Você está na página 1de 30

ESCOLA SUPERIOR DE

DESENVOLVIMENTO RURAL

FITOPATOLOGIA
Mecanismos de defesa das plantas

Por Eng° Teófilo Langa (MSc)


1
Aula anterior - revisão
As plantas podem servir de hospedeiro para
inúmeros microrganismos parasíticos (fungos,
bactérias, vírus e outros), ocasionando as doenças
infecciosas.
Como resultado, as plantas podem sofrem alterações
no hábito de crescimento e na produção, podendo
chegar a morrer.

2
Aula anterior - revisão
Contudo, para um patógeno infectar uma planta é
necessário que o mesmo seja capaz de:

– Penetrar e colonizar os tecidos do hospedeiro,


– Retirar os nutrientes necessários para sua
sobrevivência,
– Neutralizar as reacções de defesa das plantas.

Para isso, utiliza-se principalmente de substâncias


tais como enzimas, toxinas e hormonas.

3
Mecanismos de Defesa das Plantas Contra os
Patógenos

Por outro lado, as plantas necessitam se defender


dos microrganismos que as atacam.

As plantas se defendem dos seus patógenos,


através da combinação de duas estratégicas:

Sistema de defesa baseado em barreiras estruturais


Sistema de defesa baseado em barreiras químicas

4
Resistência

Resistência
É a capacidade da planta em evitar ou atrasar a
entrada e/ou subsequente actividade de um
patógeno em seus tecidos.

5
Mecanismos de Defesa das Plantas
Conforme o momento em que estas barreiras são
formadas pode se classifcar a resistência em:

Barreiras pré-formadas ou pré-existente, quando são


formadas na planta antes da infecção – chama-se de
Resistência Passiva
* evitam/restringem o desenvolvimento da doença

Barreiras pós-formadas ou induzidas, quando são


estimuladas pela presença do patógeno – chama-se
de Resistência Activa
6
Mecanismo de defesa das plantas

Defesa Estrutural Defesa Química


Defesa Defesa Defesa Defesa
estrutural Estrutural Química Pré- Química
Pré-existente induzida existente Induzida
Cutícula Halos Fenóis
Estomas (catecol) Proteínas RP
Papilas
Tricomas / Alcalóides Fitoalexinas
Lignificação
pêlos (Tomatina)
Espécies
Vasos Glicosídeos activas de
condutores Camadas de fenólicos oxigênio
cortiça
Glicosídeos
Camadas de cianogênicos
abscisão
Tiloses
7
Mecanismos de Defesa das Plantas
Defesa estrutural Pré-existente
Cutícula
- Recobre a parede celular das células epidérmicas
- Superfície hidrofobica (revestimento de cera)
- Primeira barreira mecânica a infecção

• Como age em defesa da Planta?


É difícil de molhar,
Tem espessura grossa,
Contém substâncias anti-fúngicas

8
Mecanismos de Defesa das Plantas
Defesa estrutural Pré-existente
Tricomas,
(excrescências epidérmicas)

• Este tipo de estruturas são importantes na


resistência contra doenças virais transmitidas por
insectos pois:
– Dificultam o acesso de vectores às células epidérmicas,
– Dificultam a germinação dos esporos,
9
Mecanismos de Defesa das Plantas
Defesa estrutural Pré-existente
Estomas
 São importantes na resistência contra fungos e bactérias
- Abertura dos estomas,
- Tamanho dos estomas,

Ex 1: Dissecação de esporos germinados de


Puccinia graminis (fungo causador da
ferrugem do trigo) por abertura tardia dos
estomas em variedades de trigo.
Ex 2: Variedades de tangerina/laranja com
estomas pequenos resistem a infecção de
Xanthomonas citri (causador do cancro
bacteriano) pelo tamanho reduzido dos
estomas. 10
Mecanismos de Defesa das Plantas
Defesa Química Pré-existente
Como funciona?
– Libertação de substâncias anti-microbianas,
– Substâncias microbianas presentes em altas concentrações
nos tecidos.
Espécie vegetal Substância anti- Grupo químico
microbiana pré existente
Cebola Acido protocatecoico e Fenol
(Allium cepa) catecol

Tomate Tomatina Saponina alcaloide


(Lycopersicum esculentum)

Batata -Solanina Saponina alcaloide


(Solanum tuberosum) -chaconina
Acidos clorogenico e cafeico Fenol
11
Mecanismos de Defesa das Plantas
Defesa Química Pré-existente

Exemplos de substâncias anti-microbianas pré-existentes:


 Exsudados fungitóxicos: são libertos pelas folhas das
plantas e inibem a germinação de esporos de certos
fungos.
– Tomate (inibe germinação de esporos de Botrytis)
- Beterraba (inibe germinação de esporos de Cercospora)

 Ácido protocatecoico e catecol:


conferem resistência aos bolbos
vermelhos/amarelos contra o ataque
de Coletotricum circinans, parasita
facultativo em bolbos brancos. 12
Mecanismos de Defesa das Plantas

Defesa Química Pré-existente

Exemplos de substâncias anti-microbianas pré-


existentes:

Ácido clorogénico
Oxidado produz quinonas altamente toxicas aos
microorganismos
Quinonas inibem processos enzimaticos dos
microorganismos
Ex: Resistência da batata contra o Verticillium albo-
atrum 13
Mecanismos de Defesa das Plantas

Defesa Química Pré-existente

Exemplos de substâncias anti-microbianas pré-


existentes:

 Tomatina
Afecta a permeabilidade da membrana plasmica
fúngica, podendo resultar na morte da célula fúngica
 Exemplo: Resistência de tomates a Corticium rolfsii

14
Mecanismos de Defesa das Plantas

Defesas Estruturais Induzidas


O hospedeiro recebe sinais indicativos face a presença do
patógeno imediatamente a seguir ao contacto físico do
patógeno com a planta.

