RESUMO

FITOPATOLOGIA BÁSICA
P2

RICARDO ALEXANDRE CORRÊA DA SILVA

2017/1

CAPÍTULO 8 – FUNGOS FITOPATOGÊNICOS

Capítulo 8 – Fungos fitopatogênicos
Importância dos fungos para a fitopatologia
Estão entre os mais importantes agentes causais de
doenças em plantas;
Há +10 mil de fungos fitopatogênicos que ataca um ou mais
tipos de plantas;
Mais da metade dos trabalhos sobre fitopatologia é sobre
fungos;
Isso indica que a maioria dos pesquisadores dedica parte
ou total do seu tempo para estudar esses organismos;
Há muitas epidemias que tiveram causa fúngica no
decorrer da história da humanidade:
- Requeima da batata (Phytophthora infestans)
- Mancha parda do arroz (Helminthosporium oryzae)
- Ferrugem do cafeeiro (Hemileia vastatrix)
- Fogo de Sto. Antônio (Claviceps purpurea)
- Mal-das-folhas da seringueira (Microcyclus ulei)
- Carvão da cana-de-açúcar (Sporisorium scitamineum)
- Vassoura-de-bruxa do cacaueiro (Crinipellis perniciosa)
- Ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi)
Porém, pode-se elencar algumas características básicas
sobre esses organismos para distingui-los dos demais, que
são:
- Talo eucariótico: os fungos apresentam membrana
nuclear (que envolve o material genético), diferenciando-os
das bactérias;
- Heterotrofismo: eles necessitam adquirir o próprio
alimento, seja como saprófitas ou como parasitas, e tal
como os animais necessitam de C-org para sua nutrição;
- Absorção de nutrientes: água e nutrientes minerais são
absorvidos a partir do substrato onde eles se aportam
(feita por meio de hifas);
- Formação de esporos: salvo algumas exceções, os fungos
produzem esporos (unidades reprodutivas);
• Características morfológicas gerais dos fungos
Talo (corpo), separado em estruturas assimilativas
(somáticas) e reprodutivas;
- Assimilativas: as primeiras responsáveis pela assimilação
de nutrientes, portanto as que fazem o primeiro contato
com o hospedeiro (infecção e colonização);
- Reprodutivas: responsáveis pela produção de propágulos
(esporos ou outros) durante a fase reprodutiva;
Tais propágulos desempenham papel importante nas fases
de disseminação e infecção;
- Ferrugem alaranjada (Puccinia kauehnii)
- Entre outras
Na atualidade ainda somos assolados por epidemias
fúngicas, porém em proporções menos catastróficas do que
as supracitadas, e ainda assim há a perca de bilhões de
reais em investimentos e em gastos com controle;
Muitas vezes há o abandono de variedades produtivas que
levaram anos para serem desenvolvidas, mas que eram
susceptíveis a determinada doença (como a epidemia da
banana-maçã em SP);
Há o abandono de solos, devido a infecção dos mesmos por
esses patógenos;
E ainda a falência de agricultores e o crescimento de
desemprego;
Pode-se acrescentar aos prejuízos também a redução da
qualidade dos produtos, devido às doenças, aos químicos
utilizados no controle e às micotoxinas produzidas pelos
patógenos;
Características gerais e morfologia dos fungos
fitopatogênicos
Os fungos são muito diversificados, tanto em morfologia
como em filogenia;
Estruturas assimilativas
A maioria dos fungos possui talo micelial, que é composto
por hifas;
Hifas: são estruturas compostas por filamentos tubulares,
que desempenham papéis importantes no desenvolvimento
do fungo. Por meio delas os fungos colonizam e absorvem
nutrientes do substrato;]
Diversas vezes a absorção é facilitada pela excreção de
enzimas hidrolíticas extracelulares;
As hifas são compostas por um componente microfibrilar e
uma matriz amorfa;
Componente microfibrilar: β-glucanas e quinita na maioria
dos fungos e β-glucanas e celulose nos oomyicetos;
Matriz amorfa: constituída de polissacarídeos solúveis (α-
glucanas e glicoproteínas);
Há dois tipos de hifas, as septadas e as não-septadas
(cenocíticas);
Septos: projeções internas da parede celular, que dividem
as hifas em compartimentos, ou células, que podem conter
um, dois ou mais núcleos. Não são totalmente fechados,
possuem perfurações que permitem a continuidade da
plasmalema e do citoplasma ao longo da hifa;
As hifas podem sofrer alterações morfológicas, formando
estruturas especializadas;
Haustório: estrutura dilatada ou ramificada (digitada), Estroma: massa de hifas, com ou sem tecido do hospedeiro
especializada na absorção de nutrientes a partir do ou substrato, semelhante ao escleródio, porém com função
citoplasma do hospedeiro; de abrigar ou dar origem às estruturas reprodutivas;

