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Entrevista com Andréa Beltrão

“O bom professor é quase um super-herói”

Em fevereiro de 2009, chega às telas o filme Verônica , produzido pela


Europa Filmes e a Editora Fraiha com o patrocínio cultural do Sistema
Anglo de Ensino. O longa-metragem retrata a história de uma professora
da rede municipal que enfrenta policiais e traficantes para defender a
vida de um aluno de oito anos. A protagonista, vivida por Andréa
Beltrão, luta para conseguir ensinar crianças da periferia e ainda passa
por sérios problemas pessoais, exausta e sem a mesma paciência do
início da carreira.
Nesta entrevista publicada no jornal Informanglo (ed.novembro-
dezembro/2008) , a atriz, que estudou em escola pública e é filha de
professora, fala sobre a experiência de viver Verônica e comenta sua
admiração pela carreira de professor.
Verônica é o retrato do professor da periferia das grandes cidades.
Como foi fazer esse papel?
Uma das coisas que eu gosto muito no filme é que ele fala sobre como
um professor pode ser importante na vida de várias pessoas, de várias
maneiras diferentes. A educação é tudo. É o pulo do gato. Então é legal
colocar a professora no papel de super-herói. No fundo, é o que eu
acho. O bom professor é quase um super-herói...  

Como você se preparou para viver Verônica?


Corri muito na praia, me dediquei muito ao roteiro e, principalmente, me
inspirei na minha mãe, que é uma grande professora.

Após o filme, o que mudou na sua forma de ver o professor


brasileiro?
Tenho muita admiração, acho uma profissão linda. Meus professores,
aqueles maravilhosos, ficaram pra sempre na minha vida. Até hoje
encontro a minha primeira professora, a mais querida, Edilma, que me
ensinou a ler e escrever, e fico toda sem jeito, como se tivesse 7 anos
de novo. E eu cresci vendo a minha mãe vibrar com os progressos dos
alunos dela. Inesquecível.  

Em uma das cenas mais fortes do filme, Verônica se descontrola


com a indisciplina dos alunos. Como foi vivenciar essa situação em
sala de aula?
Ótimo. Adorei. Nenhum constrangimento. Sei que isso acontece. Somos
todos cheios de problemas... e também acho que firmeza não significa
falta de amor.

Na mesma cena, fica claro que os problemas pessoais enfrentados


por Verônica estavam interferindo em sua vida profissional. No
caso da profissão de professor, você acha que é mais difícil lidar
com essa questão?
Não. É difícil pra todo mundo. Pra qualquer profissional. Claro que
quando você trabalha com crianças é preciso atenção e cuidado
redobrados.

A questão da violência e sua proximidade com o universo escolar


está bastante presente no filme. Como você lida com essa questão,
sendo mãe e morando em uma grande cidade?
Vivendo. Ensinando meus filhos a se defenderem, com tranqüilidade.
Tento não me deixar levar pelo medo, mas estou sempre atenta.  

Durante as filmagens, o ator Matheus de Sá, que vive o aluno, se


apegou muito a você. Como se estabeleceu essa relação?
Normalmente. E com humor também. Ele é um menino muito inteligente,
rápido, irônico. Então foi muito fácil pra nós dois. Ele me chamava de
“angústia” e eu o chamava de “castigo”.

Você estudou em escola da rede pública ou privada?


A vida toda estudei em escola pública.

Seus professores tiveram alguma influência em sua escolha


profissional?
Acho que sim. A Ivete, tia Ivete, era professora de música do Colégio
George Pfisterer, onde eu estudei muitos anos. Ela montou uma peça,
“O Boi e o Burro a Caminho de Belém”, da Maria Clara Machado. Acho
que foi ali que começou a me dar coceira de ser atriz.  

Qual sua expectativa em relação ao público de professores que vai


assistir ao filme?
Espero que gostem, que se divirtam e se emocionem com o filme. E que
passem a dar aulas com as capas de super-heróis, não precisam mais
esconder a identidade secreta...

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