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CONCEITOS ESTRUTURANTES
Sociedade de classes – tipo de sociedade que se generaliza no mundo ocidental, desde o séc. XIX.
Caracteriza-a a unidade do corpo social, na medida em que os indivíduos, nascidos livres e iguais em
direitos, dispõem do mesmo estatuto jurídico. A diversidade social baseia-se, essencialmente, no
estatuto económico, gerador de diferentes classes sociais.
Movimento operário – conjunto de ações levadas a cabo pelos trabalhadores assalariados, para a
concretização das suas revindicações. Na óptica marxista, é a expressão da luta de classes. A
implantação do capitalismo industrial fez crescer a massa de assalariados e subir de tom os seus
protestos, que caminharam para formas crescentes de organização. Associações de socorros
mútuos, cooperativas, sindicatos, greves, manifestações, eis como se traduziu o movimento
operário, empenhado não só na melhoria das condições económicas e sociais (aumento do salário,
diminuição do horário de trabalho, assistência na velhice , na doença, no desemprego), mas
também na obtenção de direitos políticos.
- Alta burguesia distingue-se pelo seu poder económico (bancos, transportes, indústrias) e controla
os meios de produção. Os seus membros são, também, deputados e políticos.
- reforçam o seu estatuto por meio de estratégias diversas (aquisição de propriedades; fusão, através
do casamento, com membros da aristocracia; nobilitação por serviços prestados à Nação; exercício de
cargos na política). Criam-se, assim, as chamadas dinastias burguesas.
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- Porém, ao nível dos comportamentos, a nobreza continuava a ser o modelo: para afirmar o seu
poder, os burgueses de negócios tentavam aproximar-se da aristocracia (compravam castelos e
mansões, casavam os herdeiros com membros da velha nobreza, organizavam bailes e caçadas).
Classes médias - grupo mais heterogéneo e socialmente flutuante da sociedade industrial. Englobam
o conjunto das profissões que não dependem do trabalho físico, isto é, chamado sector dos serviços.
A sua composição integrava:
a) Pequenos empresários da indústria - embora vulneráveis às crises e aos consequentes fenómenos
de concentração empresarial, foram-se expandindo em número ao longo do século XIX.
b) Empregados comerciais - a expansão da revolução industrial criou novos empregos para fazer
chegar o produto ao consumidor do mercado interno (por exemplo, os empregados de grandes
armazéns ou os transportadores).
c) Profissionais liberais - eram todos aqueles que, em vez de terem um patrão, trabalhavam por conta
própria. Estavam ligados à ideia de promoção social: tornar-se médico, advogado, empregado de
escritório (colarinho branco) ou professor primário era uma maneira segura de perspectivar um
futuro desafogado, longe da dureza do trabalho manual e da imprevisibilidade do mundo dos
pequenos negócios. O seu estatuto valorizou-se na medida em que serviam as necessidades (de
cuidados médicos, de conhecimentos jurídicos, de instrução) da sociedade industrial.
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As classes médias eram fortíssimas defensoras dos valores da burguesia, no intuito de permanecerem
(e, se possível, promoverem-se) dentro dessa classe social. Tornaram-se, assim, as classes mais
conservadoras. Entalada entre a alta burguesia – que admira – e o operariado - de quem desconfia,
a classe média desenvolve valores próprios que se caracterizam pelo seu conservadorismo:
respeito pelas hierarquias, gosto pela ordem, sentido da poupança, austeridade moral, culto da
família tradicional, culto das aparências.
2. A classe operária
- Com a Revolução industrial nasce o operário que trabalha na fábrica que, tal como as máquinas,
pertence ao Capitalista, o Burguês. O Operário apenas possui a força dos seus braços, o Trabalho,
que vende em troco de um salário. Ele apenas tem os seus filhos (a sua prole) e um salário pelo seu
trabalho, o qual aumenta ou diminui conforme a prosperidade da empresa, sem que um salário
mínimo esteja assegurado.
