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INTRODUÇÃO
Os Fitoterápicos são substâncias adquiridas a partir de plantas que podem ser usados
como remédios artesanais sob a forma de chás, soluções, comprimidos, dentre outros. O uso
destas plantas no tratamento e na melhora de enfermidades é tão antigo quanto a espécie humana
e os conhecimentos de seus efeitos foram passados pelas gerações, considerando um importante
papel científico e histórico, colaborando inclusive no desenvolvimento de algumas nações ¹,².
O emprego de plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos para a recuperação da
saúde é uma prática comum, o ser humano percebeu os efeitos curativos dos vegetais, visto que
de algum jeito a utilização destes proporcionavam a recuperação da saúde do indivíduo. Um dos
fatores que contribui para a utilização de plantas para fins medicinais no Brasil é o grande
número de espécies vegetais encontradas no país. Nos últimos anos, tem aumentado a aceitação
da fitoterapia no Brasil, resultado do crescimento da produção industrial dos laboratórios.
Constata-se também o surgimento de cultivos caseiros e de novos usuários, havendo
necessidades de orientação à população ³,4.
A condecoração oficial da fitoterapia na odontologia do Brasil chegou acompanhada de
diversas falhas na pesquisa científica sobre plantas medicinais, especificamente para espécies
vegetais com indicação para problemas bucais. Há muita desinformação sobre o assunto e na
prática, o uso de plantas medicinais tem sido alvo de estudo das ciências farmacêuticas e
médicas. Embora as inúmeras possibilidades de uso de plantas medicinais na Odontologia, estas
têm sido pouco exploradas, seja para tratar doenças bucais ou para tratar doenças sistêmicas que
refletem em alterações na saúde bucal 5.
O aumento progressivo do uso da fitoterapia, aliado à existência de poucas pesquisas de
qualidade nesta área, quando se compara as intervenções da medicina convencional e do difícil
acesso à literatura sobre este assunto, surgem questionamentos acerca da eficácia e segurança da
utilização de fitoterápicos. O desconhecimento acerca das informações mínimas necessárias ao
uso correto de plantas medicinais e de medicamentos fitoterápicos, aliados às dificuldades
encontradas pelos profissionais da saúde para obtenção de informações de qualidade, tornam a
fitoterapia um alvo fácil para a automedicação sem responsabilidade 4.
12
Por sugestão do Governo Federal, no ano de 2006, algumas práticas integrativas e
complementares (PIC) foram incorporadas ao Sistema Único de Saúde (SUS), através da Política
Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), na qual se inclui a Fitoterapia,
surgindo como opção preventiva e terapêutica aos seus usuários. Diversos objetivos desta
inclusão visam contribuir para o aumento da resolubilidade do sistema de saúde e a ampliação do
acesso da população às PIC, garantindo qualidade, eficácia, eficiência e segurança no uso 6.
As doenças bucais podem ser evidenciadas por sintomas característicos de diversas
etiologias, dentre elas as mais comuns são as cáries, a gengivite, a periodontite, estomatite aftosa
e herpes simples. Algumas dessas doenças vêm sendo tratadas com a fitoterapia. Espécies como
cravo da índia, romã, malva, tanchagem, amoreira, sálvia, camomila, entre outras, são indicadas
nos casos de gengivite, abscesso na boca, inflamação e aftas 24.
Devido a grande utilização de plantas medicinais e fitoterápicos, o objetivo deste trabalho
é buscar indicações para o uso na odontologia. De maneira a contribuir para pesquisa de novos
fitoterápicos eficazes e validos para doenças bucais.
13
2. REVISÃO DA LITERATURA
O uso de plantas medicinais vem sendo passado de geração a geração (inclusive com o
aval de Hipócrates, há mais de 300 a.C., cuja expressão clássica “a natureza que cura” fez dela
seu aliado), chegou até nossos dias na forma de uma nova ciência, a fitoterapia. A importância
fundamental do estudo das plantas que curam é, possivelmente, maior que o próprio
conhecimento das doenças, considerando que grande parte das substâncias aplicadas no preparo
e na elaboração dos produtos farmacêuticos é extraída do reino vegetal 7.
