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Maria Clara V Morais - T79 1

Sarcoptiformes
Na ordem Sarcoptiformes são encontradas algumas espécies de Acari muito
importantes nas parasitologias humana e veterinária.

As famílias mais importantes são:

• Sarcoptidae, com a espécie Sarcoptes scabiei, agente da sarna sarcóptica ou


escabiose.
• Pyroglyphidae, com as espécies Dermatophagoides farinae e
Dermatophagoides pteronyssinus, responsáveis por manifestações alérgicas
do aparelho respiratório.

Sarcoptes scabiei
• Existem várias espécies de Acari responsáveis por sarnas nos animais, mas no
homem apenas o Sarcoptes scabiei.
• Causa uma doença inflamatória da pele conhecida como sarna sarcóptica ou
escabiose.
• Os ácaros da família Sarcoptidae são pequenos (no limite de serem vistos a
olho nu) e escavadores.
• Durante o parasitismo, fazem galerias na pele do hospedeiro, na qual penetram
profundamente, produzindo prurido, dermatites e espessamento da pele.

Morfologia:

• Corpo globoso
• 400 µm de comprimento por 300 µm de largura
• Pernas curtas, sem garras
• Cutícula: estrias finas com áreas de cerdas finas e flexíveis
• Espinhos curtos e robustos
• Escamas triangulares

Variedades conforme o hospedeiro:

• S. scabiei variedade hominis


• S. scabiei variedade canis
• S. scabiei variedade suis
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OBS.: A sarna de um hospedeiro não passa para o outro.

Ciclo Biológico:

• Durante seu desenvolvimento, S. scabiei passa pelos estádios de ovo, larva,


ninfa e adulto.
• Os organismos ficam na superfície da pele, abrigados sob as crostas
oriundas do parasitismo, ou nas galerias escavadas pelas fêmeas.
• Adultos machos e fêmeas realizam a cópula. Em seguida, as fêmeas
perfuram túneis ou galerias na epiderme e deixam atrás de si um rastro de
ovos.
• As fêmeas ovipõem três a quatro ovos por dia, num total de 40 a 50 durante
toda a sua vida de três a quatro semanas.
• Período de incubação: 03 – 05 dias.
• As larvas que eclodem são hexápodas. Estas saem para a superfície da pele
ou permanecem nas regiões mais superficiais das galerias, onde se
alimentam, sofrem mudas para ninfas (que são octópodas) as quais, oito a
10 dias após, mudam para adultos machos ou fêmeas.
• Ocorre novamente a cópula e as fêmeas iniciam a escavação de novas
galerias.
• Todos os estádios, com exceção dos ovos, alimentam-se de células da
epiderme e do material extravasado no local de parasitismo.
• O ciclo completo demora cerca de 20 dias.
• Os túneis são formados principalmente em regiões interdigitais, mãos,
punhos, cotovelos, axilas e virilhas. Porém, também podem parasitar
nádegas, genitais externos, seios, costas e pernas.

Transmissão:

• Contato direto
• Fômites (roupas, chapéus, pentes)
• Locais de uso comum (maçanetas de portas, cadeiras. corrimões).
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Patogenia e sintomas:

• Perfuração da epiderme (dano mecânico) + produtos do metabolismo


(excreção) + ação da saliva (proteases) = prurido intenso
• Mais evidente e irritante à noite (com hospedeiro aquecido, os ácaros ficam
mais ativos)
• Os principais sinais clínicos da doença são pápulas e lesões eritematosas em
regiões delimitadas.
• Com o avançar da doença, as lesões vão acometendo áreas maiores e outras
regiões do corpo, normalmente devido à distribuição de ácaro pelas mãos
contaminadas. Em fases mais avançadas
• São observadas regiões com espessamento de pele e lesões com limites
irregulares, caracterizadas por crostas na região central circundadas por
regiões eritematosas.
• Hospedeiro: se coça fortemente → porta de entrada de infecções microbianas
secundárias.

Sarna norueguesa
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• Variedade de sarna sarcóptica.


• O parasito é encontrado em grande quantidade e produz crostas salientes com
acometimento de extensões maiores, podendo invadir a palma da mão, planta
dos pes, cabeça etc.
• A causa não está relacionada com a variedade do parasito, mas sim com uma
manifestação exuberante da sintomatologia causada por uma
hipersensibilidade do paciente ou pela infestação de S. scabiei em indivíduos
imunossuprimidos.

Imunologia:

• Escabiose: doença inflamatória da pele, provocada pelo parasitismo do ácaro


S. scabiei, determinando uma dermatite.
• Erupções cutâneas e prurido: resposta imune
• Produtos de excreção e saliva do artrópodo
• Ags: ainda, não bem definidos
• Reações: Tipo I, II, III e IV

Diagnóstico:

1) Clínico:

• Anamnese
• Prurido intenso que piora à noite
• Localização
• Aspecto das crostas

2) Parasitológico

• Fita adesiva
• Raspado da epiderme

Tratamento:

• Banho morno demorado (sabão específico)


• Amolecer e retirar as crostas
• Aplicar localmente:
o Benzoato de benzila (Acarsan, Escabiol)
o Deltametrina (Deltacid, loção)
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o Tiabendazol (Foldan)
o Monossulfeto de tetratiltiuram (Tetmosol)
• Por 3 dias
• Forma: líquida, pomada e sabonete
• Contaminação bacteriana: permanganato de potássio (1: 10.000)
• Ivermectina: dose única – 200 mg/Kg (adultos e crianças)
• Tratar simultaneamente todas as pessoas da família atingidas
• Lavar e passar ferro quente nas roupas de cama enquanto durar o tratamento

Dermatophagoides

• Dermatites humanas, asma e rinite alérgica são manifestações comuns em


crianças e adultos em quase todo o mundo e podem ser provocadas por
pequenos ácaros presentes em poeira doméstica.
• Fragmentos e dejetos deles (antígenos e alérgenos) são responsáveis por
diversas manifestações alérgicas do aparelho respiratório humano.
• Família: Pyroglyphidae
• Subfamílias:
o Pyroglyphinae – ninhos de roedores, aves e substratos
o Dermatophagoidinae – poeira doméstica

Espécies no Brasil:

• Dermatophagoides farinae
• Dermatophagoides pteronyssinus
• Euroglyphus maynei
• Sturmophagoides brasiliensis

Dermatophagoides:

• Milhares: em frestras de assoalhos, camas, móveis estofados, cortinas, roupas


guardadas etc.

Profilaxia:

• Higiene de casa com pano pouco úmido: para não umidificar o ambiente e
nem espalhar poeira
• Aspirador de pó
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• Incinerar a poeira retirada


• Usar colchão e travesseiro de espuma
• Expor a roupa de cama diariamente ao sol
• Aplicar: Nipagim (metil-hidroxibenzoato) em solução a 5% nos móveis e
assoalhos

Tratamento:

• Sarnicidas
• Limpeza correta do domicílio

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