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INSTITUTO TÉCNICO DE MOCAMBIQUE

Curso: Farmácia

Cadeira: Antropologia e Sociológia

Laboral

Discente:

 Nura Maneicas Famage

Docente:

 Munaira

Maputo, Outubro de 2022


Índice
Introdução..........................................................................................................................1

Historia da Medicina Tradicional Africana.......................................................................2

Período moderno............................................................................................................2

Medicina tradicional africana............................................................................................3

Conceito.........................................................................................................................3

A Medicina Tradicional Nos Dias de Hoje.......................................................................3

Métodos De Tratamento Escolhidos Na Medicina Africana Tradicional.........................5

Conclusão..........................................................................................................................7

Bibliografia........................................................................................................................8
Introdução
Este presente trabalho irei falar sobre a Medicina Tradicional Africana que é uma
herança, cultura e futuro do povo Africano. Na verdade, apesar dos grandes
desenvolvimentos tecnológicos e científicos verificados na segunda metade do séc. XX,
na África ainda existem pessoas que nascem, crescem e morrem dentro da sua medicina
tradicional. As razões dessas ocorrências: estão estritamente ligadas ao grau de
desenvolvimento deste continente; a baixa auto-estima na valorização do seu
conhecimento sensível propriedade intelectual do conhecimento tradicional); a
descaracterização científica dos procedimentos e tratamentos tradicionais; bem como, a
fácil submissão do que vem de fora do país, como sendo baseado em comprovações
científicas. As nações africanas carregam o pesado fardo de subdesenvolvimento,
caracterizado por níveis altos de pobreza, fraca escolaridade, elevado índice de doenças,
falta de oportunidades e de informações, decorrente de um modelo histórico de
apropriação desigual de suas riquezas naturais, culturais, bem como, de sua fauna e flora
nativas, para fins comerciais.

Práticas culturais historicamente estabelecidas estão vinculadas as suas respectivas


populações. Nesse contexto, por exemplo, a “medicina tradicional chinesa”, não pode
ser confundida com a “medicina tradicional africana”, pois a primeira, não faz parte das
práticas culturais africanas. Existe um conjunto de ocorrências objetivas, que precisa ser
identificado em todas as fases do processo de tratamento, com médicos e medicina
tradicional, que são completamente diferentes dos tratamentos alopáticos, bem como,
das práticas tradicionais em diferentes países. Da mesma forma, se confunde “medicina
tradicional” com “medicina alternativa”. Para a OMS, a medicina alternativa é definida
como: “a combinação de conhecimentos e cuidados práticos de saúde que não fazem
parte da tradição de um país ou continente, e não estão integrados nos sistemas
nacionais de saúde ex. homeopatia, massagens chinesas, Reiki)” entre outras. Por isso,
não é correcto afirmar que a medicina tradicional possa ser uma medicina alternativa
para um determinado País.

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Historia da Medicina Tradicional Africana

No passado, a ciência considerava o conhecimento tradicional e seus métodos


primitivos e atrasados. Sob o domínio colonial, os curandeiros tradicionais africanos são
proibidos porque muitos países os consideram praticantes de bruxaria e magia e os
declaram ilegais às autoridades coloniais, criando assim uma guerra contra aspectos da
cultura indígena considerados caindo sob bruxaria. Durante esse período, também foram
feitas tentativas para controlar a venda de fitoterápicos.

Após a independência de Moçambique em 1975, essas tentativas de controlar a


medicina tradicional chegaram a enviar curandeiros para campos de reeducação. À
medida que o colonialismo e o cristianismo se espalhavam pela África, os colonialistas
construíram hospitais gerais, os missionários cristãos construíram hospitais particulares,
na esperança de combater doenças generalizadas. Pouco é feito para estudar a
legitimidade das práticas tradicionais, com muitos estrangeiros acreditando que as
práticas médicas indígenas são pagãs e supersticiosas, e só podem ser praticadas
adequadamente pela herança de métodos ocidentais, segundo Onwuanibe.

Em tempos de conflito, a oposição tem sido particularmente forte, pois é mais provável
que as pessoas usem o sobrenatural. Como resultado, médicos e profissionais de saúde,
na maioria dos casos, continuaram fugindo dos curandeiros tradicionais, apesar de sua
contribuição para atender às necessidades básicas de saúde da população.[6]

