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CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E AGRÁRIAS

CAMPUS IV – CATOLÉ DO ROCHA –PB


DEPARTAMENTO DE AGRÁRIAS E EXATAS
CURSO DE AGRONOMIA

Sintomatologia e Diagnose

Profª. Drª. Dalila Regina Mota de Melo/DAE

Catolé do Rocha-PB
2023
Sintomatologia

É a parte da Fitopatologia que estuda os sintomas e


sinais, visando a diagnose de doenças de plantas.

Sintoma Sinais

Qualquer
São estruturas do patógeno
manifestação das reações
quando exteriorizadas no
da planta a um agente
tecido doente
nocivo
Sintomatologia

A sequência completa dos sintomas que ocorrem


durante o desenvolvimento de uma doença constitui o
quadro sintomatológico.

Na maioria dos casos, estuda-se a sintomatologia de


uma maneira objetiva considerando-se apenas os sintomas
perceptíveis pela visão, tato, olfato e paladar, visto que a
finalidade da sintomatologia se restringe à rápida diagnose
da doença.
Sintomatologia
A resposta de um vegetal ao ataque de um patógeno
é variável e muitas vezes semelhante a reações provocadas
por outros agentes não infecciosos.

A diagnose de uma doença infecciosa é uma tarefa


árdua, pois requer um conhecimento bastante sólido das
interferências que uma planta ou população de plantas
pode estar sujeita em um determinado ambiente.
Classificação dos
sintomas

Localização em relação Alterações produzidas Estrutura e/ou


ao patógeno no hospedeiro processos afetados

Sintomas Sintomas Sintomas


Sintomas habituais Sintomas lesionais
primários secundários histológicos,

Exibidos pela Superbrotamento, Sintomas


Resultantes da ação
planta em órgãos nanismo, Lesões na planta fisiológicos e
direta do patógeno
distantes do local esverdeamento das ou em um de seus
sobre os tecidos do
de ação do flores e órgãos
órgão afetado
patógeno escurecimento dos
vasos Sintomas
morfológicos.

Ex.: manchas Ex.: Ex.: manchas


foliares e subdesenvolvimento necróticas,
podridões de da planta e murchas podridões e secas
frutos vasculares de ponteiro
Estrutura e/ou processos afetados
 Sintomas Histológicos
Granulose
• Produção de partículas granulares ou cristalinas em células
degenerescentes do citoplasma.
• Ex.: melanose em folhas e frutas cítricas, causada por Diaporthe
citri.

Plasmólise
• Perda de turgescência das células, cujo protoplasma perde água
devido aos distúrbios na membrana citoplasmática
• Ex.: podridões moles de órgãos de reserva causadas por Erwinia
spp.

Vacuolose
• Formação anormal dos vacúolos no protoplasma das células,
levando à degeneração.
Estrutura e/ou processos afetados
 Sintomas Fisiológicos

Aumento na Alteração na
respiração do transpiração do
hospedeiro hospedeiro

Utilização direta de Interferência nos


nutrientes do processos de
patógeno síntese
Sintomas
Fisiológicos
Estrutura e/ou processos afetados
 Sintomas Morfológicos

 Sintomas Necróticos

Necroses são caracterizadas pela degeneração do


protoplasma, seguida de morte de células, tecidos e órgãos.

• Presentes antes da morte do


Plesionecróticos
protoplasma

• Aqueles expressos após a


Holonecróticos
morte do protoplasma
• Sintomas Plesionecróticos: degeneração protoplasmática e
desorganização funcional das células.

