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Universidade Federal Rural de Pernambuco 1

Programa de Pós-Graduação em Fitopatologia


Princípios e Métodos em Fitopatologia (2009)

Unidade 5

Sintomatologia de Doenças de Plantas


Sami J. Michereff

1. Introdução
Sintomatologia é a parte da Fitopatologia que do patógeno quando exteriorizadas no tecido
estuda os sintomas e sinais, visando a diagnose de doente (Fig. 5.1). A seqüência completa dos
doenças de plantas. Sintoma é qualquer sintomas que ocorrem durante o desenvolvimento
manifestação das reações da planta a um agente de uma doença constitui o quadro
nocivo, enquanto sinais são estruturas ou produtos sintomatológico.

Sintoma - mancha foliar Sintoma - galha Sintoma - verrugose


Pinta-preta do tomateiro Meloidoginose da cenoura Verrugose do abacateiro
(Alternaria solani) (Meloidogyne spp.) (Sphaceloma perseae)

Sinal Sinal Sinal


Crescimento micelial e esporulação Ascostromas de Spaerodothis Esclerócios e crescimento micelial de
de Geotrichum candidum torrendiella Sclerotium rolfsii
(Podridão azeda da batata-baroa) (Lixa do coqueiro) (Murcha-de-esclerócio do feijoeiro)

Figura 5.1. Sntomas e sinais de doenças de plantas.


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Na maioria dos casos, a sintomatologia é 2. Classificação dos Sintomas


estudada de maneira objetiva, considerando-se
apenas os sintomas perceptíveis pela visão, tato,
Os sintomas de doenças de plantas podem ser
olfato e paladar, visto que a finalidade da
classificados de acordo com vários critérios.
sintomatologia se restringe à rápida diagnose da
Entretanto, qualquer que seja o critério, ele é
doença.
sempre arbitrário, não sendo possível separar
A resposta de um vegetal ao ataque de um completamente os sintomas em classes ou grupos
patógeno é variável e muitas vezes semelhante a definidos. Não existem sintomas isolados, uma vez
reações provocadas por outros agentes não que são resultantes de alterações fisiológicas ao
infecciosos. Este fato faz com que a diagnose de nível de células e tecidos, estando todos
uma doença infecciosa seja uma tarefa árdua, interligados dentro do quadro sintomatológico (Fig.
requerendo um conhecimento bastante sólido das 5.2). Contudo, como a sintomatologia visa a
interferências que uma planta ou população de diagnose da doença, para facilitar essa atividade
plantas pode estar sujeita em um determinado os sintomas são padronizados e agrupados.
ambiente.

Figura 5.2. Representação esquemática das funções básicas da planta e sintomas causados por alguns
tipos de doenças [adaptado de Agrios (1997)].
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Os sintomas podem ser classificados conforme a sintomas primários, resultantes da ação direta do
localização em relação ao patógeno, as patógeno sobre os tecidos do órgão afetado (Ex.:
alterações produzidas no hospedeiro e a estrutura manchas foliares e podridões de frutos), e sintomas
e/ou processos afetados. secundários ou reflexos, exibidos pela planta em
órgãos distantes do local de ação do patógeno
Conforme a localização em relação ao
(Ex.: subdesenvolvimento da planta e murchas
patógeno, os sintomas podem ser separados em
vasculares) (Fig. 5.3).

Sintoma primário - mancha Sintoma primário - mancha Sintoma primário - verrugose


Cercosporiose do caupi Alternariose da couve-chinesa Verrugose do maracujá
(Cercospora cannescens) (Alternaria brassicae) (Cladosporium herbarum)

Sintoma secundário - murcha Sintoma secundário - murcha Sintoma secundário - murcha


Murcha bacteriana do pimentão Mal-do-Panamá da bananeira Murcha-de-esclerócio do feijoeiro
(Ralstonia solanacearum) (Fusarium oxysporum f.sp. cubense) (Sclerotium rolfsii)

Figura 5.3. Sntomas primários e secundários de doenças de plantas.

