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Gênero Ehrlichia e Rickettsia

Profª Viviane de Lacerda


Gênero Ehrlichia
Filo: Protobactéria
Ordem: Rickettsiales
Família: Anaplasmataceae
Gênero: Ehrlichia
Espécies: Ehrlichia canis
Ehrlichia chaffensis
Ehrlichia muris
Ehrlichia ruminantium

Por muitos anos, o gênero foi considerado espécie-específica, atualmente sabe-se que os cães podem se infectar
por diferentes espécies de Ehrlichia, e cada uma delas desencadeia diferentes sinais clínicos em seu hospedeiro.
Gênero Ehrlichia
Bactérias intracelulares obrigatórias que medem cerca de 0,2-0,4 μm de diâmetro;

Gram negativas;

Parasitam principalmente as células mononucleares maduras ou imaturas de


mamíferos:
monócitos, linfócitos, macrófagos, neutrófilos e células endoteliais

Nos carrapatos, a Ehrlichia infecta células do epitélio intestinal e de glândulas


salivares.
Gênero Ehrlichia

Esfregaço sanguíneo de cão após ser infectado com E. canis, oriundo da picada com saliva contaminada
de um carrapato Rhipicephalus sanguineus. A seta indica monócitos reativos albergando a Ehrlichia canis no
estágio de mórula.
Gênero Ehrlichia
Uma outra espécie de menor relevância, mas não menos importante é a Ehrlichia chaffensis que,
assim como a Ehrlichia canis, pode acometer humanos, canídeos domésticos e selvagens, mas
também foi identificada em cervos, caprinos e outras espécies de mamíferos.

Os carrapatos Amblyomma americanum e Dermacentor variabilis são considerados os vetores


potenciais da enfermidade
Gênero Ehrlichia
A Ehrlichia ruminantium se destaca em países da África como Etiópia, Quênia e
Uganda, e se caracteriza por causar a cowdriose ou doença do hidropericárdio em
bovinos, ovinos, caprinos e outros ruminantes.

Doença do hidropericárdio: ocorre um acúmulo de líquido entre o pericárdio e o


coração.

A enfermidade é importante
economicamente em áreas endêmicas e
tem a transmissão realizada pelo
ectoparasita, carrapato duro do gênero
Amblyomma.
Gênero Rickettsia
Grupo de bactérias muito diminutas, procariotas, ou seja, microrganismos unicelulares e
desprovidos de núcleo, e que obrigatoriamente sobrevivem somente no interior de uma célula, o
que os caracteriza como parasitas.

Célula infectada por Rickettsia rickettsii


Gênero Rickettsia
Este gênero pode ser dividido em dois grandes grupos, de acordo com o tipo de enfermidade que acarreta no
hospedeiro:

Grupo Tifo:

Rickettsia prowazekii: agente etiológico do tifo exantemático transmitido pelo hospedeiro intermediário, o piolho, aos
hospedeiros definitivos, os humanos;

Rickettsia typhi: agente etiológico do tifo murino, enfermidade comum em ratos tendo as pulgas do gênero Xenofilla
como as responsáveis pela transmissão aos humanos, após se contaminarem com a bactéria ao picarem ratos
infectados;

* Não confundir com peste bubônica (pulgas do gênero Xenofilla contaminadas com a bactéria Yersinia pestis)

Rickettsia canadenses: pode ser isolada em diferentes espécies de carrapatos, entretanto, até o momento sem
correlação com possíveis enfermidades em humanos ou animais.
Gênero Rickettsia
Tifo exantemático:

Encontrado em regiões mais elevadas da América Latina e da África e é transmitido por piolhos.

A enfermidade se estabelece quando se coça o local picado pelo piolho (Pediculus humanus), e suas
fezes contaminadas pela bactéria misturam-se com o ferimento causado pelo ato de coçar, fazendo
com que a Rickettsia prowazekii atinja a corrente sanguínea.

SINTOMAS:
• dores nas articulações;
• forte cefaleia;
• hipertermia e erupções cutâneas hemorrágicas.
Gênero Rickettsia
Tifo murino:

Tem sua incidência relacionada com a presença de ratos, que funcionam como reservatório, e o
homem acometido esporadicamente ao ser picado pela pulga do rato, do gênero Xenopsylla.

A sintomatologia é muito semelhante à causada pela Rickettsia prowazekii (tifo exantemático)


porém mais branda.
Gênero Rickettsia
Ciclo biológico da Rickettsia typhi (tifo murino)
Gênero Rickettsia
Grupo das febres maculosas:

Rickettsia rickettsii:
Agente etiológico da febre maculosa brasileira e da febre das Montanhas Rochosas;

Rickettsia conorii:
Agente causal da febre maculosa do Mediterrâneo.

