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Resumos Exame de História A

História A (Ensino Médio - Portugal)

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MÓDULO 6 - 11º ano – A civilização industrial – economia e sociedade; nacionalismos


e choques imperialistas
2.2. - Unidade e diversidade da sociedade oitocentista

CONCEITOS ESTRUTURANTES
 Sociedade de classes – tipo de sociedade que se generaliza no mundo ocidental, desde o séc. XIX.
Caracteriza-a a unidade do corpo social, na medida em que os indivíduos, nascidos livres e iguais em
direitos, dispõem do mesmo estatuto jurídico. A diversidade social baseia-se, essencialmente, no
estatuto económico, gerador de diferentes classes sociais.
 Movimento operário – conjunto de ações levadas a cabo pelos trabalhadores assalariados, para a
concretização das suas revindicações. Na óptica marxista, é a expressão da luta de classes. A
implantação do capitalismo industrial fez crescer a massa de assalariados e subir de tom os seus
protestos, que caminharam para formas crescentes de organização. Associações de socorros
mútuos, cooperativas, sindicatos, greves, manifestações, eis como se traduziu o movimento
operário, empenhado não só na melhoria das condições económicas e sociais (aumento do salário,
diminuição do horário de trabalho, assistência na velhice , na doença, no desemprego), mas
também na obtenção de direitos políticos.

No séc. XIX, a sociedade de ordens dá lugar à sociedade de classes. A sociedade de ordens de


Antigo Regime, na qual o nascimento era o principal factor de distinção social, deu lugar à sociedade
de classes da Época Contemporânea, em que os cidadãos, embora iguais perante a lei, se
distinguem pelo dinheiro e por todas as vantagens que este permite conquistar (instrução,
profissão prestigiada, lazer).
 As diferenças sociais assentam no estatuto económico, no grau de instrução e cultura, na
situação profissional e não no nascimento.
 Dois grandes grupos ou classes: a burguesia e o operariado (proletariado). A burguesia: é o
grupo dominante porque detém os meios de produção, muito embora ela própria se divida
numa hierarquia de diferentes estatutos. O proletariado: é a classe mais baixa que fornece o
trabalho à organização industrial.
 A mobilidade social é mais fácil e rápida - self-made men. A posição pessoal de um indivíduo
na sociedade depende dos seus méritos próprios - é a sociedade da oportunidade. Na
sociedade de classes a mobilidade ascensional é um fenómeno mais frequente do que na
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sociedade de ordens e os casos de sucesso de alguns indivíduos de origem humilde - self-


made men - fazem crer a todos que os lugares cimeiros da sociedade podem ser conquistados
apenas pelo mérito individual. Uma vez atingido o topo da escala social, cabe à família
burguesa o papel fundamental de assegurar a continuidade de estatuto e, se possível, reforçá-
lo por meio de estratégias diversas (aquisição de propriedades; fusão, através do casamento,
com membros da aristocracia; nobilitação por serviços prestados à Nação; exercício de cargos
na política). Criam-se, assim, as chamadas dinastias burguesas.

1. A Burguesia, uma classe heterogénea

- Alta burguesia distingue-se pelo seu poder económico (bancos, transportes, indústrias) e controla
os meios de produção. Os seus membros são, também, deputados e políticos.
- reforçam o seu estatuto por meio de estratégias diversas (aquisição de propriedades; fusão, através
do casamento, com membros da aristocracia; nobilitação por serviços prestados à Nação; exercício de
cargos na política). Criam-se, assim, as chamadas dinastias burguesas.

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- Porém, ao nível dos comportamentos, a nobreza continuava a ser o modelo: para afirmar o seu
poder, os burgueses de negócios tentavam aproximar-se da aristocracia (compravam castelos e
mansões, casavam os herdeiros com membros da velha nobreza, organizavam bailes e caçadas).

