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ECONOMIA POLÍTICA : UMA INTRODUÇÃO CRÍTICA

Produção de mercadorias e o modo de produção capitalista

INTRODUÇÃO: DA ORIGEM À CRÍTICA MARXIANA


ECONOMIA POLÍTICA: corpo teórico voltado para a explicação e a compreensão da
vida social. Aborda questões ligadas diretamente a interesses materiais (econômicos e
sociais) em face disto não existe uma neutralidade: suas teses e conclusões estão
sempre ligadas a interesses de grupos e de classes.

A natureza peculiar do material [que a Economia Política] aborda chama ao


campo de batalha as paixões mais violentas, mesquinhas e odiosas do
coração humano, as fúrias do interesse privado. A Igreja Anglicana da
Inglaterra, por exemplo, perdoaria antes o ataque a 38 de seus 39 artigos
de fé do que a 1/39 de suas rendas monetárias. (Marx, 1983, I, 1:13)

ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA ( sec XVII – XIX)


Busca pela compreensão do conjunto das relações sociais que estavam surgindo no
final do Antigo Regime, centrando a sua atenção nas questões relativas ao trabalho, ao
valor e ao dinheiro. Generalização das relações mercantis e sua extensão ao mundo do
trabalho.
Não havia uma busca por parte dos estudiosos de instituição de um campo de estudos
cientifico, mas sim uma busca por compreensão da sociedade que surgia das estranhas
do mundo feudal
Um elenco articulado de ideias que buscava oferecer uma visão do conjunto da voda
social.
Os clássicos não se colocavam como cientistas puros, mas sim com claros objetivos de
intervenção social e politica
O modo segundo o qual os autores trataram a respeito das principais categorias e
instituições econômicas: dinheiro, capital, lucro, salário, mercado, propriedade
privada.

eles as entenderam como categorias e instituições naturais


que, uma vez descobertas pela razão humana e instauradas
na vida social, permaneceriam eternas e invariáveis na sua
estrutura fundamental. – inspiração em Locke no jurisnaturalismo
clássico e no liberalismo clássico

Burguesia emerge a partir de uma divergência de interesses e confronto entre esta e a


classe feudal junto à Igreja. O evento se insere em um contexto ainda maior de
construção e de domínio da classe burguesa durante o período de revoluções no
Iluminismo.

a Economia Política clássica expressou o ideário da burguesia


no período em que esta classe estava na vanguarda das lutas
sociais, conduzindo o processo revolucionário que destruiu o
Antigo Regime
Os teóricos, porém, não se tornaram cegos defensores cegos e acríticos em relação à
nova ordem social que surgia. Elaboravam de modo objetivo, porem não neutro, a
problemática que emergia com o surgimento dessa nova sociedade

Defendiam uma ordem social mais livre e avançada do que a feudalidade

A CRISE DA ECONOMIA POLÍTICA CLÁSSICA ( 1830 – 1848)

Altera-se profundamente a relação da burguesia com a cultura ilustrada de que se


valera ao longo do seu período revolucionário – programa da modernidade

A cultura ilustrada condensa um projeto de emancipação humana (liberdade,


igualdade e fraternidade) . Entretanto, os regimes burgueses que se constituem no sec
XIX referem-se a uma emancipação somente política e não humana. A igualdade
jurídica não se traduz na igualdade econômico-social

Portanto, a Revolução Burguesa, realizada, não conduziu ao


prometido reino da liberdade: conduziu a uma ordem social sem
dúvida muito mais livre que a anterior, mas que continha limites
insuperáveis à emancipação da humanidade. Tais limites deviam-se
ao fato de a revolução resultar numa nova dominação de classe – o
domínio de classe da burguesia.

