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Aula 6

O que é compostagem

Compostagem
Definição de Compostagem

A compostagem é um procedimento que visa acelerar e direcionar o processo de


decomposição de materiais orgânicos que ocorre espontaneamente na natureza.

As técnicas utilizadas permitem reproduzir condições ideais, visando elevar a


eficiência do processo de compostagem e proporcionar a obtenção de fertilizantes
e substratos orgânicos humificados, ricos em nutrientes e com níveis aceitáveis
de contaminação química e biológica.

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Compostagem
Objetivos da Compostagem

• Estabilização do material.
• Redução ou eliminação de organismos indesejáveis.
• Redução ou eliminação de substâncias tóxicas.
• Disponibilização ou concentração de nutrientes.
• Melhoria na capacidade de condicionamento do solo.

Compostagem
Mistura de materiais com diferentes características

Fonte rica em Fonte rica em


carbono nitrogênio
Palha, serragem, + Esterco, tortas,
bagaço de cana, resíduos de
aparas de poda abatedouros

Quanto mais misturados, melhor será a compostagem

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Compostagem

A relação C:N da mistura deve ficar entre 25-35.

Compostagem
Tabela 2: Composição química (base seca) de alguns restos vegetais de interesse como matéria-
prima para o preparo de fertilizantes orgânicos.

Material Matéria N C/N


orgânica %
%
Arroz: palhas 54,34 0,78 39/1
Aveia: palhas 85,00 0,66 72/1
Café: cascas 82,20 0,86 53/1
Café: palhas 93,13 1,37 38/1
Capim-gordura 92,38 0,63 81/1
Capim-napier-verde 96.00 1,40 40/1
Crotalária júncea 91,42 1,95 26/1
Eucalipto: resíduos 77,60 2,83 15/1
Feijão-de-porco 88,54 2,55 19/1
Feijão-guandú 95,90 1,81 29/1
Feijoeiro: palhas 94,68 1,63 32/1
Labelabe 88,46 4,56 11/1
Milho: palhas 96,75 0,48 112/1
Mucuna-preta 90,68 2,24 22/1
Serragem de madeira 93,45 0,06 865/1
Fonte: SOUZA, J. L.; RESENDE, P. Manual de olericultura orgânica. Viçosa-MG:
Aprenda Fácil Editora, 2003. 555 p.

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Compostagem

Visando proporcionar condições ideais para a atividade


microbiana aeróbica:

Fonte rica em Fonte rica em


carbono nitrogênio
Palha, serragem, + Esterco, tortas, + H2O + O2
bagaço de cana, resíduos de
aparas de poda abatedouros

Vídeo sobre compostagem 100% vegetal

Compostagem
O Processo de Compostagem

Figura 1. Evolução da temperatura e do pH durante o processo de compostagem (Lopéz-Real,


1995).

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Compostagem
O Processo de Compostagem

Figura 1. Evolução da temperatura e do pH durante o processo de compostagem (Lopéz-Real,


1995).

Compostagem
O Processo de Compostagem

Figura 1. Evolução da temperatura e do pH durante o processo de compostagem (Lopéz-Real,


1995).

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Compostagem
O Processo de Compostagem

1- Fase de aquecimento
• 2 dias até 30 dias → Temperatura de até 80 oC.
• Eliminação da contaminação biológica.
2- Fase de estabilização
• 30 até 90 dias → A temperatura se reduz até atingir a temperatura ambiente.
• Composto estabilizado
3- Fase de humificação
• Mais de 90 dias → Temperatura ambiente.
• Composto humificado.

Compostagem
O Processo de Compostagem

Figura 1. Evolução da temperatura e do pH durante o processo de compostagem (Lopéz-Real,


1995).

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Compostagem
Reações de pH

1- Carboidratos → ácidos orgânicos + O2 → CO2


• Ocorre no início do processo.
• É mais intenso em misturas ricas em carboidratos de fácil degradação.
• A falta de O2 resulta no acúmulo de ácidos orgânicos. Redução do pH

2- Aminoácidos (NH2) → NH3 → NH4+.


NH2 + H2O → NH3 + OH- Aumento do pH
NH3 + H2O ↔ NH4+ + OH- Aumento do pH
• Ocorre no início do processo.
• É mais intenso em misturas ricas em proteínas e aminoácidos.