As plantas sempre estiveram ligadas ao cotidiano do homem, servindo de alimento e
remédio aos seus males. Com o passar do tempo, ao longo das civilizações, o conhecimento
sobre o uso de plantas medicinais organizou-se, originando a disciplina de farmacognosia, ramo
da farmacologia ensinado nas escolas de farmácia. Entretanto, com a industrialização no início
do século XX, surgiram os fármacos sintéticos, que aos poucos substituíram as plantas e
atualmente dominam o mercado farmacêutico. Hoje em dia, a venda de produtos ditos
“fitoterápicos” no mercado informal representa grande perigo à saúde da população, pois
comercializam-se drogas vegetais sem controle fitossanitário, de identidade e de pureza. Há
exigência de uma fiscalização maior e melhor desse setor, já que as plantas representam uma
alternativa economicamente mais viável à população e por razões de resgate histórico do
conhecimento. No Brasil, apenas em 1995 passou a existir normatização oficial sobre os
medicamentos fitoterápicos 8.
Deste modo, a utilização de plantas sob a forma medicinal se entrelaça diretamente com a
própria história da civilização humana (FIGURA 1). Por muito tempo, produtos minerais,
vegetais e animais constituíram o arsenal terapêutico de escolha para diversos povos. Os
pensamentos populares sobre o uso e a eficácia de plantas contribuem de modo relevante, para a
divulgação das qualidades medicinais dos vegetais a confirmam as informações terapêuticas que
são acumuladas ao longo dos séculos 9.
14
Entre os séculos XIV a XVI apareceram as primeiras farmacopéias, sua finalidade era
padronizar a composição e a forma de preparações prescritas pelos médicos da época. A primeira
farmacopéia europeia (“Nuovo Receptario Compositio”) foi publicada em 1498, em Florença e,
a segunda (“Concordie apothecariorum Barchinone medicines Compositis”) foi publicada em
Barcelona, no ano de 1511 10.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária qualifica como medicamentos fitoterápicos,
apenas aqueles obtidos através do emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais e que
tenha comprovado, através de levantamentos etnofarmacológicos de utilização de ensaios
clínicos de fase 3 ou de documentação técnico-científica em publicações, a eficácia e os riscos de
seu uso, assim como a reprodutibilidade e constância de sua qualidade 11.
Neste sentido, Lorenzi & Matos (2008) afirmam que, no Brasil, a validação de uma
planta como medicinal requer a comprovação da propriedade terapêutica que lhe é atribuída, bem
como do seu grau de toxidade em doses compatíveis com o seu emprego medicinal, através de
estudo farmacológico pré-clínico com avaliação da toxicidade, seguido de ensaio clínico 12.
A utilização de plantas como remédio é muito antigo quanto à própria humanidade. A
convicção popular de que as plantas não fazem mal é uma realidade distorcida. Existia um
conceito popular de que vem da natureza não faz mal. Isso não é correto. Todo fitoterápico deve
15
ser usado segundo a orientação de um profissional. Existem ainda muitas plantas cujos efeitos
são desconhecidos e seu uso pode prejudicar a saúde. Entretanto, existem vários estudos
científicos que comprovam que a fitoterapia pode oferecer soluções eficazes e mais baratas para
diversas doenças 39.
16
2.2 PLANTAS MEDICINAIS E SAÚDE BUCAL
17
2. Doenças Periodontais - Afecções periodontais, incluindo gengivite e periodontite, são
infecções sérias que, se não tratadas, podem causar a perda dentária. A palavra
periodontal significa literalmente "ao redor do dente". A doença periodontal é uma
infecção bacteriana crônica que afeta as gengivas e o osso que suporta os dentes 15.
