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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

DEPARTAMENTO DE AGRONOMIA – ÁREA DE FITOSSANIDADE


FITOPATOLOGIA I

OUTROS AGENTES DE DOENÇAS DE PLANTAS

Prof. Sami J. Michereff

1. INTRODUÇÃO Mollicutes, foi introduzido o termo fitoplasma para


designar os MLOs.
Além de fungos, bactérias, vírus e nematóides,
existem vários outros agentes bióticos de doenças
de plantas, em que se destacam os fitoplasmas, os 2.2. Morfologia e Ultraestrutura
espiroplasmas, os viróides e os protozoários. A
importância desses organismos como patógenos Os fitoplasmas são organismos procariotas,
têm crescido com o avanço das tecnologias para sem parede celular e que apresentam uma única
detecção e o aumento da gama de hospedeiros membrana ao redor do citoplasma. Internamente,
entre as plantas cultivadas. sua ultraestrutura compreende grânulos densos,
semelhantes aos ribossomos, e áreas contendo
filamentos de, provavelmente, DNA. A ausência de
parede celular acarreta o pleomorfismo das
2. FITOPLASMAS células, característica típica deste grupo de
molicutes.
Os fitoplasmas, embora pleomórficos, podem
2.1. Aspectos Históricos e Taxonômicos ser visualizados em células vegetais infectadas
como corpúsculos arredondados e filamentos
Os micoplasmas são conhecidos desde o final ramificados. Os corpúsculos globosos pequenos
do último século, quando o agente causal da apresentam um tamanho variável de 60 a 100 nm
pleuropneumonia bovina foi isolado, cultivado e de diâmetro e os grandes oscilam entre 150 a
estudado em laboratório. Ficou evidenciado que 1.100 nm; os corpúsculos filamentosos podem
esse patógeno era um organismo unicelular, medir de 1 a vários µm. O tamanho reduzido
procariota e que, por não possuir parede celular, desses organismos permite colocá-los no limiar dos
exibia um alto grau de pleomorfismo. Foi organismos celulares capazes de realizar as
demonstrada, também, sua sensibilidade à funções necessárias para a propria manutenção e
tetraciclina e insensibilidade à penicilina. Esse reprodução, sendo que esta ocorre por gemulação
organismo foi denominado Mycoplasma mycoides ou fissão binária transversa. Até o momento, não
var. mycoides. tem sido possível cultivar fitoplasmas em meio de
A primeira evidência da ocorrência de cultura, sendo considerados parasitas obrigados.
organismos desse tipo em plantas foi obtida em
1967, por um grupo de pesquisadores japoneses.
Observações feitas ao microscópio eletrônico 2.3. Hospedeiros e Transmissão
acusaram a presença de corpúsculos pleomórficos
no floema de plantas que apresentavam sintomas As plantas hospedeiras de fitoplasmas
típicos de doenças conhecidas como amarelos. A compreendem uma enorme gama de espécies
morfologia desses organismos era muito pertencentes a mais de uma centena de gêneros.
semelhante àquela descrita para os micoplasmas Entre as plantas cultivadas, estes organismos
de animais. Testes com tetraciclina possibilitaram estão associados a doenças responsáveis por danos
a remissão dos sintomas de plantas doentes, relevantes, como é o caso do declínio da pêra, da
enquanto tetraciclina não produziu esse efeito. doença X do pessegueiro, do superbrotamento da
Estas constatações demonstraram uma estreita maçã, do enfezamento do milho, dos amarelos do
relação entre os microrganismos encontrados nos coqueiro, cebola, tomate, batata, morango, e
animais e aqueles presentes nas plantas. Assim, os algumas ornamentais, como gladíolo e olmo (Fig.
organismos detectados no tecido vegetal doente 1).
passaram a ser chamados organismos do tipo Além das plantas, os insetos também podem
micoplasma, cuja sigla era MLOs (mycoplasma-like- atuar como hospedeiros e agentes transmissores
organisms). de fitoplasmas. As cigarrinhas são os vetores mais
Com base na natureza procariótica, no importantes, tanto pela eficiência como pelo
tamanho a célula, no pleomorfismo, na ausência número de espécies que transmitem esses
de parede celular, na suscetibilidade a antibióticos organismos. Os vetores adquirem o fitoplasma
e em características ribossomais, os MLOs têm quando se alimentam no floema de plantas
sido considerados como membros da classe infectadas. Após um período de incubação, podem
Mollicutes. Devido a distinção entre os MLOs e os transmiti-lo para plantas sadias; durante a
demais organismos pertencentes à classe incubação, o fitoplasma multiplica-se no interior
do vetor, circula pela hemolinfa e atinge vários
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órgãos internos, inclusive as glândulas salivares. caracteristicamente filamentos helicoidas,


