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ESCOLA SUPERIOR DE

DESENVOLVIMENTO RURAL

FITOPATOLOGIA

Sintomatologia e Diagnose das Doenças


das Plantas

Eng. Teofilo Langa (MSc)


2021
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Sintomatologia
 Sintoma: expressão visível ou detectável das reacções da
planta a um agente nocivo.
 Ex: podridões, manchas necróticas

 Sinais: estruturas do patógeno exteriorizadas no tecido


doente
 Ex: células bacterianas,
– Micélio
– Esporos,
– Corpos de frutificação fúngicos,
– Ovos de nemátodos
– Exsudações ou cheiros

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 Exemplos de sinais:

 Frutificações de alguns fungos, como esclerócios de Sclerotium


rolfsii em feijoeiro,

 Picnídios de Lasiodiplodia theobromae em frutos de manga,

 Peritécios de Giberella em trigo,

 Apotécios de Sclerotinia em soja,

 Micélio branco de Oidium em caupi,

 Massa de uredosporos ou teliosporos produzidas em pústulas


por fungos causadores de ferrugens em diversas plantas

 mau cheiro batata Erwinia


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Sintomatologia
Quadro sintomatológico: é a sequência completa de
sintomas que ocorrem durante o desenvolvimento
da doença.

Classificação dos sintomas


 Os sintomas podem ser classificados segundo:
1. Localização em relação ao patógeno
2. Estrutura e/ou processos afetados.

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Classificação dos sintomas
1. Classificação segundo a localização do sintoma em
relação ao patógeno

 Sintomas primários
Aqueles resultantes da acção directa do patógeno sobre os
tecidos do órgão afectado
Ex: manchas necróticas nas folhas e podridão de frutos
(Cercospora cannescens ), Cladosporium herbarum

 Sintomas secundários ou reflexos


Aqueles exibidos pela planta em órgãos distantes do local de
acção do patógeno
Ex: Murchidão provocada pela podridão do colo
Sclerotium rolfsii
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Classificação dos sintomas
2. Classificação segundo as estruturas ou processos
afectados

2.1. Sintomas Fisiológicos


– Aumento na respiração do hospedeiro (Ex: carvão do trigo)
– Aumento na taxa de transpiração (Ex: ponta do charuto na
banana)
– Excessiva produção de auxinas (Ex: bactéria)
2.2. Sintomas histológicos ou internos
– Alterações a nível celular que podem ser observáveis
através de exame microscópico das estruturas dos órgãos
afectados

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Classificação dos sintomas

2.3. Sintomas morfológicos ou externos:


alterações da forma e estrutura exibidas pelos órgãos
afectados ou pela planta toda. Estes podem ser:
 Sintomas hiperplásticos,
 Sintomas hipoplásticos,
 Sintomas necróticos,

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Classificação dos sintomas

2.3.1. Sintomas hipertróficos: sintomas representados pelo


crescimento, diferenciação, ou desenvolvimento
excessivo/acelerado dos tecidos ou órgãos, bem como
acumulo excessivo de alguns componentes celulares.
• Hipertrofia: excesso de desenvolvimento no tamanho da
célula
Calo cicatrical
Enrolamento
Escova de bruxa
Epinastia*
Sarna
Galhas
Raízes peludas
Proliferação
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Classificação dos sintomas
• Hiperplasia: excesso de desenvolvimento no número de células
• Abcisão: separação e queda de estruturas vegetais, como folhas,
frutos e flores
• Fasciação: Transformação de tecidos ou órgãos dum tipo para o outro
• Mudança anormal da cor:
Arroxeamento
Bronzeamento
Virescência ou “Greening”

*Epinastia: movimento ou estado de curvatura para fora, causado


pelo crescimento desigual de um órgão.

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Classificação dos sintomas
2.3.1. Sintomas Hipotróficos ou Atróficos:
Reduzido crescimento, diferenciação e desenvolvimento
Hipotrofia: desenvolvimento acima do tamanho normal das
células,
Hipoplasia: desenvolvimento abaixo do normal das células,
ex: nanismo e roseta
Desenvolvimento subnormal, sem ser o tamanho:
ex: aborto, clorose, estiolamento e mosaico.

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Classificação dos sintomas
• 2.3.3. Sintomas necróticos:
Expressões de degeneração do protoplasma seguida de morte
de células, tecidos e órgãos.
• Degeneração do protoplasma precedido de morte de células,
 Encharcamento (water-soaking)
 Mosqueado / Variegado (Mottling)
 Avermelhado
 Murchidão
 Bronzeamento

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Classificação dos sintomas
_ Morte do protoplasma e
desintegração celular,
– Exsudação (ooze/bleeding)
– Queimadura (blight) – Gomose
– Cancro (canker) – Mumificação
– Podridão do colo de plântulas – Perfuração (pitting)
(Damping-off) – Resinose
– Morte do ápice (die-back) – Seca
– Podridão
– Mancha foliar ou do
fruto
– Riscas/estrias
(Streak/listra)
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Diagnóstico de Doenças de Plantas
• Objectivo:
Detectar os agentes primários causadores das doenças
afim de tomar decisões acerca dos métodos de controlo e
prevenção

• Conhecimento necessário:
A biologia das doenças;
As características dos organismos que causam as doenças;
Sintomas e sinais associados aos principais grupos de
doenças

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Diagnóstico de Doenças de Plantas

• Etapas do Diagnóstico de Doenças


Obtenção de informação relevante sobre a doença e as
condições de cultivo da cultura;

Obtenção de boa amostra de plantas doentes;

Exame das plantas e descrição dos sintomas e dos sinais;

