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CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E AGRÁRIAS

CAMPUS IV – CATOLÉ DO ROCHA –PB


DEPARTAMENTO DE AGRÁRIAS E EXATAS
CURSO DE AGRONOMIA

Fitopatologia

Profª. Drª. Dalila Regina Mota de Melo/DAE

Catolé do Rocha-PB/2023
60 horas
Necessidades das plantas?

Nutrientes

Luz Água

Plantas

Umidade Temperatura

Qualquer fator que afete o seu desenvolvimento pode ocasionar perdas e


reduzir sua utilidade para o Homem.
As doenças são causas constantes de perdas
na agricultura e, vários são os exemplos de
consequências drásticas destas perdas que podem
ser encontrados na história da humanidade.

Embora como ciência a Fitopatologia seja


relativamente recente, a preocupação com as
doenças de plantas datam da mais remota
antiguidade.
Fitopatologia
Fitopatologia é uma palavra de origem grega (phyton
= planta, pathos = doença e logos = estudo), podendo ser
definida como a ciência que estuda:

Os organismos e as condições Os mecanismos pelos quais esses


ambientais que causam doenças fatores produzem doenças em
em plantas; plantas;

A interação entre agentes


causando doenças e a planta
doente; · os métodos de
prevenção ou controle de
doenças, visando diminuir os
danos causadas por estas.
Fitopatologia

Fitopatologia é a ciência que estuda as doenças de


plantas, abrangendo todos os seus aspectos, desde a
diagnose, sintomatologia, etiologia, epidemiologia, até o seu
controle.

No inicio, a Fitopatologia era uma ciência ligada


diretamente à Botânica, tornando-se uma disciplina
autônoma somente no século passado.
Fitopatologia
Embora autônoma, a Fitopatologia usa os
conhecimentos básicos e técnicas de:

Botânica Microbiologia Micologia Bacteriologia Virologia

Anatomia Fisiologia Ecologia,


Nematologia Genética
Vegetal Vegetal Bioquímica

Biologia Engenharia
Horticultura Solos Química
Molecular Genética

Vários outros
Física Meteorologia Estatística ramos da
ciência
Historia da Fitopatologia

Períodos

Período
Período da Período Período
Período Místico Fisiológico ou
Predisposição Etiológico Ecológico
Atual

Remota Começo do século Em 1874


Em 1853 De 1940 a 1950
antiguidade até o XIX
início do século
XIX

Quando tornou-se De Bary iniciou Sorauer teve o


evidente a este período mérito de separar Foram conduzidas
O homem, não associação entre quando propôs as doenças pesquisas básicas
encontrando fungos e plantas serem as doenças parasitárias das sobre fisiologia de
explicação doentes de plantas de não parasitárias fungos e das
racional, atribuía
natureza ou fisiológicas em plantas .
as doenças de
parasitária seu livro
plantas a causas
"Handbook of
místicas.
Plant Diseases".
Fitopatologia no Brasil
AvernaSacca, contratado pela Escola Agrícola
"Luiz de Queiroz", em Piracicaba, e depois,
No início deste século, a Fitopatologia passou a
Edwin E. Honey, contratado pela mesma escola
ser uma disciplina integrante do currículo das
e Albert S. Muller, contratado para Viçosa,
Escolas de Agronomia então existentes.
ambos em 1929, estabeleceram diretamente, ou
através de seus discípulos, verdadeiras escolas.

Com a criação dos cursos de pós-graduação em


Em 1966, foi fundada a Sociedade Brasileira de
Fitopatologia (Mestrado em 1964 e Doutorado
Fitopatologia, proporcionando assim uma maior
em 1970) na Escola Superior de Agricultura
difusão desta ciência em todos os pontos do
"Luiz de Queiroz", em Piracicaba - SP, foram
Brasil e, como consequência,
abertos novos horizontes no campo da pesquisa.

Em 1975, o periódico "Summa


Em 1975, foi criada a revista "Fitopatologia
Phytopathologica". Ambos objetivando a
Brasileira". Com a fundação do Grupo Paulista
divulgação, no Brasil e exterior, das pesquisas
de Fitopatologia, foi criado
realizadas no país.

Atualmente, os cursos de pós-graduação em


Fitopatologia e Fitossanidade de diversas
Universidades e os Centros de Pesquisa da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária -
EMBRAPA, têm contribuído cada vez mais para
o desenvolvimento da Fitopatologia no Brasil.
IMPORTÂNCIA DAS DOENÇAS DE PLANTAS

1853 – Doenças de natureza


parasitária
Decorrente de alterações fisiológicas
acarretadas exclusivamente por agentes
infecciosos, ou seja, de natureza parasitária
ou biótica, com capacidade de serem
transmitidos de uma planta doente para
Anton de Bary
1831 - 1888
uma planta sadia.