3- NH4+ + 2O2 → NO3- + H2O + 2H+ Redução do pH


• Ocorre após a estabilização (temperaturas próximas ao ambiente).

Compostagem
Reações de pH

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Compostagem
Compostagem → decomposição aeróbica:
• Emissão de CO2, com elevado aquecimento (484 a 674 kcal g-1 glicose).
• Formação de M.O. humificada → material sólido, com elevada capacidade
de condicionamento do solo.
• Produto final isento de ácidos orgânicos voláteis.
• Transformação do N: N-orgânico → NH3 → NO3.

Fermentação anaeróbica:
• Emissão de metano, com reduzido aquecimento (26 kcal g-1 glicose).
• Produção de efluente de biodigestor → material líquido, com reduzida
capacidade de condicionamento do solo.
• Pode ocorrer a formação de ácidos orgânicos voláteis.
• Transformação do N: N-orgânico → NH3 → NO3 → N2O + N2.

Compostagem

Organismos que atuam na compostagem

Aquecimento
Microrganismos decompositores de materiais de fácil degradação,
com o predomínio de bactérias.

Estabilização e Maturação
Microrganismos decompositores de material de difícil degradação,
com o predomínio de fungos e actinomicetos.
Macrofauna

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Compostagem
• É um processo dinâmico, em que o trabalho é feito por uma combinação de
atividades resultantes de uma sucessão de grupos com grande diversidade de
bactérias, actinomicetos, fungos e outras populações biológicas.
• Cada grupo sucessional é adequado para um ambiente particular (temperatura
adequada e maior atividade na decomposição de algum tipo de matéria
orgânica), sendo que as atividades de um grupo é complementar às de outro.
• Presença de populações mistas, devido à complexa diversidade de ambientes
oferecidos pela natureza heterogênea do material compostável.

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Compostagem

Compostagem
O composto não é um material homogêneo. É o conjunto de diferentes nichos.

Possibilita a ocorrência de fenômenos químicos, físicos e biológicos em


microescala, como solubilização de nutrientes, multiplicação de
microrganismos, síntese de substâncias químicas, etc.

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Compostagem
Produtos:

• Composto orgânico → adubo orgânico e substrato.


• Eliminação de passivo ambiental → tratamento de resíduos.
• Produtos secundários: nutrientes, microrganismos, substâncias
húmicas, antibióticos, hormônios, enzimas etc.
• Biodiversidade (ambiente diverso, competitivo e com mudanças
frequentes)→ genes, mecanismos, estratégias etc.

Resumo da aula
• A compostagem visa acelerar e direcionar o processo de decomposição
de materiais orgânicos que ocorre espontaneamente na natureza.
• É realizada por meio da mistura de materiais ricos em C com materiais
ricos em N, que geralmente é disposto em leiras para manter a umidade e a
areação em níveis ótimos para a atividade dos microrganismos
decompositores.
• Geralmente ocorre uma grande elevação inicial da temperatura das leiras,
seguida de uma redução gradual até alcançar a temperatura ambiente.
• Ao longo do processo de compostagem também podem ocorrer grandes
variações de pH, da população dos organismos presentes e das
características químicas e físicas do composto.
• A compostagem pode ser realizada com diferentes objetivos e
proporcionar a obtenção de diferentes produtos.

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Aula 7
Condições recomendadas para a
compostagem

Compostagem

Fonte rica em Fonte rica em


carbono nitrogênio
Palha, serragem, + Esterco, tortas, + H2O e O2
bagaço de cana, resíduos de
aparas de poda abatedouros

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Compostagem
Condições recomendadas para a compostagem
• Relação C:N entre 25-35:
• Os microrganismos geralmente apresentam em suas células a
proporção de 10 partes de C para cada parte de N → relação C:N = 10.
• Mas, para formar a sua estrutura física, eles utilizam energia por meio
da respiração, geralmente emitindo 2 átomos de C, na forma de CO2,
para cada átomo de C que permanecerá na sua estrutura.
• Portanto, para cada átomo de N presente na estrutura dos
microrganismos, serão necessários 10 x (1+2) = 30 átomos de C →
C:N ~ 30.

Compostagem
Cálculo das proporções:

Proporção da FRC = (C:Nmist x %N FRN) - %C FRN .


%C FRC - (C:Nmist x %N FRC)

Exemplo:
Relação C:N desejada (C:Nmist) = 30.