Período moderno
Desde o início do século XXI, os tratamentos e remédios usados na medicina tradicional
africana foram mais bem avaliados pelos pesquisadores de ciências. Os países em
desenvolvimento começaram a perceber os altos custos dos modernos sistemas de saúde
e as tecnologias necessárias, demonstrando assim a dependência da África deles. Por
esse motivo, manifestou-se interesse na integração da medicina tradicional africana nos
sistemas nacionais de saúde do continente. Um curandeiro africano adotou esse conceito
construindo um hospital de 48 leitos em Kwa-Mhlanga, África do Sul, o primeiro do
gênero, combinando métodos tradicionais com homeopatia, iridologia e outros métodos
de cura Medicamentos ocidentais, incluindo até medicamentos tradicionais asiáticos. No
entanto, a tecnologia altamente sofisticada envolvida na medicina moderna, que está
começando a se integrar ao sistema de saúde africano, pode eventualmente destruir
valores culturais profundamente arraigados na África.
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Medicina tradicional africana

Conceito
A medicina tradicional africana é uma medicina alternativa que utiliza o fitoterapia
indígena e a espiritualidade africana, geralmente envolvendo adivinhos, parteiras
e fitoterapeutas. Seus profissionais afirmam ser capazes de tratar várias doenças, como
câncer, distúrbios psiquiátricos, pressão alta, cólera, doenças venéreas, epilepsia, asma,
eczema, febre, ansiedade, depressão, hiperplasia prostática benigna, infecções, gota; e
causar cicatrização de feridas e queimaduras, e até Ébola.

Antes da criação da medicina científica, a medicina tradicional era o sistema médico


dominante para milhões de pessoas na África. A chegada dos europeus marcou um
ponto de virada na história dessa antiga tradição e cultura. Os medicamentos à base de
plantas na África geralmente não são regulamentados. Falta documentação detalhada do
conhecimento tradicional, geralmente transmitido oralmente A identificação incorreta
ou o uso indevido de plantas para a cura podem levar a sérios efeitos adversos.

A Medicina Tradicional Nos Dias de Hoje

No dia 31 de Agosto, celebramos o Dia da Medicina Tradicional Africana para


promover o importante papel que a rica biodiversidade de plantas e ervas medicinais
desempenha na melhoria do bem-estar no continente. 

Durante gerações, a grande maioria da população no continente dependia da medicina


tradicional enquanto principal fonte para a satisfação das suas necessidades de cuidados
de saúde, por ser de confiança, aceitável, comportável e acessível. 

Agora, estamos a assistir a emergência de novas e promissoras terapias de medicina


tradicional no âmbito da resposta à COVID-19. Nos Camarões, por exemplo, o
Ministério da Saúde aprovou dois produtos como terapêuticas complementares para a
COVID-19. O COVID-Organics Plus Curative, remédio à base de plantas elaborado em
Madagáscar, está actualmente a ser submetido a ensaios de fase III e foram apresentados
resultados preliminares encorajadores. Aguardamos com expectativa os resultados finais
deste ensaio, bem como de outros ensaios para diferentes produtos em desenvolvimento

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em 12 outros países africanos, incluindo a África do Sul, a Nigéria, a República
Democrática do Congo e o Uganda.

Com o apoio das autoridades nacionais e distritais, os praticantes de medicina


tradicional também estão a liderar a taxa de adesão às medidas de prevenção da
COVID-19 e a encaminhar os doentes para cuidados atempados. Esta iniciativa
contribui para o reforço da confiança nos sistemas de saúde em toda a África.

Nos níveis mais elevados, a pandemia permitiu aumentar a sensibilização para o valor
da medicina tradicional. Um maior investimento na investigação e no desenvolvimento
permitirá aproveitar as soluções desenvolvidas a nível nacional para melhorar o bem-
estar no continente, e noutras partes do mundo. 

Os remédios naturais estão a crescer em popularidade nos países ocidentais e têm uma
longa história na China, na Índia e noutros locais. As grandes empresas farmacêuticas
também viraram as suas atenções para a África onde esperam encontrar novos
princípios activos. Com as parcerias e investimentos adequados, os medicamentos
tradicionais africanos já testados e experimentados poderiam encontrar um vasto
mercado mundial.

A OMS e outras organizações multilaterais estão a desempenhar um papel fundamental


no apoio ao reforço das capacidades no sector da medicina tradicional, incluindo o
desenvolvimento da produção local. 

Recentemente, analisámos os progressos alcançados na Segunda Década da Medicina


Tradicional Africana, de 2011 a 2020, e na implementação da Estratégia Regional para
Reforçar o Papel da Medicina Tradicional nos Sistemas de Saúde 2013–2023. 

A nossa avaliação mostra que 40 países africanos dispõem agora de quadros políticos
para a medicina tradicional, em comparação com apenas oito países em 2000. As
comunidades foram mobilizadas para participar na sensibilização para o valor da
medicina tradicional. As capacidades dos investigadores, dos praticantes de medicina
tradicional e das autoridades reguladoras nacionais foram reforçadas por meio de
formações em parceria com a OMS, o CDC de África e a Parceria entre a Europa e os
Países em Desenvolvimento para a Realização de Ensaios Clínicos. Estão também a ser
envidados esforços para conservar as plantas medicinais de modo a assegurar a
disponibilidade e abundância de matérias-primas de qualidade. 