Causas de natureza não infecciosa, não


parasitária ou abiótica, que não podem ser
transmitidas de uma planta doente para
uma planta sadia.
CONCEITOS
Doença

Gaümann (1946): “Doença de planta é um processo dinâmico,


no qual hospedeiro e patógeno, em íntima relação com o
ambiente, se influenciam mutuamente, do que resultam
modificações morfológicas e fisiológicas”.

Agente causal
- Agente biológico (fungo, bactéria e vírus) - doença infecciosa;
- Agente causal abiótico (altas concentrações de alumínio no
solo, pH muito baixo) - necessário que esse agentes causem uma
irritação contínua para se caracterizar doença.
Doença de planta
Quando a planta está doente?

Processos Doenças
Fisiológicos
Resposta da planta hospedeira à doença

Requeima Podridão basal Nó Cancro

Clorose Declínio Enfraquecimento Galhas

Mancha foliar Lesão Mosaico Múmia

Necrose Podridão Murcha


Injúria: Danos sofridos pelas plantas devido a
agentes que não causam irritação contínua
(efeito de chuva, de pedras e poda).

Sintoma: Qualquer manifestação


das reações da planta a um agente
nocivo.

Sinais: São estruturas do patógeno


quando exteriorizadas no tecido doente.
Agentes que causam doenças em plantas

Agentes

Bióticos Abióticos

Fungos Bactérias
Baixa fertilidade,
Fitoplasmas, Plantas parasitas (erva-
Deficiência hídrica, pH
espiroplasmas, Vírus, de-passarinho, cuscuta,
baixo, Poluição do ar,
Viróides Nematóides etc)
etc
Protozoários
Importância das doenças de plantas

As doenças de plantas são


importantes para o homem devido
a causarem danos às plantas e
seus produtos, bem como por
influenciarem direta ou
indiretamente na rentabilidade do
empreendimento agrícola.
Tipologia de danos
Limita os tipos ou
variedades de plantas que
podem desenvolver em
determinada área
geográfica

Podem levar a custos Reduzem a quantidade


inaceitáveis de controle e a qualidade dos
produtos vegetais
DANO

Tornam as plantas
Perdas econômicas venenosas ao homem e
animais
TIPOLOGIA DE DANOS

Esquema da tipologia de danos causados por doenças de plantas.

Michereff, 2001
EPIDEMIAS HISTÓRICAS E SUAS CONSEQUÊNCIAS

Requeima da batata (1845):


 Base da alimentação (norte da Europa
Ocidental);
Phytophthora infestans;
Europa Ocidental (Irlanda e Inglaterra);
Queda de 80% da produção;
2 milhões de mortes;
1 milhão de emigrações.
Míldio da videira (1878):

 Plasmopara viticola;
 Grandes prejuízos a economia da
França;
 Causas: Mudas importadas da América x
videiras cultivadas suscetíveis;
 Em 1882 foi descoberta a calda
bordalesa.

Calda bordalesa é um fungicida agrícola


tradicional, composto de sulfato de cobre
(II), cal hidratada ou cal virgem e água, em
simples mistura.
Ferrugem do café no Ceilão (1869) - hoje Siri
Lanka:

 Hemileia vastatrix Berk. & Br;

 Quase 100% de perdas (20 anos);

 1870 - 200 mil hectares de café;

 Ceilão - colônia inglesa - fornecia quase


toda a produção de café;
 Consequências:

• Substituição do café por chá na Inglaterra;

• Crescimento da cultura do chá em


substituição ao café;

• Falência do sólido Banco do Oriente;

• Fome dos nativos.


 Helmintosporiose do arroz
(1942):

 Helminthosporium oryzae;
 Catástrofe de Bengala (sudeste da
Índia – Índia e Bangladesh);
 Arroz base alimentar;
 Guerra Bengala (Inglaterra) x Japão;
 Não houve importação de arroz;
 Fome e 2 milhões de mortos.
EPIDEMIAS BRASILEIRAS FAMOSAS

Gomose da cana-de-açúcar (1860) -


Nordeste:

 Xanthomonas axonopodis pv. vasculorum ;

 1º doença bacteriana de vegetais


descrita no mundo;

 Prejuízo maior que a abolição da


escravatura;

 Substituição por variedades resistentes.