Proporção da FRC = ((30 x 3,5) - 35)) / (42 - (30 x 0,6)) = 70 / 24 = 2,92 para 1.

Porcentagem = (2,92 / (2,92 + 1,0)) x 100 = 74,5% FRC e 25,5% FRN.

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Compostagem
Cálculo das proporções ao nível de agricultor ou de pequeno produtor:
• Nas leiras de pequeno volume, as matérias-primas podem ser medidas com base
na sua massa seca, pois é fácil pesá-las e mantê-las secas em local coberto.
• Nas leiras de grande volume, as proporções das matérias-primas geralmente são
medidas em volume, pois é difícil de pesá-las e mantê-las com umidade
constante.
• É necessário conhecer a densidade seca das matérias-primas, visando
determinar qual é o volume a ser utilizado que corresponde à massa seca que se
quer utilizar.
• Materiais que não estão armazenados em local coberto podem ter sua umidade
alterada quando expostos à chuva, aumentado a sua massa fresca. Já o seu
volume praticamente não se altera, e por isto é melhor utilizar o volume como
base para realizar a medição da quantidade que será utilizada na mistura do
composto.

Compostagem
Cálculo das proporções com base no volume:

Densidade úmida → recomenda-se utilizar recipientes de 50 ou de 100 litros.


Preencher totalmente o recipiente com a matéria-prima e depois pesar, descontado o
peso da caixa.

Teor de matéria seca → Coletar uma amostra composta da matéria-prima contida no


recipiente, e determinar a umidade.

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Compostagem
Cálculo das proporções com base no volume:

Relação C:N desejada (C:Nmist) = 30.


Proporção com base na massa = 2,92 kg FRC para 1,0 kg FRN.

1,0 kg FRC → 1000 / 80 → 12,5 litros.


1,0 kg FRN → 1000/285 → 3,5 litros.

Volume da FRC = 12,5 x 2,92 = 36,5 litros. Volume da FRN = 3,5 x 1,0 = 3,5 litros.
Proporção de FRC (litros) relação à FRN = 36,5 / 3,5 → 10,43 litros de FRC para
cada litro de FRN.

Compostagem
O volume de cada matéria-prima, em porcentagem
10,43 litros de FRC para cada litro de FRN.
Porcentagem FRC = (10,43 / (10,43 + 1,0)) x 100 = 91,25%
Porcentagem FRN = (100 – 91,25) → 8,75%.

Em 1000 litros:
912,5 litros de FRC.
87,5 litros de FRN.

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Compostagem
Para conferir se os resultados estão corretos

Em uma leira de 1000 litros:


A massa de FRC (densidade 80 kg m-3) será 0,912 x 80 = 73 kg de FRC.
A massa de FRN (densidade 285 kg m-3) será 0,0875 x 285 = 24,9 kg FRN.

Massa seca total da leira de composto será 73 + 24,9 = 97,9 kg.

O total de C = (kg FRC x (%C FRC / 100)) + (kg FRN x (%C FRN / 100)).
O total de C = (73 x 0,42) + ( 24,9 x 0,35) = 30,66 + 8,72 = 39,375 kg.

O total de N = (kg FRC x (%N FRC / 100)) + (kg FRN x (%N FRN / 100)).
O total de N = (73 x 0,006) + (24,9 x 0,053) = 0,438 + 0,8715 = 1,31 kg.

Relação C:N = 39,375 / 1,31 = 30.

Compostagem
Misturas com mais de dois materiais:
• A metodologia de cálculo permite obter um único resultado quando são
utilizadas somente DUAS matérias-primas.
• Quando se utiliza mais de DUAS matérias-primas, não é possível obter um
valor único das suas proporções.
• Quando se deseja utilizar TRÊS matérias-primas na mistura, é necessário
determinar previamente a proporção entre duas delas, e depois será necessário
calcular previamente os valores de C, de N e de densidade seca da mistura
destas duas matérias-primas.
• Quando se deseja utilizar mais de TRÊS matérias-primas, utiliza-se o mesmo
raciocínio anterior.

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Compostagem
Planilha Compost Calc para cálculo de compostagem:
• CompostCalc Excel.
• CompostCalc Libre (LibreOffice).