18
Deficiências nutricionais, ocasionadas por carência ou por alterações metabólicas
do indivíduo, podem alterar as mucosas tornando-as suscetíveis aos agentes
desencadeantes do câncer 19.
19
doença infecciosa comum, causada pelo vírus do herpes simples (HSV). Existem dois
tipos, mas é o tipo 1 que afeta geralmente a região da boca 23.
9. Herpes Simples – Herpes simples é uma contaminação causada pelo vírus herpes
humano (HSV 1 e 2) que se caracteriza pelo aparecimento de pequenas bolhas agrupadas
especialmente nos lábios e nos genitais, mas que podem surgir em qualquer outra parte
do corpo.
O contágio se dá pelo contato direto das lesões com a pele ou a mucosa de uma
pessoa não infectada. O vírus de herpes humano pode permanecer latente no organismo e
provocar recidivas de tempos em tempos.
Nas crianças, é causa de lesões dolorosas na boca, às vezes confundidas com
aftas, mas que são sinais de uma doença conhecida como estomatite herpética 24.
Algumas dessas afecções vêm sendo tratadas com a fitoterapia 23.
20
2.3 PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERAPICOS NA
ODONTOLOGIA.
22
A fitoterapia tem se tornado cada vez mais popular entre os povos de todo mundo sua
aprovação popular leva a agradáveis perspectivas no mercado de produtos odontológicos que
contém substâncias naturais, e estes podem ser introduzidos desde que abrangentemente
amparados por estudos laboratoriais e clínicos específicos. Há muitos medicamentos no mercado
que usa, em seus rótulos, o termo “produto natural”. Produtos á base de alho, aroeira, juá,
barbatimão, romã, cajueiro, hortelã e malva são apenas alguns exemplos. É essa utilização da
splantas para o tratamento de doenças que constitui, hoje, um ramo da medicina conhecido como
“FITOTERAPIA” 22,39.
A fitoterapia, phyton (planta) e therapia (tratamento) é descrita como uma prática antiga,
e o primeiro relato manuscrito foi intitulado Papiro de Ebers, datado de 1500 a. C. Desde então, a
fitoterapia apresentou-se como um recurso terapêutico no qual a própria natureza pode- ria
oferecer a cura e sua utilização como a base da terapia medicamentosa vigorou até meados do
século XX 22.
Quando usadas de forma adequada, as ervas e plantas apresentam efeitos terapêuticos às
vezes superiores aos dos medicamentos convencionais, com efeitos colaterais minimizados.39
Com o aumento mundial da fitoterapia entre os programas preventivos e curativos tem
estimulado a analise dos extratos de plantas para utilização na odontologia como controle do
biofilme dental e outras doenças bucais. A odontologia é beneficiada pela riqueza em recursos
naturais oferecidos pela flora brasileira, pois os produtos naturais estão cada vez mais presentes
nos consultórios médicos e odontológicos, apesar de a fitoterapia ser pouco difundida fora do
meio acadêmico 22.
O Fitoterápico consiste em produtos de origem vegetal, dotado de propriedades
medicamentosas. Esta substancia atuante é denominada genericamente de principio ativo,
podendo ser uma ou várias substancias, atuando isolada ou sinergicamente (complexo
fitoterápico), támbem é definido como o medicamento obtido empregando-se unicamente
matérias-primas ativas de vegetais, caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de
seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade. Sua eficácia e
segurança são determinadas através de levantamentos etnofarmacológicos de utilização,
documentações tecnocientíficas em publicações ou ensaios clínicos. Não se considera
medicamento fitoterápico aquele que, na sua composição, inclua substâncias ativas isoladas, de
23
qualquer origem, nem as associações destas com extratos vegetais. No Brasil, apenas em 1995
passou a existir normatização oficial sobre os medicamentos fitoterápicos 42,43.