Rizomorfo: são agregados lineares de hifas paralelas. Os

rizomorfos podem ter aspecto semelhante ao
das raízes das plantas, e frequentemente têm funções
Rizóide: estrutura semelhante a raiz de planta similares
(ramificado, anucleado, filamentoso e com paredes
grossas). Atua na fixação do fungo e na absorção de
nutrientes;

Corpos de frutificação: responsável pela reprodução

do fungo, por meio de células reprodutoras especiais, os
esporos;

Apressório: estrutura achatada, formada pela dilatação do

tubo germinativo ou da hifa, que se adere firmemente à
superfície do hospedeiro para facilitar a penetração do
fungo ou a emissão do haustório;

Estruturas reprodutivas

A estrutura básica de reprodução dos fungos é o esporo;

Elemento de propágulo, capaz de gerar um novo indivíduo;

Eles se diferem quanto a sua morfologia e são essenciais

para a taxonomia de fungos;
Escleródio: massa de hifas consistentes e firmes,
arredondadas ou de outro formato, desempenha papel
importante na sobrevivência do fungo;
Muitos fungos possuem dois tipos de ciclo de vida - Pseudotécio: ascoma uniloculado, que se assemelha a um
conhecidos, o sexuado e o assexuado; peritécio

Ciclo assexuado (fase anamórfica):

- Esporos produzidos por mitose

- Baixíssima variabilidade genética

- Praticamente clones dos indivíduos dos quais tiveram Pseudotécio

origem

Ciclo sexuado (fase teleomórfica): Basidiomas: São geralmente estruturas macroscópicas

- Esporos produzidos por meio de meiose
- Maior variabilidade genética
- Resistência a condições ambientais desfavoráveis
- Não origina clones, mas indivíduos com diferenças
genéticas entre si
(corpo de frutificação), muitas atingindo grandes
dimensões;
Alguns basidiomicetos, como as ferrugens, não produzem
basidiósporos a partir de corpos de frutificação, mas sim a
partir de esporos especializados, os teliósporos;
Esporos assexuais:

Resultantes de simples divisões mitóticas;

Podendo ocorrer nas diferentes fases do ciclo de vida do
fungo: haplofase (n), dicariofase (n+n) ou diplofase (2n);

Os esporos assexuais podem ser de diferentes tipos:

- Zoósporos: são esporos com motilidade própria, dotados de

flagelos, formados endogenamente dentro de uma
estrutura especializada, o esporângio ou zoosporângio, por
meio de clivagem do citoplasma

Esporos sexuais:

Resultantes de um processo de plasmogamia (fusão de

células), seguido de cariogamia (fusão de núcleos) e meiose;

A plasmogamia consiste na união de citoplasmas, quando

núcleos de células haploides (n), geneticamente
compatíveis, procedentes ou não de talos diferentes
(originários de esporos diferentes), pareiam-se;

- Plasmogamia, o fungo adquire condição dicariótica (N+N);

- Cariogamia, o fungo adquire condição de diploide (2n);
- Aplanósporos: também são produzidos dentro de
Entre os ascomas, os tipos básicos são:
esporângios, mas são imóveis
- Cleistotécio: estrutura globosa, completamente fechada,
cuja parede, caso esteja madura, rompe ou se decompõe
para a liberação de ascósporo

- Peritécio: contém uma abertura (ostíolo) na sua parte

apical, por onde os ascósporos são liberados
- Apotécio: corpo de frutificação aberto, em que o himênio
(camada de ascos) fica exposto, ocorrendo a liberação
forçada e simultânea dos ascósporos

