Dermatoses Parasitárias
Aula 2
ESCABIOSE
Escabiose ou sarna é uma doença reconhecida
como contagiosa por séculos.
® Agente etiológico: Sarcoptes scabiei
var.hominis
Estudos epidemiológicos demonstram que a
escabiose se dá pela infestação do homem para o
homem, não afeta animais e a transmissão se dá
pelo contato pessoal, não tendo preferência por
idade, raça ou sexo.
® A transmissão por fômites é excepcional
Fora do hospedeiro, o ácaro sobrevive por 24 a 36
horas no ambiente, e já foi observado em poeira
domiciliar de casa de pacientes afetados.
BIOLOGIA E MORFOLOGIA DO ÁCARO
® A fêmea adulta mede 0,4 mm de comprimento
por 0,3 mm de largura, os machos são menores.
A fêmea faz a penetração da camada córnea,
atinge a epiderme e faz uma espécie de túnel, que
é onde ela vai fazer a deposição dos seus ovos.
Então, após o acasalamento, o macho morre e a
fêmeas começa a pôr os ovos no sulco causado por
ela no extrato córneo e granuloso da epiderme.
® Durante a vida de 4 a 6 semanas do ácaro, são
depositados cerca de 40 a 50 ovos após 3 a 4 dias,
saindo do túnel e escavando tetos. O número
médio de um indivíduo com Escabiose é de cerca
de 12 parasitas.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
® Prurido é a principal manifestação da doença,
com piora noturna.
As lesões da escabiose resultado da combinação
de dois processos: lesões pápulo vesiculares que
ocorrem nos sulcos provocados por ácaros adultos
e larvas e lesões eritematopapulosas que são
relacionadas com uma resposta imunológica.
® A lesão patognomônica é um sulco com uma
pequena saliência linear de cerca de 1 cm e em
uma das extremidades há uma vesícula ou pápula
onde se encontra a fêmea do ácaro.
A distribuição das lesões são nas áreas: axilas,
mamas, pênis, espaços interdigitais das mãos,
cinturas e pés.
QUADROS CLÍNICOS CARACTERÍSTICOS
• Escabiose em recém natos e jovens: nesses
pacientes a face e o couro cabeludo podem estar
infestados, por isso, é importante verificar regiões
palmoplantares, além do couro cabeludo.
® Escabiose em adultos: lesões são clássicas
® Escabiose em idosos: no idoso a pele reage
menos ou de maneira atípica, podendo queixar-se
apenas de prurido em dorso mais acentuado no
dorso, muitas vezes tratado com prurido senil.
SARNA NORUEGUESA
Foi descrita pela primeira vez em 1848 na
Noruega. É um tipo de hiperinfestação, cujo
número de ácaros supera 1 milhão de indivíduos.
Associado a doentes debilitados, subnutridos,
idosos, síndrome de Down, pacientes submetidos
a quimioterapia, HIV.
® Clinicamente as lesões hiperceratócicas
crostosas com fissuras na pele e unhas
espessadas.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
É feito com a maioria das doenças pruriginosas,
assim como dermatite atópica, erupção
medicamentosa, urticária papulosa, picadas de
inseto e piodermites.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
® Exame direto deve ser feito principalmente em
casos atípicos
® Coloca-se duas gotas de óleo mineral sobre as
lesões e depois escarifica-se com uma lâmina de
bisturi ou cureta para remover o teto do sulco, que
é colocado sobre a lâmina de vidro e examinada ao
microscópio, pesquisando ácaros e ovos.
® Teste da fita adesiva
TRATAMENTO
- Permetrina 5% loção ou creme: pode ser usado
em adultos, crianças gestantes e nutrizes (aplicar
em todo corpo à noite e retirar pela manhã
lavando, usar por 2 noites consecutivas e no
terceiro dia roupa de cama deve ser lavada)
- Enxofre precipitado 5% a 10% em vaselina, não
provoca reações colaterais (aplicar em todo corpo
à noite e retirar pela manhã lavando durante 4
dias)
- Monosulfiram: diluir em água 2 partes para
adultos e 3 partes para crianças (aplicação durante
4 noites seguidas). Possui efeito antabutase, ou
seja, em consumo com álcool, reações como
taquicardia, queda de PA, sudorese, náuseas e
vômitos
- Benzoato de Benzila: utilizado sob forma de loção
a 25%, usado à noite durante 4 dias consecutivos
e retirado pela manhã lavando, causa irritação da
pele.
- Ivermectina: utilizado de forma sistêmica,
adultos e crianças acima de 5 anos, utilizado em
dose única e repetido após 7 dias.
® ½ comprimido a cada 15 kg.
• Contraindicação de ivermectina: Gestante,
amamentação e criança menor que 5 anos.
É de suma importância tratar o familiar, uma vez
que é uma doença transmitida por fômites. Então,
deve-se trocar roupa de cama e vestimentas. Além
disso, todo o núcleo familiar deve ser investigado
para evitar a perpetuação da transmissão.
SARNA NODULAR
Na presença de nódulos utiliza-se corticoide de
alta potência 2 a 3x ao dia até mesmo infiltração
de triancinolona 3 a 4 mg por ml. Em casos
recalcitrantes, respeitando as restrições gerais
pode utilizar talidomida 100 mg ao dia.
PEDICULOSE
® Também conhecida como “piolho”
É causada pelo inseto do gênero Pediculus, insetos
hematófagos, medindo em média de 3 mm.
Transmissão: contato interpessoal ou fômites
® Predomina em crianças de 3 a 10 anos de
idade.
Pode acometer couro cabeludo (Pediculus capitis),
corpo (Pediculus humanus) e região pubiana
Pthirus púbis
QUADRO CLÍNICO
Couro cabeludo: prurido, visualiza-se presença de
ovos (lêndeas) presar firmemente ao cabelo, pode
ocorrer o achado eventual do parasita adulto.
Corpo: prurido com presença de pápulas, máculas CIMIDÍASE
eritematosas e escoriações
Causada por picada de percevejos do gênero
Ftiríase: prurido com presença de lêndeas na haste Cimex, também chamado de “bedbugs”
do pelo pubiano
® 3 lesões (“café da manhã, almoço e jantar”).
TRATAMENTO Lesões papuloeritematosas.