Recursos:
• Calcula quais devem ser as proporções (em %) das diferentes matérias-primas
para que a mistura tenha a relação C:N escolhida.
• Apresenta tabelas com valores de relação C:N de diversos materiais.
• Pode apresentar os resultados também com base no volume das matérias-
primas → densidade seca.
• Orienta como calcular a densidade seca dos materiais.
• Possibilita o cálculo de proporções de misturas com vários materiais.

Compostagem
Condições recomendadas para a compostagem
• Relação C:N entre 25-35.
• Uniformização → revolvimentos.
• Umidade (40-60%):
• Muito seco (˂ 40%) → paralisação da atividade dos microrganismos.
• Muito úmido (> 60%) → falta oxigênio → decomposição anaeróbica.
• Aeração.
• Tamanho dos fragmentos → aeração e umidade.
• Temperatura → depende dos objetivos da compostagem.
• Dimensões das pilhas.

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Dimensões das leiras:

Temperaturas elevadas e Grandes perdas de


decomposição anaeróbia umidade e de calor

Compostagem

Condições Recomendadas para a Compostagem


• Período de incubação (duração da compostagem) adequado
Será função de:
- Características da matéria-prima.
- Condições de compostagem.
- Características desejadas no produto final → em função do uso do
composto.

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Compostagem

Utilização de aditivos:
- Enriquecimento com adubos, chorume, fosfato de rocha etc.
Pode ser realizado com dois objetivos:

1- Enriquecimento visando aumentar a eficiência do processo de compostagem


→ relação C:N entre 25 e 35.
2- Enriquecimento visando melhorar a qualidade do produto obtido com a
compostagem → é importante avaliar a relação custo/benefício deste
enriquecimento.

Compostagem

Condições Recomendadas para a Compostagem


• Utilização de aditivos:
- Enriquecimento com adubos, chorume, fosfato de rocha etc.
- Carvão, terra e outros materiais visando reduzir a volatilização de amônia:
• Aumenta o conteúdo final de N.
• Mas é realizada, geralmente, para amenizar problemas ambientais
que podem ocorrer durante o processo de compostagem, como a
emissão de odores e a atração de vetores.

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Compostagem

Condições Recomendadas para a Compostagem


• Utilização de aditivos:
- Enriquecimento com adubos, chorume, fosfato de rocha etc.
- Carvão, terra e outros materiais visando reduzir a volatilização de amônia.
- Adição de materiais estruturantes, de maior ou de menor granulometria,
como palha, serragem, turfa etc.
- Adição de inoculantes.

Compostagem
A inoculação na compostagem
• Em países com tecnologia de compostagem mais desenvolvida é
recomendada apenas em condições muito específicas.
• No Brasil é uma prática muito recomendada, mas com resultados duvidosos.
• Efetividade da inoculação ocorre somente em materiais específicos. Por ex:
bagaço de cana.
• Atua principalmente na fase de estabilização.

Principais inoculantes recomendados


• Esterco fresco ou composto estabilizado.
• Culturas específicas de microorganismos.
• EM - Microorganismos Efetivos.
• Kefir.

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Inoculação de microrganismos

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Inoculação de microrganismos
EM - Microorganismos Efetivos
Principais tipos de microorganismos presentes:

1- Bactérias fotossintéticas: sintetizam substâncias como aminoácidos, ácidos


nucleicos, antioxidantes, substâncias bioativas e açúcares, que funcionam como
promotores de crescimento.

2- Bactérias produtoras de ácido lático: o ácido lático possui ação esterilizante


e auxilia na decomposição de lignina e celulose.

3- Leveduras: sintetizam antibióticos e substâncias que auxiliam no


desenvolvimento de bactérias e actinomicetos.

Produto comercial: Embiotic®.

Inoculação de microrganismos
Produção caseira de EM

http://estaticog1.globo.com/2014/04/16/caderno-dos-microrganismos-eficientes.pdf

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Inoculação de microrganismos
Kefir: leite ou solução de açúcar mascavo
fermentados, produzido por meio da adição
de grãos de kefir e sua fermentação
realizada por alguns dias.

Resumo da aula
• A relação C:N da mistura deve estar com valor entre 25-35.
• E é importante manter a umidade e a aeração das leiras em condições
ótimas para a atividade dos organismos decompositores.
• A dimensão mais importante de uma leira é a sua largura, pois leiras
muito largas possuem pouca aeração, enquanto que em leiras muito estreitas
é difícil obter temperaturas elevadas e manter a umidade.
• A duração da compostagem vai depender das características das
matérias-primas, das condições durante a compostagem e das características
desejadas no produto final.
• É comum se recomendar diferentes tipos de aditivos no processo de
compostagem, inclusive inoculantes, mas estes devem ser utilizados com
cautela, pois podem ser desnecessários.

