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fóvea do trocanter, por onde se introduz o fio-guia com Foram utilizadas hastes que variavam desde 10mm
controle da fluoroscopia. Uma vez alcançada a redução, a 14mm de diâmetro por 38cm a 48cm de comprimento.
faz-se a fresagem do canal medular utilizando-se fresas Em relação ao tempo operatório, houve variação
flexíveis, introduzindo, então, a haste de proximal para de uma a quatro horas nos casos operados pela técnica
distal, sempre com o auxílio do fio-guia. aberta, sendo a média de 2h e 13 minutos. Já nos casos
Existem casos em que não é possível alcançar a redu- operados pela técnica fechada, a variação foi de 45 minu-
ção e uma pequena incisão é feita para reduzir a fratu- tos a duas horas, com média de 1h e 45 minutos.
ra, como ocorreu em três dos casos relatados. Tais casos O tempo necessário para se conseguir o arco de mo-
foram incluídos como pertencentes ao grupo tratado pe- vimento do joelho maior do que 120° variou nos casos
lo foco aberto. operados a foco fechado de dois meses e meio a sete
Inicialmente, as operaçãos a foco fechado eram rea- meses (média de 4,75 meses); nos casos operados a fo-
lizadas com o paciente em decúbito lateral, o que facilita- co aberto, variou de um mês e meio a sete meses (média
va o encontro do ponto de introdução da haste, porém de 4,25 meses). Dois pacientes submetidos a osteossínte-
dificultava os parâmetros de redução rotacional. se a foco aberto não conseguiram alcançar o arco de
As fraturas foram classificadas de acordo com Win- movimento de 120°.
(12)
quist & Hansen , como mostra a tabela 1. Em relação ao tempo de consolidação, encontrou-
Os critérios de avaliação do momento exato da con- se variação de um mês e meio (mín.) até seis meses
solidação foram clínicos e radiológicos. O critério clíni- (máx.), com média de 2,9 meses, nos casos operados a
co adotado foi a capacidade de apoio monopodial sem foco aberto, e de dois meses e meio (mín.) até seis meses
dor e o radiológico, a existência de trabéculas atravessan- (máx.), com média de três meses, nos casos operados a
do o foco de fratura em pelo menos uma das incidên- foco fechado.
cias.
O controle radiológico foi realizado no pós-operató-
COMPLICAÇÕES
rio (PO) imediato e mensalmente, até o quinto mês.
Para melhor avaliação dos resultados, adotaram-se As complicações encontradas foram:
(7)
os critérios utilizados por Leighton & col. em seu tra- • Um caso tratado pelo método aberto com infec-
balho (quadro 1). ção no segundo mês de PO. Foi necessária limpeza cirúr-
gica sem a retirada de haste, com antibioticoterapia sistên
RESULTADOS mica, evoluindo para a cura da infecção e consolidação
da fratura em seis meses.
Dos 19 casos relatados, 17 foram classificados co-
• Um caso de necrose parcial de vulva, que foi um
mo satisfatórios e dois como insatisfatórios, um por apre-
dos primeiros a ser tratado pelo método fechado, tendo
sentar encurtamento de 1,5cm e o outro pelo desvio an-
como causa a tração excessiva na mesa ortopédica duran-
gular em varo com 12°. Os dois casos foram tratados a
te a redução, com proteção inadequada do local.
foco aberto.