Estruturas da parede celular


(Agregação citoplásmica, papilas e lignificação) ou

Estruturas de defesa histológica


(Camada de cortiça, camada de abcisão e tiloses)

15
Mecanismos de Defesa das Plantas
Defesas Estruturais Induzidas

Estruturas da parede celular


Agregação citoplasmica: Acumulação de
massa citoplasmica no sitio de ataque do
patogeno

Papila

Agregado citoplasmico 16
Mecanismos de Defesa das Plantas

Defesas Estruturais Induzidas

Estruturas da parede celular

Papilas: Deposição de material heterogéneo entre a


membrana plasmatica e a parede celular no sitio de
infecção sob a hifa de penetração.
•Funcionam como barreiras a infecção e também como
mecanismo de reparação pós-infecção.
•Papilas são comuns em folhas de gramíneas.

17
Mecanismos de Defesa das Plantas
Defesas Estruturais Induzidas
• Estruturas da parede celular
• Lignificação: Deposição de lignina a volta da hifa de
penetração, dano origem a uma bainha ou “tubo
lignifero”, que impede o avanço do fungo no interior
do citoplasma.

18
Mecanismos de Defesa das Plantas
Estruturas histológicas de defesa

Formação de camadas de cortiça:


Formadas em resposta a danos mecânicos e
presença de patógenos.
Células caracterizadas pela presença de suberina e
protoplasma morto.
Os tecidos afectados formam manchas necróticas
(lesões).

19
Mecanismos de Defesa das Plantas
Estruturas histológicas de defesa

Formação de camadas de cortiça:

Os tecidos afectados formam manchas necróticas (lesões).


Ex: Mancha foliar do morangueiro,
Sarna da macieira

Camada cortical
20
Mecanismos de Defesa das Plantas
Estruturas histológicas de defesa

Formação de camadas de abscisão

Caracterizada pela dissolução da lamela media entre


duas células adjacentes através da acção de
enzimas.

21
Mecanismos de Defesa das Plantas

Estruturas histológicas de defesa


Tiloses
• Formados por protusões da parede celular através de
buracos dentro dos vasos do xilema em resposta ao
stress.
• Protoplasma das células parenquimaticas adjacentes
ao xilema sofre um processo de hipertrofia e cresce
para o interior do xilema.

22
Mecanismos de Defesa das Plantas
Defesas Bioquímicas Induzidas

Reacção de hipersensitividade (HR);


Produção de proteínas relacionadas com a
patogenesis;
Fitoalexinas: repelem as bactérias e fungos;
“Imunização” contra patógenos – planticorpos;
Resistência sistémica adquirida;
Protecção cruzada;
Plantas geneticamente modificadas;

23
Mecanismos de Defesa das Plantas
Defesas Bioquímicas Induzidas
Reacção de Hipersensitividade (HR)
 HR- excessiva sensibilidade dos tecidos das plantas a
certas doenças, com morte das células;
 HR- estimulada imediatamente após a penetração, onde o
primeiro sinal microscópico é a descoloração de poucas
células nas proximidades do local de infecção;
 HR- as células descoloridas/ afectadas tomam uma
aparência granular e depois morrem, bloqueando o avanço
do parasita;
 A morte das células é uma barreira ao avanço da
colonização do patogeno, especialmente se ele for
biotrófico (obrigatório).
24
Mecanismos de Defesa das Plantas

Defesas Bioquímicas Induzidas

Proteínas relacionadas com a patogénese


São um grupo bastante diverso e são toxicas aos
fungos invasores (Quitinases e -1,3-glucanases)

25
Mecanismos de Defesa das Plantas
Defesas Bioquímicas Induzidas

Fitoalexinas
 Substancias tóxicas que actuam como os antibióticos, e
são produzidos pela planta somente na presença do
patógeno;
 Exemplos de fitoalexinas: Pisatin (ervilha infectada pelo
fungo Ascochyta pisi);
 Glyceolin (soja infectada pelo fungo Phytophthora
megasperma)
 Phaseolin (feijoes infectados pelo fungo Colletotrichum
lindemuthianum);
 Rishitin (batatas infectadas pela Phytophthora infestans).

26
Mecanismos de Defesa das Plantas

Defesas Bioquímicas Induzidas

Planticorpos (imunização)
• Anticorpos codificados por genes de animais, mas
produzidos em plantas (tem acção anti-fúngica).

• [A plantibody is an antibody that is produced by


plants that have been genetically engineered with
animal DNA]

27
Mecanismos de Defesa das Plantas

Defesas Bioquímicas Induzidas

Resistência Sistémica Adquirida


A resistência induzida (ou adquirida) se localiza a
volta do ponto de infecção, subsequentemente se
espalha sistemicamente para alem das zonas não
tratadas (SAR; Systemic Acquired Resistance).

28
Mecanismos de Defesa das Plantas
Protecção cruzada
• Inoculação das plantas com vírus avirulento por vezes induz a
resistência das plantas aos vírus virulento do mesmo grupo.
EX: tristeza dos citrinos (CTV; Citrus Tristeza Virus)

Estirpe de CTV menos CTV virulento


agressivo

• É uma forma de resistência sistémica adquirida


29
Mecanismos de Defesa das Plantas
Plantas Geneticamente Modificadas
Genes do hospedeiro

Gene Hml, primeiro gene que foi isolado (1992)


codifica um enzima que inactiva a toxina HC
produzida pelo fungo que causa a mancha foliar no
milho, Cochliobolus carbonum

30

Você também pode gostar