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Aula 8
Diferentes formas de compostagem

Compostagem
Métodos de compostagem:
• Leiras estáticas.
• Leiras aeradas.
• Reatores.
• Compostagem doméstica em recipientes.
• Compostagem laminar.

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Leiras estáticas

Leiras aeradas – sem revolvimento

2
Leiras aeradas – sem revolvimento

Leiras aeradas – com revolvimento

3
Leiras aeradas – com revolvimento

Leiras aeradas – com revolvimento


utilizando volteadoras

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Reatores

Compostagem doméstica em recipientes

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Compostagem doméstica em recipientes

Tambores para compostagem

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Composteiras domésticas com minhocas

Compostagem
Compostagem laminar:
• É a aplicação das matérias-primas sobre a superfície do solo, em grandes
áreas e em camadas muito finas.
• Visa reproduzir processos naturais, como a deposição de serrapilheira.
• Vantagens:
• Maior aeração.
• Simplicidade e custos reduzidos (produção e aplicação).
• Desvantagens:
• Não ocorre elevação expressiva da temperatura.
• É mais difícil controlar a umidade.

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Resumo da aula
• A compostagem pode ser realizada por meio de leiras estáticas, com e
sem aeração forçada, ou leiras que podem ser revolvidas por diversos
equipamentos.
• A compostagem também pode ser realizada por meio de reatores e por
meio da compostagem laminar.
• Vem crescendo muito a compostagem realizada em ambiente doméstico,
que também pode ser realizada de diferentes formas.

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Aula 9
A eficiência do processo de compostagem

Eficiência da compostagem
Legislação:
• Instrução Normativa MAPA nº 25, de 23 de julho de 2009: estabelece
as normas sobre as especificações dos fertilizantes orgânicos simples,
mistos, compostos...
• Instrução Normativa MAPA nº 27, de 05 de junho de 2006: estabelece
as concentrações máximas admitidas para agentes fitotóxicos,
patogênicos ao homem, animais e plantas, metais pesados tóxicos,
pragas e ervas daninhas em fertilizantes e substratos.
• Resolução CONAMA Nº 481, de 3 de outubro de 2017: estabelece
critérios e procedimentos para garantir o controle e a qualidade
ambiental do processo de compostagem de resíduos orgânicos.

1
Eficiência da compostagem
Resolução CONAMA Nº 481
• Art. 1º § 1º: Essa resolução não se aplica a processos de compostagem
de baixo impacto ambiental, desde que o composto seja para uso
próprio ou quando comercializado diretamente com o consumidor
final, independentemente do cumprimento do disposto na legislação
específica quanto às exigências relativas ao uso e à aplicação segura.
• Art. 5º: Durante o processo de compostagem deverá ser garantido o
período termofílico mínimo necessário para redução de agentes
patogênicos conforme o Anexo I.

Eficiência da compostagem
Resolução CONAMA Nº 481
• Art. 10.: As unidades de compostagem devem atender aos seguintes
requisitos mínimos de prevenção e controle ambiental:
• I - adoção das medidas de controle ambiental necessárias para
minimizar lixiviados e emissão de odores e evitar a geração de
chorume;
• II - proteção do solo por meio da impermeabilização de base e
instalação de sistemas de coleta, manejo e tratamento dos líquidos
lixiviados gerados, bem como o manejo das águas pluviais;

2
Eficiência da compostagem

Critérios:
1- Processo de compostagem.
2- Características do produto final.

Eficiência da compostagem
1- Processo de compostagem:
• Custo de produção:
• Matéria-prima:
• Aquisição.
• Transporte, armazenamento e aplicação.
• Sua contribuição para o processo de compostagem.

3
Eficiência da compostagem
Custo da matéria-prima
Exemplo de materiais fornecedores de nutrientes: restos vegetais (alface) x torta de
mamona.

• Alface: 5,0% de MS, 35,0 g kg-1 (3,5%) de N e densidade 600 kg m-3.


• Torta de Mamona: 90% de MS, 55,0 g kg-1 (5,5%) de N e densidade 650 kg m-3.

1,0 kg alface → 1,75 g de N; 1 m3 de alface → 1,05 kg de N.


