Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Unidade 5
1. Introdução
Sintomatologia é a parte da Fitopatologia que do patógeno quando exteriorizadas no tecido
estuda os sintomas e sinais, visando a diagnose de doente (Fig. 5.1). A seqüência completa dos
doenças de plantas. Sintoma é qualquer sintomas que ocorrem durante o desenvolvimento
manifestação das reações da planta a um agente de uma doença constitui o quadro
nocivo, enquanto sinais são estruturas ou produtos sintomatológico.
Figura 5.2. Representação esquemática das funções básicas da planta e sintomas causados por alguns
tipos de doenças [adaptado de Agrios (1997)].
Princípios e Métodos em Fitopatologia (2009) 3
Os sintomas podem ser classificados conforme a sintomas primários, resultantes da ação direta do
localização em relação ao patógeno, as patógeno sobre os tecidos do órgão afetado (Ex.:
alterações produzidas no hospedeiro e a estrutura manchas foliares e podridões de frutos), e sintomas
e/ou processos afetados. secundários ou reflexos, exibidos pela planta em
órgãos distantes do local de ação do patógeno
Conforme a localização em relação ao
(Ex.: subdesenvolvimento da planta e murchas
patógeno, os sintomas podem ser separados em
vasculares) (Fig. 5.3).
A doença pode provocar alterações no hábito os sintomas caracterizam-se por lesões na planta
de crescimento da planta, como ou em um de seus órgãos, como manchas
superbrotamento, nanismo, esverdeamento das necróticas, podridões e secas de ponteiro, sendo
flores e escurecimento dos vasos, sendo denominados sintomas lesionais (Fig. 5.4).
denominados sintomas habituais. Em outros casos,
Princípios e Métodos em Fitopatologia (2009) 4
Um dos critérios mais utilizados na classificação citoplasma. Ex.: melanose em folhas e frutas
de sintomas se baseia nas alterações da estrutura cítricas, causada por Phomopsis citri (Fig. 5.5).
e/ou de processos do hospedeiro, podendo ser
• Plasmólise: perda de turgescência das células,
separados em sintomas histológicos, sintomas
cujo protoplasma perde água devido aos
fisiológicos e sintomas morfológicos.
distúrbios na membrana citoplasmática. Ex.:
podridões moles de órgãos de reserva causadas
2.1. Sintomas Histológicos por Pectobacterium spp. (Fig. 5.5).
• Vacuolose: formação anormal dos vacúolos
Quando as alterações ocorrem a nível celular, no protoplasma das células, levando à
incluindo: degeneração.
• Granulose: produção de partículas granulares
ou cristalinas em células degenerescentes do
Princípios e Métodos em Fitopatologia (2009) 5
manchas causadas por Cercospora spp. e • Murcha: estado flácido das folhas ou brotos
Curvularia eragrostidis (Fig. 5.6). devido à falta de água, geralmente causada por
distúrbios nos tecidos vasculares e/ou radiculares.
• Encharcamento: também conhecido por
As células das folhas e de outros órgãos aéreos
"anasarca", é a condição translúcida do tecido
perdem a turgescência, resultando em
encharcado devido à expulsão de água das
definhamento do tecido ou órgão. A murcha pode
células para os espaços intercelulares. É a primeira
ser permanente, resultando na morte dos órgãos
manifestação de muitas doenças com sintomas
afetados, ou temporária, com plantas murchas nos
necróticos, principalmente daquelas causadas por
períodos quentes do dia, mas recuperando a
bactérias e fungos. Ex.: encharcamento causado
turgidez durante a noite. Ex.: murchas causadas
por Plasmopara viticola em folhas de videira (Fig.
por patógenos vasculares, como Fusarium
5.6).
oxysporum e Ralstonia solanacearum (Fig. 5.6).
• Estria: lesão alongada, estreita, paralela à córtex ou o lenho de espécies frutíferas. Ex.:
nervura das folhas de gramíneas. Ex: folhas de gomose em ramos de meloeiro causada por
cana-de-açúcar com estria vermelha, causada Didymella bryoniae; gomose em frutos de abacaxi
por Pseudomonas rubrilineans (Fig. 5.8). causada por Fusarium subglutinans (Fig. 5.8).
• Gomose: exsudação de goma a partir de
lesões provocadas por patógenos que colonizam o
Princípios e Métodos em Fitopatologia (2009) 8
• Mancha: morte de tecidos foliares, que se angular do feijoeiro, causada por Phaeoisariopsis
tornam secos e pardos (Fig. 5.9). A forma das griseola) ou irregular (Ex.: helmintosporiose do
manchas foliares varia com o tipo de patógeno milho, causada por Exserohilum turcicum). Embora
envolvido, podendo ser circular, com manchas sejam mais comuns em folhas, podem
pronunciadas zonas concêntricas (Ex.: mancha de estar presentes em flores, frutos, vagens ou ramos
Alternaria em tomateiro e brócolis), angular, (Fig. 5.10).
delimitada pelos feixes vasculares (Ex.: mancha
• Morte dos ponteiros: morte progressiva de causada por Monilinia fructicola; antracnose da
ponteiros e ramos jovens de árvores. Ex.: morte pinha, causada por Colletotrichum gloeosporioides
descendente da mangueira, causada por (Fig. 5.11).