Amarelecimento Encharcamento Murcha


• Causado pela destruição • Condição translúcida do • Estado flácido das folhas
da clorofila, sendo mais tecido encharcado ou brotos devido à falta
frequente nas folhas e devido à expulsão de de água, geralmente
com intensidade água das células para os causada por distúrbios
variando desde leve espaços intercelulares. É nos tecidos vasculares
descoramento do verde a primeira manifestação e/ou radiculares. Pode
normal até amarelo de muitas doenças com ser permanente ou
brilhante sintomas necróticos, temporária.
principalmente daquelas
causadas por bactérias.
• Sintomas Holonecróticos: Podem se desenvolver em qualquer
parte da planta doente e são característicos da morte das
células, provocando mudanças de coloração do órgão afetado.
Cancro Crestamento
• Caracterizado por lesões necróticas • Necrose repentina de órgãos aéreos
deprimidas, mais frequentes nos tecidos
corticais de caules, raízes e tubérculos.

Tombamento Escaldadura
• Tombamento de plântulas, resultado da • Descoramento da epiderme e de tecidos
podridão de tecidos tenros da base do adjacentes em órgãos aéreos, parecendo
caulículo. que este foi escaldado por água fervente.

Estria Gomose
• Lesão alongada, estreita, paralela à • Exsudação de goma a partir de lesões
nervura das folhas de gramíneas. provocadas por patógenos que colonizam
o córtex ou o lenho de espécies frutíferas.

Mancha Morte dos ponteiros


• Morte de tecidos foliares, que se tornam • Morte progressiva de ponteiros e ramos
secos e pardos. jovens de árvores.
• Sintomas Holonecróticos

Mumificação
• Aparece nas fases finais de certas
doenças de frutos, caracterizando-se Perfuração
pelo secamento rápido de frutos • Queda de tecidos necrosados em
apodrecidos, com consequente folhas, provocada pela formação de
enrugamento e escurecimento, uma camada de abcisão ao redor dos
formando uma massa dura, conhecida sintomas.
como múmia.

Podridão
Pústula
• Aparece quando o tecido necrosado
• Caracterizado por pequena mancha
encontra-se em fase adiantada de
necrótica, com elevação da epiderme,
desintegração.
que se rompe por força da produção e
exposição de esporos do fungo.

Resinose
Seca
• Exsudação anormal de resina das
• Secamento e morte de órgãos da
lesões em coníferas.
planta, diferenciando-se do
crestamento por se processar mais
lentamente.
 Sintomas Morfológicos

 Sintomas Plásticos
Anomalias no crescimento, multiplicação ou
diferenciação de células vegetais geralmente levam a
distorções nos órgãos da planta.

Hipoplásticos

• Quando as plantas apresentam subdesenvolvimento devido à redução


ou supressão na multiplicação ou crescimento das células

Hiperplásticos

• Quando ocorre superdesenvolvimento, normalmente decorrente de


hipertrofia (aumento do volume das células) e/ou hiperplasia
(multiplicação exagerada das células)
 Sintomas Hipoplásticos

Albinismo Clorose

Estiolamento Enfezamento

Mosaico Roseta
 Sintomas Hiperplásticos

Bolhosidade Bronzeamento

Calo cicatricial Enação

Encarquilhamento Epinastia
A importância relativa de
cada sintoma pode variar,
dependendo da sua
duração e intensidade,
bem como do hábito ou
forma de vida da planta
afetada.
 SINAIS

São estruturas ou produtos do patógeno, geralmente


associados à lesão e também exsudações ou cheiros
provenientes das lesões.

Ocorrem num estádio mais avançado do processo


infeccioso da planta.
 SINAIS

Esclerócios
• Sclerotium rolfsii em feijoeiro

Exsudações
• Talos de tomateiro infectados por Ralstonia
solanacearum

Odor
• Colmo de cana-de-açúcar atacado por Pseudomonas
rubrilineans
Diagnose

As plantas cultivadas muitas vezes tem a sua produção


comprometida pela ocorrência de doenças, que podem ser de
origem biótica ou abiótica.

