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Listeriose

-INTRODUÇÃO: A listeriose também é conhecida como doença giratória ou doença da silagem.


-DEFINIÇÃO: A listeriose é a doença resultante de uma infecção bacteriana causada pela bactéria Listeria
monocytogenes, existem numerosas espécies animais que são susceptíveis de serem infectadas pela
mesma, estando assim largamente distribuída na população animal podendo ser isolada nas fezes de
animais clinicamente saudáveis. A bactéria L. monocytogenes pode potencialmente afectar todos os
animais domésticos, existindo casos reportados de infecções em bovinos, caprinos, ovinos, suínos, aves e
até peixes de água doce. As espécies animais mais suscetíveis à doença são os ovinos, seguidos pelos
caprinos e bovinos. Existem 6 espécies, mas apenas duas são de importância para a veterinária. Nesse
trabalho iremos focar na bactéria Listeria monocytogenes.
-ETIOLOGIA: L. monocytogenes é um bacilo gram positivo micro aerófilo e que não forma esporos, isso é
bactérias Gram-positivas podem necessitar de antibióticos específicos devido a estrutura de suas paredes
celulares que possuem aspectos singulares. Vive frequentemente associada a outras bactérias saprófitas
(seres que adquirem os seus nutrientes a partir de tecidos) presentes na matéria orgânica em
decomposição. Pode ser encontrada no trato intestinal e ser excretada nas fezes de muitos mamíferos
domésticos, selvagens e inclusive pelo homem. É extremamente resistente a condições ambientais e pode
sobreviver desde meses até anos no solo, material fecal, água e alimento contaminado. Apresenta
temperaturas ótimas de crescimento entre os 30 ºC e 37 ºC mas, no entanto, consegue reproduzir-se em
temperaturas que variam dos -0,4 ºC até aos 45 ºC. Consegue também crescer em valores de pH bastante
dispares, desde os 4,5 até aos 9,6. É uma bactéria intracelular facultativa, o que contribui para a sua
patogenicidade e para uma alta resistência aos antimicrobianos
*FISIOPATOLOGIA: A contaminação ocorre quando tanto os humanos quanto os animais domésticos
ingerem alimentos contaminados. Após entrar no corpo, a bactéria Listeria monocytogenes se multiplica
nas células do intestino. Ela é englobada por um vacúolo dentro das células, mas a produção de uma
proteína chamada Listeriolisina O (LLO) pela bactéria faz com que o vacúolo se rompa. Esse é um dos
fatores mais importantes de virulência da bactéria. Dentro das células, a Listeria monocytogenes se
multiplica e infecta outras células próximas usando uma proteína chamada actA, que promove a formação
de longas caudas de filamentos de actina em uma das extremidades da célula bacteriana. O movimento
célula a célula de bactérias dentro do hospedeiro permite a disseminação da infeção sem expôr as
bactérias ao sistema imunológico.
FATORES PREDISPONENTES: Agora falando um pouco dos fatores predisponentes.
Essa é uma doença sazonal, isso é, típico de determinada época, no caso é mais comumente adquirida no
período do inverno, além de estar muito presente nas regiões de baixa temperatura. Como já citado antes,
a silagem de má qualidade é um fator que está amplamente interligado com a aparição da doença, pois o
armazenamento inadequado e a preparação inadequada da silagem favorecem o desenvolvimento da
bactéria, principalmente no topo e nas laterais dos montes de silagem, dessa forma preparar uma boa
silagem e ensilagem é essencial, pois esse fator torna os animais susceptíveis à listeriose. No geral produtos
de origem animal, como carne e leite devem sofrer inspeções mais rigorosas, principalmente o leite, pois a
bactéria é capaz de sobreviver caso durante o processo de fabricação o produto seja submetido a uma
temperatura inadequada. E por último devemos nos atentar a animais idosos e neonatos, devido a baixa do
sistema imunológico.
-TRANSMISSÃO: O agente está amplamente distribuído na natureza, sendo encontrado no solo, na água e
nas plantas. A infecção ocorre principalmente por ingestão de alimentos contaminados. Nos animais e
homens a bactéria localiza-se no intestino e sua eliminação se dá pelas fezes. A principal via de transmissão
da doença é alimentar e o uso de silagem de má qualidade é um fator de risco a ser considerado na
doença. A bactéria também pode ser transmitida verticalmente, de mãe para filhote, através da placenta.
-PROFILAXIA: A conscientização e a colaboração entre médicos veterinários, produtores e proprietários de
animais são elementos-chave na promoção de medidas eficazes de prevenção e controle da listeriose na
medicina veterinária. Além disso, entre as formas de profilaxia presentes, podemos citar: medidas de
biossegurança e boas práticas de manejo, higienização adequada na alimentação dos animais, incluindo o
uso de alimentos de qualidade e a lavagem adequada dos vegetais, evitar o consumo de produtos de
origem animal crus ou mal cozidos e manter boas condições de limpeza e higiene nas instalações onde os
animais são mantidos.
-SINAIS CLÍNICOS: Normalmente os animais afetados com L. monocytogenes, apresentam-se anoréxicos e
