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RESUMO DE ZOONOSES -AULA DE FEBRE MACULOSA BRASILEIRA

Características gerais
É uma doença infecciosa febril aguda, de gravidade variável, cuja apresentação clínica pode
variar desde as formas leves e atípicas até formas graves.  É febril, faz bacteremia.
-Virulência é variável! – Depende do estado imunológico do hospedeiro, quantidade de
microorganismo infectante.

-É uma zoonose cosmopolita


-É classificada quanto a manutenção do agente como METAZOONOSE
-É classificação quanto a direção da transmissão como ANTROPOZOONOSE
-Possui virulência variável  Geralmente fatal

A doença ocorre com morbidade variada, em regiões em que a morbidade é elevada a


mortalidade também é elevada devido à alta letalidade observada em humanos.

-Variedade de vetores  Ixodidaes - Artrópodes – “Carrapatos duros”


O Ixodidae são conhecidos por possuir uma carapaça de quitina.
-As fêmeas, após se alimentarem ficam engurgitadas – Teleógina – 100x seu tamanho original,
que parece mole – Escudo de quitina fica pequeno em comparação ao corpo.

O Argasidae  “Carrapatos moles” – Não possuem o escudo de quitina – Geralmente


parasitam aves.

-NOTIFICAÇÃO OBRIGATÓRIA IMEDIATA DE CASO SUSPEITO (Humanos) OU CONFIRMADO

Agente Etiológico:
-Gênero: Rickettsia
-Espécie: Rickettsia rickettssi  É a mais patogênica – Potencial zoonótico.
-Bactéria Gram negativa.

-As espécies de Rickettsia rickettssi mantêm ciclos silvestres e enzoóticos na natureza e muitas
são agentes de zoonoses transmitidas especialmente por carrapatos.
-É UM PARASITA INTRACELULAR OBRIGATÓRIO!!

Vetor: Amblyomma cajannense – Principal reservatório

Estágios: Ovo – Larva – Ninfa – Adulto (dimorfismo sexual) – Apenas a fêmea se alimenta de
sangue para maturar os seus ovos.

A partir de um carrapato infectado, outros podem tornar-se infectados também por


Transmissão vertical:
-Transovariana – Transmissão aos ovos  Futuros indivíduos já infectados.
-Transmissão estádio-estádio (Transestadial) – Fase de larva ou ninfa – Ciclo heteroxênico.
(2 ou mais hospedeiros).

Transmissão em humanos: Transmissão vetorial - A transmissão da Rickettsia rickettsi se dá


durante o repasto sanguíneo das formas de larva, ninfa ou adulta de ixodidaes do gênero
Amblyomma.
-Os equídeos, a capivara e o cão têm comprovadamente importante participação no ciclo de
transmissão da febre maculosa.

Febre Maculosa no Interior de São Paulo


Vetor: Amblyomma sculptum (carrapato estrela)  Vetor mais importante para a febre
maculosa brasileira - É o mesmo que o Amblyomma cajannense.

Amplificador: Espécie vertebrada portadora do agente que é capaz de infectar vetores sadios
por ser hospedeiro preferencial do vetor  Cão, capivara, equídeos.

-Este carrapato possui baixa especificidade parasitária, principalmente nos estágios de larva e
ninfa, parasitando indistintamente diferentes classes animais incluindo humanos.

-Para que uma população de carrapato-estrela se estabeleça no ambiente é necessária a


presença de hospedeiros primários como a capivara, equinos e anta.

-A capivara que é um animal silvestre amparado pela Lei de proteção à fauna tem contribuído
enormemente para garantir o sucesso do crescimento populacional de algumas espécies de
carrapatos, especialmente aquelas associadas à febre maculosa.

Febre Maculosa na Região Metropolitana de São Paulo


Vetor: Amblyomma aureolatum (carrapato amarelo do cão)  Áreas periurbanas.
Rhipicephalus sanguineus  Potencial vetor em ambiente urbano

Determinantes: Ocupação humana em áreas de Mata atlântica degradada.


-Entre 2004-2017 a letalidade foi de 70%

-Cães que entram na mata ou que compartilham seu ambiente com a fauna silvestre podem
apresentar infestações mistas por diferentes espécies de ixodidaes, por exemplo Amblyomma
spp e Rhiphicephalus spp.
Fisiopatogenia
Infecção de Rickettsia rickettssi  Através dos vasos  Pulmão, Cérebro, Pele, Coração,
Fígado, Baço, Pâncreas e TGI  Através do endotélio vascular  Musculatura lisa 
Multiplicação bacteriana  Aumento da permeabilidade vascular; Hipovolemia; Aumento do
consumo plaquetário e da lesão endotelial  Ativação da cascata de coagulação 
TROMBOSE!

Período de incubação: 2-14 dias

Manifestações Clínicas: Exantema; Necrose e Gangrena; Insuficiência renal aguda e


respiratória; Meningite; Come e Óbito.
Cães – A maioria é assintomático - Quadro febril e quadro hemorrágico (sufusões).

Definição de caso
Suspeito: Indivíduo que apresente febre de início súbito, cefaleia, mialgia e que tenha relatado
história de picada de carrapatos e/ou contato com animais domésticos e/ou silvestres e/ou ter
frequentado área sabidamente de transmissão de febre maculosa, nos últimos 15 dias.

-Ou que apresente febre de início súbito, cefaleia e mialgia, seguidas de aparecimento de
exantema máculo-papular, entre o 2º e o 5º dia de evolução, e/ou manifestações
hemorrágicas.

Confirmado: Exames específicos!


1. Reação de imunofluorescência indireta (RIFI): A presença de um aumento de 4x nos títulos
de anticorpos ou 1ª amostra negativa e a segunda > 128, observado em amostras pareadas de
soro, confirmam o caso.

-IgG são os mais específicos e indicados para interpretação diagnóstica. Deve-se coletar a 1ª
amostra de soro nos primeiros dias de doença (fase aguda) e a 2ª amostra de 14-21 dias após a
1ª coleta.
-As amostras para sorologia devem ser encaminhadas ao laboratório de referência – Instituto
Adolfo Lutz, do qual processará apenas as duas amostras pareadas.

2.PCR: Detecção do DNA da riquétsia quando esta se encontra presente na amostra.


-É realizada em amostras de sangue e coágulos.
-É realizada apenas em casos de óbito.

3.Imunohistoquímica: Detecção de antígenos de riquétsias presentes em células endoteliais de


amostras de tecidos histológicos.
-Pode ser realizado em tecido de biópsia tipo punch de lesão de pele, ou em caso de óbito,
enviar as vísceras (rim, fígado).

4. Isolamento: da Rickettsia ricketsii em cultura.

Tratamento
Antibioticoterapia: Doxiciclina; Cloranfenicol; Enrofloxacina
-Terapia de suporte
Controle e Profilaxia
-Evitar áreas endêmicas
-Não esmagar carrapatos com a unha
-NÃO EXISTE VACINA!!

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