- Permetrina shampoo

- Permetrina loção

- Ivermectina sistêmica e trabalhos mostram

eficácia com uso dos tópicos

- Chapinha: efeito prático e pouco respaldo em

literatura

TUNGÍASE
TRATAMENTO
® Causada pela Tunga penetrans
- Corticoide tópico
Pulga hematófoga, se alimenta de sangue, fêmea
fecundada que penetra na pele introduzindo a - Anti-histamínico oral (Loratadina 10 mg)
cabeça e o tórax na epiderme, deixando de fora os
- Os percevejos devem ser erradicados com uso de
estigmas respiratórios e orifício ovorepositor.
inseticidas
Mede 1 mm e vive em lugares secos e arenosos em
MIÍASE
zonas rurais, chiqueiros e currais.
Infestação devido a invasão de tecidos por larvas
Principais hospedeiros: porco e homem.
de dípteros
- Local mais comum: pés
- Miíase 1°: larva da mosca invade tecido sadio

- Miíase 2°: mosca deposita os ovos em ferimentos

de pele ou mucosas, parasitas ocasionais.

Miíase primária: Larva do Dermathobia hominis

penetra nos tecidos

A fêmea após a cópula voa e captura um inseto

díptero hematófago, quando o inseto pousa em
outro animal ou no homem e desprendem os ovos.
TRATAMENTO Então, a fêmea deposita a larva no inseto
- Retirar a pulga (enucleação) com uma agulha hematófago e, este contaminado, ao picar o
após assepsia local. individuo deposita a larva, causando a miíase.

- Casos generalizados: Tiabendazol 25 mg/kg de Miíase secundária: Moscas depositam os ovos em

peso por 10 dias. ulceração na pele que eclodem e as larvas vão se
desenvolvendo
- Profilaxia com uso de calçados.
® São as moscas e Cochliomya maccelaria C.
hominovorax, além de outras espécies como o
gênero Lucilia.

TRATAMENTO

- Retirar as larvas

LARVA MIGRANS CUTÂNEA

® Dermatite linear serpiginosa, bicho geográfico

Indivíduo adquire a doença caso entre em contato

com o solo contaminado com fezes de cães e
gatos.

- Penetração de larvas de nematoides

- Ancylostoma brasiliensis é o agente etiológico

mais comum

- Lesões lineares eritematosas serpiginosas muito

pruriginosas

TRATAMENTO

- Poucas lesões: tiabendazol 5% pomada

- Albendazol 400 mg em dose única, ou pacientes

com menos de 60 kg 15 mg/kg 1x ao dia por 3 dias

- Tiabendazol 25 mg/kg por dia por 5 dias

- Ivermectina