prostrados. Esta prostração resulta de um envolvimento do sistema ativador reticular, de meningite ou de
alterações metabólicas. Em alguns casos é possível que em vez de os animais se encontrarem abatidos, eles
estejam agitados. É relativamente normal que os animais apresentem febre no início da doença, sendo
menos comum em estágios mais tardios da mesma, mas a ausência de febre não permite a exclusão de
listeriose.
No geral a doença induz a três formas de manifestação clínica: doença neurológica, seguida de aborto e
septicemia, sendo a forma neurológica mais comum a animais de produção.
Os sintomas neurológicos são: perda de equilíbrio, salivação abundante, conjuntivite, incoordenação
motora com perturbação da marcha e andar em círculos (“circling disease”). Pode haver evolução do
quadro para uma paralisia, decúbito lateral permanente, desvio lateral da cabeça e opistótono (posição de
“arco” com o corpo). Já o quadro abortivo ocorre geralmente nos meses finais da gestação, com um único
sintoma de infecção genital na mãe. E por último a septicemia, que é mais comum em recém-nascidos e
em fetos abortados. Além disso a doença tende a ter pequenas variações nos sintomas de acordo com a
espécie afetada. (OS SINTOMAS POR ESPÉCIE ESTÃO NO SLIDE “SINAIS CLÍNICOS”)
ANIMAIS INFECTADOS: Nos casos em que um ou mais animais já foram infectados, algumas medidas
devem ser tomadas como forma de conter a doença. Como já dito a listeriose é uma doença de
transmissão alimentar, sendo assim deve-se evitar o consumo de silagem de má qualidade e sempre retirar
as partes pouco fermentadas ou que entraram em contato com o ar. Outras medidas de contenção da
zoonose em questão são: : isolar os animais doentes, realizar quarentena em todos os animais introduzidos
ao rebanho; eliminar o feto e os restos placentários em casos de aborto (incinerar ou enterrar); realizar
uma boa limpeza e desinfecção das instalações com solução de hipoclorito de sódio a 2%, bem como a
higiene dos tratadores realizando limpezas das mãos antes e após manipularem os animais, pois os
mesmos podem ser fonte de infecção. As medidas também servem para animais como cães e gatos que
vivem junto a outros animais.
DIAGNÓSTICO: O diagnóstico é feito através dos sinais clínicos, sinais que indicam distúrbios do sistema
nervoso central, dados epidemiológicos e um histórico de consumo de silagem, no caso de animais de
produção. Entretanto, os sintomas são inespecíficos para confirmação da listeriose, sendo necessário fazer
testes laboratoriais para um diagnóstico seguro.
Os diagnósticos diferenciais comuns para a listeriose em sua forma nervosa incluem otite média/interna,
abcesso ou tumor no tronco cerebral, síndrome do abcesso pituitário, migração parasitária aberrante e
trauma. Um exame físico e neurológico completo, juntamente com a análise do líquido cefalorraquidiano,
geralmente é suficiente para identificar a listeriose. Em casos de disfagia como único sinal, é importante
considerar também trauma ou inflamação da faringe, obstrução do esôfago ou megaesôfago como
diagnósticos diferenciais. Testes laboratoriais, como isolamento e identificação do microrganismo, são
necessários para um diagnóstico seguro da listeriose. A punção do líquido cérebro-espinhal é um auxílio
valioso na confirmação do diagnóstico. Nos animais mortos coletar amostrar.
-
PROGNÓSTICO: O prognóstico para animais com listeriose pode variar dependendo da espécie, da
gravidade da infecção, da imunidade e do estágio em que o tratamento é iniciado. Em geral, a listeriose
pode ser uma doença grave e potencialmente fatal em animais.
A taxa de mortalidade associada à listeriose varia de acordo com a espécie afetada. Em ruminantes,
como bovinos, ovinos e caprinos, a taxa de mortalidade pode ser alta, especialmente em casos mais graves
com envolvimento do sistema nervoso central. Em cães e gatos, a taxa de mortalidade tende a ser menor,
mas a gravidade dos sintomas neurológicos pode afetar o prognóstico para pior.
Em resumo, o prognóstico depende de quando o tratamento é administrado.
TRATAMENTO: Para o tratamento de listeriose encefálica a administração de antibióticos parentais é
essencial, usando-se como tratamento complementar anti-inflamatórios esteróides ou não, fluidoterapia
que pode ter uma componente de reposição electrolítica, transfaunação ruminal, vitamina B e
concentrados alimentícios

Silagens de boa qualidade inibem a multiplicação da bactéria devido a produção de ácidos no processo de
fermentação, já as de má qualidade não produzem a quantidade adequada de ácido devido à falta de
equilíbrio e balanço nutricional.
https://www.pubvet.com.br/uploads/d98aa4893a6ded23efef420746cd7875.pdf
https://www.milkpoint.com.br/colunas/thiago-fernandes-bernardes/listeriose-um-problema-emergente-
em-conservacao-de-forragens-19721n.aspx
http://www.biologico.sp.gov.br/publicacoes/comunicados-documentos-tecnicos/comunicados-tecnicos/
listeriose-nervosa-em-pequenos-ruminantes
https://arquivo.fmu.br/prodisc/medvet/msb.pdf

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