A existência dos limites contradizia os valores presentes na cultura ilustrada

Interesse burguês na permanência do regime que esta instituiu, neutralizando ou


abandonando valores construídos ao longo da cultura ilustrada

O bloco social do terceiro estado que lutou pela liberdade e agora via-se sobre
domínio burguês trata de adaptar aos seus interesses os valores presentes na cultura
ilustrada – formação de novos embates entre a burguesia e os segmentos
trabalhadores (proletariado). Revoluções de 1848 – burguesia conservadora x
proletariado revolucionário

a burguesia abandona os principais valores da cultura ilustrada e


ingressa no ciclo da sua decadência ideológica, caracterizado por sua
incapacidade de classe para propor alternativas emancipadoras; a
herança ilustrada passa às mãos do proletariado, que se situa, então,
como sujeito revolucionário.

A crise da economia politica clássica, portanto, encontra-se na conversão da burguesia


em uma classe conservadora, já que economia politica clássica expressava os desejos
de emancipação de uma burguesia revolucionaria

Modo segundo o qual a burguesia enfrentou o problema da riqueza social . Para os


clássicos, valor é produto do trabalho. Pensadores ligados ao proletariado passa a
extrair desse conceito criado pela cultura ilustrada consequências socialistas.
A teoria do valor-trabalho, antes uma arma da burguesia contra a nobreza, torna-se
agora uma critica ao regime burguês: o proletariado utiliza a teoria como forma de
demonstração o caráter exploratório do capital em faze do trabalho. São recuperadas
pelos pensadores vinculados aos interesses das massas trabalhadoras

Burguesia – capital proletariado – trabalho

Analise da vida social a partir da produção de bens materiais e não de sua distribuição

A teoria do valor trabalho e as pequisas da vida social fundadas no estudo de produção


econômica ( analise social e econômica a partir da produção) , nesse momento, iam
contra os interesses burgueses

Agora há o desenvolvimento de duas áreas de pesquisa opostas: a investigação


conduzida pelos pensadores vinculado à classe burguesa, que adota o termo
“Economia”, e a investigação conduzida por aqueles ligados ao proletariado, que na
analise marxiana tem o nome de “crítica da Economia Política”.

E, em ambos os casos, a mudança de nomenclatura sinaliza


alterações substantivas na concepção teórica, relativas aos valores,
ao objeto, ao objetivo e ao método de pesquisa.

A Economia vai se desenvolver no sentido de uma disciplina científica


estritamente especializada, depurando-se de preocupações históricas,
sociais e políticas. Tais preocupações serão postas à conta das outras
ciências sociais que se articulam na sequência de 1848: a História, a
Sociologia e a Teoria (ou Ciência) Política - GANHA ESTATUTO
CIENTÍFICO ACADÊMICO

. Ela renuncia a qualquer pretensão de fornecer as bases para a


compreensão do conjunto social e, principalmente, deixa de lado
procedimentos analíticos que partem da produção – analisa
preferencialmente a superfície imediata da vida econômica (os
fenômenos da circulação), privilegiando o estudo da distribuição dos
bens produzidos entre os agentes econômicos e quando,
excepcionalmente, atenta para a produção, aborda-a de modo a
ladear a teoria do valor-trabalho.

Formacao de profissionais como gestores de empresas capitalistas e na área de


administração publica

Caracteristica herdada da economia politica clássica: a consideração das


categorias econômicas próprias do regime burguês como realidades
supra-históricas, eternas, que não devem ser objeto de transformação
estrutural, senão ao preço da destruição da “ordem social”; assim,
para essa “ciência econômica”, propriedade privada, capital, salário,
lucro etc. fazem parte, natural e necessariamente, de qualquer forma
de organização social “normal”, “civilizada”, e devem sempre ser
preservados.
Teoria do valor trabalho é substituída pela teoria da utilidade marginal

tornou-se um importante instrumento de administração, manipulação


e legitimação da ordem comandada pela burguesia.