- Valores defendidos: apreço pelo trabalho, o sentido de poupança, a perseverança e a solidariedade


familiar. Passou, então, a demonstrar orgulho pelo estilo de vida burguês (surgimento da consciência
de classe). Aos poucos, adquire consciência de classe e demarca-se da nobreza: riqueza é fruto do
trabalho e não do privilégio.

Classes médias - grupo mais heterogéneo e socialmente flutuante da sociedade industrial. Englobam
o conjunto das profissões que não dependem do trabalho físico, isto é, chamado sector dos serviços.
A sua composição integrava:
a) Pequenos empresários da indústria - embora vulneráveis às crises e aos consequentes fenómenos
de concentração empresarial, foram-se expandindo em número ao longo do século XIX.
b) Empregados comerciais - a expansão da revolução industrial criou novos empregos para fazer
chegar o produto ao consumidor do mercado interno (por exemplo, os empregados de grandes
armazéns ou os transportadores).
c) Profissionais liberais - eram todos aqueles que, em vez de terem um patrão, trabalhavam por conta
própria. Estavam ligados à ideia de promoção social: tornar-se médico, advogado, empregado de
escritório (colarinho branco) ou professor primário era uma maneira segura de perspectivar um
futuro desafogado, longe da dureza do trabalho manual e da imprevisibilidade do mundo dos
pequenos negócios. O seu estatuto valorizou-se na medida em que serviam as necessidades (de
cuidados médicos, de conhecimentos jurídicos, de instrução) da sociedade industrial.

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As classes médias eram fortíssimas defensoras dos valores da burguesia, no intuito de permanecerem
(e, se possível, promoverem-se) dentro dessa classe social. Tornaram-se, assim, as classes mais
conservadoras. Entalada entre a alta burguesia – que admira – e o operariado - de quem desconfia,
a classe média desenvolve valores próprios que se caracterizam pelo seu conservadorismo:
respeito pelas hierarquias, gosto pela ordem, sentido da poupança, austeridade moral, culto da
família tradicional, culto das aparências.

2. A classe operária
- Com a Revolução industrial nasce o operário que trabalha na fábrica que, tal como as máquinas,
pertence ao Capitalista, o Burguês. O Operário apenas possui a força dos seus braços, o Trabalho,
que vende em troco de um salário. Ele apenas tem os seus filhos (a sua prole) e um salário pelo seu
trabalho, o qual aumenta ou diminui conforme a prosperidade da empresa, sem que um salário
mínimo esteja assegurado.
Neste contexto, os operários da segunda revolução industrial enfrentavam graves problemas dentro e
fora do seu local de trabalho:
- ausência de redes de solidariedade (em grande parte oriundos do campesinato, os operários
tinham de sobreviver na cidade sem o apoio da família alargada);
- elevado risco de acidentes de trabalho e de doenças profissionais (que, a ocorrerem, podiam levar
ao despedimento do operário, o qual se via, subitamente, incapacitado e sem salário);
- ausência de medidas de apoio social (não existia o direito a férias ou a descanso semanal, o horário
de trabalho rondava as 16 horas por dia, não se contemplava o direito a subsídios por desemprego,
velhice ou doença);

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- proibição e repressão de todo o tipo de reivindicação social (pois as leis e as instituições de


autoridade defendiam a classe dominante);
- contratação de mão-de-obra infantil, por ser mais barata (cerca de um terço do salário de um
adulto), menos reivindicativa e mais ágil (por exemplo, nos espaços exíguos das minas); daqui
resultava uma elevada taxa de mortalidade infantil entre os filhos da população operária;
- espaços de trabalho pouco saudáveis (ruído, calor ou frio extremos, iluminação deficiente, ausência
de cantinas e de vestuário apropriado);
- espaços de habitação sobrelotados e insalubres;
- pobreza extrema e todos os problemas a esta associados (desnutrição, doenças, crimes,
prostituição, consumo elevado de bebidas alcoólicas, mendicidade).

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O movimento operário

- 1º movimento: Ludistas – movimento espontâneo e mal organizado. Destruíam as fábricas e


máquinas. Muitos foram condenados à morte.