Cabe ressaltar a diferença que existe entre fitoterápico e fitofármaco : o fitoterápico é
uma substancia produzida a partir da planta inteira, sem manipulação química, enquanto o
fitofármaco é um medicamento feito com os princípios ativos, manipulados, retirados das plantas
.
42,43
24
estabelecimentos que sejam controlados pela ANVISA - Agência de Vigilância Sanitária e que
possuam as Boas Práticas de Fabricação estabelecidas, entre elas farmácias, hervanários e
indústrias de medicamentos fitoterápicos 45.
O Brasil tem um amplo potencial para o desenvolvimento da Fitoterapia aplicada
inclusive à Odontologia, já que apresenta a maior diversidade vegetal do mundo, ampla
sociodiversidade, com o uso de plantas medicinais vinculados ao conhecimento tradicional e
tecnologia para validar cientificamente este conhecimento 24.
Embora a tendência de crescimento exista, o uso e a receitas de fitoterapicos nos
consultórios ainda esbarra na falta de divulgação do assunto entre dentistas 24.
Outro obstáculo para que os dentistas ampliem o uso de fitoterápicos é a falta de
comprovação cientifica da eficácia e segurança desses compostos 24.
Em levantamento realizado pelo Ministério da Saúde no ano de 2005 (Ministério da
Saúde 2005,) em todos os municípios brasileiros, verificou-se que a fitoterapia está presente em
116 municípios, contemplando 22 unidades federadas (Brasil, 2004). Atualmente a Fitoterapia
faz parte do Sistema Único de Saúde, sendo possível a sua inclusão médica e odontológica 24.
Lima et al.9 (2002) concluíram em seu estudo, que grande parte da população emprega
fitoterápicos no tratamento dos agravos à saúde, muitas vezes para tratar afecções bucais. As
principais indicações de uso estavam relacionadas ao controle da dor, da inflamação e reparo
tecidual, sendo que as formas de utilização mais comuns dos fitoterápicos foram a decocção, a
maceração e a infusão 44.
Alho, aroeira, juá, barbatimão. Romã, cajueiro, hortelã, malva… Se fizesse a relação
completa, a lista das plantas medicinais que contribuem para a saúde bucal passaria de 500
espécies. As plantas que mais são utilizadas são as conhecidas pelas atividades analgésica,
cicatrizante e anti-inflamatória 30.
Extratos de plantas como sálvia, menta, camomila têm sido incluído a fórmulas de
dentifícios com o objetivo de diminuir a halitose e combater a gengivite. Os princípios ativos
desses produtos atuam sobre a formação da placa bacteriana. Além destes agentes fitoterápicos
incorporados aos dentifrícios a babosa (Aloe Vera) merece destaque por suas ações anti-
inflamatória e antisséptica, por conter de diversos elementos nutricionais que agem
sinergicamente nos tecidos epiteliais e no sistema imunológico onde, por sua ação anti-
25
inflamatória e antimicrobiana, induz o crescimento celular, favorecendo a recuperação do tecido
agredido 22.
Os óleos, de cajueiro (Anacardium occidentale) e do cravo (Eugenia caryophyllata T.)
podem ser utilizados em caso de dor de dente. Patel et al. (2006) compararam a atividade de um
extrato alcoólico das raízes de Piretro (Anacyclus pyrethrum ) com xilocaína e constataram a
eficácia do extrato quando em baixas concentrações (menos de 2%). O extrato apresentou efeito
simultâneo, prolongando o efeito da anestesia quando comparado ao efeito da xilocaína, para
cirurgias reconstrutivas orais prolongadas, não indicando quaisquer efeitos secundários 22.
Na odontologia a babosa (aloe vera) é apresentada em forma de dentifrícios no combate a
sangramentos, gengivite e no controle à sensibilidade dentária. A babosa misturada a jojoba
ajuda a eliminar o ressecamento labial e as aftas bucais 46.
O pó de joá é eficiente na remoção da placa bacteriana quando utilizado como bochecho e
escovação. A substância responsável por esta propriedade é a saponina, de ação detergente e
bactericida, encontrada na planta 46.