A doença pode provocar alterações no hábito os sintomas caracterizam-se por lesões na planta
de crescimento da planta, como ou em um de seus órgãos, como manchas
superbrotamento, nanismo, esverdeamento das necróticas, podridões e secas de ponteiro, sendo
flores e escurecimento dos vasos, sendo denominados sintomas lesionais (Fig. 5.4).
denominados sintomas habituais. Em outros casos,
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Sintoma habitual - superbrotamento Sintoma habitual - Sintoma habitual -


Malformação floral da mangueira subdesenvolvimento subdesenvolvimento
(Fusarium subglutinans) Mosaico do mamoeiro Virose do pimentão
(Papaya ringspot mosaic virus) (Geminivirus)

Sintoma lesional - mancha Sintoma lesional - mancha Sintoma lesional - podridão


Cercosporiose da alface Queima das folhas do inhame Antracnose da pêra
(Cercospora longissima) (Curvularia eragrostidis) (Colletotrichum gloeosporioides)

Figura 5.4. Sintomas habituais e lesionais de doenças de plantas.

Um dos critérios mais utilizados na classificação citoplasma. Ex.: melanose em folhas e frutas
de sintomas se baseia nas alterações da estrutura cítricas, causada por Phomopsis citri (Fig. 5.5).
e/ou de processos do hospedeiro, podendo ser
• Plasmólise: perda de turgescência das células,
separados em sintomas histológicos, sintomas
cujo protoplasma perde água devido aos
fisiológicos e sintomas morfológicos.
distúrbios na membrana citoplasmática. Ex.:
podridões moles de órgãos de reserva causadas
2.1. Sintomas Histológicos por Pectobacterium spp. (Fig. 5.5).
• Vacuolose: formação anormal dos vacúolos
Quando as alterações ocorrem a nível celular, no protoplasma das células, levando à
incluindo: degeneração.
• Granulose: produção de partículas granulares
ou cristalinas em células degenerescentes do
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Granulose Plasmólise Plasmólise


Melanose dos citros Podridão mole da batata Podridão mole da alface
(Phomopsis citri) (Pectobacterium spp.) (Pectobacterium spp.)

Figura 5.5. Sintomas histológicos de doenças de plantas: granulose e plasmólise.

2.2. Sintomas Fisiológicos hospedeiro. Essas interferências podem se


manifestar como distúrbios que resultam do
acúmulo ou falta de hidrato de carbono,
Quando as alterações ocorrem na fisiologia do aminoácidos, sais minerais, hormônios, enzimas ou
hospedeiro, incluindo: até mesmo no balanço energético da planta. Ex.:
em tomateiro atacado por Ralstonia
• Utilização direta de nutrientes do hospedeiro: solanacearum, ocorre a descoloração vascular
todos os patógenos, por serem heterotróficos, são (resultado do acúmulo de melanina) e a produção
incapazes de sintetizar seu próprio alimento, de raízes adventícias (excessiva produção de
necessitando de carbohidratos e proteínas do auxinas sob o estímulo da bactéria).
hospedeiro para seu desenvolvimento. Ex.: em
centeio, a produção de grãos é inversamente
proporcional à produção de esclerócios de 2.3. Sintomas Morfológicos
Claviceps purpurea, agente do esporão.
Quando as alterações exteriorizam-se ao nível
• Aumento na respiração do hospedeiro: todo o de órgão, com modificações visíveis na forma ou
processo infeccioso nos tecidos do hospedeiro na anatomia. Dependendo do tipo de
gera na área lesionada um aumento na taxa de modificação exibida pelo órgão afetado, os
respiração das células atacadas e adjacentes. Ex.: sintomas morfológicos podem ser qualificados
plantas de trigo atacadas por Ustilago tritici, como necróticos ou plásticos.
agente do carvão, apresentam um aumento de
20% na taxa de respiração em relação a plantas 2.3.1. Sintomas Necróticos
sadias.
Necroses são caracterizadas pela
• Alteração na transpiração do hospedeiro: degeneração do protoplasma, seguida de morte
conforme o estádio de colonização pelo de células, tecidos e órgãos. Sintomas necróticos
patógeno, o hospedeiro pode apresentar aumento presentes antes da morte do protoplasma são
ou redução na taxa de transpiração. Ex.: plantas chamados plesionecróticos, enquanto são
de bananeira e tomateiro, quando infectadas por denominados holonecróticos aqueles expressos
Fusarium oxysporum, agente de murchas após a morte do protoplasma.
vasculares, exibem nos primeiros dias do ataque
um aumento na taxa de transpiração e, mais a) Sintomas Plesionecróticos
tarde, quando a murcha está avançada, ocorre
uma baixa taxa de respiração e inibição do Caracterizam-se pela degeneração
sistema de transpiração. protoplasmática e desorganização funcional das
células, sendo mais freqüentes:
• Interferência nos processos de síntese: a
interferência pode se processar diretamente, como • Amarelecimento: causado pela destruição da
na maior parte das doenças foliares, em que clorofila (destruição do pigmento ou dos
ocorre a destruição da superfície da folha pela cloroplastos), sendo mais freqüente nas folhas e
ação direta do patógeno, ou indiretamente, uma com intensidade variando desde leve
vez que os processos são sempre acompanhados descoramento do verde normal até amarelo
de interferência nas vias metabólicas do brilhante. Ex.: halo amarelado ao redor de
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manchas causadas por Cercospora spp. e • Murcha: estado flácido das folhas ou brotos
Curvularia eragrostidis (Fig. 5.6). devido à falta de água, geralmente causada por
distúrbios nos tecidos vasculares e/ou radiculares.
• Encharcamento: também conhecido por
As células das folhas e de outros órgãos aéreos
"anasarca", é a condição translúcida do tecido
perdem a turgescência, resultando em
encharcado devido à expulsão de água das
definhamento do tecido ou órgão. A murcha pode
células para os espaços intercelulares. É a primeira
ser permanente, resultando na morte dos órgãos
manifestação de muitas doenças com sintomas
afetados, ou temporária, com plantas murchas nos
necróticos, principalmente daquelas causadas por
períodos quentes do dia, mas recuperando a
bactérias e fungos. Ex.: encharcamento causado
turgidez durante a noite. Ex.: murchas causadas
por Plasmopara viticola em folhas de videira (Fig.
por patógenos vasculares, como Fusarium
5.6).
oxysporum e Ralstonia solanacearum (Fig. 5.6).