- Com o passar do tempo, o movimento operário organizou-se para se tornar mais eficaz, revestindo,
no essencial, duas formas:
1. O associativismo - na falta das redes de solidariedade tradicionais (família, paróquia) as
associações de socorros mútuos apoiavam os operários em determinadas eventualidades (doenças,
desemprego, acidentes) mediante o pagamento de uma quota. Agrupam quase exclusivamente os
operários mais qualificados, deixando a maioria à margem.

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2. O sindicalismo: utilizam as manifestações e as greves.


- Foi na Grã-Bretanha que o movimento operário se revelou mais precoce, com a autorização dos
sindicatos (trade unions) e das greves em 1824-25. Lutam pela jornada de 8h de trabalho.
- Os progressos da legislação social (por exemplo, a regulamentação do horário de trabalho, o
repouso semanal, a criação de pensões para as situações de acidente, doença, velhice) tornaram-se
mais notórios, na Europa industrializada, no terceiro quartel do século XIX, por efeito da pressão dos
sindicatos, entretanto legalizados, e pela difusão das ideias socialistas.

Doutrinas socialistas
As condições de miséria em que viviam os proletários despertaram a vontade de intervenção social de
pensadores da época. No século XIX, a doutrina socialista emergente criticava a desumanidade do
sistema capitalista e propunha uma sociedade mais igualitária. Porém, podemos distinguir duas
abordagens diferentes do socialismo:
Socialismo utópico - propunha alternativas ao capitalismo no intuito de criar uma sociedade mais
justa. A principal referência é Proudhon, o qual defendia que os operários trabalhassem "uns para os
outros" em vez de trabalharem para um patrão. Entregando a propriedade privada a produtores
associados e abolindo o Estado pôr-se-ia fim à "exploração do homem pelo homem".

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2. Marxismo (socialismo científico) - o filósofo alemão Karl Marx analisou historicamente os modos
de produção, tendo concluído que a luta de classes é um fio condutor que atravessa todas as épocas.
Baseado neste pressuposto, expôs um plano de acção para atingir uma sociedade sem classes e sem
Estado - o comunismo.

Princípios do marxismo:
Karl Marx e Friedrich Engels expuseram, no Manifesto do Partido Comunista (1848), uma proposta
de explicação do processo histórico que tomou o nome de marxismo ou materialismo histórico:
- a luta de classes entre "opressores e oprimidos" é um traço fundamental de toda a História;
- a sociedade burguesa, dividida entre a burguesia e o proletariado, será destruída quando este,
"organizado em classe dominante" instaurar a ditadura do proletariado;
- Críticas à sociedade capitalista: Baseia-se na propriedade privada e na ideia de lucro. São
responsáveis pelas desigualdades sociais. Ideia de “mais valia” – Diferença entre a riqueza que 1
trabalhador efectivamente produz e o salário que lhe é pago. Essa diferença é reembolsada pelo
patrão e constitui o seu lucro. Para Marx, ela é a prova da exploração do trabalhador.
- Será necessária uma revolução violenta para pôr fim ao capitalismo. Será feita pelas massas
oprimidas, que se organizam em sindicatos e em partidos. Os grupos sociais dominantes serão
aniquilados.
- Depois de conquistar o poder político, o proletariado retirará o capital à burguesia e o capitalismo
será destruído pois estarão "todos os instrumentos de produção nas mãos do Estado". Operários
tomarão conta do Estado e instalarão a Ditadura do proletariado (fase do Socialismo).
- O governo do proletariado deverá acabar com a propriedade privada procedendo à nacionalização
dos bens da burguesia. Só assim seria possível construir a verdadeira sociedade socialista, a sociedade
comunista, sem classes, sem Estado e sem exploração do homem pelo homem.
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- os operários devem unir-se internacionalmente para fazer a revolução comunista, por isso o
Manifesto institui o lema "Proletários de todos os países, uni-vos".