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No ano passado, a OMS, a Comissão da União Africana e o CDC de África lançaram
conjuntamente a Comissão Consultiva Regional de Peritos sobre Medicina Tradicional
para a Resposta à COVID-19. Esta Comissão está a acelerar o ritmo da investigação ao
apoiar os países na colaboração em ensaios clínicos de medicamentos tradicionais, em
conformidade com as normas internacionais.

Será necessário mais trabalho para integrar a medicina tradicional nos sistemas de saúde
ortodoxos e para consolidar as parcerias e mobilizar recursos, especialmente para a
investigação e o desenvolvimento.

É com isto em mente que, no Dia da Medicina Tradicional Africana exorto os governos,
as instituições de investigação, os praticantes e o sector privado a reforçarem a
colaboração em torno da investigação e da produção de medicina tradicional. 

Trabalhemos em conjunto para identificar e expandir o acesso a medicamentos


tradicionais seguros, eficazes e de qualidade para melhorar o bem-estar e salvar vidas. 

Métodos De Tratamento Escolhidos Na Medicina Africana


Tradicional

Os métodos de tratamento escolhidos na medicina africana tradicional baseiam-se


essencialmente em aspectos espirituais, freqüentemente baseados na convicção de que
os aspectos psicoespirituais devem ser tratados antes dos aspectos médicos. Na cultura
africana, acredita-se que "ninguém fica doente sem razão suficiente". Os praticantes
tradicionais veem o "quem" como o último, e não o "o quê", ao localizar a causa e o
tratamento de uma doença, e as respostas fornecidas são derivadas das crenças
cosmológicas das pessoas. Em vez de procurar as razões médicas ou físicas de uma
doença, os curandeiros tradicionais tentam determinar a causa raiz da doença, resultado
de um desequilíbrio entre o paciente e seu ambiente social ou mundo espiritual, e não de
causas naturais. As causas naturais são consideradas devidas à intervenção de espíritos
ou deuses. Por exemplo, a doença pode ser atribuída à culpa da pessoa, da família ou da
vila por um pecado ou um ataque moral. A doença surgiria, portanto, do
descontentamento dos deuses ou de Deus, por causa de uma ofensa à lei moral
universal. Dependendo do tipo de desequilíbrio experimentado pelo indivíduo, será

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utilizada uma planta de cura apropriada, dependendo de seu significado simbólico e
espiritual, bem como de seu efeito medicinal.

Quando uma pessoa fica doente, um praticante tradicional usa encantamentos para


estabelecer um diagnóstico. Esses encantamentos dão um aspecto de conexões místicas
e cósmicas. A adivinhação é geralmente usada se a doença não é facilmente
identificável; caso contrário, a doença pode ser rapidamente diagnosticada e tratada. Se
a adivinhação for necessária, o médico aconselhará o paciente a consultar um adivinho
que possa diagnosticar e "curar" mais. O contato com o mundo espiritual através da
adivinhação geralmente requer não apenas remédios, mas também sacrifício.

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Conclusão
O trabalho de pesquisa ora em curso permitiu vislumbrar a emergência inovativa de
uma nova sensibilidade para o conceito de saúde e doença, bem como aos métodos de
cura praticados por vários sistemas localizadas para além dos limites do mundo
moderno da biomedicina, o qual era até há bem pouco tempo considerado o único
possuindo os atributos de presente e de passado, i.e., de história e credibilidade. A
reflexão histórica em curso, o estudo do "anterior", do passado, tem revelado a presença
de elaborados esquemas que consolidam e aumenta o número de questões colocadas ao
nosso entendimento. A cada passo, os sistemas de cura do sistema biomédico, e que são
de base explicativa, surgem como incompletos se não são tidas em atenção outras
práticas de cura que usam a narração, e o poder da sugestão como componentes
fundamentais (veja-se também Last, 1981). Os factos vão adquirindo novos significados
à medida que a história se desdobra irreversivelmente, emergindo como pontos focais
para novas coerências.

A alternativa reside pois no desenvolver da pesquisa autoreflexiva, incorporando a


solidariedade como forma de conhecimento experimentado e legitimado. Neste percurso
sinuoso, algumas possibilidades transformam-se em factos, fixam-se, eliminando
algumas alternativas e dando lugar a novas. A história destas raízes e opções (Santos,
1998b) estão intimamente ligadas, co-evoluindo.

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Bibliografia
 https://www.afro.who.int/pt/regional-director/speeches-messages/dia-da-

medicina-tradicional-africana-2021

 https://www.polbr.med.br/2019/05/02/doenca-mental-e-antropologia-mental-

illness-and-anthropology/

 https://pt.wikipedia.org/wiki/Medicina_tradicional_africana#Liga

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