As plantas medicinais mais indicadas para doenças odontológicas foram a Punica
granatum L., Althaea officinalis L., Salvia officinalis L., Calendula officinalis L., Malva
sylvestris L e Plantago major L.23.
26
2.3.1 Punica granatum
27
propriedades medicinais, vem sendo testada quanto a atividade antibacteriana e tem demonstrado
eficácia contra bactérias periodontopatogênicas. O chá tem propriedades expectorantes,
diuréticas e emolientes. Hoje é consumida especialmente para aliviar a uretrites e os cálculos
renais. Também utilizada em picaduras de insetos, é usada para lavar feridas ou queimaduras por
suas propriedades ligeiramente antissépticas e analgésicas 32,33.
A infusão preparada com a Sálvia, Salvia officinalis L. vem sendo estudada quanto à sua
atividade antioxidante, antimicrobiana e hipoglicemiante. O poder da sálvia no combate à
doenças é grandioso, considerando as inúmeras condições de saúde abrangidas para o tratamento
com esta erva. Pode ser usada também como ansiolítico natural, como calmante, diurético,
expectorante, ou estimulante. No tratamento para afta, bronquite, caspa, catarro, gengivite e
outras alterações nas mucosas 32, 34,35.
28
que houve uma redução significante dos índices analisados com a utilização da calêndula no
creme dental 36.
Garcia et al.29, em 1998, demonstraram melhora em pacientes com gengivite que
utilizaram um medicamento fitoterápico de calêndula com a eliminação dos sinais e sintomas
clínicos da gengivite; a presente pesquisa demonstrou que houve melhora mediante o uso do
fitoterápico, mas não a total eliminação de sinais de gengivite, visto que ainda havia participantes
com sangramento marginal. Os autores, portanto, sugerem a utilização do fitoterápico como
coadjuvante na melhora da inflamação gengival 36.
29
Em estudo realizado na região sul de Cuiabá, percebeu-se a grande utilização do chá das
folhas da Tanchagem, Plantago major, para se fazer gargarejos principalmente. Esta espécie
possui indicações para amigdalite, estomatite, faringite, e de uso externo para úlceras e feridas,
sob a forma de emplastro podendo agir como cicatrizante (Bieski, 2005) 24.
Euterpe Olerace mais conhecido como açaí, além de gostoso e energético agora virou
“evidenciador de placa bacteriana” – aquele corante que aponta o acúmulo de bactérias no
esmalte dos dentes. A dentista Danielle Emmi, da Universidade Federal do Pará (UFPA), foi
quem teve o insight para desenvolver o corante natural, ao observar que a fruta deixa a boca e os
dentes coloridos de vermelho. Obra da antocianina, a mesma substância que dá cor às uvas
rubras. Ao testar um concentrado do corante de açaí, a pesquisadora confirmou a suspeita e ainda
teve uma boa surpresa. “O açaí consegue detectar as áreas comprometidas já a partir do momento
em que o biofilme começa a se formar, algo que os corantes hoje disponíveis no mercado não
fazem”, diz Danielle. “A eficácia do corante natural chegou a ser 90% superior à dos corantes
sintéticos em uso hoje”. O concetrado, que está patenado, foi desenvolvido para consultórios,
mas, segunda Danielle, nada impede que ele entre na composição de produtos acessíveis à
população 31.
30
O óleo de cravo, embebido em pelota de algodão, pode ser colocado diretamente no dente
cariado dolorido. O chá pode ser utilizado contra a dor e também para halitose, estomatite e
gengivites, o cravo-da-índia seja adotado como símbolo universal da odontologia 31.