Efeitos no movimento operário:


Marx e Engels viveram uma parte da sua vida na Inglaterra do século XIX, tendo contactado com a
miséria da condição operária.
De acordo com a ideia do internacionalismo operário, Karl Marx redigiu os estatutos da I
Internacional (Associação Internacional de Trabalhadores), criada em Londres (1864);
- Marx deu o seu apoio à Comuna de Paris, de 1871 (o primeiro governo operário da História);
- Engels foi um dos fundadores da II Internacional, criada em Paris (1889);
- a realização das Internacionais Operárias promoveu a fundação de partidos socialistas na Europa.

Revisionismo – corrente socialista - Eduard Bernstein


(1850-1932)
Revisão das teses marxistas:
- Evolução gradual do capitalismo para o socialismo, sem revolução (pela via democrática).
- Entendimento entre burguesia e proletariado;
- Estado poderá criar uma eficaz legislação social.
- Dará origem aos Partidos socialistas e aos Partidos social-democratas.

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A Doutrina social da Igreja como alternativa ao Capitalismo e ao Socialismo

Na encíclica “Rerum Novarum”publicada em 1891, o Papa Leão XIII critica:


- a concentração de riqueza nos patrões, a miséria dos operários e as graves desigualdades da
sociedade capitalista liberal;
- o Socialismo por defender a luta de classes e o fim da propriedade privada.
O Papa defende:
- Os valores morais da solidariedade, a colaboração entre as classes e o direito à propriedade;
- as associações operárias, a justiça nas relações dos patrões com os operários e o pagamento de um
justo salário;
- a obrigação dos operários de não lesarem os patrões e de não recorrerem à violência para defender
as suas reivindicações.
- dará origem aos Partidos Democratas –cristãos.

Unidade 4 – Portugal, uma sociedade capitalista dependente

4.1. A Regeneração entre o Livre-cambismo e o protecionismo (1851-1880)

Significado político da Regeneração - Em 1851, o golpe de Estado do Marechal Saldanha instaurou


uma nova etapa política em Portugal, designada por Regeneração. Este movimento, que se
estendeu, cronologicamente, até à implantação da República (1910) teve um duplo significado:
- pretendia-se o progresso material do país, com o fomento do capitalismo aplicado às atividades
económicas;
- encerrava-se uma longa fase de conflitos entre as fações liberais.

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Empenho do fontismo na política de obras públicas

A política de Obras Públicas do período da Regeneração foi designada por fontismo devido à ação do
ministro Fontes Pereira de Melo. Objectivo: recuperar o país do atraso económico.

1. O desenvolvimento das infraestruturas


- Apostou-se na construção rodoviária (estradas em macadame) e na expansão da rede ferroviária
(estação de Campanhã e Santa Apolónia. A primeira viagem de comboio ocorreu no dia 28 de
Outubro de 1856, na linha que ligava Lisboa ao Carregado) ; construíram-se pontes (D.Luís, D. Maria,
Valença, Viana do Castelo, etc) e portos (Leixões + alargamento do porto de Lisboa).
- Nas comunicações: telégrafo (1857) e telefones (1882, em Lisboa e no Porto)

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Vantagens:
- a criação, pela primeira vez na história portuguesa, de um mercado nacional, fazendo chegar os
produtos a zonas isoladas e estimulando o consumo;
- o incremento agrícola e industrial;
- o alargamento das relações entre Portugal e a Europa evoluída.

2. A adopção do livre-cambismo - Fontes Pereira de Melo (que, além de ministro das Obras Públicas,
foi, também, ministro da Fazenda) era um acérrimo defensor da redução das tari fas aduaneiras,
argumentando que:
- só a entrada de matérias-primas a baixo preço poderia favorecer a produção portuguesa;
- a entrada de certos produtos industriais estrangeiros (que Portugal não produzia) a preços mais
baixos beneficiava o consumidor;
- a diminuição das tarifas contribuía para a redução do contrabando.

