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Conceitos e diferenças da Crioterapia e da Crioestimulação

Acadêmicos¹: Elmes Ednildo


Edivânia Silva
Isabella Santos
Tutor²: João Paulo

RESUMO
Praticada desde a Antiguidade e considerada um método natural, a crioterapia está a atrair cada
vez mais adeptos. Efeitos benéficos à saúde foram descritos na literatura. No entanto, a interpretação de
seus efeitos é difícil devido à baixa qualidade dos estudos atuais. A crioterapia pode, no entanto, ser útil
em adição às terapias convencionais em várias patologias e situações, desde que sejam conhecidos os
riscos, contraindicações e regras de boas práticas.
1. INTRODUÇÃO
Crioterapia, palavra derivada do grego Krios que significa frio em conjunção com terapia que é
tratamento, ou seja, “tratamento com frio”, é um ramo da fisioterapia que abrange várias técnicas
específicas utilizando o frio nas formas sólida, líquida, e gasosa, tendo como objetivo terapêutico a retirada
do calor do corpo, trata-se de um conjunto de técnicas usada principalmente por profissionais da saúde.
Posto isto quando ocorre uma lesão é muito comum a utilização do frio como tratamento imediato, usada
principalmente no meio esportivo. No início do século XIX o uso do calor dominava os tratamentos clínicos,
sendo que só na metade do mesmo século é que o uso do frio passou a ser permitido como tratamento
imediato, (utilizada apenas nas primeiras 24 a 72 horas). Toda via mesmo sendo comprovada o benefício
do frio como forma terapêutica, continuou havendo objeções entre os profissionais, mantendo a
preferência pelo uso do calor. Após a lesão, porém mesmo sendo demonstrada a utilidade do frio como
forma terapêutica continuou havendo resistência dos profissionais da época, mantendo a preferência pelo
uso do calor (KNIGHT, 2000). Ao aplicar o frio ocorre inicialmente uma rápida vasoconstrição e diminuição
da circulação local na pele manifestada por palidez. A constrição se dá por alguns, como a influência
reflexa simpática e dos neurônios da pele, pela redução da concentração de metabólico devido ao baixo
nível metabólico, a ação direta dos termorreceptores sobre a camada muscular arteriolar gera liberação de
bradicinina e serotonina e diminuição de vasodilatadores como a histamina e prostaglandinas. Isso ocorre
como mecanismo de proteção para limitar a perda de calor nos primeiros 15 minutos da crioterapia,
depois desse tempo há uma reação secundária ao frio causada por uma hiperemia ativa a fim de proteger
os tecidos de uma possível lesão quando a exposição ao frio é prolongada ou abaixo de 10°C, e manifesta-
se com rubor e calor que dura em torno de 5 minutos, aparecendo outra vez, uma vasoconstrição. Ocorre
então um ciclo entre vasoconstrição e vasodilatação, e esta última não é constante e sua vermelhidão não
está relacionada com o aumento da circulação, mas sim com a liberação de oxigênio e acúmulo de oxi-
hemoglobina nos vasos superficiais com risco de isquemia e congelamento (AGNE, 2004).
Para Brisotti (2006), o frio age como agente analgésico, diminuindo a velocidade de condução nervosa, além
dereduzir edema e a hiperemia pela ação vasoconstritora, Enas articulações inibi a atividade da colagenas; já
no muscular, diminui oespasmo, por reduzir a velocidade de disparo das fibras do fuso muscular.

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1.2 INDICAÇÕES
Crioterapia tem indicação em tratamento das dores musculoesqueléticas traumáticas e/ou
inflamatórias, principalmente agudas, para a redução do edema e indução de relaxamento muscular
(YENG, 2001). A crioterapia é indicada e usada nos casos de traumatismos ou inflamações aguda, dores
agudas ou crônicas, espasmos musculares, nos períodos pós-cirúrgicos, em nevralgias, nas queimaduras de
1º e 2º graus, espasticidades por distúrbios do SNC e também artrite reumatoide e Osteoartrites.

