Autor(es): Karl Marx e Friedrich Engels Tradução: Sueli Tomazini Barros Cassal Prefácios: Edição Alemã de 1872 (Marx e Engels); Edição Alemã de 1890 (Engels). 1 – Observações sobre a organização do texto: O texto procura obter a aceitação do receptor, defende uma postura e ponto de vista específico, é argumentativo e aplica bem o argumento. É um manifesto, ou seja, um texto dissertativo-argumentativo, separado em três capítulos com notas explicativas no rodapé. 2 - Principais conceitos (ou teses) apresentados pelo texto -, no capítulo “Burgueses e proletários”: a) A “história” é definida como a história da luta de classes, tratando-se da história transmitida por escrito, ou seja, a história que se obteve após a invenção da escrita. Percebe-se que não existia informação sobre a história e a organização social antes da escrita era então totalmente desconhecida. A sua importância é justamente os registros feitos sobre a sociedade e sua análise. b) A burguesia é considerada revolucionária pois está sempre debruçada sobre novas formas de expandir seu capital revolucionando sempre o mercado, como por exemplo, substituiu a manufatura por máquinas que produz mais em menos tempo. Apesar disso, não tem nada de revolucionária socialmente, ao contrário, é muito conservadora em seus costumes para manter-se sempre no topo da pirâmide econômica. c) A burguesia preservou dos valores medievais da oposição de classes, limitando-se a substituir as classes por novas classes com novas opressões e lutas. d) Quando dizem que “A burguesia subjugou o país às leis da cidade”, expressa que, a cidade domina o campo e todo o resto. Os centros urbanos foram criados - e os que já existiam, expandidos - por conta da revolução industrial, que causou a migração campo – cidade, moldando as pessoas e suas relações a partir do trabalho braçal que eram submetidas. Também se tornou o centro urbano, um coração do capital, afinal, lá estavam as grandes empresas e grandes bancos. Controla os meios de produção e concentra as propriedades em poucas mãos e em contraponto, aglomera e aumenta a população. Por conta dessa centralização, também se tornou o centro da vida política, reunindo todas as províncias numa só, baixo suas leis. e) A burguesia vai perdendo o controle dos próprios meios que criou e por conta disso passa por diversas crises que nem sempre consegue controlar em sua totalidade. Nessas crises eclode a epidemia social da superpopulação, levando a um momento de barbárie momentânea com deficiência na subsistência da população. Como solução para as crises, executa demissões em massa, explora mais os mercados que tem e tenta explorar outros mais, acabando por gerar uma crise mais violenta aonde a maior vitima é a população. A população por sua vez, vai se revoltando cada vez mais frente a todas as dificuldades sofridas e com isso, abala cada vez mais a burguesia. f) A máquina não é atraente ao proletariado pois faz com que o trabalho perca toda a sua autonomia, tornando-o um mero acessório da máquina. g) Pequenas classes médias antigas, ou seja, pequenos industriais, comerciantes, os que vivem de renda, artesãos e camponeses. h) Gradualmente o proletariado entra em luta, iniciando isolados e depois abrangendo outros setores, atentando inclusive contra as máquinas, e formam uma massa dispersa para em seguida combater os remanescentes da monarquia absoluta: proprietários rurais, burgueses não-industriais, pequeno-burgueses. A massa proletária cresce mais e mais, formando coalisões para defenderem seus direitos, transformando aos poucos as lutas isoladas em luta de classes. Aproximando-se do auge, existe uma pequena parte da classe dirigente da velha burguesia que se desvincula e junta-se a classe revolucionária. Saindo do âmbito nacional e indo para o internacional, irrompe a revolução aberta e o proletariado lança as bases de sua dominação e derruba violentamente a burguesia. i) Segundo Marx, a incorporação de todas as classes à classe operária e a derrubada da burguesia, dando fim às divisões e lutas de classes. 3 – A propósito dos temas desenvolvidos no capítulo “Proletários e comunistas”: a) Os comunistas e o proletariado têm como objetivo imediato a formação do proletariado em classe, a derrubada da dominação burguesa e a conquista do poder político por ele. As diferenças entre os mesmos são apenas duas: nas lutas nacionais do proletariado os interesses comuns prevalecem e entre a luta do proletariado e na luta do proletariado contra a burguesia, o interesse geral do movimento prevalece. b) Marx rebate dizendo que o fruto do trabalho e a propriedade pertence a quem a produziu, pois, produção alguma dá o poder ao proletariado a ter posses. Suprimindo essa maneira de produzir, que aumenta o capital em relação aos interesses da classe dominante, suprime-se o poder de subjugar por apropriação, o trabalho alheio. Tendo em vista que as relações são ditadas também pelo modo burguês de produção, revolucionando o mesmo, também se modifica o relacionar-se, pois as ideias de cultura, relação, religião, direito, família etc. são de cunho burguês.
c) O discurso se estrutura de forma dialética e de forma defensiva, pois
argumenta contra todas as acusações dirigidas aos autores de forma em que são criadas teses, antíteses e outras teses conforme o autor discorre sobre a mudança social.
d) As medidas programáticas que são sugeridas são a expropriação da
propriedade fundiária e utilizando a renda restante para as despesas do estado; imposto acentuadamente progressivo; confisco da propriedade de todos os emigrantes e rebeldes; a centralização de credito nas mãos do estado bem como dos meios de transporte; multiplicação das indústrias nacionais, dos instrumentos de produção, desbravamento e melhora das terras de acordo com um plano coletivo; a obrigatoriedade de trabalho para todos e organização de exércitos industriais e em especial, para agricultura; a combinação de trabalho agrícola com industrial para que aos poucos seja eliminada a oposição campo x cidade e educação para todas as crianças suprimindo também o trabalho infantil. Não existe elevação de tom para imperativo pois são sugestões feitas: “(...) podem aplicar-se as medidas seguintes (...)”.
4 – As correntes que o autor utilizou são as socialistas, comunistas e
democratas radicais, representando então em conjunto, a reinvindicação da república e da democracia e a abolição de monarquia absolutista.
5 – “A história de toda a sociedade até nossos dias é a história da luta de
classes” e “proletários do mundo todo, uni-vos!”. Sendo a sociedade moldada na luta de classes e assim ditada sua história, existe a necessidade de que a história finalmente seja escrita por aqueles que são a base da sociedade, ou seja, os proletários. Para que isso ocorra, existe a necessidade de união dessa classe para que juntos, e mais fortes, possam finalmente ter um mundo mais justo e igual. 6 – A Bíblia é um texto que pode ser cotejado com o Manifesto pois tem uma grande influência na sociedade até os dias de hoje.
7 – O Manifesto do Partido Comunista tem um caráter muito importante pois
argumenta contra um sistema que logicamente não foi construído para dar certo, afinal, mata os que o sustentam como se fossem peças de máquinas substituíveis. Mostra que, apesar de produzir muito, poucos tem acesso ao que produziram, transformando a abundância em miséria e que não existe lógica alguma em poucos terem muito e muitos terem pouco.