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Pastagens e Plantas Forrageiras

Conservação de Forragens
Conservação de Forragens

O sucesso da exploração pecuária esta estritamente


correlacionado com o correto e adequado planejamento da
alimentação do rebanho

O maior desafio do pecuarista sempre foi planejar


corretamente a ajustar taxas de lotação de acordo com a
produção da pastagem ou;

Ajustar a quantidade de cabeças numa propriedade de


acordo com a quantidade de forragem conservada

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Conservação de Forragens

Objetivo (aula):

• Características das forragens conservadas

• Conservação Microbiológica e Cinética da Fermentação em


Silagens

• Fenação

• Planejamento Estratégico da Alimentação

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Conservação de Forragens

• Pergunta 1: O que é ensilagem?

Processo de conservação de alimentos volumosos através


da estabilização do material a ser conservado por meio de
fermentação microbiana (anaeróbico)

• Pergunta 2: Podemos ensilar qualquer material ou


forragem?

Não, pois a qualidade do produto final pode ser muito ruim

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Conservação de Forragens

Objetivo da ensilagem de plantas forrageiras:

Permitir a conservação de forragem para períodos de


escassez de alimentos

Permitir o fornecimento de alimento volumoso com


qualidade constante ao longo do ano

Permitir o fornecimento de alimento volumoso de alta


qualidade em períodos críticos de oferta de alimento

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Conservação de Forragens
A ensilagem melhora a qualidade da forragem?

O processo fermentativo não melhora a qualidade da forragem

Para obter uma boa silagem devemos:

Escolher a forrageira adequada

Colher no momento adequado

Utilizar técnicas e equipamentos adequados

Armazenar adequadamente o material conservado (silos, vedação, etc)

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Conservação de Forragens

Para melhor compreendermos os


motivos pelo qual não podemos
(devemos) ensilar qualquer tipo de
material devemos ter conhecimento
sobre os princípios básicos envolvendo
a conservação de forragens via
fermentação

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Conservação de Forragens

Conservação Microbiológica e Cinética da Fermentação:

Processo relativamente fácil em relação à outras atividades


de conservação como fenação, por exemplo (demanda
menor uso de máquinas, também)

Planta recém-cortada: possui uma população epífita* de


microorganismos

*microorganismos que naturalmente habitam e recobrem a


superfíe externa dos vegetais

Após o corte da planta, a população microbiana epífita é


modificada
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Conservação de Forragens

Conservação Microbiológica e Cinética da Fermentação:

Milho: população epífita muito rica

ENSILAGEM = Processo Fermentativo:

• Temos muito pouco controle sobre o mesmo

• Objetivo principal: retirada de oxigênio (O2) do sistema

• Respiração: processo que ocorre na presença de O2 com


aumento da temperatura

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Conservação de Forragens

Conservação Microbiológica e Cinética da Fermentação:

ENSILAGEM = Processo Fermentativo:

• Queremos evitar a oxidação (respiração)

Fase 1 (Aeróbica):

Ocorre aumento da temperatura (de 25° para 45°C)

Enquanto houver O2 residual, haverá aumento da


temperatura

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Conservação de Forragens
Conservação Microbiológica e Cinética da Fermentação:

Primeira Fase (Aeróbica):

Boa compactação: fundamental = eliminar o O2 residual

Nenhum investimento é mais rentável durante o processo de


ensilagem do que reduzir a esta fase (aeróbica)

Com boa compactação conseguimos reduzir perdas (em MS)


da ordem de 30 a 40% para aproximadamente 10%

Para isso devemos dimensionar corretamente o peso do


trator utilizado durante a compactação
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Conservação de Forragens

Conservação Microbiológica e Cinética da Fermentação:

Primeira Fase (Aeróbica):

Exemplo: volume de silagem que chega ao silo (cortada) por


hora = 10 toneladas

O peso do trator deve perfazer 40% deste volume, logo:

Peso do Trator= 10 ton x (40/100) = 4 ton

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Conservação de Forragens

Conservação Microbiológica e Cinética da Fermentação:

Fase 1 (Aeróbica):

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Conservação de Forragens

Conservação Microbiológica e Cinética da Fermentação:

Fase 1 (Aeróbica):

Durante a Fase 1 predomina a ação de bactérias (sob a


massa de forragem) estritamente aeróbica

Bactérias Aeróbicas = Enterobactérias (Coliformes)

