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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

YARA ALMEIDA SCHERVINSKI PEREIRA

SAÚDE ÚNICA

CURITIBA
2023

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YARA ALMEIDA SCHERVINSKI PEREIRA

SAÚDE ÚNICA

Relatório apresentado ao curso de


Medicina Veterinária da Universidade
Tuiuti do Paraná como requisito
avaliativo do 2º bimestre da disciplina
de Vigilância e Defesa Sanitária.

Professor José Maurício França

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................4
2. DESENVOLVIMENTO...........................................................................5
2.1 A HISTÓRIA DA SAÚDE ÚNICA..........................................................5
2.2 A TRÍADE ENTRE AMBIENTE, ANIMAL E HUMANOS.......................5
2.3 RELAÇÃO ENTRE OS HUMANOS E OS
ANIMAIS.............................7
2.4 O PAPEL DO MÉDICO VETERINÁRIO NA SAÚDE
ÚNICA..................7
3. CONCLUSÃO........................................................................................9
4. REFERÊNCIAS...................................................................................10

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1.1 INTRODUÇÃO

Propondo um marco na historicidade da saúde, foi fundada em 7 de abril


de 1948 a Organização Mundial da Saúde (OMS), com o objetivo de
promover uma cooperação internacional na área da sanidade humana,
especialmente após os anos sangrentos nos quais ocorreram a Primeira
e a Segunda Guerra Mundial. Após a Conferência Internacional de
Saúde, sediada em Nova York em 1946, aonde 61 países discutiram a
necessidade e importância de fundar a supracitada organização
internacional, foi definido o objetivo de coordenar os avanços, a
epidemiologia e a prevenção de epidemias globais. (LOBO, 2021)
De forma mais contemporânea, o conceito de Saúde Única começou a
ser integrado a saúde convencional por correntes de pensamento que
surgiram durante o século XX, onde houve o aumento no
reconhecimento de determinantes sociais dentro da saúde em si. O
conceito principal desta proposição é compreender que a abordagem de
saúde como prevenção e tratamento de doenças é uma ideia
ultrapassada e fragmentada, que não engloba outros aspectos
importantes como o bem-estar físico, mental e social, deixando de lado
princípios como interdisciplinaridade, equidade e sustentabilidade.
(LOBO, 2021)
A Saúde Única traz modelos mais integralistas e sistêmicos propondo,
entre outros, a intrínseca ligação entre o mundo humano, animal e
ambiental, e que sua importância sendo confirmada com o aparecimento
de muitas doenças zoonóticas fatais, como a raiva e sua fatalidade de
aproximadamente 100%, que demonstra a necessidade urgente da
colaboração entre médicos e médicos veterinários. (PACHECO, 2021).
Este trabalho visa apresentar de forma teórica os diversos aspectos da
Saúde Única, e sua apresentação no território brasileiro.

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2. DESENVOLVIMENTO

2.1 A HISTÓRIA DA SAÚDE ÚNICA

Em 1988, durante uma reforma sanitária criada pela Constituição Federal


realizada pelo governo brasileiro, a saúde única passou a constar dentro
da legislação federal, regulamentada pela Lei Orgânica da Saúde, que
dita os três principais fatores que definem esta filosofia: universalidade,
equidade e integralidade. Esta foi só uma em uma nova onda de leis que
foram assinadas em um período de dois anos (1988 a 1990), com o
intuito de regular as leis estaduais e federais em relação as novas
diretrizes globais que, nesta época, começaram a trocar um conceito de
saúde antiquado, pelo conceito de saúde única. (PACHECO, 2021)
O resultado foi a criação do Sistema Único de Saúde, uma estrutura
descentralizada e regionalizada, para atender os interesses dos diversos
municípios, não só como uma instituição de saúde, mas que também
participa ativamente da gestão e controle de políticas de sanidade,
campanhas de vacinação, além de ser a responsável por registrar
doenças de interesse governamental e buscar tratamento e controle
etiológico em casos de surtos, epidemias ou pandemias. (PACHECO,
2021)

