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"A antiga organização feudal da indústria, em que esta era circunscrita a corporações fechadas, já não podia
satisfazer às necessidades que cresciam com a abertura de novos mercados. A manufatura a substituiu. A
pequena burguesia industrial suplantou os mestres das corporações; a divisão do trabalho entre as diferentes
corporações desapareceu diante da divisão do trabalho dentro da própria oficina." MARX; ENGELS, pg. 8 - 9).
Da mesma forma que o campo é debandado, as nações bárbaras são submetidas à nova
ordem que se impunha, as aristocracias são tolhidas pela ampla burguesia, o Oriente se
submete ao Ocidente. E é nesse movimento de redistribuição das relações e das riquezas
que se percebe um fator que determinaria o reagrupamento das classes sociais: a
propriedade passa ao jugo de um número restrito das sociedades. Esse movimento em si, já
promove um aspecto perverso dessa economia burguesa. O arranjo ganha um elemento
dramático: o trabalho assalariado. Com a fixação de salários, aqueles que seriam
empregados pelos burgueses modernos, passariam a ofertar sua força de trabalho. Em
outras palavras, convertem-se em mercadorias.
"Os comunistas só se distinguem dos outros partidos operários em dois pontos: 1) Nas diversas lutas nacionais
dos proletários, destacam e fazem prevalecer os interesses comuns do proletariado, independente da
nacionalidade; 2) Nas diferentes fases por que passa a luta entre proletários e burgueses, representam,
sempre e em toda a parte, os interesses do movimento em seu conjunto." (MARX, ENGELS, pg 28)
Embora caiba fazer objeção a certas associações a que a palavra “engenharia” dá lugar, utilizarei a expressão
“Engenharia social gradual” para iludir à aplicação prática dos resultados da tecnologia de ação gradual. A
expressão é útil, pois importa dispor de uma forma de indicar o conjunto das atividades sociais privadas e
públicas que, a fim de conduzirem a um objetivo ou propósito, usam, conscientemente, de todos os
conhecimentos tecnológicos existentes. A Engenharia social de ação gradual semelha-se à Engenharia comum
por encarar os fins como algo situado para além do reino da tecnologia. (Quanto a fins, a tecnologia só está
apta a dizer se eles são compatíveis entre si e de concretização possível.) Nesse ponto, a Engenharia social
afasta-se do historicismo, que entende serem os fins das atividades humanas dependentes de forças históricas
e, pois, situados dentro do âmbito por ele abarcado. (POPPER, 1957)
Outro grande expoente da crítica marxista é Raymond Aron. Em "O Ópio dos
Intelectuais", Aron efetua uma análise direcionada aos movimentos tipicamente de
esquerda, orientados por diretrizes marxistas-leninistas, desconsiderando seu caráter
libertário e, questionando até, se o materialismo histórico seria capaz de produzir uma
arregimentação normativa que privilegiasse a liberdade. E justamente em uma brecha do
argumento apresentado por Marx e Engels é que Aron estabelece uma forte crítica relativo
á noção de proletariado. Sobre o que se afirma no Manifesto acerca da soberania do
proletariado como uma condição natural frente à dissolução imanente das classes
burguesas, Aron entende a crise intrínseca da burguesia como um processo de disputa pelo
poder, o qual incluí nesta os comunistas. Ele entende que a literatura socialista faz uso
desse conflito para evidenciar um proletariado, recapitulando uma teoria da História. "As
revoluções que invocam o proletariado, como todas as revoluções do passado, assinalam a
substituição violenta de uma elite por outra." O proletariado seria uma invenção de
determinadas classes políticas no intento de cooptar a massa trabalhadora em suas
considerações.
O Manifesto revela uma faceta cruel de um momento histórico pautada na
suplantação de dogmas e símbolos, em função de um amplo paradigma de câmbios e
trocas. A perda de referência nacional e o desestímulo à uma conduta moral que contribua
para uma organização das relações sociais, são a rota para o questionamento à ordem
liberal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Popper, Karl. "A Miséria do historicismo", EDUSP, São Paulo, 1980, acessado em
http://www.libertarianismo.org/livros/kpamdh.pdf , no dia 21/07/2013.
Aron, Raymond. "O Ópio dos Intelectuais" Ed. UnB, Brasília, 1980.