Solo: muito rico em Coliformes (desta forma, devemos evitar


o máximo possível da contaminação de silagem com solo)

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Conservação de Forragens

Conservação Microbiológica e Cinética da Fermentação:

Fase 2 (Anaeróbica):

Quando todo o O2 disponível na massa é eliminado


(compactação) e consumido (bactérias aeróbicas =
enterobactérias), a temperatura da massa ensilada começa
a cair

Início: por volta de 35°C

Paralelamente à queda de temperatura, o pH da massa


ensilada vai sendo reduzido
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Conservação de Forragens

Conservação Microbiológica e Cinética da Fermentação:

Fase 2 (Anaeróbica):

No início da Fase 2 a temperatura ainda é elevada (35°C)

Com a queda da temperatura,entram em ação bactérias


anaeróbicas: Clostridium

Clostridium: não suportam temperaturas elevadas nem baixo


pH

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Conservação de Forragens

Conservação Microbiológica e Cinética da Fermentação:

Fase 2 (Anaeróbica):

Caso haja presença de umidade na massa ensilada, ao invés


da predominância da ação de Bactérias Homoláticas,
capazes de reduzir significativamente o pH (massa
estabilizada) temos a ação (seleção) de:

Bactérias Heteroláticas: transformam glicose em diferentes


compostos: etanol + ácido acético + ácido lático

Por este motivo, em silagens com alta umidade encontramos


cheiro de “vinagre” e “álcool” muito acentuados
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Conservação de Forragens

Conservação Microbiológica e Cinética da Fermentação:

Logo, para termos uma silagem de qualidade, devemos:

1-) ensilar rapidamente o material (exposto ao O2 sem


compactação = perdas – ação de Enterobactérias)

2-) compactar adequadamente para reduzir a presença de O2

Ao realizarmos a compactação estamos trabalhando na


seleção das batérias

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Conservação de Forragens

Conservação Microbiológica e Cinética da Fermentação:

Eliminando O2:

Ocorre redução mais rapida da temperatura

Reduzimos Fase 1 (Aneróbica)

A temperatura cai mais rapidamente e diminui a ação de


bactérias indesejáveis: Clostridium

Com a redução da temperatuara e pH, entram em ação


bactérias Homoláticas e Heteroláticas
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Conservação de Forragens
Conservação Microbiológica e Cinética da Fermentação:

Eliminando O2:

Se o material foi colhido com adequado teor de umidade, a


atuação de Bactérias Heteroláticas é menos acentuada que
a de Homoláticas, com rápida queda de pH

pH reduzido = implica em material estável e conservado

Nenhum microorganismo consegue sobreviver neste meio

Material permanece estável “eternamente” (desde que não


sofra contaminações/infiltrações)
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Conservação de Forragens

Ensilagem de Gramíneas Tropicais:

Excedente de forragem do verão (pasto)

Problema = Desafio

Gramíneas Tropicais (Napier, Tiftons, Mombaça, Tanzânia,


Brachiarias) são cortadas entre 20% a 25% de MS

Possuem alta umidade

Possuem baixa reserva de carboidratos não fibrosos (CNF)

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Conservação de Forragens

Ensilagem de Gramíneas Tropicais:

Problema: redução da temperatura e, principalmente pH, é


pouco satisfatória em função da ausência de CNF (pouco)

Predominância da atuação de Bactérias Heteroláticas

pH não reduz significativamente e permite a sobrevivência de


Clostridium

Fermentação pouco eficiente, resultando em silagens de


baixíssima qualidade

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Conservação de Forragens

Ensilagem de Gramíneas Tropicais:

Alternativa para solucionar o problema:

Inserção de aditivos energéticos à massa ensilada = farelo


de milho, polpa cítrica, por exemplo

Problema: custos

Silagem melhora um pouco, no entanto fica mais cara

Muitas vezes inviável economicamente

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Conservação de Forragens
Ensilagem de Gramíneas Tropicais: Solução ou problema??!