Recolha de literatura referente as doenças dessa cultura;

Identificação da doença com a ajuda de chaves de


identificação, compêndios de doenças, instrumentos e
técnicas de diagnostico
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Diagnóstico de Doenças de Plantas

• Diferentes Métodos de diagnóstico


– Inspecção visual dos sintomas
– Identificação das culturas puras dos patógenos
– Métodos bioquímicos
– Exame microscópico
– Métodos imunológicos
– Técnicas de ácido nucleíco

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Diagnóstico de Doenças de Plantas
Método Vantagens Desvantagens
Inspecção visual dos Rápido Requer experiência
sintomas Incerteza do
patógeno causador do
sintomas
Identificação da Características Necessita meios de
cultura pura do taxonómicas e cultivo
patógeno morfológicas É um processo lento
conhecidas
Exame microscópico Conhecidas Microscópicos são
características caros
morfológicas do Requer inspecção
fungo cautelosa
Observação de
inclusões de virus
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Os Postulados de Koch

• Os métodos anteriores tem as seguintes limitações:


não permitem provar a patogenicidade do organismo
detectado,
diferentes organismos podem se desenvolver mo meio de
cultivo,
Como determinar qual dos organismos é o responsável pela
doença?
A resposta a esta pergunta foi formulada em 1882 por um
cientista alemão, Robert Koch, através de procedimentos
que foram posteriormente denominados os “Postulados
de Koch”

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Os postulados de Koch

É um conjunto de procedimentos que visam provar a


patogenicidade dum organismo

Esses procedimentos, estabelecem o seguinte:


1. Determinar se o agente patogénico suspeito está associado a
planta doente;
2. Isolar o agente patogénico suspeito e cultivar o mesmo em
cultura pura;
3. Inocular o hospedeiro susceptível saudavel, com o organismo
isolado, e determinar se a doença foi reproduzida;
4. Re-isolar o organismo infeccioso da planta inoculada e avaliar
as características do isolado, que devem ser semelhantes as
do isolado obtido na etapa 2.

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Os postulados de Koch
• Os postulados de Koch são aplicados a doenças de etiologia
duvidosa ou desconhecida.

• Limitações dos postulados de Koch


• Alguns patógenos são incapazes de se reproduzir
independentemente e dos organismos vivos,
– Ex: fungos parasitas obrigatórios e virus

• Os postulados de Koch são largamente usados para identificar


uma gama muito grande de patógenos fúngicos e bacterianos

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Agrios, pag. 31

DIAGNÓSTICO DAS DOENÇAS


VEGETAIS

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Patógeno ou meio ambiente
• Para diagnosticar uma doença de planta é necessário
primeiro determinar se a doença é causada por um
patógeno ou um fator ambiental.
• Em alguns casos, em que os sintomas típicos de uma
doença ou sinais do patógeno estão presentes, é
bastante fácil para uma pessoa experiente para
determinar não só se a doença é causada por um
patógeno ou um fator ambiental, mas por qual.

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• Freqüentemente, comparando os sintomas com
aqueles listados em livros que listam as doenças
conhecidas e suas causas para hospedeiros
específicos - ou em livros como os da série de
compêndios da American Phytopathological Society
ajudam a estreitar o campo de causas prováveis e
muitas vezes ajudam a identificar a causa da doença.
• Na maioria dos casos, no entanto, um exame
detalhado dos sintomas é necessário para um
diagnóstico correto.

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Identificação de uma doença previamente
desconhecida - Regras de Koch
 Quando um patógeno é encontrado em uma planta doente, o
patógeno é identificado por referência a manuais especiais.

 Se o patógeno é conhecido por causar tal doença e o diagnóstico é


confiante de que nenhum outro agente causal está envolvido, e
então o diagnóstico da doença pode ser considerado concluído.

 Se, no entanto, o patógeno encontrado parece ser a causa da


doença, mas não existem relatos prévios para suportar esta
situação, então são tomadas as seguintes medidas para verificar a
hipótese de que o patógeno isolado é a causa da doença:
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Regras de Koch (Postulados de Koch)
1) O patógeno deve ser encontrado associado com a doença em
todas as plantas doentes examinados.
2) O patógeno deve ser isolado e cultivado em cultura pura em meio
nutritivo, e suas características descritas (parasitas não-
obrigatorios), ou em uma planta hospedeira suscetível (parasitas
obrigatórios), e seu aparecimento registrado.
3) O patógeno da cultura pura deve ser inoculado em plantas
saudáveis ​da mesma espécie ou variedade em que a doença
aparece, e deve produzir a mesma doença nas plantas inoculadas.
4) O patógeno deve ser novamente isolado em cultura pura, e suas
características devem ser exatamente como as da etapa 2. 24
Se todos os passos acima, normalmente conhecidos
como as regras de Koch, foram seguidos e provados
verdadeiros, então o patógeno isolado é identificado
como o organismo responsável pela doença.

As regras de Koch são possíveis de implementar,


embora nem sempre sejam fáceis de executar, com
patógenos como fungos, bactérias, plantas parasitas
superiores, nematóides, alguns vírus, alguns viroides
e os espiroplasmas.
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 Estes organismos podem ser isolados e cultivados, ou podem
ser purificados, e podem então ser introduzidos na planta
para ver se causam a doença.

 Contudo, com os outros agentes patogénicos, tais como


alguns vírus, micoplasmas, bactérias vasculares fastidiosas e
protozoários, cultura ou purificação do patogénio ainda não é
possível e o patogénio muitas vezes não pode ser
reintroduzido na planta para reproduzir a doença.

 Assim, com esses patógenos, as regras de Koch não podem


ser realizadas.
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Fim

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