1.3 PRECAUÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES DO USO DA CRIOTERAPIA


Em pacientes hipertensos o uso da crioterapia deve ser cauteloso, devendo a pressão arterial ser
aferida antes e após a aplicação, pois o frio pode causar um aumento transitório da pressão sistólica e
diastólica (ISERHARD, 1993). Outra contraindicação é a aplicação do frio sobre feridas abertas, porque
existe estudos que provam a redução na cicatrização em baixas temperaturas, o que pode ser causado a
redução da circulação do sangue nessa área, portanto deve-se evitar a aplicação de frio diretamente sobre
uma ferida durante as 2 ou 3 semanas iniciais.
1.4 TÉCNICAS DE APLICAÇÃO DA CRIOTERAPIA
Independente de qual técnica será utilizada, é necessário primeiro que se explique ao paciente
sobre o procedimento a ser realizado, razão de se utilizar essa técnica, também as possíveis sensações,
instruir o paciente para que alerte o terapeuta em caso de qualquer desconforto. Durante a aplicação é
necessário que se observe se está ocorrendo a vasoconstrição e no término da sessão a pele deverá ser
seca e inspecionada (LOW E REED, 2001). As variações de temperaturas seguidas com a aplicação da
crioterapia varia uma vez que, qual técnica seja usada e o tempo da aplicação.
Entre as técnicas mais utilizadas podemos destacar:
• Imersão;
• Compressas frias, bolsas de gelo, toalhas com gelo;

• Massagem com gelo;


• frio, compressão e elevação;
• Sprays refrigerantes;
• Contraste;
•Cryo 5;
Imersão
Muito comumente utilizada para o tratamento das extremidades, a técnica de imersão consiste na
colocação de pedaços de gelo em tonéis ou tanques com água, onde o paciente mergulhará a área a ser
tratada e assim permanecerá por um tempo determinado (BARONI et al., 2010). Agindo na recuperação de
lesões musculares, técnica mais usada por lutadores jogadores e em diversos esportes.
1.4.2 COMPRESSAS FRIAS, BOLSAS DE GELO, TOALHAS COM GELO
Consiste na utilização de gelo moído ou picado, envolvido por algum material plástico, ou também
bolsas frias industrializadas. Também são muito utilizadas as toalhas com gelo moído, tipo panqueca
(PESTILE, 2002). As bolsas frias são facilmente feitas, precisa envolver o gelo em um plástico ou podem ser
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compradas, porém bolsas industrializadas contém gel sílica, feitas em diversos tamanhos e formatos para
cobrir todo local a ser tratado.
1.4.3 MASSAGEM COM GELO

Essa é uma técnica muito simples que pode ser ensinada a pacientes, a massagem é feita sobre um
ponto gatilho, um músculo ou tendão. Durante a massagem é provável que o paciente experimente
quatro sensações como: frio intenso, queimadura, dor e então analgesia. Com essa técnica a temperatura
da pele, normalmente, não cai abaixo de 15°C, sendo assim o risco de dano ao tecido é mínimo
(RODRIGUES, 1995).
1.4.4 FRIO, COMPRESSÃO ELEVAÇÃO
Nessa técnica além dos efeitos do frio aproveitamos também o efeito da elevação e da compressão.
A compressão é realizada através de uma faixa elástica ou aparelhos que possuem um recipiente de
espuma com elástico e uma faixa com crepe. A compressão aumenta a pressão externa na vascularização,
ajudando no controle do edema. Já a elevação é benéfica durante os cuidados imediatos por diminuir a
pressão hidrostática capilar, fazendo baixar a pressão de filtração capilar (KNIGHT, 2000). Essa técnica é
muito utilizada como tratamento imediato nas no meio esportivo, pois o gelo demorará aproximadamente
5 minutos para agir sobre o fluxo sanguíneo (FOLBERG, 1988).

Existem dois aparelhos que realizam essa técnica: o Polar Care e o CryoCuff.
1.4.5 SPRAYS REFRIGERANTES
Existem dois tipos de sprays os de Flori Metano que são os não inflamáveis e não tóxicos e o Etil-
Clorido um vapor refrigerante destinado a aplicação tópica, para controlar a dor associada às condutas
cirúrgicas menores, como furúnculos, drenar pequenos abscessos, lesões de atletismo, injeções e para o
tratamento de dor miofascial, movimento restrito e espasmo muscular (RODRIGUES, 1995). O mecanismo
do spray promove um resfriamento brusco da pele, provocando um estímulo sensorial através dos
receptores do frio. Sendo o estímulo intenso reduz a velocidade da condução nervosa por via aferente até
a medula espinhal inibindo a dor e os reflexos miotáticos (PESTILE, 2002).
É importante também ressaltar os cuidados que devemos ter com o uso dos sprays:
• Durante a aplicação o bico do pulverizador deve estar à 45 centímetros de distância da superfície da pele;
• Deve- se evitar a exposição do spray a fontes de calor, por se tratar de um produto inflamável;