Embora os fitoplasmas multipliquem-se no corpo enquanto os filamentos não helicoidais.
do vetor, não tem sido demonstrada sua passagem
para a prole do inseto, como acontece com alguns
vírus. 3.2. Morfologia e Ultraestrutura

Quando observados diretamente na seiva


2.4. Sintomatologia obtida de plantas doentes, os espiroplasmas
apresentam-se na forma de filamentos helicoidais
Os fitoplasmas associados às doenças (semelhantes a uma corda), cujas dimensões
conhecidas como amarelos, que se expressam variam de 2 a 15 µm de comprimento e 0, 15 a 0,2
através de uma série de sintomas, que podem µm de diâmetro. Aos filamentos podem estar
aparecer isoladamente ou em combinação, ligados corpúsculos arredondados de 0,4 a 0,6 µm
dependendo do hospedeiro e do patógeno de diâmetro. Nas preparações, podem aparecer
envolvido. Os sintomas mais comumente também células helicoidais individualizadas,
associados aos fitoplasmas manifestam-se na grupos de corpúsculos arredondados e filamentos
forma de clorose, redução do tamanho das folhas, helicoidais, além de filamentos ramificados. Estas
superbrotamento ou proliferação de brotações observações, feitas ao microscópio óptico de campo
(sintoma conhecido pelo nome de vassoura-de- escuro e contraste de fase, também revelaram a
bruxa), deformação de órgãos florais, como motilidade dos filamentos, atribuída a movimentos
gigantismo do cálice e redução do tamanho das flexionais e rotatórios que ocorrem ao longo do eixo
flores, esterilidade de flores, enfezamento da desses filamentos. Observações ao microscópio
planta, necrose do floema e declínio generalizado. eletrônico, feitas em seções ultrafinas' revelaram
Dois sintomas em particular estão estreitamente que os f'ilamentos são envolvidos por uma única
associados aos fitoplasmas: a virescência e a membrana e apresentam estruturas filiformes e
filoidia (Fig. 1). A virescência caracteriza-se pelo granulares, interpretadas, respectivamente, como
desenvolvimento de cloroplastos nas pétalas, sendo constituídas de ácido nuclélco e de
resultando no aparecimento de flores verdes; a ribossomos.
filoidia compreende a transformação de órgãos O primeiro isolamento de espiroplasma em
florais, como pétalas, sépalas, brácteas e ovários, meio de cultura foi obtido em 1971, a partir de
em estruturas foliares. Existem suspeitas de que plantas cítricas que apresentavam a doença
distúrbios hormonais induzidos pelos fitoplasmas conhecida como "stubborn".
estejam relacionados com muitos dos sintomas
mencionados.
3.3. Hospedeiros e Transmissão