2.2 A TRÍADE ENTRE AMBIENTE, ANIMAL E HUMANOS

Cada vez mais, estreitam-se os laços entre a Organização Mundial da


Saúde (OMS), a Organização das Nações Unidas (ONU) e a
Organização Mundial Animal (WOAH). Esta aproximação foi derivada
após um amplo estudo sobre a tríade que é formada entre o ambiente, a
fauna que habita este ambiente, e como a raça humana modifica tanto
flora quanto fauna. (BRITO, 2019)
É usual que se esta dinâmica seja vista somente por um aspecto, sendo
ele o econômico. A agricultura e a pecuária, em um modelo de
superexploração, são a base da subsistência humana desde tempos

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remotos, além de setores como o turismo de vida selvagem, zoológicos e
aquários que estão presentes no cotidiano dos mais diversos países.
Mas a relação destes três elementos não se limita a exploração.
(WELBURN, 2015)
Há entre humanos, animais e ambiente uma interação cultural de
extrema importância. A natureza e animais, desde os tempos idos, fazem
parte de mitologias e simbolismos, além de relações comensais de
companheirismo e estima, além do uso de animais para diversos
trabalhos como montaria, caça, pesca e rastreamento. (WOOD, 2015)

O desenvolvimento humano, a expansão de atividades como


urbanização e agricultura, acaba promovendo a degradação do meio-
ambiente, e consequentemente a perda de habitats naturais de diversos
animais, prejudicando a fauna, e levando espécies a extinção. (WOOD,
2015)
Quando se entende que o conceito de Saúde Única não é relacionado
somente a saúde humana e sim das diversas raças que convivem em um
mesmo espaço, torna-se óbvio que as medidas como conservação de
animais em extinção, vacinação de animais domésticos, inspeção e
fiscalização de produtos de origem animal, controle de zoonoses deve
ser de interesse público e político. (WOOD, 2015)

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2.3 RELAÇÃO ENTRE OS HUMANOS E OS ANIMAIS

A relação de animais e humanos dentro da Saúde Única abrange


principalmente questões relacionadas ao bem-estar dos animais,
manutenção, epidemiologia, prevenção e planejamento de controle de
zoonoses e de enfermidades relevantes dentro da produção alimentar.
(KARESH, 2012)
Recentemente foi demonstrado o nível emergencial que agentes
patológicos dos casos de zoonoses como a febre amarela, dengue,
leishmaniose visceral e brucelose, demonstram o quão fragmentado é o
preparo governamental global para o controle não somente de doenças
também de crises globais como a fome e a destruição do meio-
ambiente. (BRITO, 2019)

2.4 O PAPEL DO MÉDICO VETERINÁRIO NA SAÚDE ÚNICA

Como descrito anteriormente, o papel do médico veterinário dentro da


Saúde Única é de extrema importância quando se fala de sanidade
pública, prevenção e detecção de doenças, ajudando a prevenir surtos,
epidemias e pandemias. Mas também executam diversas outras funções
como a segurança alimentar em alimentos de origem animal, assim como
a monitorização e inspeção de sistemas e maquinários de produção
alimentícia, impedindo a transmissão de patógenos por via alimentar.
(ALMADA, 2019)
São as peças-chave no uso responsável de antibióticos em animais que
produzirão alimentos para consumo humano, sendo uma parte
constituinte da linha de frente da gestão da resistência antimicrobiana,
contribuindo com o desenvolvimento e implementação de programas
para o controle do uso de antibióticos. (LOBO, 2021)
É de responsabilidade deste profissional a elaboração de diversas
pesquisas para melhorar o bem-estar animal, descobrir e registrar de
forma científica a complexa interação entre a saúde animal, humana e
ambiental, além de desenvolver trabalhos para ajudar os diversos órgãos
governamentais a redigirem lei baseadas nas evidências expostas.
(ALMADA, 2019)