TABELA 1 QUADRO 1
Fratura tipo I cominutiva 6 3 3 • Arco de movimento do joelho maior do que 120 na ausência
Fratura tipo II cominutiva 5 3 2 de fraturas associadas do joelho
Fratura tipo Ill cominutiva 2 2 –
Fratura proximal cominutiva 3 2 1 Casos insatisfatórios
Fratura segmentar oblíqua cominutiva 1 1 – • Mais de 1 cm de encurtamento
Fratura distal cominutiva 1 1 – • Mais do que 10° de deformidade angular ou rotacional
o
Fratura em espiral 1 1 – • Arco de movimento do joelho menor do que 120
Fratura proximal transversa 1 — 1 Ž Utilização de imobilização ou tração no PO
Fig. 1 — Fratura cominutiva tipo III tratada pelo método de osteossín- Fig. 2 — Raios-X em AP e P mostrando encurtamento no foco de fra-
tese a foco aberto tura e migração proximal da haste após a queda do paciente
ra em espiral, tratada pelo método aberto. A osteossíntese com haste intramedular permite o
realinhamento do osso, a rápida regeneração e união
DISCUSSÃO
da fratura e o uso funcional precoce do membro. A
Há diversos métodos de tratamento das fraturas dia- maior limitação para seu uso é sua inadequada fixação
(3,12)
fisárias de fêmur, com suas indicações, vantagens e des- nas fraturas cominuídas ou localizadas mais próxi-
(3)
vantagens . mas às metáfises. As hastes com parafusos bloqueantes,
O tratamento não-operatório (tração, gesso, tração todavia, ampliaram sua indicação (figuras 3 e 4), Sob o
+ gesso) tem como inconvenientes o prolongado tempo aspecto biomecânico, as hastes intramedulares, por esta-
de hospitalização e tratamento, a maior evidência de ri- rem localizadas centralmente, conseguem neutralizar,
gidez articular e consolidação viciosa, porém tem sua in- com maior facilidade, as forças nocivas que agem no fo-
(1,6)
dicação como alternativa em determinadas fraturas co- co fraturário , se comparadas às placas, pois estas úl-
(12)
minuídas . timas têm disposição excêntrica.
Rev Bras Ortop — Vol. 28. N° 7 — Julho. 1993 501
R.S.S. MORELLI, A.C.B. CASTRO, M.C. ASSIS & M.S. FERNANDES
Fig. 3 — Fratura segmentar oblíqua cominutiva tratada com osteossín- Fig. 4 — Raios-X em AP e P mostrando fratura segmentar oblíqua
tese a foco aberto consolidada. Neste caso, foi necessário o uso de parafusos para dimi-
nuir a instabilidade rotacional.
Em 1916, Hey Grovees introduziu o método de os-
teossíntese intramedular nas fraturas diafisárias de fê- Observamos que nem sempre é possível conseguir a
mur. Foi Küntscher, entretanto, quem, em 1940, o popu- redução pelo método fechado. Em três dos nossos casos,
larizou, já utilizando a redução e a passagem da haste houve a necessidade de pequena incisão, suficiente para
sem abrir o foco de fratura
(3-5,7,9,11,14)
introduzir o dedo e facilitar a redução durante a passa-
Com o aprimoramento dos aparelhos de fluorosco- gem do fio-guia. Esses casos foram considerados como
pia com intensificador de imagens, a técnica de fixação do grupo de redução aberta, ainda que alguns autores
a foco fechado tornou-se mais facilmente executável. os classifiquem como osteossíntese a foco fechado (8) .
(2) (5)
Alguns autores defendem a técnica fechada, pois leva- Kovacs & col. demonstraram que a incidência de
ria a menor tempo de consolidação da fratura, menor infecção no tratamento intramedular da fratura de fê-
índice de infeção, retorno funcional mais precoce e me- mur a foco aberto aumentava com o tempo de permanên-
nor tempo de internação. Existem, no entanto, divergên- cia hospitalar antes da cirurgia, com múltiplos traumas
cias a esse respeito. associados, com fraturas expostas e ainda mais quando
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Em um trabalho comparativo, Leighton & col. dois destes fatores estavam associados.
observaram que a única vantagem entre os métodos era Alguns estudos demonstram a importância do hema-
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cosmética, pela presença de menor cicatriz cirúrgica. toma fraturário no processo de regeneração óssea .
502 Rev Bras Ortop — Vol. 28, N° 7 — Julho, 1993
CONSIDERAÇÕES SOBRE O TRATAMENTO DAS FRATURAS DE FÊMUR COM HASTE INTRAMEDULAR DE KÜNTSCHER