Neste grupo temos também mais três espécies Rickettsia slovaca, Rickettsia sibirica e Rickettsia australis, as
quais ainda não foi possível associar quadros clínicos específicos no hospedeiro.
Gênero Rickettsia
Febres maculosas

A febre maculosa brasileira destaca-se como a mais comum e letal.

Além do Brasil, há relatos de ocorrência da Rickettsia rickettsii nos Estados Unidos (Febre Maculosa
das montanhas rochosas), no México (febre manchada), Colômbia, Costa Rica e Panamá (febre de Tobia).

No Brasil, a febre maculosa é transmitida aos humanos pelo vetor, o carrapato Amblyomma cajennense já nos
Estados Unidos, o vetor são carrapatos do gênero Dermacentor.
Gênero Rickettsia
Amblyomma cajennense (vetor da Rickettsia rickettsi, responsável pela febre maculosa brasileira)

A: representa a face dorsal do artrópode; B: representa a face dorsal do artrópode


Gênero Rickettsia

Febres maculosas

• Os carrapatos são reconhecidos como reservatórios, e a infecção se mantém pela passagem


transovárica e transestadial nos mesmos. Tal característica biológica faz com que o carrapato
permaneça infectado durante toda a sua vida e por muitas gerações após uma infecção primária.

• A transmissão ocorre pela picada do carrapato infectado, e para que a Rickettsia infecte o
homem, é necessário que esta se reative, para isso o carrapato deve ficar aderido ao hospedeiro
por cerca de 4 a 6 horas.
Ciclo biológico do Amblyomma cajennense

30 dias de período de incubação,


teleóginas, após fecundadas e
ocorre a eclosão dos ovos e
ingurgitadas, caem do
nascimento das larvas, ou também
hospedeiro ao solo, realizam a
denominadas ninfas hexápodes.
postura de cerca 5.000 a 8.000
ovos e morrem
As ninfas atingem um novo
hospedeiro para realizarem o
repasto sanguíneo por cerca
de 3 a 6 dias, quando então se
desprendem novamente do
solo para sofrerem uma
ecdise, transformando-se em
ninfa octópode

As ninfas fixam-se em um novo


hospedeiro e em 6 dias ingurgitam-se de
sangue, e no solo sofrem nova ecdise,
transformando-se na forma adulta.
Gênero Rickettsia
Febres maculosas

• O Amblyomma cajennense possui um longo ciclo biológico, de modo que consegue completar
uma única postura por ano, com três estágios parasitários marcadamente distribuídos.
• As ninfas hexápodes ocorrem entre os meses de março a julho e possuem a capacidade de
sobreviver por até 6 meses sem se alimentar.
• Já as ninfas octópodes aparecem entre os meses de julho a novembro e, por fim, os adultos entre
os meses de novembro a março que sobrevivem por até 2 anos sem se alimentar.

Não é incomum ocorrer casos de contaminação por meio de lesões pré-existentes na pele através
da exposição da bactéria após esmagamento do carrapato.
Ciclo biológico do Amblyomma cajennense

Amblyomma cajennense, reservatório da Rickettsia rickettsii, responsável pela febre maculosa brasileira.
Gênero Rickettsia
Febres maculosas

No homem o período de incubação varia de 2 a 14 dias, e a letalidade da enfermidade, quando não


tratada, supera os 80%.

Cães quando infectados demonstram um quadro brando da enfermidade que culmina com a cura
clínica do animal.

Já para o cavalo, muitos estudos sugerem que este seja refratário ao desenvolvimento da febre
maculosa.
generalizada que culmina com necrose nas áreas hemorrágicas.
Gênero Rickettsia
Febres maculosas

Sintomas:
• febre de moderada a alta por 2 a 3 semanas;

• cefaleia, calafrios e congestão das conjuntivas;

• exantema maculopapular, nas pontas dos dedos das mãos e


pés, em torno do punho e tornozelo, face, pescoço, palmas
das mãos e solas dos pés, além de petéquias e hemorragias;
Gênero Rickettsia
MEDIDAS DE CONTROLE
• Eliminar carrapatos;
• Evitar áreas infestadas com carrapatos ou removê-los o mais rápido possível quando encontrado no
corpo;
• Utilizar roupas claras para facilitar a visualização dos carrapatos e utilizar as calças compridas com parte
inferior por dentro das botas.
• Não esmagar os carrapatos com as unhas (liberação da bactéria,, que apresenta a capacidade de
penetrar na pele ferida.
• A remoção deve ser feita por meio de uma leve torção, a fim de se liberar as peças bucais.
• Associar sempre que possível a rotação de pastagens.
• Adotar o controle químico nos animais, com a utilização de carrapaticidas.

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