1,0 kg TM → 49,5 g de N; 1 m3 TM → 32,18 kg de N.

Em função da quantidade de N adicionada:


1,0 kg de TM equivale a 28,3 kg de alface.
1,0 m3 de TM equivale a 30,6 m3 de alface.
1 saco (50 kg – 77 litros) de TM equivale a 1415 kg ou 2356 litros de alface.

Eficiência da compostagem
1- Processo de compostagem:
• Custo de produção:
• Matéria-prima.
• Estrutura de produção.
• Mão de obra.

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Eficiência da compostagem
1- Processo de compostagem:
• Custo de produção.
• Contaminação ambiental.

Eficiência da compostagem
Contaminação ambiental

• Produção de chorume:
• Está relacionado com a irrigação excessiva e com a instalação das leiras
a céu aberto e sob piso permeável.
• Pode ser evitado por meio da realização da compostagem em local
coberto, ou em local impermeabilizado e com sistema de recolhimento
do chorume.
• Emissão de odores e atração de vetores:
• Está relacionado com as matérias-primas utilizadas e com a eventual
formação de ambientes anaeróbicos nas leiras.
• Pode ser reduzido pelo manejo correto da compostagem.

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Método utilizado pela UFSC

Eficiência da compostagem
1- Processo de compostagem:
• Custo de produção.
• Contaminação ambiental: produção de chorume e emissão de odores.
• Perdas durante o processo → necessidade da determinação de coeficientes
técnicos.

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Eficiência da compostagem
Perdas durante o processo
• Redução de massa em relação à massa inicial.
• Redução de volume em relação ao volume inicial.
• Perda de nutrientes, principalmente o N:
• É o mais crítico para o processo de compostagem.
• O que causa mais problemas ambientais.
• E o N é o nutriente mais demandado pela maioria das culturas.
Obs:
• Podem ocorrer perdas expressivas de K por lixiviação durante a compostagem
de leiras muito expostas às chuvas. Geralmente baixas e muito largas.
• E também podem ocorrer perdas expressivas de P, pois grande parte deste
nutriente encontra-se em formas orgânicas muito solúveis.

Eficiência da compostagem

Exemplo de eficiência de utilização das matérias-primas em compostos de capim


elefante e torta de mamona após 90 dias de compostagem:

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Eficiência da compostagem
1- Processo de compostagem:
• Custo de produção.
• Contaminação ambiental: produção de chorume e emissão de odores.
• Perdas de nutrientes durante o processo.
• Tempo de compostagem.

Eficiência da compostagem
2- Características do produto final:
• Estabilidade → sem risco de aquecimento e de grande consumo de oxigênio.
• Maturidade → humificação.

8
Eficiência da compostagem
Indicadores de estabilização:
1- Temperatura:
• É o mais utilizado, pois é mais fácil de se medir.
• Parte do princípio de que quanto maior a atividade microbiana, maior será
a temperatura da leira.
• Não é muito preciso, pois além da atividade microbiana, a temperatura é
muito influenciada pela areação da leira, que é determinada por suas
dimensões e pela granulometria das matérias-primas utilizadas.

Eficiência da compostagem
Indicadores de estabilização:
2- Emissão de CO2 ou consumo de O2:
• Estão diretamente relacionados com a atividade microbiana e com os
efeitos deletérios da reduzida estabilização do composto.
3- Emissões de NH3:
• É um indicativo de reduzida estabilidade. Geralmente ocorre somente no
início do processo de compostagem.
• Pode ser mascarada por reações ácidas.
• Está diretamente relacionada com efeitos indesejados, como emissão de
odores e atração de vetores.

Teste Solvita©: é um produto comercial muito utilizado no exterior para


determinação da estabilidade do composto. É baseado na emissão de CO2 e de
NH3.

9
10
Eficiência da compostagem
Quantificação da emissão de CO2 e de NH3 por meio de incubação:

• Método mais preciso → realizado em condições padrões de temperatura e


umidade → condições ótimas para a atividade dos microrganismos
decompositores.
• Metodologia: Oliveira et al., 2014. Avaliação conjunta de CO2 (solução de
NaOH) e de NH3 (solução de ácido bórico + indicador).