3. Exploração da agricultura orientada para a exportação - a aplicação do liberalismo económico


favoreceu a especialização em certos produtos agrícolas de boa aceitação no estrangeiro como, por
exemplo, os vinhos e a cortiça. A aplicação do capitalismo ao sector agrícola passou por uma série
de inovações, nomeadamente:
- o desbravamento de terras (arroteamentos);
- a redução do pousio;
- a abolição dos pastos comuns;
- a introdução de maquinaria nos trabalhos agrícolas (sobretudo no Centro e Sul do país, pois no
Norte a terra é mais fragmentada e irregular);

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- o uso de adubos químicos (produzidos nacionalmente, devido ao desenvolvimento da indústria


química).
4. Arranque industrial - apesar do atraso económico de Portugal em relação aos países desenvolvidos
da Europa, registaram-se alguns progressos a nível industrial:
- difusão da máquina a vapor;
- desenvolvimento de diversos sectores da indústria (nomeadamente cortiças, conservas de peixe e
tabacos);
- criação de unidades industriais e concentração empresarial em alguns sectores (por exemplo, no
têxtil);
- aumento da população operária, sobretudo no Norte do país (apesar de se tratar maioritariamente
de mão-de-obra não qualificada);
- criação de sociedades anónimas;
- aplicação da energia elétrica à indústria (já no século XX).

No entanto, a economia portuguesa sofria de alguns problemas de base que impediram o


crescimento industrial:
- a falta de certas matérias-primas no território nacional (por exemplo, o algodão);
- a carência de população ativa no sector secundário (totalizava apenas cerca de 20%, em 1890);
- a falta de formação do operariado e do patronato;
- a orientação dos investimentos particulares para as atividades especulativas e para o sector
imobiliário, em detrimento das atividades produtivas;
- a dependência do capital estrangeiro.

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4.2. Entre a depressão e a expansão – 1880-1914

Apesar da revolução dos transportes e dos progressos na agricultura e na indústria, a Rege neração
assentou o fomento económico sobre bases instáveis:
 Livre-cambismo - abriu caminho à entrada de produtos industriais a baixo preço. Portugal não
tinha condições de competitividade, dado que a sua industrialização teve início cerca de meio
século mais tarde que os países desenvolvidos da Europa. Simultaneamente, a exportação de
produtos agrícolas decaiu (devido à doença das vinhas - filoxera - e à concorrência de outros
países também produtores de laranjas e carne). Em resultado, a balança comercial portuguesa
era negativa, em especial cerca de 1890.
 Investimentos externos - grande parte do desenvolvimento português (vias férreas,
transportes urbanos, banca, indústria) fez-se à custa de investidores estrangeiros, logo, as
receitas originadas por esses investimentos não revertiam a favor de Portugal. O ramo dos
tabacos, nomeadamente, registou um desenvolvimento assinalável, porém, ficou na posse do
capital estrangeiro a partir de 1891.
 Empréstimos - o défice das finanças públicas agravou-se ao longo do século XIX. Os recursos
utilizados para aumentar as receitas passavam, geralmente, pelas remessas dos emigrantes
(que diminuíram devido à conjuntura política brasileira) pelo aumento dos impostos (medida
anti-popular) e por pedidos de empréstimo ao estrangeiro, em particular ao banco inglês
Baring & Brothers (empréstimos que eram utilizados, muitas das vezes, para pagar os juros de
empréstimos anteriores). Por isso, quando o banco londrino abriu falência, em 1890, Portugal
deixou de ter meios de lidar com a dívida. O culminar da crise ocorreu em 1892, quando o
Estado português declarou a bancarrota (ruína financeira).

O surto industrial de final do século


No final do século XIX, a crise obrigou a uma reorientação da economia portuguesa, que apostou nos
seguintes vetores:
- retorno à doutrina protecionista que permitiu à agricultura enfrentar os preços dos cereais
estrangeiros e à indústria colocar a produção no mercado em condições vantajosas;
- concentração industrial - através da criação de grandes companhias, melhor preparadas para
enfrentar as flutuações do mercado (por exemplo, a CUF - Companhia União Fabril, produtora de
adubos);
- valorização do mercado colonial, substituindo os mercados europeus;

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- expansão tecnológica, com a difusão dos sectores ligados à 2ª revolução industrial (eletricidade,
indústria química, metalurgia pesada) e da mecanização.