Lasiodiplodia theobromae (Fig. 5.11).
• Perfuração: queda de tecidos necrosados em
• Mumificação: aparece nas fases finais de folhas, provocada pela formação de uma
certas doenças de frutos, caracterizando-se pelo camada de abcisão ao redor dos sintomas. Ex:
secamento rápido de frutos apodrecidos, com folha de pessegueiro com chumbinho, causado
conseqüente enrugamento e escurecimento, por Stigmina carpophila; folha de beterraba com
formando uma massa dura, conhecida como cercosporiose, causada por Cercospora beticola
múmia. Ex: podridão parda do pessegueiro, (Fig. 5.11).
Figura 5.11. Sintomas holonecróticos de doenças de plantas: morte dos ponteiros, mumificação e
perfuração.
Princípios e Métodos em Fitopatologia (2009) 10
• Podridão: aparece quando o tecido podridão, o sintoma pode ser especificado como
necrosado encontra-se em fase adiantada de podridão mole, podridão dura, podridão negra,
desintegração. Dependendo do aspecto da podridão branca, etc. (Fig. 5.12).
• Pústula: caracterizado por pequena mancha esporos do fungo. Ex: ferrugens em vários
necrótica, com elevação da epiderme, que se hospedeiros (Fig. 5.13).
rompe por força da produção e exposição de
• Enfezamento: redução no tamanho da planta algumas viroses. Ex.: folhas de mamoeiro com
toda ou de seus órgãos, também conhecido por mosaico, causado pelo vírus do mosaico anelar do
"nanismo". Ex.: plantas de milho com nanismo, mamoeiro (Fig. 5.15).
causado pelo vírus do nanismo do milho (Fig. 5.15).
• Roseta: encurtamento dos entrenós, brotos ou
• Mosaico: em áreas cloróticas aparecem ramos, resultando no agrupamento de folhas em
intercaladas com áreas sadias (verde mais escuro) rosetas. Ex.: plantas de abacaxi infectadas por
nos órgãos aclorofilados. Sintoma típico de Fusarium subglutinans (Fig. 5.15).
Princípios e Métodos em Fitopatologia (2009) 12
• Virescência: formação de clorofila nos tecidos A importância relativa de cada sintoma pode
ou órgãos normalmente aclorofilados. Ex.: variar, dependendo da sua duração e intensidade,
tubérculos de batata armazenados com presença bem como do hábito ou forma de vida da planta
de luz. afetada.
Princípios e Métodos em Fitopatologia (2009) 15
4. Bibliografia Consultada
AGRIOS, G.N. Introduction. In: AGRIOS, G.N. Plant
pathology. 5. ed. San Diego: Elsevier Academic
Press, 2005. p.3-75.
BLUM, L.E.B. Sintomatologia: estudo dos sintomas e
sinais. In: BLUM, L.E.B.; CARES, J.C.; UESUGI, C.H.
(Eds.). Fitopatologia: o estudo das doenças de
plantas. Brasília: Otimismo, 2006. p.28-37.
KENAGA, C.B. Plant disease concept, definitions,
symptoms and classification. In: KENAGA, C.B.
Principles of phytopathology. 2. ed. Lafayette:
Balt, 1974. p.12-31
LUCAS, J.A. The diseased plant. In: LUCAS, J.A. Plant
pathology and plant pathogens. 3. ed. London:
Blackwell Science, 1998. p.5-19.
PONTE, J.J. Sintomatologia. In: PONTE, J.J.
Fitopatologia: princípios e aplicações. 2. ed. São
Paulo: Nobel, 1986. p.49-60.
ROBERTS, D.A.; BOOTHROYD, C.W. Morphological
symptoms of disease in plants. In: ROBERTS, D.A.;
BOOTHROYD, C.W. Fundamentals of plant
pathology. 2. ed. New York: W.H. Freeman, 1984.
p.28-42.
SALGADO, C.L.; AMORIM, L. Sintomatologia. In:
BERGAMIN FILHO, A.; KIMATI, H.; AMORIM, L.
(Eds.). Manual de fitopatologia: princípios e
conceitos. 3. ed. São Paulo: Agronômica Ceres,
1995. v.1, p.212-223.
SCHUMAN, G.L.; D’ARCY, C.J. What types of plant
diseases are there? In: SCHUMAN, G.L.; D’ARCY,
C.J. Essential plant pathology. Paul: APS Press,
2006. p.141-175.
SEMAL, J.; LEPOIVRE, P. Les maladies des plantes:
concepts généraux. In: LEPOIVRE, P. (Ed.).
Phytopathologie: bases moléculaires et
biologiques dês pathosystèms et fondementes
dês stratégies de lutte. Bruxelles: De Boeck &
Larcier, 2003. p.9-22.