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Conservação de Forragens

Regra geral para silagens (de qualidade):

1-) Cortar planta no momento adequado (% umidade)

2-) Ensilar rapidamente

3-) Compactar adequadamente

4-) Escolher forrageiras com reserva de energia (milho ou


sorgo)

5-) Armazenar e vedar material ensilado adequadamente

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Conservação de Forragens
Silagem de Cana:

Cana: excesso de açúcares solúveis = quando madura

Ótimo substrato para desenvolvimento de microorganismos

Elevada e diversificada população de bactérias epífitas e presença de


fungos e leveduras

Leveduras = responsáveis pela fermentação alcóolica (Candia,


Saccharomyces, Torula e Picchia)

São microorganismos que metabolizam rapidamente estes açúcares e


são resistentes a elevadas temperaturas (50° a 55°C)

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Conservação de Forragens
Silagem de Cana:

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Conservação de Forragens

Silagem de Cana:

O aumento da concentração de açúcares solúveis (CNF), no


caso da cana resulta em:

Aumento nos teores de álcool (etanol)

Redução nos teores de ácido lático (não sobra substrato para


as bactérias homoláticas transformarem açúcar em ácido
lático)

Cana cortada e ensilada com 6 meses: 7,5% de álcool


Cana cortada e ensilada com 24 meses: 17,5% de álcool!!
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Conservação de Forragens

Silagem de Cana:

Maior desafio da silagem de cana = fermentação alcóolica

Deve ser recomendada com critérios. Exemplos:

Fogo acidental (“intencional”)

Necessidade de corte imediato para liberação da área

Sobra de cana (evitar cana Bis)

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Conservação de Forragens

Silagem de Cana:

Aditivos Microbianos:uso de Bactérias Homoláticas e


Heteroláticas

Usados para otimizar processo fermentativo

Resultados significativos:

Lactobacillus buchneri (Heterolática): eficiente em produzir


ácidos propiônico e acético e reduzir teor de etanol e
população de leveduras

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Conservação de Forragens

Silagem de Cana:

Resultados significativos:

Lactobacillus buchneri (Heterolática)

Lactobacillus plantarum (Homolática)

Melhores resultados experimentais

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Conservação de Forragens

Fenação:

Objetivo – como todo processo de conservação = preservar


o alimento com o mínimo possível de perdas

Consiste, basicamente, num conjunto de operações no qual


se remove a umidade da forrageira de 80% para 15 a 20%

Primeira Etapa: Corte

Planta é cortada e espalhada no campo para secar (planta


ainda está viva)

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Conservação de Forragens
Fenação:

Primeira Etapa: Corte

Redução rápida para 65% de umidade

Estômatos permanecem abertos

Segunda Etapa:

Fechamento dos estômatos

Perda de água ocorrerá via cutícula

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Conservação de Forragens

Fenação:

Terceira Etapa:

Início quando planta atinge 45% de umidade

Metabolismo da planta é bastante reduzido

Folhas tornam-se mais quebradiças

Caule – permanece com teor de umidade mais elevado

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Conservação de Forragens

Fenação:

No campo: operações

1-) Corte

2-) Espalhamento

3-) Enleiramento

4-) Enfardamento

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Conservação de Forragens

1-) Corte

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Conservação de Forragens

2-) Espalhamento

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Conservação de Forragens

2-) Enleiramento

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Conservação de Forragens

2-) Enfardamento

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Conservação de Forragens
Fenação: Processo de Conservação

Após corte, planta continua viva

Continua respirando até que o seu teor de água atinja 35 a


40%

Quanto mais a planta respirar (pós-corte) maiores serão as


perdas de carboidratos solúveis de alta digestibilidade

Água + CO2 da respiração resultam em perda de MS

Tempo de secagem no campo: não pode ser elevado para


que não ocorra fermentação
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Conservação de Forragens

Fenação: Processo de Conservação

Proteína: em presença de umidade é altamente degradada

Tecnicamente – Fenação = processo de conservação de


forragens através da desidratação energética e parcial da
massa

A fenação retira a água disponível para ação deletéria de


microorganismos

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Conservação de Forragens

Fenação: Processo de Conservação

Teste prático para determinar ponto de fenação:

a-) Pegar amostras das leiras

b-) Segurar feixe com as duas mãos pressionando entre


indicador e polegar

c-) Realiza-se a “torção” do feixe

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Conservação de Forragens

Fenação: Processo de Conservação

Teste prático para determinar ponto de fenação:

Se o feixe:

Se romper = secagem muito severa

Se não se romper mas verter seiva = úmido ainda

Se não se romper nem sai seiva = ponto bom para fenação

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