Amarelecimento - halo Encharcamento Murcha


Queima das folhas do inhame Míldio da videira Murcha bacteriana do tomateiro
(Curvularia eragrostidis) (Plasmopara viticola) (Ralstonia solanacearum)

Figura 5.6. Sintomas plesionecróticos de doenças de plantas: amarelecimento, encharcamento e murcha.

b) Sintomas Holonecróticos planta, caracterizando uma redução no estande


de semeadura, é denominado "tombamento de
Podem se desenvolver em qualquer parte da pré-emergência", enquanto se ocorre após a
planta doente e são característicos da morte das emergência da planta é denominado
células, provocando mudanças de coloração do "tombamento de pós-emergência". Ex.:
órgão afetado. Dentre os sintomas holonecróticos tombamentos causados por fitopatógenos
mais comuns podem ser citados: habitantes do solo, como Rhizoctonia solani e
Pythium spp. (Fig. 5.7).
• Cancro: lesões necróticas deprimidas, mais
freqüentes nos tecidos corticais de caules, raízes e • Crestamento: necrose repentina de órgãos
tubérculos. Eventualmente este tipo de sintoma é aéreos (folhas, flores e brotações), também
observado em folhas e frutos. Ex.: cancro em folhas denominado "requeima". Ex.: crestamento das
e frutos de plantas cítricas, causado por folhas do tomateiro causado por Phytophthora
Xanthomonas campestris pv. citri; cancro no caule infestans (Fig. 5.7).
de várias culturas causado por Rhizoctonia solani • Escaldadura: descoramento da epiderme e
(Fig. 5.7). de tecidos adjacentes em órgãos aéreos,
• Tombamento: tombamento de plântulas, parecendo que este foi escaldado por água
resultante da podridão de tecidos tenros da base fervente. Ex.: escaldadura da folha da cana-de-
do caulículo, também denominado "damping-off". açúcar, causado por Xanthomonas albilineans (Fig.
Se a podridão ocorrer antes da emergência da 5.7).
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Cancro Cancro Cancro


Rhizoctoniose do caupi Cancro cítrico Cancro da videira
(Rhizoctonia solani) (Xanthomonas campestris pv. citri) (Xanthomonas campestris pv. viticola)

Crestamento Tombamento Escaldadura


Requeima do tomateiro Rhizoctoniose do caupi Escaldadura da cana-de-açúcar
(Phytophthora infestans) (Rhizoctonia solani) (Xanthomonas albilineans)

Figura 5.7. Sintomas holonecróticos de doenças de plantas: cancro, crestamento, tombamento e


escaldadura.