As transformações do regime político na viragem do século

Entre as principais causas de crise da monarquia, contam-se:


1. A crise do rotativismo partidário - o modelo político de alternância, no poder, entre dois partidos
(Progressista e Regenerador) que caracterizara a estabilidade da segunda metade do século XIX,
encontrava-se esgotado, pois os políticos não haviam conseguido resolver os principais problemas do
país. Nos finais do século XIX, a incapacidade do rei em pôr cobro às querelas políticas constituiu um
dos fatores da descrença dos cidadãos no sistema monárquico.
2. A questão do Ultimato inglês - em tempos de nacionalismo imperialista, opuseram-se dois
projetos de ocupação em África: o inglês, que pretendia unir os territórios numa faixa de Norte a Sul,
ligando o Cairo ao Cabo, e o "Mapa cor-de-rosa" português, proposta da Sociedade de Geografia de
Lisboa (1881) de ocupar os territórios entre as colónias portuguesas de Angola e Moçambique. A
Inglaterra dirigiu um Ultimato (última ordem) a Portugal em 1890, no sentido de impor, se necessário
pela força, as ambições inglesas. O governo português cedeu. A questão do Ultimato foi considerada
um insulto ao orgulho nacional e contribuiu para criar, entre a opinião pública, a ideia de que a
monarquia era incapaz de defender os interesses do país. Deste incidente nasceu "A Portuguesa",
actual hino nacional que então exortava os portugueses a marchar "contra os Bretões"!

3. A crise económica - a década de 1880-1890 foi marcada por uma crise económica aguda. No final
do século XIX, apesar do fomento industrial baseado no protecionismo económico, os problemas
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estruturais mantinham-se (nomeadamente, a falta de investimento em atividades produtivas, o


atraso agrícola, a dependência externa, a emigração de parte da população ativa para o Brasil em
busca de melhores condições de vida). Na primeira década do século XX, o descrédito na política
económica do Governo e da monarquia agravou-se devido à descoberta de irregularidades
financeiras (ligadas ao favorecimento do capitalista Conde de Burnay nos tabacos e às despesas com
a família real).
4. A difusão da ideologia republicana - em 1876 foi fundado, em Portugal, o Partido Republicano.
Rapidamente conquistou a adesão das classes médias, vítimas da crise económica e descrentes da
política.
5. A revolta de "31 de Janeiro" - em 1891, em contexto de profunda crise económica e de rescaldo do
ultimato inglês, um grupo de militares de baixa patente protagonizou uma tentativa de implantação
da República, no Porto (na antiga Rua de Santo António, atual Rua 31 de Janeiro). Apesar de
fracassada (foi violentamente reprimida), a revolta exprimiu os anseios de derrube da monarquia
partilhados por grande parte da população.
6. A ditadura de João Franco - em 1907, o rei D. Carlos dissolveu o Parlamento, permitindo ao
ministro João Franco que governasse com plenos poderes. A ditadura apenas veio reforçar o
descontentamento com a monarquia.

7. O regicídio - o assassinato do rei D. Carlos e do príncipe herdeiro, D. Luís Filipe, em 1908, mostrou
o total descrédito em que havia caído a monarquia. Depois de um golpe tão violento, tornou-se
impossível ao filho mais novo do rei - D. Manuel II - assegurar a continuidade da dinastia de Bragança
no poder. Foi o último rei de Portugal.