- Ascostroma: é uma matriz estromática contendo

cavidades (lóculos), onde os ascos são formados
- Conídios: são imóveis, sendo formados a partir de células
conidiógenas encontradas em hifas modificadas, chamadas
conidióforos, livremente ou em corpos de frutificação
(picnídios ou acérvulos)
- Urediniósporos: são esporos binucleados produzidos nos
soros urediniais das ferrugens
- Artrósporos (ou taloconídio): a hifa se fragmenta,
separando suas células constituintes, que se comportarão
como esporos
- Clamidiósporos: tem como função principal a sobrevivência
do fungo no solo, é formado por meio da modificação de uma
ou mais células da hifa, que tem ou têm a sua parede
espessada, através do desenvolvimento de uma parede
secundária interna
Conidiogenese
Tálica: o conídio surge a partir de uma célula pré-existente
no talo do fungo, isto é, o septo que separa o conídio do
resto do talo já existia antes de sua diferenciação;
Blástica: o conídio cresce a partir de um primórdio, ou seja,
o septo que o separa do resto do talo forma-se após a sua
diferenciação. Pode ser subdividida em holoblástica e
enteroblástica;
As células conidiógenas possuem paredes compostas por
duas camadas, uma interna e outra externa;
Holoblástica: quando ambas as camadas estão envolvidas
na formação do conídio;
Enteroblástica: quando somente a camada interna da
parede da célula conidiógena, ou quando uma terceira e nova
parede contribui para para a formação do conídio;
Enteroblástica tétrica: se a camada interna é forçada para
fora através de um estreito poro na camada externa
(conídio é chamado de poroconídio);
Enteroblástica fialídica: quando o conídio forma-se a partir
de uma célula conidiógena que apresenta uma extremidade
aberta, a fiálide (conídio chamado de fialoconídio);
Enteroblástica anelídica: menos frequente entre os fungos,
na qual cada novo conídio produzido deixa um colarete (ou
anel) na camada externa da parece da célula conodiógena;
Classificação dos fungos fitopatogênicos
Denomina-se genericamente de fungos organismos dos
Reinos Protozoa, Chromista e Fungi;
Fungos verdadeiros são aqueles encontrados no Reino Fungi;
Os outros dois reinos abrigam organismos genericamente
denominados fungos, por possuirem morfologia e ciclos de
vida semelhantes aos dos fungos verdadeiros;
Reino Protozoa
Classe Myxogastrea
Classe Phytomyxea
Reino Chromista
Classe Oomycetes
Caracteristicas:
- Parede celular constituída de β-glucanas, mas também
contem celulose e amonoacidos hidroxiprolina. Quinita é
ausente em oomicetos;
- Síntese de proteínas pela via do ácido diaminopimélio;
- As cristas mitocondriais são tubulares, semelhantes as
das plantas;
- O sistema de Golghi apresenta cisternas múltiplas,
também semelhantes as das plantas;
- Anterídios presentes, desempenham papel como
organizadores celulares durante a divisão celular e também
na formação dos flagelos dos zoósporos;
- O talo assimilativo é micelial, bem desenvolvido, diplóide,
com hifas asseptadas;
- Zoósporos biflagelados;
- Micélio sem septo;
Ordem Albuginales, família Albuginaceae:
- Agente causal das ferrugens brancas, formação de
pústulas esbranquiçadas nas superfícies de folhas e
cauloes;
Ordem Phytiales, família phytiaceae
- Agente causal do “damping-off”, podridão de raízes em
plantas jovens, inclusive árvores, podridão de tubérculos,
necrose em órgãos da parte aérea das plantas, incluindo-se
prodridão de colo, câncros e podridão de frutos, queima de
folhas e ramos jovens em culturas anuais;
- Germinação diferencia-se em temperaturas mais baixas
e na presença de água livre, os esporângios dão origem aos
zoósporos;
Reino Fungi
Abriga os fungos verdadeiros
- Parede celular constituida de β-glucanas e quinita;
- Síntese de lisina pela via do ácido alfa-amioadípico;
- O ergosterol é o esterol mais comum na membrana
plasmática;
- Glicogênio é o principal composto de reserva;
- As cristas mitocondriais são achatadas;
- O sistema de Golgi apresenta cisterna única;
- Os centríolos são presentes somente nos fungos
flagelados;
- Vacúolos fingerprint ausentes;
Filo Zygomycota
- Esporos móveis;
- Disseminação pelo vento;
- A reprodução sexual nessa classe é caracterizada pela
formação de zigosporângio, contendo em seu interior
zigósporos, esporo de repouso diplóide, de parede espessa,
resultante da conjugação ou fusão de dois gametângios
morfológicamente semelhantes;
- Seu talo assimilativo é micelial, haplóide, bem desenvolvido
e asseptado;
Ordem Mucorales, família Mocoraceae