A CRITICA DA ECONOMIA POLÍTICA

Marx concentrou seus esforços no auxilio teórico aos movimentos emergentes do


proletariado para derrubada da burguesia e concretização da emancipação humana

O êxito do protagonismo revolucionário dependia do conhecimento rigoroso da


realidade social.

mais eficaz quanto mais estivesse fundada não em concepções


utópicas, mas numa teoria social que reproduzisse idealmente (ou
seja, no plano das idéias) o movimento real e objetivo da sociedade
capitalista. Por isso, na perspectiva de Marx, a verdade e a
objetividade do conhecimento teórico não são perturbadas ou
prejudicadas pelos interesses de classe do proletariado; ao contrário:
na medida em que o sucesso da ação revolucionária da classe
operária depende do conhecimento verdadeiro da realidade social, o
ponto de vista (ou perspectiva) que se vincula aos interesses do
proletariado é exatamente aquele que favorece a elaboração de uma
teoria social que dá conta do efetivo movimento da sociedade.

Marx desenvolve uma teoria social que esclarece o surgimento, o processo de


consolidação e desenvolvimento e as condições de crise da sociedade burguesa
(capitalista)

Marx esclarece que a burguesia não é uma organização natural destinada a constituir o
ponto final da evolução humana, mas sim uma organização que é fruto de um
processo históricos e transitório de dominação e que contem contradições dentro de
seu próprio interior,. Tendências que permitem a sua superação e a formação de um
novo modelo de sociedade – sociedade comunista – um ponto inicial para a
construção de uma nova sociedade emancipada de fato

A teoria social de marx foi formada a partir da cultura ilustrada com o uso da filosofia
clássica alemã e o método dialético de Hegel, a critica social aos pensadores utópicos e
a economia politica clássica

A crítica marxiana à Economia Política não significou a negação


teórica dos clássicos; significou a sua superação, incorporando as
suas conquistas, mostrando os seus limites e desconstruindo os seus
equívocos.

Marx historicizou as categorias manejadas pelos clássicos, rompendo com a


naturalização do que pressupunha as questões como eternas e cria o método crítico-
dialético/materialismo histórico – analise das leis do movimento do capital – base da
dinâmica da sociedade burguesa, em que o conjunto das relações sociais esta
subordinado ao comando do capital

A ECONOMIA POLITICA MARXISTA

A crítica da Economia Política clássica realizada por Marx possibilitou


o conhecimento teórico da estrutura e da dinâmica econômicas da
sociedade burguesa.

Ao longo do século XX, esses fenômenos e processos foram o alvo da


pesquisa de analistas que, inspirados por Marx (especialmente
incorporando seu método crítico-dialético), procuraram esclarecê-los
e integrá-los ao corpo teórico instaurado pelo autor d'O capital,
construindo o que se pode designar como Economia Política
marxista10.

Economia Política, “no sentido mais amplo, é a ciência das leis que
regem a produção e a troca dos meios materiais de subsistência na
sociedade humana”

“o objeto da Economia Política não é simplesmente a 'produção', mas


as relações sociais que existem entre os homens na produção, a
estrutura social da produção”

o objeto da Economia Política é a atividade econômica, ou seja, a


produção e a distribuição dos bens com os quais os homens
satisfazem suas necessidades individuais ou coletivas; essa produção
e distribuição constituem o processo econômico, e o “objetivo da
Economia Política [...] é estudar as leis sociais que regulam o
processo econômico”. Em suma, “a Economia Política é a ciência das
leis sociais da atividade econômica”

CAP 3 – PRODUCAO DE MERCADORIAS E MODO DE PRODUÇÃO


CAPITALISTA

A mercadoria é um objeto externo ao homem que satisfaz uma


necessidade qualquer material ou espiritual, a sua utilidade,
determinada pelas suas propriedades, faz dela um valor de uso

A existência da sociedade sempre depende da existência de valores


de uso

Aquilo que tem valor de uso próprio não pode ser considerado
mercadoria

A mercadoria é uma unidade que sintetiza valor de uso e valor de


troca
Para a produção da mercadoria há a necessidade de uma divisão
social do trabalho e da propriedade privada dos meios de produção –
o produto do trabalho pertence ao dono dos meios de produção –
fatores necessários para a produção mercantil