Mosaico da cana-de-açúcar (1922 a 1928) Sul:

 Vírus;

 Introduzido no Brasil na década de 20 (toletes


argentinos);

 80% de redução na produção de açúcar;

 65% na produção de álcool;

 Controle: Híbridos resistentes.


Tristeza dos Citrus (1940) em São Paulo

 Vírus;
 80% Laranja doce/laranja azeda (resistente à gomose,
boas características Agronômicas, altamente
suscetíveis ao Vírus);
 Em 10 anos - 9 milhões de árvores;
 Renascimento da Citricultura – porta-enxerto limão
cravo.
Mal do Panamá (1930) – São Paulo

 Fusarium oxysporum f. sp. cubense;


 Banana Maçã (artigo de luxo);
 3 a 4 anos dizimados 1 milhão de bananeiras em SP;
 Nanica e Nanicão são resistentes.
Cenário atual - Surgimento do Novo Coronavírus
Cenário atual

• O mundo passa a está em status de pandemia


provocado pelo Novo Coronavírus e reconhecido pela
Organização Mundial de Saúde (OMS) no dia 11 de
março de 2020.

• A pandemia tem afetando principalmente a demanda


alimentar e, consequentemente, a segurança
alimentar, com grande impacto na população mais
vulnerável (SICHE, 2020).
Estratégias
• Reforçar os programas de alimentação escolar;

• Apoiar as iniciativas de assistência alimentar das


organizações da sociedade civil;

• Apoio financeiro para as empresas agropecuárias,


principalmente para a agricultura familiar;

• Ajustar os protocolos de cuidado e saúde na produção e


transporte de alimentos e nos mercados atacadistas e
varejistas;

• Expandir e garantir o funcionamento dos programas de


apoio à produção de autoconsumo.
O isolamento social fechou as portas de restaurantes, food services e
feiras livres. Muitos produtores, especialmente os pequenos, ficaram
sem conseguir escoar suas vendas.

Definir as atividades
essenciais que não
Início da podiam parar, garantindo
pandemia a continuação do
PANDEMIA abastecimento de
Ministério da alimentos
Agricultura, Pecuária
e Abastecimento
(MAPA)
Protocolo do
Na sequência
transporte de cargas

“No cenário pós-pandemia, o agronegócio terá uma


missão na segurança alimentar da população do Brasil e de
outras nações” Ana Maria Valentin Secretária de Agricultura
de Minas Gerais.
Estratégias

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil


(CNA) montou um comitê de crise e articulou com os
ministérios da Agricultura e Infraestrutura novas regras de
produção e distribuição de alimentos, através de programas
públicos de aquisição direto dos produtores rurais.

“Defendemos junto aos ministérios de Agricultura e


Educação a manutenção do Programa Nacional de
Alimentação Escolar (PNAE)”.

“O agro é o principal setor para a recuperação da


economia” (Silas Brasileiro Presidente do Conselho
Nacional do Café - CNC).
Classificação de doenças em
plantas?
Classificação de doenças e principais medidas de
controle

Espécie botânica

Baseados no hospedeiro

Classificação de acordo parte ou


idade da planta atacada
Critérios

Grupos de doenças ( fungos,


bactérias, vírus, etc)

Baseados na natureza do
patógeno Ponto desfavorável - agregar
patógenos (próximos
taxonomicamente) que atuam de
forma diferente em relação à
planta
George L. McNew (1960) - processos vitais fundamentais
do hospedeiro.

Semente

Planta
Grupos de doenças correspondentes aos
processos vitais do hospedeiro:

Ex.: Patógenos que atacam folhas – fotossíntese.


Grupos de doenças segundo a classificação de McNew,
baseada no processo fisiológico interferido pelo patógeno.
Grupos de doenças segundo a classificação de McNew,
baseada no processo fisiológico interferido pelo patógeno.
Classificação dos agentes causais de doença segundo
os graus de agressividade, parasitismo e especificidade.

Grupo I – Podridões de órgãos de reserva


Grupo II – “Damping-off”
Grupo III – Podridões de raiz e colo
Grupo IV – Doenças vasculares
Grupo V – Manchas, ferrugens, oídios, míldios
Grupo VI - Carvões, galhas, viroses
“En la adversidad despertamos casualidades que, en la comodidad
hubaieran permanecidos dormidas”

Dra. Dalila Regina Mota de Melo


dalilamelo14@servidor.uepb.edu.br

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