• Estria: lesão alongada, estreita, paralela à córtex ou o lenho de espécies frutíferas. Ex.:
nervura das folhas de gramíneas. Ex: folhas de gomose em ramos de meloeiro causada por
cana-de-açúcar com estria vermelha, causada Didymella bryoniae; gomose em frutos de abacaxi
por Pseudomonas rubrilineans (Fig. 5.8). causada por Fusarium subglutinans (Fig. 5.8).
• Gomose: exsudação de goma a partir de
lesões provocadas por patógenos que colonizam o
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Estria Gomose Gomose


Estria vermelha da cana-de-açúcar Podridão gomosa do meloeiro Fusariose do abacaxi
(Pseudomonas rubrilineans) (Didymella bryoniae) (Fusarium subglutinans)

Figura 5.8. Sintomas holonecróticos de doenças de plantas: estria e gomose.

• Mancha: morte de tecidos foliares, que se angular do feijoeiro, causada por Phaeoisariopsis
tornam secos e pardos (Fig. 5.9). A forma das griseola) ou irregular (Ex.: helmintosporiose do
manchas foliares varia com o tipo de patógeno milho, causada por Exserohilum turcicum). Embora
envolvido, podendo ser circular, com manchas sejam mais comuns em folhas, podem
pronunciadas zonas concêntricas (Ex.: mancha de estar presentes em flores, frutos, vagens ou ramos
Alternaria em tomateiro e brócolis), angular, (Fig. 5.10).
delimitada pelos feixes vasculares (Ex.: mancha

Mancha Mancha Mancha


Cercosporiose do pimentão Helmintosporiose do sorgo Sigatoka-amarela da bananeira
(Cercospora capsici) (Exserohilum turcicum) (Pseudocercospora musae)

Figura 5.9. Sintomas holonecróticos de doenças de plantas: mancha.


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Mancha anelar Mancha angular Mancha concêntrica


Mancha anelar da cana-de-açúcar Mancha angular do feijoeiro Alternariose do brócoli
(Leptosphaeria sacchaii) (Phaeoisariopsis griseola) (Alternaria brassicicola)

Figura 5.10. Sintomas holonecróticos de doenças de plantas: tipos de manchas.

• Morte dos ponteiros: morte progressiva de causada por Monilinia fructicola; antracnose da
ponteiros e ramos jovens de árvores. Ex.: morte pinha, causada por Colletotrichum gloeosporioides
descendente da mangueira, causada por (Fig. 5.11).
Lasiodiplodia theobromae (Fig. 5.11).
• Perfuração: queda de tecidos necrosados em
• Mumificação: aparece nas fases finais de folhas, provocada pela formação de uma
certas doenças de frutos, caracterizando-se pelo camada de abcisão ao redor dos sintomas. Ex:
secamento rápido de frutos apodrecidos, com folha de pessegueiro com chumbinho, causado
conseqüente enrugamento e escurecimento, por Stigmina carpophila; folha de beterraba com
formando uma massa dura, conhecida como cercosporiose, causada por Cercospora beticola
múmia. Ex: podridão parda do pessegueiro, (Fig. 5.11).

Morte dos ponteiros Mumificação Perfuração


Morte descendente da mangueira Antracnose da pinha Cercosporiose da beterraba
(Lasiodiplodia theobromae) (Monilinia fructicola) (Cercospora beticola)

Figura 5.11. Sintomas holonecróticos de doenças de plantas: morte dos ponteiros, mumificação e
perfuração.
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• Podridão: aparece quando o tecido podridão, o sintoma pode ser especificado como
necrosado encontra-se em fase adiantada de podridão mole, podridão dura, podridão negra,
desintegração. Dependendo do aspecto da podridão branca, etc. (Fig. 5.12).

Podridão Podridão Podridão


Podridão azul da laranja Podridão radicular do feijoeiro Podridão azeda da cenoura
(Penicillium italicum) (Fusarium solani f.sp. phaseoli) (Geotrichum candidum)

Figura 5.12. Sintomas holonecróticos de doenças de plantas: podridão.

• Pústula: caracterizado por pequena mancha esporos do fungo. Ex: ferrugens em vários
necrótica, com elevação da epiderme, que se hospedeiros (Fig. 5.13).
rompe por força da produção e exposição de

Pústula Pústula Pústula


Ferrugem do feijoeiro Ferrugem da goiabeira Ferrugem branca do rabanete
(Uromyces appendiculatus) (Puccinia psidii) (Albugo candida)

Figura 5.13. Sintomas holonecróticos de doenças de plantas: pústula.


