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Universidade Federal de Viçosa

Disciplina: Sociologia

Aula 7 – Marx: Perspectivas sobre a Relação entre a


Economia e a Sociologia

Professor: Marcelo Ottoni Durante


Curso Sociologia Marx: Perspectivas sobre a Relação entre a Economia e a Sociologia

Bibliografia:

• ARON, Raymond. As Etapas do Pensamento


Sociológico, São Paulo: Martins Fontes, 2008 -
Primeira Parte - Marx

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Curso Sociologia Marx: Perspectivas sobre a Relação entre a Economia e a Sociologia

Pontos Vulneráveis da Teoria Marxista


• No início e no fim do processo de evolução do regime capitalista existem fatores
externos à economia do capitalismo, que são de natureza política. No início, são
fenômenos extra-econômicos que criam as condições nas quais o regime pode
funcionar (deve existir um grupo de pessoas dispondo de capital e em condições de
comprar a força de trabalho daqueles cuja única coisa que possuem é a força de
trabalho). No fim, Marx não demonstrou economicamente a destruição do
capitalismo por suas contradições internas, mas sim como resultado da insatisfação
do exército de reserva.
• Toda economia moderna é progressiva, isto é, precisa acumular uma parte da
produção para ampliar as forças de produção. Se definirmos a economia capitalista
como uma economia de exploração, será preciso explicar em que sentido e em que
medida o mecanismo da poupança e investimento diferem do mecanismo de
acumulação. Uma economia planificada tem um circuito de poupança
relativamente simples, enquanto uma economia em que subsiste a propriedade
privada dos meios de produção comporta um circuito mais complicado, misturando
o mercado livre com os descontos impostos por meio da autoridade.

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Pontos Vulneráveis da Teoria Marxista


• Relação entre regimes políticos e regimes econônicos:
– O Estado é um instrumento de dominação de uma classe, ou seja, um regime
político é definido pela classe que exerce o poder. A democracia burguesa
constitui o regime no qual a classe capitalista exerce o poder, embora
mantenham a fachada das instituições livres.
– Em oposição ao regime social feito de classes antagônicas e baseado na
dominação de uma classe sobre as outras, Marx concebe um regime social
onde não mais haja dominação de classes. Por isso, o Estado desaparecerá, pois
ele só existe por que uma classe precisa dele para dominar as outras.
– Se chamamos de Estado o conjunto das funções administrativas e dirigentes da
coletividade, não é admissível que o Estado pereça em nenhuma sociedade
industrial e menos ainda numa sociedade industrial planificada. O
planejamento central implica que o governo tome um maior número de
decisões do que no caso da economia capitalista, que se define, em parte, pela
descentralização do poder de decisão.
– O desaparecimento do Estado não pode ocorrer, a não ser num sentido
simbólico.
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Pontos Vulneráveis da Teoria Marxista


• Para Marx, todas as características essenciais do regime capitalista têm origem no
fato da sociedade capitalista ser antagônica. Não se pode deduzir a certeza da
ausência de antagonismo do simples fato da inexistência da propriedade privada
dos meios de produção e do fato de que a condição de todas as pessoas
dependerem do Estado. Se as decisões do Estado são tomadas por indivíduos,
essas decisões podem corresponder aos interesses destes indivíduos. Numa
sociedade planificada não há uma harmonia pré-estabelecida entre os interesses.
• No capitalismo, não são os monopolistas que, pessoalmente, exercem o poder;
no socialismo, não é o proletariado que exercerá o poder. Trata-se de determinar
quais pessoas irão exercer as funções políticas, como recrutá-las, de que forma
devem exercer a autoridade e qual é a relação entre elas e os governados.
• Marx entende por ideologia uma falsa representação, que uma classe tem quanto
à sua própria situação e da sociedade em conjunto. Essa concepção traz duas
dificuldades: (1)se uma classe tem uma falsa idéia do mundo, não existe porque
um indivíduo conseguir se livrar dessa falsa consciência e (2)se todas as classes
têm uma maneira de pensar parcial, então não existe uma verdade plena. Esse
modo de pensar leva a um ceticismo integral, onde todas as ideologias são
equivalentes, parciais, facciosas, interessadas e mentirosas.
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Crises do Pensamento Marxista


Nos últimos cem anos houve três grandes crises do pensamento marxista:
1. Revisionismo da Social-Democracia Alemã: Uma vez que os antagonismos entre
classes não se acentuavam e que a concentração não se produzia nem tão
rápida nem tão completa, não era provável que a dialética histórica realizasse a
catástrofe da revolução e a construção da sociedade não antagônica.
2. Crise do Bolchevismo:
– Tese de Lênin: O partido bolchevique, que se proclamava marxista e
proletário, representa o proletariado no poder. O poder do partido
bolchevique é a ditadura do proletariado.
– Segundo Kautsky, a revolução feita num país não industrializado, onde a
classe operária era uma minoria, não podia ser uma verdadeira revolução
socialista. A ditadura do proletariado seria a ditadura sobre o proletariado.
3. Crise do Termo Intermediário entre a Versão Bolchevista do Socialismo e a
Versão Escandinavo-britânica: A sociedade sueca levou a diminuição na
desigualdade de renda, misturando instituições públicas e privadas. A
planificação parcial e a propriedade mista dos meios de produção se combinam
com as instituições democráticas: pluralidade partidária, eleições livres e a livre
discussão de idéias. 06/06

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