Instável Estável

CO2 (mg CO2 por grama de massa seca por dia) > 4,0 ˂ 4,0

NH3 (mg NH4 por grama de massa seca por dia) Qualquer emissão Sem emissão

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Emissões de CO2 e NH3 em compostagem com bom controle de umidade e
aeração.

Emissões de CO2 e NH3 em compostagem com bom controle de umidade e


aeração.

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Emissões de CO2 e NH3 em compostagem com bom controle de umidade e
aeração.

Emissões de CO2 e NH3 em compostagem com bom controle de umidade e


aeração.

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Emissões de CO2 e NH3 em compostagem com bom controle de umidade e
aeração.

Emissões de CO2 e NH3 em compostagem com bom controle de umidade e


aeração.

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Emissões de CO2 e NH3 em compostagem com baixa umidade no início do
processo.

Eficiência da compostagem
2- Características do produto final:
• Estabilidade → sem risco de aquecimento e de grande consumo de oxigênio.
• Maturidade → humificação.
• Eventuais contaminações biológicas em níveis aceitáveis.

15
Compostagem

Temperatura e intervalo de tempo necessário para destruir os tipos mais comuns


de microrganismos e parasitas ocasionalmente presentes em resíduos orgânicos

Compostagem
Justificativa da realização de revolvimentos:
• A temperatura no interior da leira pode atingir os valores necessários para
eliminar a contaminação biológica, mas a temperatura da camada periférica
permanece sempre próxima da temperatura do ambiente → a camada
periférica não atinge a temperatura necessária.
• Revolvimentos são necessários para que o composto que está na camada
periférica seja transferido para o interior da leira, sendo submetido à ação de
temperaturas elevadas.
• Por isto, os revolvimentos devem ser realizados ainda na fase de
aquecimento das leiras.
• A frequência e o intervalo dos revolvimentos devem ser determinados em
função de cada caso.
• As normativas sobre compostagem de alguns países estabelecem números
mínimos de revolvimento.

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Compostagem
ANEXO I da Resolução 481 do CONAMA: estabelece os períodos de tempo
e as temperaturas necessárias para higienização dos resíduos sólidos orgânicos
durante o processo de compostagem

Legislação
IN 27: Limites máximos de contaminantes biológicos admitidos em substrato para
plantas e condicionadores de solo.

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Eficiência da compostagem
2- Características do produto final:
• Estabilidade: sem risco de aquecimento e de grande consumo de oxigênio.
• Maturidade: humificação.
• Eventuais contaminações biológicas em níveis aceitáveis.
• Eventuais contaminações químicas em níveis aceitáveis.
• A compostagem pode reduzir ou eliminar eventuais contaminações
químicas.
• A intensidade deste processo depende do tipo de contaminação química,
da intensidade desta contaminação e de caraterísticas do processo de
compostagem, como temperatura, pH, população de microrganismos etc.
• Metais pesados podem ser imobilizados, mas somente
momentaneamente.

Eficiência da compostagem
2- Características do produto final:
• Estabilidade: sem risco de aquecimento e de grande consumo de oxigênio.
• Maturidade: humificação.
• Eventuais contaminações biológicas em níveis aceitáveis.
• Eventuais contaminações químicas em níveis aceitáveis.
• Valor agronômico.

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Legislação
IN 25: Especificações dos fertilizantes orgânicos mistos e compostos → Valor
agronômico.

Legislação
IN 25: Especificações dos fertilizantes orgânicos mistos e compostos → Valor
agronômico.

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Legislação
IN 25: Especificações dos fertilizantes orgânicos mistos e compostos → Valor
agronômico.

Compostagem
Compostagem industrial x compostagem a nível de produtor

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Resumo da aula
• Para se determinar se uma compostagem está sendo realizada de forma
eficiente, temos que considerar o seu custo de produção, a eventual
ocorrência de contaminações ambientais, as perdas de nutrientes que
ocorrem durante o processo e o tempo de compostagem.
• Em relação às características do produto final, devem ser considerados a
sua estabilidade, a presença de eventuais contaminações químicas e
biológicas, e o valor agronômico do composto produzido.
• O processo de compostagem realizado em pequena escala ou para
consumo próprio requer menos padronização e controle do que a
compostagem realizada ao nível industrial.

Obrigado !

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Aula 10
Principais matérias-primas utilizadas

Principais matérias-primas utilizadas


Fontes ricas em carbono
Capim-elefante:
• Maior facilidade de obtenção.
• Pode ser utilizado em qualquer idade e em qualquer tempo de
armazenamento → grande variação no teor de N.

