patógenos Mecanismos de resistência da planta hospedeira contra patógenos • Estudamos na seção anterior: • Mecanismos que os fitopatógenos utilizam para causar doenças em plantas • Estudaremos nesta seção: • De que forma as plantas se defendem dos fitopatógeno? • Quais são os mecanismos de defesa de plantas • De que forma são desencadeados e impedem a colonização de um tecido Mecanismos de resistência da planta hospedeira contra patógenos Vimos os mecanismos de ataque dos patógenos: • Enzimas; • Toxinas; • Fito-hormônios; • Polissacarídeos extracelulares... • No entanto, considerando que doença é exceção e não regra, quais seriam os mecanismos que as plantas estariam lançando mão para se defender do ataque dos patógenos e não desenvolver doença? Mecanismos de resistência da planta hospedeira contra patógenos • Cada interação patógeno-hospedeiro é como se fosse uma luta entre dois organismos para a sobrevivência • De um lado o patógeno lança mão de armas bioquímicas • De outro lado o hospedeiro defende-se por meio de mecanismos estruturais e bioquímicos → neutralizar o ataque dos patógenos Mecanismos de resistência da planta hospedeira contra patógenos • Processo evolutivo as plantas desenvolveram vários mecanismos que resultam na formação de barreiras físicas ou químicas • Esses mecanismos podem ser mais eficientes que os mecanismos de ataque dos patógenos • O que seria a resistência da planta? • Capacidade de atrasar ou evitar a colonização dos seus tecidos por um fitopatógeno • É caracterizada por uma dinâmica de acontecimentos que ocorrem logo após o contato do patógeno com o tecido Mecanismos de resistência da planta hospedeira contra patógenos • Essa sequência de reações se inicia com: • Reconhecimento pela planta de sinais exógenos do patógeno • Mecanismos de transdução desses sinais • Reprogramação do metabolismo • A defesa da planta pode ser de 2 formas: • Passiva ou pré-formados → passivos constitutivos, que incluem aqueles já presentes nas plantas antes do contato do patógenos • Ativo ou pós-formado → ativos induzíveis, que são ausentes ou presentes em baixos níveis antes da infecção. Sendo produzidos ou ativados em resposta À presença do patógeno Mecanismos de resistência da planta hospedeira contra patógenos • Tanto os mecanismos ativos como os passivos podem ser ainda subdivididos em outros 2 grupos: • Estruturais → barreiras físicas que impedem a entrada e colonização dos tecidos • Bioquímicos → produção de substâncias tóxicas aos patógenos ou de condições adversas ao seu desenvolvimento Mecanismos de resistência da planta hospedeira contra patógenos 1. Fatores estruturais pré-formados → são considerados a primeira linha de defesa. Dentre eles podemos citar: 1.1. Cutícula → superfície hidrofóbica que impede a formação de um filme d’água impedindo a germinação de esporos sobre as folhas • A resistência depende da espessura, constituição e da continuidade da cutícula • Também pode ser vista como uma barreira tóxica capaz de secretar substâncias antifúngicas e antibacterianas • Ferimentos e dissolução da cutícula favorece a infecção Mecanismos de resistência da planta hospedeira contra patógenos 1. 2. Estômatos → aberturas naturais para trocas gasosas e evapotranspiração • A resistência pode estar relacionada ao seu número: > número → < resistência < número → > resistência • Sua morfologia pode também conferir resistência • Período de abertura também pode influenciar a penetração dos patógenos Mecanismos de resistência da planta hospedeira contra patógenos 1.3. Tricomas → prolongamentos uni ou pluricelulares que se estendem da epiderme (pelos) com funções principais relacionada a redução da perda da água por difusão • Podem secretar substâncias tóxicas como terpenos, fenóis e alcaloides → inibem o desenvolvimento de patógenos • O número de Tricomas também é importante → quanto > a quantidade, < a possibilidade de penetração do patógeno atingir as aberturas naturais • Também impedem a formação de filme d’água na superfície da folha Mecanismos de resistência da planta hospedeira contra