Em razão de algumas doenças apresentarem sintomas


muito parecidos, a identificação do agente causal nem sempre e
fácil, podendo-se incorrer em erros de diagnóstico e,
consequentemente, de adoção de medidas de controle.
Diagnose

O diagnóstico de uma doença de planta pode ser


realizado na própria área de cultivo por meio da observação dos
sintomas ou sinais da doença na planta afetada ou no
laboratório, onde as amostras previamente coletadas são
submetidas as etapas de identificação do agente causal.
Diagnose
Principais problemas que dificultam a diagnose de
doenças de plantas:

Armazenamento
inadequado das
Embalagens amostras para envio
impróprias para o Atraso no envio
acondicionamento das amostras
das amostras para analise

Material vegetal
Pouca ou nenhuma
completamente
Problemas informação acerca
seco ou em
do manejo da
estado de
cultura
decomposição
Diagnose
 Procedimentos para coleta das amostras em razão do órgão
da planta doente
Amarelecimento, subdesenvolvimento, murcha, podridões de raízes e do
colo
• Arrancar a planta inteira, evitando-se o rompimento das raízes. No caso de
arvores, deve-se coletar a região que vai da raiz ao colo da planta.

Redução do crescimento, clorose, formação de galhas ou a presença de


cistos nas raízes
• Coletar as raízes e solo (úmido), sempre evitando-se submeter as amostras (solo e
raiz) a temperaturas elevadas e a perda de umidade

Ramos e/ou troncos necrosados (cancros)

• Coletar parte dos ramos ou troncos com sintomas de infecções recentes

Manchas foliares, crestamentos, mosaicos e cloroses

• Coletar folhas com sintomas em diferentes intensidades


Diagnose
 Acondicionamento e envio das amostras para análise

Quando se utilizam embalagens plásticas,


devem-se fazer pequenas perfurações na
Usar sacos de papel e/ou embalagens de
mesma para reduzir a umidade em seu
papelão, pois evitam a retenção de
interior e assim evitar o desenvolvimento
umidade.
de microrganismos que podem mascarar
os resultados da diagnose.

Quando o envio imediato das amostras O transporte das amostras de plantas


para análise não é possível,o ideal e que a doentes em caixas de isopor, sobretudo em
sua manutenção seja feita na geladeira regiões de temperaturas elevadas, diminui
(nunca no congelador) os riscos de deterioração das amostrais
Diagnose
 Acondicionamento e envio das amostras para análise

É imprescindível enviar, junto com a amostra,


informações a respeito da:

 variedade cultivada,

 distribuição da doença no campo e descrição dos sintomas,

 sistemas de cultivo e irrigação adotados,

 tipo de solo,

 adubações química e orgânica efetuadas.


Diagnose: Tombamento de plântulas
O tombamento de plântulas, também conhecido como
damping-off, é doença importante em viveiros de mudas, onde
pode causar severos prejuízos, pela morte de plântulas em pré
ou pós-emergência.

Os patógenos causadores dessa doença são habitantes


do solo e infectam tecidos jovens, em formação.

Devido à grande diversidade de agentes causais, não há


um ciclo de relações patógeno-hospedeiro típico dessas
doenças.
Diagnose: Tombamento de plântulas

Características do ciclo de relações


patógeno-hospedeiro

Sobrevivência Disseminação Colonização

Estruturas de Água de irrigação,


resistência, restos ferramentas e
Necrotrófica
culturais e matéria sementes Infecção:
orgânica do solo direta e ferimentos
Diagnose: Tombamento de plântulas
Mapa de distribuição da Rhizoctonia solani
Diagnose: Tombamento de plântulas

Eucalipto
Considerações

O conhecimento da sintomatologia e a diagnose correta das


doenças de plantas podem auxiliar produtores e profissionais da
área agrícola a evitar o erro e a consequente recomendação
inadequada de medidas de controle, principalmente no uso de
agrotóxicos.
“Faça o que tem que ser feito”

Dra. Dalila Regina Mota de Melo


dalilamelo14@servidor.uepb.edu.br

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