Bagaço de cana:
• Reduzido teor de N → é necessário a sua mistura com maior
proporção de material rico em N.
• Quando moído é muito fino, e quando prensado é muito grosso.

1
Principais matérias-primas utilizadas
Fontes ricas em carbono
Brachiaria:
• É encontrado em diversas regiões do país.
• Pode ser utilizada em qualquer idade e em qualquer tempo de
armazenamento → grande variação no teor de N.
• Apresenta baixa densidade, sendo difícil de realizar a sua mistura e de
manter o seu umedecimento.
Aparas de grama:
• Elevado teor de N → sua mistura pode ser feita com menor proporção
de material rico em N.
• É difícil de realizar a sua mistura e o seu umedecimento.
• Pode estar misturada com plásticos e outros resíduos.

Principais matérias-primas utilizadas


Fontes ricas em carbono
Aparas de podas de árvores
• Material encontrado em diversas regiões do país.
• É necessário realizar a sua trituração → serragem.

Serragem ou maravalha:
• Reduzido teor de N → é necessário a sua mistura com maior
proporção de material rico em N.
• Pode estar contaminada com agrotóxicos persistentes.
• Grande variação da sua velocidade de decomposição → tipo da
madeira.

2
Principais matérias-primas utilizadas
Fontes ricas em carbono
Gigoga:
• Reduzido teor de N → é necessário a sua mistura com maior
proporção de material rico em N.
• Pode estar misturada com plásticos e outros materiais.
• Material com elevada umidade (> 90%), o que dificulta o seu
transporte, armazenamento e utilização.

Principais matérias-primas utilizadas


Fontes ricas em nitrogênio
Torta de mamona:
• Apresenta elevado teor de N.
• Facilita muito a logística da compostagem: elevada densidade, textura
fina (pó), não atrai ratos, formigas etc. É muito estável enquanto
mantida seca.
• Produto de difícil obtenção em algumas regiões do país.

Farelos diversos (trigo, algodão, soja etc):


• Fácil obtenção, pois são utilizados para alimentação animal → podem
apresentar custo elevado.
• Parecidos com a torta de mamona, mas atraem ratos, formigas etc.

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Principais matérias-primas utilizadas
Fontes ricas em nitrogênio
Palhada de leguminosas (crotalária, gliricídia, leucena etc):
• Apresenta elevado teor de N.
• Pode ser produzida pelo próprio agricultor.
• É de difícil armazenamento → deve ser utilizada logo após o seu
corte, ou então, deve passar por processo de secagem.
Esterco bovino, cama de aviário e outros estercos:
• Podem apresentar contaminação química (carrapaticidas e
antibióticos).
• Compostagem mais complexa, pois deve eliminar eventuais
contaminações biológicas → é necessário apresentar aquecimento e
realizar revolvimentos.
• Podem ser muito instáveis e/ou apresentar umidade elevada.

Principais matérias-primas utilizadas


Fontes ricas em nitrogênio
Restos de comida ou de abatedouros:
• Produto de difícil transporte, armazenamento e manupulação →
apresenta elevada umidade, emite forte odor e atrai vetores, como
moscas, ratos etc.
• Compostagem mais complexa, pois deve eliminar eventuais
contaminações biológicas → é necessário apresentar aquecimento e
realizar revolvimentos.
• As pilhas de compostagem deve ser cobertas com uma camada de
fonte rica em carbono.
Cevada e outros resíduos úmidos:
• Produto de difícil transporte, armazenamento e manipulação →
apresenta elevada umidade e se decompõe rapidamente.

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Resumo da aula
• As principais matérias-primas ricas em carbono utilizadas em processos
de compostagem são o capim-elefante, o bagaço de cana, a brachiaria,
aparas de grama e de podas de árvores, serragens e a gigoga.
• E as principais matérias-primas ricas em nitrogênio utilizadas em
processos de compostagem são os farelos e tortas vegetais, como a torta de
mamona, palhadas de leguminosa, os diversos estercos, restos de comida ou
de abatedouros e a cevada e outros resíduos úmidos.
• Mas existe uma grande variedade de outros materiais que também
podem ser utilizados como matérias-primas.
• Cada material apresenta características diferenciadas, que devem ser
consideradas no dimensionamento do processo de compostagem.

Obrigado !

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