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FARMÁCIA - MÓDULO 5
PORTFÓLIO-FARMACOGNOSIA
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Guarulhos
2023
MARCELLO OLIVEIRA GOMES
PORTFÓLIO- FARMACOGNOSIA
Prof. Mário
Guarulhos
2023
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1. Histórico da Farmacognosia
Em 2009, após uma criança da etnia Tukano ser mordida por uma cobra
jararaca, ela foi transferida para um hospital em Manaus, no Amazonas, onde os
médicos recomendaram a amputação da perna como única opção de tratamento. No
entanto, os parentes da criança discordaram desse diagnóstico e buscaram a justiça
para impedir a amputação e garantir o direito de utilizar práticas tradicionais como
terapia complementar (VILLAR, 2020).
A perna da menina foi salva, e esse evento deu origem ao Bahserikowi –
Centro de Medicina Indígena da Amazônia, localizado em Manaus. Desde então,
cerca de 2.900 pessoas, incluindo indígenas e não indígenas, foram atendidas no
centro. João Paulo Barreto Tukano, filósofo, mestre em antropologia e coordenador
do centro, explica que o local funciona como um consultório médico para o
tratamento de doenças, onde as pessoas buscam ajuda para seus problemas de
saúde (VILLAR, 2020).
Os atendimentos são realizados por diferentes Kumuã, em sua maioria de
povos da região do Alto Rio Negro, como Tukano, Tuyuka e Desano. João Paulo
destaca a dificuldade que a sociedade em geral enfrenta ao tentar entender o
conhecimento indígena, frequentemente associado a práticas religiosas. Ele enfatiza
que não se trata de cura baseada em fé, mas de um modelo de medicina diferente
do ocidental (VILLAR, 2020).
Uma das razões para essa confusão é o fato de a medicina indígena
considerar a relação com o meio ambiente como parte das causas das doenças e
também da cura. Muitas doenças são vistas como resultantes de uma má relação
com o ambiente, como rios e florestas. Os Waimahsã, considerados guardiões
desses ambientes, são vistos como responsáveis por cuidar dos recursos naturais.
Quando esses ambientes são invadidos, eles podem causar doenças, como dores
de cabeça, náuseas e dores no corpo (VILLAR, 2020).
Nesse contexto, o tratamento de doenças não se resume apenas ao uso de
medicamentos, mas envolve uma combinação de abordagens, incluindo remédios à
base de plantas, como a carapanaúba e a sara tudo, bem como bahsese ou
benzimentos. Também podem incluir mudanças nos hábitos, como a abstinência
sexual e dietas específicas, muitas vezes excluindo carne (VILLAR, 2020).
Esses tratamentos, que podem se estender por dias ou até meses, foram
desenvolvidos ao longo dos anos com base na observação e no conhecimento
tradicional transmitido pelos kumuã mais experientes. A formação para se tornar um
kumuã é um processo rigoroso que pode levar até cinco anos e inclui abstinência,
isolamento social, dieta e orientação direta de outros pajés especializados na
formação (VILLAR, 2020).
Parte do conhecimento ancestral dos pajés e xamãs é tradicionalmente
transmitido oralmente, passando de geração em geração. No entanto, alguns povos
indígenas têm iniciado esforços para registrar esses conhecimentos, muitas vezes
em seu próprio idioma e, em alguns casos, também em português (VILLAR, 2020).
Um exemplo notável é o projeto "Manual dos remédios tradicionais
Yanomami", uma pesquisa intercultural realizada pela Hutukara Associação
Yanomami em colaboração com o Instituto Socioambiental (ISA), lançada em 2015.
Esse trabalho foi transformado em uma exposição interativa, disponível na
plataforma do Google Arts and Culture. Os visitantes podem explorar o
conhecimento tradicional sobre a medicina da floresta, que é um patrimônio milenar
do povo Yanomami. Esse conhecimento sobreviveu mesmo após a morte de muitos
detentores desse saber devido a epidemias de sarampo e malária introduzidas por
invasores em seus territórios (VILLAR, 2020).
A exposição oferece uma oportunidade de aprender mais sobre as plantas
usadas pelos Yanomami e até mesmo ouvir a pronúncia de seus nomes. Ela é
composta por fotos, vídeos, desenhos, depoimentos em áudio e textos, permitindo
aos visitantes explorar e aprender mais sobre essa riqueza de conhecimentos
tradicionais (VILLAR, 2020).
A comunidade Matsé, que reside na região de fronteira entre o Brasil e o
Peru, optou por registrar seu conhecimento em uma extensa enciclopédia de 500
páginas, inteiramente escrita em seu idioma nativo. Esta enciclopédia foi compilada
por cinco xamãs, com o apoio do grupo de conservação Acaté, e oferece detalhes
abrangentes sobre as plantas utilizadas na medicina Matsés e como essas plantas
são aplicadas no tratamento de uma variedade de doenças (VILLAR, 2020).
A decisão de produzir esse documento na língua nativa tem como principal
objetivo evitar que esse conhecimento seja apropriado indevidamente, um problema
que já ocorreu no passado. A intenção é que a enciclopédia seja exclusivamente
usada para preservar o conhecimento e torná-lo acessível às gerações futuras de
xamãs da comunidade Matsé (VILLAR, 2020).
4. Medicina Ayurvédica
Referências Bibliográficas
FERREIRA, L.O. Medicinas indígenas e as políticas da tradição: entre discursos oficiais e vozes
indígenas [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2013. Saúde dos povos Indígenas collection.
ISBN: 978-85-7541-510-8. Available from: doi: 10.7476/9788575415108. Also available in ePUB from:
http://books.scielo.org/id/f48w3/epub/ferreira-9788575415108.epub.
VILLAR, Rosana. Saúde que vem da floresta: o conhecimento dos povos indígenas. Disponível em:
https://www.greenpeace.org/brasil/blog/saude-que-vem-da-floresta-o-conhecimento-dos-povos-indige
nas/.
LUZ, Daniel. Racionalidades médicas: medicina tradicional chinesa. In: Racionalidades médicas:
medicina tradicional chinesa. 1993. p. 64-64.
MARINO, Maria Inês; DAMBRY, Walkyria Giusti. Corpo e ayurveda: Fundamentos ayurvédicos
para terapias manuais e de movimento. Summus Editorial, 2012.