31
2.3.11 Própolis
A própolis é uma resina natural, produzida pelas abelhas e uma mistura de substâncias
colhidas do pólen e das árvores com as secreções da própria abelha, Apis melífera, é bastante
conhecida na medicina popular por não ser toxica, mas, estudos mostram que altas doses podem
intoxicar, ela também é conhecida pelas atividades biológicas e terapêuticas que incluem as
ações antimicrobianas, anti-inflamatória, anestésica e propriedades citostáticas. Aliás, essa
substancia mostra uma composição bastante complexa, na qual já foram identificados mais de
300 componentes químicos, variando de acordo com sua origem botânica 22.
A importância da própolis em Odontologia pode ser verificada em trabalhos pertinentes a
várias áreas tais como a cariologia, endodontia, periodontia e patologia oral. Posto que esse
composto seja usado com frequência no tratamento de lesões bucais pelas pessoas, ainda não
foram estipuladas normas adequadas de uso e indicação e não tem conhecimento certo da ação
desta substancia sobre os microrganismos e/ou hospedeiro 22.
O alho (Allium sativum) é outro produto muito utilizado na cultura popular, demonstrou
atividade contra bactérias orais, no entanto os resultados de alguns estudos mostraram que há
uma diminuição do numero de bactérias quando os pacientes são submetidos ao uso de
enxaguatórios contendo este produto 22.
A ANVISA tem o papel de regulamentar todos os medicamentos, incluindo os
fitoterápicos, e fiscalizar as indústrias farmacêuticas com o intuito de proteger e promover a
saúde da população. Sendo assim, a ANVISA controla a produção, a liberação para consumo
(registro) e acompanha a comercialização dos medicamentos, podendo retirá-los do mercado
caso seu consumo apresente risco para a população 50.
Entretanto muitos trabalhos demostram o efeito dos fitoterápicos na odontologia, a
utilização dos mesmos deve ser feita sob conhecimento e responsabilidade do cirurgião dentista,
pois se trata de um contrassenso o uso indiscriminado de produtos naturais sem a consciência.
Por isso, alguns profissionais acreditam que há a necessidade da inserção da fitoterapia como
32
matéria básica na graduação do curso de Odontologia 5. Diante da necessidade de recursos de
menor custo para atender as comunidades mais carentes, a fitoterapia surge como alternativa 22.
As formas farmacêuticas mais citadas para utilização das espécies foram decocto,
infusão, gargarejo e chá. Outras também foram indicadas como emplastro, maceração, tintura e
creme tópico24.
Algumas formas farmacêuticas para o uso odontológico:47,48
Tintura: é feita a partir da planta seca, deixando-a em maceração ou correndo o
liquido extrator em um aparelho de percolação.
Alcoolatura: é feita deixando- se a planta fresca em maceração com álcool por um
período pré-determinado.
Infusão: é feita vertendo-se água fervente sobre a planta.
Solução para bochecho: são soluções feitas com água a partir da planta fresca ou
seca através da infusão ou decocção utilizando-se 2 colheres da planta viva ou 1
colher da planta seca em 1 copo com água 3 a 4 vezes ao dia.
Gel: é feito através da incorporação de qualquer das formas acima em um gel base
(carbopol, CMC, natrosol).
Decocção: é feito o cozimento da planta por um período de 5 a 20 minutos (em
fervura).
33
2.3.1 DIFERENÇA ENTRE PLANTAS MEDICINAL E FITOTERÁPICOS
34
2.3.2 EFEITOS COLATERAIS E CONTRA INDICAÇÕES DOS
FITOTERÁPICOS E PLANTAS MEDICINAIS.