Neste contexto, os operários da segunda revolução industrial enfrentavam graves problemas dentro e
fora do seu local de trabalho:
- ausência de redes de solidariedade (em grande parte oriundos do campesinato, os operários
tinham de sobreviver na cidade sem o apoio da família alargada);
- elevado risco de acidentes de trabalho e de doenças profissionais (que, a ocorrerem, podiam levar
ao despedimento do operário, o qual se via, subitamente, incapacitado e sem salário);
- ausência de medidas de apoio social (não existia o direito a férias ou a descanso semanal, o horário
de trabalho rondava as 16 horas por dia, não se contemplava o direito a subsídios por desemprego,
velhice ou doença);
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O movimento operário
- Com o passar do tempo, o movimento operário organizou-se para se tornar mais eficaz, revestindo,
no essencial, duas formas:
1. O associativismo - na falta das redes de solidariedade tradicionais (família, paróquia) as
associações de socorros mútuos apoiavam os operários em determinadas eventualidades (doenças,
desemprego, acidentes) mediante o pagamento de uma quota. Agrupam quase exclusivamente os
operários mais qualificados, deixando a maioria à margem.
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Doutrinas socialistas
As condições de miséria em que viviam os proletários despertaram a vontade de intervenção social de
pensadores da época. No século XIX, a doutrina socialista emergente criticava a desumanidade do
sistema capitalista e propunha uma sociedade mais igualitária. Porém, podemos distinguir duas
abordagens diferentes do socialismo:
Socialismo utópico - propunha alternativas ao capitalismo no intuito de criar uma sociedade mais
justa. A principal referência é Proudhon, o qual defendia que os operários trabalhassem "uns para os
outros" em vez de trabalharem para um patrão. Entregando a propriedade privada a produtores
associados e abolindo o Estado pôr-se-ia fim à "exploração do homem pelo homem".
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2. Marxismo (socialismo científico) - o filósofo alemão Karl Marx analisou historicamente os modos
de produção, tendo concluído que a luta de classes é um fio condutor que atravessa todas as épocas.
Baseado neste pressuposto, expôs um plano de acção para atingir uma sociedade sem classes e sem
Estado - o comunismo.
Princípios do marxismo:
Karl Marx e Friedrich Engels expuseram, no Manifesto do Partido Comunista (1848), uma proposta
de explicação do processo histórico que tomou o nome de marxismo ou materialismo histórico:
- a luta de classes entre "opressores e oprimidos" é um traço fundamental de toda a História;
- a sociedade burguesa, dividida entre a burguesia e o proletariado, será destruída quando este,
"organizado em classe dominante" instaurar a ditadura do proletariado;
- Críticas à sociedade capitalista: Baseia-se na propriedade privada e na ideia de lucro. São
responsáveis pelas desigualdades sociais. Ideia de “mais valia” – Diferença entre a riqueza que 1
trabalhador efectivamente produz e o salário que lhe é pago. Essa diferença é reembolsada pelo
patrão e constitui o seu lucro. Para Marx, ela é a prova da exploração do trabalhador.
- Será necessária uma revolução violenta para pôr fim ao capitalismo. Será feita pelas massas
oprimidas, que se organizam em sindicatos e em partidos. Os grupos sociais dominantes serão
aniquilados.
- Depois de conquistar o poder político, o proletariado retirará o capital à burguesia e o capitalismo
será destruído pois estarão "todos os instrumentos de produção nas mãos do Estado". Operários
tomarão conta do Estado e instalarão a Ditadura do proletariado (fase do Socialismo).
- O governo do proletariado deverá acabar com a propriedade privada procedendo à nacionalização
dos bens da burguesia. Só assim seria possível construir a verdadeira sociedade socialista, a sociedade
comunista, sem classes, sem Estado e sem exploração do homem pelo homem.
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- os operários devem unir-se internacionalmente para fazer a revolução comunista, por isso o
Manifesto institui o lema "Proletários de todos os países, uni-vos".
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A política de Obras Públicas do período da Regeneração foi designada por fontismo devido à ação do
ministro Fontes Pereira de Melo. Objectivo: recuperar o país do atraso económico.
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Vantagens:
- a criação, pela primeira vez na história portuguesa, de um mercado nacional, fazendo chegar os
produtos a zonas isoladas e estimulando o consumo;
- o incremento agrícola e industrial;
- o alargamento das relações entre Portugal e a Europa evoluída.
2. A adopção do livre-cambismo - Fontes Pereira de Melo (que, além de ministro das Obras Públicas,
foi, também, ministro da Fazenda) era um acérrimo defensor da redução das tari fas aduaneiras,
argumentando que:
- só a entrada de matérias-primas a baixo preço poderia favorecer a produção portuguesa;
- a entrada de certos produtos industriais estrangeiros (que Portugal não produzia) a preços mais
baixos beneficiava o consumidor;
- a diminuição das tarifas contribuía para a redução do contrabando.