Os espiroplasmas de plantas podem estar


3. ESPIROPLASMAS presentes, em seus hospedeiros, externa ou
internamente. No primeiro caso, estes
microrganismos são encontrados na superfície de
3.1. Aspectos Históricos e Taxonômicos órgãos florais e aparentemente não possuem
potencial patogênico. São veiculados por insetos
Os espiroplasmas foram identificados no início que normalmente visitam as flores. Os
da década de 70, a partir de plantas de milho com espiroplasmas que ocorrem internamente em seus
sintomas de enfezamento e de plantas cítricas que hospedeiros habitam o floema, atuam como
apresentavam a doença conhecida por “subborn”. agentes causais de doença e são disseminados por
Observações feitas ao microscópio de contraste de insetos sugadores capazes de, através de seus
fase revelaram, no suco celular de plantas de milho aparelhos bucais, atingir os vasos do floema.
doentes, a presença de filamentos helicoidais, Os hospedeiros de espiroplasmas incluem uma
móveis. Em razão de se assemelharem aos diversidade de plantas e vários gêneros de
fitoplasmas, devido à ausência de parede celular, e cigarrinhas. Entre os hospedeiros vegetais,
da morfologia espiralada, foi proposto o termo destacam-se os citros e o milho, nos quais estes
espiroplasma para designar estes procariotas. molicutes causam, respectivamente, as doenças
Espiroplasmas de plantas são encontrados conhecidas por "subborn" (Spiroplasma citri) e
livremente na superfície de flores, bem como no enfezamento (Spiroplasma kunkelii) (Fig. 1). Além
interior dos vasos do floema. Neste último caso, do milho e dos citros, vários representantes,
atuam como patógenos. Até o momento, já foram cultivados ou silvestres, pertencentes às familias
reconliecidas três espécies patogênicas (Whitcomb, Apocinaceae, Fabaccae, Brassicaceac, Asteraceae,
1989). Lillaceae, Cucurbitaceac e outras, podem atuar
Devido à natureza procariótica, do tamanho a como hospedeiros. As cigarrinhas também são
célula, do pleomorfismo, da ausência de parede consideradas hospedeiros, pois os espiroplasinas
celular, da suscetibilidade a antibióticos e das podem se multiplicar no corpo do inseto. Inúmeras
características ribossomais, os espiroplasmas têm espécies estão envolvidas com a transmissão
sido considerados como membros da classe destes molicutes, que são adquiridos pelos insetos
Mollicutes. A diferença básica entre espiroplasmas através da alimentação em plantas infectadas.
e fitoplasmas consiste na forma em que se Para posterior transmissão, há necessidade de um
apresentam, sendo os primeiros período de incubação, durante o qual o patógeno
aumenta em número, circula pela hemolinfa e
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alcança vários órgãos internos do inseto,


principalmente as glândulas salivares, de modo Os tipos de sintomas exibidos por plantas
idêntico ao que ocorre com os fitoplasmas. Ao se infectadas por espiroplasmas compreendem, de
alimentarem numa planta sadia, as cigarrinhas modo geral, clorose, enfezamento,
introduzem os espiroplasmas diretamente nos superbrotamento, diminuição no tanianlio de
vasos do floema, tornando esta planta infectada. folhas e flores, encurtamento de entrenós,
Os vetores têm o principal papel na esterilidade, filoidia e virescência (Fig. 1). As
transmissão de espiroplasmas, tanto nas condições plantas doentes, geralmente, apresentam mais de
naturais como para fins experimentais. Outras um tipo de sintoma.
duas maneiras de promover a transmissão de Os mecanismos de patogenicidade dos
espiroplasmas, sobretudo utilizadas em condições espiroplasmas ainda não foram esclarecidos,
experimentais, são através da enxertia e do uso da entretanto, a exemplo dos fitoplasmas, existem
planta parasita Cuscuta spp. A infecção de plantas evidências que os mesmos estão relacionados com
através de transmissão mecânica não tem sido a indução de um desequilíbrio hormonal na planta
conseguida. hospedeira.