patógenos 1.4. Paredes celulares espessas → promove restrições na colonização dos tecidos • Pode interromper o avanço do patógeno • Folhas: xilema e as fibras esclerenquemáticas (ricas em lignina), podem interromper o avanço de fungos e bactérias, originando sintomas do tipo “manchas angulares” → delimitações de lesões por nervuras Mecanismos de resistência da planta hospedeira contra patógenos 2. Fatores estruturais pós-formados --> novas barreiras estruturais que surgem para evitar o progresso do patógeno pelo tecido • São divididos em: • Estruturas de defesa celular → envolvem células individuais que estão sofrendo o ataque de patógenos • Estruturas de defesa histológica → envolvem tecidos normalmente distantes do sítio de infecção dos patógenos Mecanismos de resistência da planta hospedeira contra patógenos • Dentre as estruturas de defesa celular podemos citar: 2.1. Agregações citoplasmáticas → formação de barreiras celulares localizadas • Depende da capacidade da célula em acumular agregados (massa) citoplasmático em torno do sítio de ataque • Nessas agregações também podem ocorrer a secreção de materiais que podem ser utilizados na formação de papilas ou halos Mecanismos de resistência da planta hospedeira contra patógenos 2.2. Halos → modificações na parede celular no entorno do sítio de infecção • Alterações na parede superior das células epidérmicas 2.3. Papilas → atuam em conjunto com os halos • São modificações e deposição de material heterogêneo nos espaços entre a membrana plasmática e a parede celular no sítio de infecção, sob a hifa de penetração • Modificações no local onde o patógeno está exercendo a pressão para penetrar os tecidos Mecanismos de resistência da planta hospedeira contra patógenos 2.4. Lignificação → Atua reforçando as paredes celulares ou a formação de lignina ao redor das estruturas do patógeno, a fim de impedir seu avanço nos tecidos • Pode ocorrer: • Citoplasmas em degradação • Depósitos extracelulares • Paredes das células • Pode ainda caracterizar-se como uma modificação química da parede celular tornando-a resistente a enzinas degradadoras dos patógenos Mecanismos de resistência da planta hospedeira contra patógenos 2.5. Glicoproteínas ricas em hidroxiprolina • São proteínas estruturais encontradas na PC • Seu acúmulo ocorre em resposta a injurias e infecções • Fortalece a parede celular restringindo a invasão do patógeno . Mecanismos de resistência da planta hospedeira contra patógenos 3. Estruturas histológicas → outro tipo de fatores pós formados 3.1. Camadas de abscisão → Mecanismo com o objetivo de eliminar o tecido doente e o patógeno da planta • após o reconhecimento do patógeno pela planta algumas células específicas da periferia da lesão ficam mais lignificadas visando parar o desenvolvimento do patógeno • Células sadias localizadas mais extremamente ativam enzimas que dissolvem as mesmas em torno da lesão e desconectam o tecido doente Mecanismos de resistência da planta hospedeira contra patógenos 3.2. Camadas de cortiça → células sadias no entorno da lesão produzem grandes quantidades de suberina o que paralisa sua atividade biológica • Limitam o avanço do patógeno para os tecidos sadios • Interrompem o fluxo de nutriente e água para os patógenos e o fluxo de metabólitos tóxicos oriundos dos patógenos Mecanismos de resistência da planta hospedeira contra patógenos 3.4. Tiloses → Formadas nos vasos de xilema em resposta ao ataque dos patógenos • Hipertrofia das células parenquimáticas adjacentes ao xilema obstruindo os vasos Mecanismos de resistência da planta hospedeira contra patógenos 4. Fatores de resistência bioquímicos • Atuam produzindo toxinas ou formando condições desfavoráveis ao crescimento do patógeno no interior das plantas 4.1. Fatores de resistência bioquímica pré-formados → conhecidos como fitoanticipinas que possuem atividade antimicrobiana. Ex: • Compostos fenólicos → solúveis em água • Localizados nos vacúolos • Atividade fungicida, antibacteriana e antivirótica Mecanismos de resistência da planta hospedeira contra patógenos • Saponinas → metabólitos secundários glicolisados • Conhecidos como antifúngicos → lisam as células dos fungos que contém esteróis na membrana • Glicosídeos cianogênicos → formam o gás cianeto de hidrogênio (HCN) em resposta a alguma injúria ou infecção. • Por sua elevada toxicidade tem sido associado à defesa das plantas que o produzem Mecanismos de resistência da planta hospedeira contra patógenos • Proteínas e peptídeos microbianos → Algumas famílias de plantas produzem esses compostos em órgãos de armazenamento e reprodução como defesa • Também podem produzir em resposta ao ataque de patógenos Mecanismos de resistência da planta hospedeira contra patógenos 4.2. Fatores de resistência bioquímica pós-formados → São ausentes ou presentes em baixo nível e são produzidos ou ativados em resposta a presença dos patógenos • Espécies ativas de oxigênio (EAOs) → moléculas altamente reativas que atuam diretamente sobre o patógeno, logo no início do processo de infecção • EAOs são moléculas reduzidas altamente reativas que vão atuar como mecanismos de resistência da planta • O2- (radical superóxido) produto da redução do O2 • Peróxido de hidrogênio (H2O2) • Radical hidroxila (OH) → espécie muito agressiva de oxigênio Mecanismos de resistência da planta hospedeira contra patógenos • Fitoalexinas → compostos biocidas antimicrobianos nocivos a bactérias, fungos, nematóides plantas e animais • São sintetizadas como resposta a patógenos • Proteína relacionada a patogênese (Proteína PR) → são proteínas induzíveis no hospedeiro em resposta à infecção ou por estímulos abióticos. São conhecida atualmente 17 famílias de proteínas PR Mecanismos de resistência da planta hospedeira contra patógenos • As plantas também podem se defender através da reação de hipersensibilidade (HR) • Morte repentina de um número limitado de células circundando os sítios de infecção • A planta mata algumas células para que as demais sobrevivam • Também ocorre o acúmulo de fitoalexinas no entorno das células mortas para garantir que o patógeno não se expanda Mecanismos de resistência da planta hospedeira contra patógenos • Resistência induzida → é a ativação dos mecanismos de resistência através de tratamentos com agentes externos bióticos (microrganismos viáveis ou inativos) ou abióticos (metais pesados, ASM, fosfitos, silício, entre outros), sem alteração no genoma das plantas • Proteção pode ser local ou sistêmica • Resistência sistêmica adquirida (SAR) → dependente da via do ácido salicílico • Resistência sistêmica induzida (ISR) → dependente da via do ácido jasmônico e etileno Mecanismos de resistência da planta hospedeira contra patógenos • A especificidade nas interações plantas patógenos pode ser distinguida de duas maneiras • A nível de espécie → conhecida como resistência não hospedeiro (especificidade espécie-espécie) • A nível de variedade → chamada de resistência hospedeiro (especificidade raça-variedade) • Após o reconhecimento, ocorre a ativação da resposta de defesa da planta → inicia-se pelo reconhecimento dos padrões moleculares dos patógenos • Que pode induzir os mecanismos HR, produção de EAOs, ativação de genes de defesa, síntese de fitoalexinas e de compostos que modificam a estrutura da PC Mecanismos de resistência da planta hospedeira contra patógenos • Para que isso ocorra a planta precisa: • reconhecer sinais moleculares impostos pelos patógenos durante a infecção → moléculas receptoras na MP e no citoplasma • Após a percepção do sinal inicia-se a transdução deste sinal e sua amplificação para o sítio de ação na célula • Após a transdução ocorre a tradução desses sinais e as respostas celulares na planta: • Ativação de genes envolvidos na síntese de proteínas PR, enzimas produtoras de fitoalexinas e mecanismos estruturais Mecanismos de resistência da planta hospedeira contra patógenos • Resumindo: • Para que a doença ocorra: • Patógeno precisa vencer as barreiras naturais e bioquímicas das plantas • Para que a defesa ocorra: • Deve haver o reconhecimento, a sinalização e a ativação dos sinais de defesa da planta