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Há também, a necessidade de que veterinários planejem respostas para
situações emergenciais como surtos de doenças ou desastres naturais,
além de criar preparações e medidas contra a fome mundial ou nacional,
garantindo reservas e gerenciando o consumo. (WELBURN, 2015)
Por fim existe a necessidade de que os médicos veterinários contribuam
para a saúde e a conservação da vida selvagem, e monitorando o
impacto do ser humano nos diversos ecossistemas. Por causa destes
diversos fatores, é imprescindível que os médicos veterinários trabalhem
em colaboração com os diversos profissionais da saúde humana para
produzir uma comunicação eficaz e garantir a interdisciplinaridade
necessária para prevenção e manejo de ameaças a saúde. (KARESH,
2012)

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3. CONCLUSÃO

Em conclusão, a abordagem da saúde única emerge como uma


estratégia essencial e abrangente para enfrentar os desafios complexos
e interconectados que afetam a saúde humana, animal e ambiental. Ao
reconhecer a íntima ligação entre esses três domínios, a saúde única
destaca a necessidade crítica de uma colaboração interdisciplinar entre
profissionais da saúde humana e animal, ambientalistas, pesquisadores
e formuladores de políticas.
A colaboração ativa entre profissionais de diferentes áreas é crucial para
enfrentar os desafios emergentes, como surtos de doenças, resistência
antimicrobiana e mudanças climáticas, que afetam indiscriminadamente
a saúde de humanos, animais e ecossistemas. O compromisso conjunto
com práticas sustentáveis, manejo responsável de recursos naturais e a
promoção de políticas de saúde única são passos fundamentais para
garantir um futuro mais saudável e equilibrado para todas as formas de
vida no planeta. Em última análise, a saúde única não apenas oferece
uma abordagem holística para a promoção da saúde, mas também
representa uma visão integrada e cooperativa que reconhece a
interdependência vital entre a saúde de todos os seres vivos e o
ambiente em que coexistem.

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4. REFERÊNCIAS
ACHA, P. N; SZYFRES, B. (1986). Zoonosis y enfermidades
transmisibles comunes al hombre y animales. Washington: Organization
Panamericana de la Salud.
ALMADA, G. L; BRITTO, S. G. (2019). Um mundo, uma saúde: a
importância do médico veterinário na Saúde Única. Disponível em:
<http://www.crmves.org.br/comunicacao/ ler/304>. Acesso em: 17 de set.
de 2023.
BARRET, F. (2000). Disease and geography: the history of an idea. York
University, Toronto.
BATISTA, C. S. A. et al. (2005). Soroprevalência e fatores de risco para a
leptospirose em cães de Campina Grande, Paraíba. Arquivo Brasileiro de
Medicina Veterinária e Zootecnia, v.57, supl. 2, p.179-185.
BRITO, T; SILVA, A. M. G; ABREU, P. A. E. (2018). Pathology and
pathogenesis of human leptospirosis: a commented review. Revista do
Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, 60, e.23.
KARESH, W. B. et al. Ecology of zoonoses: natural and unnatural
histories. Lancet, v. 380, n. 9857, p. 1936-45, 2012. Disponível em:
<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23200502>.
WELBURN, S. C. et al. The neglected zoonoses: The case for integrated
control and advocacy. Clin Microbiol Infect, v. 21, n. 5, p. 433-43, 2015.
Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25911990>.
LOBO, P. M. et al; Saúde única: uma visão sistêmica. Goiânia. Editora
Alta Performance, 2021, p. 15-36.
WOOD, C. L. et al. Does biodiversity protect humans against infectious
disease?. Ecology, 2015. v. 95, n. 4, p. 817-832.

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PACHECO, F. K; QUEISSADA, D. D; Fundamentos da Saúde Única.
Bahia. AGES, 2021, p. 06-23

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