Apenas o modo de produção capitalista caracteriza-se como um modo


de produção de mercadorias

Producao mercantil surge com o escravismo e se desenvolve com o feudalismo

Artesaos – trab livres – produção mercantil simples – trabalho pessoal e quem produz é
proprietários dos meios de produção empregados – não implica relações de exploração –
mercado restrito/ âmbito local – produtores conhecem a necessidade dos compradores –
acabam com a ampliação das rotas comerciais, aumento da demanda por mercadorias e
expansão do emprego do dinheiro – domínio dos comerciantes – (prod mercantil
simples) - Mercadoria – dinheiro – mercadoria – posse do dinheiro não era o objetivo
central

Comerciantes entram entre o consumidor e o produtor, compra mercadoria a preços


baixos e revendem a preços altos – complexificacao do comercio – Dinheiro –
Mercadoria – Dinheiro acrescido (diferença entre compra e venda – dinheiro + lucro) –
comerciante não participa das atividades produtivas – aumento da fortuna e formação
da burguesia

Emerge uma camada de patrões – inicio de uma produção mercantil capitalista

A propriedade dos meios de produção cabe ao burguês e não ao produtor direto,


comprando força de trabalho que irá produzir mercadorias

A força de trabalho também se torna uma mercadoria

Exploracao da forca de trab que o capitalista compra mediante o salario

O lucro capitalista não é criado na esfera de circulação, exige a continuidade da


produção e o seu controle pelo burguês, o lucro é o objetivo e comadar a produção é
um fator central

Dinheiro – mercadoria – dinheiro acrescido (acréscimo de valor gerado na produção


pela intervenção da forca de trab – dinheiro + mais-valia)

A produção mercantil capitalista se funda sobre o trabalho assalariado – burguês


(dispõe do dinheiro e dos meios de produção - capital) X proletário ( vende a sua forca
de trab – o trabalho)

Mercantilizar o conjunto das relações sociais – tudo se torna objeto de compra e venda
a partir do desenv da soc cap – o modo de produção capitalista universaliza a produção
mercantil
Para que a produção mercantil cap se desenvolvesse era necessário o estabelecimento
de uma calsse capaz de comrar força de trab e se tornar dona dos meios de prod e
dispor da riqueza acumulada + classe de homens desprovida de tudo, exceto de sua
forca de trab – seu único meio passível de compra e venda

O Surimento das duas classes se origina em um processo de acumulação primitiva de


capital. Se incia na Ing – enclousers – lei do cercamento – concentração das
propriedades de terra x movimento para às cidades ( contingentes de onde iria
emergir a classe operaria)

Ocorre no interior do regime feudal

O valor de uma mercadoria é a quantidade de trabalho média exigida para a sua


produção – o valor se manifesta quando mercadorias diferentes são comparadas no
processo de troca

O crescimento do excedente e o desenvolvimento da produção mercantil forma


tornando as trocas mais regulares – torna uma mercadoria a medida do valor de varias
outras ( valor atinge sua forma desenvolvida ou total)

O Dinheiro se torna a mercadoria especial na qual todas as outras expressam o seu


valor

O valor de uma mercadoria expressa em dinheiro é o seu preço

Dinheiroo serve como : equivalente universal. Meio de troca, medida de valor, meio de
acumulação ou entesouramento, meio de pagamento universal

Na media, os preços acabam coincidindo com o valor de uma mercadoria

Lei do valor – impera no marco da produção mercantil, passa a regular as relações


econômicas, quando a produção mercantil, sob o capitalismo, se universalizou ,
regulador efetivo da produção e da repartição do trab

Regulacao do mercado pelo próprio mercado – concorrência, lei de oferta e procura –


mercadorias que faltam encarecem mercadorias que abundam são barateadas

Fetichismo da mercadoria – o poder autônomo que as mercadorias possuem frentes


aos seus produtores – as relações sociais tomam a aprencia das relações entre as
coisas – alienação – como a reações sociais são deslocadas por seu poder ilimitado

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