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Princípios fundamentais do ideário republicano


As principais ideias sobre as quais assentou a atuação dos governos da Primeira República foram:
- a laicização do Estado (total separação entre a Igreja e o Estado) - porém, as medidas anticlericais
do ministro Afonso Costa (por exemplo, a expulsão dos jesuítas do país) fizeram com que a primeira
república perdesse uma grande parte do apoio popular;
- a abolição da sociedade de ordens (pela aniquilação definitiva dos privilégios do Clero e da
Nobreza);
- a defesa dos direitos dos trabalhadores (nomeadamente, instituindo o direito à greve e o descanso
obrigatório aos domingos para os assalariados);
- o direito à instrução (através da reforma do ensino público) - a Primeira República conseguiu
resultados assinaláveis no domínio do ensino, porém, afastou os analfabetos da intervenção política.

A Revolução de 5 de Outubro de 1910


A revolução foi preparada para ter início no dia 4 de Outubro, em Lisboa. Com efeito, desde a
madrugada, foram-se organizando os oficiais revoltosos, os quais puderam contar com o auxílio da
Marinha. Seguiram-se combates entre os republicanos e as tropas fiéis à monarquia. A República foi
proclamada às 9 horas do dia 5 de Outubro de 1910, da varanda dos Paços do Concelho. Consumava-
se o fim de um sistema político que, na prática, já ruíra.
Logo após a revolução, formou-se um Governo Provisório presidido por Teófilo Braga.

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Regime político instaurado pela Constituição de 1911


A Assembleia Nacional Constituinte elaborou a Constituição de 1911 e elegeu o primeiro presidente
da República (Manuel de Arriaga). As linhas de fundo do regime político republicano eram:
- a superioridade do poder legislativo, pois o Congresso da República, composto pela Câmara dos
Deputados e pelo Senado, era dotado de amplos poderes: controlava o Governo e podia destituir o
Presidente da República. Esta característica pode, aliás, explicar a instabilidade governativa da
Primeira República;
- o carácter simbólico da figura do Presidente da República, o qual era eleito pelo Congresso e não
podia exercer direito de veto sobre as leis emanadas do Congresso;
- o sufrágio direto e universal para os maiores de 21 anos que soubessem ler e escrever ou fossem
chefes de família.
A acção dos governos republicanos:

1. Legislação Social: Direito à Greve; Descanso semanal obrigatório; Limitação do horário de trabalho
semanal para 48h; Proibição do trabalho infantil
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2. Laicização do Estado – “Lei de separação da Igreja do Estado” - Proibição do ensino religioso nas
escolas do Estado; Abolição dos feriados católicos; Legalização do divórcio; Expulsão das ordens
religiosas e nacionalização dos seus bens; Registo civil obrigatório para casamentos, nascimentos e
óbitos.

3. Reforma do Ensino - Criação dos 1ºs infantários; Escolaridade obrigatória e gratuita entre os 7 e os
10 anos; Modernização do ensino técnico; Formação de professores em escolas próprias; Criação das
universidades de Lisboa e Porto – 1911.

UNIDADE 5 - OS CAMINHOS DA CULTURA

A crença nas potencialidades libertadoras da ciência dominou o final do século XIX. Influenciados
pela revolução industrial muitos homens de ciência e humanistas desenvolveram teorias baseados na
esperança de que o pensamento crítico e racional pudesse produzir novas descobertas e explicar de
forma satisfatória os fenómenos sociais. Comte fundou uma escola filosófica designada de

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Positivismo na crença de que só através da ciência seria possível aceder a um conhecimento


verdadeiro.

Portugal: o dinamismo cultural do último terço do século.


Pintura Naturalista

Desde finais do século XIX alguns artistas portugueses apoiados por bolsas do Estado frequentaram os meios
universitários franceses e desenvolveram algumas novas propostas na área da pintura. Silva Porto, Marques de
Oliveira e outros desenvolveram propostas de representação da natureza que se inseriam no Realismo.
Trabalho, momentos de lazer em ambiente de ar livre e paisagens naturais tornaram esta tendência a arte
oficial do país, apoiada pelo próprio rei D. Carlos e que teve continuidade em pintores como Columbano ou
Malhoa, mas também Artur Loureiro, Aurélia de Sousa.

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