3.4. Sintomatologia

Figura 1. Sintomas causados por fitoplasmas e espiroplasmas. D = planta doente, S = planta sadia
[adaptado de Agrios (1997)].
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4. VIRÓIDES inseto vetores, como os afídeos ou até mesmo por


pólen. Vários viróides têm sido detectados em
plantas silvestres, apresentando pouco ou nenhum
4.1. Características Gerais sintoma. A multiplicação deste grupo de
fitopatógenos é denominada de replicação, que só
Viróides são os menores e mais simples ocorre em células das plantas hospedeiras, que são
patógenos de plantas. São constituídos de RNAs de responsáveis pelo fornecimento de enzimas
fita simples e sem capa protéica, circulares, com envolvidas no processo.
genomas variando de 246 a 463 nucleotídeos e de
baixo peso molecular. Apresentam estruturas
reduzidas e são altamente dependentes da célula 4.3. Sintomatologia
hospedeira.
O termo viróide foi idealizado por Diener, em A sintomatologia produzida por viróides é
1971, para descrever o agente causal da doença variada, incluindo o nanismo, deformação ou
denominada tubérculo fusiforme da batata, que epinastia foliar, clorose e necrose. O ASSVd
inicialmente fora detectada como sendo de origem provoca manchas deprimidas e descoloridas em
viral. No entanto, o mesmo pesquisador diferiu o maçã, o TPMVd, o CSVd e o HSVd causam
agente por possuir um único RNA sem capa nanismo, necrose foliar e epinastia nas plantas
protéica. Os grupos de viróides são determinados hospedeiras (Fig. 2). A expressão destes sintomas
de acordo com a similaridade das sequências de podem ser afetados por condições climáticas, como
nucleotídeos. Aguns exemplos de viróides: CEVd a alta temperatura e alta umidade que são capazes
(exocorte dos citros), o CCVd (cadang-cadang das de aumentar a severidade da doença.
palmáceas), o CSVd (nanismo do crisântemo),
entre outros. A terminologia usada para viróides é
determinada pelo nome em inglês ou científico da 4.4. Controle
planta hospedeira, seguido por característica ou
sintoma e a terminação Vd, como o exemplo, o As medidas gerais de controle empregadas às
PSTVd (potato spindle tuber), o agente causal do doenças causadas por viróides são: controle
tubérculo afilado da batata. cultural, onde o mais importante é o uso de
Os viróides podem ser descritos como material vegetal sadio (sementes, mudas, matrizes
fitopatógenos tropicais, pois replicam-se com maior e clones) para o propagação; quarentena e a
facilidade em altas temperaturas. No Brasil, os fiscalização de trânsito de materiais propagativos;
viróides de maior ocorrência são o CEVd, que cultura de tecidos, que visa a obtenção de material
causa o exocorte dos citros, o CSVd em propagativo livre de viróides; controle pela
Chrysanthemum spp. e o CYVd em plantas resistência genética, usado principalmente para a
ornamentais. Em quarentena, já foram detectados detecção de plantas imunes, embora essa
o PSTVd em batata importada e o HLVd em lúpulo. resistência apresente problemas, uma vez que pode
ser perdida de acordo com a idade do hospedeiro; a
proteção cruzada, baseada o uso de estirpes fracas
4.2. Transmissão de viróides, continua sendo uma técnica ainda
obscura, mas que têm sido empregada em escala
A rápida disseminação dos viróides pode ter comercial e finalmente as estratégias usando-se
sido provocada por monocultura, principalmente plantas transgênicas. O controle químico que é
por propagação vegetativa, em áreas extensas, pouco praticado devido a ser economicamente
transmissão de plantas selvagens para plantas inviável.
comerciais com o uso de cruzamentos,
transmissão mecânica (a mais importante), por
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Figura 2. Sintomas causados viróides. D = planta doente, S = planta sadia [adaptado de Agrios (1997)].

