas vezes camuflado nas entrelinhas
da história, mas sempre presente.

É evidente que este processo começa com a divisão da sociedade em grupos segregados
por classes ou condições sociais e, mesmo dentro dos níveis hierárquicos mais baixos,
como no caso dos servos da Roma Antiga, existiam subdivisões, aqueles a quem é
devido maior respeito e cuja voz deve ser ouvida por todos.

A burguesia moderna “simplificou” esta relação antagônica em burguesia e proletariado.


Os burgueses surgiram dos servos da Idade Média, no seio do sistema feudal. As
descobertas históricas e as expansões de território fizeram com que o feudalismo não
conseguisse mais atender as necessidades emergentes, sendo necessário a divisão do
trabalho dentro das oficinas. Após isto, a manufatura passou a ser também insuficiente
para atender a crescente demanda por produtos, dando ensejo ao surgimento da
maquinaria a vapor que viria a revolucionar o meio produtivo então existente e no qual
surgiriam os burgueses modernos, os milionários da indústria.

A evolução da burguesia ocorria a medida que evoluía o mercado mundial, puxada pela
extensão da indústria, comércio, navegação e vias férreas, e com ela, crescia também o
progresso político, onde os burgueses passaram a exercer sua soberania como
representantes modernos do Estado.

De acordo com Marx e Engels: “O governo moderno não é senão um comitê para gerir
os negócios comuns de toda a classe burguesa”.

Os burgueses acabaram com as relações patriarcais e idílicas do feudalismo, que de


certo modo prendiam o homem feudal aos seus “superiores naturais”, deixando em seu
lugar o laço do frio interesse pelo trabalho. Os autores dizem: “Em lugar da exploração
velada por ilusões religiosas e políticas, a burguesia colocou uma exploração aberta,
cínica, direta e brutal”. Acabou também com profissões veneradas como médicos,
sacerdotes e juristas que, agora, nada mais eram que servidores assalariados.

Desde o princípio, só foi possível a existência da burguesia por conta de seu incessante
esforço na revolução dos meios produtivos, que destruíram as relações sociais. A
expansão mundial da indústria levou aquelas industrias nacionais, que antes produziam
com matéria prima local, à utilização de matérias vindas de toda parte do globo, e cujo
produto era consumido também globalmente, obrigando o mundo, com seu produto de
menor preço, a portar-se à sua semelhança.

Com os grandes centros urbanos, o homem do campo abandonou suas atividades rurais
e prostrou-se ao sistema produtivo revolucionário e que lhe pagaria miseravelmente por
boa parte das horas de seu dia e trabalho.

As crises comerciais geradas pela demasiada produção, demasiado comércio e


demasiada exploração do proletário e dos recursos abarrotam as prateleiras, levando a
perda de grande parte do que se produziu bem como boa parte das forças produtivas
existentes. É um paradoxo, de certo modo, a burguesia se fortaleceu tanto que nem a
própria sociedade burguesa é capaz de tirar proveito desta força.

Para que a burguesia vença esta força que não cessa de se expandir, só há duas
maneiras: ou destruir boa parte das forças produtivas, ou conquistar novos mercados e
explorar ainda mais os antigos.

Há de se ressaltar que com o crescimento da burguesia, cresce também o proletário, os


operários modernos, que só vivem se trabalharem, e só trabalham se a burguesia
permitir. Sujeitos à concorrência de máquinas, tornam-se apêndices destas, recebendo
salários cada vez menores devido à especialização do trabalho. Após receber seu suado
salário, o proletário é presa de outros burgueses: comerciantes e usurários.

O proletariado nasce lutando contra a burguesia, inicialmente isolado, depois com outros
operários de uma mesma fábrica, depois com todos os operários de uma mesma
indústria, quebrando máquinas, destruindo mercadorias, queimando fábricas, buscando
reconquistar a posição perdida do artesão da Idade Média e defendendo seus salários.
Fundam associações permanentes para preparar-se para eventuais choques com a
burguesia. São poucas vitórias, mas cada vez maior a união dos trabalhadores. O
proletariado é uma classe verdadeiramente revolucionária, pois nada tem de seu a
salvaguardar, mas somente promover a degradação das garantias e seguranças da
propriedade privada existente até então. O mesmo não pode ser dito daquela fração da
burguesia que, devido à violência gerada pelo conflito de interesses entre os burgueses,
separam-se deste grupo.

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