- São parasitas fracos, saprófitas habitantes de solo
muito comuns;
- Produz zigósporos durante seu ciclo sexual;
- É por meio do ciclo assexual que esse fungo mantém-se
continuamente na natureza;
- O micélio se desenvolve no interior do hospedeiro,
secretando enzimas pectinolítocas e celulolíticas;
Ordem Mucorales, família Coanephoraceae
- Ataca as partes florais em senescência de várias plantas,
após a fertilização;
Filo Ascomycota
- Sua característica básica é a formação, após a meiose, de
esporos sexuais, os ascósporos, dentro de uma estrutura
em forma de asco;
- Os ascos podem ser cilíndricos, clavados ou globosos;
- Os ascos que possuem uma única camada são chamados
de prototunicados;
- Quando as túnicas são firmemente aderidas, dando a
impressão de que se trata de uma única, o asco é dito
unitunicada;
- Quando as paredes são distinguíveis e separadas, o asco
é bitunicado;
- O conjunto de células férteis presentes nos ascocarpos é
chamado de himênio;
- O ciclo sexual se inicia com plasmogamia. Os ascomicetos
formam órgãos sexuais diferenciados. O feminino é
chamado de ascogônio, é uma célula multinucleada, que
frequentemente forma outra célula terminal receptiva, o
tricógino, através do qual é feita a passagem do
protoplasma proveniente do gametângio masculino, o
anterídio;
Ordem Taphrinales
- Parasitas obrigatórios;
- Micélio com hifas septadas;
- Agente causal da Crespeira do pêssego;
- As hifas assimilatiavas são dicarióticas;
- Uma camada de asco é produzida na superfície da folha
do hospedeiro, sem formar um ascoma;
- Os ascósporos brotam e multiplicam-se dentro e fora do
asco;
Ordem Eurotiales
- Agentes causasis do mofos e bolores (Ex: Penicillium);
- Podem produzir miucotoxinas;
- Os ascomas dessa ordem são Cleistoteciais, com os ascos
soltos na sua cavidade, sem formar himênio. Os ascos são
globosos e sua parede se decompõe quando os ascósporos
amadurecem;
Ordem Microascales
- Agentes causais das murchas vasculares, cancros, seca de
ramos em árvores;
- Seus ascósporos e conídios são disseminados por
coleópteros na fase assexuada;
- Os ascomas do fungo, do tipo peritécio, apresenta um
rostro (pescoço) longo, contendo um ostiolo na sua
extremidade, por onde são exudados os ascósporos;
- Thielaviopsis basicola – podridão negra das raízes de
alface;
- Thielaviopsis paradoxa – podridão abacaxi da cana-de-
açúcar;
Ordem Ophiostomales
- Agente causal da seca do colmo;
Ordem Xylariales
- Saprófitas ou parasitas fracos;
Ordem Hypocreales
- Ascomas do tipo peritécio, coloração viva, alaranjada ou
vermelha;
- Agentes causais de podridão de raízes e cancros;
- Fusarium, causadores de murchas vasculares e
deterioração de sementes;
- “Ergot” que na realidade é um escleródio de coloração
púrpura causado pelo fungo Claviceps purpurea;
Ordem Diaporthales
- Ascoma do tipo peritécio, rostrado, imerso em estroma, e
ascos com um anel apical não-amilóide, que aparece ao
microscópio ótico como dois corpos refrativos;
- Diaporthe phaseolorum é agente causal da seca da haste
e da vagem, causa cancro da haste, e causa melanose e
podridão peduncular;
Ordem Phyllachorales
- Peritécio de paredes finas;
- Os ascos são persistentes, mantendo sua parede após a
liberação dos ascósporos, com o ápice contendo um anel
estreito, não amilóide;
- Agente causal: Crosta negra e mancha de asfalto, lixa de
coqueiro;
Ordem Helotiales
- Escleródios bem desenvolvidos;
- Atacam órgãos suculenteos;
- O gênero Sclerotinia, pertencente a essa ordem, não
possui ciclo assexual;
0rdem Capnodiales
- Mycosphaerella sigatoka negra;
- Capnodium, agente da fumagina;
Ordem Botryosphaeriales
- Podridão de frutos e secas de ramos;
Ordem Myriangiales
- Elsinoë, típico agente causal de verrugose em várias
plantas, entre elas citrus e amendoium;
Ordem Pleosporales

- Produzem ascostromas uniloculados e operculados;

Ordem Trichosphaeriales

- Assume certa importância quando associado a grãos e

sementes armazenadas;

Ordem Erysuphales

- Doenças conhecidas como oídios;

- Esse fungo infecta os tecidos clorofilados das plantas;

Filo Basidiomycota

- Hifas septadas;

- Presença do poro central nos septos;

- As hifas dicarióticas de muitos basiciomicetos podem
apresentar grampos de conexão na altura dos septos.
Essas estruturas são responsáveis por restabelecer
condição dicariótica durante a divisão celular nas hifas;

- Os meiósporos dos ascomicetos formam-se dentro de

ascos, enquanto que aquele dos basidiomicetos são
formados dos lados de fora dos basídios;