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Apesar da revolução dos transportes e dos progressos na agricultura e na indústria, a Rege neração
assentou o fomento económico sobre bases instáveis:
Livre-cambismo - abriu caminho à entrada de produtos industriais a baixo preço. Portugal não
tinha condições de competitividade, dado que a sua industrialização teve início cerca de meio
século mais tarde que os países desenvolvidos da Europa. Simultaneamente, a exportação de
produtos agrícolas decaiu (devido à doença das vinhas - filoxera - e à concorrência de outros
países também produtores de laranjas e carne). Em resultado, a balança comercial portuguesa
era negativa, em especial cerca de 1890.
Investimentos externos - grande parte do desenvolvimento português (vias férreas,
transportes urbanos, banca, indústria) fez-se à custa de investidores estrangeiros, logo, as
receitas originadas por esses investimentos não revertiam a favor de Portugal. O ramo dos
tabacos, nomeadamente, registou um desenvolvimento assinalável, porém, ficou na posse do
capital estrangeiro a partir de 1891.
Empréstimos - o défice das finanças públicas agravou-se ao longo do século XIX. Os recursos
utilizados para aumentar as receitas passavam, geralmente, pelas remessas dos emigrantes
(que diminuíram devido à conjuntura política brasileira) pelo aumento dos impostos (medida
anti-popular) e por pedidos de empréstimo ao estrangeiro, em particular ao banco inglês
Baring & Brothers (empréstimos que eram utilizados, muitas das vezes, para pagar os juros de
empréstimos anteriores). Por isso, quando o banco londrino abriu falência, em 1890, Portugal
deixou de ter meios de lidar com a dívida. O culminar da crise ocorreu em 1892, quando o
Estado português declarou a bancarrota (ruína financeira).
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- expansão tecnológica, com a difusão dos sectores ligados à 2ª revolução industrial (eletricidade,
indústria química, metalurgia pesada) e da mecanização.
3. A crise económica - a década de 1880-1890 foi marcada por uma crise económica aguda. No final
do século XIX, apesar do fomento industrial baseado no protecionismo económico, os problemas
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7. O regicídio - o assassinato do rei D. Carlos e do príncipe herdeiro, D. Luís Filipe, em 1908, mostrou
o total descrédito em que havia caído a monarquia. Depois de um golpe tão violento, tornou-se
impossível ao filho mais novo do rei - D. Manuel II - assegurar a continuidade da dinastia de Bragança
no poder. Foi o último rei de Portugal.
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1. Legislação Social: Direito à Greve; Descanso semanal obrigatório; Limitação do horário de trabalho
semanal para 48h; Proibição do trabalho infantil
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2. Laicização do Estado – “Lei de separação da Igreja do Estado” - Proibição do ensino religioso nas
escolas do Estado; Abolição dos feriados católicos; Legalização do divórcio; Expulsão das ordens
religiosas e nacionalização dos seus bens; Registo civil obrigatório para casamentos, nascimentos e
óbitos.
3. Reforma do Ensino - Criação dos 1ºs infantários; Escolaridade obrigatória e gratuita entre os 7 e os
10 anos; Modernização do ensino técnico; Formação de professores em escolas próprias; Criação das
universidades de Lisboa e Porto – 1911.
A crença nas potencialidades libertadoras da ciência dominou o final do século XIX. Influenciados
pela revolução industrial muitos homens de ciência e humanistas desenvolveram teorias baseados na
esperança de que o pensamento crítico e racional pudesse produzir novas descobertas e explicar de
forma satisfatória os fenómenos sociais. Comte fundou uma escola filosófica designada de
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Desde finais do século XIX alguns artistas portugueses apoiados por bolsas do Estado frequentaram os meios
universitários franceses e desenvolveram algumas novas propostas na área da pintura. Silva Porto, Marques de
Oliveira e outros desenvolveram propostas de representação da natureza que se inseriam no Realismo.
Trabalho, momentos de lazer em ambiente de ar livre e paisagens naturais tornaram esta tendência a arte
oficial do país, apoiada pelo próprio rei D. Carlos e que teve continuidade em pintores como Columbano ou
Malhoa, mas também Artur Loureiro, Aurélia de Sousa.
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