35
obter-se preparados à base de ervas, comercializados após a adição intencional de potentes
substâncias sintéticas não declaradas.44
Como qualquer medicamento, o mau uso de fitoterápicos e também de plantas
medicinais. Determinadas plantas medicinais e fitoterápicos podem ser utilizados sem a
orientação médica para o alívio sintomático de doenças de baixa gravidade e por curtos períodos
de tempo. No entanto, caso os sintomas persistam por mais de sete dias, ou apareçam reações
indesejadas, o uso deve ser interrompido e deve ser procurada orientação médica. Pode ocasionar
problemas à saúde, como por exemplo: alterações na pressão arterial, problemas no sistema
nervoso central, fígado e rins, que podem levar a internações hospitalares e até mesmo à morte,
dependendo da forma de uso.52,53
36
2.3.3 CUIDADOS QUE DEVEM SER TOMADOS EM RELAÇÃO AOS
FITOTERÁPICOS E AS PLANTAS MEDICINAIS:
37
Camomila e sedativos como Gardenal, em que há o aumento do efeito sedativo
desse medicamento;
Maracujá e antidepressivos, tais como Sertralina e Fluoxetina, também é
observado aumento do efeito sedativo;
Quebra-pedra, Chapéu de Couro e diuréticos tais como Furosemida e
Hidroclorotiazida, promovendo aumento da excreção de eletrólitos e podem
resultar em arritmias provocadas por desequilíbrios eletrolíticos severos;
Boldo do Chile e antiplaquetários, tal como Acido Acetilsalicílico, resultando
em aumento da ação antiplaquetária dos medicamentos;
Maracujá e Benzodiazepínicos, tais como Diazepam e Clorazepam, aumentando
a intensidade da sonolência;
Hortelã-pimenta e Sulfato Ferroso, diminuindo a absorção de ferro.52, 53,54
38
2.4 A INTRODUÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERÁPICOS
NA ATENÇÃO BÁSICA NO SISTEMA PÚBLICO.
39
O Relatório da 12ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 2003, que aponta
a necessidade de se "investir na pesquisa e desenvolvimento de tecnologia para
produção de medicamentos homeopáticos e da flora brasileira, favorecendo a
produção nacional e a implantação de programas para uso de medicamentos
fitoterápicos nos serviços de saúde, de acordo com as recomendações da 1ª
Conferência Nacional de Medicamentos e Assistência Farmacêutica".
A Resolução nº 338/04 do Conselho Nacional de Saúde que aprova a Política
Nacional de Assistência Farmacêutica, a qual contempla, em seus eixos
estratégicos, a "definição e pactuação de ações intersetoriais que visem à
utilização das plantas medicinais e de medicamentos fitoterápicos no processo de
atenção à saúde, com respeito aos conhecimentos tradicionais incorporados, com
embasamento científico, com adoção de políticas de geração de emprego e renda,
com qualificação e fixação de produtores, envolvimento dos trabalhadores em
saúde no processo de incorporação dessa opção terapêutica e baseada no incentivo
à produção nacional, com a utilização da biodiversidade existente no País".
2005 - Decreto presidencial de 17/02/05 que cria o Grupo de Trabalho para
elaboração da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos.
Atualmente, existem programas estaduais e municipais de Fitoterapia, desde
aqueles com memento terapêutico e regulamentação específica para o serviço,
implementados há mais de 10 anos, até aqueles com início recente ou com
pretensão de implantação. Em levantamento realizado pelo Ministério da Saúde
no ano de 2004, em todos os municípios brasileiros, verificou-se que a Fitoterapia
está presente em 116 municípios, contemplando 22 unidades federadas
40
3. CONCLUSÃO
O uso de plantas medicinais vem sendo passado de geração a geração, chegou até
nossos dias na forma de uma nova ciência a fitoterapia. Que apesar do seu uso ser desda
antiguidade ainda é muito discriminado por grande parte dos profissionais de saúde.
Apesar do preconceito e da falta de conhecimento algumas afecções bucais vem sendo
tratadas com a fitoterapia. Tal fato pode ser atribuído ao pequeno incentivo dado à
pesquisa nesta área, tanto pelo setor publico, como pelo privado.
Pode- se concluir também que o aumento da popularidade e dos medicamentos
feitos a partir de plantas medicinais fazem que os cirurgiões dentistas tenham maior
conhecimento sobre risco ∕ beneficio do emprego destes compostos e a interação
medicamentosa que pode ocorrer quando associados a outros remédios, evitando os
efeitos adversos.
41
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