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2.3.2. Sintomas Plásticos • Albinismo: falta congênita da produção de


clorofila, apresentando-se, geralmente, como
Anomalias no crescimento, multiplicação ou variegações brancas nas folhas, mas podendo, em
diferenciação de células vegetais geralmente certos casos, tomar todo o órgão. Ex.: albinismo
levam a distorções nos órgãos da planta. Essas causado pela virose da catléia (Fig. 5.14).
anomalias são conhecidas como sintomas • Clorose: esmaecimento do verde em órgãos
plásticos. clorofilados, decorrente da falta de clorofila.
Diferencia-se do albinismo pelos órgãos não
a) Sintomas Hipoplásticos ficarem totalmente brancos. Ex.: clorose em folhas
de citrus causada por Xylella fastidiosa (Fig. 5.14).
Subdesenvolvimento das plantas devido à • Estiolamento: sintoma complexo, que embora
redução ou supressão na multiplicação ou seja classificado como hipoplástico pela falta de
crescimento das células. produção de clorofila, envolve hiperplasia das
células, com alongamento do caule (Fig. 5.14).
Os sintomas hipoplásticos mais comuns em
doenças de plantas são:

Albinismo Clorose Estiolamento


Virose da catléia Clorose variegada dos citros Estiolamento do caupi
(Vírus) (Xylella fastidiosa) (Deficiência de luz)

Figura 5.14. Sintomas hipoplásticos de doenças de plantas: albinismo, clorose e estiolamento.

• Enfezamento: redução no tamanho da planta algumas viroses. Ex.: folhas de mamoeiro com
toda ou de seus órgãos, também conhecido por mosaico, causado pelo vírus do mosaico anelar do
"nanismo". Ex.: plantas de milho com nanismo, mamoeiro (Fig. 5.15).
causado pelo vírus do nanismo do milho (Fig. 5.15).
• Roseta: encurtamento dos entrenós, brotos ou
• Mosaico: em áreas cloróticas aparecem ramos, resultando no agrupamento de folhas em
intercaladas com áreas sadias (verde mais escuro) rosetas. Ex.: plantas de abacaxi infectadas por
nos órgãos aclorofilados. Sintoma típico de Fusarium subglutinans (Fig. 5.15).
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Enfezamento Mosaico Roseta


Nanismo do milho Mosaico do mamoeiro Roseta da roseira
(Spiroplasma kunkelli) (Papaya ringspot mosaic virus) (Virus)

Figura 5.15. Sintomas hipoplásticos de doenças de plantas: albinismo, clorose e estiolamento.

b) Sintomas Hiperplásticos ação de patógenos. Ex.: plantas de tomateiro


infectadas pelo vírus do vira-cabeça, no estádio
Quando ocorre superdesenvolvimento, inicial da doença; folhas de videira bronzeadas
normalmente decorrente de hipertrofia (aumento devido à infecção pelo vírus do enrolamento da
do volume das células) e/ou hiperplasia folha (Fig. 5.16).
(multiplicação exagerada das células). Os sintomas • Encarquilhamento: também conhecido como
hiperplásticos mais freqüentes em plantas são: "encrespamento", representa uma deformação de
• Bolhosidade: aparecimento, no limbo foliar, de órgãos da planta, resultado do crestamento
saliências de aparência bolhosa. Ex.: bolhosidade (hiperplasia ou hipertrofia) exagerado de células,
causada pelo vírus do mosaico severo em folhas localizado em apenas uma parte do tecido. Ex.:
de caupi (Fig. 5.16). folhas de pessegueiro com crespeira, causada por
Taphrina deformans (Fig. 5.16).
• Bronzeamento: mudança de cor da epiderme,
que fica com cor de cobre (bronzeada) devido à

Bolhosidade Bronzeamento Encarquilhamento


Mosaico severeo do caupi Enrolamento da folha da videira Crespeira do pessegueiro
(Cowpea severe mosaic virus) (Closterovirus) (Taphrina deformans)

Figura 5.16. Sintomas hiperplásticos de doenças de plantas: bolhosidade, bronzeamento e


encarquilhamento.
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• Epinastia: curvatura da folha ou do ramo para • Galha: desenvolvimento anormal de tecidos


baixo, devido à rápida expansão da superfície de plantas resultante da hipertrofia e/ou
superior desses órgãos. Ex.: epinastia da mostarda, hiperplasia de suas células. Ex.: galhas nas raízes de
causada por Beet curly top virus (Fig. 5.17). vários hospedeiros causadas por Meloidogyne spp;
galha em rosáceas, causada por Agrobacterium
• Fasciação: estado achatado, muito
tumefaciens (Fig. 5.17).
ramificado e unido de órgãos da planta.