• Deve – se evitar também a inalação do produto, pois pode ser tóxico;


• É importante também que se proteja a região dos olhos durante a aplicação; (PESTILE, 2002).
1.4.6 CONTRASTE
Essa técnica é realizada alternando entre o calor e o frio, buscando os objetivos vasomotores que
ambos oferecem através das alterações circulatórias. Consiste na utilização de dois recipientes: um com
gelo e água e outro com água em temperatura entre 40ºC e 45º C (RODRIGUES, 1995). O processo deve se
iniciar com calor durando 5 minutos, para assim desenvolver uma vasodilatação, logo depois usa o frio
provocando uma queda de temperatura subcutânia e profunda, terminando a ação com frio com duração
de 3 minutos para esfriar todos os tecidos e favorecer suas necessidades metabólicas.

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1.4.7 CRYO 5
Uma das novidades na aplicação da crioterapia, é um aparelho elétrico que resfria o ar ambiente a
uma temperatura de até - 30°C, podendo ser regulado digitalmente. Sendo recomendado pelo seu
fabricante que a extremidade do aparelho deve ser mantida a uma distância de 5 a 20 cm da pele e sua
aplicação deve durar de 1 a 10 min, porém ainda não foi encontrado nenhum trabalho experimental que
comprove sua eficácia. Porque a realização da crioterapia não é recomendado quando há ferimentos ou
doenças na pele?? Pois, o frio excessivo pode irritar ainda mais a pele e prejudicar a cicatrização, má
circulação sanguínea, como insuficiência arterial ou venosa grave, porque este procedimento diminui a
circulação do corpo no local onde está sendo aplicada, e isso pode ser prejudicial em quem já tem uma
circulação alterada, doença imunológica associada ao frio, como doença de Raynaud, crioglobulinemia ou
até alergias, por exemplo, pois o gelo pode desencadear uma crise. Situação de desmaio ou coma ou com
algum tipo de retardo da compreensão, já que estas pessoas podem não saber informar quando o frio está
muito intenso ou causando dor. Além disso, caso os sintomas de dor, inchaço e vermelhidão no membro
tratado não melhorem com a crioterapia, deve-se procurar o ortopedista, para que seja feita a
investigação das causas e o tratamento direcionado para cada pessoa, podendo-se associar o uso de anti-
inflamatórios, por exemplo. Ao baixar a temperatura da pele e dos tecidos, o organismo irá tentar
aumentar de novo a temperatura, utilizando para isso as gorduras armazenadas para produzir energia e
calor. A crioterapia é assim um recurso fisioterapêutico e estético de grande utilidade. No entanto, caso
seja mal aplicado, ou usado de forma inadequada, pode agravar problemas já existentes, como por
exemplo a má circulação ou doenças da pele.

Não deve realizar crioterapia se tiver um dos seguintes problemas de saúde:


– alergia ao frio;
– doença cardíaca;
– doença no sistema imunológico;

– ferida aberta na pele;


– hipotireoidismo;
– infeções;
– má circulação sanguínea;

– psoríase;
– câncer;
– a crioterapia também não deve ser usada em indivíduos que se encontrem em pós-cirúrgico imediato.
Qual principal objetivo da crioterapia?
O principal objetivo da utilização da crioterapia é o de minimizar sequelas adversas que estão relacionadas
ao processo de lesão (dor, edema, hemorragia, espasmo muscular) e, principalmente, reduzir a área de
lesão secundária.
1.4.8 OBJETIVO GERAL:
- O presente estudo avalia a Crioterapia como objetivo principal na diminuição de sequelas no processo de
trauma, tratando as disfunções inflamatórias por meio do "frio".

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OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
- Verificar quais efeitos benéficos gerais e fisiológicos a Crioterapia traz nas inúmeras doenças e sequelas.
- Comparar a eficácia da Crioterapia como depreciação na fase em que se inicia o processo inflamatório.

- A Crioterapia na mobilização de tecidos moles.


1.4.9 CONCLUSÃO
Após o desempenho desse trabalho podemos concluir que a crioterapia é utilizada desde a
antiguidade, que com o passar dos anos foram sendo criadas novas formas de aplicações, por conseguinte
hoje em dia existem várias técnicas disponíveis para o seu uso. Observamos também que a utilização do
"frio" gera inúmeros efeitos no organismo como no corpo inteiro.
1.4.10 REFERÊNCIAS
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