5. PROTOZOÁRIOS que abrigassem protozoários e, com isto, várias


espécies do parasita foram detectadas em
diferentes espécies vegetais, principalmente
5.1. Aspectos Históricos e Taxonômicos naquelas pertencentes às famílias Euphorbiaceae e
Asclepiadaceae.
A ocorrência de protozoários em plantas foi A primeira citação de que protozoários eram
registrada, pela primeira vez, em 1909, quando patogêncos a plantas foi realizada em 1931,
estes organismos foram observados no látex de quando uma doença do cafeeiro, conhecida
Euphorbia pirulifera. Inicialmente, este parasita foi pronecrose do floema, foi atribuída ao flagelado
descrito como um flagelado da família Phytomonas leptovasorum. O assunto protozoário
Trypanosoinatidae, gênero Leptomonas e como agente causal de doenças em plantas
denominado Leptomonas davidi. A notícia de que somente voltou à tona em 1976, com a
protozoários tripanossomatídeos estavam comprovação de que duas doenças em palmáceas,
associados a plantas causou grande preocupação a "hartrot" do coqueiro e a murcja supressiva do
aos médicos, biólogos e veterinários que estavam dendezeiro eram causadas por esse tipo de
trabalhando com tripanossomatídeos causadores microrganismo.
da doença do sono e da doença de Chagas, pois Atualmente, os protozoários patogênicos a
levantou a hipótese de que as plantas poderiam plantas são colocados no gênero Phytomonas, da
atuar como reservatório destes patógenos. Este família Trypanossomatidae, do filo Protozoa. O
assunto despertou o interesse de encontrar plantas gênero Phytomonas foi criado para abrigar esses
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flagelados, principalmente em função da sérios danos à produção, sendo a doença


morfologia apresentada e do tipo de hospedeiro conhecida por chocheamento de raízes.
vegetal parasitado. Várias espécies têm sido A transmissão de Phytomonas de uma planta
caracterizadas através de critérios como tipo e para outra pode ser feita mecanicamente ou por
comprimento do protozoário, comprimento do insetos vetores, dependendo da espécie vegetal e do
flagelo, posicionamento de organelas protozoário envolvido. Para plantas de látex não
citoplasmáticas, características bioquíicas e família tem sido obtido sucesso na transmissão mecânica
de plantas hospedeiras. desses parasitas, o mesmo ocorrendo com a
transmissão através de enxertia. Alguns insetos
são suspeitos de atuarem como vetores por serem
5.2. Biologia do Protozoário constantemente observados em áreas
apresentando plantas doentes; outros já foram
Em relação morfologiattaiito, os protozoários experimentalmente comprovados como
encontrados nos vegetais são predominantemente transmissores. Os vetores pertencem à classe
do tipo promastigote, uncelulares, microscópicos, Heteroptera, envolvendo os gêneros Oncopeltus,
medindo de 12 a 20 µm de comprimento por Pachybrachius, Nysius, Dienches, Dicranochephalus
aproximadamente 1,5 µm de largura. São e Chariesterus. Em cafeeiro, o parasita pode ser
fusiformes e torcidos duas ou três vezes em relação transmitido por enxertia de reaízes e, embora a
ao eixo longitudinal de seu corpo, o qual ocorrência de vetores seja desconhecida, existem
apresenta, na região anterior, um flagelo variando suspeitas que alguns percevejos possam atuar
de 10 a 15 µm. Esta organela confere mobilidade como transmissores, como é o caso do
ao protozoário, que em observações microscópicas pentatomídeos Lincus spathuliger. Em coqueiro e
se mostra bastante ativo, movimentando-se através dendezeiro, também existem suspeitas em relação
de leves contorções do corpo. aos percevejos como disseminadores de
Os flagelos do gênero Phytomonas pode se protozoários, principalmente alguns gêneros de
apresentar sob várias formas ou estágios, sendo a pentatomídeos, como Lincus, Macropygrium e
forma promastigota encontrada com maior Berecynthus.
f'reqüência. O organismo promastigote caracteriza-
se por apresentar um flageio que tem origem na
extremidade anterior da célula. Outras formas 5.3. Sintomatologia
podem ser detectaclas em plantas, como
organismos alongados, porém sem flagelo, Os sintomas apresentados por plantas
organismos arredondados amastigotes, alé de parasitadas por Phytomonas são bastante
formas intermediárias (Fig. 3). variáveis, de acordo com o hospedeiro considerado
A reprodução tem sido verificada somente nas e com a localização do protozoário na planta.
formas promastigotas e consiste, basicamente, na Protozoários encontrados no inetrior do floema de
bipartição da célula no sentido longitudinal do seu cafeeiro, coqueiro e dendezeiro provocam sintomas
eixo, dando origem a duas células filhas. bem definidos. Plantas de café atacadas por
Phytomonas leptovasorum exibem amarelecimento
e queda das folhas mais velhas; palidez,
5.3. Hospedeiros e Transmissão amarelecimento e queda de folhas novas; redução
na quantidade e no tamanho das folhas novas
O gênero Phytomonas é encontrado como produzidas por plantas atacadas; morte da planta
parasita em mais de uma centena de espécies após 3 a 12 meses de aparecimento dos primeiros
vegetais. Nas condições brasileiras, esses sintomas. Nas palmáceas, como coqueiro e
flagelados estão associados, principalmente, às dendezeiro, verifica-se murcha, amarelecimento e
palmáceas, como coqqueiro, dendezeiro, piaçava, escurecimento e escurecimento da folha; podridão
palmeira real, palmeira maripa e palmeira rabo-de- do broto apical; necrose das inflorescências e
peixe anã, nas quais causam a doença raízes; morte da planta. Plantas de mandioca
denominada de murcha de Phytomonas, sendo exibem clorose generalizada, subdesenvolvimento,
economicamente importante por provocar a morte além da ocorrência de raízes de pequeno diâmetro
das plantas atacadas. Também na cultura da e pouco numerosas.
mandioca o ataque desses organismos promove
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Figura 3. Formas de Phytomonas encontradas em plantas: alongada com flagelo (a), alongada sem flagelo
(b), arredondada (c) e retorcida (d) [adaptado de Bedendo (1995a)].

6. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BEDENDO, I.P. Espiroplasmas patogênicos a plantas.
Revisão Anual de Patologia de Plantas, Passo
AGRIOS, G.N. Plant diseases caused by prokariotes:
Fundo, v.5, p.99-131-425, 1997.
bacteria and mollicutes. In: AGRIOS, G.N. Plant
pathology. 4th ed. San Diego: Academic Press, 1997.
DAVIS, R.E. Fitoplasmas: fitopatógenos procarióticos sem
p.407-470.
parede celular, habitantes de floema e transmitidos
por artrópodes. Revisão Anual de Patologia de
AGRIOS, G.N. Plant diseases caused by viruses. In:
Plantas, Passo Fundo, v.3, p.1-27, 1995.
AGRIOS, G.N. Plant pathology. 4th ed. San Diego:
Academic Press, 1997. p.479-563.
FONSECA, E.N.F. Viróides: minúsculos RNAs parasitas
de plantas vasculares dotados de características
BEDENDO, I.P. Protozoários. In: BERGAMIN FILHO, A.;
biológicas e estruturais únicas. Revisão Anual de
KIMATI, H.; AMORIM, L. (Eds.). Manual de
Patologia de Plantas, Passo Fundo, v.5, p.387-425,
fitopatologia: princípios e conceitos. 3. ed. São
1997.
Paulo: Agronômica Ceres, 1995a. v.1, p.161-167.
KITAJIMA, E.W. Enfermidades de plantas associadas a
BEDENDO, I.P. Micoplasmas e espiroplasmas. In:
organismos do tipo micoplasma. Revisão Anual de
BERGAMIN FILHO, A.; KIMATI, H.; AMORIM, L.
Patologia de Plantas, Passo Fundo, v.2, p.153-174
(Eds.). Manual de fitopatologia: princípios e
1994.
conceitos. 3. ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 1995.
v.1, p.202-210.

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