Epinastia Fasciação Galha


Epinastia da mostarda Fasciação basal do gerânio Meloidoginose do quaibeiro
(Beet curly top virus) (Rhodococcus fascians) (Meloidogyne spp.)

Galha Galha Galha


Meloidoginose da cenoura Gallha da coroa da videira Hérnia das crucíferas
(Meloidogyne spp.) (Agrobacterium tumefaciens) (Plasmodiophora brassicae)

Figura 5.17. Sintomas hiperplásticos de doenças de plantas: epinastia, fasciação e galha.

• Intumescência: também conhecido como gemas axiais com a formação de tubérculos


tumefação, consiste em pequena inchação ou aéreos no caule.
erupção epidérmica resultante da hipertrofia
• Superbrotamento: ramificação excessiva do
pronunciada das células epidermais ou
caule, ramos ou brotações florais. Algumas vezes,
subepidermais, devido ao acúmulo excessivo de
os órgãos afetados adquirem formato semelhante
água, goma sob a epiderme ou outras causas. Ex.:
ao de uma vassoura, sendo então denominado
em batata com canela preta, causada por
"vassoura-de-bruxa". Ex.: plantas de cacaueiro com
Pectobacterium spp., ocorre o intumescimento das
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vassoura-de-bruxa, causada por Crinipellis paredes celulares. Caracteriza-se por lesões


perniciosa. (Fig. 5.18). salientes e ásperas em frutos, tubérculos e folhas.
Ex.: verrugose em frutos cítricos, causada por
• Verrugose (sarna): crescimento excessivo de
Elsinoe spp.; lixa do coqueiro, causada por
tecidos epidérmicos e corticais, geralmente
Sphaerodothis torrendiella; sarna da macieira,
modificados pela ruptura e suberificação das
causada por Venturia inaequalis (Fig. 5.18).

Superbrotamento Verrugose Verrugose


Vassoura-de-bruxa do cacau Verrugose dos citros Lixa do coqueiro
(Crinipellis perniciosa) (Elsinoe spp.) (Sphaerodothis torrendiela)

Verrugose Verrugose Verrugose


Verrugose do maracujá Sarna da maça Sarna da batata
(Cladosporium herbarum) (Venturia inaequalis) (Streptomyces scabies)

Figura 5.18. Sintomas hiperplásticos de doenças de plantas: superbrotamento e verrugose.

• Virescência: formação de clorofila nos tecidos A importância relativa de cada sintoma pode
ou órgãos normalmente aclorofilados. Ex.: variar, dependendo da sua duração e intensidade,
tubérculos de batata armazenados com presença bem como do hábito ou forma de vida da planta
de luz. afetada.
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3. Sinais de uredosporos ou teliosporos produzidas em


pústulas por fungos causadores de ferrugens em
diversas plantas. Em algumas doenças, como os
Além de estruturas patogênicas (células
carvões, os sinais confundem-se com os sintomas.
bacterianas, micélio, esporos e corpos de
frutificação fúngicos, ovos de nematóides, etc.), Exsudações viscosas compostas de células
exsudações ou cheiros provenientes das lesões bacterianas liberados de órgãos atacados
podem ser considerados como sinais. Em geral, os constituem importantes sinais para a diagnose,
sinais ocorrem num estádio mais avançado do como ocorre com talos de tomateiro infectados
processo infeccioso da planta. Como exemplos, por Ralstonia solanacearum quando submetidos a
podem ser citados: frutificações de alguns fungos, condições de alta umidade (Fig. 5.19). Como
como esclerócios de Sclerotium rolfsii em feijoeiro exemplo de odor que constitui sinal de doença
(Fig. 5.1); picnídios de Lasiodiplodia theobromae pode-se citar o mau cheiro emanado do colmo de
em ramos e frutos de manga (Fig. 5.19); peritécios cana-de-açúcar atacado por Pseudomonas
de Giberella em trigo; apotécios de Sclerotinia em rubrilineans.
soja; micélio branco de Oidium em caupi; massa

Sinal – micélio e esporos Sinal – picnídios Sinal – micélio e esporos


Podridão cinzenta do morango Morte descendente da mangueira Oídio da videira
(Botrytis cinerea) (Lasiodiplodia theobromae) (Oidium spp.)

Sinal – exsudação Sinal – esporos Sinal – micélio e esporos


Murcha bacteriana da batata Podridão negra da cebola Podridão do mamoeiro
(Ralstonia solanacearum) (Aspergillus niger) (Phytophthora palmivora)

Figura 5.19. Sinais de doenças de plantas.


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